O Caso Do Assassino Das Páginas
De J Halden
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Sobre este e-book
J Halden
J. Halden mora na capital do Rio Grande Do Sul, desde pequeno amava criar histórias e universos fictícios, até que aos 16 anos escreveu Haldwood, então não parou mais...
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O Caso Do Assassino Das Páginas - J Halden
Obras do autor
Haldwood – Entrando Na Escuridão. Vol.01
Haldwood – O Culto. Vol.02
As Escolhas Sombrias De Um Sequestro. Part.01
O Conto Dos Dois Corações.
Minha Alma Gêmea Chamada Antônia.
Minha Alma Gêmea Chamada Marcella.
Copyright © 2021 J. Halden
Todos os direitos reservados.
ISBN:
06 de abril, Domingo — 2025.
Hudson, Nova Iorque.
Era uma fria madrugada ao redor da cidade, uma leve camada nevoenta pairava sobre as casas, um vento constante balançava as árvores fazendo com que alguns galhos caíssem ao redor das ruas. Não passava dos 9 °C.
Em um dos bairros próximos ao Rio Hudson, em frente a uma grande e linda casa avermelhada, com um pequeno cercado de madeira recém-pintado, uma pessoa encapuzada ficava a observando fixamente. Tudo estava em silêncio, nada além dos sons das árvores balançando. Nada estranho, já que marcavam quatro e cinquenta da madrugada. Parte da frente da casa era iluminada por um poste de luz que, constantemente piscava, deixando um ar meio amedrontador.
Analisando as casas ao seu redor, observa as janelas que tinham sua visão, percebe que nada e nem ninguém a impediria de fazer o que estava prestes a realizar, se sentia mais segura para agir. Andando lentamente em direção ao cercado, a pula calmamente sem fazer barulho. Pela lateral da casa, vai em direção aos fundos.
O vento sopra mais forte, as árvores se mexem e alguns galhos caem ao redor do quintal. Seus passos sobre a grama e à terra úmida se mesclavam com os sons da natureza.
Próxima às escadas do deque, escuta um carro passando em frente à casa. Ela para. Sua respiração estava leve, calma. Com o som do motor ao longe, sobe os três degraus sem preocupação, era como se conhecesse a casa. Deixando algumas pegadas de terra úmida por onde pisava, fica a meros metros da grande porta francesa, que permitia enxergar boa parte da sala de jantar e a cozinha. Eram preenchidas com móveis aparentemente elaborados sob medidas, e bem caros, como a grande mesa de madeira rústica, a ilha de pedra clara e os armários combinando.
Duas luzes do alto da parede se acendem com o sensor de movimento, a pessoa ergue a mão bloqueando seu rosto, a ignora, como se já soubesse que as luzes acenderiam. Em frente a porta, retira de seu bolso um kit de arrombamento, com muita delicadeza e cautela, abre a porta.
Entrando na casa escura que era vagamente iluminada pela luz que acendia e apagava do lado de fora, anda entre os móveis como se morasse lá, como se soubesse onde cada coisinha estava. A escada para o segundo andar, onde ficavam os quartos, se localizava no corredor que dividia a cozinha da espaçosa sala de estar. Na parede, ao lado da escada, se encontrava o quadro geral da casa. Ela se aproxima, abre a pequena portinhola, e de seu bolso interno do casaco, retira uma dessas facas de caça usadas para estripar veados e outros animais, a utiliza para cortar apenas um único fio.
Com a faca ainda em mãos, sobe as escadas com passos leves. Andando até o último quarto do corredor, passa por três quartos e um banheiro que estavam com as portas abertas.
O piso do segundo andar era favorável para o invasor, já que era composto por um longo carpete aveludado, impossibilitando de se fazer muitos barulhos. Abrindo lentamente a última porta do corredor, conseguia observar o interior mal iluminado do quarto, as cômodas, a mesa onde tinham algumas cadernetas e um notebook, a porta do banheiro entreaberta, e a janela, que jogava a luz do poste prestes a queimar na cama de casal, onde se fazia presente apenas uma mulher entre os cobertores. O invasor se aproxima da cama, ficando parado bem ao lado da adormecida. Por alguns instantes a observava dormir, observava sua respiração e o leve movimentar dos olhos, ameaçou toca-la com a faca, dos cabelos até a cintura. Sua respiração não estava tão calma e controlada como antes, era visível que algo havia mudado em seu comportamento. Olhou para seu relógio digital, marcava cinco e dez da madrugada.
Aos ares, gritos e mais gritos de uma mulher desesperada ecoavam pelas casas vizinhas, as luzes de seus quartos se acendem, até que cinco e onze, os gritos cessam. Silêncio. Pessoas espiavam das janelas com seus celulares em mãos. A moradora em frente à casa dos gritos, não conseguia desviar seu olhar da janela logo a sua frente, que frequentemente era iluminada pela luz da rua, de dentro, mesmo que pouco, conseguiu ver algo se movimentando, como um borrão preto. Segundos depois, desaparecera.
