This article focuses on the relationship between philosophy and literature in J.R.R. Tolkien’s es... more This article focuses on the relationship between philosophy and literature in J.R.R. Tolkien’s essay On Fairy-stories. Delivered as a lecture in 1939 and published in 1947, the text presents the author’s conception of the literary genre known as “fairy-stories” and, in this article, I explore the possible philosophical and theological mediations and references in Tolkien’s investigation. The objectives of this article are twofold: to highlight the literary theory proposed by Tolkien as part of the philosophical tradition of medieval realism, with conceptual correspondences in Plato, Aristotle, Augustine, and Thomas Aquinas; and to demonstrate Tolkien’s original contribution to the appreciation of imagination and fantasy as a form of contemplation. The methodology comprises a comparative bibliographical review of these authors, using both the essay by J.R.R. Tolkien and his personal letters, as well as the books by the above-mentioned philosophers and their contemporary commentators. The conclusion upholds the viability of the connection between the philosophy and mythopoeia conceived by Tolkien as a contemplative way that values the production of myths as a means of admiration of reality from the metaphysical perspective.
This article presents the Anglo-Saxon poem Beowulf, written in the 8 th century A.D.. The poem na... more This article presents the Anglo-Saxon poem Beowulf, written in the 8 th century A.D.. The poem narrates the adventures of Beowulf, the hero of the Geats, a Northern Germanic tribe that used to inhabit the area now occupied by Sweden in the land of the Scylfings, now Denmark. Considered the first epic poem produced after Christ, Beowulf has Greco-Roman and Christian matrices and also some elements from Nordic mythology. From the work of the British philologist R.R. Tolkien, a scholar at Oxford University, who studied and translated the poem, and the writings of the Argentinean Jorge Luis Borges, a man of letters at the University of Buenos Aires, it is possible to perceive a formative proposal, in the sense of the Platonic Paideia, of Christian inspiration, in the writing of the poem. With this proposal, the writings of the two scholars present a perspective that permits the understanding of Beowulf as an epic exhortation of the virtue of courage as a way to confront Evil.
This article analyses the process of individuating, as exposed by Marie Loui-se von Franz, in The... more This article analyses the process of individuating, as exposed by Marie Loui-se von Franz, in The Man and His Symbols, analytical psychology collection of texts, and by Carl Jung in The Archetypes and Collective Unconscious, through the development of Gandalf, the wizard who role The Lord of The Rings, by J. R. R. Tolkien. By the junguian categories of Psyche Growth, Unconscious, Shadow and Self, we understand de Gandalf´s passage from The Grey to The White, stands his individuation.
This article deals with J. R. R. Tolkien's literary concepts of fairy-stories, fantasy, sub-creat... more This article deals with J. R. R. Tolkien's literary concepts of fairy-stories, fantasy, sub-creation, and eucatastrophe. Trough the poem Mythopoieia (1930), the essay Beowulf: The Monsters and the Critics (1936), and the essay On Fairy-Stories (1939) we can weave a literary theory that understands its goal as a religious expression, searching for similarities with Saint Augustine's thought, mainly in the four cardinal virtues expressed in the works The City of God (426) and On Free Choice of the Will (388), as well as the glory of pagan nations and the presence of virtues which would justify elements of the truth in a pagan people. Just as old roman virtues could be examples for Christians, also in the Scandinavian myths, such as Beowulf, one could fi nd virtues pertinent to the Christian revelation. In the end, the sub-created fairy-stories can and must also echo elements from the Christian Gospel.
This article deals with the symbolism of the One Ring, basic point in The Lord of the Rings, by J... more This article deals with the symbolism of the One Ring, basic point in The Lord of the Rings, by J. R.R. Tolkien. From the dialogue with Saint Augustine, through the categories of iniancy and free-will, and Paul Ricoeur, through the categories of myth and symbol, the One Ring is understood as lust for power over men, lands, and knowledge. In this sense, Tolkien´s historical reality and his Augustinian view favor an analysis of the symbol's three functions, proposed by Ricoeur: the cosmic, oneiric, and poetic functions.
Este artigo investiga o ensaio Sobre Estórias de Fadas, de J. R. R. Tolkien, com o obje... more Este artigo investiga o ensaio Sobre Estórias de Fadas, de J. R. R. Tolkien, com o objetivo de delinear uma hermenêutica para a metáfora de “Feéria”, a Terra das Fadas, sempre em diálogo com a tradição filosófica da antiguidade grega, especificamente com A República de Platão, De Anima e Poética de Aristóteles e a Suma Teológica de São Tomás de Aquino. O contexto histórico da Inglaterra do início do século XX e a biografia de J. R. R. Tolkien endossam a pertença deste autor a uma tradição religiosa e filosófica católica que recuperava a filosofia dita realista como fundamento da compreensão do mundo. A partir dessa abordagem teórico-metodológi-ca, encontramos uma dupla significação para Feéria, sendo primeiramente, de inspiração mais platônica, a realidade intermediária entre a dimensão sensível, captadas pelos sentidos do homem, e a dimensão inteligível, constituí-da pelas ideias que enformam as coisas mate-riais; em uma segunda interpretação, de matiz mais aristotélica, a metáfora das Terra das Fadas pode ser compreendida como a matriz de possibilidades combinatórias pela linguagem das formas oriundas da percepção da realidade pela mente humana, sendo Feéria constituída pela imaginação ou fantasia, essa capacidade do homem de formar imagens a partir da memória e que serve de base para a abstração das formas universais.
Obras póstumas de J.R.R. Tolkien [recurso eletrônico] : uma homenagem a Christopher, 2021
Este artigo trata das relações entre as cidades de Jerusalém e Gondolin a partir da narrativa bíb... more Este artigo trata das relações entre as cidades de Jerusalém e Gondolin a partir da narrativa bíblica sobre a Cidade Santa e a parte da obra de J.R.R. Tolkien que versa sobre a cidade élfica: O Silmarillion (1977), Contos Inacabados (1980), alguns volumes da série The History of Middle-earth (1983–1996) e a publicação A Queda de Gondolin (2018). Apesar de Tolkien ser avesso ao uso da alegoria em suas obras, a sua subcriação — termo designado por ele em seu exercício de autoria — pode ter sido inspirada, direta ou indiretamente, nas fontes teóricas, religiosas e artísticas com que ele teve contato. Tal fenômeno, contudo, não rouba a originalidade daquele que compõe. O conto de fantasia que dialoga com tema bíblico permitirá aproximações, nas quais podemos encontrar a figura manifesta, como propôs Auerbach, entre a realidade imediata do Mundo Primário, e a obra do autor, o subcriador do Mundo Secundário. Apesar das diversas aproximações possíveis, e também pelas diferenças encontradas, não nos é permitido, em consonância com o desejo do autor, afirmar que temos uma alegoria nessas figuras, mas aproximá-las nos ajuda a compreender o fazer criativo de Tolkien.
Resumo: Este artigo investiga a alegoria como repertório conceitual em cartas pessoais de J. R. R... more Resumo: Este artigo investiga a alegoria como repertório conceitual em cartas pessoais de J. R. R. Tolkien (1892-1973), presentes na edição de Humphrey Carpenter e Christopher Tolkien (2006). O objetivo é apresentar a discussão sobre as camadas de sentido de um texto e suas formas de interpretação a partir das considerações de Tolkien, participante de uma tradição filosófica e teológica realista, conforme seu catolicismo de início do século XX. A metodologia utilizada é bibliográfico-documental, pois consiste na revisão histórica da alegoria em A Poética de Aristóteles e na Suma Teológica de Tomás de Aquino. A conclusão afirma a alegoria tolkieniana como método de construção literária fundada em um sentido fechado, sendo diversa da aplicabilidade, método de criação e interpretação no qual o leitor preserva sua liberdade hermenêutica. Para Tolkien, essa escolha carregava uma perspectiva moral e gnosiológica, com eco tanto em Aristóteles quanto em Tomás de Aquino.
O ensaio On Fairy-Stories de J.R.R. Tolkien (1892-1973) é resultado da conferência de 1939 para a... more O ensaio On Fairy-Stories de J.R.R. Tolkien (1892-1973) é resultado da conferência de 1939 para a Universidade de St. Andrews e revisado para publicação em 1947. Neste texto, Tolkien dialoga com duas figuras importantes para as Ciências da R)eligião, Max Müller (1823-1900) e Andrew Lang (1844-1912). O primeiro é um dos fundadores da ciência da religião, a partir de suas pesquisas em filologia, enfatizando as relações entre linguagem, mito e religião. O segundo foi antropólogo e folclorista, igualmente discutindo as relações entre mito e religião. Neste diálogo, Tolkien estabelece críticas a ambos, fundamentalmente relativas à concepção de alegoria, e indica uma proposta teórica que resgata elementos da filosofia perene, enfatizando
The article shows the trajectory of the GPPRA-Research Group on Protestantism, Art and Religion o... more The article shows the trajectory of the GPPRA-Research Group on Protestantism, Art and Religion of the Graduate Department of Religious Studies of PUC Minas and its contribution to the dialogue between literature and theology in Brazil. The group was organized in 2018, and one of its axes of academic research is the dialogue between literature and both religious studies and theology. The article shows a differentiated aspect of its activities, viz., the "preferential option" (but absolutely not exclusive) for fantastic literature and fantasy literature as its focus of research. The article shows also the main theoretical references for literary hermeneutics and for the dialogue between literature and religious studies and theology that have been used in the research done by the group and for the analysis of the authors to whom the group gives special attention, viz, J.
O tema deste artigo concentra-se nas relações entre
filosofia e literatura no ensaio On Fairy-sto... more O tema deste artigo concentra-se nas relações entre filosofia e literatura no ensaio On Fairy-stories do escritor inglês J.R.R. Tolkien (1892-1973). Apresentado como conferência em 1939 e publicado em 1947, o texto mostra a concepção do autor sobre o gênero literário conhecido como fairy-stories, as estórias de fadas, e buscamos considerar as possíveis mediações e referências filosóficas e teológicas em sua investigação. Os objetivos do artigo são: 1) evidenciar a teoria literária proposta por Tolkien como parte da tradição filosófica do realismo medieval, com correspondências conceituais em Platão, Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino; e 2) demostrar uma contribuição original de Tolkien na valorização da imaginação e da fantasia como forma da contemplação, que é a finalidade do esforço educativo, denominada paideia, dessa tradição filosófica. A metodologia utilizada é de revisão bibliográfica comparativa entre os autores, usando tanto o ensaio citado quanto as cartas pessoais de J.R.R. Tolkien, além das obras dos filósofos em questão e seus comentadores contemporâneos. A conclusão afirma a viabilidade dessa relação entre a paideia e a mythopoeia concebida por Tolkien como uma via contemplativa que valoriza o artesanato de mitos como meio de admiração pela realidade na perspectiva metafísica
Resumo: Este ensaio analisa a relação corpo e movimento para a transcendência a partir de conceit... more Resumo: Este ensaio analisa a relação corpo e movimento para a transcendência a partir de conceitos fundantes sobre a temática corpo - imanência e transcendência. Retoma princípios e ideias de autores clássicos da filosofia e religião, como Platão e Aristóteles, bem como Hegel e Descartes para tratar da materialidade concreta do corpo no percurso histórico-social e que, ao se movimentar, desenvolve a espiritualidade que move e a força psíquica que transcende. Entre os conceitos, aprecia a corporeidade em Merleau-Ponty e seus seguidores e a transcendência humanizada em Manuel Sérgio e os estudiosos deste autor. Aplica como metodologia a revisão de estudos e como procedimento metodológico a classificação de ideias e princípios teóricos categorizados pelas acepções de corpo, movimento, espiritualidade e transcendência nos autores eleitos. Conclui que no movimento consciente, como processo permanente da trajetória humana, ocorre a transcendência de limites corpóreos e de níveis de espiritualidade. Palavras-chave: Epistemologia. Espiritualidade. Transcendência. Corporeidade.
