Jaime Cortesão

Este trabalho reúne documentação de natureza epistolar que originalmente publiquei, de forma separada, in Mare Liberum. Revista de História dos Mares  (números 4 e 17, respetivamente de 1992 e 1999). Trata-se de textos constantes dos espólios dos dois historiadores e escritores que os assinam, que se conservam no Arquivo de Cultura Contemporânea Portuguesa  da atualmente designada Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. Conto divulgar, talvez muito proximamente, por este meio (Academia.edu), não só o conjunto dos documentos já por mim publicados em edições tipografadas pertinentes à marcante obra historiográfica coletiva que foi a História da Colonização Portuguesa do Brasil, editada há quase cem anos, como dezenas de outros textos que selecionei, compilei e transcrevi, baseado no exame dos mesmos dois espólios ---- e que correspondem, praticamente, à totalidade dos neles incluídos que à H. da C. P. do B. dizem respeito, visto que, sobretudo, o vastíssimo e fundamental espólio de Malheiro Dias foi alvo de uma quase exaustiva investigação da minha parte.

Jaime Cortesão, intelectual português, viveu no Brasil entre 1940 e 1957 após ser banido de seu país pelo regime salazarista. Durante este período, instalado no Rio de Janeiro, foi presença assídua na imprensa carioca e paulistana, além de trabalhar na Biblioteca Nacional e no Instituto Rio Branco, onde teve contato privilegiado com a documentação que lhe possibilitou escrever uma história da “formação territorial do Brasil”. Convidado para participar das comemorações do quarto centenário da fundação de São Paulo, Cortesão idealizou a exposição montada em um dos pavilhões do recém-inaugurado Parque Ibirapuera. Reunindo obras de arte e objetos emprestados por particulares e instituições nacionais e estrangeiras, além de murais, mapas e esculturas feitas para a ocasião por artistas convidados, a mostra teve grande influência na museologia paulista e na própria trajetória posterior de Cortesão. Neste artigo discutiremos sobre essa mostra por meio de uma análise do catálogo manuscrito da Exposição de história de São Paulo no quadro da história do Brasil, guardado no arquivo de Jaime Cortesão na Biblioteca Nacional de Portugal.

Na cartografia medieval e moderna encontramos em diversos mapas e portulanos a representação de uma Ilha Brazil (e suas diversas variações de nome) que, com o tempo, migrou para o Novo Mundo até fixar-se como denominação do país sul-americano. Na construção espacial que teve o território brasileiro nos mapas dos séculos XV ao XVIII, observamos o conceito de Ilha-Brasil que, como demonstrou o historiador português Jaime Cortesão, fez parte de uma lógica geopolítica de desenvolvimento do espaço brasileiro e determinou a forma do futuro Estado do Brasil. De modo que, este trabalho investiga a origem do nome Brasil desde os mapas medievais com a Ilha Brazil atlântica até a formação e consolidação das fronteiras nacionais pelo manejo cartográfico das representações da Ilha-Brasil de Jaime Cortesão e a negociação de suas fronteiras no Tratado de Madri em 1750. Desta forma, trata-se aqui do batismo (nome) do Brasil e sua origem nos mapas.

O exílio brasileiro de Jaime Cortesão foi marcado pela feitura de obras e participação em atividades que impressionam, ainda hoje, os campos acadêmico, diplomático e político, mas, de tão disseminadas, as ideias cortesianas nem mais são relacionadas ao autor.
Por conta de se explicar este problema, torna-se necessário repensar a apreciação da atuação de Cortesão no Brasil, pois ele não se colocou apenas como participante de um jogo amplo, reativando e reformulando conteúdos consolidados na geografia e história desde o século XIX, mas também aliando suas próprias ideias ao projeto da corporação diplomática, sequiosa de constituir o seu campo de atuação e certa identidade, por meio da inscrição do seu papel como construtores da Nação no ensino de geografia e história.
Este argumento pode ser desenrolado no caso do Meridiano de Tordesilhas: traçado em 1854, na História Geral do Brasil por Francisco Adolfo de Varnhagen, servia para articular uma explicação da colonização lusitana, mas essa representação caiu em desuso na década de 1920, a partir dos comentários e reparos feitos à terceira edição daquele livro.
A reativação do constructo foi engendrada por Jaime Cortesão a partir de sua inserção no Ministério das Relações Exteriores e, no correr de seus cursos no Instituto Rio Branco. Juntando à digressão de Varnhagen uma discussão acerca da impossibilidade de verificação do Meridiano, a transgressão dos limites originais foi apresentada como um projeto de Estado português. Tornada em representação da Formação Territorial brasileira, esta ideia foi apresentada no Atlas Histórico do Brasil em 1959 e formalizada na História do Brasil nos Velhos Mapas.

