É corrente em seguidas obras historiográficas sobre o Brasil, reproduzir certas visões sobre o passado que linearizam o entendimento sobre o mesmo. Para a corrente investigação, proponho uma abordagem diferenciada, mesmo que não se...
moreÉ corrente em seguidas obras historiográficas sobre o Brasil, reproduzir certas visões sobre o passado que linearizam o entendimento sobre o mesmo. Para a corrente investigação, proponho uma abordagem diferenciada, mesmo que não se encontre solitária, sobre um olhar para o Brasil do século XVII que se despoje primeiramente do regime de periodização que atualmente se utiliza. Tal terminologia — Colônia — encontra-se descolada da realidade seiscentista, e não será aqui usada, uma vez que o esforço atual está em tentar compreender a lógica que regia as ações humanas neste período, distante em aproximadamente 350 anos. Para melhor compreensão desta abordagem não usual, é imperativo lembrar que este espaço, o território conhecido como Brasil, não era restrito à agricultura, nem mesmo circunscrito ao regime da fazenda, e sim possuía portos, fortalezas, ruas, repartições; ou seja, zona urbana, a qual abordaremos especialmente uma, a cidade de Salvador, principal espaço de afluxo no Estado do Brasil no século XVII. O que para os portugueses pode ser chamado como Colônia — possessões em terra inimiga ou o simples arar a terra — não tem espaço de aplicação para o território tratado, uma vez que não se restringia à ação agrícola, era espaço de trocas comerciais oriundas de produtos tanto rurais como manufaturados. Era ambiente também para o comércio e usufruto de mão de obra (recordando que o mercado escravista encontra-se em franca expansão nos primeiros séculos do ultramar português), e ao que mais interessa-nos, espaço também de conflitos de interesses.