Às seis e cinco a casa estava cercada de policiais e peritos, fitas de contenção rodeavam a residência. Pequenos grupos de moradores se formavam em frente as casas vizinhas, eles olhavam, conversavam e tentavam entender o que havia acontecido. O clima ainda se matinha abaixo dos nove, o que mostrava o quão curiosos estavam os moradores. Sobre a cidade pairava uma densa nevoa, dificultando de enxergar o cruzamento do final da rua sem o auxílio dos faróis dos carros.
Algumas vans do jornal local e de outras emissoras marcavam presença, tentando gerar matéria e conseguir algum depoimento que explique o que havia acontecido na casa.
Um carro SUV, na cor Night Blue, já cheio de respingos de lama nas laterais, chega em alta velocidade em frente à casa, as câmeras são rapidamente direcionadas a ele, já que sabiam de quem se tratava. Saindo do carro, é possível ver um homem alto, com porte físico de um jogador de basquete, tendo seus um e noventa de altura, os cabelos castanhos charmosamente bagunçados, uma barba ligeiramente grisalha por fazer que, ressaltava sua expressão de cansado e sério, também era possível notar o furo em seu queixo bem proeminente. O homem usava um sobretudo escuro com uma camisa branca sem gravata. Era como sempre se vestia.
Apoiando um grande copo de café no teto do carro, deixando a mostra seu chamativo anel de ouro no dedo médio, observava as pessoas e a situação a sua volta com seus profundos olhos castanhos. Dá uma longa bufada, saindo uma forte fumaça pela sua boca que logo sumira ao ar, por ver os repórteres apontando suas câmeras a ele. Se inclinando para dentro do carro, pega do banco do carona um pequeno cachecol preto que, quase nem chega no seu umbigo. Quando percebe, uma policial estava logo as suas costas. Era jovem, baixinha, tinha os olhos castanhos, bem carismática, cabelos brancos até o pescoço e uma voz muito doce. Também era possível perceber, se prestasse bastante a atenção, que mancava levemente a perna esquerda.
— Detetive Lawrence. — Disse a policial, enquanto pega o café que havia posto no teto do carro.
— Só Hugh, Darla. — Saiu do carro fechando a porta.
— Claro, desculpa Detetive. — Entregou o café em suas mãos.
— Eles não dormem, não? — Deu um gole olhando para os repórteres. — O que aconteceu aqui?
— Os vizinhos ouviram gritos na madrugada. Ligaram pra DP às cinco e onze. — Andam até o deque pela lateral da casa. — Aparentemente o suspeito fez esse caminho pelo quintal, até chegar no deque, deixando essas marcas na grama e essas pegadas de lama que sobem das escadas até o quarto da vítima.
Hugh se mantinha em silêncio enquanto observava as pegadas logo ao lado da marcação amarela dos policiais. As seguindo até a grande porta francesa, por onde o suspeito havia entrado, se agachou e as analisou de mais perto. Tinham um formato, assim como o desenho, bem característico, fácil de ser identificado, mas difícil de encontrar o autor só com aquilo, já que se tratava da pegada de um All Star.
Se levantando, observa toda a área ao redor do deque, no alto da parede haviam os holofotes e uma câmera de segurança. Desviando o olhar para a porta, se aproxima do trinco que estava arrombado, dando uma olhada mais de perto, leva a mão a barba, balançando levemente a cabeça.
— Acho difícil conseguirmos alguma coisa com essas pegadas, além de informar por onde ele entrou, que já é bem óbvio. — Disse, antes de dar mais um gole no café. — O tamanho deve ser entre seus quarenta, quarenta e três.
— É um tênis muito comum, mas com certeza a amostra dos resíduos da terra vai nos dizer alguma coisa. — Darla olhava para ele com as mãos no bolso.
— E as gravações da câmera? — Apontou para o alto da parede.
— Ah! Sim. A seguradora chegou um pouco antes da gente, pelo visto logo que o suspeito arrombou a porta o alarme soou, foi as… —Puxou o bloco de notas. — Às cinco e cinco. Eles ligaram para o telefone da casa às cinco e seis pra saber o que havia acontecido, mas obviamente ninguém atendeu, então eles mandaram uma unidade que chegou às cinco e vinte e quatro, um minuto antes das nossas viaturas. Conversei com eles e já mandaram uma cópia das gravações pra DP, mas caso queira assistir agora, é só pegar as que estão no computador da vítima.