A "História do Brasil em Quadrinhos" é a primeira experiência em adaptar os quadrinhos às sala de aula e, é também a primeira vez que se utilizaram os quadrinhos para o Ensino de História. Esta obra, pelo menos em sua segunda parte, realiza uma ultrapassagem no modo como a raça negra era enxergada pela historiografia no Brasil, isso antes mesmo de que obras acadêmica pudessem fazê-lo. E, ao mesmo tempo, é um retrato amargo do período da Ditadura Militar.

This article seeks to reconstruct  the history  of  Tripartite Iberianism,  that is,  an intellectual project for unity in Peninsular diversity grounded in  the idea  that there are three  "essential " Iberian culture-nations: Portugal, Castile and Catalonia.  This current of thought has its roots in, among other tendencies, Catalan  modernisme. Because of  this initial affiliation, it tended to lose historiographical visibility  as the more monolithic  forms of national identity characteristic of noucentisme gained hegemony in Catalonia and the rest of the Peninsula  in the second decade of the 20th century. However, Tripartite Iberianism, continued be promoted by important intellectuals, such as Gaziel,  until the late 1950s.  However, it would never come close to achieving the prominence it had during  first decade or so of the  century when well-known  thinkers such Maragall, Unamuno and Pascoaes were among its firmest proponents

No século XVII, Duarte Nunes de Leão (1530-1608) e Álvaro Ferreira de Vera (15--?-depois de 1645) ressaltaram o caráter universal da língua portuguesa, fruto do expansionismo do homem português que a levara a diferentes povos. Junto com a língua, como se sabe, o português carregara consigo uma maneira própria de ver o mundo, extremamente influenciada pela espiritualidade cristã, aspecto que marcaria definitivamente sua cultura e literatura. Pouco mais de um século depois, Pedro de Rates Henequim (1680-1744) – condenado pela inquisição lisboeta em 1744 –, influenciado pelo joaquimismo e pela teoria quinto-imperialista, defendera que a língua portuguesa não só se tornaria a língua universal como também que fora a língua primordial falada por Deus e Adão no paraíso.  Além disso, segundo Henequim, o Quinto Império estabelecer-se-ia no Brasil, visto por ele como uma espécie de paraíso terreal. Apesar de terem objetivos particulares, esses autores comungam, na verdade, de uma mesma raiz motiva: a relação entre expansionismo marítimo-português, espiritualidade cristã e língua portuguesa. No entanto, aquele que soube melhor correlacionar esses três elementos fora Jaime Cortesão (1884-1960) que lhes imprimiu um caráter específico: o elemento cristão seria, sobretudo, constituído por uma mística franciscana. Para Cortesão, inclusive a língua portuguesa teria se tornado uma “língua lírica”, “língua franciscana” e os descobrimentos teriam tido como gérmen o caráter expansionista da espiritualidade de São Francisco de Assis (1182-1226).  O objetivo do presente texto é investigar os desdobramentos dessa tríade nos autores supracitados – utilizando-nos também de Luís Vaz de Camões (1524-1580) e de Frei Marcos de Lisboa (1511-1591) – dando destaque ao que diz respeito a uma constituição simbólico-cristã da língua portuguesa associada ao expansionismo propiciado pelas grandes navegações.

