Universidade e Sociedade

RESUMO: o objetivo deste texto é problematizar a relação universidade-escola-comunidade, incentivando o desen-volvimento do potencial profissional e humano de discentes e docentes nos três pilares: ensino, pesquisa e extensão. Nesse viés, destacamos ainda, a relação dialógica (CALVO E FREITAS, 2011) e decolonial dos saberes (MIGNO-LO, 2013; QUIJANO, 2005) de todos os entes envolvidos. Com uma abordagem qualitativa e interpretativista, por meio de pesquisa bibliográfica e relatos de experiência das pesquisadoras em três instituições de ensino superior: UFMG, UNIFESP e UERR. As discussões nos guiam para uma transformação do sujeito da educação em presença, seguindo Biesta (2017). Assim, ressaltamos a visão teórica como movimento que prescinde da prática, cuja prática ressignifica a teoria, através da noção de dialogicidade que caminha para a (re)construção de uma universidade como agência, que resiste e (re)existe com a escola e com a sociedade. PALAVRAS-CHAVE: Ensino-pesquisa-extensão. Dialogicidade. Decolonialidade. (Re) existência. Considerações iniciais "Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.... contra qualquer forma de discriminação, con-tra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo." (FREIRE, 1996, p.115) Em um cenário em que os cortes nas bolsas de pesquisas, na redução dos orçamentos que impactam diretamente o funcionamento mínimo da instituição-como o cumprimento das obri-gações com gastos de luz, água e pagamento de funcionários terceirizados-e outras ações vin-culadas diretamente ao projeto político de desmonte da universidade pública e de silenciamento do pensamento crítico, se faz necessário repensar o papel das universidades e suas relações com a escola e a sociedade. Uma vez que as instituições públicas de ensino superior são sustentadas pelos pilares da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, o diálogo com outros agentes e saberes e o conceito de uma universidade socialmente referenciada precisam, mais do que nunca, saírem do papel e serem colocadas em práticas. O fortalecimento desse diálogo é apenas uma das possibi-lidades concretas de enfrentamento ao sucateamento do ensino superior, ao mesmo tempo em que atua, também, como um processo de conscientização da sociedade em relação à apropria-ção da universidade pública como um espaço que lhe é de direito. Não nos propomos, a partir deste texto, responder ou encontrar uma resposta definitiva para fortalecer o vínculo entre universidade-escola-comunidade. Não obstante, compartilhamos algumas reflexões, de forma despretensiosa, sobre possibilidades de parceria e inquietações so-bre essa linha tênue que, se por um lado aproxima a universidade desse diálogo, do outro reflete o quão frágil e vulnerável seguem essas parcerias, apesar de alguns avanços apresentados por Reis et al (2019). Levando em consideração que a formação docente está permeada por relações de poder, nosso objetivo é problematizar a relação universidade-escola-comunidade, incentivando o desen-volvimento do potencial profissional e humano de discentes e docentes nos três pilares: ensino,