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NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E ADIPOSIDADE CORPORAL DE
ESCOLARES DE BOA VISTA-RORAIMA
1
1
1
Marta Beatriz Sales Llancafilo , Naranúbia Lima Barros , Deisy Cruz lamazon ,
2
2
3
Rodrigo Alberto Vieira Browne , Rafael Reis Olher , Paulo Russo Segundo ,
2
Marcelo Magalhães Sales
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo do presente estudo foi comparar as
frequências de nível de atividade física entre
meninos e meninas, bem como comparar a
adiposidade corporal desses grupos em uma
amostra de escolares de Boa Vista – Roraima.
Para tanto, 150 escolares, sendo 73 meninos
(14,4 ± 1,3 anos de idade) e 77 meninas (13,9
± 1,3 anos de idade) (Power = 95%), do
ensino fundamental de uma escola pública da
zona oeste de Boa Vista – Roraima foram
submetidos à mensuração de massa corporal
e estatura, para posterior cálculo do índice de
massa corporal (IMC) e percentual de gordura
corporal (%GC). O nível de atividade física foi
verificado por meio do IPAQ, versão curta,
tendo como referência a última semana. Não
houve prevalência (p>0,05) de alunos ativos
(meninos=64,4% e meninas=59,7%) sobre os
sedentários
(meninos=35,6%
e
meninas=40,3%). Não houve diferença
(p>0,05) do IMC entre meninos (20,3 ± 3,3
kg.m-2) e meninas (20,3 ± 3,3 kg.m-2).
Entretanto, as meninas apresentaram o %GC
(22,24 ± 5,0) maior (p=0,0001) que os
meninos (18,35 ± 4,9). Do mesmo modo,
meninos ativos (17,7 ± 3,4) e sedentários (18,7
± 5,5) apresentaram menores valores (p<0,05)
do %GC que as meninas ativas (21,9 ± 4,7) ou
sedentárias (22,5 ± 5,2). Concluiu-se que
escolares de ambos os sexos do ensino
fundamental de Boa Vista – Roraima
apresentam frequência de alunos ativos e
sedentários semelhantes. Meninos e meninas
apresentam IMC semelhante, no entanto,
meninas apresentaram maiores valores de
%GC do que meninos, sendo eles
estratificados como ativos ou sedentários.
Physical activity level and body adiposity of
students from Boa Vista-Roraima
Palavras-Chave: Exercício, Antropometria,
Composição
corporal,
Estilo
de
vida
sedentário, Adolescente.
1-Programa de Pós-graduação Lato Sensu em
fisiologia do exercício da Faculdade Cathedral,
Boa Vista-RR.
The aim of this study was to compare the
frequency of physical activity levels between
boys and girls, as well as compare the
adiposity of these groups in a sample of
students from Boa Vista - Roraima. To this
end, 150 students, including 73 boys (14.4 ±
1.3 years) and 77 girls (13.9 ± 1.3 years)
(Power= 95%), of elementary education at a
public school west of Boa Vista - Roraima were
underwent measurement of weight and height
for subsequent calculation of body mass index
(BMI) and body fat percentage (BF%). The
physical activity level was assessed through
the IPAQ, short version, with reference to last
week. There was no prevalence (p>0.05) of
active students (boys= 64.4% and girls=
59.7%) on sedentary (35.6% and 40.3%, boys
and girls, respectively). No significant
differences (p>0.05) in BMI among boys (20.3
± 3.3 kg.m-2) and girls (20.3 ± 3.3 kg.m-2).
However, girls showed BF% (22.24 ± 5.0)
higher (p=0.0001) than boys (18.35 ± 4.9).
Similarly, active boys (17.7 ± 3.4) and
sedentary (18.7 ± 5.5) had lower values
(p<0.05) of BF% than active girls (21.9 ± 4.7)
as well as sedentary (22.5 ± 5.2). It was
concluded that students of both sexes of
elementary school Boa Vista - Roraima
present frequency of active and sedentary
students alike. Boys and girls have similar BMI,
however, girls had higher BF% than boys,
being they stratified as active or sedentary.
Key words: Exercise, Anthropometry, Body
composition, Sedentary lifestyle, Adolescent.
2-Universidade Católica de Brasília (UCB),
Taguatinga-DF.
3-Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Roraima (IFRR), Boa Vista-RR.