importância a sua participação nos projetos de Estado e numa produção historiográfica ligada a este. Neste artigo, procuramos discernir sua contribuição à ‘Formação Histórica do Brasil’ como uma tomada de posição, no metajogo historiográfico português e brasileiro, e na relação com os interesses nacionais. Entendemos que esta ‘metaestratégia’ foi bem sucedida porque os insumos de seu trabalho, especialmente a cartografia, já faziam parte da ‘metalógica’ da historiografia brasileira e, por causa de ter dirigido seus interesses, gradualmente, a um ‘circuito de expressão’, que prestigiou e alavancou a sua obra.

Resumo: Jaime Cortesão destacou-se no pensamento e fundação do movimento Renascença Portuguesa e seguidamente na Seara Nova. A sua participação ativa em prol da cultura, sociedade e política portuguesas, designadamente no primeiro terço do século XX, visavam a emancipação do povo português através da educação e do ativismo político, sempre envoltos de um profundo espírito unificador e patriótico, constantes no seu discurso e ação renovadora que dedicou na sua vida, à Renascença Portuguesa e à Seara Nova.
Palavras-chave: Jaime Cortesão; Renascença Portuguesa; Seara Nova; Ativismo Político; Intervenção Cívica; Espiritualidade;

Este artigo busca investigar a relação entre o conceito geopolítico de "Ilha-Brasil", do cartógrafo português Jaime Cortesão, que como mito colonizador de esforço lusitano fomentou a expansão colonial a fim de validar sua presença e expansão territorial na América, e o arcabouço sobre o qual se construiu a sociedade e o Estado brasileiros. De uma descrição geográfica inexata e mítica de ilha, derivou-se pela soma de fatores incompletos, um conceito insular suficientemente forte para que houvesse uma presença e leitura de uma "Ilha-Brasil" metafórica e continental, persistindo como influencia na cultura identitária e no perfil do Estado-nacional brasileiro. Nisto, colaboram os conceitos de topofilia do geógrafo chinês Tuan Yi-fu, como investigador das relações entre o indivíduo e seu entorno, a fim de demonstrar, os elementos que ao longo do tempo confirmam a razão geográfica de ser do Estado brasileiro e suas características político-culturais sobre a base de sua insularidade peculiar. Assim, a Nisologia, isto é, o estudo das ilhas, oferece ferramentas para entender e explicar não só a origem e formação, mas também a inserção e presença do Brasil no mundo. De tal modo que, com esta leitura permite-se uma compreensão geopolítica, sociológica, antropológica, etnográfica e cultural do Estado brasileiro e sua brasilidade, que ao não pretender esgotar em si as explanações possíveis sobre o Brasil, tenta compreender e explicar as contingências sobre as quais se realizam as relações nacionais e internacionais deste país.

ABSTRACT This article seeks to investigate the relation between the geopolitical concept of "Island-Brazil", by Portuguese cartographer Jaime Cortesao, which as a colonizing myth of Lusitanian effort fostered colonial expansion in order to validate its presence and territorial expansion in America, and the framework on which Brazilian society and the state were built. From an inaccurate and mythical geographical description of island, an insular concept, as derived from the sum of incomplete factors, is strong enough to have a presence and possible reading of Brazil as a metaphorical and continental "Island-Brazil", persisting as an influence on identity culture and profile of the Brazilian nation-state. Inasmuch, the concepts of topophilia of the Chinese

The Arrow and the Target – The origins, the transformations and the function of the course in the History of Cartography taught by Jaime Cortesão at Brazilian Ministry of Foreign Affairs.

