Esta brava e estoica gente das Gerais
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Sobre este e-book
An authentic and amazing trip to the past of Minas Gerais, Brazil, in search of the authors family's roots. Two families connected by marriage in 1973 and their history up to the 16th Century. This book could very well be called "Family Portrait" because it contains many old photos of some of their distinguished members. In Portuguese only.
Breve genealogia e história de dois troncos familiares em Minas Gerais: Leite Dias (Sul de Minas) e Alves Pinto Muzzi (região do minério), ligados pelo casamento de dois de seus membros em 1973. Publicado apenas em Português.
Carlos Gentil Vieira
Carlos Gentil Vieira nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil e mora na cidade do Rio de Janeiro há muitos anos. Começou sua atividade de escritor aos nove anos de idade, no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, quando escreveu "O Reino sem Sossego", um livro cujos originais (com ilustrações do autor) se perderam no tempo, depois de várias tentativas de edição. Ainda não existia a Smashwords. Depois disso, na vida adulta, escreveu em parceria um livro na área de Administração de Empresas chamado "O Gerente Animador". E, depois, vieram outros livros, todos disponíveis aqui no formato de eBook. O autor confessa que adora a comida típica mineira, e arrisca uma cachaça de vez em quando. Tem preferência pela "Bento Velho", de Conceição do Mato Dentro. Carlos Gentil Vieira was born in Belo Horizonte, MG, Brazil, and has lived in Rio de Janeiro for a long time. He loves typical Minas Gerais cuisine, with dishes such as "frango com quiabo", "canjinquinha com costelinha" and "feijão tropeiro". Sometimes, as traditional in his state, he drinks an authentic "cachaça", which he recommends to adults as a healthy habit.
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Esta brava e estoica gente das Gerais - Carlos Gentil Vieira
Apresentação
Talvez fosse mais apropriado chamarmos este livro de Álbum de Família
. Aquele álbum grande, com fotografias ainda em preto e branco, que minha mãe guardava com carinho em uma das gavetas do seu armário do quarto. E que, durante as madrugadas de insônia, tirava, cuidadosamente, para ver as fotos dos meninos. Então, suspirava fundo com saudade de tempos passados. Todos ali sorridentes, alegres, com uma vida inteira pela frente.
Os autores reuniram, durante o ano de 2007, uma série de informações dispersas sobre dois troncos familiares: as famílias de vovó Cici e de vovó Zezé. Obviamente, com várias lacunas e imprecisões. Mas julgaram, naquela época, que seria muito importante para as futuras gerações organizar o que tinham aprendido e pesquisado sobre suas respectivas famílias. A princípio, tudo parecia muito nebuloso e distante. Como era o nome de seu bisavô?
, perguntava um. O nome inteiro eu não sei
, respondia outra. E por aí foram buscando dados e informações com quem deveria saber. Com quem convivera com este ou aquele personagem. Foi desta verdadeira colcha de retalhos que um texto precário foi surgindo, e depois aprimorado aqui e ali. Resultou em trabalho distribuído por email para irmãos, tios e primos. Novas observações, acréscimos e correções foram feitas.
Agora, julgaram os autores ser apropriado reunir os dois estudos em um único livro. É este que aqui está, juntando dois troncos mineiros distintos, que se uniram pelo casamento no ano de 1973 na Igrejinha do Ó, em Sabará: as famílias Leite Dias e Alves Pinto Muzzi.
Sabará-MG, 1973 (Foto Otávio Sampaio de Almeida)
PARTE I
Família Leite Dias
títulos: Souza Dias, Prado, Sales, Gonçalves Leite
Uma breve explicação
Toda família tem alguém que se propõe, em determinado momento, a registrar aquelas histórias muito antigas que nossos pais contavam, a genealogia, as origens mais remotas dos nomes, com o objetivo de legar às gerações futuras um pouco do conhecimento familiar. É afinal a busca de uma resposta para a indagação quem somos nós?
. Acho que estou desempenhando este papel agora. As minhas filhas deixam transparecer isto pelos semblantes de enfado. E como cheguei a este ponto? Talvez pelos meus abundantes (e ao mesmo tempo cada vez mais raros) cabelos brancos, e na ausência do titular, meu irmão José Flávio, que nós chamávamos de Zequinha (o nosso honke, na tradição japonesa, como me ensinou minha amiga Shinobu Kasahara).
Pois bem, foi assim de repente que me assaltou aquela vontade de conhecer mais um pouco de onde viemos (puedo, en fin, entregarme al culto de los mayores, como dizia Jorge Luis Borges), e saí pesquisando e perguntando.
