Assassinato na Rua Lombard, 113
De Tony Ruano
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Sobre este e-book
Um clássico policial ao estilo dos grandes mestres, uma trama bem elaborada, que perpassa pelo mundo psicológico de cada personagem, para desembocar num final extremamente surpreendente, uma verdadeira obra-prima da literatura cubana, agora traduzido para a língua portuguesa para o deleite dos leitores de paladar mais exigente e refinado!
"Romance policial escrito ao estilo de grandes obras clássicas do gênero como Agatha Christie, e, ao mesmo tempo, rompe com todos esses esquemas, porquanto traz uma proposta inovadora em sua estrutura, tratando-se de um trabalho inédito no mundo dos thrillers. O final é excelente, pois quem fala é que vai além de todas as expectativas."
Manuel Gayol
Escritor, editor, jornalista e crítico literário
"Assassinato na Rua Lombard, 113 é um romance sólido, sumamente dinâmico. Uma excelente combinação entre os aspectos fáticos, a descrição dos personagens, o suspense, a investigação policial e o desenrolar do processo penal. Sem palavras para descrever o final, quando aparece o verdadeiro culpado. Senti um estremecimento visceral pelo estado de loucura do assassino."
Violeta Herero
Fiscal, escritora, poeta e ensaísta argentina
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Assassinato na Rua Lombard, 113 - Tony Ruano
ASSASSINATO NA RUA LOMBARD, 113
Tony Ruano
ASSASSINATO NA RUA LOMBARD, 113
Copyright © 2010 Tony Ruano
Copyright © 2015 Capa: Ernesto Valdes
Primeira Edição: Novembro de 2015
Todos os direitos reservados
All rights reserved
Impresso nos Estados Unidos
Registro: TXU 1-686-512 – 15 de abril de 2010
ASSASSINATO NA RUA LOMBARD, 113
Tony Ruano
A Adria Lourdes, minha eterna dama de sempre.
A Adelkys e Anel.
A Lucas Rafael Antonio López Bello, o Tonín,
que descobriu o assassino.
ÍNDICE
PRÓLOGO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
CAPÍTULO IV
CAPÍTULO V
CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO IX
CAPÍTULO X
CAPÍTULO XI
CAPÍTULO XII
CAPÍTULO XIII
CAPÍTULO XIV
CAPÍTULO XV
CAPÍTULO XVI
CAPÍTULO XVII
CAPÍTULO XVIII
CAPÍTULO XIX
CAPÍTULO XX
CAPÍTULO XXI
CAPÍTULO XXII
CAPÍTULO XXIII
CAPÍTULO XXIV
CAPÍTULO XXV
PRÓLOGO
Entre a neblina, distinguiu o policial que fazia a ronda. Gritou o mais alto que pôde. O guarda dirigiu-se ao lugar de onde vinha o vozerio e, ao se aproximar dele, parou a bicicleta e perguntou:
—O que está acontecendo, cavalheiro?
—Rápido! – disse Paul. – Não perca tempo! Arrume um veículo para transportar duas pessoas gravemente feridas ao hospital! Mas não há tempo a perder, por favor. Vou esperá-lo na Rua Lombard, 113.
O agente chegou com a ambulância vinte minutos depois que Paul o avisara. Quando viu que ninguém esperava por ele, pensou ter sido vítima de um trote de mau gosto ou de alguém querendo distraí-lo ou tirá-lo de sua rota. Apenas por curiosidade, ao ver aberta a porta da casa, entrou e subiu as escadas. Quando chegou à sala de estar, levou um choque. Não podia acreditar no que seus olhos viam. Contorcendo-se não chão, vítimas do que pareciam ser intensas convulsões, estavam o homem que o tinha avisado e outras cinco pessoas, entre elas uma menina. Pegou a criança nos braços e desceu as escadas rapidamente. Acomodou o frágil corpinho na maca e ordenou ao motorista:
—Leve-a ao hospital e diga para enviarem mais três ambulâncias imediatamente! Lá em cima restam ainda cinco pessoas nas mesmas condições. Ao que parece, é bastante grave. Depressa!
