História Da Imagem

Scientiarum VIII.  ISSN 2176-1248
Resumo: Esta comunicação tecerá reflexões sobre três exposições contemporâneas que possuem em comum discursos sobre o passado brasileiro. Em forma de ensaio, busca-se pensar estas experiências como apropriações de tempos distintos e historiografias variadas. No entrecruzamento de temporalidades, olhares e materialidades, novos discursos vão sendo tecidos. Ruínas, periferias e palavras servem como fio condutor em percurso que é pessoal, subjetivo, enfim, mediado pela condição reflexiva de quem olha. Palavras-chave: tempo, exposição, imagem Expondo Minhas reflexões são aqui as de um historiador que tem se dedicado a história social e cultural, sobretudo das condições coloniais, mas que se interessa também pelas diversas formas de apropriação do passado. Pretendo abordar três recentes experiências expositivas em que determinados pretéritos brasileiros-dos períodos colonial e imperial-são evocados e se tornam o cerne de um regime de visualidade contemporâneo. Minha linha argumentativa é a de que o próprio discurso sobre o tempo é usado no processo criativo da produção das obras e na montagem expositiva, e propõe certa interpretação visual do mesmo. Levando em consideração que "às vezes, o sentido de uma obra se deduz mais da época a que se reporta do que aquela em que surge", como destacou Hans Belting (2012, p. 41), busco refletir sobre as possíveis relações destas obras/exposições com o passado a que elas têm por referência.

Um dos principais resultados do estudo sobre Jornalismo Cultural na primeira década do século XXI, mostra que os autores não morreram para o jornalismo, ao contrário do que sucedeu na Teoria da Literatura (por exemplo, Barthes e o seu artigo "A morte do autor"). Esta é a principal categoria a partir da qual se fala de cultura nos jornais: o que fez ou não fez determinado autor ou autora (mais autores que autoras, na realidade jornalística), que livros ou discos publicou, que concertos deu, que filmes realizou, etc. É que o jornalismo para contar as suas histórias necessita de acontecimentos, e o fotojornalismo exige que sejam visíveis. De facto, o lugar da crítica, que em princípio dispensa estes critérios, diminuiu fortemente em todos os jornais, com excepção do jornal Público. Este capítulo aborda a relação entre o jornalismo e os retratos de escritores, falando das suas relações e evoluções históricas, culturais e sociais.

Desde pelo menos 1992, quando defendeu sua dissertação de mestrado sobre o tema do imaginário digital, Suely Fragoso vem enfrentando a discussão do modelo perspectivo adotado pelo ocidente desde o século XV, suas conseqüências em nosso modo de perceber o espaço e de representá-lo visualmente, bem como ainda a crítica, relativização e a superação desse modelo por outros mais contemporâneos. A preocupação, inicialmente marginal em seus primeiros escritos, vai ganhando relevo com o tempo, desdobra-se numa série de artigos (referidos na bibliografia deste volume) e finalmente ganha a forma mais sistemática de uma pesquisa científica, cujos resultados o leitor pode verificar neste volume que tem em mãos. Sem sombra de dúvidas, é o mais completo e atualizado conjunto de reflexões sobre o tema em língua portuguesa e, como tal, um livro fadado a tornar-se referência obrigatória para os estudiosos não apenas de história das artes visuais, mas, também, dos novos meios digitais, onde a hegemonia da perspectiva renascentista continua inabalada.

Arlindo Machado