Through the methodization of the contents and the teaching of the History of Cartography, Jaime Cortesão fabricated a narrative and a pedagogy of Brazil's national territory evolution, which joint in the same role Alexandre de Gusmão and Rio Branco. This fabrication served to rescue the role of Brazilian diplomats in the invention of the Nation and to the recomposition of brazilian foreign policy after the Second World War.
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Por meio da metodização dos conteúdos e do ensino da História da Cartografia, Jaime Cortesão consagrou uma narrativa e uma pedagogia da formação do território nacional em que Alexandre de Gusmão e Rio Branco passaram a figurar em conjunto. Esta fabricação serviu para o resgate do papel dos diplomatas na invenção da Nação e para a recomposição do papel do Brasil no jogo das relações internacionais após a Segunda Guerra Mundial.

The studies of the Jaime Cortesão's contribution to Brazilian historiography have always given little importance to their participation in State projects and in a historiography linked to the State. In this article, we seek to discern his contribution to the 'Historical Formation of Brazil' as a position in the Portuguese and Brazilian historiographical 'metagame' and in relation to national interests. We understand that this ' meta strategy ' was successful because the inputs of their work , especially cartography, were already part of the metalogic of Brazilian historiography and for having directed his interests gradually to a 'circuit of expression', which bestowed prestige to him and his work.

Resumo:

Os estudos da contribuição de Jaime Cortesão à historiografia brasileira sempre deram pouca importância a sua participação nos projetos de Estado e numa produção historiográfica ligada a este. Neste artigo, procuramos discernir sua contribuição à 'Formação Histórica do Brasil' como uma tomada de posição, no metajogo historiográfico português e brasileiro, e na relação com os interesses nacionais. Entendemos que esta 'metaestratégia' foi bem sucedida porque os insumos de seu trabalho, especialmente a cartografia, já faziam parte da 'metalógica' da historiografia brasileira e, por causa de ter dirigido seus interesses, gradualmente, a um 'circuito de expressão', que prestigiou e alavancou a sua obra.

"Na organização do livro e por meio de uma escrita límpida e fluente, o leitor irá encontrar as análises sobre a trajetória de Jaime Cortesão construídas a partir de premissas metodológicas e teóricas relacionadas à compreensão das redes de sociabilidade e aos núcleos de poder no interior dos quais os intelectuais também se firmaram e se firmam. A introdução por si só dá conta dos elementos necessários para situar Cortesão enquanto figura histórica de projeção e dos conteúdos que serão desenvolvidos posteriormente nos capítulos dedicados a decifrar e interpretar os rumos do seu pensamento e a expressividade de sua personalidade histórica. A leitura irá revelar, acredito, a capacidade de David Ribeiro em historicizar de forma crítica a construção dos mitos e a idealização de tipologias sociais que nada mais fazem do que impedir a visualidade dos sistemas de poder e de domínio e de implantar uma memória que se pretende hegemônica.
De certa forma ao focalizar indivíduos inseridos em contextos, o pesquisador dá continuidade a um esforço coletivo da produção histórica sobre São Paulo em analisar os principais processos vividos pela cidade, desde as relações dos portugueses com as populações indígenas, chegando à constituição da economia agroexportadora e depois industrial que fizeram a riqueza da cidade e do estado. Caminhos que foram apontados por historiadores de projeção, desde Sergio Buarque de Holanda às pesquisas desenvolvidas por Ilana Blaj e por John Monteiro e pelos muitos estudiosos que, mais recentemente, fizeram questão de evidenciar a feição escravista e capitalista da sociedade paulistana e paulista – formada por senhores de escravos indígenas e depois africanos negros, fazendeiros e industriais pioneiros que construíram a riqueza e o destaque da província e do estado por meio da exploração da mão de obra cativa e de trabalhadores livres das fazendas e das fábricas".
-- do Prefácio, de Maria Cristina Cortez Wissenbach

Apresentação | Comissão Científica | Comissão Organizadora | Programa | Resumos | Perfis dos oradores

