Antes Que Amanheça
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Sobre este e-book
Todos os segredos mais antigos e aterrorizantes da humanidade convergem na cidade amaldiçoada de Crowswood, localizada em Oregon - Estados Unidos. Onde o sangue correrá e atrairá com ele as pessoas que acreditaram estar fugindo de seu passado, levando-as para a verdade e a desolação.
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Antes Que Amanheça - Johnn A. Escobar
Antes que Amanheça
Johnn A. Escobar
Em memória de Brian Alan Escobar
Não me mexi, mas olhei para a aparição. Havia uma louca desordem em meus pensamentos, um tumulto irreprimível.
Edgar Allan Poe
I
Crowswood
A noite estava em seu esplendor máximo, e o frio do inverno corria pelas ruas: por sua vez, o senhor Barraud, continuava trabalhando, como de costume, em seu escritório dentro do prédio do jornal local chamado La Gaceta.
Haviam passado vários anos desde a morte de sua querida esposa Oriana, enquanto sua única filha Amy Barraud, depois de se formar na High School Crowswood, estudou jornalismo na Flórida e mais tarde iniciou uma prolífica carreira no canal The Latest News, em Nova Iorque. Apesar da distância entre eles, Joe Barraud fala ao telefone com sua filha duas vezes por semana e isso era mais que suficiente para ele, que tinha um orgulho enorme pela sua querida Amy.
Os Funcionários do jornal encerravam o expediente às seis e meia da tarde, como era natural, se retiravam para suas respectivas casas e às três da manhã o encarregado de abrir as portas das quatros vans que distribuíam os jornais impressos tinha que chegar, para então encomendar os relatórios e entregá-los pessoalmente a Barraud assim que ele chegasse.
Mas naquele período intermediário em que a solidão reinava à vontade, dentro da La Gaceta, era quando Joe Barraud preferia permanecer em seu escritório trabalhando em frente ao computador, revisando até o último detalhe da última edição distribuída no dia anterior, comparando os números de vendas e a relevância das notícias publicadas na edição digital de La Gaceta, juntamente com as visitas ao site. Embora, na verdade, ele terminasse essas tarefas antes das oito da noite e então continuasse imerso em um novo projeto, que tinha como eixo total algo que ele nunca havia mencionado antes, os acontecimentos estranhos ocorridos em Crowswood.
Apesar de certas experiências que pôde vivenciar pessoalmente durante o passado, originalmente pretendia ignorar tudo, porém a distância de sua filha e a solidão da casa tornava seus dias mais vazios, tornando seu interesse por cada acontecimento inexplicável que acontecia em sua cidade desde suas origens.
Embora pudesse ter escolhido outra atividade, a firme decisão de se dedicar a essa pesquisa, deveu-se a uma série de eventos altamente misteriosos relacionados ao falecido escritor Sebastian Collingwood, que teve o prazer de conhecer há alguns anos, quando este visitou Crowswood.
Este autor, depois de deixar a cidade, continuou trabalhando e até deu algumas palestras e conferências, mas aos poucos foi se distanciando da sociedade, para finalmente publicar um pequeno romance e desaparecer definitivamente dos olhos do público, não se sabendo onde ele estava ou se ele continuou com vida.
Com uma ampla quantidade de perguntas abertas em sua mente e estado quase certo de que desaparecimento de Collingwood estava ligado à cidade, o senhor Barraud decidiu começar uma investigação privada, usando apenas sua experiencia como jornalista, coletando uma riqueza de informações sobre algum tipo de crime, culto ou seita, de características globais e que também esteve presente em Crowswood.
Barraud não era um homem muito complicado em seu comportamento, por tanto a meta era clara, ele planejava usar o jornal La Gaceta para expor os membros mais influentes desse grupo, já que tudo indicada que estavam vinculados ao desaparecimento repentino de várias pessoas em diversos países.
As horas estavam passando e quando Joe Barraud finalmente terminou seu trabalho olhou para o relógio do computador, notando que eram onze e cinco da noite. Apesar de estar acostumado a ficar em seu escritório até tarde, pela primeira vez percebeu o silêncio ao seu redor e uma sensação de inquietação o invadiu, desconhecendo a razão. Sentindo como os cabelos da nuca se arrepiavam e de vez em quando um arrepio lhe percorria a espinha.
De repente, por baixo da porta uma densa névoa esverdeada começou a penetrar no escritório, Barraud ao perceber que quase havia perdido o controle de suas emoções, ficou apavorado e seu coração batia forte.
A névoa esverdeada se espalhou, enchendo todos os cantos do escritório, quando Joe Barraud tentou correr dali, mas não conseguia ver para onde estava indo. A cada passo que dava, começava a sentir um frio horrível em todos os cantos do corpo enquanto o suor logo encharcava suas roupas, sua pele ficava avermelhada enquanto tossia constantemente e sem possibilidade de parar.
Uma queimação insuportável percorreu suas extremidades inferiores, ele mal conseguia dar mais um passo, acabou caindo de joelhos. Em seguida, veio uma dor no estômago, náuseas o dominaram e finalmente um líquido purulento e sem fim saiu de sua boca e nariz, impossibilitando a respiração, e após alguns segundos ele se deitou sobre aquela substância amarelada, desprovido de vida.
A espessa névoa esverdeada lentamente se infiltrou por baixo da porta, deixando o cadáver de Joe Barraud no escritório, esparramado no chão a poucos metros de sua mesa.
Na residência Marshall, era comum a ausência de ruídos após as dez da noite, isso devido ao fato de seus três moradores se dirigirem para seus respectivos quartos durante esse horário.
Ian Marshall e sua esposa Chloe estavam tentando dormir, normalmente não era um problema para eles, mas algo os impedia desta vez. Ambos estavam extremamente exaustos, mas estranhamente quando fechavam os olhos não conseguiam dormir, sendo invadidos por um persistente sentimento de medo que aparentemente não tinha justificativa.
Depois de mais de uma hora sem conseguir alcançar o tão desejado descanso, Chloe quebrou o silêncio:
— Não sei o que está acontecendo! Mas, por alguma razão, não consigo dormir, me sinto invadida por algum tipo de preocupação.
Ian soltou um leve suspiro antes de falar:
— Acontece o mesmo comigo, sito cansaço e a necessidade de dormir, porém, toda vez que fecho os olhos, a inquietação me domina...
Nesse momento, Ian calou-se para ouvir atentamente os passos leves no corredor em frente ao seu quarto, ele saiu da cama, Chloe fez o mesmo, seguindo-o de perto. Ian cuidadosamente abriu a porta, inclinando-se para fora e para sua paz de espírito, ele pôde ver a Sra. Michelle Harris, que parou seu progresso e se virou instintivamente, observando o senhor e a senhora da casa sorrirem calorosamente.
— Sinto muito, não foi a minha intenção despertá-los. Estou com dificuldades de dormir esta noite e por isso pensei em ir à cozinha, talvez beber um copo de leite me ajude a descansar.
— Não há do que se desculpar, senhora Harris — disse Ian. — Chloe e eu também estamos com dificuldades para dormir.
Ian parou de falar abruptamente porque podia ver que pelas pequenas frestas das portas e janelas, que estavam completamente fechadas, uma densa névoa esverdeada se