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INTRODUÇÃO
A contribuição que a atividade física
traz à saúde vem sendo amplamente discutida
no meio científico, sendo alvo de um número
crescente de estudos, e tendo seus benefícios
cada vez mais comprovados. A Organização
Mundial de Saúde (OMS) enfatiza a
importância da adoção de atividade física
regular para a melhoria dos níveis de saúde
individual e coletiva, auxiliando também na
prevenção
e
reabilitação
de
doença
cardiovascular (Silva e Malina, 2000).
Relatórios da OMS apontam que num
total de 83.814 milhões de óbitos no Brasil,
56,3% são da parcela da população que sofria
com doenças crônicas não transmissíveis e
que no mundo inteiro, a cada ano, mais de
dois milhões de mortes podem ser atribuídas
indiretamente à inatividade física (Freitas e
colaboradores, 2010).
Apesar de todos os resultados
favoráveis quanto à necessidade da prática de
atividade física, a prevalência de sedentarismo
ainda é muito alta, tanto em países ricos
quanto naqueles de renda média ou baixa.
Ainda mais preocupantes, são as evidências
de que a aptidão física de adolescentes vem
apresentando tendências de declínio em
algumas populações (Hallal e colaboradores,
2006).
Há uma redução natural do gasto
energético diário em função de um menor
nível de atividade física com o avançar da
idade. Alguns fatores que contribuem para a
manutenção desse estilo de vida sedentário
podem ser elencados, dentre eles: a
disponibilidade de tecnologia, o aumento da
insegurança e a progressiva redução dos
espaços livres nos centros urbanos (onde vive
a maior parte das crianças brasileiras),
favorecendo assim atividades sedentárias
como: assistir televisão, jogar videogames e a
utilização de computadores (Lazzoli e
colaboradrores, 1998).
Crianças obesas provavelmente se
tornarão adultos obesos, bem como existe
uma
associação
entre
sedentarismo,
obesidade e dislipidemias. Na infância e na
adolescência são estabelecidos os hábitos
sedentários que tendem a se perpetuar na
vida adulta, como fatores biológicos, familiares
e culturais envolvidos na conduta de
inatividade física (Nowicka e Flodmark, 2007).
Desde cedo, quanto mais estímulos
favoráveis às crianças e adolescentes tiverem
para a prática regular de exercícios físicos e
aderência em modalidades desportivas,
consequentemente,
serão
indivíduos
propensos a manter um estilo de vida ativo
durante a idade adulta.
O excesso de peso corporal pode ser
estimado por diferentes métodos, como por
exemplo: dobras cutâneas, relação cinturaquadril, ressonância magnética, entre outros.
No entanto, um dos métodos mais aplicados e
difundidos, por ser de fácil aplicabilidade e
baixo custo, é o índice de massa corporal
(IMC), que tem seus valores de referência
conhecidos por especialistas e leigos. Para
análise de grandes grupos apresenta boa
correlação com a maioria da população
(Frisancho e Flegel, 1982; Mclaren, 1987).
Apesar da eficácia na utilização do
IMC, ele apresenta baixa correlação com
massa livre de gordura, podendo comprometer
seu uso na estimativa de adiposidade corporal
(Garn, Leonard e Hawthorne, 1986).
Com isso, a alternativa que melhor
atende a esse objetivo, sem a necessidade de
uso de equipamentos, além do que a medida
de IMC precisa, bem como sem a obrigação
de pessoal qualificado para aplicá-los, é a
estimativa de percentual de gordura por meio
de uma equação que utiliza informações
somente do IMC, idade e sexo (Deurenberg,
Weststrate e Seidell, 1991).
No Brasil, apesar da importância de
estudos epidemiológicos para avaliação dos
níveis de atividade física da população, há
poucos levantamentos destinados a esta
análise, e os instrumentos utilizados são
poucos e imprecisos. A limitação desses
meios tende a ser ainda maior quando a
população envolvida é de crianças e
adolescentes (Oliveira e colaboradores, 2010).
Ainda assim, pesquisas envolvendo a
população escolar brasileira começam a ser
mais frequentes, e muitas destas utilizam
como ferramenta para coleta de dados, os
questionários (Ceschini e colaboradores,
2009; Santos e colaboradores, 2010; Lippo e
colaboradores, 2010).
