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Norma Técnica Centros de Referência À Mulher em Situação de Violência

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Norma Tcnica de Uniformizao


Centros de R
eferncia de Atendimento
Referncia
Mulher em Situao de V
iolncia
Violncia

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

LUIZ INCIO LULA DA SILVA


PRESIDENTE DA REPBLICA
NILCA FREIRE
MINISTRA DA SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA MULHERES
APARECIDA GONALVES
SUBSECRETRIA DE MONITORAMENTO DE PROGRAMAS E AES TEMTICAS

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Norma Tcnica de Uniformizao


Centros de R
eferncia de Atendimento
Referncia
Mulher em Situao de V
iolncia
Violncia

Braslia
2006
Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres
Presidncia da Repblica

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

c Presidncia da Repblica. Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres, 2006


Elaborao, distribuio e informaes:
Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres Presidncia da Repblica
Esplanada dos Ministrios, Bloco L, Edifcio Sede, 2 andar, sala 200
70047-900 Braslia-DF
Fones: (61) 2104-9377 e 2104-9381
Fax: (61) 2104-9362 e 2104-9355
spmulheres@spmulheres.gov.br
www.spmulheres.gov.br
Ligue 180 - Central de Atendimento Mulher

COORDENAO
APARECIDA GONALVES
PROJETO EDITORIAL
CLAUDIA SRVULO DA CUNHA DIAS
COORDENAO EDITORIAL, EDIO E PROJETO GRFICO
HELOISA FROSSARD
CAPA
ISABELA ARAJO
REVISO
LUANA NERY MORAES
Distribuio gratuita.
permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

SUMRIO
PARTE 1 - DOS CENTROS DE REFERNCIA DE ATENDIMENTO MULHER EM SITUAO DE VIOLNCIA E DA POLTICA NACIONAL DE
ENFRENTAMENTO VIOLNCIA CONTRA A MULHER, 07
PARTE 2 - A NORMA
DE VIOLNCIA, 15

TCNICA DE UNIFORMIZAO DOS

CENTROS DE REFERNCIA DE ATENDIMENTO MULHER EM SITUAO

I Conceituao, 15
II Objetivo e Princpios Norteadores da Interveno do Centro de Referncia, 16
III Diretrizes Gerais dos Centros de Referncia, 18
IV Diretrizes Especficas dos Centros de Referncia de Atendimento Mulher em Situao de Violncia, 28
V Estrutura dos Centros de Referncia de Atendimento Mulher em Situao de Violncia, 29
VI Divulgao do servio e Articulao da Rede, 31
VII Recursos Humanos, 31
VIII Metodologia de Funcionamento e de Atendimento, 33
IX Fluxograma de Atendimento, 39

PARTE 3 ANEXOS, 41
Anexo I - Plano de Segurana Pessoal, 41
Anexo II - Formulrio de Encaminhamento, 45

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

PAR
TE 1
ARTE
Dos Centros de R
eferncia de Atendimento Mulher em
Referncia
Situao de V
iolncia e da P
oltica Nacional de
Violncia
Poltica
Enfrentamento V
iolncia contra a Mulher
Violncia
Em 2003, por meio da lei n 10.683, foi criada a Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres, com a competncia de assessorar
direta e imediatamente o Presidente da Repblica na formulao, coordenao e articulao de polticas para as mulheres; bem como
de elaborar e implementar campanhas educativas e no-discriminatrias de carter nacional; de elaborar o planejamento de gnero
que contribua na ao do governo federal e demais esferas de governo, com vistas na promoo da igualdade; de articular, promover
e executar programas de cooperao com organismos nacionais e internacionais, pblicos e privados, voltados implementao de
polticas para as mulheres; de promover o acompanhamento da implementao de legislao de ao afirmativa e definio de aes
pblicas que visem ao cumprimento dos acordos, convenes e planos de ao assinados pelo Brasil, nos aspectos relativos
igualdade entre mulheres e homens e de combate discriminao.

Dentre as Convenes e Instrumentos Internacionais que conferem direitos a mulheres e atribuem deveres aos Estados signatrios,
destacam-se a Declarao de Viena, a Conveno pela Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra a Mulher da Organizao
das Naes Unidas, conhecida por CEDAW e a Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher
da OEA, conhecida como Conveno de Belm do Par.

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

A Declarao de Viena de 1993 foi o primeiro instrumento internacional a trazer a expresso direitos humanos da mulher, preconizando
em seu artigo 18 da Parte I que os direitos humanos das mulheres e das meninas so inalienveis e constituem parte integrante e

indivisvel dos direitos humanos universais.

A Declarao de Viena afirma ainda que, tendo as mulheres necessidades especficas, inerentes ao sexo e situao socioeconmica
a que tm sido relegadas, o atendimento dessas necessidades integra o rol dos direitos humanos inalienveis, cuja universalidade
no pode ser questionada, devendo ser promovida a elevao da participao igualitria e plena das mulheres na vida poltica, civil,
econmica, social e cultural e a erradicao das discriminaes de gnero como um dos objetivos prioritrios da comunidade
internacional.

A violncia contra a mulher tambm objeto da Declarao de Viena que considera, nos termos do segundo pargrafo do referido
artigo 18, os vrios graus e manifestaes da violncia, inclusive as resultantes de preconceito cultural e trfico de pessoas, prevendo
que sua eliminao poderia ser alcanada por meio de medidas legislativas, aes nacionais e cooperao internacional nas reas

do desenvolvimento econmico e social, da educao, da maternidade segura e assistncia de sade e apoio social.

Contrape-se a Declarao de Viena:


a concepo dos direitos humanos como direitos exclusivamente violados no espao pblico, pelo Estado e seus
agentes, por ao ou omisso conivente, enquanto a violncia privada era questo de criminalidade comum, reconhecendo

que a violncia contra a mulher infringe os direitos humanos de metade da humanidade e se realiza geralmente na
esfera privada, muitas vezes domstica, no sendo obra do Estado, os direitos humanos se tornam violveis tambm
por indivduos e pela sociedade. Cabe, portanto, ao Estado e s sociedades em geral, lutar por sua eliminao, no
espao pblico, no local de trabalho, nas prticas tradicionais e no mbito da famlia.1

http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/viena/lindgren_Viena.html

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Essa concepo mais ampla encontra-se consagrada pelo pargrafo 38 da Parte II do Programa de Ao que declara e recomenda:

A Conferncia Mundial sobre Direitos Humanos salienta particularmente a importncia de se trabalhar no sentido da
eliminao de todas as formas de violncia contra as mulheres na vida pblica e privada, da eliminao de todas as
formas de assdio sexual, explorao e trfico de mulheres, da eliminao de preconceitos sexuais na administrao de
justia e da erradicao de quaisquer conflitos que possam surgir entre os direitos da mulher e as conseqncias
nocivas de determinadas prticas tradicionais ou costumeiras, do preconceito cultural e do extremismo religioso. A
Conferncia Mundial sobre Direitos Humanos apela Assemblia Geral para que adote o projeto de declarao sobre
a violncia contra a mulher e insta os Estados a combaterem a violncia contra a mulher, em conformidade com as
disposies da declarao. As violaes dos direitos humanos da mulher em situao de conflito armado so violaes
dos princpios fundamentais dos instrumentos internacionais de direitos humanos e do direito humanitrio. Todas as
violaes desse tipo, incluindo particularmente assassinatos, estupros sistemticos, escravido sexual e gravidez forada,
exigem uma resposta particularmente eficaz.
A Conveno Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violncia contra a Mulher tambm conhecida como Conveno de
Belm do Par adotada pela Assemblia Geral da Organizao dos Estados Americanos em 6 de junho de 1994 e ratificada pelo
Brasil em 27 de novembro de 1995, representa um marco contextual e conceitual para a violncia de gnero, uma vez que define em
seu artigo 1 o conceito violncia contra a mulher. Violncia contra a mulher significa, nesses termos, qualquer ato ou conduta
baseada no gnero, que cause ou passvel de causar morte, dano ou sofrimento fsico, sexual ou psicolgico mulher, tanto na esfera
pblica como na esfera privada.

Conceito similar utilizado pela Conveno pela Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra a Mulher da Organizao
das Naes Unidas, conhecida por CEDAW, ratificada pelo Brasil em 1984.

A Conveno pela Eliminao de Todas as Formas de Discriminao contra a Mulher da Organizao das Naes Unidas no limita,
mas define trs reas de abrangncia da violncia contra a mulher: aquela que ocorre no mbito familiar, a que ocorre no mbito
comunitrio e a praticada ou permitida pelo Estado, por meio de seus agentes.
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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

Ambas as Convenes quebraram, no que tange ao Direito, a dicotomia entre o pblico e o privado, isto , romperam
a naturalizao da invisibilidade, ao consolidarem um dever-ser especfico: o da igualdade de considerao e respeito.
Permitiram, nesse cenrio, que o Direito se estendesse ao mbito domstico, alcanando diversas formas de desigualdade
afirmadas nesse ambiente. De um lado, explicitaram a aplicabilidade do Direito a casos de violncia ocorridos na esfera
domstica, enunciando os direitos da mulher vida, integridade fsica, sade, a no ser submetida tortura. De
outro, apontaram a necessidade da alterao de papis sociais estanques, ressaltando a responsabilidade comum dos
cnjuges pela administrao da propriedade, a igualdade de direitos pessoais no casamento, inclusive no que se refere
escolha do sobrenome e profisso, a participao da mulher nas esferas poltica e econmica no mesmo patamar que
o homem. Ressaltaram, por fim, que o conceito de discriminao contra a mulher inclui a violncia baseada no gnero.2

A Constituio Federal Brasileira de 1988 incorpora aos direitos e garantias do seu texto original os estabelecidos em decorrncia de
acordos e tratados internacionais. Desta forma, as Resolues da Conveno de Belm do Par e da CEDAW so tambm garantias
constitucionais, como expressa o artigo 5 pargrafo 2 da Constituio Federal: Os direitos e garantias expressos nesta Constituio

no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais que a Repblica Federativa
do Brasil seja parte.

