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Lágrimas de Normah
Lágrimas de Normah
Lágrimas de Normah
E-book136 páginas1 hora

Lágrimas de Normah

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Sobre este e-book

Esta obra é uma narrativa que destaca a importância da vida, e todos sentimentos genuinamente humanos que englobam a vida cotidiana, com personagens humanamente ilustrados, e que os aproximam dos leitores. Os autores contam uma história que busca impulsionar o sonho e sobretudo a coragem. Se você não tem medo de sonhar, encarar a vida, perdoar e se perdoar, deixar para trás o que lhe é familiar, esse é o livro certo para você. Os personagens parecem que são seus amigos de escola ou vizinhos próximos; em cada um deles, algo é familiar. Coragem é algo genuinamente universal e pouco explorada. Aqui você terá a centelha da coragem.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de nov. de 2021
ISBN9786558405962
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    Pré-visualização do livro

    Lágrimas de Normah - Eloá Pimenta

    CAPÍTULO 2

    Na semana seguinte da morte da minha tia Normah, fui à sua casa, que estava do mesmo jeito que deixara antes de ir para o hospital. Em cada ambiente uma lembrança de sua vida, a casa tinha cheiro de poeira e também do cheiro de canela do incenso que ela gostava de queimar para purificar o ambiente. Lembrei-me dos longos diálogos que tínhamos quando saímos para passear no parque perto de sua casa, das conversas cúmplices que tínhamos no pequeno jardim aos fundos de sua casa, onde tem uma árvore e algumas roseiras. A sensação da brisa leve e o calor do sol de verão, e o cheiro de canela ao entrar na casa.

    Ali na sala onde estava com as minhas memórias, olhei para a escada que dava acesso ao segundo piso, eu podia ouvir o rangido das tábuas a cada passo.

    - Anne, venha aqui garota! Suba! Estou aqui no quarto. Eu comprei uma boneca linda para você - Falou animadamente Normah. Eu podia escutar sua voz através das lembranças do meu passado.

    - Já estou indo tia Normah - respondia alegre e subia as escadas com passinhos rápidos fazendo as tábuas rangerem, e balançando o meu vestido rodado.

    Por fim, criei coragem e resolvi encarar a realidade em não ter mais a presença cativante e inspiradora da minha tia Normah. Cheguei aos pés da escada e olhei para cima, um raio de sol atravessava a cortina iluminando parte da escada e comecei a subir a escada. A cada degrau que eu subia mais a tensão aumentava. Subi as escadas e entrei no seu quarto à direita. Tudo extremamente organizado. Alguns bibelôs empoeirados e organizados em seu criado mudo. Alguns quadros coloridos bem-dispostos na parede, alguns pôsteres de personalidades do teatro e do cinema, sendo um dos favoritos dela o Fred Astaire no filme "Dancing in the rain". Olhei aquele pôster e a felicidade do astro com a chuva em seu rosto deixava todo o ambiente daquele quarto mágico.

    Fui à janela, abri as cortinas, olhei a vida que se passava lá fora. Na pequena escrivaninha em frente a janela tinha uma caixa forrada em tecido e um pequeno bilhete: Para Anne com Amor, Normah. Sentei-me na cadeira da escrivaninha e abri a caixa. Dentro havia várias fotos da minha infância, fotos em família, ingressos de alguns espetáculos que ela apresentara, algumas cartas.

    Olhei o céu através da janela e vi que o tempo estava mudando e parecia que ia chover. O cansaço me consumia, precisava ir embora. Dormi profundamente ali na cama da minha tia e acordei muito assustada com um barulho no térreo. O pavor tomou conta de mim instantaneamente, meus pensamentos embaralhavam, minhas mãos começaram a suar frio. Talvez o vento poderia ter aberto a porta que talvez eu não fechara direito ou poderia ser algum intruso. Desci as escadas cuidadosamente para que o tradicional ranger de quaisquer velhas tábuas, como a de qualquer casa antiga de Dublin, não entregassem meus passos, pouco adiantou.

    - Alguém em casa? - Perguntou uma voz masculina, que expandia no silêncio da minha sala onde havia vários porta-retratos de família, amigos e de momentos marcantes. Não respondi e continuei descendo a escada.

    - Boa Tarde! Quem é o senhor e o que deseja? - Perguntei com voz firme, demonstrando que não gostei que ele estivesse ali, no entanto, estava impressionada com a figura que parada no meio da sala. Alto, corpo que parecia ser atlético, cabelos pretos bem cortados, rosto quadrado e olhos azuis turquesa. Não sabia se perdia a concentração de medo ou da atração que sentia por aquele desconhecido.

    - Boa tarde, meu nome é Seth O´Connel, sou advogado da Sra. Normah Rydell, posso entrar e me explicar melhor?

    - Acredito que o senhor não tenha notado, mas o senhor já se adentrou. - Ele muito sem graça me explicou que tocou a campainha, e percebeu que a porta estava entreaberta, chamou inúmeras vezes e ficou preocupado, caso tivesse ocorrido alguma invasão. Então o convidei para sentar, indiquei uma poltrona azul turquesa perto da janela, que contrastava com seus olhos.

    - Venho lhe trazer o testamento da sua tia e também um envelope lacrado que ela deixou em meus cuidados para entregar com o testamento. - Disse em tom sério e profissional.

