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IARA SOUZA

    IARA SOUZA

    Resumo: Neste trabalho discutimos diferentes modos de existir-junto ou, mais especificamente, como certos seres se juntam em trajetorias de enredamento. A ideia, proposta por Souriau, de que as existencias sao nao so plurais como tambem... more
    Resumo: Neste trabalho discutimos diferentes modos de existir-junto ou, mais especificamente, como certos seres se juntam em trajetorias de enredamento. A ideia, proposta por Souriau, de que as existencias sao nao so plurais como tambem sempre capazes de tornar-se outras, de ganhar (ou perder) intensidade, constitui o ponto de partida de nossa reflexao. As formas de existir-junto de que falaremos aqui provem de nossos diferentes campos de pesquisa (relacoes entre humanos e animais outros que humanos em um laboratorio de pesquisa; relacoes entre seres mais que humanos e seus filhos humanos nas religioes afro-brasileiras). Interessa-nos refletir sobre os trajetos e tecnicas atraves dos quais essas formas brotam e se fortalecem nesses campos.
    O presente texto tem por objetivo identificar os pressupostos subjacentes na ideia de compreensão para as teorias sociais fundamentadas pelos pressupostos hermenêutico-fenomenológicos. Inicialmente, procura caracterizar criticamente o... more
    O presente texto tem por objetivo identificar os pressupostos subjacentes na ideia de compreensão para as teorias sociais fundamentadas pelos pressupostos hermenêutico-fenomenológicos. Inicialmente, procura caracterizar criticamente o significado de subjetividade e objetividade herdado do Iluminismo e do Romantismo, argumentando que ambas presumem as mesmas concepções de tradição, embora com sinais invertidos. Em seguida, inspirando-se em Gadamer e Heidegger, o texto discute a proposta da hermenêutica-fenomenológica contemporânea para concluir que compreensão tem, em "si mesma", a estrutura de uma experiência. Assim, compreender significa, em última instância, empreender um diálogo com o "outro", através de uma mediação histórica - e, portanto, mutável - presente no encontro entre horizontes distintos.
    The article analyzes two types of practice involved in medical training — case presentations and the annotation of consultations in medical records — that play a fundamental role in divesting patients of their personal qualities and... more
    The article analyzes two types of practice involved in medical training — case presentations and the annotation of consultations in medical records — that play a fundamental role in divesting patients of their personal qualities and reconstituting them as an objective body, a set of organs, the site of a lesion and the object of intervention. The ethnographic material presented here is the result of observing case presentations made by students to their tutors in a cardiology outpatient clinic at the University Hospital of UFBA. The article highlights the role of scientific and technological conceptions in this process. It also shows that both the case presentations to tutors (a descriptive and performative type of speech) and the written notes in medical records (a training practice that both shapes speech and reflects it, thereby authorizing the student) are procedures for objectifying the patient that depend on interpretation, although this takes place in surreptitious form.
    Based on news reports from Brazilian papers, the article examines the case of scientific fraud involving cloned embryos, committed by South Korean scientist Hwang. The media generally focus on the intellectual process of science, its... more
    Based on news reports from Brazilian papers, the article examines the case of scientific fraud involving cloned embryos, committed by South Korean scientist Hwang. The media generally focus on the intellectual process of science, its discoveries, and the new possibilities it promises. In this case, however, science is shown the other way around, revealing a web that interweaves elements of a radically disparate nature, like the Korean government, researchers, tools, research funds, human eggs and funguses, scientific journals, among others. These ties are what make up science in practice, yet they only become visible in the media when there is tension between them and, in this case, when something illicit happens.
    Using a semiotic and hermeneutical approach, the present paper discusses various theoretical elements in the analysis of popular views of schistosomiasis. Based on field work conducted in the State of Bahia, the authors identify two main... more
    Using a semiotic and hermeneutical approach, the present paper discusses various theoretical elements in the analysis of popular views of schistosomiasis. Based on field work conducted in the State of Bahia, the authors identify two main processes in the construction of meaning related to schistosomiasis and show that depending on the social context of experience the disease may have a primary or secondary meaning for the populations affected by it. The first level of meaning refers to bodily experiences and is shared intersubjectively, whereas the second type is built on the discourse of health professionals. In the latter case, the popular view of the illness is directly linked to discourses and actions previously established by health programs designed for the control of the disease.
    This article inquires as to the meaning of nervoso (nerves) among poor, working-class women from Salvador, Brazil. Our aim is to understand nerves as an experience that emerges from the background of a life trajectory and that, in many... more
    This article inquires as to the meaning of nervoso (nerves) among poor, working-class women from Salvador, Brazil. Our aim is to understand nerves as an experience that emerges from the background of a life trajectory and that, in many significant ways, disrupts the taken-for-granted character of that trajectory. From a phenomenological-hermeneutical tradition, we explore the links between experience, embodiment and temporality and then discuss the relevance of this approach for the understanding of women’s nervoso. In order to do so we present the life histories of three middle-aged women who have been afflicted with nerves. The accounts describe significant ways in which culturally inherited possibilities - grounded in a lived context of class and gender - are recovered and come to pre-figure a certain future. As we argue throughout the article, it is only when we situate the experience of nervoso within the temporal frame of life that we can truly understand it - that is, grasp it as part of a movement that involves both recovery and creation of meaning.
    O presente livro é resultante do IV Seminário Mapeando Controvérsias Contemporâneas na Antropologia “ciência, tecnologias e governo da vida”, realizado em 2017 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, numa parceria do GrupCiber... more
    O presente livro é resultante do IV Seminário Mapeando Controvérsias Contemporâneas na Antropologia “ciência, tecnologias e governo da vida”, realizado em 2017 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, numa parceria do GrupCiber (Grupo de Pesquisa em Ciberantropologia, da Universidade Federal de Santa Catarina) com o GEMMTE (Grupo de Estudos Multiespécie, Microbiopolítica e Tecnossocialidade, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Entre os dois grupos há uma longa e sólida parceria, consolidada concretamente em trajetórias de cooperação que confluem para uma agenda de pesquisa em permanente expansão. Essa pareceria está vocacionada à criação de espaços plurais voltados e devotados ao mapeamento e ao debate de novas agendas e de experimentos etnográficos inovadores que atravessam questões emergentes no campo antropológico.