Assim, sendo o Estado brasileiro signatrio da CEDAW e da Conveno de Belm do Par assumiu o compromisso perante o sistema
global de proteo dos direitos humanos e o sistema regional, respectivamente, de coibir todas as formas de violncia contra a
mulher e adotar polticas destinadas a prevenir, punir e erradicar a violncia de gnero.

Em decorrncia dos compromissos assumidos no to somente perante a comunidade internacional, mas em especial perante o
conjunto de mulheres brasileiras, a Secretaria Especial de Polticas para as Mulheres desenvolveu, em parceria com o movimento
feminista, de mulheres e demais movimentos sociais, o Plano Nacional de Polticas para Mulheres, e vem apoiando aes de preveno

PIOVESAN, Flvia e IKAWA, Daniela. A Violncia Domstica Contra a Mulher e a Proteo dos Direitos Humanos in: Direitos Humanos no Cotidiano Jurdico. 2004.

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

e combate violncia contra as mulheres, bem como de atendimento s mulheres em situao de violncia, fornecendo apoio tcnico
e financeiro a projetos educativos e culturais de preveno, a servios especializados no atendimento, promovendo ou apoiando
eventos de capacitao de pessoas atuantes na preveno e atendimento, articulando e promovendo a participao dos poderes
pblicos para a constituio das redes de cidadania envolvendo, principalmente, os servios de assistncia social, sade, educao,
segurana, trabalho, justia e habitao, com fins de ampliar o efetivo acesso de mulheres s polticas pblicas setoriais e aos servios
de Justia e Segurana Pblica.

Os Centros de Referncia so estruturas essenciais do programa de preveno e enfrentamento violncia contra a mulher, uma vez
que visa promover a ruptura da situao de violncia e a construo da cidadania por meio de aes globais e de atendimento
interdisciplinar (psicolgico, social, jurdico, de orientao e informao) mulher em situao de violncia. Devem exercer o papel de
articuladores dos servios organismos governamentais e no-governamentais que integram a rede de atendimento s mulheres em
situao de vulnerabilidade social, em funo da violncia de gnero, conforme quadro abaixo:

Aconselhamento em momentos de
crise

A experincia da violncia se constitui em um momento de crise para a vtima, a qual pode


temer por sua vida, entrar em choque, negao, descrena, amortecimento e medo. Uma
resposta efetiva em um momento de crise pode evitar ou minimizar o efeito traumtico.

Atendimento psicossocial

O atendimento psicossocial tem o objetivo de promover o resgate da auto-estima da mulher


em situao de violncia e sua autonomia, auxiliar a mulher a buscar e implantar mecanismos
de proteo e/ou auxiliar a mulher superar o impacto da violncia sofrida.

Aconselhamento e
acompanhamento jurdico

A maioria das mulheres em situao de violncia tem seu primeiro contato com o sistema
de justia e de segurana pblica em decorrncia dessa experincia de violncia. Dessa
forma, com o objetivo de evitar a que a mulher volte a ser vtima, o Centro de Referncia

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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

oferece aconselhamento jurdico e acompanhamento nos atos administrativos de natureza


policial e nos procedimentos judiciais, informando e preparando a mulher em situao de
violncia para participao nessas atividades.
Atividades de preveno

Qualificao de profissionais

Articulao da rede de
atendimento local

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O conhecimento sobre a dinmica, tipos e o impacto da violncia contra a mulher so


elementos essenciais para a desestruturao de preconceitos que fundamentam a
discriminao e a violncia contra a mulher.
Informao sobre os procedimentos utilizados no Centro de Referncia e os servios que
integram a Rede de Atendimento Mulher em situao de violncia permitem que os
servios atendam efetivamente as suas beneficirias diretas cabendo ao Centro de
Referncia o trabalho de sensibilizao por meio de oficinas, palestras etc.
Os contatos com a comunidade e/ou mdia devem se referir situao da violncia contra
a mulher na localidade em seus aspectos gerais e no individuais. O SIGILO e a
PRIVACIDADE devem ser assegurados sempre.
A formao e qualificao contnua devem ser asseguradas aos profissionais do Centro
de Referncia. A expertise desenvolvida pelos profissionais do Centro de Referncia os
habilita a promover atividades de qualificao para os demais profissionais dos servios
da Rede de Atendimento.
A coordenao do Centro de Referncia deve entrar em contato com os equipamentos e
servios da Rede de Atendimento para identificar reas de interesse, ou que demandam
qualificao, e elaborar de forma articulada oficinas com esse fim.
O Centro de Referncia deve articular os equipamentos e os servios da rede de
atendimento para que as necessidades da mulher em situao de violncia sejam
prioritariamente consideradas, de forma geral e nos casos concretos, e para que o
atendimento seja qualificado e humanizado.
Mulheres em situao de violncia geralmente desconhecem os servios, equipamentos e
procedimentos da rede de atendimento, sendo importante para sua tranqilidade a
presena de um(a) profissional que atue como referncia, o(a) qual deve informar a mulher
atendida de todos seus direitos e deveres.

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Levantamento de dados locais

Dados locais sobre a situao da violncia contra a mulher, incluindo os referentes aos

sobre a situao da violncia


contra a mulher

atendimentos (resguardando-se o sigilo e a privacidade), no Centro de Referncia devem


ser coletados e enviados aos rgos gestores municipais, estaduais e federais responsveis
pela implementao da poltica de preveno e enfrentamento da violncia contra a
mulher.
Os dados so de suma importncia para a avaliao do servio, fortalecimento ou redirecionamento das polticas pblicas.

Avanos foram alcanados na preveno e combate violncia contra as mulheres com a implantao dos Centros de Referncia,
porm o desafio que ora se apresenta que esse equipamento, bem como os demais equipamentos que compem a Rede de
Atendimento Mulher em Situao de Violncia atuem efetivamente de forma a consolidar a implementao de uma poltica nacional
de enfrentamento violncia contra a mulher, sendo necessrio, dentre outras aes, para que se alcance esse fim:
padronizao de diretrizes e procedimentos de funcionamento desse servio;
elaborao de fluxos de atendimento integrado pelas redes locais de atendimento mulher em situao de violncia;
institucionalizao da rede de atendimento mulher em situao de violncia por meio da formalizao dos instrumentos
pactuados, como protocolos, por exemplo;
qualificao sistemtica dos profissionais que atuam na Rede;
desenvolvimento de mecanismos de gesto e avaliao dos servios da Rede;
realizao de encontros com os servios da Rede para superviso, acompanhamento e avaliao dos casos atendidos.
Assim, diante da importncia dos Centros de Referncia de Atendimento Mulher em situao de Violncia e da ausncia de
padronizao dos procedimentos de seu funcionamento, o que fundamental para que se assegure a qualidade do servio e para que
possam produzir dados e informaes comparveis ou equivalentes, em busca de monitoramento e de subsdios constante para a
manuteno e reformulao das polticas pblicas de atendimento mulher, faz-se necessrio a elaborao de norma tcnica que
estabelea, em mbito nacional, diretrizes, atribuies e padres gerais de funcionamento desse equipamento da Rede de Atendimento.

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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

Norma Tcnica
Documento estabelecido por consenso e aprovado por uma instituio reconhecida que fornece, para uso comum e repetido, regras,
diretrizes ou caractersticas para produtos, processos ou mtodos de produo conexos, cujo cumprimento no obrigatrio. Pode,
tambm, tratar parcial ou exclusivamente de terminologia, smbolos, requisitos de embalagem, marcao ou rotulagem aplicveis a
um produto, processo ou mtodo de produo. As normas devem ser baseadas em resultados consolidados da cincia, tecnologia e
experincia, visando a otimizao de benefcios para a comunidade.

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

PAR
TE 2 NORMA TCNIC
A DE UNIFORMIZAO DOS CENTROS DE
ARTE
TCNICA
REFERNCIA DE ATENDIMENTO MULHER EM SITU
AO DE VIOLNCIA
ITUAO
I.

CONCEITU
AO
ONCEITUAO

Os Centros de Referncia so espaos de acolhimento/atendimento psicolgico, social, orientao e encaminhamento jurdico


mulher em situao de violncia, que proporcione o atendimento e o acolhimento necessrios superao da situao de violncia
ocorrida, contribuindo para o fortalecimento da mulher e o resgate da sua cidadania.

Nessa perspectiva, os Centros de Referncia de acolhimento/atendimento devem exercer o papel de articulador das instituies e
servios governamentais e no governamentais que integram a Rede de Atendimento, sendo o acesso natural a esses servios para as
mulheres em situao de vulnerabilidade, em funo de qualquer tipo de violncia, ocorrida por sua condio de mulher.