Este artigo trata da virtude cardeal da fortaleza, conforme entendida na perspectiva da Suma Teol... more Este artigo trata da virtude cardeal da fortaleza, conforme entendida na perspectiva da Suma Teológica de Tomás de Aquino, remontando sua permanência histórica a partir de Platão, Aristóteles e Agostinho. Como método comparativo, investigamos a presença da virtude em duas obras de Histórias em Quadrinhos (HQ), sendo a primeira a minissérie Os 300 de Esparta (1999), de Frank Miller, publicada no Brasil em cinco edições, que apresenta uma versão da batalha das Termópilas (480 a.C.), liderada pelo rei espartano Leônidas contra os invasores persas, conforme o relato do grego Hesíodo em sua obra História (V a.C.). A segunda publicação é o volume único Bilbo o Hobbit (1990), com a adaptação do texto para HQ de Charles Dixon e Sean Deming e arte de David Wenzel, baseada no romance O Hobbit (1937), do escritor britânico J.R.R. Tolkien, que narra as aventuras de Bilbo Bolseiro na Terra-Média, onde enfrenta o dragão Smaug com a ajuda dos anões da comitiva de Thorin Escudo-de Carvalho e do mago Gandalf, o Cinzento. Por fim, é possível inferir que a virtude da fortaleza, em seus cinco aspectos na perspectiva tomista (fortaleza, magnanimidade, magnificência, paciência e perseverança), é ponto fundamental na narrativa de ambas as HQ´s.
Numen: revista de estudos e pesquisa da religião, 2015
Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J... more Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J. R. R. Tolkien (1892-1973), publicada postumamente em 1977. Este livro reúne diversos textos desenvolvidos durante a vida do autor e apresenta as bases cosmogônicas e teogônicas do universo mitológico de Tolkien, que fundamentaram os romances mais famosos: O Hobbit (1937) e O Senhor dos Anéis (1954). Enquanto professor de Filologia na Universidade de Oxford, entre 1925 e 1959, Tolkien teve contato com diversas abordagens teóricas sobre mitologia, especialmente a Fenomenologia da Religião. É nesta interface entre Fenomenologia e Literatura, através das obras de Mircea Eliade (1907-1986), que é possível traçar a concepção de sagrado presente na descrição da criação da natureza na narrativa de Tolkien. ABSTRACT This article deals with the conception of nature as sacred in the book The Silmarillion, by the English author J. R. R. Tolkien (1892-1973), published posthumously in 1977. This book brings together various texts developed during the life of the author and presents the cosmogonic and teogonic bases to the Tolkien's mythological universe, including his most famous novels: The Hobbit (1937) and The Lord of the Rings (1954). As a professor of Philology at Oxford University between 1925 and 1959, Tolkien had contact with several theoretical approaches to mythology, especially the Phenomenology of Religion. It is this interface between Phenomenology and Literature, through the works of Mircea Eliade (1907-1986), that is possible to trace the design of sacred present in the description of the creation of nature in Tolkien's narrative.
Resumo: Este artigo trata da tradução e do estudo realizados por J.R.R. Tolkien do poema Sir Gawa... more Resumo: Este artigo trata da tradução e do estudo realizados por J.R.R. Tolkien do poema Sir Gawain and the Green Knight. O poema é datado entre os séculos XIV e XV e narra aventuras do cavaleiro da Távola Redonda diante do desafio do cavaleiro verde, dos jogos da corte e das trapaças da magia. Segundo Tolkien, é possível encontrar uma discussão sobre a lei moral, de fundamento cristão patrístico e escolástico, diante dos desafios do paganismo e da cultura cor-tesã. Investigando os símbolos e cenas descritas no poema, Tolkien elabora uma interpretação que o leva a concluir pela existência de uma reflexão filosófica e religiosa que se estabelece com imagens e atos que refutam as tentações que desviam o desenvolvimento do herói e do cavaleiro para uma via de santidade. São fundamentos desse estudo: a devoção mariana, a confiança nos sacramentos do matrimônio e da confissão e o reconhecimento da falibilidade humana e a consequente força da graça divina. Abstract: This article deals with the translation and the study performed by JRR Tolkien on the poem Sir Gawain and the Green Knight. The poem is dated between the fourteenth and fif-teenth centuries and narrates the adventures of the knight of the Round Table on the challenge of the Green Knight, court games and magic tricks. According to Tolkien, it is possible to find a discussion of Christian moral, based on patristic and scholastic philosophy, facing the challenges of paganism and the courtesan culture. Investigating the symbols and scenes depicted in the poem, Tolkien elaborates an interpretation which concludes that there is a philosophical and religious reflection that is established with images and acts that refute the temptations that challenges the development of the hero and the knight to a path of holiness. Marian devotion , trust in the sacraments of marriage and confession and recognition of human fallibility and the consequent strength of divine grace are foundations of this study.
Este artigo apresenta o poema anglo-saxão Beowulf , datado do século VIII d.C., que narra a aven... more Este artigo apresenta o poema anglo-saxão Beowulf , datado do século VIII d.C., que narra a aventura de Beowulf, o heróis dos geats, tribo germânica do Norte que vivia onde hoje é a atual Suécia, na terra dos scylfings, atual Dinamarca. Considerado o primeiro poema épico produzido depois de Cristo, Beowulf possui matrizes greco-romanas, cristãs e da mitologia nórdica. A partir do estudo do inglês J. R. R. Tolkien (1892-1973), filólogo da Universidade de Oxford, estudioso e tradutor do poema, e dos escritos do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), literato da Universidade de Buenos Aires, é possível perceber uma proposta formativa, no sentido da Paideia platônica, de inspiração cristã, na escritura do poema. Com essa proposta, os escritos dos dois eruditos apresentam uma perspectiva que permite compreender Beowulf como uma exortação épica para a virtude da coragem como forma de enfrentar o Mal.
... escondidos, o cetro, a estrela, o cristal, a espada, o dragão, o cavaleiro, o mago, os monstr... more ... escondidos, o cetro, a estrela, o cristal, a espada, o dragão, o cavaleiro, o mago, os monstros. ... Porém, embora pesquisando os ossos, legumes e demais ingredientes de uma sopa, o que mais importa é como ela é servida e se realmente é saborosa e nutri-tiva. ...
This article focuses on the relationship between philosophy and literature in J.R.R. Tolkien’s es... more This article focuses on the relationship between philosophy and literature in J.R.R. Tolkien’s essay On Fairy-stories. Delivered as a lecture in 1939 and published in 1947, the text presents the author’s conception of the literary genre known as “fairy-stories” and, in this article, I explore the possible philosophical and theological mediations and references in Tolkien’s investigation. The objectives of this article are twofold: to highlight the literary theory proposed by Tolkien as part of the philosophical tradition of medieval realism, with conceptual correspondences in Plato, Aristotle, Augustine, and Thomas Aquinas; and to demonstrate Tolkien’s original contribution to the appreciation of imagination and fantasy as a form of contemplation. The methodology comprises a comparative bibliographical review of these authors, using both the essay by J.R.R. Tolkien and his personal letters, as well as the books by the above-mentioned philosophers and their contemporary commentators. The conclusion upholds the viability of the connection between the philosophy and mythopoeia conceived by Tolkien as a contemplative way that values the production of myths as a means of admiration of reality from the metaphysical perspective.
This article presents the Anglo-Saxon poem Beowulf, written in the 8 th century A.D.. The poem na... more This article presents the Anglo-Saxon poem Beowulf, written in the 8 th century A.D.. The poem narrates the adventures of Beowulf, the hero of the Geats, a Northern Germanic tribe that used to inhabit the area now occupied by Sweden in the land of the Scylfings, now Denmark. Considered the first epic poem produced after Christ, Beowulf has Greco-Roman and Christian matrices and also some elements from Nordic mythology. From the work of the British philologist R.R. Tolkien, a scholar at Oxford University, who studied and translated the poem, and the writings of the Argentinean Jorge Luis Borges, a man of letters at the University of Buenos Aires, it is possible to perceive a formative proposal, in the sense of the Platonic Paideia, of Christian inspiration, in the writing of the poem. With this proposal, the writings of the two scholars present a perspective that permits the understanding of Beowulf as an epic exhortation of the virtue of courage as a way to confront Evil.
This article analyses the process of individuating, as exposed by Marie Loui-se von Franz, in The... more This article analyses the process of individuating, as exposed by Marie Loui-se von Franz, in The Man and His Symbols, analytical psychology collection of texts, and by Carl Jung in The Archetypes and Collective Unconscious, through the development of Gandalf, the wizard who role The Lord of The Rings, by J. R. R. Tolkien. By the junguian categories of Psyche Growth, Unconscious, Shadow and Self, we understand de Gandalf´s passage from The Grey to The White, stands his individuation.
This article deals with J. R. R. Tolkien's literary concepts of fairy-stories, fantasy, sub-creat... more This article deals with J. R. R. Tolkien's literary concepts of fairy-stories, fantasy, sub-creation, and eucatastrophe. Trough the poem Mythopoieia (1930), the essay Beowulf: The Monsters and the Critics (1936), and the essay On Fairy-Stories (1939) we can weave a literary theory that understands its goal as a religious expression, searching for similarities with Saint Augustine's thought, mainly in the four cardinal virtues expressed in the works The City of God (426) and On Free Choice of the Will (388), as well as the glory of pagan nations and the presence of virtues which would justify elements of the truth in a pagan people. Just as old roman virtues could be examples for Christians, also in the Scandinavian myths, such as Beowulf, one could fi nd virtues pertinent to the Christian revelation. In the end, the sub-created fairy-stories can and must also echo elements from the Christian Gospel.
This article deals with the symbolism of the One Ring, basic point in The Lord of the Rings, by J... more This article deals with the symbolism of the One Ring, basic point in The Lord of the Rings, by J. R.R. Tolkien. From the dialogue with Saint Augustine, through the categories of iniancy and free-will, and Paul Ricoeur, through the categories of myth and symbol, the One Ring is understood as lust for power over men, lands, and knowledge. In this sense, Tolkien´s historical reality and his Augustinian view favor an analysis of the symbol's three functions, proposed by Ricoeur: the cosmic, oneiric, and poetic functions.
Este artigo investiga o ensaio Sobre Estórias de Fadas, de J. R. R. Tolkien, com o obje... more Este artigo investiga o ensaio Sobre Estórias de Fadas, de J. R. R. Tolkien, com o objetivo de delinear uma hermenêutica para a metáfora de “Feéria”, a Terra das Fadas, sempre em diálogo com a tradição filosófica da antiguidade grega, especificamente com A República de Platão, De Anima e Poética de Aristóteles e a Suma Teológica de São Tomás de Aquino. O contexto histórico da Inglaterra do início do século XX e a biografia de J. R. R. Tolkien endossam a pertença deste autor a uma tradição religiosa e filosófica católica que recuperava a filosofia dita realista como fundamento da compreensão do mundo. A partir dessa abordagem teórico-metodológi-ca, encontramos uma dupla significação para Feéria, sendo primeiramente, de inspiração mais platônica, a realidade intermediária entre a dimensão sensível, captadas pelos sentidos do homem, e a dimensão inteligível, constituí-da pelas ideias que enformam as coisas mate-riais; em uma segunda interpretação, de matiz mais aristotélica, a metáfora das Terra das Fadas pode ser compreendida como a matriz de possibilidades combinatórias pela linguagem das formas oriundas da percepção da realidade pela mente humana, sendo Feéria constituída pela imaginação ou fantasia, essa capacidade do homem de formar imagens a partir da memória e que serve de base para a abstração das formas universais.
