A PRIMEIRA VEZ QUE FUI À GALÍCIA, como jornalista de vinhos, foi há cerca de 15 anos. Meu editor na época, no entanto, não estava muito convencido da viagem. Não via sentido em escrever outro artigo sobre Albariños leves e crocantes para comer com polvo. Era meados do ano 2000 e o que se sabia sobre a Galícia, fora das fronteiras da Espanha, mesmo fora das fronteiras da própria Galícia, era precisamente aquelas garrafas brancas tipo flauta, servidas em copo (não em taça), para acompanhar o “pulpo à feira” (polvo à moda galega) em seu típico prato de madeira.
No entanto, e imagino que, por essas coisas do destino, o que vendi ao meu editor foi um artigo de empanadas, a outra grande especialidade galega, enormes empanadas, como tortas, recheadas com sardinha ou atum ou, melhor ainda, com lampreias, aquelas espécies de cobras com sugadoros estilos de empanadas, algumas receitas e também, se eu encontrar algo mais do que Albariño, escrevo um box sobre novos vinhos galegos”, disse algo assim para ele. E com algumas dúvidas, ele me atribuiu a reportagem. Há quinze anos, a Espanha ainda não tinha embarcado totalmente no “vamos fazer vinhos leves e frescos”.