Os Centros de Referncia devem prestar acolhimento permanente s mulheres que necessitem de atendimento, monitorando e
acompanhando as aes desenvolvidas pelas instituies que compem a Rede, instituindo procedimentos de referncia.

O atendimento deve pautar-se no questionamento das relaes de gnero baseadas na dominao e opresso dos homens sobre as
mulheres, que tm legitimado e perpetuado, as desigualdades e a violncia de gnero.

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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

II.

OBJETIV
O E PRINCPIOS NOR
TEADORES DA INTERVENO DO CENTRO DE REFERNCIA
BJETIVO
ORTEADORES

O objetivo primrio da interveno cessar a situao de violncia vivenciada pela mulher atendida sem ferir o seu direito
autodeterminao, mas promovendo meios para que ela fortalea sua auto-estima e tome decises relativas situao de violncia
por ela vivenciada. Ressalta-se que o foco da interveno do Centro de Referncia deve ser o de prevenir futuros atos de agresso e
de promover a interrupo do ciclo de violncia. Os servios prestados pelos Centros de Referncia devem seguir princpios de
interveno listados a seguir:
1.

Atender as necessidades da mulher em situao de violncia

A mulher em situao de violncia um sujeito de direitos, e nesse contexto que todo e qualquer servio de atendimento deve ser
a ela oferecido, o que significa que o plano de interveno deve ser elaborado em conjunto com ela e suas escolhas devem ser
respeitadas.
O planejamento da interveno deve integrar a Rede de Atendimento, assegurando assim que as aes atendam as necessidades
integrais da mulher em situao de violncia, como abrigo, servios de sade, creche etc.
2.

Defesa dos Direitos das Mulheres e Responsabilizao do agressor e dos servios

Agir contra a violncia implica adotar uma posio clara de que no h justificativa para a violncia e condenar todos os tipos de
violncia contra as mulheres, uma vez que adotar uma postura de neutralidade perpetua a violncia.
As mulheres no tm que provar a situao de violncia a que foram submetidas. Os profissionais devem ouvi-la, acreditar no seu
relato e trat-las sem preconceito.
O Centro de Referncia deve promover a responsabilizao do agressor, por meio de encaminhamento - e monitoramento - do caso
para o sistema de segurana pblica e de justia e acompanhamento da mulher em situao de violncia nos contatos com esses
equipamentos.

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

3.

Reconhecimento da Diversidade de Mulheres

As aes de interveno devem considerar as necessidades de cada mulher em situao de violncia de forma individualizada,
avaliando o impacto de cada ao de acordo com as circunstancias da mulher atendida e do(a) agressor(a), tais como: situao
econmica, cultural, tnica, orientao sexual, dentre outras.
4.

Diagnosticar o contexto onde o episdio de violncia se insere

O conceito de violncia de gnero adotado para a definio de estratgias de interveno dever ser o previsto na Conveno
Interamericana da OEA, realizada em Belm do Par em 1994, e subscrita pelo Estado brasileiro, resumida no seu Art. 1. Para os
efeitos desta Conveno, entender-se- por violncia contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gnero, que cause morte,
dano ou sofrimento fsico, sexual ou psicolgico mulher, tanto na esfera pblica como na esfera privada. A maioria dos episdios
de violncia integra um padro histrico de violncia. O grau de risco deve ser diagnosticado e considerado para determinar a
intensidade da interveno.
5.

Evite aes de interveno que possam causar maior risco mulher em situao de violncia

O mais importante para as vtimas de violncia estarem em segurana. Assim, as questes relativas segurana devem ser a
principal prioridade, devendo a estratgia de interveno ser pautada pelo sigilo e pela busca do equilbrio entre a interveno
institucional padronizada e a necessidade de respostas individualizadas, as quais consideram as possveis conseqncias para a
mulher no confronto com o agressor(a), validam as informaes e opes da mulher e promovem sua autonomia.
6.

Articulao com demais profissionais dos servios da Rede

A estratgia de interveno deve ser elaborada de forma integrada, fundamentada na cooperao, comunicao e procedimentos
integrados e articulados que assegurem consistncia entre a interveno de natureza civil e a de natureza criminal.
7.

Gesto Democrtica. Envolvimento de mulheres no monitoramento das aes.

O Centro de Referncia deve promover o envolvimento de mulheres que j estiveram em situao de violncia na definio das
estratgias adotadas e na avaliao do servio.

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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

III. DIRETRIZES GER


AIS DOS CENTROS DE REFERNCIA
ERAIS
Os Centros de Referncia devem seguir as seguintes diretrizes gerais em seu funcionamento:

a.

Abordagem Multidisciplinar

O trabalho multidisciplinar tem as seguintes caractersticas bsicas3:


As diferentes intervenes no so pr-estabelecidas, mas diferentes para cada pessoa atendida, formuladas de modo sempre
singular;
Os profissionais se coordenam sem confuso de papis, o que de fundamental importncia para que o atendimento seja de fato
articulado, mantendo-se em tenso as diferenas decorrentes das especificidades de cada servio;
As diferentes intervenes podem ocorrer quase simultaneamente, a diversificao concomitante dos liames entre os diferentes
campos e no a adio de resultados de vrias relaes e tcnicas complementares se sucedendo que pode ter um efeito sinrgico.

b.

Segurana da Mulher e dos profissionais

A segurana da Mulher e dos profissionais do Centro de Referncia deve ser considerada em todos os procedimentos do atendimento,
em especial no que se refere ao atendimento a mulheres que esto vivenciando processos formais ou no de separao.

Na hiptese do agressor se dirigir ao servio na tentativa de intimidao, importante que se demonstre que existem limites a serem
cumpridos que, por exemplo, no ser tolerado que ele fique aguardando no Centro de Referncia, nem nas proximidades do servio.

A polcia tem por misso a segurana do pblico em geral e, assim, tambm dos equipamentos da Rede de Atendimento, fundamental,
nesse contexto, que a coordenadora do servio elabore, em conjunto com a justia e a segurana pblica, um protocolo de estratgias
e procedimentos de segurana a serem adotados em casos de intimidao como esse.

Inspirado em KONSTANTINOVITCH, C. (1993) in: Inommables violences et paroles devenant possibles Approches Transdisciplinaires.

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

A coordenadora deve tambm elaborar um plano interno de segurana, o qual deve: definir medidas preventivas para se ter certeza
de que situaes perigosas no ocorrero; garantir que todas as pessoas saibam o que fazer em uma situao de perigo, de modo a
no ser necessrio improvisar; fazer com que as pessoas saibam responder situaes de perigo de uma forma profissional e rpida, de
modo a prevenir ou conter a violncia, bem como suas conseqncias; que aps a ocorrncia do episdio de violncia, profissionais
do Centro de Referncia tenham a oportunidade de discuti-lo.
c.

Identificao dos Tipos de Violncia

A violncia contra a mulher pode assumir vrias formas, algumas delas j tipificadas no ordenamento jurdico, como assdio moral e
sexual, trfico de pessoas, estupro e atentado violento ao pudor. Os efeitos da violncia contra a mulher so de longo alcance e
podem emergir em diferentes sintomas. importante mencionar, no entanto, que esses indicadores devem ser analisados em contexto
mais amplo, no indicando necessariamente a violncia. Um dos elementos comuns em episdios de violncia domstica a dinmica
do segredo, ou seja, a dificuldade da pessoa vitimada em revelar o que aconteceu, e, portanto, em buscar e/ou aceitar ajuda.

Caractersticas

Indicadores
Violncia Fsica Visvel

Manchas roxas, queimaduras, marcas de mordida humana, fraturas especialmente de olhos,


nariz, dentes, mandbula.Machucados durante gravidez, aborto, nascimento
prematuro.Machucados no tratados.Machucados diversos em estgios diferentes de
cura.Vestimenta e/ou acessrios inapropriados, para possivelmente cobrir reas do corpo
com sinais da violncia.

Doenas Sexuais e Gastrintestinais

HIV, DSTs, colite etc.

Distrbios Emocionais

Stress - Dor de Cabea, dor nas costas, dor no estmago, distrbios do sono, distrbios
alimentares, cansao.
Ansiedade Acelerao de batimentos cardacos, sndrome do pnico.
Depresso, pensamentos suicidas, tentativas de suicdio, drogadio e alcoolismo.

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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

Problemas Pessoais

Problemas no casamento ou na famlia.


Problemas com drogas ou lcool.
Extrema irritao, nervosismo e/ou fadiga.

Problemas no Trabalho

Ausncias freqentes e/ou dificuldade de finalizar tarefas.


Telefonemas ou presena do agressor no ambiente do trabalho.
Isolamento.

d.

