Pode-se ouvir o sotacón típico da Terra da Cocanha em cada linha desta obra. Pode-se sentir o cheiro da precária combustão dos Chevettes a álcool. Pode-se ruminar a textura molenga e insossa da polenta que queima a língua de um comensal... more
Pode-se ouvir o sotacón típico da Terra da Cocanha em cada linha desta obra. Pode-se sentir o cheiro da precária combustão dos Chevettes a álcool. Pode-se ruminar a textura molenga e insossa da polenta que queima a língua de um comensal faminto há três gerações. Se olhar para a própria mão, o leitor quiçá verá as manchas de ferrugem deixadas pelos pregos enferrujados acomodados no próprio bolso e, em seu punho, um relógio de fundo verde com a tampa riscada durante atividades de caça a pequenos animais.
Trata-se de uma opereta pouco prolixa, na qual, se adotei a forma de um Juó Bananere, ou de um Italo Balen, não sei se não lhe meti alguns plágios e outras irregularidades.
A história aqui narrada, a exemplo de (quase) tudo o que se passa em Polentawood, exige uma penetração nas sombras densas do comportamento de seus empre-endedores. O thriller novelesco cocanhês arremessado por Joanim Pepperoni, Phd, que... more
A história aqui narrada, a exemplo de (quase) tudo o que se passa em Polentawood, exige uma penetração nas sombras densas do comportamento de seus empre-endedores. O thriller novelesco cocanhês arremessado por Joanim Pepperoni, Phd, que satiriza e dialoga com o clássico Ali Babá e os 40 ladrões, dá as coordenadas – à maneira de uma cartilha – para que o leitor descubra como alcançar o Olimpo dos que venceram por sua habilidade e astúcia nos negócios. Exigente, a técnica do empreendedorismo em Polentawood, como demonstram as personagens deste opúsculo, tem os seus princípios (ou seriam vícios?): inveja, ganância, esperteza e sovinice.
Entre uma aspiração social e um conceito estético vai diferença; o que se precisa é de uma definição estética. Achá-la-emos no prefácio: “Este é um livro escatológico”. Sob a angústia da flatulência do Chefe da Nação Berrante, Joanim... more
Entre uma aspiração social e um conceito estético vai diferença; o que se precisa é de uma definição estética. Achá-la-emos no prefácio: “Este é um livro escatológico”. Sob a angústia da flatulência do Chefe da Nação Berrante, Joanim Pepperoni passou a fazer versos como quem defeca.
Do ponto de vista da técnica e do método de trabalho, Pepperoni continua seguindo o estilo da apropriação e da paródia. Profanando o cânone, descarregou Gregório de Matos, Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Augusto de Campos e outros canonĭcus na latrina. Método, aliás, recomendável, uma vez que quem ri por último, ri melhor.