Obras póstumas de J.R.R. Tolkien [recurso eletrônico] : uma homenagem a Christopher, 2021
Este artigo trata das relações entre as cidades de Jerusalém e Gondolin a partir da narrativa bíb... more Este artigo trata das relações entre as cidades de Jerusalém e Gondolin a partir da narrativa bíblica sobre a Cidade Santa e a parte da obra de J.R.R. Tolkien que versa sobre a cidade élfica: O Silmarillion (1977), Contos Inacabados (1980), alguns volumes da série The History of Middle-earth (1983–1996) e a publicação A Queda de Gondolin (2018). Apesar de Tolkien ser avesso ao uso da alegoria em suas obras, a sua subcriação — termo designado por ele em seu exercício de autoria — pode ter sido inspirada, direta ou indiretamente, nas fontes teóricas, religiosas e artísticas com que ele teve contato. Tal fenômeno, contudo, não rouba a originalidade daquele que compõe. O conto de fantasia que dialoga com tema bíblico permitirá aproximações, nas quais podemos encontrar a figura manifesta, como propôs Auerbach, entre a realidade imediata do Mundo Primário, e a obra do autor, o subcriador do Mundo Secundário. Apesar das diversas aproximações possíveis, e também pelas diferenças encontradas, não nos é permitido, em consonância com o desejo do autor, afirmar que temos uma alegoria nessas figuras, mas aproximá-las nos ajuda a compreender o fazer criativo de Tolkien.
Resumo: Este artigo investiga a alegoria como repertório conceitual em cartas pessoais de J. R. R... more Resumo: Este artigo investiga a alegoria como repertório conceitual em cartas pessoais de J. R. R. Tolkien (1892-1973), presentes na edição de Humphrey Carpenter e Christopher Tolkien (2006). O objetivo é apresentar a discussão sobre as camadas de sentido de um texto e suas formas de interpretação a partir das considerações de Tolkien, participante de uma tradição filosófica e teológica realista, conforme seu catolicismo de início do século XX. A metodologia utilizada é bibliográfico-documental, pois consiste na revisão histórica da alegoria em A Poética de Aristóteles e na Suma Teológica de Tomás de Aquino. A conclusão afirma a alegoria tolkieniana como método de construção literária fundada em um sentido fechado, sendo diversa da aplicabilidade, método de criação e interpretação no qual o leitor preserva sua liberdade hermenêutica. Para Tolkien, essa escolha carregava uma perspectiva moral e gnosiológica, com eco tanto em Aristóteles quanto em Tomás de Aquino.
O ensaio On Fairy-Stories de J.R.R. Tolkien (1892-1973) é resultado da conferência de 1939 para a... more O ensaio On Fairy-Stories de J.R.R. Tolkien (1892-1973) é resultado da conferência de 1939 para a Universidade de St. Andrews e revisado para publicação em 1947. Neste texto, Tolkien dialoga com duas figuras importantes para as Ciências da R)eligião, Max Müller (1823-1900) e Andrew Lang (1844-1912). O primeiro é um dos fundadores da ciência da religião, a partir de suas pesquisas em filologia, enfatizando as relações entre linguagem, mito e religião. O segundo foi antropólogo e folclorista, igualmente discutindo as relações entre mito e religião. Neste diálogo, Tolkien estabelece críticas a ambos, fundamentalmente relativas à concepção de alegoria, e indica uma proposta teórica que resgata elementos da filosofia perene, enfatizando
The article shows the trajectory of the GPPRA-Research Group on Protestantism, Art and Religion o... more The article shows the trajectory of the GPPRA-Research Group on Protestantism, Art and Religion of the Graduate Department of Religious Studies of PUC Minas and its contribution to the dialogue between literature and theology in Brazil. The group was organized in 2018, and one of its axes of academic research is the dialogue between literature and both religious studies and theology. The article shows a differentiated aspect of its activities, viz., the "preferential option" (but absolutely not exclusive) for fantastic literature and fantasy literature as its focus of research. The article shows also the main theoretical references for literary hermeneutics and for the dialogue between literature and religious studies and theology that have been used in the research done by the group and for the analysis of the authors to whom the group gives special attention, viz, J.
O tema deste artigo concentra-se nas relações entre
filosofia e literatura no ensaio On Fairy-sto... more O tema deste artigo concentra-se nas relações entre filosofia e literatura no ensaio On Fairy-stories do escritor inglês J.R.R. Tolkien (1892-1973). Apresentado como conferência em 1939 e publicado em 1947, o texto mostra a concepção do autor sobre o gênero literário conhecido como fairy-stories, as estórias de fadas, e buscamos considerar as possíveis mediações e referências filosóficas e teológicas em sua investigação. Os objetivos do artigo são: 1) evidenciar a teoria literária proposta por Tolkien como parte da tradição filosófica do realismo medieval, com correspondências conceituais em Platão, Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino; e 2) demostrar uma contribuição original de Tolkien na valorização da imaginação e da fantasia como forma da contemplação, que é a finalidade do esforço educativo, denominada paideia, dessa tradição filosófica. A metodologia utilizada é de revisão bibliográfica comparativa entre os autores, usando tanto o ensaio citado quanto as cartas pessoais de J.R.R. Tolkien, além das obras dos filósofos em questão e seus comentadores contemporâneos. A conclusão afirma a viabilidade dessa relação entre a paideia e a mythopoeia concebida por Tolkien como uma via contemplativa que valoriza o artesanato de mitos como meio de admiração pela realidade na perspectiva metafísica
Resumo: Este ensaio analisa a relação corpo e movimento para a transcendência a partir de conceit... more Resumo: Este ensaio analisa a relação corpo e movimento para a transcendência a partir de conceitos fundantes sobre a temática corpo - imanência e transcendência. Retoma princípios e ideias de autores clássicos da filosofia e religião, como Platão e Aristóteles, bem como Hegel e Descartes para tratar da materialidade concreta do corpo no percurso histórico-social e que, ao se movimentar, desenvolve a espiritualidade que move e a força psíquica que transcende. Entre os conceitos, aprecia a corporeidade em Merleau-Ponty e seus seguidores e a transcendência humanizada em Manuel Sérgio e os estudiosos deste autor. Aplica como metodologia a revisão de estudos e como procedimento metodológico a classificação de ideias e princípios teóricos categorizados pelas acepções de corpo, movimento, espiritualidade e transcendência nos autores eleitos. Conclui que no movimento consciente, como processo permanente da trajetória humana, ocorre a transcendência de limites corpóreos e de níveis de espiritualidade. Palavras-chave: Epistemologia. Espiritualidade. Transcendência. Corporeidade.
Este artigo trata da virtude cardeal da fortaleza, conforme entendida na perspectiva da Suma Teol... more Este artigo trata da virtude cardeal da fortaleza, conforme entendida na perspectiva da Suma Teológica de Tomás de Aquino, remontando sua permanência histórica a partir de Platão, Aristóteles e Agostinho. Como método comparativo, investigamos a presença da virtude em duas obras de Histórias em Quadrinhos (HQ), sendo a primeira a minissérie Os 300 de Esparta (1999), de Frank Miller, publicada no Brasil em cinco edições, que apresenta uma versão da batalha das Termópilas (480 a.C.), liderada pelo rei espartano Leônidas contra os invasores persas, conforme o relato do grego Hesíodo em sua obra História (V a.C.). A segunda publicação é o volume único Bilbo o Hobbit (1990), com a adaptação do texto para HQ de Charles Dixon e Sean Deming e arte de David Wenzel, baseada no romance O Hobbit (1937), do escritor britânico J.R.R. Tolkien, que narra as aventuras de Bilbo Bolseiro na Terra-Média, onde enfrenta o dragão Smaug com a ajuda dos anões da comitiva de Thorin Escudo-de Carvalho e do mago Gandalf, o Cinzento. Por fim, é possível inferir que a virtude da fortaleza, em seus cinco aspectos na perspectiva tomista (fortaleza, magnanimidade, magnificência, paciência e perseverança), é ponto fundamental na narrativa de ambas as HQ´s.
Numen: revista de estudos e pesquisa da religião, 2015
Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J... more Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J. R. R. Tolkien (1892-1973), publicada postumamente em 1977. Este livro reúne diversos textos desenvolvidos durante a vida do autor e apresenta as bases cosmogônicas e teogônicas do universo mitológico de Tolkien, que fundamentaram os romances mais famosos: O Hobbit (1937) e O Senhor dos Anéis (1954). Enquanto professor de Filologia na Universidade de Oxford, entre 1925 e 1959, Tolkien teve contato com diversas abordagens teóricas sobre mitologia, especialmente a Fenomenologia da Religião. É nesta interface entre Fenomenologia e Literatura, através das obras de Mircea Eliade (1907-1986), que é possível traçar a concepção de sagrado presente na descrição da criação da natureza na narrativa de Tolkien. ABSTRACT This article deals with the conception of nature as sacred in the book The Silmarillion, by the English author J. R. R. Tolkien (1892-1973), published posthumously in 1977. This book brings together various texts developed during the life of the author and presents the cosmogonic and teogonic bases to the Tolkien's mythological universe, including his most famous novels: The Hobbit (1937) and The Lord of the Rings (1954). As a professor of Philology at Oxford University between 1925 and 1959, Tolkien had contact with several theoretical approaches to mythology, especially the Phenomenology of Religion. It is this interface between Phenomenology and Literature, through the works of Mircea Eliade (1907-1986), that is possible to trace the design of sacred present in the description of the creation of nature in Tolkien's narrative.
Resumo: Este artigo trata da tradução e do estudo realizados por J.R.R. Tolkien do poema Sir Gawa... more Resumo: Este artigo trata da tradução e do estudo realizados por J.R.R. Tolkien do poema Sir Gawain and the Green Knight. O poema é datado entre os séculos XIV e XV e narra aventuras do cavaleiro da Távola Redonda diante do desafio do cavaleiro verde, dos jogos da corte e das trapaças da magia. Segundo Tolkien, é possível encontrar uma discussão sobre a lei moral, de fundamento cristão patrístico e escolástico, diante dos desafios do paganismo e da cultura cor-tesã. Investigando os símbolos e cenas descritas no poema, Tolkien elabora uma interpretação que o leva a concluir pela existência de uma reflexão filosófica e religiosa que se estabelece com imagens e atos que refutam as tentações que desviam o desenvolvimento do herói e do cavaleiro para uma via de santidade. São fundamentos desse estudo: a devoção mariana, a confiança nos sacramentos do matrimônio e da confissão e o reconhecimento da falibilidade humana e a consequente força da graça divina. Abstract: This article deals with the translation and the study performed by JRR Tolkien on the poem Sir Gawain and the Green Knight. The poem is dated between the fourteenth and fif-teenth centuries and narrates the adventures of the knight of the Round Table on the challenge of the Green Knight, court games and magic tricks. According to Tolkien, it is possible to find a discussion of Christian moral, based on patristic and scholastic philosophy, facing the challenges of paganism and the courtesan culture. Investigating the symbols and scenes depicted in the poem, Tolkien elaborates an interpretation which concludes that there is a philosophical and religious reflection that is established with images and acts that refute the temptations that challenges the development of the hero and the knight to a path of holiness. Marian devotion , trust in the sacraments of marriage and confession and recognition of human fallibility and the consequent strength of divine grace are foundations of this study.
Este artigo apresenta o poema anglo-saxão Beowulf , datado do século VIII d.C., que narra a aven... more Este artigo apresenta o poema anglo-saxão Beowulf , datado do século VIII d.C., que narra a aventura de Beowulf, o heróis dos geats, tribo germânica do Norte que vivia onde hoje é a atual Suécia, na terra dos scylfings, atual Dinamarca. Considerado o primeiro poema épico produzido depois de Cristo, Beowulf possui matrizes greco-romanas, cristãs e da mitologia nórdica. A partir do estudo do inglês J. R. R. Tolkien (1892-1973), filólogo da Universidade de Oxford, estudioso e tradutor do poema, e dos escritos do argentino Jorge Luis Borges (1899-1986), literato da Universidade de Buenos Aires, é possível perceber uma proposta formativa, no sentido da Paideia platônica, de inspiração cristã, na escritura do poema. Com essa proposta, os escritos dos dois eruditos apresentam uma perspectiva que permite compreender Beowulf como uma exortação épica para a virtude da coragem como forma de enfrentar o Mal.