Atuao em Rede

Uma rede de atendimento mulher pressupe a existncia de uma poltica pblica de ateno violncia de gnero, impulsionadora
dos agentes locais e facilitadora ou mobilizadora das relaes entre rgos-governamentais e no governamentais, que ao mesmo
tempo atribua a um rgo especfico o papel de articulador dos servios, fomente a aes intersetoriais e crie condies favorveis
implementao e continuidade do trabalho.
O Centro de Referncia deve desenvolver estratgias de integrao e complementaridade entre servios de atendimento violncia
de gnero, para a criao ou fortalecimento de redes municipais e/ou regionais de ateno a mulheres em situao de violncia,
buscando elaborar e propor a institucionalizao de gesto da rede.
A estratgias de integrao e complementaridade devem prever mecanismos de soluo para dificuldades comumente presentes no
trabalho em rede, as quais so decorrentes das seguintes situaes:

Falta de conhecimento sobre o trabalho de cada um, os seus objetivos e seus problemas;

Pensamento setorial ou territorial;


Comportamentos dominadores;

Falta de recursos financeiros e humanos;


Atitudes preconceituosas e discriminatrias;

Ms experincias anteriores do trabalho em rede.

20

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Dentre as estratgias para o fortalecimento do trabalho em rede destacam-se:

A formao multidisciplinar permanente e os seminrios intersetoriais;

Projetos conjuntos;
Grupos de trabalho com profissionais de vrias reas;

Superviso integrada de casos;


Rede de coordenadores;

Planos de ao locais de preveno e enfrentamento da violncia contra as mulheres;


Criao participativa de protocolos e fluxos de atendimento;

Mecanismos de comunicao de informaes entre profissionais que assegurem a compreenso e a aplicao das regras do
sigilo e da partilha de informao;

Avaliao conjunta da resposta articulada dos servios, em especial das respostas da polcia, ministrio pblico e judicirio;
Discusso das expectativas e experincias de cada profissional da rede;

Treinamento em negociao de conflitos para profissionais da rede.

e.

Recursos Humanos

O nmero de profissionais dever ser estabelecido de acordo com a populao demogrfica do municpio e da regio onde est
inserido e com os dados quantitativos relativos violncia contra a mulher.
O Centro de Referncia poder efetuar convnios com Universidades a fim de receber estudantes, na qualidade de universitrios e
profissionais recm-formados. Neste caso, procedimentos de atribuio de tarefas e superviso dos trabalhos devem ser claramente
definidos, no podendo em hiptese alguma um estagirio ou um profissional recm-formado conduzir o atendimento inicial ou
aprofundado.
f.

Gesto do Equipamento

A Gesto do Centro de Referncia de responsabilidade da (o) Coordenador(a) do Centro de Referncia e deve ter como objetivos:

21

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

1.

O gerenciamento do equipamento

O gerenciamento do equipamento envolve os seguintes setores:

Gesto de Pessoas

A gesto de pessoas compreende uma gama de responsabilidades, tais como: selecionar pessoal (no caso de profissionais contratados
sob o regime da CLT), escrever termos de referncia para a seleo de pessoal, treinar novos(as) tcnicos(as), supervisionar contratos
de trabalho e fluxo de informao para os(as) tcnicos(as), informar a equipe sobre seus direitos, apoiar os(as) tcnicos(as) no
exerccio de suas funes e nos seus planos de carreira, disponibilizar apoio quando ocorrerem problemas, prevenir o burn-out4,dirimir
conflitos entre os(as) tcnicos(as), organizar a superviso, promover o ambiente organizacional emptico e produtivo, promovendo
encontros, festas de aniversrio, celebraes por resultados alcanados, reflexo construtiva sobre os no alcanados etc.
Os servios de atendimento mulher em situao de violncia devem evitar estruturas de pessoal excessivamente hierrquicas,
permitindo a participao da equipe, mesmo que em diferentes graus, nos processos decisrios. Profissionais que atuam e cooperam
em equipe trabalham com mais eficcia, mais satisfao, produzem mais resultados e oferecem um servio mais humanizado e
empoderador.
A fim de maior eficincia e de se evitar problemas na equipe, atribuies, funes, responsabilidades e grau de autonomia dos(as)
profissionais, bem como procedimentos de trabalho devem ser estabelecidos e comunicados o mais claramente e brevemente possvel,
a fim de se evitar problemas na gesto do pessoal, os quais, caso surgirem, devem ser detectados com prontido e resolvidos
eficazmente.
A coordenadora do Centro de Referncia deve assegurar que os(as) profissionais da equipe tenham seus direitos funcionais ou
trabalhistas assegurados e planejar para que as frias dos(as) profissionais no interfiram negativamente no funcionamento do
equipamento, assim como deve promover e favorecer processos de formao e capacitao dos(as) tcnicos(as).

burn-out - saindo da violncia Wave Co-ordination Office, Vienna, ustria, 2003. Sndrome de stress ps-traumtico secundrio ou de exausto.

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Gesto de Tarefas e Servios

A gesto de tarefas de fundamental importncia para a manuteno da qualidade do servio. Os Centros de Referncia devem
elaborar, anualmente, seu plano operacional, com objetivos, metas, indicadores, recursos disponveis e tarefas a serem executadas,
inclusive referentes segurana da equipe e quais profissionais responsveis por sua execuo.
A coordenadora do Centro de Referncia deve elaborar a minuta do plano, lev-lo a discusso pela equipe, tomar decises visando
sua implementao, promover a avaliao participativa sistemtica da sua execuo e apresentar os resultados equipe, aos gestores
e rede.
Os mecanismos de comunicao interna e externa devem ser um dos aspectos dos planos operacionais dos Centros de Referncia. A
troca de informaes gil, eficaz e com o resguardo de sigilo, quando necessrio, evitar a revitimizao institucional ou pelo(a)
agressor(a) da mulher atendida.

Gesto Financeira

A gesto financeira um dos aspectos mais importantes na gesto do equipamento, pois o que garante a sustentao do Centro de
Referncia e envolve responsabilidade financeira, motivo pelo qual, alm de outras qualificaes, importante que o(a) coordenador(a)
tenha experincia nessa rea.
A gesto financeira envolve buscar e assegurar recursos financeiros, elaborar a pea oramentria, realizar a contabilidade dos gastos
e dos salrios, bem como envolve o controle e manuteno dos bens mveis do equipamento e a atribuio e superviso de contratos,
transaes financeiras, relatrio de contas etc.
importante que os procedimentos de contabilidade, contratao, pagamentos e prestao de contas estejam claramente definidos.

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2.

Assegurar a qualidade do servio

importante ressaltar que o conceito de gesto de qualidade tem suas origens em um mundo econmico patriarcal e, portanto, pode
ser problema no contexto de um equipamento de atendimento mulher em situao de violncia. A coordenao do Centro de
Referncia deve possuir subsdios e argumentos para contrapor possveis tentativas de reduo do nvel dos indicadores de qualidade
do servio.
O controle da qualidade do servio deve ajudar o seu aprimoramento, e, para isso, mecanismos de acompanhamento sistemtico do
trabalho devem ser elaborados e implementados, adoo de novos conceitos e prticas podem vir a ser necessrios e indicadores de
qualidade devem ser adotados.
O acompanhamento do servio poder ser efetuado por meio de: questionrios annimos para as mulheres atendidas, entrevistas
com as usurias, questionrios para profissionais da rede, avaliao externa, dentre outros. Os indicadores de qualidade devem advir
dos direitos da mulher atendida pelo Centro de Referncia, quais sejam:

Direito a um ambiente de aconselhamento seguro;


Direito a privacidade e sigilo, com exceo de regras de notificaes compulsrias;

Direito de ser informada sobre e tomar decises referentes aos atendimentos;


Direito de optar ou no pela denncia;

Direito a uma investigao isenta de suas queixas;


Direito a um atendimento qualificado, no julgador e respeitoso;

Direito a escolher participar ou no de pesquisas;


Direito de escolher aceitar ou no servios de estagirios e/ou profissionais recm-formados;

Direito de ser informada sobre a natureza e a segurana, perodo de manuteno de arquivos referentes ao seu caso mantidos
pelo Centro de Referncia;

Direito a estar acompanhada por pessoa de sua escolha nos atendimentos;


Direito a intrpretes, se necessrio e/ou requisitado;

Direito a ter seu caso transferido para outros(as) profissionais;


Direito de acesso aos arquivos referentes ao seu caso;

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Direito de recusar o atendimento indicado pelos(as) profissionais do equipamento;

Direito de efetuar queixa sobre o servio.

Essa lista de direitos dever estar exposta nos murais da sala de espera da recepo e cpias devero ser disponibilizadas a pedido
das usurias do servio.
3.

Documentar informaes referentes ao servio

O Centro de Referncia deve buscar ou produzir, sistematizar e documentar sistematicamente dados quantitativos e qualitativos
referentes: situao da violncia contra a mulher no municpio, regio e estado; s mulheres atendidas (perfil scio econmico,
cultural, faixa etria, filhos, ocupao etc), gerando periodicamente estatsticas e relatrios.
importante ressaltar que as informaes de carter pessoal s podero ser repassadas para autoridades com consentimento da
mulher atendida, e no podero ser repassadas para o agressor. Excees podero ocorrer em casos de risco para a vida ou sade da
mulher.
Os relatrios e as estatsticas internas, em que dados individuais so annimos, so de suma importncia para equipamentos de
atendimento para redirecionar estratgias, qualificar procedimentos, definir metas e assegurar linhas de financiamento.
4.