***
O dia fora tão intenso no hospital naquela noite que os médicos de plantão não relacionaram o vínculo existente entre as seis pessoas que haviam chegado ao hospital no transcurso da última hora com sintomas inequívocos de gastroenterite bacteriana. Mas o plantonista chefe da ala à qual haviam sido levados os enfermos achou suspeito que todos eles morassem no mesmo endereço e, mais ainda, que apenas dois deles estivessem em estado extremamente grave, motivo pelo qual chamou ao diretor do hospital para inteirá-lo sobre suas suspeitas de que pudessem estar diante de um envenenamento coletivo. Ante essa hipótese de seu colega, o Dr. William Rust decidiu visitar os pacientes. Estudou com cuidado os diagnósticos e ordenou a realização de testes de laboratório, com urgência, para determinar as causas do fenômeno. Quarenta minutos mais tarde, chegava ao escritório do Dr. Rust o relatório dos exames
CAPÍTULO I
Na pensão da Sra. Mary Gautal, celebrava-se o regresso de Luisa Hayen e sua filhinha Annie após uma viagem de oito dias à França em visita a uma tia.
Luisa ainda se assombrava ao descrever a viagem à sua velha tia; mas acontecera, e o importante é que pudera estreitá-la em seus braços novamente e que, apesar dos anos, a tia aparentava gozar de mui boa saúde. Ademais, os ares da França haviam servido de tônico para seus frágeis nervos. O terrível pesadelo da morte do pai de Annie quando a menina ainda não havia completado três anos; depois, a ruína econômica, motivada pela perda de todos os negócios herdados de seu esposo, fruto da inépcia de seu então administrador e agora companheiro, Alfred Hayen, haviam-na deixado exausta, destruída, incapaz de tomar uma decisão e em completa dependência de seu atual marido.
Para celebrar, a Sra. Gautal preparara uma ceia especial: pãezinhos amanteigados recém-assados, sopa de repolho, batatas cozidas, legumes, peru ao molho de maçã e, para a sobremesa, bolo de baunilha. Como acompanhamento, o vinho que Luisa trouxera de sua viagem.
A ceia estava quase servida quando os Donalts apareceram no refeitório.
—À mesa, por favor! Não deixem a comida esfriar —reclamou a Sra. Gautal.
—Não deixaremos que isso aconteça —respondeu Luisa com a garrafa de vinho recém-aberta nas mãos. —Este banquete não é do tipo que se deixa esfriar.
—Obrigada, Luisa. Fico feliz por saber que tenha gostado. A ceia é em homenagem à sua volta.
—Fico agradecida, mas não mereço tal deferência —afirmou Luisa.
—Você merece isso e muito mais, querida —exclamou Alfred Hayen, que acabava de entrar no refeitório segurando a mão da pequena Annie.
—Caramba! Vejo que o relacionamento de vocês melhorou —observou Jeannie Donalt, dirigindo-se a Alfred Hayen enquanto se sentava.
—De minha parte, a relação com Annie sempre foi boa, Sra. Donalt. Quanto à atitude dela, são apenas coisas de criança, que acabarão cessando com o tempo.
—Sentem-se, por favor! Sentem-se! —reclamou novamente a Sra. Gautal enquanto colocava a sopeira fumegante na mesa.
Os pãezinhos desapareceram rapidamente. A sopa foi consumida com avidez, e já estavam saboreando o peru com batatas e legumes quando Paul Donalt comentou:
—Não vai provar o vinho, Luisa? Está magnífico!
—Ainda não superei a aversão ao álcool, Sr. Donalt. Obrigada.
—É uma pena. Você está perdendo algo realmente bom —disse Jeannie Donalt dando um grande gole em sua taça.
—Quer provar, Annie? —perguntou Alfred à menina.
