02 - Ambientes de Leques Aluviais - P 52-71 K
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02 - Ambientes de Leques Aluviais - P 52-71 K
Capítulo II
Cap.II
ABSTRACT
Alluvial fans are continental depositional deposits are associated with coarse-grained fan
systems in which the fluvial drainage pattern is facies around the world, such as the Brazilian oc-
distributary. Fans commonly have geometry of a currences of diamonds (Chapada Diamantina, Ba-
segment of a cone, with channels radiating from hia State), gold (Jacobina range, Bahia State) and
its apex. They are located downstream of points uranium (Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais
where a confined flow, usually within a fluvial val- State). Important coal deposits have already been
ley cut into an area of high relief, expands onto discovered in alluvial fan facies associations, but
an interior lowland or a coastal plain. Frequently, the environment is not favorable to the existence
but not always, the escarpment across which relief of petroleum source-rocks. Despite of this, con-
changes is close to the trace of an active fault zone. glomeratic facies can be good reservoir-rocks to
Alluvial fans can be divided into two basic types: hydrocarbons generated in genetically associated
gravity-flow dominated fans and fluvial fans With lacustrine or marine systems.
topographic slope higher than 1,5º and intermit-
tent deposition, gravity-flow fans are the classic 1 - Introdução
small fans that are best developed in arid settings.
Fluvial fans generally are larger and character- O termo leque aluvial (alluvial fan) tem
ized by migration of a permanent channelized sido usado para designar sistemas aluviais em
stream and topographic slope lower than 0,4º. que o padrão dos canais é mais distributário que
Alluvial fans systems commonly develop at tributário (Miall, 1990). Esta característica geo-
active basin margins, along which they can co- morfológica permite distingui-los dos sistemas
alesce, being typical along bordering faults in rift fluviais típicos, que apresentam padrão de drena-
and pull-apart basins, and adjoining thrust fronts gem dominantemente tributário.
in foreland basins. Basinward, alluvial fans com- Leques aluviais são sistemas deposicionais
monly integrate depositional tract systems with em forma de leque aberto ou de segmento de cone,
playa lakes and eolian dunes in arid climates, and caracterizados por canais fluviais distributários
with braided and meandering fluvial plains in hu- de grande mobilidade lateral. Formam-se em pla-
mid and glacial climates. A coastal alluvial fan or nícies ou vales largos onde rios, provenientes de
fandelta is formed when there is progradation onto relevos altos adjacentes, se espraiam adquirindo
adjacent lakes or seas, where deep-water turbid- padrão radial, devido ao desconfinamento do
ites can be formed by slope instability and ressedi- fluxo (Figura 1). O gradiente topográfico decresce
mentation on basin floor. The interaction between das cabeceiras para a base, dando origem a perfis
tectonics and climate constrain the stratigraphic longitudinal côncavo e transversal convexo para
stacking pattern, resulting in progradational and cima (Figura 2).
retrogradational megasequences. Many placer O padrão distributário é conseqüência da
Bacia de drenagem
ou
Área de captação Perfil longitudinal
Escarpment
Figura 4: Leques dominados por fluxos de gravidade: A) modelo (Stanistreet & McCarthy 1993); B) leques coalescentes
no Vale da Morte; o vale é visível em tons escuros no centro da imagem (imagem de radar do ônibus espacial,
PIA01349, NASA); C) Leque aluvial em Badwater, Vale da Morte, Califórnia, EUA (foto: Martin G. Miller,
Journal of Geoscience Education, 1999, v.47, nº2, capa).
Figure 4: Gravity flow dominated fans: A) model (Stanistreet & McCarthy 1993); B) coalescent fans in the Death Valley; the
valley is visible in dark tones at the center of the image (space shuttle radar image, PIA01349, NASA); C) alluvial fan at
Badwater, Death Valley (photo: Martin G. Miller, Journal of Geoscience Education, 1999, v.47, n.2, cover photo).
Figura 9: Conglomerados clasto-sustentados com gradação normal, Bacia de Jaibaras, Ceará (foto: Quadros, 1996).
Figure 9: Normal graded clast-supported conglomerates, Jaibaras Basin, Ceará, Brazil (photo: Quadros, 1996).
Figura 12: Arenitos grossos/conglomeráticos com estratificação cruzada acanalada, Bacia de Iguatu, Ceará. A foto de
baixo é um detalhe da superior (foto: Mário L. Assine).
Figure 12: Trough cross-bedded coarse-grained sandstones, Iguatu Basin, Ceará, Brazil. The photo on the botton is a detail
from the one on the top (photo: Mário L. Assine).
Figura 13: Fácies de lagos efêmeros (A) com pegadas de dinossauros (B), Bacia do Rio do Peixe, Paraíba (foto: Mário
L. Assine).
Figure 13: Playa lake facies (A) with dinosaur footprints (B), Rio do Peixe Basin, Paraíba, Brazil (photo: Mário L. Assine).
Figura 15: Leques de rios entrelaçados: A) modelo (Stanistreet & McCarthy 1993); B) leque do Rio Kosi, Índia
(imagem Landsat, fevereiro de 1977, NASA).