Avaliar o servio

A avaliao do Centro de Referncia pode ser interna e/ou externa, sistemtica e/ou peridica e deve assegurar a participao dos(as)
profissionais do equipamento e da rede, das usurias, dos(as) gestores e da comunidade em geral.
A avaliao deve: ter seus objetivos e metas definidas claramente, focar fatores determinados, descrever detalhadamente resultados
e apresentar concluses e recomendaes especficas, as quais devem ser partilhadas com todos(as) envolvidos(as).

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A avaliao pode combinar a avaliao externa e a auto-avaliao, a qual tem como aspecto positivo a conscientizao interna, mas
pode ser parcial pelas dificuldades em se distanciar e verificar com iseno fragilidades do servio. No caso de uma avaliao externa,
deve-se buscar profissional autnomo, sem vinculaes que possam causar influncias polticas na avaliao e formalizar o vnculo
por meio de um contrato escrito que defina todos os processos da avaliao, diferentes etapas, produtos esperados e linhas gerais do
relatrio final.
g.

Diagnstico e Avaliao da Rede de Atendimento

fundamental que os Centros de Referncia faam o quanto antes, e mantenham atualizado, o diagnstico de servios e equipamentos
disponveis na localidade que integram a Rede de Atendimento ampliada mulher em situao de violncia. A ausncia de diagnstico
e cadastro atualizado pode inviabilizar o correto encaminhamento dos casos atendidos, causando como conseqncia direta a
revitimizao da mulher atendida e o risco de escalonamento do grau de violncia ao qual ela est submetida.
O diagnstico da rede de atendimento deve gerar um cadastro que deve ser periodicamente atualizado, como j mencionado, e deve
conter dados cadastrais dos equipamentos, bem como o horrio de funcionamento, procedimentos para atendimento e pessoa ou
pessoas de referncia.
h.

Formao de Recursos Humanos

A maior prioridade deve ser o investimento na formao continuada e na valorizao profissional da equipe tcnica e administrativa
do Centro de Referncia e da Rede de Atendimento, que resulte numa crescente compreenso do fenmeno da violncia, suas causas
e instrumentos de superao individual e coletiva. Esta viso abrangente, motivadora e sensvel aumentar de forma significativa a
ateno e os cuidados no atendimento s mulheres em situao de violncia. A Formao Continuada deve ser abrangente, de
natureza tcnica, operacional, gerencial e universal, dirigida ao conjunto dos(as) profissionais envolvidos no atendimento.
A formao profissional deve estar pautada por uma metodologia dialgica, interdisciplinar, holstica que incentive a mobilizao. A
formao continuada de natureza tcnica e operacional deve incluir disciplinas especficas, tais como: legislao que assegura os
direitos das mulheres, tcnicas de atendimento e acolhimento, dentre outros. Os contedos programticos devem estimular o

26

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

aprimoramento do trabalho em equipe, mobilizando e integrando as instituies que compem a Rede e a melhoria crescente da
qualidade do atendimento/acolhimento.
Os Centros de Referncia necessitam estabelecer critrios de qualificao profissional na escolha de formadores, que preferencialmente
devem ser profissionais qualificados(as) e j com alguns anos de experincia em sua rea de atuao.
Todos(as) profissionais do Centro de Referncia devem participar de curso de formao inicial que dever ter 80 horas iniciais, no
mnimo, divididas em 10 dias de formao, o que significa duas semanas seguidas de sesses progressivas de formao e superviso.
A seguir apresentamos uma sugesto de contedo de programa dividida em:

Mdulo Bsico Aspectos legais, cientficos e tericos da violncia de gnero (definio, prevalncia do fenmeno, formas
de violncia contra a mulher, ciclo da violncia, impacto em longo prazo da violncia, estratgias do agressor); estratgias para
o acolhimento (escuta atenta, e no julgadora), a interveno (identificar a violncia, assegurar a proteo e segurana) e o
empoderamento (resgate da auto-estima, atribuio de responsabilidades, autodeterminao da mulher, escuta qualificada);
negociao de conflitos e trabalho em rede com equipamentos e rgos locais, nacionais e internacionais.

Mdulos Especficos Um ou mais mdulos, tais como: atendimento psicossocial; preveno; relaes sociais; tcnicas de
entrevista com mulheres em situao de violncia; interveno em situaes de crise etc.

A Coordenao do Centro de Referncia deve buscar apoio na Rede de atendimento, em especial, em ncleos de universidades para
a realizao do curso de formao; caso no disponha de recursos financeiros para esse fim, pode articular-se com gestores de
poltica para as mulheres locais com o objetivo de fortalecer a realizao de eventos de capacitao.
i.

Superviso

A superviso um meio para profissionais aprimorarem o seu prprio trabalho. Os supervisores devem ser especialistas, treinados
para fornecerem apoio individual e de grupo para uma equipe tcnica. aconselhvel procurar profissionais que sejam sensveis s
questes de gnero e tenham experincia na rea da violncia contra a mulher.

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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

A superviso deve ocorrer dentro de um contexto definido que relacione tanto a atitude, como as regras estabelecidas para realizar
a tarefa nas melhores circunstncias possveis e lide com o impacto para a sade mental e fsica dos(as) profissionais expostos(as) a
relatos traumticos contados por mulheres atendidas, de forma a evitar a ocorrncia da sndrome do stress ps-traumtico secundrio,
tambm conhecida como burn-out e a alta rotatividade de profissionais.

VI. DIRETRIZES ESPECFIC


AS DOS CENTROS DE REFERNCIA DE ATENDIMENTO MULHER
SPECFICAS
EM SITU
AO DE VIOLNCIA
ITUAO
Os Centros de Referncia de Atendimento Mulher em situao de violncia so equipamentos da poltica pblica especial de
preveno e enfrentamento violncia contra a mulher, vinculam-se administrativamente ao rgo gestor das polticas para as
mulheres do municpio onde esto localizados, que tem como finalidade, encaminhar para atendimento e/ou atender a mulher em
situao de violncia e fornecer subsdios tcnicos e estatsticos sobre a questo da violncia contra a mulher para gestores das
polticas pblicas bsicas e especiais, bem como para profissionais, representantes de organizaes e comunidade em geral.

Da especializao e da natureza do servio


Os Centros de Referncia de Atendimento Mulher so equipamentos da poltica de preveno e enfrentamento violncia contra
a mulher que: funcionam como porta de entrada especializada para atender a mulher em situao de risco na rede de atendimento.
Estes servios elaboram diagnsticos preliminares da situao concreta de violncia, encaminham Rede de Servios, acompanham
o atendimento e oferecem orientaes gerais, bem como atendimento psicolgico, social e jurdico mulher vtima de violncia
sexual, fsica e psicolgica, espordica ou de repetio, ocorrida no contexto de nenhuma relao (cometida por desconhecidos), de
relaes de afeto e confiana e/ou de trabalho.

Das beneficirias diretas do servio


Em consonncia com a Conveno de Belm do Par, da Organizao dos Estados Americanos OEA, da qual o Brasil signatrio,
as mulheres so as beneficirias diretas dos Centros de Referncia, as quais devem ser consideradas como sujeito de direitos, e no
meramente como vtimas e vulnerveis, independentemente de sua cor, raa, etnia, situao scio-econmica, cultural e de orientao
sexual.
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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

importante ressaltar que a violncia domstica tambm ocorre em relaes homoafetivas. Na verdade, o padro abusivo presente
na violncia domstica pode ser agravado pelas demonstraes de dio e homofobia expressados por conhecidos e internalizados
por mulheres com orientao sexual homossexual, as quais acabam reproduzindo o paradigma discriminatrio que permeia o tecido
social que considera a relao heterossexual como a nica normal, natural e, portanto, aceita pelo grupo.

Da gratuidade do servio
Os servios de atendimento psicossocial e jurdico oferecidos pelos Centros de Referncia devem ser gratuitos, devendo o Estado
assegurar os recursos financeiros necessrios para sua operacionalizao.

Do trabalho de equipe
O trabalho em equipe deve ser promovido e fortalecido, sendo estabelecidos pela coordenao mecanismos participativos de tomada
de deciso, uma vez que esse tipo de estrutura garante que a interao e as relaes entre os(as) profissionais sejam baseadas na
solidariedade, igualdade, responsabilidade e no compromisso pessoal, afastando o risco do exerccio do poder centralizado e autoritrio.

Da funo social dos centros de referncia


Os Centros de Referncia devem contribuir para a eliminao dos preconceitos, atitudes e padres comportamentais na sociedade
que perpetuam a violncia contra as mulheres.

V.
DE

ESTRUTUR
A DOS CENTROS DE REFERNCIA DE ATENDIMENTO MULHER EM SITU
AO
STRUTURA
ITUAO
VIOLNCIA

1. Equipamentos
Os equipamentos mnimos necessrios ao funcionamento de um Centro de Referncia so classificados nas seguintes categorias:
a. Comunicao uma Central telefnica, um telefone-fax, telefones;
b. Transporte um veculo tipo utilitrio;
c. Informtica a especificao prev no mnimo um computador e uma impressora, com previso de rede lgica e Internet e uma
mquina copiadora;

29

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

d. Diversos neste item, os equipamentos especificados so: 01 aparelho de TV de 20 polegadas, 01 equipamento de vdeo ou DVD,
01 mquina fotogrfica digital, 04 mini-gravadores, 01 filmadora; bebedouro refrigerado, fogo, geladeira, ventiladores.
2.

