Artigo submetido ao simpósio "A política da memória: narrativas biográficas e literárias e as possibilidades de (re)construção do passado". Resumo: O seguinte artigo busca analisar, a partir do Compendio da História do Brasil de autoria...
moreArtigo submetido ao simpósio "A política da memória: narrativas biográficas e literárias e as possibilidades de (re)construção do passado". Resumo: O seguinte artigo busca analisar, a partir do Compendio da História do Brasil de autoria do recifense José Ignácio de Abreu e Lima (1794-1869), como este pensador empreende, nessa sua empresa de cunho historiográfico publicada no coração da capital e da corte do Império brasileiro em 1843, diálogos e intersecções que se aproximam, e por vezes são tangidos, de uma narrativa memorialística sobre alguns eventos e acontecimentos que, recuperados nas linhas do seu Compendio, marcaram esta obra e, por suposto, mesmo a vida de seu autor; apresentado ao Instituto Historico e Geographico Brasileiro (IHGB), o Compendio de Abreu e Lima buscou atender, com suas particularidades, a proposta de construção de uma história do Brasil oferecida por esta instituição aos pensadores, "intelectuais" e demais sujeitos de pressupostos "científicos" à época, sendo espaço de auspícios áulicos e da própria nobreza bragantina quando de sua fundação. Neste sentido, partindo de diálogos com uma historiografia que versa sobre esta produção abreu-limense em específico e que lançam olhares múltiplos sobre a obra, mas recuperando também um debate com algumas daquelas produções historiográficas que pensam a chamada "primeira fase de pensadores latino-americanos" desta primeira metade do oitocentos-na qual o recifense encontra-se inserto por suas produções desde aquele momento de suas experiências militares e literárias na Grã-Colômbia e Venezuela bolivaristas, na década de 1820, até àquelas empreitadas no então Brasil imperial, a partir dos anos 1830-, proporemos alguns objetivos a este trabalho: como Abreu e Lima, neste seu Compendio, descreveu a insurreição de 1817 em algumas províncias daquele Norte do Império do Brasil? Ou, mais especificamente, como, nesta produção que falava mesmo em servir uma "nascente" literatura brasileira e dedicada ao "muito alto, muito poderoso senhor D. Pedro II", este bolivariano, alçado à posição de generalato pelo Libertador Simón Bolívar (1783-1830) por suas contribuições nos conflitos emancipatórios e republicanos na América hispânica no segundo decênio do XIX, resgatou suas memórias do Dezessete que, pouco mais de duas décadas antes do debute do Compendio nos salões do IHGB, agitou parte das províncias nortistas brasileiras? Recordemos que o pai do "General de Bolívar", José Ignácio Ribeiro de Abreu e Lima (1768-1817)-ou, como ficou mais conhecido à época, o Padre Roma-foi daqueles primeiros insurretos republicanos que caíram nas mãos das tropas repressoras a mando do monarca lusitano João VI (1767-1826), ainda estabelecido em território reinol brasileiro quando dos primeiros estouros "revolucionários", marcado por "ideias" e "ciências" modernas, na vila do Recife. Para a atividade aqui proposta, partiremos de algumas categorias metodológicas úteis, a nosso ver, no trato de tais temáticas: leituras do filósofo e historiador da ciência italiano Paolo Rossi (1923-2012), no que se refere à memória, e do filósofo mexicano Leopoldo Zea (1912-2004), essencial aos aportes para estudos daquele campo chamado de "história do pensamento", serão utilizados ao longo da escrita deste trabalho, por exemplo.
Palavras-chave: Historiografia brasileira. História e memória. José Ignácio de Abreu e Lima. Compêndio da História do Brasil. 1817.