—Não! Obrigada. Mamãe diz que meninas não consomem bebida alcoólica.
—E é verdade, querida. O álcool não é bom para a saúde —respondeu Luisa.
—Um gole não fará mal, Luisa, por favor —disse Alfred.
—Não, e basta! —foi a resposta cortante de Luisa.
—O bolo é de que? —perguntou Annie —De chocolate?
—Sinto muito. É de baunilha, mas acho que você vai gostar —respondeu a Sra. Gautal.
—Claro que vou gostar —disse Annie. —Já quase não gosto mais de chocolate.
Todos riram de Annie. Paul Donalt foi à cozinha e voltou com o bolo, cortou-o e ofereceu um pedaço generoso à menina. Após a ceia, a Sra. Gautal propôs a seus inquilinos que fossem para a sala de estar enquanto ela tirava a mesa. Todos aceitaram, com exceção de Luisa, que se ofereceu para ajudá-la. Pouco depois, as duas juntaram-se ao resto do grupo, que mantinha uma conversa bastante animada.
—Deliciosa a ceia! —exclamou Alfred, fitando a chama do fósforo com que acabara de acender seu cigarro.
—Eu diria fenomenal! —acrescentou Paul, que brincava com os cachos de Annie.
—A propósito, Luisa, fale um pouco sobre a moda na França —pediu Jeannie Donalt.
—Você visitou alguma casa de modas? —perguntou a Sra. Gautal com uma curiosidade quase infantil estampada no rosto.
—Não, não fui a lugar algum. Somente fui visitar minha tia Annie. Estava muito deprimida e sem ânimo para festas, muito menos para moda —respondeu Luisa de maneira cortante.
A conversa foi interrompida. Os olhares cruzaram-se em sinal de entendimento. Luisa baixou a cabeça e manteve o olhar cravado no chão. O silêncio dominou o ambiente por alguns instantes, e foi Paul Donalt quem decidiu recomeçar a conversa.
—Luisa, onde sua tia mora?
—Na região de Provença, Paul. Imagine, quando cheguei ao meu destino, estava esgotada.
—Pois eu não me cansei nem um pouco, quando chegamos fui passear com a tia Annie e sua gata amarela e todos me cumprimentavam e todos me davam beijos e guloseimas e todos me prometiam coisas e todos me perguntavam onde eu vivia e todos queriam saber sobre meus amigos e...
—Basta, preciosa, você vai deixar todo mundo
atordoado. Respira fundo e depois fala. O que você acha? —disse Luisa, dirigindo-se à menina.
—Sim! Tudo bem, mas ainda não contei sobre os cookies recém-assados, nem sobre o bolo de chocolate que a tia fez só pra mim, nem dos queijos que me oferecia todo dia, nem da cachorrinha que teve oito filhotinhos da mesma cor, nem do cavalo que...
—Está bem, Annie —interrompeu Alfred. —O que você acha de darmos oportunidade a sua mamãe para que ela nos conte como foi por lá e nos brinde com suas impressões da viagem?
A menina não escondeu sua decepção ao escutar as palavras de Alfred. Baixou a olhar, fechou a cara e se enfiou ainda mais debaixo do braço de Paul, que a amparava. Luisa observou-a atentamente e, depois de um breve silêncio, começou a falar.
—Tia Annie está bem, apesar da idade. Quanto às minhas impressões, posso dizer que foram revigorantes. Muitos dos problemas causados pela guerra parecem ter sido superados, e já se fala em reconstruir; e surgem novos sonhos... e, bem... ao menos, isso foi o que pude perceber em minhas poucas conversas e o que extraí da leitura dos jornais. Sabe, todos os dias, Annie saía para passear pelos vilarejos vizinhos, e, às vezes, elas passavam horas e horas sem aparecer; eu aproveitava esse tempo para ler e me atualizar. Li bastante, porque Annie não deixou de passear um único instante.
—Ah! Então, é assim, mocinha. Enquanto a