Localizao e espao fsico

Os Centros de Referncia devem ter espaos bem iluminados e sinalizados, com placas de identidade visual prpria (dever haver
clara indicao dos parceiros do co-financiamento), facilitando o acesso da populao ao servio e, na medida do possvel, estarem
localizadas prximas aos servios da Rede de Atendimento. Na construo e/ou adaptao de espaos fsicos dos Centros de Referncia
devem ser contempladas as especificaes constantes na legislao especfica vigente para os portadores de deficincias e necessidades
especiais.
O espao fsico dos Centros de Referncia devem conter, no mnimo:
a. Recepo A recepo deve ser composta por 3 salas: uma com assentos confortveis e murais com materiais relativos
preveno e ao enfrentamento da violncia contra a mulher; outra para o atendimento geral, com espao para mesas e material de
apoio para 2 profissionais tcnico-administrativos e ligada a esta; a terceira sala dirigida a estudos sobre a violncia contra a mulher,
aberta, por meio de hora marcada a estudantes, profissionais e membros de movimentos sociais,com mesa, cadeiras, estantes para
materiais de estudo, computador ligado Internet e impressora.
b. Atendimento O espao de atendimento deve estar dividido em uma sala de espera, uma sala para atendimento jurdico, outra
para o atendimento psicolgico, uma mais para o atendimento social e uma ltima sala que deve ser ampla o suficiente para
promover o atendimento de grupos.
c. Coordenao A coordenao deve ser composta por trs salas: uma para a coordenao, outra para o arquivo e uma ltima para
reunies.
d. Apoio O apoio deve prever uma sala para almoxarifado, uma sala de estar para a equipe e uma copa-cozinha.
e. reas comuns As reas comuns devem ser compostas por dois banheiros femininos e um masculino, uma brinquedoteca, uma
sala para atividades e uma rea verde.
Os ambientes devem possuir um cdigo de sinalizao apropriado e que, de forma clara e objetiva, permita o fcil e adequado acesso
aos diferentes servios e espaos existentes.

30

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

3.

Mobilirio

Nas salas previstas no item 2 (Localizao e espao fsico) devem ser utilizados mveis funcionais que atendam s necessidades
dos(as) funcionrios(as) e usurios(as) de cada espao e que atendam , na mesma medida, s necessidades das atividades
desenvolvidas, de forma a oferecer s mulheres em situao de violncia que venham efetuar seus registros, bem como equipe
tcnica, o conforto e acolhimento necessrios.

VI. DIVULG
AO DO SERVIO E ARTICULAO DA REDE
IVULGAO
O Centro de Referncia deve desenvolver:

estratgias de comunicao diferenciadas que divulguem o equipamento para: comunidade em geral, pblico-alvo especfico do
Centro de Referncia, gestores pblicos e profissionais de servios, Poder Judicirio, Ministrio Pblico, conselhos de direitos,
organizaes no-governamentais, igrejas e quaisquer outros servios e entidades que possam contribuir na difuso do Centro
de Referncia. importante assegurar a acessibilidade de linguagem (Braile e Libras) nos diversos materiais institucionais do
Centro de Referncia;

protocolo de atendimento e encaminhamento que contemple os casos de urgncia e fora do horrio regular de trabalho.

VII. RECURSOS HUMANOS


A equipe do Centro de Referncia ser composta, conforme quadro abaixo, por:

1 coordenador(a);

2 secretrios(as);

2 assistentes sociais;

2 psiclogos(as);

1 advogado(a);

2 educadores(as);

1 ajudante-geral;

1 segurana.

31

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N mnimo de profissionais

Servios
Coordenao

1 coordenador(a)

Recepo

2 secretrios(as)

Atendimento Inicial

1 psiclogo(a)
1 assistente social

Atendimento Jurdico

1 advogado(a)

Atendimento Social

1 assistente social

Atendimento Psicolgico

1 psiclogo(a)

Atividades Complementares

1 arte-terapeuta

Brinquedoteca

1 educador(a)

Servios Gerais

1 ajudante-geral

Atribuies e competncias da funo


Elaborar e supervisionar o plano oramentrio de custos
anuais;
Contratar profissionais;
Assegurar o cumprimento dos procedimentos de atendimento
e segurana.

A Coordenao do Centro de Referncia deve considerar o quadro acima quando da contratao de profissionais, assim como o seu
sexo. Tendo em vista que a maioria das mulheres em situao de violncia sente-se mais confortvel sendo atendida por profissionais
do sexo feminino, a coordenao deve preocupar-se em assegurar um maior nmero de profissionais mulheres.
Organograma
COORDENAO
EQUIPE ADMINISTRATIVA

EQUIPE TCNICA
INICIAL
32

APROFUNDADO

RECEPO

SERVIOS GERAIS

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

VIII. METODOL
OGIA DE FUNCIONAMENTO E
ETODOLOGIA

DE

ATENDIMENTO

O Centro de Referncia atender mulheres em situao de violncia seja por demanda espontnea ou por encaminhamento de
algum servio ou instituio; oferecer orientaes gerais sobre os direitos da mulher e sobre a Rede de Atendimento a sua disposio,
bem como servios psicolgico, social e jurdico, que podero ser individuais ou em grupo.
O atendimento ser efetuado em quatro fases distintas:

1 FFASE
ASE - Acolhimento e Informaes Gerais
A mulher em situao de violncia que espontaneamente buscar ou for encaminhada ao Centro de Referncia ser inicialmente
atendida pela equipe administrativa que oferecer a ela informaes gerais sobre o Centro de Referncia e sobre a Rede de Atendimento,
esclarecer suas dvidas e verificar o seu interesse em ter uma entrevista individual com a dupla de profissionais do atendimento
inicial. A mulher em situao de violncia dever ser informada dos propsitos da entrevista e assegurada de que no ter que se
vincular ao atendimento aps a entrevista, se assim no desejar. A mulher em situao de violncia tambm dever ser informada de
que, caso no tenha com quem deixar seus filhos para poder vir ao Centro de Referncia, poder traz-los, pois uma educadora ou
educador desenvolvero atividades ldicas com eles durante o perodo do atendimento e, ainda, devero ser assegurados sigilo e
privacidade do atendimento.
No caso de relato de violncia sexual recente (ocorrida no perodo de 72 horas anteriores), o Centro de Referncia dever encaminhar,
imediata e emergencialmente, a mulher para a equipe de atendimento inicial, que a orientar e a encaminhar emergencialmente
para os servios de sade.

2 FFASE
ASE - Orientao mulher em situao de violncia Diagnstico Inicial e Encaminhamento
A mulher em situao de violncia que manifeste o desejo de ser atendida pelo Centro de Referncia ser encaminhada ao atendimento
inicial que ser realizado por uma dupla de profissionais composta por um(a) psiclogo(a) e um(a) assistente social. Os objetivos
desse atendimento so:

33

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

estabelecer uma relao de confiana e credibilidade da mulher em situao de violncia com o servio, ouvir o seu relato de

forma qualificada, respeitosa e no julgadora;


informar mulher em situao de violncia sobre seus direitos quanto ao atendimento no Centro de Referncia, descritos no

item III, f, 2 desta norma tcnica;


elaborar um diagnstico preliminar do risco para a vida e sade da mulher atendida e de suas necessidades especficas;

apresentar opes de atendimento e encaminhamento, alm de discuti-las com a mulher atendida;


elaborar em conjunto com a mulher atendida um plano personalizado de atendimento;

elaborar em conjunto com a mulher atendida um plano pessoal de segurana5;


explicar os prximos procedimentos e encaminhamentos para a implementao deste plano personalizado de atendimento;

esclarecer qualquer dvida remanescente;


encaminhar a mulher atendida para a Recepo do Centro de Referncia para que marque em agenda o atendimento individual
e/ou para que seja informada com mais detalhes sobre as formas de acesso aos servios da Rede de Atendimento para os quais
possa ter sido orientada a procurar.

A equipe de atendimento inicial e a equipe tcnica administrativa devem se assegurar da preciso da informao sobre os outros
servios da Rede fornecida para a mulher atendida, telefonando previamente para o servio e certificando-se sobre sua disponibilidade.
A mulher em situao de violncia no dever levar nenhum arquivo ou documento de encaminhamento, os documentos de
encaminhamento devero ser tramitados institucionalmente, por meio de formulrio prprio de encaminhamento6, que dever ter
trs vias e prever campos para que a equipe de atendimento inicial descreva de forma sumria: o diagnstico preliminar, os
encaminhamentos dados ao caso, o motivo do encaminhando para aquele servio em especial, a descrio sumria do atendimento
prestado no servio e os demais encaminhamentos (as duas ltimas informaes devero ser preenchidas pelo servio para qual a
mulher foi encaminhada). Uma via do formulrio ficar no arquivo do Centro de Referncia e as duas outras vias sero preenchidas
por este servio, que arquivar a segunda via e enviar a terceira via para o Centro de Referncia.

5
6

Verificar modelo de Plano de Segurana nos Anexos.


Verificar modelo de Formulrio de Encaminhamento nos Anexos.

