PARECIA QUE A COLHEITA da safra 2023 no Rio Grande do Sul seria tranquila até quarta-feira, 22 de fevereiro. Uma Quarta-feira de Cinzas. Não, não foi o clima que causou transtornos para os produtores, mas um problema que vai além do terroir. Naquela noite, após denúncia, Ministério Público e Polícia Federal fizeram uma operação para resgatar trabalhadores em situação análoga à escravidão que estavam em um alojamento de uma empresa de mão de obra terceirizada que prestava serviço para vinícolas da Serra Gaúcha. Cerca de 200 pessoas foram resgatadas, a maioria vinda da Bahia.
O caso, obviamente, causou surpresa e comoção em todo o setor vitivinícola, assim como em consumidores. O dono da Fênix Serviços, que mantinha os trabalhadores em situação degradante, foi preso, mas logo solto sob fiança. As vinícolas que usaram dos serviços da Fênix (Aurora, Garibaldi e Salton) afirmaram desconhecer as práticas (já que em seus ambientes os trabalhadores