São escassas as pesquisas na região
norte envolvendo a população escolar quanto
à análise de nível de atividade física e perfil
antropométrico. Diante do exposto, o presente
estudo teve como objetivo comparar as
frequências do nível de atividade física entre
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meninos e meninas, bem como comparar a
adiposidade corporal desses grupos em uma
amostra de escolares de uma escola pública
de Boa Vista-Roraima.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra
Após a aprovação do comitê de ética
em pesquisa e coleta de assinatura dos pais
ou responsáveis do termo de consentimento
livre e esclarecido (TCLE), obedecendo às
exigências da Resolução nº 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde do Brasil (Brasil,
1996), 150 escolares, sendo 73 meninos (14,4
± 1,3 anos de idade) e 77 meninas (13,9 ± 1,3
anos de idade) (Power = 95%), matriculados
no ensino fundamental do turno vespertino de
uma escola pública da zona oeste de Boa
Vista – Roraima foram selecionados para a
participarem do estudo, cidade esta, com
índice de desenvolvimento humano (IDH) de
0.779, classificado como médio pelo Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(2012).
Foram excluídos os sujeitos que
apresentavam doenças que impossibilitasse a
análise
antropométrica
(malformação
congênita, alterações ortopédicas, edema) ou
que adoeceram durante a semana anterior à
pesquisa, semana considerada atípica. Em
seguida, os voluntários foram submetidos a
medidas antropométricas e avaliação do nível
de atividade física por meio de questionário.
Medidas antropométricas:
Índice de massa corporal (IMC)
O IMC foi calculado considerando-se a
razão entre a massa corporal (G-Tech®,
modelo Glass 4FB) em quilogramas e a
estatura em metros (Sanny®), elevado à
segunda potência (kg.m-2).
Gordura corporal relativa (%GC)
A gordura corporal relativa (%GC), por
sua vez, foi obtida por meio da equação de
predição específica para sexo e idade, a partir
dos dados de IMC, como se segue: %GC=
(1,51*IMC)-(0,7*idade)-(3,6*sexo)+1,4, onde
para sexo feminino o valor de sexo é= 0 e para
o masculino= 1 (Deurenberg, Weststrate e
Seidell, 1991).
Questionário Internacional de Atividade
Física (IPAQ)
Para análise do nível de atividade
física dos escolares, o instrumento utilizado foi
o International Physical Activity Questionnaire
(IPAQ),
versão
curta
(Matsudo
e
colaboradores, 2001), que é validado para
adolescentes brasileiros (Guedes, Lopes e
Guedes, 2005) e vem sendo amplamente
utilizado em estudos envolvendo essa
população (Ceschini e Figueira Júnior, 2009;
Amorim e colaboradores, 2006).
Para garantir a qualidade das
respostas, o questionário foi aplicado
individualmente. Em seguida, foi verificado se
os escolares apresentavam ou não inatividade
física e, por conseguinte, determinando-se os
grupos de estudo: sedentários (categorias
originais: sedentário e insuficientemente ativos
A e B do IPAQ) e ativos (categorias originais:
ativo e muito ativo do IPAQ) (Craig e
colaboradores, 2003).
Análise estatística
A normalidade dos dados foi verificada
pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Os dados
foram expressos em média e (±) desvio
padrão, bem como em frequência absoluta (n)
e relativa (%). O Teste t de student não
pareado foi empregado para comparação das
variáveis de caracterização da amostra entre
os sexos e o teste Qui-quadrado para
comparar as frequências (%) de meninos e
meninas entre os grupos ativos e sedentários.
Ademais, para comparação dos grupos ativos
e sedentários entre os sexos utilizou-se a
estatística Two way ANOVA com o post Hoc
de Scheffé, por apresentar duas variaveis
independentes (sexo e nível de atividade
física). Os dados foram analisados por meio
do software Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) 20.0 e GPower 3.1.5.,
adotando-se um nível de significância de 5%
(p <0,05).
RESULTADOS
Após análise da frequência do nível de
atividade física e a classificação nos grupos
ativos e sedentários entre meninos e meninas,
constatou-se que não houve prevalência de
um perfil sobre o outro (Tabela 1).
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Dentre as variáveis analisadas com
exceção do IMC, que não revelou diferença
significativa (p>0,05), todas as outras
apresentaram
diferenças.
