Neste trabalho, propõe-se a adoção de um modelo de processamento discursivo que opere com os mecanismos envolvidos na produção e recepção de metáforas, articulando-se princípios e pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Enunciação...
moreNeste trabalho, propõe-se a adoção de um modelo de processamento discursivo que opere com os mecanismos envolvidos na produção e recepção de metáforas, articulando-se princípios e pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Enunciação (Benveniste, 1970), de uma Teoria Modular da Linguagem (Castilho, 1998) e da Teoria dos Espaços Mentais
(Fauconnier, 1994, 1996, 1997, 2002). Justifica-se a adoção de tal modelo, considerando-se os seguintes postulados: (a) a dialogia e a hipertextualidade são propriedades definitórias da
linguagem; (b) a criação e articulação de Instâncias de Enunciação, operações que indiciam o caráter dialógico da linguagem, são condições necessárias à implementação do processamento discursivo; (c) toda Instância de Enunciação é um Espaço Mental, não sendo a recíproca
verdadeira; (d) a criação e articulação de espaços mentais, no domínio de Instâncias de Enunciação, são condições necessárias à implementação do processamento discursivo.
Partindo-se desses postulados e do modelo de processamento discursivo proposto, pretende-se demonstrar que o processamento de metáforas não exige nenhum mecanismo adicional além dos, necessariamente, envolvidos na produção/recepção de qualquer enunciado: a criação e
articulação de espaços mentais. Pretende-se demonstrar, em suma, que: a mente humana opera, discursivamente, de forma hipertextual ou hiperespacial; a operação básica do processamento discursivo (produção/recepção de todo e qualquer texto, metafórico ou não) é a criação e articulação de Espaços Mentais e, por fim, todo e qualquer texto-enunciado indiciador do fenômeno metafórico pode ser analisado em termos do processo de Discursivização e de seus simultâneos sub-processos, tais como definidos no modelo proposto.