34

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

importante ressaltar que no apenas a mulher deve ser direcionada aos equipamentos: o(a) tcnico(a) responsvel pelo atendimento
especializado deve discutir o caso com o novo servio, informando-o do encaminhamento e verificando a real necessidade de
atendimento, com fins a evitar a revitimizao da mulher em situao de violncia.
No caso de relato de violncia sexual recente (ocorrida no perodo de 72 horas anteriores), orientar a mulher sobre os servios7 de
profilaxia do vrus HIV e da contracepo de emergncia, encaminh-la imediatamente para um servio de sade que possa prestarlhe estes servios, informando-a de que, se desejar, poder retornar ao Centro de Referncia aps ter efetuado o procedimento
emergencial.
No caso de violncia sexual com mais 72 horas de ocorrncia, informar mulher sobre seus direitos, em especial o do abortamento
legal, caso haja confirmao de gravidez.

Documentao dessa fase procedimental:

A documentao deve constar de relatos sintetizados. O relato da mulher deve ser registrado em linguagem direta, em forma de
citao, indicando exatamente o qu e como foi dito. Destaca-se que a investigao atribuio policial e, portanto, os(as) tcnicos(as)
no devem questionar a mulher atendida alm do que terapeuticamente adequado.
O registro do atendimento deve incluir:
a.

a data, o horrio e o local do atendimento;

b.
c.

histrico de atendimento;
pessoas presentes na entrevista;

d.
e.

resumo do relato;
preocupaes emocionais e fsicas atuais da mulher atendida;

f.

impacto da violncia para a mulher atendida;

Para maiores informaes, consultar a nota tcnica do Ministrio da Sade.

35

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

g.

relatos de contato prvio com a polcia e com servios especializados no atendimento a vtimas de violncia sexual, dependendo

h.

da especificidade do caso concreto;


questes da mulher atendida em relao a sua segurana;

i.
j.

avaliao do grau de risco integridade fsica por parte da equipe entrevistadora;


plano inicial individualizado de segurana;

k.
l.

plano de atendimento personalizado;


plano de acompanhamento dos encaminhamentos;

m.

questes relacionadas a filhos que precisam ser consideradas;

n.

outras questes relevantes.

3 FFASE
ASE - Diagnstico Aprofundado e Atendimento
O objetivo desta 3 fase aprofundar o diagnstico preliminar elaborado pela equipe de atendimento inicial, a fim de identificar as
demandas e questes a serem tratadas nos diversos outros tipos de atendimento. O(a) tcnico(a) deve pautar o atendimento na tica
e no respeito mtuo, adotar sempre uma postura de acolhimento e conduzir a entrevista de forma a fortalecer o vnculo com o
equipamento e conquistar a confiana da mulher atendida, a qual dever, assim como na 1 fase, ser informada dos propsitos da
entrevista e dos detalhes do processo de atendimento especializado.
O(a) tcnico(a) dever se certificar de que a mulher atendida foi informada de que, caso no tenha com quem deixar seus filhos para
freqentar o Centro de Referncia, poder traz-los consigo, e de que o sigilo e a privacidade do atendimento estaro assegurados.

Atendimento Social

Consiste no atendimento realizado por profissional da assistncia social, com o objetivo de fornecer orientaes e promover a
insero da mulher atendida e de seus dependentes em programas de transferncia de recursos, aos quais ela tenha direito, tais
como: cestas bsicas, fotos para documentos, fraldas geritricas, vale-transporte, dentre outros; e nos demais servios que se fizerem
necessrios.
Caso seja identificada a necessidade de servios especficos, como atendimento para questes referentes sade mental ou tratamento
de dependncia qumica, o caso dever ser encaminhado tambm para equipamentos que forneam estes servios.
36

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

Tcnicas prticas de defesa pessoal devem ser ensinadas mulher em situao de violncia em sesses de atendimento em grupo.
O(a) tcnico(a) responsvel pelo atendimento social dever manter contato permanente com as coordenadorias das casas abrigos e
dos servios de alojamento temporrio a fim de possibilitar o pronto encaminhamento da mulher atendida, caso entenda que o grau
de risco sua integridade fsica tenha sido agravado.

Atendimento Psicolgico

Consiste no atendimento realizado por profissional de Psicologia, com o objetivo de promover o resgate da auto-estima da mulher e
a resilinica8 da mulher atendida, de forma a tratar possveis sintomas de depresso e ansiedade crnica; promover paradigmas que
possibilitem mulher em situao de violncia internalizar o conceito de que a violncia inaceitvel e insustentvel em qualquer
tipo de relacionamento, por mais que possa ser freqente no padro do tecido social em que ela est inserida; facilitar mulher
atendida a aquisio de tcnicas de contra-controle que lhe fornea instrumentos para assumir o controle da situao, saindo do
papel de vtima passiva da violncia domstica e no trabalho, e de tcnicas e estratgias de proteo e segurana pessoal.
Tcnicas de relaxamento e controle do estresse, de resoluo de conflitos e de assertividade devem integrar o atendimento psicolgico.
importante ressaltar, no entanto, que o atendimento no deve promover sesses de mediao entre a mulher atendida e o(a)
agressor(a) em situaes de violncia domstica. A mediao familiar inadequada na situao de violncia domstica, uma vez que
a mulher agredida e o agressor esto em papis desiguais no que se refere ao exerccio de poder pessoal.
O(a) tcnico(a) responsvel pelo atendimento psicolgico poder, aps a elaborao do diagnstico aprofundado, encaminhar a
mulher em situao de violncia ao atendimento de arte-terapia, caso julgue adequado, indicando ainda se o atendimento dever ser
individualizado ou em grupo.

Habilidade do indviduo em superar adversidades mdias e severas, como traumas de guerra e episdios sistmicos de violncia,por meio da elaborao e
ressignificao dos danos advindos da adversidade sofrida.

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SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

Arte-terapia

Consiste numa extenso do atendimento psicolgico e compreende sesses de atendimento individuais ou em grupo realizadas por
um(a) arte-terapeuta, com o objetivo de resgatar o potencial criativo da mulher em situao de violncia, ativando ncleos saudveis
de sua psique e estimulando movimentos de autonomia e transformao.

Arte-terapia o termo que designa a utilizao de recursos artsticos em contextos teraputicos. Esta uma definio ampla, pois
pressupe que o processo do fazer artstico tem o potencial de aura quando a cliente acompanhada por um(a) arte-terapeuta
experiente, que com ela constri uma relao que facilita a ampliao da conscincia e do auto-conhecimento, favorecendo e
possibilitando mudanas. um campo de interface com especificidade prpria, pois no se trata de simples funo de conhecimentos
de arte e de psicologia. Isso significa que no basta ser psiclogo e gostar de arte ou ser artista ou educador(a) e gostar de
trabalhar com pessoas com dificuldades especiais.

Por meio do criar em arte e do refletir sobre os processos e os trabalhos artsticos resultantes, a mulher atendida poder ampliar o
conhecimento que tem sobre si mesma e sobre os outros, aumentar sua auto-estima, aprender a lidar melhor com sintomas, estresse
e experincias traumticas, desenvolver recursos fsicos, cognitivos e emocionais e desfrutar do prazer vital do fazer artstico9.

Atendimento Jurdico

Consiste no atendimento individualizado com o objetivo de oferecer aconselhamento jurdico e acompanhamento nos atos
administrativos de natureza policial e nos procedimentos judiciais, informando e preparando a mulher em situao de violncia para
participar dessa difcil etapa.

http://www.sedes.org.br/arteterapia.htm

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

4 FFASE
ASE - Monitoramento do Atendimento e Encerramento do Atendimento
A equipe tcnica do Centro de Referncia dever manter a interlocuo permanente com os demais equipamentos da rede ampliada
de atendimento mulher, com fins de acompanhar ao atendimento integral da mulher em situao de violncia, com envio de
relatrios peridicos, reunies para avaliao da evoluo dos casos atendidos e propositura de novas medidas ou procedimentos, se
necessrio. Essas reunies podero ocorrer em grupos intersetoriais e/ou somente com determinada organizao.
O desligamento do servio de atendimento especializado somente se dar quando for verificada a superao da situao de violncia,
o fortalecimento de mecanismos psicolgicos e sociais que tornem viveis a autodeterminao da mulher.