Hugh confirmou com a cabeça já entrando na casa. Tendo praticamente a mesma visão que o suspeito, vai andando por cada parte em que as marcas de terra se faziam presente. No corredor, o Detetive percebe a portinhola do quadro geral aberta, vai até ela e dá uma olhada. Fica um tempinho a encarando, respira fundo, toma mais um gole do café. Darla, logo as suas costas, fica o observando colocar as luvas e mexer nos fios.
— Tá explicado porque ninguém atendeu. — Solta a policial, olhando por cima do ombro de Hugh.
— Ninguém atenderia, só foi uma forma de não acordar quem estava dormindo. — Disse, indo em direção as escadas.
No corredor do segundo andar, já conseguiam ver como estava uma parte do quarto da vítima, de longe se enxergava o carpete em tom avermelhado com o sangue que escorrera dela, parte do dorso estava para fora da cama, com a cabeça encostada no chão. Passando pela porta, Hugh novamente passa a mão sobre a barba, analisa tudo o que seus olhos conseguiam enxergar.
O corpo estava caído como se a mulher tivesse tentado reagir logo após o susto, marcas de facadas na barriga e um profundo corte no pescoço estavam bem a vista, boa parte de seus cabelos estavam manchados com o próprio sangue, já que estava com a cabeça no chão, e de sua cintura às pernas ainda na cama. Um de seus braços estava sobre o peito e o outro largado com a mão aberta, que por sinal, também tinham marcas de cortes e sangue por tentar se defender do agressor. Os olhos, já sem vida, estavam abertos e sem cor. Ela usava uma blusa com um shortinho que, antes de serem manchados em um tom avermelhado, eram um azul-claro. Ao seu redor, além do carpete ensanguentado, assim como os cobertores, havia uma tulipa, na cor rosa, logo sob o braço da mulher sobre o peito. Do mais, tudo aparentava estar nos conformes, janelas fechadas, mas não com as venezianas trancadas, cortinas abertas, a mesa com as cadernetas e o notebook intactos, cômodos e aparelhos no lugar. Aparentava não ter sido um latrocínio.
Hugh, antes mesmo de mexer em algo, se dirigiu a policial, lhe perguntou o que entendia da cena do crime.
— Uma coisa é certa. Não foi um roubo que deu errado. — Olhava para os olhos profundos do Detetive.
— Por que diz isso? — Ergueu a sobrancelha, enquanto tentou dar um gole no café que, já havia terminado. Expressou desprezo.
— Fora o fato de não ter levado nada de valor da casa, ele a esfaqueou diversas vezes na barriga, sem falar do corte na garganta. Talvez não tenha suportado a ver agonizando de dor e tenha dado um golpe de misericórdia. — Se agachou para olhar mais de perto.
— O que mais? — Anda até a janela, deu uma olhada para fora.
— Hã... — Inclinou a cabeça para enxergar mais coisas. — Está caída e os cobertores bagunçados, ela acordou e tentou reagir antes de ser atacada, o Descon foi esfaqueá-la, mas ela se protegeu com as mãos, gerando os cortes.
— Descon? — Voltou o olhar a ela.
— O suspeito desconhecido… Descon. — Direcionou o olhar a Hugh. — É como chamam em uma série. — Voltou a olhar o corpo. — Mas… Não entendi o significado da flor. Uma assinatura, quem sabe?
Hugh saiu da janela, foi para o lado da policial. Respirou fundo.
— O suspeito entrou na casa, cortou o fio de comunicação para a seguradora não conseguir entrar em contato e acabar acordando a vítima, então subiu as escadas, entrou no quarto, e provavelmente ficou um tempo a observando, já que a invasão marcou às cinco e cinco, e os gritos seguidos da ligação do vizinho às cinco e onze. — Olhava para Darla. — O abdômen não foi o primeiro lugar dos ataques, e sim a garganta. — Se agachou para mostrar. — Consegue ver aqui? É um corte rápido, que começa limpo e termina irregular, provavelmente ela acordou, gritou, e tentou reagir, ele fez um movimento rápido na garganta, mas ela estava com a mão próxima do pescoço, que causou os cortes. Ela caiu, e com um ato de raiva, esfaqueou diversas vezes o abdômen. — Guiava o olhar de Darla com as mãos. — Essas marcas que seguem próximas às costelas, até a barriga, tem um leve fluxo de sangue, o que explica ser após morte.
— E quanto a flor? — Se levantou junto a Hugh.
— Quem sabe uma assinatura. Não que tenha investigado algum caso que se ligue a esse. Pra mim, é um novato.
— É… passei perto.
— Foi bem, só trocou algumas ordens dos acontecimentos. Tem que ficar atenta aos detalhes.
Ambos descem para a sala, onde estava um médico legista e um policial à espera de terminarem de analisar a cena. Hugh afirma com a cabeça para poderem