Os
meninos
apresentaram valores superiores para idade,
massa corporal e estatura (p<0,05). Já as
meninas, conforme esperado, apresentaram
valores maiores de %GC (p<0,05) (Tabela 2).
Quando feita a comparação por sexo e
por grupo de alunos ativos e sedentários, as
diferenças encontradas foram nas variáveis de
massa corporal, estatura e %GC. O grupo de
meninos classificados como sedentários diferiu
nos valores de massa corporal, estatura e
%GC do grupo de meninas sedentárias e do
grupo de ativas. Já os meninos ativos
apresentaram diferença das meninas ativas e
sedentárias apenas nos valores de estatura e
%GC (Tabela 3).
Tabela 1 - Comparação de frequência de sedentários e ativos entre meninos e meninas. Dados
expressos em frequência absoluta (n) e relativa (%)
Meninos
Meninas
Grupos
p
(n = 73)
(n = 77)
n
(%)
n
(%)
Ativos
47 (64,4)
46
(59,7)
0,343
Sedentários
26 (35,6)
31
(40,3)
Tabela 2 - Caracterização da amostra com dados expressos em média e (±) desvio padrão
Meninos
Meninas
Variáveis
p
(n = 73)
(n = 77)
Idade (anos)
14,4 ± 1,3
13,9 ± 1,3
0,02
Massa corporal (kg)
53,8 ± 10,0
48,8 ± 7,9
0,0008
Estatura (cm)
162,6 ± 8,0
155,4 ± 6,9 0,00001
-2
IMC (kg.m )
20,3 ± 3,3
20,3 ± 3,3
0,9
Gordura corporal (%)
18,35 ± 4,9
22,24 ± 5,0
0,0001
IMC= índice de massa corporal.
Tabela 3 - Comparação dos grupos ativos e sedentários entre meninos e meninas com dados
expressos em média e (±) desvio padrão
Variáveis
Meninos
Meninas
Ativos
Sedentários
Ativos
Sedentários
(n=47)
(n=26)
(n=46)
(n=31)
Idade (anos)
14,7 ± 1,2
14,0 ± 1,3
13,9 ± 1,3
14,0 ± 1,5
Massa corporal (kg)
55,1 ± 10,4
51,6 ± 9,1*†
49,2 ± 8,8
48,2 ± 6,3
Estatura (cm)
163,3 ± 8,3*†
161,5 ± 7,5*†
155,5 ± 6,9
155,2 ± 6,9
-2
IMC (kg.m )
20,6 ± 3,7
19,7 ± 2,4
20,4 ± 3,6
20,1 ± 3,0
Gordura corporal (%)
17,7 ± 3,4*†
18,7 ± 5,5*†
21,9 ± 4,7
22,5 ± 5,2
IMC= índice de massa corporal; *= p<0,05 entre o grupo de sedentários das meninas; †= p<0,01entre o grupo de
ativos das meninas.
DISCUSSÃO
O sedentarismo é um problema
epidemiológico que se observa em todos os
continentes do mundo, e vem aumentando em
populações cada vez mais jovens que antes
não apresentavam essa característica. Junto a
ele estão agregados outros agravantes como
aumento excessivo de gordura corporal, que
se associa ao surgimento de doenças crônicas
não transmissíveis.
No Brasil estudos já começam a
detectar prevalência de inatividade física entre
os escolares de diferentes regiões (Silva e
Malina, 2000; Oehlschlaeger e colaboradores,
2004; Hallal e colaboradores 2006; Amorim e
colaboradores, 2006; Silva e colaboradores,
2007; Farias Júnior, 2008; Bergmann, Halpern
e Bergmann, 2008; Ceschini e Figueira Júnior,
2008; Ceschini e colaboradores, 2009; Freitas
e colaboradores, 2010; Lippo e colaboradores,
2010; Oliveira e colaboradores, 2010; Santos
e colaboradores, 2010). Ainda assim, não é de
conhecimento a existência de dados referente
aos níveis de atividade física e perfil
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antropométrico de escolares de Boa Vista Roraima.
Dessa forma, o presente estudo teve
como objetivo comparar a frequência do nível
de atividade física entre meninos e meninas,
bem como comparar a adiposidade corporal
desses grupos de uma amostra de escolares
do ensino fundamental de uma escola pública
de Boa Vista - Roraima.
