Os parlamentos mirins são programas oferecidos por casas legislativas municipais em que crianças e adolescentes atuam como políticos. A iniciativa pode partir dos parlamentares; os servidores que coordenam os programas, contudo, têm papel...
moreOs parlamentos mirins são programas oferecidos por casas legislativas municipais em que crianças e adolescentes atuam como políticos. A iniciativa pode partir dos parlamentares; os servidores que coordenam os programas, contudo, têm papel imprescindível para a execução e o desenvolvimento do parlamento mirim. Ao ter contato com informações e/ou estruturas de poder, os coordenadores veem como fundamentais o conhecimento e a participação de todos os cidadãos nessas estruturas, começando pelas crianças, para promover ou manter a transformação social.
À primeira vista, a participação infantil na casa legislativa parece irrecusável, ao promover a imagem positiva do parlamento junto à sociedade. No entanto, o número de programas no Brasil que não saíram do papel ou foram descontinuados mostra que esse não é um empreendimento imune a desafios – principalmente os que envolvem embates com os vereadores. Esta pesquisa explora as circunstâncias em que servidores públicos, mais do que cumprir regras, lutam para mantê-las, chegando mesmo a enfrentar seus superiores para defender aquilo em que acreditam. Buscou-se na literatura as diversas características do ambiente burocrático e as variáveis para a inovação, a transformação e a resistência nesse espaço, a partir das relações hierárquicas e dos recursos disponíveis.
Alinhavando-se tais achados com todo o respaldo teórico, chega-se ao argumento central deste trabalho: no caso de uma contenda hierárquica, o servidor ativista empreende duas estratégias para obtenção de recursos na defesa de sua causa: a institucionalização das práticas e a construção de redes dentro e fora do Estado. Na combinação de ambas, um aspecto se destaca: a despersonalização deste servidor, paradoxalmente ao seu papel de liderança.