XI. FLUX
OGR
AMA
UXOGR
OGRAMA

DE

ATENDIMENTO

DEMANDA
ESPONTNEA

ENCAMINHAMENTO
DA REDE

CENTRO DE
REFERNCIA

DESEJA
ATENDIMENTO

NO DESEJA
ATENDIMENTO

INFORMAR
DOCUMENTAR
ENCERRAR

RECEPO
ENCAMINHAR

AGENDA
ATENDIMENTO
INICIAL
ANALISAR

IDENTIFICAR
ENCAMINHAR

RETRO-ALIMENTAO
ATENDIMENTO
PSICOLGICO
ATENDIMENTO
SOCIAL

REDE DE
ATENDIMENTO
PLANEJAMENTO
ACOMPANHAMENTO

ATENDIMENTO
JURDICO
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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

PAR
TE 3 - ANEX
OS
ARTE
NEXOS
ANEX
O I PLANO
NEXO

DE

SEGUR
ANA PESSO
AL
EGURANA
ESSOAL

A equipe de atendimento do Centro de Referncia dever trabalhar, com a mulher atendida em situao de violncia domstica, os
seguintes pontos para que ela construa mentalmente, e se possvel escreva, um plano de segurana pessoal:
A mulher que vive com o(a) agressor(a) deve ter:
1. uma lista de pessoas a quem ela possa recorrer e falar sobre sua situao;
2. reunidos os bens pessoais mais importantes que devem ser deixados sob a guarda de uma pessoa de confiana, sendo que
as chaves da residncia e do automvel, caso ela o possua, devem estar sempre em seu poder;
3. formas de retirar armas da casa;
4. uma pessoa para ser chamada em uma situao de emergncia;
5. opes para se manter segura em uma situao de emergncia;
6. como comunicar vizinhos e/ou polcia da situao e pedir ajuda h um telefone em casa que poder ser usado? Pode-se
combinar um sinal com os(as) filhos(as) para que eles(as) busquem socorro?
7. um alojamento temporrio, caso precise sair de casa ela deve ser lembrada de que os locais devero permanecer em
segredo;
8. rotas de fuga, caso precise fugir;
9. de lembrar-se que no decorrer de uma agresso fsica, ela deve fazer tudo o que possa para garantir sua proteo fsica.
A mulher que est planejando deixar o(a) agressor(a) deve ter:
1. planejada a melhor maneira e hora para sair em segurana;
2. a percepo de chamar a polcia quando for necessrio;

41

SECRETARIA ESPECIAL DE POLTICAS PARA AS MULHERES

3. pessoas que sejam informadas sobre sua sada;


4. uma estratgia para impedir que o(a) parceiro(a) a localize;
5. uma pessoa conhecida que poder proteg-la;
6. estabelecidas regras de segurana para deslocamentos para o trabalho, do trabalho para a escola e da escola para a nova
casa;
7. acesso a equipamentos que podero proteg-la escrever contatos e lembrar-se de manter segredo;
8. a mo o nmero do Ligue 180;
9. planejado um regime de visitas e guarda que a mantero e aos seus(suas) filhos(as) seguros(as);
10. viabilidade de afastamento do agressor por meio de medida judicial cautelar.
A mulher que est vivendo separada do(a) agressor(a) deve:
1. mudar as fechaduras de portas e janelas;
2. instalar, se possvel, sistema de segurana grades ou barras nas janelas, fechaduras, iluminao etc.;
3. ensinar as crianas e/ou famlia e amigos, bem como vizinhos e/ou funcionrios do local onde mora a chamar a polcia numa
situao de perigo eminente;
4. informar oficialmente e alertar a escola, alm de conversar com professores e monitores, sobre quem tem a autorizao para
pegar as crianas;
5. definir medidas de proteo para as crianas;
6. construir uma rede social de apoio, participar de grupos de apoio para troca de informaes sobre a melhor maneira de
proteger a si mesma e a seus(suas) filhos(as);
7. obter uma medida legal de afastamento do agressor.
Em situaes de fuga, a mulher deve levar consigo:
1. certides de nascimento e/ou carteira de identidade;
2. cartes de segurana social;
3. certido de casamento, carteira de motorista, documentos do carro;

42

NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

4. nmero de conta bancria, cartes de crdito, registros bancrios;


5. medicao e receitas;
6. documentos referentes ao divrcio e outros documentos de possvel uso pela justia;
7. nmeros de telefone e endereos da famlia, amigos e de servios da comunidade;
8. vesturio e artigos de conforto para ela e para as crianas,
9. chaves de casa e do carro;
10. brinquedos favoritos das crianas, para que se sintam mais seguras;
11. livros escolares etc.
Observao Dentro do possvel, a mulher deve fazer cpias desses itens (autenticadas em cartrio as cpias dos documentos) e
deixar em algum lugar de confiana, junto com algum dinheiro. A mulher deve tambm ser aconselhada a ter sempre consigo um
carto telefnico.

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NORMAS TCNICAS DE UNIFORMIZAO - CRAMS

ANEX
O II FORMULRIO
NEXO

DE

ENC
AMINHAMENTO
NCAMINHAMENTO

Protocolo de Encaminhamento de Mulher em Situao de Violncia


I. BUSCA PELO SERVIO:
(
(
(

) Espontnea. Como soube do servio? ________________________________________________________________________


) Encaminhada. Por instituio de: (
) Educao (

) Sade (

) Segurana (

) Assistncia Social (

) Justia

) Outros? Qual? _____________________________________________________________________________

Nome e contato da instituio: _________________________________________________________________________________


Profissional responsvel pelo encaminhamento:
(

) Advogado (

) Agente comunitrio de sade (

) Assistente social (

) Delegada da Mulher (

) Educador social de rua (

) Monitor (

) Policial Militar (

) Auxiliar de enfermagem (
) Dentista (

) Orientador Pedaggico (

) Arte educador

) Conselheiro tutelar

) Diretor de escola (

) Enfermeiro (

) Policial Civil (

) Agente cultural (

) Educador social

) Guarda municipal (

) Mdico

) Psiclogo

) Professor (

) Outros. Qual? _________________________________________________

II. IDENTIFICAO:
1. Nome: _________________________________________________________________________________________________
2. Data de Nascimento: _____/_____/________
3. Idade: ______ anos
4. Trabalha? (

) Sim (

) No.

Remunerado? (

) Sim (

) No.

Ocupao: ________________________________________

5. Orientao Sexual: ________________________________________________________________________________________


6. Raa/Cor/Etnia: (
7. Estado Civil: (
8. Filhos(as): (

) branca (
) solteira (

) Sim (

) No

) preta (

) casada (

) parda (

) viva (

) amarela (

) indgena

) separada judicialmente (

9. Quantos(as)?________

) unio consensual (

) ignorado

10. Idades?________________________________________

11. Com quem residem? ______________________________________________________________________________________

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12. Ponto de Referncia: ______________________________________________________________________________________


13. Reside com: ____________________________________________________________________________________________
14. H outro endereo para localizao? (

) Sim (

) No.

15. Moradia de quem? _______________________________________________________________________________________


Endereo: ________________________________________________________________________________________________
N _________ Complemento: __________________ Bairro: ____________________________________ CEP: __________-_____
Cidade: _____________________________________ Estado: __________ Telefone(s): ___________________________________
16. Dorme na rua? (

) Sim (

) No

17. Cidade e Estado de Nascimento: ______________________________________________________________________________


18. H quanto tempo reside no municpio? _________________________________________________________________________
19. Quais os 3 municpios anteriores de moradia? ____________________________________________________________________
20. portadora de deficincia? (

) Sim (

) No. Qual? _____________________________________________________________

21. Freqenta ou utiliza quais servios?


a. (

) Centro de Sade Qual? __________________________________________________________________________

b. (

) Creche. Qual? _________________________________________________________________________________

c. (

) Escola. Qual? __________________________________________________________________________________

d. (

) Ncleo de qualificao profissional. Qual? _____________________________________________________________

III. CARACTERIZAO DA VIOLNCIA


1. (

) Domstica (

2. (

) Circunstancial (

3. Agressor(a): (

) no Trabalho (

) na Rua.

) Continuada.

) Conhecido (

) Desconhecido.

4. Grau de relao e/ou parentesco com o agressor(a): ________________________________________________________________


5. Tipo de Violncia:

46

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5.1. Violncia Fsica (


5.1.1. (

) Leve (

5.2. Violncia SexuaL (


5.2.1. (
(

) Sim (

) No.

) Grave (
)Sim (

) Estupro (

) Gravssima (

) Incapacitante.

)No.

) Atentado Violento ao Pudor (

) Trfico (

) Explorao Sexual Comercial

) Assdio Sexual.

5.2.2. No caso de estupro e atentado violento ao pudor:


a. J foi atendida por servio de atendimento a vtimas de violncia sexual para profilaxia do HIV/Aids e contracepo de emergncia?
(

) Sim (

) No.

b. Violncia sofrida h menos de 72 horas? (


5.3.Violncia Psicolgica (
5.3.1. (

) Sim (

) Sim (

) No.

) intimidao por (ex)parceiro(a) ntimo(a) (

5.4. Negligncia (

) Sim (

5.5. Violncia Patrimonial (

) No. (em caso afirmativo, encaminhar imediatamente ao servio)

) assdio moral (

) difamao (

) injria

) No.
) Sim (

) No.

6. Histrico do Atendimento
7. Data do atendimento: _____/_____/_______.
8. Data relatada do ocorrido: _____/_____/_______.
9. Descrio sumria: ________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
10. Avaliao de risco integridade fsica:
(

) Leve (

) Moderado (

) Grave (

) Gravssimo.

11. Providncias: ___________________________________________________________________________________________


_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________

12. Em caso de violncia domstica, um Plano de Segurana Pessoal PSP elaborado em conjunto com a mulher atendida? (

) Sim (

) No.

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13. Encaminhamentos: _______________________________________________________________________________________


_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________
14. rgos a serem acionados: _________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
15. Responsvel pelo atendimento: ______________________________________________________________________________
Cargo/funo: ______________________________________________________________________________________________
Instituio: ________________________________________________________________________________________________
Endereo: _________________________________________________________________________________________________
N _________ Complemento: ___________ Bairro: _____________________________________ CEP: _____________-________
Cidade: ___________________________________________________ Estado: ________ Telefone(s): _______________________
Fax: _______________________________ E-mail: _______________________________________________________________

Registro do atendimento: _____________________________________________________________________________________

Assinatura:

___________________________________________________________________________________________

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