... escondidos, o cetro, a estrela, o cristal, a espada, o dragão, o cavaleiro, o mago, os monstr... more ... escondidos, o cetro, a estrela, o cristal, a espada, o dragão, o cavaleiro, o mago, os monstros. ... Porém, embora pesquisando os ossos, legumes e demais ingredientes de uma sopa, o que mais importa é como ela é servida e se realmente é saborosa e nutri-tiva. ...
Este trabalho busca compreender o conceito de humanismo ridículo, estabelecido por Luís Felipe P... more Este trabalho busca compreender o conceito de humanismo ridículo, estabelecido por Luís Felipe Pondé, em seu livro Crítica e Profecia – A filosofia da religião em Dostoiévisk (1997) e em seu artigo Epistemologia Agônica e Disfuncionalidade Humana: um ensaio de teologia pessimista (2001) publicado na Rever, revista de estudos da religião. Como método investigativo, Pondé sugere a filosofia da religião como elemento crítico para compreender, por um lado, a literatura profética de Dostoiévisk e, por outro, estabelecer uma avaliação da abordagem do fenômeno religioso pelo viés das Ciências da Religião em seu paradigma científico na modernidade. Ao lado de Dostoiévisk, apresentamos também a encíclica Quanta Cura (1864), do papa Pio IX, juntamente com o Syllabus (1864) como crítica à modernidade do século XIX, fundamentada também neste humanismo ridículo, raiz do que é entendido pelo cânon católico como erros graves do tempo presente.
Resumo: Este artigo trata da simbólica do Um Anel, ponto fundamental em O Senhor dos Anéis, de J.... more Resumo: Este artigo trata da simbólica do Um Anel, ponto fundamental em O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien. A partir do diálogo com Santo Agostinho, através das categorias de iniância e livre-arbítrio, e de Paul Ricoeur, através das categorias de mito e símbolo, o Um Anel é compreendido por desejo de poder sobre homens, terras e conhecimento. Nesse sen-tido, a realidade histórica de J.R.R. Tolkien e sua visão agostiniana favorecem uma análi-se das três funções do símbolo, propostas por Ricoeur: o cósmico, o onírico e o poético.
Anais do Terceiro Colóquio do GPPRA - Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e Arte, 2021
Esta comunicação apresenta quatro perspectivas acerca das relações entre ficção científica, mito ... more Esta comunicação apresenta quatro perspectivas acerca das relações entre ficção científica, mito e religião. A partir da filosofia grega de Platão e Aristóteles definimos o termo ‘ficção’ como aquilo que é feito artificialmente, resgatando a noção de téchné; da mesma forma, identificamos ‘ciência’ enquanto epistemé, isto é, o conhecimento seguro e universal, diferente da mera opinião. No caso de ‘mito’, optamos pela definição de narrativa maravilhosa, relativa aos deuses e às origens das coisas, sempre com caráter de admiração; em ‘religião’ estabelecemos uma dupla perspectiva, sendo a primeira relativa à fenomenologia da religião, que entende religião como religare, a reconexão com a transcendência, e ao mesmo tempo como a virtude subsidiária da justiça, que trata dos deveres do homem para com o divino. Por fim, tendo como fundamento as reflexões do Papa Francisco sobre o paradigma tecnocrático da cultura atual, apresentamos como esses termos (ficção, ciência, mito e religião) se articulam em quatro perspectivas contemporâneas no imaginário: tecnofóbicos, tecnocrentes e distópicos, sugerindo uma possível quarta possibilidade de matiz realista.
ANAIS DO SEGUNDO O COLÓQUIO DO GPPRA - GRUPO DE PESQUISA SOBRE PROTESTANTISMO, RELIGIÃO E ARTE PPGCR PUC MINAS, 2020
O ensaio On Fairy-Stories de J.R.R. Tolkien (1892-1973) foi resultado de sua conferência de 1939 ... more O ensaio On Fairy-Stories de J.R.R. Tolkien (1892-1973) foi resultado de sua conferência de 1939 para a Universidade de St. Andrews e foi revisado para publicação em 1947 pela Oxford Press. Neste texto, Tolkien dialoga com duas figuras importantes para as Ciências da Religião, Max Müller (1823-1900) e Andrew Lang (1844-1912). O primeiro é considerado por muitos o pai da ciência da religião, a partir de suas pesquisas em filologia, enfatizando as relações entre linguagem, mito e religião. O segundo foi antropólogo e folclorista, igualmente discutindo as relações entre mito e religião. Nesta comunicação, demonstra-se alguns pontos de convergência e divergência entre Tolkien, Müller e Lang a partir do ensaio On Fairy- Stories em cotejamento com as obras de Müller, Lectures on the Science of Language vol. I (1861), e de Lang, Myth, Ritual and Religion. Vol. II (1887). O objetivo é indicar elementos de uma teoria tolkieniana própria acerca das relações entre mito, linguagem e religião, em uma chave teórica próxima do que se estabilizaria no século XX como apropriada às Ciências da Religião.
ANAIS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO DA PUC-CAMPINAS , 2020
O objetivo desta apresentação é investigar a alegoria como repertório conceitual nas cartas pesso... more O objetivo desta apresentação é investigar a alegoria como repertório conceitual nas cartas pessoais de J.R.R. Tolkien (1892-1973), editadas por Humphrey Carpenter e Christopher Tolkien (2006). A discussão sobre as camadas de sentido de um texto é antiga e muito debatida nas controvérsias sobre escritos sagrados, poemas, narrativas dramáticas e romances. Segundo Cláudio Testi (2018), Tolkien participava de uma tradição filosófica e teológica realista, conforme seu catolicismo do início do século XX. Assim, a metodologia consiste na revisão histórica da alegoria no capítulo XXI de A Poética, de Aristóteles e no Artigo 10º da 1ª Questão da 1ª Parte da Suma Teológica, de São Tomás de Aquino na busca por compreender o termo nas reflexões de Tolkien. Segundo o prefácio da segunda edição de O senhor dos anéis, de 1966, percebemos a recusa de Tolkien da alegoria como método de leitura e sua preferência pelo que chamou de aplicabilidade. Como pergunta fundamental para esta investigação, propomos: por que Tolkien não aceitava uma interpretação alegórica de seus romances? O problema então se define não apenas como conceituação do termo para o autor, como também em compreender as razões de sua recusa dessa forma de interpretação de obras literárias. Nosso método é a hermenêutica direcionada para as cartas pessoais do autor, buscando delimitar os significados presentes para então estabelecer as conclusões. É possível identificar a negação da alegoria, seja como significado oculto ou mensagem secreta, seja como relação a fatos contemporâneos ou a lugares e assuntos determinados (as referências tópicas). A proposta de interpretação que Tolkien oferece é o que ele chama de aplicabilidade, usada tanto em ficção como em fatos históricos, na variabilidade de pensamento e experiência dos leitores, dialogando em termos literários com a perspectiva dos exempla medievais e o processo metafísico de individuação, isto é, a consolidação do particular a partir de sua participação da essência universal. Em suma, a conclusão é que a alegoria é entendida como método do autor de construir um sentido determinado e fechado da narrativa literal, enquanto a aplicabilidade é um método de interpretação do leitor, que reside na sua liberdade a partir de sua própria experiência. Para Tolkien, essa escolha carregava uma perspectiva moral e gnosiológica, com eco tanto em Aristóteles quanto em Tomás de Aquino, entre dominação e liberdade, já nos dando o indício da razão do seu desgosto pela alegoria: reduzia a experiência humana e a compreensão da realidade.
Em seu ensaio On Fairy-stories (1939) o escritor inglês e professor de filologia de Oxford, J.R.R... more Em seu ensaio On Fairy-stories (1939) o escritor inglês e professor de filologia de Oxford, J.R.R. Tolkien, afirma que as estórias de fadas são uma forma de a mente humana refletir, em determinado modo, uma visão da verdade segundo o conceito de subcriação. Afirma também que as fadas são mais naturais que os homens, pois estes é que são sobrenaturais (por se relacionarem com o Mistério Transcendente) e que a verdadeira face dessas estórias é a Magia, que simboliza a relação do homem com a natureza (physis e cosmos). Em tais pontos, existe uma proposta conceitual de Tolkien acerca de: 1) a fabricação de mitos (mythopeia), associados por Tolkien às estórias de fadas; 2) a tensão entre natural e sobrenatural, numa chave teológica entre Criação e Criador; e 3) a arte, ou técnica, da mythopoeia como contemplação da natureza enquanto Criação. Os objetivos da comunicação são: 1) evidenciar essas perspectivas do ensaio On Fairy-stories como inseridas na tradição filosófica grega, entre Platão e Aristóteles, como na expressão mythopoeia, presente no capítulo II de A República e no capítulo IX da Arte Poética; 2) demonstrar um diálogo com a Suma Teológica de São Tomás de Aquino quando este se refere à virtude intelectual da arte (I Seção da II Parte, questão 57). O método é a revisão bibliográfica de Tolkien em sua comparação com Platão, Aristóteles e Tomás de Aquino. Os resultados demonstram uma ligação conceitual entre os autores, enfatizando a necessidade de respeito à natureza (physis e cosmos) enquanto Criação, cuja autoridade maior é Deus, estabelecendo limites ao desejo humano de controle e abuso da arte (técnica) em sua orientação para a materialidade e transgressão da ordem Divina de cuidado com a Criação. Como conclusão, as estórias de fadas são uma expressão da virtude intelectual da arte, direcionada à fabricação de mitos (narrativas significativas), cuja finalidade é provocar a reflexão sobre os limites morais da intervenção do homem na natureza e ao mesmo tempo auxiliar na contemplação da realidade através de metáforas e analogias que, em si mesmas, já estão em potência no conhecimento de Deus, buscando essa harmonia com seu desígnio de cuidado com sua Criação.
Anais do XV Simpósio Filosófico Teologico da FAJE, 2019
Em seu ensaio On Fairy Stories (1939) o escritor e professor da universidade de Oxford, J.R.R. To... more Em seu ensaio On Fairy Stories (1939) o escritor e professor da universidade de Oxford, J.R.R. Tolkien, afirma que todas as estórias de fadas (Faërie) possuem três faces: 1) o Espelho de Escárnio e Pena; 2) a Mágica; 3) a Mística, referindo-se, respectivamente, a essência e condição do Homem, à contemplação da Natureza (physis e cosmos) e à experiência do Mistério Transcendente e Sobrenatural. Para o medievalista católico, embora estas três dimensões estejam ligadas, a face essencial das fairy stories é a Mágica, na qual a contemplação da existência, através dos dados dos sentidos e da inteligência da realidade, é a finalidade última. Nesse sentido, em sua encíclica Laudato Si, o Papa Francisco também reflete sobre esses três aspectos (Homem, Natureza e Mistério Transcendente), quando, na perspectiva do Homem, faz uma crítica ao antropocentrismo utilitário, ao relativismo e reafirma a lei moral; no enfoque da Natureza critica o paradigma tecnocrático moderno e a redução da criatividade aos interesses econômicos; e por fim, ao refletir sobre a Trindade e os sinais sacramentais na Criação, recupera a perspectiva da contemplação da Natureza como via mística de relação com Deus. Como ponto de encontro, as reflexões de Tolkien e Francisco se relacionam com as virtudes intelectuais presentes na Suma Teológica de São Tomás de Aquino, enquanto buscam a síntese entre Homem, Natureza e Deus e, portanto, se lançam a meditação sobre: 1) a prudência, enquanto virtude intelectual que incide sobre a vida moral, fundamental para relacionar os meios e os fins da realização humana; 2) a arte (técnica e poética), enquanto virtude intelectual responsável pela produção humana e sua transformação na natureza, seja enquanto fim útil ou belo, fulcral para a discussão sobre tecnologia; 3) e a sabedoria, enquanto virtude intelectual última, ligada à capacidade de relacionar os princípios primeiros da ordem universal (lógica) com a extensão da realidade em sua transcendência (metafísica). Por fim, é a recuperação do humanismo integral que retoma a função da imaginação (phantasia) como componente essencial da pessoa em sua relação com a Natureza e com o Mistério Transcendente, expressa no ensaio On Fairy Stories de Tolkien (e também em seus romances O Hobbit e O Senhor dos Anéis) e, igualmente, na encíclica Laudato Si de Papa Francisco, que cita o poeta São João da Cruz.
Anais do V Simpósio do Programa de Estudos Pós-Graduados em Teologia da PUC-SP, 2019
As obras do inglês J.R.R. Tolkien mais conhecidas são os romances O Hobbit e O Senhor dos Anéis. ... more As obras do inglês J.R.R. Tolkien mais conhecidas são os romances O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Lançados, respectivamente, em 1937 e em 1954-55, as narrativas tratam das aventuras de seres imaginários num mundo de fantasia que alimentam o apetite pelo maravilhoso há gerações. Menos conhecida é sua produção acadêmica, elaborada durante décadas a partir das atividades do escritor como professor de filologia e literatura na Universidade de Oxford. Dentre tais obras, encontramos o ensaio On Fairy-Stories, originalmente elaborado como conferência em 1939 na universidade de St. Andrews, na Escócia, e ampliado e publicado em 1947. Nesse texto Tolkien discorre sobre a definição, origens e funções das fairystories, associando-as aos mitos e inserindo seu estudo dentro do debate filológico do século XIX, assim como a perspectivas filosóficas e teológicas em relação à produção literária. O ensaio é considerado uma das mais importantes contribuições teóricas de Tolkien, ao lado de sua pesquisa sobre o poema Beowulf, e entendido hoje como um marco incontornável para seu campo de estudos (FLIEGER&ANDERSON, 2014, p. 9). É significativo que a elaboração do trabalho tenha acontecido justamente entre a escrita e a publicação de O Hobbit e os volumes de O Senhor dos Anéis, caracterizando uma unidade temática e intelectual entre a teoria literária e a prática de criador de mitos. Como recorte para esta comunicação, escolhemos analisar trechos de parágrafos nos quais Tolkien (2014, p. 40-44) reflete sobre a tripla face de tais narrativas, a mística, a mágica e a especular, com o objetivo de compreender o processo da composição dos mitos. No contexto dessa definição, na seção sobre as origens, existe um debate sobre a validade da pesquisa comparada de motivos, cenas e personagens que se repetiriam nas várias narrativas englobadas na categoria fairy-story. Segundo o ensaísta, essas investigações podem carregar elementos de verdade, mas a busca pela natureza de tais narrativas não pode ser encontrada em estudos comparados que se fundam no método analítico, pois somente a apreciação dos detalhes particulares garante a descoberta da beleza e da verdade numa determinada obra literária. Com essa perspectiva, o foco da busca das origens é alterado, saindo das três hipóteses da filologia comparada: a) invenção (a mais importante e misteriosa); b) herança; e c) difusão para uma inquirição acerca do surgimento das narrativas fantásticas, mitos ou fairy-stories, considerados fenômenos da mesma natureza na mente humana, no processo gnosiológico e produtivo que sustenta a fabricação de enredos.
Anais do II CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO CONIEN, 2019
O acesso ao ensino superior no Brasil continua a ser um importante desafio para amplas
camadas da... more O acesso ao ensino superior no Brasil continua a ser um importante desafio para amplas camadas da população. Estudantes provenientes de famílias com baixa escolaridade enfrentam diversas barreiras ao decidir continuar os estudos após o ensino médio. Dessa forma, este artigo explora a relação entre os Estudantes de Primeira Geração (EPG) e os Bens Relacionais e examina possível relação motivacional ainda não suficientemente compreendida no percurso desses alunos rumo ao ensino superior. Tendo como base essa problemática, a pergunta que orientou essa pesquisa foi: em que medida o conceito de Bens Relacionais pode ajudar a compreender do ponto de vista teórico bem como auxiliar a implantação prática de programas sociais que favoreçam o ingresso de estudantes de primeira geração no ensino superior? Os resultados indicam que os EPG ingressam no ensino superior por razões distintas das associadas a financiamentos ou políticas públicas de incentivo. Por meio de uma discussão teóricoreflexiva a partir de uma revisão de literatura, a contribuição acadêmica desta pesquisa reside na inferência de que programas orientados à inclusão social por meio da democratização do ensino, principalmente aqueles dirigidos a estudantes de baixa renda, devem também considerar os fatores sociológicos que envolvem os estudantes ao longo de sua vida os Bens Relacionais, considerados por essa pesquisa como determinantes no desafio ao ingresso dos EPG no ensino superior.
O tema desta comunicação é o diálogo inter-religioso, conforme percebido pelo filólogo J.R.R Tolk... more O tema desta comunicação é o diálogo inter-religioso, conforme percebido pelo filólogo J.R.R Tolkien, presente no poema medieval (séc. XI) Beowulf, escrito em anglo-saxão, nas Ilhas Britânicas. O texto é considerado um dos primeiros documentos da língua inglesa (old english) e trata das aventuras do herói homônimo, que vem do reino dos Geats (atual Suécia) enfrentar o ogro Grendel no palácio de Heorot (atual Dinamarca). Conforme Tolkien, em sua conferência Beowulf: The monsters and the critics (1936), o poema possui sete pontos fundamentais: 1. o poema como expressão da experiência humana em forma mítica; 2. a relevância do mito como conhecimento que escapa da razão alegórica e analítica; 3. o símbolo do dragão como o mal (a contingência) 4. o dogma viking da coragem; 5. a fusão entre Cristandade e paganismo anglo-saxão; 6. A comparação entre a mitologia do Norte e a mitologia do Sul na Europa e 7. a construção do significado do texto e não de sua historicidade. A metodologia é de revisão bibliográfica tanto do poema quanto do estudo de Tolkien, com o objetivo de verificar estes sete pontos nos versos do documento, ressaltando conteúdos como: 1. a presença de Caim como antepassado dos ogros, goblins e orcs; 2. A narração da Criação do mundo derivada de um Deus bom, diferente dos Eddas escandinavos; a referência aos sacrifícios pagãos em concorrência com as orações para o Deus único. As conclusões se tornam relevantes para pensar como as relações entre exclusivismo, inclusivismo e pluralismo (conforme tratadas por Queiruga em A teologia depois do Vaticano II) podem ser detectadas tanto no poema como nas pesquisas de Tolkien, que foi pioneiro nesse tipo de reflexão em relação ao poema, ao mesmo tempo em que se baseou nessa cosmovisão para construir sua própria literatura ficcional, tais como O Senhor dos Anéis e O Silmarillion, tão populares no imaginário contemporâneo. Em seus sete pontos fundamentais na análise do poema, Tolkien recupera, antecipadamente ao Concílio Vaticano II (conforme o decreto Ad Gentes 11.15 e a constituição apostólica Lumen Gentium 16.17), a doutrina das sementes do Verbo conforme expostas por São Justino (II Apologia), ao mesmo tempo em que insiste na integralidade do texto como elemento original, sem interpolações ou acréscimos significativos, mostrando que o autor do poema medieval buscava uma síntese entre o passado pagão e a experiência cristã, assumindo como critérios os transcendentais do Bom, Belo e Verdadeiro. Dentro desta tradição, a perspectiva cosmoteândrica de Raimon Panikkar, estruturada nos horizontes meta-antropológico, meta-cosmológico e metaontológico, se torna uma correspondencia teórica afim com a cosmovisão tolkieniana.
XIII Simpósio Fiosófico Teológico Internacional FAJE, 2017
Resumo: O tema desta comunicação é a relação entre propriedade privada e bem comum a partir do Co... more Resumo: O tema desta comunicação é a relação entre propriedade privada e bem comum a partir do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, o qual apresenta uma síntese de assuntos desenvolvidos pelo magistério da Igreja desde fins do século XIX, através de encíclicas, documentos conciliares acerca da vida civil. O objetivo é esclarecer estes princípios de organização da sociedade e do estado a partir da visão do Compêndio, especificamente na primeira parte, capítulo IV (sobre o bem comum) e na segunda parte, capítulo VII (sobre a vida econômica), assim como perceber como se relacionam de maneira harmônica e integrada, diante das questões sobre a liberdade da pessoa, a necessidade da comunidade e a busca da verdade como fundamento do bem. A metodologia é de revisão bibliográfica do próprio Compêndio, buscando aprofundamentos nas fontes indicadas (especialmente as constituições apostólicas do Concílio Vaticano II, as Escrituras Sagradas e encíclicas do Papa João Paulo II). As conclusões tratam da necessidade de preservar a liberdade humana expressa na pertinência da propriedade privada como elemento organizador da vida humana, assim como o reconhecimento da natureza relacional do homem, que exige a convivência com os demais para que se torne verdadeiramente realizado, através do bem comum. Palavras-chave: propriedade privada, bem comum, doutrina social da Igreja.
: Númenor está presente em O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien, e é lembrado em O Senhor dos Anéis ... more : Númenor está presente em O Silmarillion, de J.R.R. Tolkien, e é lembrado em O Senhor dos Anéis como origem dos dúnedain e dos povos de Gondor, sendo a pátria dos homens que migram para a Terra-Média devido à destruição dessa ilha, que havia sido dada como um lugar para que os homens que enfrentaram Morgoth, o primeiro grande inimigo dos Valar, conseguissem viver em paz e harmonia. Após séculos de desenvolvimento, os númenorianos se corromperam e foram responsáveis pela destruição de Númenor. Somente uma facção de seu povo, chamados de Os Fiéis, liderados por Elendil e Isildur, conseguiram migrar para a Terra-Média, continente onde estabeleceram morada, se impuseram aos nativos como reis e comandantes, se preparando para a guerra contra Sauron, sucessor de Morgoth, que os havia enganado e promovido sua condenação diante dos Valar. A partir da investigação noética, conforme exposto por Ângela Ales Bello em Fenomenologia e Ciências Humanas, podemos perceber a ligação entre a migração e a conquista de território na narrativa dos númenorianos, com o significado de destino de conquista e direito à subjugação dos outros povos, ratificado por uma vontade divina que opera na história. Essa mesma temática é comparada à migração dos hebreus para terra prometida e a função de conquista de Josué, sucessor de Moisés, conforme exposto no Livro de Josué, integrante da Bíblia, ou conforme nos coloca Mircea Eliade, no seu História das Crenças e Ideias Religiosas Vol. II, o tema da migração de Maomé para Medina (Hégira), tão importante que marca o início do calendário islâmico, ou conforme exposto na Eneida, de Virgílio, o significado da fundação tanto de Alba Longa quanto de Roma, que também são marcadas pela relação entre migração e conquista, autorizadas pela divindade e realizadas militarmente e culturalmente na história.
Anais do XII Simpósio Filosófico-Teológico da FAJE, 2016
Este ensaio aborda as possibilidades da Ciência Prática da Religião de estabelecer uma investigaç... more Este ensaio aborda as possibilidades da Ciência Prática da Religião de estabelecer uma investigação ética que indique elementos de diálogo entre religiões com base no bem comum. Num primeiro ponto, investigamos o artigo Ciência Prática da Religião: considerações teóricas e metodológicas de Udo Tworuschka, presente no Compêndio da Ciência da Religião, para definir os objetivos dessa proposta na questão ética. Em seguida, aprofundamos o recorte da filosofia moral de uma religião específica, o cristianismo da Igreja Católica Apostólica Romana, trabalhando com o conceito de lei natural e o consequente desdobramento dos direitos universais como proposta de diálogo, baseado no texto Em busca de uma ética Universal, da Comissão Teológica Internacional. Por fim, o artigo de Nicola Maria Gasbarro, Fenomenologia da Religião, presente do Compêndio da Ciência da Religião, nos possibilita indicar a confluência, ainda que com tensões, entre uma certa hermenêutica católica e a proposta de Mircea Eliade como base da Ciência Prática da Religião, nos limites de uma filosofia moral subjacente às categorias de hierofania e o Sagrado, como fundante do fenômeno religioso.
Este trabalho investiga as relações entre literatura, religião e educação na obra do escritor ing... more Este trabalho investiga as relações entre literatura, religião e educação na obra do escritor inglês J.R.R. Tolkien (1892-1973). Mais conhecido pelos romances O Hobbit (1937) e O Senhor dos Anéis (1954), Tolkien foi professor de anglo-saxão na universidade de Oxford de 1925 a 1959, período no qual publicou diversos artigos, ensaios e pesquisas que continham aspectos filológicos, filosóficos, literários e teológicos. O objetivo deste trabalho é demonstrar as relações entre esses aspectos e daí apenas indicar, nos limites adequados a esta comunicação, a presença de uma proposta pedagógica, nos moldes clássicos e medievais (paidéia cristã) subjacente aos estudos do professor inglês. A metodologia é a revisão bibliográfica de três obras do autor, especificando alguns conceitos essenciais para evidenciar essa indicação de uma proposta pedagógica. Em primeiro lugar, a tradução com estudos do poema medieval (século XIV) Sir Gawain and the Green Knight, publicada em 1925, que apresenta uma reflexão da função da imaginação e da narrativa como propedêutica para a investigação filosófica e teológica (a importância da lei moral na cavalaria); em segundo lugar, a tradução com estudos do poema medieval Beowulf, datado do século VIII d.C., publicada em 1936, que apresenta uma hermenêutica em busca dos significados perenes do poema e que trata da experiência do herói virtuoso diante da contingência e da morte; por fim, o ensaio On Fairy-Stories, apresentado em 1939 como conferência, que aborda expressamente as relações entre literatura, filologia, filosofia e teologia, configurando uma sistematização de várias conclusões do autor, inclusive do sucesso de seu primeiro romance (O Hobbit), lançado dois anos antes. Assim, com os resultados obtidos com este trabalho, é possível perceber essa interface entre religião, educação e literatura nas obras de Tolkien, que segue a tradição do cristianismo medieval, que circula ora pela patrística (paidéia), ora pela tradição aristotélica-tomista. De qualquer modo, a originalidade do autor reside em dois aspectos: primeiro, na composição narrativa (mitopoética) como atividade artística que possibilita a descoberta pessoal de valores, conforme as investigações de Alfonso López Quintás (1928), que entende a formação da imaginação como propedêutica para a formação moral como estudo de filosofia; e segundo, na recuperação da concepção narrativa de pessoa, termo cunhado por Alasdair MacIntyre (1929), que exige como fundamento de uma proposta pedagógica com base na lei moral, uma atenção às investigações das experiências pessoais enquanto consciência de uma narrativa que, ainda que singular, está sendo escrita numa tessitura coletiva e contextual, ao mesmo tempo em que busca uma realização que toca nos universais, para além do tempo e do espaço, da natureza humana. Essa tensão entre o particular e o universal é vivida na produção de enredos, na literatura e na mitopoética.
Resumo: Este trabalho é uma investigação sobre a pertinência da imaginação moral como base da cos... more Resumo: Este trabalho é uma investigação sobre a pertinência da imaginação moral como base da cosmovisão literária de J.R.R. Tolkien (1892-1973). Essa perspectiva é fundamentada na reflexão sobre as virtudes clássicas e a lei moral, conforme percebida pela Cristandade medieval e expressa até hoje pela Igreja Católica Romana. O termo imaginação moral foi cunhado por Edmund Burke (1729-1797) e desenvolvido por Russel Kirk (1918-1994). Ambos os autores são considerados expoentes do pensamento político conservador anglo-saxônico, que critica fundamentalmente a utopia revolucionária iluminista e racionalista que se manifesta com toda força na revolução francesa no século XVIII, atravessa todo movimento socialista no século XIX e se torna triunfante nas revoluções comunistas do século XX. O objetivo do trabalho é compreender como a base para esta cosmovisão conservadora indica uma proposta pedagógica na qual é preciso cultivar imagens e propiciar a absorção pessoal e criativa de experiências literárias, que tratam do desenvolvimento das possibilidades e potências da natureza humana, assim como de que forma esta proposta pedagógica da imaginação moral é apresentada na obra literária de J.R.R Tolkien. Somente após esta experiência estética e imaginária, conforme Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), é possível então exigir um maior esforço racional em direção a ética e à política. Essa definição de imaginação moral se coaduna com as reflexões do filósofo Alasdair Macintyre (1929), que busca unir a filosofia moral que trata da formação das virtudes com as investigações da perspectiva narrativa e histórica da experiência humana. O método do trabalho é de revisão bibliográfica dos autores citados, sendo que os resultados obtidos demonstram que esta conjunção de virtudes e narrativa tem como representante no século XX o escritor J.R.R. Tolkien, que com sua obra conseguiu resgatar uma proposta de educação com base na imaginação moral e as possibilidades e potências da natureza humana, fazendo sucesso entre crianças, jovens e adultos da data de lançamento de seu primeiro livro (O Hobbit, em 1937) até hoje. As referências à Lei Moral, conforme propostas por Tomás de Aquino (1225-1274), estão presentes na obra de Tolkien em diversos momentos, sendo um exemplo central da defesa das coisas permanentes que, conforme explica Kirk, é um traço essencial de uma educação fundada na imaginação moral.
ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTÓRIA DAS RELIGIÕES E DAS RELIGIOSIDADES / ANPUH, 2010
Resumo: Este artigo apresenta a abordagem e a metodologia fenomenológica de Ângela Alles Belo, na... more Resumo: Este artigo apresenta a abordagem e a metodologia fenomenológica de Ângela Alles Belo, na investigação da obra de J.R.R. Tolkien, através de uma proposta de quatro matrizes mitológicas que formaram o universo da Terra-média, o ambiente do legendarium de Tolkien. Nessas matrizes, podemos encontrar o eidos, o significado, e a hylé, os documentos literários. Nessa interação, a poesia greco-romana trágica e épica, as escrituras bíblicas, judaico-cristãs, a matéria da Bretanha, de literatura medieval, e a composição mitológica do anglo-saxão. A síntese dessas quatro matrizes, proposta na interpretação de um romance, traz nova literatura mitológica, porém mantém diálogo fecundo com o significado que esses documentos históricos carregam no decorrer dos séculos. Palavras-Chave: Literatura, Tolkien, fenomenologia. Abstract: This article presents the boarding and the phenomenologic methodology of Ângela Alles Belo, in the study of the J.R.R. Tolkien´s composition, through a proposal of four mythic matrices that had formed the universe of the Middle-Earth, the locus of legendarium of Tolkien. In these matrices, we can find the eidos, the meaning, and hylé, the literary documents. In this interaction, the tragic and epic greco-roman poetry, the Biblical Holy Writs, Jewish-Christians, the substance of Britain, of medieval literature, and the mythological composition of the Anglo-Saxon. The synthesis of these four matrices, proposal in the interpretation of a romance, brings new mythological literature, however it keeps fruitful dialogue with the meaning that these historical documents load in elapsing of the centuries.
ANAIS DO III ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTÓRIA DAS RELIGIÕES E DAS RELIGIOSIDADES - ANPUH, 2010
Resumo: Neste artigo, estudamos o economista Luigino Bruni, em seu livro Comunhão e as Novas Pala... more Resumo: Neste artigo, estudamos o economista Luigino Bruni, em seu livro Comunhão e as Novas Palavras em Economia (2005), que afirma que é fundamental para o desenvolvimento econômico uma nova configuração entre trabalho, emprego e bens relacionais. Por outro lado, para o sociológo Zygmunt Bauman, em sua obra Vidas para Consumo (2008) a sociedade atual se configura como a sociedade dos consumidores, e não mais a sociedade dos produtores, de base fordista e keynesiana, opondo-se a qualquer forma de segurança existencial e moral, pressuposto dos bens relacionais. Nesse drama, a categoria de economia moral, proposta pro Bauman, pode ser observada nos casos de empresas da Economia de Comunhão, estudadas por Bruni. Nesse diálogo, os quatro princípios da Doutrina Social da Igreja (Personalismo, Bem comum, Solidariedade e Subsidiariedade) são o eixo formativo dessa economia moral e a presença dos bens relacionais na nova configuração de trabalho e emprego. Abstract: In this article, we study economist Luigino Bruni, in its book Communion and the New Words in Economy (2005), that he affirms that a new configuration between work, job and goods is basic for the economic development. On the other hand, for Zygmunt Bauman, in his book Lives for Consumption (2008) the current society if configures as the society of the consumers, and not more the society of the producers, of fordista and keynesiana base, opposing it any form of moral security, estimated of the relationary goods. In this drama, the category of moral economy, proposal pro Bauman, can be observed in the cases of companies of the Economy of Communion, studied for Bruni. In this dialogue, the four principles of the Social Doctrine of the Church are the formative axle of this moral economy and the presence of the relationary goods in the new configuration of work and job.
Anais do X Simpósio da Associação Brasileira de História das Religiões, 2008
Resumo: O livro O Senhor dos Anéis, do escritor inglês J.R.R. Tolkien apresenta em sua formulação... more Resumo: O livro O Senhor dos Anéis, do escritor inglês J.R.R. Tolkien apresenta em sua formulação uma crítica de matriz agostiniana do processo histórico da modernidade, consonante com a crítica do magistério católico a formulação ideológica do modernismo. Assim, O Condado, a Terra-Média e o Mar expressam a realidade do estado-nação, do capitalismo e da ciência moderna que configuram a modernidade, que a partir dos conceitos de concupiscência de Santo Agostinho, isto é, orgulho, prazer e curiosidade vã, fundamentam o processo histórico como oposição aos valores de uma Cristandade medieval, referência literária de Tolkien. A narrativa tolkieniana apresenta a configuração dessas três bases no processo da arte literária, da criação de mundos secundários, ou subcriação segundo Tolkien, em que o artista reflete em sua obra as bases da criação realizada pelo Deus cristão. Numa perspectiva histórica, segundo Jacques Le Goff e Marc Bloch, e filosófica, a partir de Santo Agostinho, a literatura adquire a espessura de tratado sobre virtudes da criatura como dom e resposta ao Criador, que sustenta e mantém a criação, inspirando a criatura humana, integrante dessa criação, a também ser criadora, ou especificamente subcriadora. Palavras-Chave: Literatura, Modernidade, Agostinho. Abstract: The book Lord of Rings, by english writer J.R.R. Tolkien presents in its formularization the augustinan critic of the historical process of modernity, in the line of the critics of catholic Magisterium of ideological formularization of the modernism. Thus, the Shire, Middle Earth and the Sea express the reality of the state-nation, the capitalism and the modern science that configure the modernity, that from the concepts of concupiscence of Saint Augustin, that is, pride, pleasure and vain curiosity, pillars of the historical process as opposition to the values of a medieval Christianity, literary reference of Tolkien. The tolkieniana narrative presents the configuration of these three pillars in the process of the literary art, of the creation of secondary worlds, or subcreation according to Tolkien, where the artist reflects in its workmanship the bases of the creation carried through for the Christian God. In a historical perspective, according to Jacques Le Goff and Marc Bloch, and philosophical, from Saint Augustin, literature acquires the thickness of treat on virtues to the creature as dom and reply to the Creator, who supports and keeps the creation, inhaling the creature human being, integrant of this creation, also to be creative, or specifically subcreative.