Figure 15: Braided fluvial fans: A) model (Stanistreet & McCarthy 1993); B) Kosi fan, India (image Landsat, February
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Ambientes de sedimentação siliciclástica do Brasil, 2008 p. 52-71
1977, NASA).
Figura 16: Leques de rios de baixa sinuosidade / meandrantes: A) modelo (Stanistreet & McCarthy 1993); B) Leque alu-
vial do Rio Okavango, Botswana (imagem STS51I-33-0053 do ônibus espacial, de agosto de 1989, NASA).
Figure 16: Low sinuosity/meandering fluvial fans: A) model (Stanistreet & McCarthy 1993); Okavango fan, Botswana (space
shuttle image STS51I-33-0053, August 1989, NASA).
Figura 19: Comparação do tamanho de alguns leques aluviais atuais (modificado de Stanistreet & McCarthy, 1993).
Figure 19: A comparision of the sizes of recent alluvial fans (modified from Stanistreet & McCarthy, 1993).
A B
Planície fluvial
meandrante
Meandenng
belt
Figura 20: Leques aluviais coalescentes no oeste da Argentina: A) em drenagem interior com campos de dunas eólicas;
B) em drenagem axial com rio meandrante (fotos: Mário L. Assine).
Figure 20: Coalescent alluvial fans, west of Argentina: A) interior dranage with eolian dune fields; B) with meandering fluvial channel
as axial drainage (photos: Mário L. Assine).
Figura 22: Trato de sistemas deposicionais da fase rifte da Bacia do Recôncavo, conforme concepção de Medeiros &
Ponte (1981). Leques aluviais são representados pelos conglomerados e arenitos da Formação Salvador.
Figure 22: Depositional tract systems during Early Cretaceous, rift phase of the Recôncavo Basin, Brazil (Medeiros & Ponte
1981). Conglomerates and sandstones of the Salvador Formation represent deposits of alluvial fans.
evidentes no arcabouço estratigráfico de bacias na porção média de leques aluviais, muitas vezes
transtensionais, condicionando a arquitetura das apresentam concentrações de minerais de impor-
associações de fácies produzidas por leques alu- tância econômica em depósitos de placer (cassi-
viais. Um trabalho de referência sobre o assunto terita, monazita, platina, ouro, diamante e outros).
é o de Steel & Gloppen (1980), que identifica- No Brasil há muitos exemplos, como os diaman-
ram ciclos de sedimentação de quatro diferentes tes encontrados nos conglomerados da Formação
ordens de magnitude em bacias devonianas do Tombador do Proterozóico da Chapada Diamantina
oeste da Noruega, cuja origem foi associada à na Bahia (Figura 27), considerados depósitos de
conjugação de três diferentes causas: migração leques aluviais (Pedreira, 1997).
lateral de depocentros, movimentos verticais do Importantes jazidas de ouro e urânio, asso-
assoalho da bacia e flutuação no soerguimento ciadas a fácies de leques aluviais de idade 2,0 a 2,8
das áreas-fonte. Ga, são encontradas em várias partes do mundo. O
As megasseqüências comportam ciclos me- exemplo mais conhecido é o dos depósitos auríferos
nores, de dezenas de metros de espessura, cons- de Witwatersrand na África do Sul (Minter, 1978;
tituídos de sucessões de fácies com granocres- Pretorius, 1976), considerados produto de deposi-
cência ascendente (Figura 26-C e D). Tais ciclos ção em leques aluviais costeiros com cerca de 45
são produzidos por progradação e abandono de km de extensão. Depósitos do tipo Witwatersrand
diversas gerações de leques, que podem resultar são constituídos de uraninita detrítica, o que pres-
tanto de flutuações climáticas e tectônicas, quan- supõe transporte em condições atmosféricas reduto-
to da dinâmica sedimentar em leques aluviais. O ras. No Brasil, são exemplos os depósitos da Serra
fenômeno de construção e abandono de leques se da Jacobina, na Bahia, onde o ouro está concentra-
repete dentro de cada leque com a construção e do em conglomerados com estratificação cruzada
abandono de lobos deposicionais. Cada lobo tem (Gross, 1968). Ocorrências de ouro e uraninita em
canais alimentadores, cujo preenchimento resul- depósitos do mesmo tipo são encontradas nos con-
ta em sucessões de fácies com granodecrescência glomerados da Formação Moeda no Quadrilátero
ascendente (Figura 26-E). Ferrífero em Minas Gerais (Villaça & Moura,
1985).
6 - Recursos minerais e energéticos Importantes jazidas de carvão foram forma-
das em ambientes de leques aluviais (Galloway &
Fácies de canal, presentes nas cabeceiras e Hobday, 1983). Subsidência intermitente em bacias
Figura 25: Entrincheiramento e formação de leques secundários: A) vista em perfil (baseado em Heward
1978); B) vista em mapa (Denny, 1967).
Figure 25: Entrenchment and origin of secondary fans: A) as seen in profile (based on Heward 1978); B) as seen
in map (from Denny, 1967).