Os principais achados do presente
estudo evidenciaram que o nível de atividade
física
dos
escolares
não
apresentou
prevalência de indivíduos ativos sobre
sedentários (Tabela 1).
Diferindo dos achados de Freitas e
colaboradores (2010) em estudo com 307
escolares (137 meninos e 170 meninas) com
idade entre 12 e 17 anos de escolas privadas
de Fortaleza – CE. Os autores verificaram que
71% dos meninos foram considerados ativos,
diferentemente (p<0,01) das meninas, que
apresentaram somente 29% como sendo
ativas.
Além disso, a amostra de um modo
geral foi considerada inativa (67,4%). Esses
achados não podem ser explicados por ser
tratar de uma instituição privada, uma vez que
no estudo de Silva e colaboradores (2007)
com 720 escolares (293 meninos e 427
meninas) com idade entre 14 e 19 anos de
escolas públicas da mesma cidade (Fortaleza
– CE), apresentaram-se, igualmente às
escolas particulares, diferença (p<0,01) na
prevalência de escolares ativos entre os
sexos, sendo os meninos mais ativos que as
meninas, 43% e 12,2%, respectivamente, bem
como 75,3% de toda a amostra foi
estratificada como sedentária.
Do mesmo modo, no estudo de Farias
Júnior (2008) com 2.566 escolares (1.132
meninos e 1.434 meninas) entre 14 e 18 anos
de idade de escolas públicas e privadas do
município de João Pessoa – PB foi
evidenciado
prevalência
(p<0,01)
de
inatividade física nas meninas (64,2%) quando
comparado aos seus pares do sexo masculino
(45,5%), bem como uma prevalência elevada
(55,9%) de inatividade física na amostra geral
dos escolares.
Oehlschlaeger e colaboradores (2004),
ao entrevistaram 960 escolares (463 meninos
e 497 meninas) com idade entre 15 e 18 anos
da cidade de Pelotas – RS evidenciaram que
39% da amostra foram considerados
sedentários, bem como as meninas sendo
mais sedentárias que os meninos, 54,5% e
22,2% (p<0,01), respectivamente.
Com isso, se mostra bastante claro e
consenso de muitos estudos o fato das
meninas serem menos ativas que os meninos
e que, de um modo geral, escolares são
frequentemente classificados como inativos.
No entanto, os achados do presente estudo
mostram outra vertente no município de Boa
Vista – Roraima. Tal fato pode ser em parte
explicado pela grande heterogeneidade
geográfica,
étnica
e
comportamental
apresentada em nosso país.
Aliado a isso, Malta e colaboradores
(2009) realizaram um levantamento sobre o
nível de atividade física de adultos brasileiros
das capitais de Estados brasileiros e do
Distrito Federal e evidenciaram que a capital
de Roraima (Boa Vista) apresentou o menor
nível de sedentarismo (1ª posição), seguido de
outras capitais nortenses, como Porto Velho
(2ª posição), Manaus (3ª posição), Palmas (4ª
posição) e Macapá (5ª posição). Além disso,
foi a 6ª capital do Brasil mais ativa fisicamente,
não obstante, outras capitais nortenses
também se destacaram entre as mais ativas,
como Macapá (2ª posição) e Belém (9ª
posição).
Ademais, meninos e meninas não
diferiram (p>0,05) quanto aos valores de IMC
quando comparado entre o nível de atividade
física (Tabela 3). Do mesmo modo, meninos e
meninas não diferiram (p>0,05) quanto aos
valores de IMC quando comparado entre os
sexos (Tabela 2), e quando foram
classificados de acordo com a idade e sexo,
ambos os grupos foram classificados como
eutróficos (normais) (Gaya e colaboradores,
2012).
O que está de acordo com os achados
de Carvalho e colaboradores (2007), em que,
ao investigarem 180 escolares (15,3 ±1,0 anos
de idade), sendo 70 meninos e 110 meninas
de escola pública e privada de Campina
Grande – PB, não evidenciaram diferenças
(p>0,05) para o IMC entre sexo e escola
(pública e privada), bem como os escolares
apresentaram maior prevalência de eutróficos.