    A série dos Seminários Mapeando Controvérsias, iniciada em 2013, tem contribuído para a difusão de trabalhos pioneiros e novos experimentos etnográficos envolvendo os debates sobre simetrização, hibridismo, distribuição de agência, redes sociotécnicas, multiespécies, tecnossocialidades, biossocialidades, os quais representam, por sua vez, um amplo e diversificado conjunto de desafios que, no nosso entender, configuram um campo de tensões aporéticas contemporâneas para a produção antropológica. Uma primeira publicação de resultados dos nossos Seminários foi o dossiê “Simetrização, Hibridismo e Agência na Antropologia”, publicado na Revista Ilha (volume 17, n. 2, 2015), organizado por Theophilos Rifiotis, Jean Segata e Oscar Calavia Saez. Um segundo desdobramento dos nossos Seminários foi a publicação dos trabalhos apresentados, em 2016, no IV Seminário Mapeando Controvérsias Contemporâneas na Antropologia, no formato de livro, sob os auspícios editoriais da Associação Brasileira de Antropologia, com apoio do CNPq, CAPES e FAPESC – esse livro, intitulado “Políticas Etnográficas no Campo da Cibercultura”, foi organizado por Jean Segata e Theophilos Rifiotis.

    A presente obra é composta de seis capítulos, todos inscritos num esforço que os aproxima, para além da diversidade dos recortes temáticos e dos distintos referenciais teóricos. Rompendo com os debates epistemológicos, todos os trabalhos aqui publicados trazem uma marca comum: a problematização, a fricção ontológica, na feliz expressão cunhada por Frédéric Keck, Ursula Regehr e Saskia Walentowitz (2008, p. 35) na Introdução ao dossiê “Anthropologie: le tournant ontologique en Action”. Trata-se de um conjunto de trabalhos que operam, a partir de referências particulares, com o desdobramento das multiplicidades – as “políticas ontológicas”, de que falava John Law (2014, p. 143) – e que mantêm, sem dúvida, forte relação com os trabalhos de Eduardo Viveiros de Castro, Marilyn Strathern, Isabelle Stengers e Bruno Latour, dentre outros autores que vêm contribuindo para esse grande projeto antropológico. Portanto, não se trata de uma simples reunião de trabalhos voltados a uma temática específica: nosso projeto editorial supõe que cada leitor, conforme seus interesses, possa encontrar, num ou noutro destes capítulos, cruzamentos com suas próprias pesquisas. Nesse sentido, o presente livro foi concebido com a ambição de servir a diferentes leitores – não exclusivamente do campo antropológico – que estejam interessados em dispor de um mapeamento plural das controvérsias contemporâneas na antropologia e, a partir daí, ampliar e aprofundar seus próprios argumentos e modos de fazer seus trabalhos etnográficos.
    Research Interests: