Estágios de Pós-doutorado em Arqueologia no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (2014/2015), em Antropologia Social no Museu Nacional do Rio de Janeiro (2000/2001). Doutorado em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1998), mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1992), e Graduação em Sociologia e Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1980). É Professor Associado III no Departamento de História da Universidade Estadual de Maringá/UEM-PR. Foi Pró-Reitor de Ensino da UEM no período de 1992 a 1994 e Diretor do Centro de Ciências Humanas Letras e Artes da UEM no período de 2008 a 2012. Foi fundador do Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história da UEM em 1996. Desenvolve estudos e pesquisas nas áreas de História indígena, Antropologia e Arqueologia relacionadas as populações indígenas no Sul do Brasil, com ênfase nas populações Kaingang e Xetá Phone: 30314670 Address: Rua Professor Guido Inácio Bersch, Nº 435
Com a progressiva ocupação das terras paranaenses pelos brancos que traziam uma nova forma de pro... more Com a progressiva ocupação das terras paranaenses pelos brancos que traziam uma nova forma de produzir, as transformações ocorridas na natureza foram enormes. Modificações de clima e solo que afetaram os sistemas hídricos, alterando o ecossistema da região. Considerando que: "a produção do espaço é um resultado lógico da produção da natureza", pode-se afirmar que, ao produzir uma segunda natureza no Paraná, o capitalismo estava produzindo um novo espaço geográfico propício à sua atuação e diferente do espaço tradicional das comunidades indígenas. Os campos gerais, os campos de Guarapuava, o norte e oeste do Paraná, passam a ser usados para a produção de mercadorias e a acumulação de riquezas. Se a natureza criada era muito diferente da que existia anteriormente, conforme mostrou Maack, o espaço que vai ganhando forma com a colonização também é diverso daquele ocupado pelas comunidades indígenas carregado de conteúdo social, histórico e até mesmo religioso. E os espaços submetidos à conquista existem a partir da ação exterior dos conquistadores e a História que dai surge ignora importantes acontecimentos como as invasões, a exploração, os conflitos e a resistência indígena. Pois, será dentro desta perspectiva que buscaremos mostrar que foi no bojo dessa transformação que se criou a idéia do "vazio demográfico", a ser ocupado pela colonização pioneira. Essa construção foi arquitetada e divulgada por muitos que pensaram a história da região: geógrafos, historiadores, sociólogos, representantes da burocracia estatal e dos órgãos colonizadores, e refletiu-se nos livros didáticos, poderosos instrumentos de normatização das idéias.
Resumo O objetivo deste é mostrar como os territórios dos índios Xetá, na Serra dos Dourados, for... more Resumo O objetivo deste é mostrar como os territórios dos índios Xetá, na Serra dos Dourados, foram retaliados e comercializados pelos governantes paranaenses. O recorte temporal começa em 1947, quando iniciam-se os trabalhos de topografia na região, e se estende até início da década de 1950, quando as primeiras expedições das companhias colonizadoras e do SPI vasculharam a Serra dos Dourados em busca dos grupos Xetá que lá viviam. Buscou-se a não reificação da história do quase extermínio do povo Xetá com explicações abrangentes, mas vazias e desubstancializadas, como: "foram vítimas do progresso", ou "exterminados pelo avanço da fronteira agrícola", "extintos pela expansão capitalista". O que se pretende é entender que os Xetá, apesar de estarem inseridos num processo histórico de expansão do capital para novas fronteiras, onde seus territórios eram vistos como oportunidades de negócios, não estavam inertes diante da frente de ocupação. Eles sabiam que os invasores estavam chegando, e agiram para contrapor a ocupação de seus territórios e a sua eliminação física. Dessa forma, sobreviveram ao extermínio, se reorganizaram, continuaram suas lutas, e hoje reivindicam não mais aparecer na história como um povo extinto.
Abstract The invasion of Xetá territories in the Serra dos Dourados, Brazil, in mid-20 th Century Current paper analyzes how the territories of Xetá populations in the Serra dos Dourados in the northwestern region of the state of Paraná, Brazil, were fragmented and commercialized by several administrations of the Paraná in mid-20 th century. Current investigation does not focus on the reification of the history involving almost the total extinction of Xetá populations with in-depth but empty explanations such as the statements: "They were the victims of progress" or "they were exterminated due to the westernization of the agricultural frontier", or "they became extinct due to capitalist expansion" or "their land became an opportunity for high business". They did not remain passive in the wake of invasion and occupation of their lands. They knew that the invaders were arriving and acted against the occupation of their lands and their physical extinction. They investigated the strategies of the invaders and developed means to deal with them. They became historical subjects and not mere passive spectators. In fact, they survived extinction and refused to appear in the annals of history as an extinct people. Resumen La invasión de los territorios del Pueblo Xetá en la Sierra de Dourados, a mediados del siglo XX El objetivo de esta reflexión es mostrar cómo los territorios de los indios Xetá, en la sierra de Dourados (Estado de Paraná, Brasil), fueron apropiados y comercializados por los gobernantes del Estado de Paraná. El período considerado se inicia en 1947, cuando comenzaron los trabajos topográficos en la región, y se extiende hasta comienzos de la década de 1950, cuando las primeras expediciones de las compañías colonizadoras y del SPI barrieron la Sierra de Dourados persiguiendo los grupos Xetá que vivían en la región. Lo que se buscó fue la no reificación de la historia del casi exterminio del pueblo Xetá con explicaciones abarcadoras pero vacías y sin substancia, tales como "fueron víctimas del progreso", "fueron exterminados por el avance de la frontera agrícola" o "desaparecieron por la expansión capitalista". Aquí se pretende demostrar que los Xetá, a pesar de haber sido incorporados a un proceso histórico de expansión del capital hacia nuevas fronteras agrícolas que veía sus territorios como oportunidades de negocio, no permanecieron pasivos frente al proceso de ocupación. Sabiendo que los invasores estaban llegando, reaccionaron para oponerse a la ocupación de sus territorios y para evitar su eliminación física. Así sobrevivieron al exterminio, se reorganizaron, continuaron luchando y hoy sobreviven reivindicando su derecho a no figurar más en la escrita de la historia como un pueblo desaparecido. Artigo recebido em 30/09/2017. Aprovado em 04/12/2017 Esse texto é parte de uma pesquisa mais ampla sobre a história dos índios Xetá, que teve início em 2010 com o Projeto JANÉ REKÓ PARANUHÁ (O Contar de Nossa Existência) Programa Interinstitucional e Multidisciplinar de Pesquisa Sobre o Povo Xetá, que envolveu pesquisadores da UNB, UFMT, UEM e o Museu Paranaense. Contou com financiamento da CAPES, Edital 07 Capes Pró-Cultura, e teve continuidade, a partir de 2013, com o Projeto A história do povo indígena Xetá no Paraná: 1940 a 1967, financiado pela Fundação Araucária do Paraná Diálogos http://dx.doi.org/10.4025/dialogos.v21i3
Resumo: Até os anos setenta, supunha-se que os índios não tinham futuro, nem passado; colocava-se... more Resumo: Até os anos setenta, supunha-se que os índios não tinham futuro, nem passado; colocava-se a sua irreversível assimilação à sociedade envolvente, e seu fim diante do avanço capitalista nas áreas de fronteira. A partir dos anos oitenta a situação começou a mudar. E as questões relacionadas com as populações indígenas passaram a ser objetos de estudos. Dentre elas as representações das populações indígenas existentes nos livros didáticos. Dessa forma, nossa proposta é de verificar essas representações num texto específico-Toda a História, de José Jobson de A. Arruda e Nelson Piletti-adotado, desde sua primeira edição, nas vinte e uma escolas públicas de ensino médio de Maringá, atingindo no ano de 1998, um número de 14.212 alunos. Palavras-chave: Etna-história, Livros didáticos, Populações indígenas. Etno-história indígena e os livros didáticos Até os anos de 1970, era comum a suposição de que as populações indígenas não tinham futuro. Admitia-se como verdade estabelecida a sua irreversível assimilação à sociedade envolvente e seu fim diante da expansão da economia capitalista. Também era lugar-comum a idéia de que não tinham passado. Os historiadores não se interessavam por elas por motivos metodológicos, pois se perguntavam: como estudar povos sem escrita? Temiam o campo das tradições orais ou o mergulho na
Resumo: Nas últimas três décadas, houve crescimento da pesquisa sobre a história das populações i... more Resumo: Nas últimas três décadas, houve crescimento da pesquisa sobre a história das populações indígenas no Brasil, posicionando essas populações enquanto protagonistas e não apenas como vítimas da inexorabilidade histórica de ocupação de seus territórios pelas frentes de ocupação. Esse protagonismo, se por um lado evidenciou as populações indígenas como sujeitos de suas histórias, por outro colocou questões teóricas e metodológicas tanto para o campo da História como para a Antropologia que ainda são intensamente debatidas por aqueles que pesquisam nesses campos. Propõe-se aqui uma reflexão sobre a temática da história indígena a partir de sua matriz norte-americana, discutida desde a Conferência de história indígena de Columbus, em Ohio, em 1953. Palavras-chave: Etno-história. História indígena. História dos índios. Ethno-history: A methodology for the transdisciplinary approach of the history of indigenous peoples Abstract: Research on the indigenous peoples in Brazil has been on the rise during the last thirty years, underscoring their agency rather than conditioning them as victims of historical inexorability through the invasion and occupation of their lands by occupying forces. If, on the one hand, such protagonism placed indigenous peoples as subjects of their history, on the other hand, it forwarded theoretical and methodological issues within the field of history and anthropology which are still hotly debated by researchers versed in these fields. The current paper brings to the fore an investigation on the theme of indigenous history from its North American matrix discussed since the 1953 Indigenous History Conference in Columbus, Ohio.
O intuito da pesquisa é identificar e compreender as fronteiras étnicas arqueológicas entre os gr... more O intuito da pesquisa é identificar e compreender as fronteiras étnicas arqueológicas entre os grupos produtores de cerâmica na região compreendida entre os Rios Tietê e Paranapamena, isto é, oeste e sul do Estado de São Paulo. Nesse sentido, a pesquisa perpassou por um longo processo de levantamento de dados, junto ao Arquivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, na Superintendência de São Paulo (IPHAN-SP), bibliotecas privadas de empresas de arqueologia preventiva e também na Biblioteca do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE/USP. Reunimos grande parte da bibliografia que envolve a região estudada com o recorte voltado à temática dos grupos ceramistas.
Métodos de análise espacial para sítios arqueológicos: um modelo preditivo para o Estado de São Paulo, 2018
In this article we intend to present an overview of the recent virtual modeling methods to estima... more In this article we intend to present an overview of the recent virtual modeling methods to estimate the occupation of ceramics groups in the landscape in the São Paulo state. For this we used the methods known as Kernel Method, IDW Modeling, Kriging and Simple Predictive Modeling. Such methods can corroborate to understand the dispersion of Itararé-Taquara and Tupiguarani Tradition in the western and southern regions in São Paulo, allowing their differentiation from, and not only, a ceramic characterization but also by their location in the landscape. We stress the importance of virtual predictive models to guide future archeological studies in the São Paulo state.
Os Tupiguarani e os Itararé-Taquara no cenário paulista – uma abordagem metodológica. Tupi and Jê in São Paulo scenario – a methodological approach, 2019
We present the methodological approach of the first author's doctoral research project and some p... more We present the methodological approach of the first author's doctoral research project and some partial results of this research that started in 2013. The aim of this project is to study the ceramic groups who lived in the region between the Tietê and Paranapanema River Basins in the state of São Paulo. The literature describes this space as a cultural interaction region, but there are few systematic studies. The review of an extensive bibliography and the organizing of an archaeological database helped to integrate information. This makes it possible to observe and understand the distribution of archaeological sites in the landscape, periods of occupation and regions with concentration of sites.
Key words: São Paulo, Jê, Tupi, border, archaeology
A bibliografia Kaingang reunida nesta edição contém um volume significativo, alcançando as maiore... more A bibliografia Kaingang reunida nesta edição contém um volume significativo, alcançando as maiores coleções de títulos publicados sobre povos indígenas sul-americanos. Dentre os grupos filiados ao tronco linguístico Macro-Jê, pelo menos quantitativamente, os Kaingang foram os mais citados em diferentes tipos de documentos. Um de nossos objetivos é colocar à disposição do público a vasta quantidade de referências sobre História, Etnologia, Linguística e Arqueologia produzidas sobre os Kaingang e os seus ascendentes, contribuindo para o desenvolvimento de futuras pesquisas. Outro, é que este trabalho contribua para o reconhecimento do conteúdo da bibliografia como instrumento para subsidiar as lutas dos Kaingang em defesa de sua autodeterminação e de suas terras. Afinal, eles representam uma das cinco maiores populações indígenas do Brasil, ultrapassando 20 mil pessoas. Entendemos, dessa forma, que a publicação da Bibliografia Kaingang poderá contribuir para chamar à atenção do público e de muitos académicos que este povo é sujeito ativo da história brasileira, bem além de mero objeto de pesquisa académica. Faz parte de um compromisso dos autores para com os Kaingang, visando que se deixe definitivamente de considerálos, como é o senso comum," ex-índios" ocupando terras que deveriam servir aos interesses desenvolvimentistas nacionais e locais. Como disse uma das autoras dessa bibliografia, Juracilda Veiga (1994: 1), sobre esse povo que luta para manter sua identidade e independência, há" o suficiente para ter certeza de que por trás de uma roupagem de'povo aculturado',
Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história, 2003
APRESENTAÇÃO GERAL
O projeto Gestão Ambiental na Terra Indígena Ivaí – Paraná, aprovado pelo Fun... more APRESENTAÇÃO GERAL O projeto Gestão Ambiental na Terra Indígena Ivaí – Paraná, aprovado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, em atendimento ao Edital nº 06/2001, em convênio com a Universidade Estadual de Maringá, Processo nº 0200.009103/2001-50, resultou no Diagnóstico Etno-Ambiental, ora apresentado. A Terra Indígena Ivaí é uma das dezenove áreas indígenas existentes hoje no Paraná, e foi homologada pelo Decreto nº 377 de 14/04/91, e demarcada administrativamente (DOU, 26/12/91), Reg. CRI em Pitanga, Comarca de Laranjeiras do Sul (3.652 ha). Matr. 17.489, Liv. 2 RG, fl. 1, em 07/02/92. Reg. CRI de Manoel Ribas, Comarca de Ivaiporã (3.654 ha), Matr. 25.752, s/Liv., fl. 01. Reg. SPU Cert. 10 em 02/08/94. A área que já foi de 36.000 hectares aproximadamente, cuja posse e usufruto o artigo nº 216 da Constituição Federal de 1946 assegurava, foi reduzida para 7.200 hectares com o acordo datado de 12 de maio de 1949. Antigamente ela era denominada “Toldo Ivaí” mais tarde essa denominação foi substituída por Posto Indígena “Cacique Gregório Kaeckchot” durante alguns anos, em homenagem ao cacique que prestou serviços à administração do S.P.I., Na comunidade Ivaí vivem hoje cerca de 287 famílias de Kaingang num total de 1085 pessoas. As famílias dessa comunidade vivem da agricultura, artesanato, rendas de aposentadoria e salários de alguns de seus componentes. A comunidade possui plantações de soja e milho além da lavoura de arroz cultivado pelo sistema familiar. Através da atividade artesanal, de responsabilidade das mulheres, são fabricados cestos, balaios e outros artigos de taquara, que são vendidos na cidade da região ou trocados por artigos e alimentos, que necessitam para consumo doméstico e que são adquiridos na cidade de Manoel Ribas, distante três quilômetros da sede da aldeia. O Diagnóstico Etno-Ambiental apresenta-se em três partes: A primeira, dividida em três capítulos, aborda a história dos Kaingang no vale do rio Ivaí e da T.I. Ivaí e seu entorno; a caracterização cultural e organização social e econômica e o diagnóstico da situação sócio-cultural e econômica da Terra Indígena Ivaí. A segunda parte trata da caracterização física da área. Dividida em cinco capítulos, ocupa-se dos levantamentos geológicos, geomorfológico, uso e ocupação do solo, rede hidrográfica e aspectos climáticos.
Com a progressiva ocupação das terras paranaenses pelos brancos que traziam uma nova forma de pro... more Com a progressiva ocupação das terras paranaenses pelos brancos que traziam uma nova forma de produzir, as transformações ocorridas na natureza foram enormes. Modificações de clima e solo que afetaram os sistemas hídricos, alterando o ecossistema da região. Considerando que: "a produção do espaço é um resultado lógico da produção da natureza", pode-se afirmar que, ao produzir uma segunda natureza no Paraná, o capitalismo estava produzindo um novo espaço geográfico propício à sua atuação e diferente do espaço tradicional das comunidades indígenas. Os campos gerais, os campos de Guarapuava, o norte e oeste do Paraná, passam a ser usados para a produção de mercadorias e a acumulação de riquezas. Se a natureza criada era muito diferente da que existia anteriormente, conforme mostrou Maack, o espaço que vai ganhando forma com a colonização também é diverso daquele ocupado pelas comunidades indígenas carregado de conteúdo social, histórico e até mesmo religioso. E os espaços submetidos à conquista existem a partir da ação exterior dos conquistadores e a História que dai surge ignora importantes acontecimentos como as invasões, a exploração, os conflitos e a resistência indígena. Pois, será dentro desta perspectiva que buscaremos mostrar que foi no bojo dessa transformação que se criou a idéia do "vazio demográfico", a ser ocupado pela colonização pioneira. Essa construção foi arquitetada e divulgada por muitos que pensaram a história da região: geógrafos, historiadores, sociólogos, representantes da burocracia estatal e dos órgãos colonizadores, e refletiu-se nos livros didáticos, poderosos instrumentos de normatização das idéias.
Resumo O objetivo deste é mostrar como os territórios dos índios Xetá, na Serra dos Dourados, for... more Resumo O objetivo deste é mostrar como os territórios dos índios Xetá, na Serra dos Dourados, foram retaliados e comercializados pelos governantes paranaenses. O recorte temporal começa em 1947, quando iniciam-se os trabalhos de topografia na região, e se estende até início da década de 1950, quando as primeiras expedições das companhias colonizadoras e do SPI vasculharam a Serra dos Dourados em busca dos grupos Xetá que lá viviam. Buscou-se a não reificação da história do quase extermínio do povo Xetá com explicações abrangentes, mas vazias e desubstancializadas, como: "foram vítimas do progresso", ou "exterminados pelo avanço da fronteira agrícola", "extintos pela expansão capitalista". O que se pretende é entender que os Xetá, apesar de estarem inseridos num processo histórico de expansão do capital para novas fronteiras, onde seus territórios eram vistos como oportunidades de negócios, não estavam inertes diante da frente de ocupação. Eles sabiam que os invasores estavam chegando, e agiram para contrapor a ocupação de seus territórios e a sua eliminação física. Dessa forma, sobreviveram ao extermínio, se reorganizaram, continuaram suas lutas, e hoje reivindicam não mais aparecer na história como um povo extinto.
Abstract The invasion of Xetá territories in the Serra dos Dourados, Brazil, in mid-20 th Century Current paper analyzes how the territories of Xetá populations in the Serra dos Dourados in the northwestern region of the state of Paraná, Brazil, were fragmented and commercialized by several administrations of the Paraná in mid-20 th century. Current investigation does not focus on the reification of the history involving almost the total extinction of Xetá populations with in-depth but empty explanations such as the statements: "They were the victims of progress" or "they were exterminated due to the westernization of the agricultural frontier", or "they became extinct due to capitalist expansion" or "their land became an opportunity for high business". They did not remain passive in the wake of invasion and occupation of their lands. They knew that the invaders were arriving and acted against the occupation of their lands and their physical extinction. They investigated the strategies of the invaders and developed means to deal with them. They became historical subjects and not mere passive spectators. In fact, they survived extinction and refused to appear in the annals of history as an extinct people. Resumen La invasión de los territorios del Pueblo Xetá en la Sierra de Dourados, a mediados del siglo XX El objetivo de esta reflexión es mostrar cómo los territorios de los indios Xetá, en la sierra de Dourados (Estado de Paraná, Brasil), fueron apropiados y comercializados por los gobernantes del Estado de Paraná. El período considerado se inicia en 1947, cuando comenzaron los trabajos topográficos en la región, y se extiende hasta comienzos de la década de 1950, cuando las primeras expediciones de las compañías colonizadoras y del SPI barrieron la Sierra de Dourados persiguiendo los grupos Xetá que vivían en la región. Lo que se buscó fue la no reificación de la historia del casi exterminio del pueblo Xetá con explicaciones abarcadoras pero vacías y sin substancia, tales como "fueron víctimas del progreso", "fueron exterminados por el avance de la frontera agrícola" o "desaparecieron por la expansión capitalista". Aquí se pretende demostrar que los Xetá, a pesar de haber sido incorporados a un proceso histórico de expansión del capital hacia nuevas fronteras agrícolas que veía sus territorios como oportunidades de negocio, no permanecieron pasivos frente al proceso de ocupación. Sabiendo que los invasores estaban llegando, reaccionaron para oponerse a la ocupación de sus territorios y para evitar su eliminación física. Así sobrevivieron al exterminio, se reorganizaron, continuaron luchando y hoy sobreviven reivindicando su derecho a no figurar más en la escrita de la historia como un pueblo desaparecido. Artigo recebido em 30/09/2017. Aprovado em 04/12/2017 Esse texto é parte de uma pesquisa mais ampla sobre a história dos índios Xetá, que teve início em 2010 com o Projeto JANÉ REKÓ PARANUHÁ (O Contar de Nossa Existência) Programa Interinstitucional e Multidisciplinar de Pesquisa Sobre o Povo Xetá, que envolveu pesquisadores da UNB, UFMT, UEM e o Museu Paranaense. Contou com financiamento da CAPES, Edital 07 Capes Pró-Cultura, e teve continuidade, a partir de 2013, com o Projeto A história do povo indígena Xetá no Paraná: 1940 a 1967, financiado pela Fundação Araucária do Paraná Diálogos http://dx.doi.org/10.4025/dialogos.v21i3
Resumo: Até os anos setenta, supunha-se que os índios não tinham futuro, nem passado; colocava-se... more Resumo: Até os anos setenta, supunha-se que os índios não tinham futuro, nem passado; colocava-se a sua irreversível assimilação à sociedade envolvente, e seu fim diante do avanço capitalista nas áreas de fronteira. A partir dos anos oitenta a situação começou a mudar. E as questões relacionadas com as populações indígenas passaram a ser objetos de estudos. Dentre elas as representações das populações indígenas existentes nos livros didáticos. Dessa forma, nossa proposta é de verificar essas representações num texto específico-Toda a História, de José Jobson de A. Arruda e Nelson Piletti-adotado, desde sua primeira edição, nas vinte e uma escolas públicas de ensino médio de Maringá, atingindo no ano de 1998, um número de 14.212 alunos. Palavras-chave: Etna-história, Livros didáticos, Populações indígenas. Etno-história indígena e os livros didáticos Até os anos de 1970, era comum a suposição de que as populações indígenas não tinham futuro. Admitia-se como verdade estabelecida a sua irreversível assimilação à sociedade envolvente e seu fim diante da expansão da economia capitalista. Também era lugar-comum a idéia de que não tinham passado. Os historiadores não se interessavam por elas por motivos metodológicos, pois se perguntavam: como estudar povos sem escrita? Temiam o campo das tradições orais ou o mergulho na
Resumo: Nas últimas três décadas, houve crescimento da pesquisa sobre a história das populações i... more Resumo: Nas últimas três décadas, houve crescimento da pesquisa sobre a história das populações indígenas no Brasil, posicionando essas populações enquanto protagonistas e não apenas como vítimas da inexorabilidade histórica de ocupação de seus territórios pelas frentes de ocupação. Esse protagonismo, se por um lado evidenciou as populações indígenas como sujeitos de suas histórias, por outro colocou questões teóricas e metodológicas tanto para o campo da História como para a Antropologia que ainda são intensamente debatidas por aqueles que pesquisam nesses campos. Propõe-se aqui uma reflexão sobre a temática da história indígena a partir de sua matriz norte-americana, discutida desde a Conferência de história indígena de Columbus, em Ohio, em 1953. Palavras-chave: Etno-história. História indígena. História dos índios. Ethno-history: A methodology for the transdisciplinary approach of the history of indigenous peoples Abstract: Research on the indigenous peoples in Brazil has been on the rise during the last thirty years, underscoring their agency rather than conditioning them as victims of historical inexorability through the invasion and occupation of their lands by occupying forces. If, on the one hand, such protagonism placed indigenous peoples as subjects of their history, on the other hand, it forwarded theoretical and methodological issues within the field of history and anthropology which are still hotly debated by researchers versed in these fields. The current paper brings to the fore an investigation on the theme of indigenous history from its North American matrix discussed since the 1953 Indigenous History Conference in Columbus, Ohio.
O intuito da pesquisa é identificar e compreender as fronteiras étnicas arqueológicas entre os gr... more O intuito da pesquisa é identificar e compreender as fronteiras étnicas arqueológicas entre os grupos produtores de cerâmica na região compreendida entre os Rios Tietê e Paranapamena, isto é, oeste e sul do Estado de São Paulo. Nesse sentido, a pesquisa perpassou por um longo processo de levantamento de dados, junto ao Arquivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, na Superintendência de São Paulo (IPHAN-SP), bibliotecas privadas de empresas de arqueologia preventiva e também na Biblioteca do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE/USP. Reunimos grande parte da bibliografia que envolve a região estudada com o recorte voltado à temática dos grupos ceramistas.
Métodos de análise espacial para sítios arqueológicos: um modelo preditivo para o Estado de São Paulo, 2018
In this article we intend to present an overview of the recent virtual modeling methods to estima... more In this article we intend to present an overview of the recent virtual modeling methods to estimate the occupation of ceramics groups in the landscape in the São Paulo state. For this we used the methods known as Kernel Method, IDW Modeling, Kriging and Simple Predictive Modeling. Such methods can corroborate to understand the dispersion of Itararé-Taquara and Tupiguarani Tradition in the western and southern regions in São Paulo, allowing their differentiation from, and not only, a ceramic characterization but also by their location in the landscape. We stress the importance of virtual predictive models to guide future archeological studies in the São Paulo state.
Os Tupiguarani e os Itararé-Taquara no cenário paulista – uma abordagem metodológica. Tupi and Jê in São Paulo scenario – a methodological approach, 2019
We present the methodological approach of the first author's doctoral research project and some p... more We present the methodological approach of the first author's doctoral research project and some partial results of this research that started in 2013. The aim of this project is to study the ceramic groups who lived in the region between the Tietê and Paranapanema River Basins in the state of São Paulo. The literature describes this space as a cultural interaction region, but there are few systematic studies. The review of an extensive bibliography and the organizing of an archaeological database helped to integrate information. This makes it possible to observe and understand the distribution of archaeological sites in the landscape, periods of occupation and regions with concentration of sites.
Key words: São Paulo, Jê, Tupi, border, archaeology
A bibliografia Kaingang reunida nesta edição contém um volume significativo, alcançando as maiore... more A bibliografia Kaingang reunida nesta edição contém um volume significativo, alcançando as maiores coleções de títulos publicados sobre povos indígenas sul-americanos. Dentre os grupos filiados ao tronco linguístico Macro-Jê, pelo menos quantitativamente, os Kaingang foram os mais citados em diferentes tipos de documentos. Um de nossos objetivos é colocar à disposição do público a vasta quantidade de referências sobre História, Etnologia, Linguística e Arqueologia produzidas sobre os Kaingang e os seus ascendentes, contribuindo para o desenvolvimento de futuras pesquisas. Outro, é que este trabalho contribua para o reconhecimento do conteúdo da bibliografia como instrumento para subsidiar as lutas dos Kaingang em defesa de sua autodeterminação e de suas terras. Afinal, eles representam uma das cinco maiores populações indígenas do Brasil, ultrapassando 20 mil pessoas. Entendemos, dessa forma, que a publicação da Bibliografia Kaingang poderá contribuir para chamar à atenção do público e de muitos académicos que este povo é sujeito ativo da história brasileira, bem além de mero objeto de pesquisa académica. Faz parte de um compromisso dos autores para com os Kaingang, visando que se deixe definitivamente de considerálos, como é o senso comum," ex-índios" ocupando terras que deveriam servir aos interesses desenvolvimentistas nacionais e locais. Como disse uma das autoras dessa bibliografia, Juracilda Veiga (1994: 1), sobre esse povo que luta para manter sua identidade e independência, há" o suficiente para ter certeza de que por trás de uma roupagem de'povo aculturado',
Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história, 2003
APRESENTAÇÃO GERAL
O projeto Gestão Ambiental na Terra Indígena Ivaí – Paraná, aprovado pelo Fun... more APRESENTAÇÃO GERAL O projeto Gestão Ambiental na Terra Indígena Ivaí – Paraná, aprovado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, em atendimento ao Edital nº 06/2001, em convênio com a Universidade Estadual de Maringá, Processo nº 0200.009103/2001-50, resultou no Diagnóstico Etno-Ambiental, ora apresentado. A Terra Indígena Ivaí é uma das dezenove áreas indígenas existentes hoje no Paraná, e foi homologada pelo Decreto nº 377 de 14/04/91, e demarcada administrativamente (DOU, 26/12/91), Reg. CRI em Pitanga, Comarca de Laranjeiras do Sul (3.652 ha). Matr. 17.489, Liv. 2 RG, fl. 1, em 07/02/92. Reg. CRI de Manoel Ribas, Comarca de Ivaiporã (3.654 ha), Matr. 25.752, s/Liv., fl. 01. Reg. SPU Cert. 10 em 02/08/94. A área que já foi de 36.000 hectares aproximadamente, cuja posse e usufruto o artigo nº 216 da Constituição Federal de 1946 assegurava, foi reduzida para 7.200 hectares com o acordo datado de 12 de maio de 1949. Antigamente ela era denominada “Toldo Ivaí” mais tarde essa denominação foi substituída por Posto Indígena “Cacique Gregório Kaeckchot” durante alguns anos, em homenagem ao cacique que prestou serviços à administração do S.P.I., Na comunidade Ivaí vivem hoje cerca de 287 famílias de Kaingang num total de 1085 pessoas. As famílias dessa comunidade vivem da agricultura, artesanato, rendas de aposentadoria e salários de alguns de seus componentes. A comunidade possui plantações de soja e milho além da lavoura de arroz cultivado pelo sistema familiar. Através da atividade artesanal, de responsabilidade das mulheres, são fabricados cestos, balaios e outros artigos de taquara, que são vendidos na cidade da região ou trocados por artigos e alimentos, que necessitam para consumo doméstico e que são adquiridos na cidade de Manoel Ribas, distante três quilômetros da sede da aldeia. O Diagnóstico Etno-Ambiental apresenta-se em três partes: A primeira, dividida em três capítulos, aborda a história dos Kaingang no vale do rio Ivaí e da T.I. Ivaí e seu entorno; a caracterização cultural e organização social e econômica e o diagnóstico da situação sócio-cultural e econômica da Terra Indígena Ivaí. A segunda parte trata da caracterização física da área. Dividida em cinco capítulos, ocupa-se dos levantamentos geológicos, geomorfológico, uso e ocupação do solo, rede hidrográfica e aspectos climáticos.
Uploads
Papers by Lúcio T Mota
Considerando que: "a produção do espaço é um resultado lógico da produção da natureza", pode-se afirmar que, ao produzir uma segunda natureza no Paraná, o capitalismo estava produzindo um novo espaço geográfico propício à sua atuação e diferente do espaço tradicional das comunidades indígenas. Os campos gerais, os campos de Guarapuava, o norte e oeste do Paraná, passam a ser usados para a produção de mercadorias e a acumulação de riquezas.
Se a natureza criada era muito diferente da que existia anteriormente, conforme mostrou Maack, o espaço que vai ganhando forma com a colonização também é diverso daquele ocupado pelas comunidades indígenas carregado de conteúdo social, histórico e até mesmo religioso. E os espaços submetidos à conquista existem a partir da ação exterior dos conquistadores e a História que dai surge ignora importantes acontecimentos como as invasões, a exploração, os conflitos e a resistência indígena. Pois, será dentro desta perspectiva que buscaremos mostrar que foi no bojo dessa transformação que se criou a idéia do "vazio demográfico", a ser ocupado pela colonização pioneira.
Essa construção foi arquitetada e divulgada por muitos que pensaram a história da região: geógrafos, historiadores, sociólogos, representantes da burocracia estatal e dos órgãos colonizadores, e refletiu-se nos livros didáticos, poderosos instrumentos de normatização das idéias.
Abstract The invasion of Xetá territories in the Serra dos Dourados, Brazil, in mid-20 th Century Current paper analyzes how the territories of Xetá populations in the Serra dos Dourados in the northwestern region of the state of Paraná, Brazil, were fragmented and commercialized by several administrations of the Paraná in mid-20 th century. Current investigation does not focus on the reification of the history involving almost the total extinction of Xetá populations with in-depth but empty explanations such as the statements: "They were the victims of progress" or "they were exterminated due to the westernization of the agricultural frontier", or "they became extinct due to capitalist expansion" or "their land became an opportunity for high business". They did not remain passive in the wake of invasion and occupation of their lands. They knew that the invaders were arriving and acted against the occupation of their lands and their physical extinction. They investigated the strategies of the invaders and developed means to deal with them. They became historical subjects and not mere passive spectators. In fact, they survived extinction and refused to appear in the annals of history as an extinct people.
Resumen La invasión de los territorios del Pueblo Xetá en la Sierra de Dourados, a mediados del siglo XX El objetivo de esta reflexión es mostrar cómo los territorios de los indios Xetá, en la sierra de Dourados (Estado de Paraná, Brasil), fueron apropiados y comercializados por los gobernantes del Estado de Paraná. El período considerado se inicia en 1947, cuando comenzaron los trabajos topográficos en la región, y se extiende hasta comienzos de la década de 1950, cuando las primeras expediciones de las compañías colonizadoras y del SPI barrieron la Sierra de Dourados persiguiendo los grupos Xetá que vivían en la región. Lo que se buscó fue la no reificación de la historia del casi exterminio del pueblo Xetá con explicaciones abarcadoras pero vacías y sin substancia, tales como "fueron víctimas del progreso", "fueron exterminados por el avance de la frontera agrícola" o "desaparecieron por la expansión capitalista". Aquí se pretende demostrar que los Xetá, a pesar de haber sido incorporados a un proceso histórico de expansión del capital hacia nuevas fronteras agrícolas que veía sus territorios como oportunidades de negocio, no permanecieron pasivos frente al proceso de ocupación. Sabiendo que los invasores estaban llegando, reaccionaron para oponerse a la ocupación de sus territorios y para evitar su eliminación física. Así sobrevivieron al exterminio, se reorganizaron, continuaron luchando y hoy sobreviven reivindicando su derecho a no figurar más en la escrita de la historia como un pueblo desaparecido. Artigo recebido em 30/09/2017. Aprovado em 04/12/2017 Esse texto é parte de uma pesquisa mais ampla sobre a história dos índios Xetá, que teve início em 2010 com o Projeto JANÉ REKÓ PARANUHÁ (O Contar de Nossa Existência) Programa Interinstitucional e Multidisciplinar de Pesquisa Sobre o Povo Xetá, que envolveu pesquisadores da UNB, UFMT, UEM e o Museu Paranaense. Contou com financiamento da CAPES, Edital 07 Capes Pró-Cultura, e teve continuidade, a partir de 2013, com o Projeto A história do povo indígena Xetá no Paraná: 1940 a 1967, financiado pela Fundação Araucária do Paraná Diálogos http://dx.doi.org/10.4025/dialogos.v21i3
We stress the importance of virtual predictive models to guide future archeological studies in the São Paulo state.
Key words: São Paulo, Jê, Tupi, border, archaeology
Books by Lúcio T Mota
O projeto Gestão Ambiental na Terra Indígena Ivaí – Paraná, aprovado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, em atendimento ao Edital nº 06/2001, em convênio com a Universidade Estadual de Maringá, Processo nº 0200.009103/2001-50, resultou no Diagnóstico Etno-Ambiental, ora apresentado.
A Terra Indígena Ivaí é uma das dezenove áreas indígenas existentes hoje no Paraná, e foi homologada pelo Decreto nº 377 de 14/04/91, e demarcada administrativamente (DOU, 26/12/91), Reg. CRI em Pitanga, Comarca de Laranjeiras do Sul (3.652 ha). Matr. 17.489, Liv. 2 RG, fl. 1, em 07/02/92. Reg. CRI de Manoel Ribas, Comarca de Ivaiporã (3.654 ha), Matr. 25.752, s/Liv., fl. 01. Reg. SPU Cert. 10 em 02/08/94.
A área que já foi de 36.000 hectares aproximadamente, cuja posse e usufruto o artigo nº 216 da Constituição Federal de 1946 assegurava, foi reduzida para 7.200 hectares com o acordo datado de 12 de maio de 1949.
Antigamente ela era denominada “Toldo Ivaí” mais tarde essa denominação foi substituída por Posto Indígena “Cacique Gregório Kaeckchot” durante alguns anos, em homenagem ao cacique que prestou serviços à administração do S.P.I., Na comunidade Ivaí vivem hoje cerca de 287 famílias de Kaingang num total de 1085 pessoas. As famílias dessa comunidade vivem da agricultura, artesanato, rendas de aposentadoria e salários de alguns de seus componentes. A comunidade possui plantações de soja e milho além da lavoura de arroz cultivado pelo sistema familiar. Através da atividade artesanal, de responsabilidade das mulheres, são fabricados cestos, balaios e outros artigos de taquara, que são vendidos na cidade da região ou trocados por artigos e alimentos, que necessitam para consumo doméstico e que são adquiridos na cidade de Manoel Ribas, distante três quilômetros da sede da aldeia.
O Diagnóstico Etno-Ambiental apresenta-se em três partes: A primeira, dividida em três capítulos, aborda a história dos Kaingang no vale do rio Ivaí e da T.I. Ivaí e seu entorno; a caracterização cultural e organização social e econômica e o diagnóstico da situação sócio-cultural e econômica da Terra Indígena Ivaí.
A segunda parte trata da caracterização física da área. Dividida em cinco capítulos, ocupa-se dos levantamentos geológicos, geomorfológico, uso e ocupação do solo, rede hidrográfica e aspectos climáticos.
Considerando que: "a produção do espaço é um resultado lógico da produção da natureza", pode-se afirmar que, ao produzir uma segunda natureza no Paraná, o capitalismo estava produzindo um novo espaço geográfico propício à sua atuação e diferente do espaço tradicional das comunidades indígenas. Os campos gerais, os campos de Guarapuava, o norte e oeste do Paraná, passam a ser usados para a produção de mercadorias e a acumulação de riquezas.
Se a natureza criada era muito diferente da que existia anteriormente, conforme mostrou Maack, o espaço que vai ganhando forma com a colonização também é diverso daquele ocupado pelas comunidades indígenas carregado de conteúdo social, histórico e até mesmo religioso. E os espaços submetidos à conquista existem a partir da ação exterior dos conquistadores e a História que dai surge ignora importantes acontecimentos como as invasões, a exploração, os conflitos e a resistência indígena. Pois, será dentro desta perspectiva que buscaremos mostrar que foi no bojo dessa transformação que se criou a idéia do "vazio demográfico", a ser ocupado pela colonização pioneira.
Essa construção foi arquitetada e divulgada por muitos que pensaram a história da região: geógrafos, historiadores, sociólogos, representantes da burocracia estatal e dos órgãos colonizadores, e refletiu-se nos livros didáticos, poderosos instrumentos de normatização das idéias.
Abstract The invasion of Xetá territories in the Serra dos Dourados, Brazil, in mid-20 th Century Current paper analyzes how the territories of Xetá populations in the Serra dos Dourados in the northwestern region of the state of Paraná, Brazil, were fragmented and commercialized by several administrations of the Paraná in mid-20 th century. Current investigation does not focus on the reification of the history involving almost the total extinction of Xetá populations with in-depth but empty explanations such as the statements: "They were the victims of progress" or "they were exterminated due to the westernization of the agricultural frontier", or "they became extinct due to capitalist expansion" or "their land became an opportunity for high business". They did not remain passive in the wake of invasion and occupation of their lands. They knew that the invaders were arriving and acted against the occupation of their lands and their physical extinction. They investigated the strategies of the invaders and developed means to deal with them. They became historical subjects and not mere passive spectators. In fact, they survived extinction and refused to appear in the annals of history as an extinct people.
Resumen La invasión de los territorios del Pueblo Xetá en la Sierra de Dourados, a mediados del siglo XX El objetivo de esta reflexión es mostrar cómo los territorios de los indios Xetá, en la sierra de Dourados (Estado de Paraná, Brasil), fueron apropiados y comercializados por los gobernantes del Estado de Paraná. El período considerado se inicia en 1947, cuando comenzaron los trabajos topográficos en la región, y se extiende hasta comienzos de la década de 1950, cuando las primeras expediciones de las compañías colonizadoras y del SPI barrieron la Sierra de Dourados persiguiendo los grupos Xetá que vivían en la región. Lo que se buscó fue la no reificación de la historia del casi exterminio del pueblo Xetá con explicaciones abarcadoras pero vacías y sin substancia, tales como "fueron víctimas del progreso", "fueron exterminados por el avance de la frontera agrícola" o "desaparecieron por la expansión capitalista". Aquí se pretende demostrar que los Xetá, a pesar de haber sido incorporados a un proceso histórico de expansión del capital hacia nuevas fronteras agrícolas que veía sus territorios como oportunidades de negocio, no permanecieron pasivos frente al proceso de ocupación. Sabiendo que los invasores estaban llegando, reaccionaron para oponerse a la ocupación de sus territorios y para evitar su eliminación física. Así sobrevivieron al exterminio, se reorganizaron, continuaron luchando y hoy sobreviven reivindicando su derecho a no figurar más en la escrita de la historia como un pueblo desaparecido. Artigo recebido em 30/09/2017. Aprovado em 04/12/2017 Esse texto é parte de uma pesquisa mais ampla sobre a história dos índios Xetá, que teve início em 2010 com o Projeto JANÉ REKÓ PARANUHÁ (O Contar de Nossa Existência) Programa Interinstitucional e Multidisciplinar de Pesquisa Sobre o Povo Xetá, que envolveu pesquisadores da UNB, UFMT, UEM e o Museu Paranaense. Contou com financiamento da CAPES, Edital 07 Capes Pró-Cultura, e teve continuidade, a partir de 2013, com o Projeto A história do povo indígena Xetá no Paraná: 1940 a 1967, financiado pela Fundação Araucária do Paraná Diálogos http://dx.doi.org/10.4025/dialogos.v21i3
We stress the importance of virtual predictive models to guide future archeological studies in the São Paulo state.
Key words: São Paulo, Jê, Tupi, border, archaeology
O projeto Gestão Ambiental na Terra Indígena Ivaí – Paraná, aprovado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente, em atendimento ao Edital nº 06/2001, em convênio com a Universidade Estadual de Maringá, Processo nº 0200.009103/2001-50, resultou no Diagnóstico Etno-Ambiental, ora apresentado.
A Terra Indígena Ivaí é uma das dezenove áreas indígenas existentes hoje no Paraná, e foi homologada pelo Decreto nº 377 de 14/04/91, e demarcada administrativamente (DOU, 26/12/91), Reg. CRI em Pitanga, Comarca de Laranjeiras do Sul (3.652 ha). Matr. 17.489, Liv. 2 RG, fl. 1, em 07/02/92. Reg. CRI de Manoel Ribas, Comarca de Ivaiporã (3.654 ha), Matr. 25.752, s/Liv., fl. 01. Reg. SPU Cert. 10 em 02/08/94.
A área que já foi de 36.000 hectares aproximadamente, cuja posse e usufruto o artigo nº 216 da Constituição Federal de 1946 assegurava, foi reduzida para 7.200 hectares com o acordo datado de 12 de maio de 1949.
Antigamente ela era denominada “Toldo Ivaí” mais tarde essa denominação foi substituída por Posto Indígena “Cacique Gregório Kaeckchot” durante alguns anos, em homenagem ao cacique que prestou serviços à administração do S.P.I., Na comunidade Ivaí vivem hoje cerca de 287 famílias de Kaingang num total de 1085 pessoas. As famílias dessa comunidade vivem da agricultura, artesanato, rendas de aposentadoria e salários de alguns de seus componentes. A comunidade possui plantações de soja e milho além da lavoura de arroz cultivado pelo sistema familiar. Através da atividade artesanal, de responsabilidade das mulheres, são fabricados cestos, balaios e outros artigos de taquara, que são vendidos na cidade da região ou trocados por artigos e alimentos, que necessitam para consumo doméstico e que são adquiridos na cidade de Manoel Ribas, distante três quilômetros da sede da aldeia.
O Diagnóstico Etno-Ambiental apresenta-se em três partes: A primeira, dividida em três capítulos, aborda a história dos Kaingang no vale do rio Ivaí e da T.I. Ivaí e seu entorno; a caracterização cultural e organização social e econômica e o diagnóstico da situação sócio-cultural e econômica da Terra Indígena Ivaí.
A segunda parte trata da caracterização física da área. Dividida em cinco capítulos, ocupa-se dos levantamentos geológicos, geomorfológico, uso e ocupação do solo, rede hidrográfica e aspectos climáticos.