Hora do espanto - O coveiro
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Hora do espanto - O coveiro - Edgar J. Hyde
Capítulo 1
A cada nova trovoada, a sombra de Jamie era projetada contra a parede. Os raios iluminavam o quarto dele por uma fração de segundo, antes que o manto de escuridão cobrisse mais uma vez o ambiente. Lá fora, o vento frio da noite rodopiava em torno do cemitério, uivava no meio das lápides e percorria as velhas trilhas gastas que passavam pelas árvores até a casa no pé da colina.
Dentro da casa, o breu era total. A tempestade havia danificado a rede de energia duas horas antes, deixando Jamie; Paula, a irmã mais nova do garoto; e Andrew, o pai, tateando às escuras pela casa nova, tropeçando em caixas fechadas. Como sempre acontece nessas circunstâncias, eles tentavam dar sustos de arrepiar uns nos outros.
Jamie parou no início da longa escada em espiral que levava aos quartos no andar de cima. Ele ouviu alguma coisa se arrastar para lá e para cá, rangendo as tábuas do assoalho sem mobília no quarto do pai.
Deve ser o pai…
– ele pensou. A Paula é leve demais para fazer esse barulho, mesmo em um cômodo sem móveis.
Lentamente, começou a subir os degraus, esperando encontrar Paula adiante. Ele tinha uma ideia de onde o pai estava, mas Paula podia estar escondida em qualquer lugar: dentro de um armário, atrás de uma cortina, debaixo da cama… pronta para atacar.
Nesse momento, a tempestade lá fora piorou. Jamie passava perto da janela quando o clarão de outro relâmpago iluminou a escada e um vulto alto e escuro que se arrastava nos degraus atrás dele. Jamie continuou a subir os degraus, sem perceber o fantasmagórico intruso que flutuava atrás dele. Quando chegou ao topo da escada, ele parou um segundo para pensar, espreitando com cuidado.
A porta do quarto do pai estava entreaberta, mas não o suficiente para Jamie ver o lado de dentro. Conhecendo sua família como conhecia, ele sabia que alguém dentro do quarto o esperava para assustá-lo gritando escandalosamente.
Então, Jamie ouviu uma respiração. Ele virou-se rapidamente e viu… a escuridão. O vulto alto, escuro e ameaçador que flutuava atrás dele nos degraus havia desaparecido. A casa inteira estava em silêncio, um silêncio sinistro.
O rangido da porta do banheiro quebrou o silêncio e, num segundo, Jamie correu para o quarto de sua irmãzinha, deixando a porta um pouco aberta para continuar a ver o lado de fora.
Então, ele viu o vulto alto e esguio que o acompanhava furtivamente desde o andar de baixo passar pela porta do banheiro, virar e seguir pelo corredor em direção a ele.
O homem vestia uma longa capa preta e usava o cabelo penteado para trás, e seus dentes brilhavam à luz da lua sempre que ele passava por uma janela.
Antes que ele chegasse ao quarto do pai, a porta se abriu, fazendo surgir um rosto familiar. Era Paula.
O homem misterioso se esgueirou pelo corredor em direção a ela. Paula, alheia ao que estava acontecendo diante de seu nariz, saiu do quarto e seguiu pelo corredor na ponta dos pés.
De trás da porta do quarto de Paula, Jamie observava tudo, e o coração dele batia cada vez mais rápido. O homem se aproximava cada vez mais. De repente, Paula parou.
O quarto de Jamie ficava exatamente do lado oposto do corredor. Paula abriu a porta com todo cuidado (o que era bem difícil, pois a porta rangia alto ao menor movimento), entrou e fechou a porta.
Jamie conseguia ouvir seu coração bater forte enquanto observava o vulto escuro pairar do lado de fora da porta com sua longa capa preta e seus reluzentes dentes brancos. Jamie podia jurar que aquele vulto era um vampiro.
O vampiro esperou algum tempo, atravessou a porta e seguiu Paula. Jamie saiu do quarto dela, foi para o corredor, respirou fundo e se preparou para atacar.
Ele sabia o que precisava fazer.
– Um, dois, três – ele contou, correndo o mais rápido que suas pernas permitiam, e jogou-se contra a porta…
– Aaaahhhhh! – ele gritou enquanto corria direto para o meio do quarto.
– Uuuááááááá!!!
Seis vozes diferentes gritaram para ele!
Jamie olhou ao redor. Seu pai, Andrew, estava em pé ao lado de Paula. Os