Anais do X Simpósio da Associação Brasileira de História das Religiões, 2008
Resumo: O pensamento de Chiara Lubich (1920-2008) realizou um novo enfoque sobre a reflexão sobre... more Resumo: O pensamento de Chiara Lubich (1920-2008) realizou um novo enfoque sobre a reflexão sobre o Mal numa perspectiva do cristianismo católico. Em suas bases filosóficas e teológicas, Enrique Canbón apresenta em sua obra Assim na terra como na Trindade, um entendimento do Mal como exclusão do entendimento de Deus como Trindade, e assim um impedimento da compreensão da realidade
Este capítulo apresenta as quatro principais matrizes históricas,
mitológicas e literárias do esc... more Este capítulo apresenta as quatro principais matrizes históricas, mitológicas e literárias do escritor J.R.R. Tolkien, assim como sua perspectiva aristotélico-tomista na metafísica subjacente ao seu mundo ficcional. Com base em suas publicações em filologia, seu ensaio teórico sobre literatura e suas cartas pessoais, é possível verificar correspondências de temas e símbolos de tais matrizes (céltica, germânica, helênica e hebraica) em sua ficção fantástica, da mesma forma que sua estrutura cosmológica e ontológica em consonância com determinada tradição filosófica antiga e medieval. Dessas bases, Tolkien também teceu uma crítica ao pensamento moderno, partindo tanto da metafísica quanto da moralidade, estabelecendo uma reflexão sobre a finalidade da produção ficcional, especialmente o gênero do romance fantástico, recuperando certa filosofia realista, desprezada a partir da modernidade. A divisão do capítulo segue a apresentação das fontes (a matéria), seguida de um estudo de caso com o romance O Hobbit, e em seguida as ideias e significados em sua cosmovisão fundada na metafísica e na ética aristotélico-tomista (a forma), com um estudo de caso centrado na narrativa Ainulindalë, presente na obra O Silmarillion.
No ano de 2018, a Faculdade de Letras da USP (FFLCH-USP) ofereceu o curso A subcriação de mundos ... more No ano de 2018, a Faculdade de Letras da USP (FFLCH-USP) ofereceu o curso A subcriação de mundos — estudo sobre a literatura de J.R.R. Tolkien. Como uma inciativa concreta para o curso, promovemos um e-book com a participação de professores e alunos do curso. O livro, que recebe o nome do curso, é organizado pelo Prof. Dr. Diego Klautau e a Profa. Ma. Cristina Casagrande, com direção editorial da Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha. O livro contém 11 artigos de 13 autores e conta com prefácio de Samuel Coto, diretor editorial da HarperCollins Brasil, e posfácio da Profa. Dra. Maria Zilda da Cunha.
A Subcriação de Mundos: estudos sobre a literatura de J.R.R. Tolkien, 2019
A partir da ideia de trindade criativa de Dorothy L. Sayers e da concepção agostiniana de Trindad... more A partir da ideia de trindade criativa de Dorothy L. Sayers e da concepção agostiniana de Trindade, tentaremos mostrar que em O Silmarillion de J.R.R. Tolkien existem vestígios da Trindade cristã refletidos em Eru Ilúvatar, o Deus Criador na mitologia tolkieniana. Mantendo nossa atenção na criação dos anãos por Aulë e na dissonância causada por Melkor na canção dos Ainur, mostraremos a necessidade para a lógica interna da subcriação tolkeniana, em que Eru subsiste em mais de uma pessoa, semelhantemente à doutrina cristã da Trindade.
Resumo: Esta tese é uma exposição sistemática da teoria da educação presente na produção de J.R.R... more Resumo: Esta tese é uma exposição sistemática da teoria da educação presente na produção de J.R.R. Tolkien, que denominamos de Paideia Mitopoética. A partir de uma hermenêutica fenomenológica de seus trabalhos de análise filológica de poemas medievais, de seu ensaio teórico sobre literatura, de seus romances mitopoéticos e de suas cartas pessoais, sistematizamos uma teoria da educação composta de conceitos claros de sujeito, objeto e método. Nessa teoria, existe uma antropologia que dialoga com a tradição filosófica grega, com a patrística e com a escolástica, e que é harmônica com a fenomenologia do século XX; da mesma forma, o objeto fundamental é o sagrado, entendido como categoria das ciências da religião, em chave histórica e noética, que se expressa através das narrativas sagradas, seja nas formas do mito vivo, seja nas formas das reminiscências míticas da poesia épica ou dos romances de fantasia modernos. O método é a fabricação de mitos como forma de meditação da leitura de textos de tradições religiosas, assim como o compartilhamento dialógico com um grupo, que culmina na publicação da obra fabricada. Assim, o sujeito aberto à experiência da totalidade do Ser através da hierofania via narrativa poética ou literária, através de um método que integra tradição, comunhão, criatividade e trabalho, se relaciona com o objeto fundador da consciência e da cultura: o sagrado.
O Bem e o Mal na Terra Média – A filosofia de Santo Agostinho em O Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien como crítica à modernidade., 2007
O Bem e o Mal sempre foram questões que preocuparam a humanidade. Seja através da religião, da fi... more O Bem e o Mal sempre foram questões que preocuparam a humanidade. Seja através da religião, da filosofia, e da arte, tais temas foram sempre abordados pelos homens. A justificativa desta pesquisa se coloca na reflexão de uma existência de significado e sabedoria em tempos anteriores à modernidade. Para esta, sua existência seria o desenrolar para o progresso e libertação do homem, desclassificando tudo o que existia antes como perda de tempo e inútil. O Cristianismo de Santo Agostinho responde de forma diferente a tais questões. Na literatura de Tolkien, estas expressões muitas vezes se tocam e se afastam. A falência das propostas modernas promove na literatura de Tolkien uma possibilidade de encontrar esta discussão. Através de diversas fontes mitológicas e de tradições cristãs medievais, Tolkien cria, ou ‘sub-cria’, um mundo em que o Bem e o Mal são explícitos, ao mesmo tempo sutis e quase tênues. O tempo não é tudo. Nem tudo se explica pela história. Algo, que passa pela história, mas não está presa a ela, se apresenta na obra literária de Tolkien. Para tentar entender esta tensão, entre a presença da história e o movimento de libertação dela, é necessário entender o que é o Bem e o que é o Mal, pois categorias impulsionadoras da crítica presente na obra literária O Senhor dos Anéis. O método básico é a revisão bibliográfica, através da interpretação da literatura como constituída de filosofia de Agostinho, e assim apresentando uma crítica ao contexto histórico em que foi produzida. Como procedimento geral de raciocínio elaboramos o roteiro de pesquisa, baseado na comprovação da hipótese avaliando os personagens de O Senhor dos Anéis como chaves para a compreensão dos conceitos de Bem e de Mal numa leitura agostiniana. Reconhecer numa literatura fantástica, um encontro do homem com suas reflexões profundas, de natureza ética e moral, as ditas virtudes cardeais de Santo Agostinho, baseada num trabalho de pesquisa literária e histórica, é um caminho para o próprio sentido da vida.
Publicado: https://tolkienista.com/2020/11/20/a-pandemia-o-dragao-e-o-apocalipse/ A partir da mit... more Publicado: https://tolkienista.com/2020/11/20/a-pandemia-o-dragao-e-o-apocalipse/ A partir da mitologia comparada, por exemplo o livro Tratado da História das Religiões, de Mircea Eliade (2010, p. 155-156; 168-171; p. 358-361), podemos pensar na figura do dragão. A palavra vem do grego drakon, ser aquático e que remete ao ato de ver, monstro normalmente de caráter maligno. Contudo, historicamente, podemos considerar, grosso modo, e correndo todos os riscos da generalização e simplificação, que apesar das diferenças particulares da imagem nas diferentes culturas, o dragão (nesse sentido amplo de ser marinho, caótico e superior ao homem, como um grande réptil, serpente, crocodilo ou lagarto) simboliza as forças da natureza na sua forma mais exuberante, dinâmica, vigorosa e indiferente ao homem. • Dragão de J.R.R. Tolkien Essa perspectiva é bem aceita na mitologia comparada. Da mesma forma, dentro da lógica do símbolo, costuma-se associar os significados do dragão a diferentes posturas das civilizações
Graças aos seus estudos e a sua paixão pela trajetória humana, o francês Jacques Le Goff deixou ... more Graças aos seus estudos e a sua paixão pela trajetória humana, o francês Jacques Le Goff deixou um legado que iluminou e coloriu a sombria Idade Média .
O artigo apresenta a trajetória do GPPRA – Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e Art... more O artigo apresenta a trajetória do GPPRA – Grupo de Pesquisa sobre Protestantismo, Religião e Arte – do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUC Minas e sua contribuição para o diálogo entre literatura e teologia no Brasil. O grupo, organizado em 2018, tem como um de seus eixos de investigação acadêmica o diálogo entre a literatura e os estudos de religião e a teologia. O artigo apresenta um diferencial da atuação do grupo, a saber, a “opção preferencial” (mas de modo algum exclusiva) pelas literaturas fantástica e de fantasia como seus objetos de estudo. No artigo são também apresentadas as principais referências teóricas para a hermenêutica literária e para o diálogo entre literatura e estudos de religião e teologia utilizados nas pesquisas do grupo, e, de igual maneira, para a análise dos autores aos quais o grupo dedica atenção especial, a saber, J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis.
Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J... more Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J.R.R. Tolkien (1892-1973), publicada postumamente em 1977. Este livro reúne diversos textos desenvolvidos durante a vida do autor e apresenta as bases cosmogônicas e teogônicas do universo mitológico de Tolkien, que fundamentaram os romances mais famosos: O Hobbit (1937) e O Senhor dos Anéis (1954). Enquanto professor de filologia na universidade de Oxford entre 1925 e 1959, Tolkien teve contato com diversas abordagens teóricas sobre mitologia, especialmente a fenomenologia da Religião. É nesta interface entre fenomenologia e literatura, através das obras de Mircea Eliade (1907-1986), que é possível traçar a concepção de sagrado presente na descrição da criação da natureza na narrativa de Tolkien.
... escondidos, o cetro, a estrela, o cristal, a espada, o dragão, o cavaleiro, o mago, os monstr... more ... escondidos, o cetro, a estrela, o cristal, a espada, o dragão, o cavaleiro, o mago, os monstros. ... Porém, embora pesquisando os ossos, legumes e demais ingredientes de uma sopa, o que mais importa é como ela é servida e se realmente é saborosa e nutri-tiva. ...
Resumo: O pensamento de Chiara Lubich (1920-2008) realizou um novo enfoque sobre a reflexão sobre... more Resumo: O pensamento de Chiara Lubich (1920-2008) realizou um novo enfoque sobre a reflexão sobre o Mal numa perspectiva do cristianismo católico. Em suas bases filosóficas e teológicas, Enrique Canbón apresenta em sua obra Assim na terra como na Trindade, um entendimento do Mal como exclusão do entendimento de Deus como Trindade, e assim um impedimento da compreensão da realidade
Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J... more Este artigo trata da concepção da natureza como sagrado na obra O Silmarillion, do autor inglês J.R.R. Tolkien (1892-1973), publicada postumamente em 1977. Este livro reúne diversos textos desenvolvidos durante a vida do autor e apresenta as bases cosmogônicas e teogônicas do universo mitológico de Tolkien, que fundamentaram os romances mais famosos: O Hobbit (1937) e O Senhor dos Anéis (1954). Enquanto professor de filologia na universidade de Oxford entre 1925 e 1959, Tolkien teve contato com diversas abordagens teóricas sobre mitologia, especialmente a fenomenologia da Religião. É nesta interface entre fenomenologia e literatura, através das obras de Mircea Eliade (1907-1986), que é possível traçar a concepção de sagrado presente na descrição da criação da natureza na narrativa de Tolkien.