Levei um susto. Encontrei um primo aqui no Rio, Antônio Xavier, que mantém um banco de dados com todas as datas relevantes da família do meu pai e da minha mãe, e não me conhecia. Um espanto. Encontrei na internet uma foto da família da tia Wanda, em que ela aparece aí com uns doze ou treze anos. Encontrei fotos da Fazenda da Capoeirinha, antiga Fazenda da Laje (Alfenas-MG), onde meus pais se casaram e nasceu meu irmão mais velho. Recebi de um primo de São José do Rio Pardo (SP), Eduardo Dias Roxo Nobre, as origens da família Dias lá em Penafiel, Portugal. Recebi de outro primo, Luiz Henrique Ribeiro, de Presidente Prudente (SP), muita coisa sobre o bisavô Umbelino e seus filhos.
Conversei com a prima Dulce, aqui do Rio, sobre o tio Marcos do Baguari, bisavô dela. Descobri que a família Leite vem da Campanha (através de outra prima aqui do Rio, Gema) e de Paraguaçu, mais do que de Alfenas.
Recebi da minha prima Layza (Dias) Swerts de Oliveira, entre muitas coisas, os nomes de todos os parentes Souza Dias, e uma foto da minha mãe com uns quinze anos presumíveis. Depois, descobri que os Souza Dias vieram da região de São João del Rei e Tiradentes.
Recebi do primo Ricardo Moreira Rebello um livro de mais de 1.200 páginas sobre O Município de Machado até a virada do milênio, onde encontrei dados sobre o Dr. Flávio de Salles Dias, político e advogado, além de citações de meu pai, tios, e avós. E descobri que o Dr. Flávio era também da família Prado. E, finalmente, depois de publicada a primeira versão deste trabalho, recebi valiosas contribuições da prima Sílvia Buttros, de Varginha (MG), nome bastante conhecido nas sociedades de genealogia.
O primo José Hermano Prado, outro genealogista de mão cheia, teve a gentileza de me enviar dois alentados volumes sobre a família Prado e a família Gonçalves Leite.
Para simplificar, aprendi muito e constatei que há um grande conhecimento disperso sobre o passado esperando apenas que se pergunte por ele. E que, infelizmente, as informações sobre o passado vão se perdendo muito rapidamente.
Quando minha filha Barbara me perguntou qual era mesmo o nome do meu pai, senti que precisava colocar no papel o que eu sabia, antes que fosse tarde demais.
Carlos Gentil Dias Vieira
Rio de Janeiro
Fazenda da Capoeirinha. Alfenas-MG (Fotos do autor de 1972)
Fazenda da Capoeirinha, vista do terreiro de café,
Zequinha apreciando a casa onde nasceu em 1926.
Flávio e Mathilde
O Dr. Flávio de Salles Dias, meu avô, nasceu em Machado- MG em 24/3/1870. Nesta altura chamava-se ainda Santo Antônio do Machado, e pertencia ao município de Alfenas. O município de Machado só foi desmembrado, oficialmente, em 1880, composto também das paróquias de Carmo da Escaramuça (Paraguaçu) e Douradinho. Ele era filho de Umbelino e Umbelina. Não é muita coincidência?
Seu Umbelino da Laje, como ficou conhecido naquela época, chamava-se Umbelino Souza Dias, também nascido em Machado (1837), filho do capitão Pio de Souza Dias (1810-1879) e Emirena Umbelina da Silva, neto do capitão-mor Custódio José Dias, este uma espécie de patriarca da mais numerosa família de Machado (vou falar deles um pouco mais adiante). Todo mundo diz que é descendente do Custódio. Este foi sepultado na Matriz de São José e N. S. das Dores de Alfenas (a minha irmã Verinha até obteve para mim o registro paroquial). Era dono da enorme fazenda da Cachoeira, grande parte em terras de Machado, Alfenas e Fama, depois dividida em muitas outras fazendas, algumas conservando o nome até hoje e de propriedade de descendentes. Sua casa (da cidade) era mesmo em Alfenas, onde passou os últimos dias seu irmão mais velho, o Padre José Custódio Dias, que foi Senador do Império.
D. Umbelina Carolina de Salles Dias (em solteira Umbelina Carolina Prado de Salles) nasceu em Carmo da Escaramuça (depois Paraguaçu-MG) em 1842, e era conhecida, na família, como tia Belina. Era neta de Manoel Luiz Ferreira do Prado, nascido em Santa Bárbara, quem diria (segundo pesquisas de Sílvia Buttros), que requereu uma sesmaria