APRESENTAÇÃO
A Biblioteca Nacional de Portugal vai acolher um Simpósio Internacional consagrado à figura e à obra de Jaime Cortesão, nos dias 10 e 11 de Maio de 2018. Esta iniciativa estará centrada na acção cívica e na obra científica que Jaime Cortesão realizou durante as cerca de três décadas em que permaneceu exilado na sequência da instauração da ditadura em Portugal e do seu saneamento compulsivo do cargo de Director da Biblioteca Nacional de Lisboa, em 1927.
Pretende-se criar um espaço para apresentação dos mais recentes resultados da investigação realizada em torno da obra do autor de Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid e da História do Brasil nos velhos mapas. Pretende-se também aprofundar o conhecimento sobre os sucessivos contextos de exílio que Jaime Cortesão enfrentou na Europa e no Brasil, com destaque para aqueles que decorreram na Espanha republicana e no Rio de Janeiro das décadas de 1940 e 1950. Esta iniciativa constituirá ainda uma oportunidade para reflectir sobre o importante legado de Cortesão enquanto editor e tradutor, assim como para analisar o estado actual dos projectos de edição da sua obra. 
O Simpósio Internacional «Jaime Cortesão: escritos e geografias do exílio» resulta de uma iniciativa conjunta do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa (CEG- ULisboa) e do Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores (CHAM-NOVA FCSH e UAc), em parceria com a Biblioteca Nacional de Portugal. Esta iniciativa é realizada no âmbito das actividades do Projecto de Investigação FCT/CAPES «Saberes geográficos e geografia institucional: influência e relações recíprocas entre Portugal e o Brasil no século XX» (CEG-ULisboa) e do grupo de investigação «Leitura e formas de escrita» do CHAM.

COMISSÃO CIENTÍFICA:
Cristina Clímaco │Laboratoire d’Études Romanes (LER), Univ. Paris 8
Daniel Melo │ CHAM – Centro de Humanidades, NOVA FCSH - UAc 
Francisco Roque de Oliveira │ Centro de Estudos Geográficos, IGOT - ULisboa
Joaquim Romero Magalhães │Faculdade de Economia, Univ. de Coimbra (FEUC)
Vera Lucia Amaral Ferlini │Cátedra Jaime Cortesão, FFLCH/USP 

COMISSÃO ORGANIZADORA:
Daniel Melo │CHAM – Centro de Humanidades, NOVA FCSH - UAc 
Daniel Paiva │ Centro de Estudos Geográficos, IGOT - ULisboa 
Francisco Roque de Oliveira │ Centro de Estudos Geográficos, IGOT - ULisboa
Roger Lee de Jesus │ Centro de História da Sociedade e da Cultura (CHSC-UC) & CHAM – Centro de Humanidades, NOVA FCSH - UAc

PROGRAMA:
10 de Maio de 2018
09H30 │ Registo de participantes
10H00 │ Sessão de abertura
10H30 │ Lição inaugural: O desconhecido Brasil, de los comienzos a 1799, de Jaime Cortesão (1956) | Joaquim Romero Magalhães (Universidade de Coimbra)

11H30 │ Mesa 1: Jaime Cortesão, editor e edições
>Jaime Cortesão, o “grupo da Biblioteca” e a Seara Nova | Daniel Pires (Centro de Estudos Bocageanos e CLEPUL)
>Jaime Cortesão enquanto promotor da edição e da leitura | Daniel Melo (CHAM-Centro de Humanidades, FCSH-NOVA)
12H30-14H30 │ Almoço livre

14H30-16H30 │ Mesa 2: A escrita da História
>Jaime Cortesão: novas dimensões para a História de São Paulo | Vera Lucia Amaral Ferlini (Cátedra Jaime Cortesão, Universidade de São Paulo/Instituto Camões)
>Oxymoron – Cortesão, Varnhagen, o meridiano de Tordesilhas e a representação da formação do Brasil | Renato Amado Peixoto (Univ. Federal do Rio Grande do Norte)
>Os irmãos Cortesão. Dos exílios e das polémicas historiográficas na expansão atlântica | Rui S. Andrade (Centro de História, Universidade de Lisboa)
>Os Descobrimentos Portugueses de Jaime Cortesão: balanço de uma carreira historiográfica | José Manuel Garcia (Gabinete de Estudos Olisiponenses e Academia Portuguesa da História)