    - Agradeço a atenção em me trazer os documentos, no entanto não precisava, poderia ter me ligado que iria ao seu escritório. - Disse séria olhando fixamente em seus olhos.

    - Estou seguindo instruções de sua tia. Ela me pediu para que te entregasse esses documentos uma semana após a sua morte, e que era para eu te entregar pessoalmente na sua casa. Ela me disse que a sua sobrinha Anne estaria aqui. É você né?

    -Sim sou eu! Que estranho - disse franzindo o cenho - Ela me disse para vir a sua casa exatamente após uma semana da sua morte.

    - Também não entendi muito bem, porém, procuro atender meus clientes da melhor forma possível. Você pode ler o testamento e o que tem dentro do envelope lacrado e qualquer dúvida que tenha pode me procurar para que possamos conversar. - Agradeci a gentileza, agora mais calma, depois do susto inicial. Ofereci uma xicara de chá.

    - Não, obrigado. - disse ele sério - Gostaria que aceitasse um convite para jantar, caso tenha alguma dúvida com os documentos. - Entregou-me seu cartão, levantou-se e disse: - Preciso ir. Qualquer dúvida estou à disposição.

    O acompanhei até a porta. Quando abri entrou um cheiro gostoso de natureza depois da chuva. Ele saiu, fechei a porta em seguida. Estava encabulada com a figura charmosa do advogado. Achei ele metido também, só que o cheiro de chuva me remeteu a minha infância, quando tinha 6 anos, brincava sorridente de pisar nas poças de água para vê-las espirrar no meu irmão ou na minha tia. Ou até mesmo quando pegava lama do pequeno jardim para passar na camiseta branquinha do meu irmão. Minha tia era o tipo de mulher que estava sempre à vontade, vovó sempre quis que ela se vestisse como uma boneca na infância com fitinhas de cetim prendendo os cabelos, como uma princesa na adolescência e como uma dama na vida adulta. Só que não. Ela tinha uma alma rebelde, fora dos padrões. Precisava analisar documentos e contas a pagar do Centro Cultural Normah Rydell, não poderia deixar esse projeto morrer. Precisava também descansar. Tirar uma boa noite de sono, aqueles dias estavam sendo muito exaustivos com a administração do centro cultural e também com o prazo muito curto para entregar ao meu editor, o livro que estava escrevendo, o problema era que tinha ele todo na cabeça e não tinha sequer começado nem a primeira página. Sai de Castlecknok caminhando pelas ruas arborizadas com as casas todas de tijolinho a vista, num tom de vermelho escuro. Peguei o ônibus, desci em frente ao Trinity College e fui caminhando até meu apartamento perto o St. Stephen Green.

    CAPÍTULO 3

    Cheguei no meu apartamento, sentei no meu velho e confortável sofá, abri a caixa delicada encapada com tecido, entre as fotos e alguns objetos tinha um saquinho de voal amarrado com uma fita de cetim verde e um pequeno cartão com meu nome. Peguei com todo cuidado, desfiz o laço e peguei o bilhete que havia sido escrito há tempos, o papel amarelo denunciava. Após ler o bilhete, um frio subiu pelas minhas costas, minha boca ficou seca e por alguns segundos achei que desmaiaria, meus olhos ficaram turvos. A intensidade daquele bilhete, escrito há tanto tempo tinha um significado muito grande. A pergunta que não calava dentro da minha cabeça era: Por que ela me escreveu isso? O que a levou deixar esse bilhete?

    Abri o envelope lacrado que o charmoso advogado me entregou e lá estava o diário de Normah Rydell. Abri com todo cuidado e na primeira página dizia: Comecei a escrever esse diário em 1999, colocar no papel as minhas lembranças mais distantes, desabafar, recordar e ao mesmo tempo tentar descobrir onde errei e onde acertei. Se tivesse começado a escrever na adolescência seria mais detalhado e na ordem correta com riqueza de detalhes. Os nossos momentos especiais e pensamentos devem ser registrados para não ficar somente a lembrança e um dia se perder quando morrermos...Leia...escreva...pois só assim serás imortal. Que as próximas gerações saibam que você existiu. Normah Rydell.

    O telefone tocou e me tirou do momento de concentração. Nas próximas páginas continha histórias que seriam reveladas. Sai dos meus pensamentos, atendi o telefone que tocava estridente a voz irritada me cumprimentava com cinismo.

    - Olá senhorita! Como está? Espero que esteja bem, porque eu não estou bem, pois estou aguardando o seu manuscrito.

    Eu havia me esquecido do meu editor! Como pude esquecê-lo mesmo no meio de tantos acontecimentos? Precisava cumprir. Ele era um home alto e magro, na casa dos 50 anos, cabelos pretos e mais grisalho dos lados. Ele usava um bigodinho estilo Hitler, que deixava ele engraçado e meio fora de moda, usava sempre calça social preta, camisa branca, gravata azul marinho e um colete fechado. Seus sapatos refletiam mais que um espelho. Parecia um personagem.

    - Desculpe-me chefe! - Eu nunca o chamava pelo nome – Estou com alguns problemas para resolver, é que... Ele me interrompeu e bradou do outro lado:

    -

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