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filosofia e literatura no ensaio On Fairy-stories do escritor inglês
J.R.R. Tolkien (1892-1973). Apresentado como conferência
em 1939 e publicado em 1947, o texto mostra a concepção do
autor sobre o gênero literário conhecido como fairy-stories, as
estórias de fadas, e buscamos considerar as possíveis mediações
e referências filosóficas e teológicas em sua investigação. Os
objetivos do artigo são: 1) evidenciar a teoria literária proposta
por Tolkien como parte da tradição filosófica do realismo
medieval, com correspondências conceituais em Platão,
Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino; e 2) demostrar uma
contribuição original de Tolkien na valorização da imaginação
e da fantasia como forma da contemplação, que é a finalidade
do esforço educativo, denominada paideia, dessa tradição
filosófica. A metodologia utilizada é de revisão bibliográfica
comparativa entre os autores, usando tanto o ensaio citado
quanto as cartas pessoais de J.R.R. Tolkien, além das obras dos
filósofos em questão e seus comentadores contemporâneos.
A conclusão afirma a viabilidade dessa relação entre a
paideia e a mythopoeia concebida por Tolkien como uma via
contemplativa que valoriza o artesanato de mitos como
meio de admiração pela realidade na perspectiva metafísica
fundantes sobre a temática corpo - imanência e transcendência. Retoma princípios e ideias de autores clássicos da filosofia e religião, como Platão e Aristóteles, bem como Hegel e Descartes para
tratar da materialidade concreta do corpo no percurso histórico-social e que, ao se movimentar,
desenvolve a espiritualidade que move e a força psíquica que transcende. Entre os conceitos, aprecia
a corporeidade em Merleau-Ponty e seus seguidores e a transcendência humanizada em Manuel
Sérgio e os estudiosos deste autor. Aplica como metodologia a revisão de estudos e como procedimento metodológico a classificação de ideias e princípios teóricos categorizados pelas acepções de
corpo, movimento, espiritualidade e transcendência nos autores eleitos. Conclui que no movimento
consciente, como processo permanente da trajetória humana, ocorre a transcendência de limites
corpóreos e de níveis de espiritualidade.
Palavras-chave: Epistemologia. Espiritualidade. Transcendência. Corporeidade.
filosofia e literatura no ensaio On Fairy-stories do escritor inglês
J.R.R. Tolkien (1892-1973). Apresentado como conferência
em 1939 e publicado em 1947, o texto mostra a concepção do
autor sobre o gênero literário conhecido como fairy-stories, as
estórias de fadas, e buscamos considerar as possíveis mediações
e referências filosóficas e teológicas em sua investigação. Os
objetivos do artigo são: 1) evidenciar a teoria literária proposta
por Tolkien como parte da tradição filosófica do realismo
medieval, com correspondências conceituais em Platão,
Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino; e 2) demostrar uma
contribuição original de Tolkien na valorização da imaginação
e da fantasia como forma da contemplação, que é a finalidade
do esforço educativo, denominada paideia, dessa tradição
filosófica. A metodologia utilizada é de revisão bibliográfica
comparativa entre os autores, usando tanto o ensaio citado
quanto as cartas pessoais de J.R.R. Tolkien, além das obras dos
filósofos em questão e seus comentadores contemporâneos.
A conclusão afirma a viabilidade dessa relação entre a
paideia e a mythopoeia concebida por Tolkien como uma via
contemplativa que valoriza o artesanato de mitos como
meio de admiração pela realidade na perspectiva metafísica
fundantes sobre a temática corpo - imanência e transcendência. Retoma princípios e ideias de autores clássicos da filosofia e religião, como Platão e Aristóteles, bem como Hegel e Descartes para
tratar da materialidade concreta do corpo no percurso histórico-social e que, ao se movimentar,
desenvolve a espiritualidade que move e a força psíquica que transcende. Entre os conceitos, aprecia
a corporeidade em Merleau-Ponty e seus seguidores e a transcendência humanizada em Manuel
Sérgio e os estudiosos deste autor. Aplica como metodologia a revisão de estudos e como procedimento metodológico a classificação de ideias e princípios teóricos categorizados pelas acepções de
corpo, movimento, espiritualidade e transcendência nos autores eleitos. Conclui que no movimento
consciente, como processo permanente da trajetória humana, ocorre a transcendência de limites
corpóreos e de níveis de espiritualidade.
Palavras-chave: Epistemologia. Espiritualidade. Transcendência. Corporeidade.
filosofia da religião em Dostoiévisk (1997) e em seu artigo Epistemologia Agônica e Disfuncionalidade Humana: um ensaio de teologia pessimista (2001) publicado na Rever, revista de estudos da religião. Como método investigativo, Pondé sugere a filosofia da
religião como elemento crítico para compreender, por um lado, a literatura profética de Dostoiévisk e, por outro, estabelecer uma avaliação da abordagem do fenômeno religioso pelo viés das Ciências da Religião em seu paradigma científico na modernidade. Ao lado de Dostoiévisk, apresentamos também a encíclica Quanta Cura (1864), do papa Pio IX, juntamente com o Syllabus (1864) como crítica à modernidade do século XIX, fundamentada também neste humanismo ridículo, raiz do que é entendido pelo cânon católico como erros graves do tempo presente.
literária. O ensaio é considerado uma das mais importantes contribuições teóricas de Tolkien, ao lado de sua pesquisa sobre o poema Beowulf, e entendido hoje como um marco incontornável para seu campo de estudos (FLIEGER&ANDERSON, 2014, p. 9). É significativo que a elaboração do trabalho tenha acontecido justamente entre a escrita e a publicação de O Hobbit e os volumes de O Senhor dos Anéis, caracterizando uma unidade temática e intelectual entre a teoria literária e a prática de criador de mitos. Como recorte para esta comunicação, escolhemos analisar trechos de parágrafos nos quais Tolkien (2014, p. 40-44) reflete sobre a tripla face de tais narrativas, a mística, a mágica e a especular, com o objetivo de compreender o processo da composição dos mitos. No contexto dessa definição, na seção sobre as origens, existe um debate sobre a validade da pesquisa comparada de motivos, cenas e personagens que se repetiriam nas várias narrativas englobadas na categoria fairy-story. Segundo o ensaísta, essas investigações podem carregar elementos de verdade, mas a busca pela natureza de tais narrativas não pode ser encontrada em estudos comparados que se fundam no método analítico, pois somente a apreciação dos detalhes particulares garante a descoberta da beleza e da verdade numa determinada obra literária. Com essa perspectiva, o foco da busca das origens é alterado, saindo das três hipóteses da filologia comparada: a)
invenção (a mais importante e misteriosa); b) herança; e c) difusão para uma inquirição acerca do surgimento das narrativas fantásticas, mitos ou fairy-stories, considerados fenômenos da mesma natureza na mente humana, no processo gnosiológico e produtivo que sustenta a fabricação de enredos.
camadas da população. Estudantes provenientes de famílias com baixa escolaridade enfrentam
diversas barreiras ao decidir continuar os estudos após o ensino médio. Dessa forma, este artigo
explora a relação entre os Estudantes de Primeira Geração (EPG) e os Bens Relacionais e
examina possível relação motivacional ainda não suficientemente compreendida no percurso
desses alunos rumo ao ensino superior. Tendo como base essa problemática, a pergunta que
orientou essa pesquisa foi: em que medida o conceito de Bens Relacionais pode ajudar a
compreender do ponto de vista teórico bem como auxiliar a implantação prática de programas
sociais que favoreçam o ingresso de estudantes de primeira geração no ensino superior? Os
resultados indicam que os EPG ingressam no ensino superior por razões distintas das associadas
a financiamentos ou políticas públicas de incentivo. Por meio de uma discussão teóricoreflexiva
a partir de uma revisão de literatura, a contribuição acadêmica desta pesquisa reside
na inferência de que programas orientados à inclusão social por meio da democratização do
ensino, principalmente aqueles dirigidos a estudantes de baixa renda, devem também considerar
os fatores sociológicos que envolvem os estudantes ao longo de sua vida os Bens Relacionais,
considerados por essa pesquisa como determinantes no desafio ao ingresso dos EPG no ensino
superior.
Palavras-chave: propriedade privada, bem comum, doutrina social da Igreja.
sistematização de várias conclusões do autor, inclusive do sucesso de seu primeiro romance (O Hobbit), lançado dois anos antes. Assim, com os resultados obtidos com este trabalho, é possível perceber essa interface entre religião, educação e literatura nas obras de Tolkien, que segue a tradição do cristianismo medieval, que circula ora pela patrística (paidéia), ora pela tradição aristotélica-tomista. De qualquer modo, a originalidade do autor reside em dois aspectos: primeiro, na composição narrativa (mitopoética) como atividade artística que possibilita a descoberta pessoal de valores,
conforme as investigações de Alfonso López Quintás (1928), que entende a formação da imaginação como propedêutica para a formação moral como estudo de filosofia; e segundo, na recuperação da concepção narrativa de pessoa, termo cunhado por Alasdair MacIntyre (1929), que exige como fundamento de uma proposta pedagógica com base na lei moral, uma atenção às investigações das experiências pessoais enquanto consciência de uma narrativa que, ainda que singular, está sendo escrita numa tessitura coletiva e contextual, ao mesmo tempo em que busca uma realização que toca nos universais, para além do tempo e do espaço, da natureza humana. Essa tensão entre o particular e o universal é vivida na produção de enredos, na literatura e na mitopoética.
mitológicas e literárias do escritor J.R.R. Tolkien, assim como sua
perspectiva aristotélico-tomista na metafísica subjacente ao seu mundo
ficcional. Com base em suas publicações em filologia, seu ensaio teórico sobre literatura e suas cartas pessoais, é possível verificar correspondências de temas e símbolos de tais matrizes (céltica, germânica, helênica e hebraica) em sua ficção fantástica, da mesma forma que sua estrutura cosmológica e ontológica em consonância com determinada tradição filosófica antiga e medieval. Dessas bases, Tolkien também teceu uma crítica ao pensamento moderno, partindo tanto da metafísica quanto da moralidade, estabelecendo uma reflexão sobre a finalidade da produção ficcional, especialmente o gênero do romance fantástico, recuperando certa filosofia realista, desprezada a partir da modernidade. A divisão do capítulo segue a apresentação das fontes (a matéria), seguida de um estudo de caso com o romance O Hobbit, e em seguida as ideias e significados em sua cosmovisão fundada na metafísica e na ética aristotélico-tomista (a forma), com um estudo de caso centrado na narrativa Ainulindalë, presente na obra O Silmarillion.
O Cristianismo de Santo Agostinho responde de forma diferente a tais questões. Na literatura de Tolkien, estas expressões muitas vezes se tocam e se afastam. A falência das propostas modernas promove na literatura de Tolkien uma possibilidade de encontrar esta discussão. Através de diversas fontes mitológicas e de tradições cristãs medievais, Tolkien cria, ou ‘sub-cria’, um mundo em que o Bem e o Mal são explícitos, ao mesmo tempo sutis e quase tênues.
O tempo não é tudo. Nem tudo se explica pela história. Algo, que passa pela história, mas não está presa a ela, se apresenta na obra literária de Tolkien. Para tentar entender esta tensão, entre a presença da história e o movimento de libertação dela, é necessário entender o que é o Bem e o que é o Mal, pois categorias impulsionadoras da crítica presente na obra literária O Senhor dos Anéis.
O método básico é a revisão bibliográfica, através da interpretação da literatura como constituída de filosofia de Agostinho, e assim apresentando uma crítica ao contexto histórico em que foi produzida. Como procedimento geral de raciocínio elaboramos o roteiro de pesquisa, baseado na comprovação da hipótese avaliando os personagens de O Senhor dos Anéis como chaves para a compreensão dos conceitos de Bem e de Mal numa leitura agostiniana.
Reconhecer numa literatura fantástica, um encontro do homem com suas reflexões profundas, de natureza ética e moral, as ditas virtudes cardeais de Santo Agostinho, baseada num trabalho de pesquisa literária e histórica, é um caminho para o próprio sentido da vida.