11 de Maio de 2018
10H00 │ Apresentação do diaporama e da mostra bibliográfica sobre  Jaime Cortesão (sala de projecção e sala de referência, respetivamente)
>A voz do escritor – os registos sonoros de Jaime Cortesão | Roger Lee de Jesus (Centro de História da Sociedade e da Cultura-CHSC, Universidade de Coimbra e CHAM, FCSH-NOVA)

11H00 │ Mesa 3: Geografias do exílio
>O exílio europeu de Jaime Cortesão e a luta antifascista (1927-1940) | Cristina Clímaco (Laboratoire d’Études Romanes-LER, Université Paris 8)
>«Abraça-te o teu irmão muito amigo»: a correspondência do exílio entre Jaime e Armando Cortesão | Francisco Roque de Oliveira (CEG-UL), Roger Lee de Jesus (CHSC-UC e CHAM, FCSH/NOVA) e Rui S. Andrade (Centro de História, UL)
>Do Vera Cruz ao Brasil: entre a viagem de Aquilino Ribeiro e as geografias de exílio de Jaime Cortesão | Aquilino Machado (CEG-UL)

12H30 │ Conclusões e encerramento do Simpósio

Entrada livre

Email de contacto: sgeograficos@gmail.com
Local: Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal, Campo Grande, 83, Lisboa
Organização: Centro de Estudos Geográficos, Universidade de Lisboa │ Centro de Humanidades, Universidade Nova de Lisboa e Universidade dos Açores │ Biblioteca Nacional de Portugal

Resumos | Perfis dos oradores
(versão final ainda em preparação, a divulgar brevemente)
+INFO:  http://www.ceg.ulisboa.pt/saberesgeograficos/  www.cham.fcsh.unl.pt

A representação de Alexandre Gusmão foi sedimentada por Jaime Cortesão em 1956 no contraponto das visões baseadas nos escritos de Rodrigo Octávio, produzindo uma representação do político que se colocava contra o alinhamento aos Estados Unidos. Esta fabricação estava inserida, também, no metajogo político e historiográfico do Prata e se postava contraparte da historiografia argentina. Além disto, Cortesão estava incorporado ao projeto de autonomia e profissionalização da corporação diplomática, centrado então no IRB, visando inscrever o papel do diplomata na formação do espaço e da identidade brasileira. A criação do IRB também propiciava a autonomia do MRE em relação a um projeto de história compartilhado com o IHGB. No caso, a disseminação da produção do IRB foi dinamizada pelas prescrições deixadas pela 'Comissão Revisora dos textos de História e Geografia'. Ao articular numa mesma perspectiva todos estes metajogos historiográficos e políticos, Jaime Cortesão leva o seu analista a ter de considerar instrumentos teóricos e metodológicos que permitam explicitá-los. Entendo que isto ultrapassa certas considerações usuais em torno dos termos 'Quem e como se faz a história', levando a ter de inquirir os insumos teóricos que serviram a Michel de Certeau de modo a poder pensar as questões da representação do político e do lugar do historiador em relação à escrita da história.

The representation of Alexandre Gusmão was sedimented by Jaime Cortesão in 1956 in the counterpoint of the visions based on the writings of Rodrigo Octávio and, with this, it produced a representation of the politician which stood against the Brazilian alignment with the United States. This fabrication was also inserted in the political and historiographical metagame of the Rio de la Plata region, and it was placed against part of the Argentine historiography. In addition, Cortesão was incorporated into the project of autonomy and professionalization of the diplomatic corporation, centered in the IRB, aiming at inscribing the role of diplomat in the formation of Brazilian space and identity. The creation of the IRB also facilitated the autonomy of the MRE in relation to a shared historical project with the IHGB. In this case, the dissemination of the production of the IRB was stimulated by the prescriptions left by the 'Comissão Revisora dos textos de História e Geografia'. By articulating all these historiographical and political metagames in the same perspective, Jaime Cortesão leads his analyst to consider theoretical and methodological tools that allow his analysis. I understand that this goes beyond certain usual considerations around the terms 'Who and how history is made', leading to having to inquire about the theoretical inputs that served Michel de Certeau, so that we could think about the issues of representation and the place Of the historian in relation to the writing of history.