Do
mesmo
modo,
Grillo
e
colaboradores (2005) com 56 escolares (26
meninos e 30 meninas, com 12,1 ± 1,5 e 12,3
± 1,5 anos de idade, respectivamente) de
escola pública de Itajaí – SC, também não
evidenciaram diferença (p>0,05) no IMC entre
os sexos bem como a maior frequência dos
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escolares
estavam
classificados
como
eutróficos.
Já na cidade de Niterói – RJ, Silva e
Malina (2000) com 327 escolares de escolas
públicas (125 meninos e 202 meninas; 15,0 ±
0,5 anos de idade) também evidenciaram que
o IMC entre os sexos não apresentou
diferença (p>0,05). Além disso, como nos
estudos acima, a amostra também foi
classificada como eutróficos. Por outro lado,
as meninas apresentaram o %GC maior
(p<0,05) que os meninos (Tabela 2).
Da mesma forma, Bergmann, Halpern
e Bergmann (2008) ao avaliarem 41 escolares
(21 meninos e 20 meninas) entre 13 e 14 anos
de idade de uma escola privada do município
de Canoas – RS verificaram que meninas
apresentaram valores maiores (p<0,01) de
gordura corporal quando comparado aos seus
pares do sexo masculino.
Assim como, no estudo de Silva e
colaboradores (2010), em que ao analisarem
461 escolares (230 meninos e 231 meninas)
de Juazeiro do Norte – CE evidenciaram que
meninas apresentaram valores médios do
%GC
maiores
que
os
meninos,
independentemente do tipo de escola (pública
e privada).
Por fim, os meninos do grupo ativos e
sedentários apresentaram do mesmo modo
valores menores do %GC quando comparados
ao grupo de meninas ativas (p<0,01) ou
sedentárias (p<0,05) (Tabela 3). Com isso,
verifica-se que independente do nível de
atividade física, os meninos apresentam
menor %GC.
Uma possível explicação para essa
diferença nos valores do %GC pode ser pela
característica hormonal específica do sexo. As
meninas tendem a aumentar a quantidade de
gordura corporal, tornando seu tecido
gorduroso subcutâneo mais espesso que o
dos meninos. Estes por sua vez, com a
chegada da puberdade e maior descarga
hormonal tendem ao aumento do tecido
muscular, tornando-os mais fortes e pesados
que as meninas (Bar-Or, 1989; Malina e
Bouchard, 2002).
Dentre as limitações encontradas
neste estudo salienta-se o fato de não ter sido
avaliado o estágio maturacional da amostra,
uma vez que tal variável pode influenciar
diretamente nos marcadores neuromusculares
investigados. No entanto, Dellagrana e
colaboradores (2010) ao investigarem o %GC
em 47 adolescentes de ambos os sexos, com
idade entre 12 e 17 anos nos diferentes
estágios maturacionais avaliados pela escala
de Tanner (1962), não foram evidenciadas
diferenças significativas entre os grupos com
idade de até 14 anos, sendo esta a média de
idade dos adolescentes do presente estudo.
Adicionalmente, Ré e colaboradores
(2005) ao investigarem 268 indivíduos com
idade entre 10 e 16 anos, não demonstraram
diferenças significativas no IMC na idade de
14
anos,
independente
do
estágio
maturacional que estes foram classificados (3,
4 e 5) bem como quando comparado aqueles
com idade de 15 e 16 anos.
CONCLUSÃO
Concluiu-se que escolares de ambos
os sexos (meninos e meninas) do ensino
fundamental de Boa Vista – Roraima
apresentam frequência de alunos ativos e
sedentários semelhantes. Meninos e meninas
apresentam IMC semelhante, no entanto,
meninas apresentaram maiores valores de
%GC do que meninos, sendo eles
estratificados como ativos ou sedentários.
AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) pela
concessão de bolsas de estudo em nível de
iniciação científica (CNPq) e doutorado
(CAPES).
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paulorusso2@yahoo.com.br,
marcelomagalhaessales@gmail.com
Endereço para correspondência:
Rodrigo Alberto Vieira Browne
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação
Física da Universidade Católica de Brasília
EPTC, QS 07, LT 1, Bloco G, Sala 116. Águas Claras.
Taguatinga, DF
CEP: 72.022-900
Recebido para publicação em 28/11/2012
Aceito em 28/12/2012
Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo v.6, n.35, p.225-232, Set/Out. 2012. ISSN 1981-9919