A figura do Barão do Rio Branco que se eleva dos textos históricos e geográficos a partir da década de 1950 e ainda sobrevive hoje é extremamente diferente daquela que lhe era atribuída em 1945, ano mesmo em que se comemorava o seu centenário de nascimento. Este nosso Rio Branco foi forjado lentamente desde 1933 a partir das discussões feitas no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, na convergência dos interesses da corporação diplomática e da política externa brasileira, por meio de uma linguagem consagrada no saber que então era denominado como geopolítica. O Instituto Rio Branco, fundado em 1945, é o locus onde a fabricação da figura do Barão do Rio Branco será articulada e disseminada por Jaime Zuzarte Cortesão, através dos seus cursos de História da Cartografia, de suas obras e de sua atuação intelectual e política.

The 'School Historical Atlas' ['Atlas Histórico Escolar'-AHE] was published by the Brazilian Ministry of Education and Culture in 1959 and had at least eight editions until 1983. The AHE was planned as an above average educational product with a low cost retail cost and to be used in secondary education. Its authors were some of the best geographers, historians, illustrators and cartographers of the country in that time and they were members of the Brazil's most prestigious institutions and universities, as IBGE, IHGB, IRB, PUC and 'Universidade do Brasil'. Despite its importance to the History of Cartography as the only historical atlas edited and published in the country, this presentation is the first academic research on the AHE, however, we do not intend to restrict our exam to the maps or to the major characteristics of the AHE. Accompanying the idea of Matthew Edney in Progress and the nature of Cartography, I will explore the practices, the spacial discourses and the

Much has been written about Portugal’s Estado Novo (1933-1974) appropriation of Gilberto Freyre’s Lusotropicalist discourse for the purpose of justifying continued presence in several African territories, especially after the 1950’s. More recently, scholars such as Miguel Vale de Almeida have suggested a different genealogy for lusotropicalism, one that is rooted in Portugal and more specifically in the writings of the Renascença generation of the 1890’s. In a recent article I claimed that an earlier precedent can actually be found in the writings of Oliveira Martins (1845-1894), a Portuguese intellectual of the generation of the 1870’s who for a time had a close relationship with Manoel de Oliveira Lima, Gilberto Freyre’s mentor from Pernambuco, Brazil. Continued research conducted in Portuguese archives has since then allowed me to establish that the roots of lusotropicalist discourse can be found much earlier, in late eighteenth-century travel narratives penned by British travellers to Brazil, who interpret the conspicuous abundance of freed slaves in Rio de Janeiro and Bahia as a sign of Portugal’s more humane approach to colonialism. In his Lessons on the Philosophy of World History, Hegel will (arguably for the first time) formulate the thesis that Portuguese colonialism was more humane than that of its European counterparts, based on the uncritical reproduction of the views expressed in the aforementioned British narratives.
My interest in establishing this unexamined genealogy does not derive so much from a strictly philological valuing of sources; rather, in this paper I will argue that what the study of these sources shows is that lusotropicalism is a discourse written in a certain fashion; that particular mode of writing, which consists in reading events, judgments of value and documentary sources at face value, is what gets reproduced periodically, particularly when the survival of a certain self-image of the nation is at stake. Thus, Lusotropicalism is first formulated in late eighteenth and early nineteenth-century, when Portugal’s engagement with the Atlantic slave trade is challenged by Great Britain. It is then revived in the 1950’s when the survival of the Empire is challenged by the United Nations and the liberation movements in its former African territories, and once again from the 1990’s onwards, when Portugal’s national identity goes through radical reconfigurations due to the country’s participation as a full member in the European Union.