Retificação
Retificação
Retificação
PROCESSO DE RETIFICAO
PROCESSO DE RETIFICAO
Os elementos que caracterizam uma ferramenta abrasiva, isto , os elementos que precisam ser
especificados na escolha de um rebolo, so:
- natureza do abrasivo;
- tamanho do gro;
- dureza da ferramenta;
- estrutura;
- tipo de liga.
A) Natureza do Abrasivo
- xido de Alumnio Rosa - obtido atravs da adio de Cr2O3 em porcentagens que variam de
0.2 at 2.5%. Possui dureza levemente superior ao branco e alta friabilidade.
- xido de Alumnio Zirconado - utilizado em rebolos com ligas resinides especialmente para
desbastes de lingotes de aos especiais, particularmente os inoxidveis. Contm xido de zircnio em
teores de 10 a 40%. Apresenta alta tenacidade.
Carboneto de Silcio (SiC) - indicado para a retificao de materiais de alta dureza como o ferro fundido
cinzento, materiais no ferrosos (principalmente o metal duro) e no metlicos. Seus prinicpais tipos so:
- Carboneto de Silcio Comum - denominado de Carborundum C pela Carborundum e
Crystolon 37 C pela Norton. Utilizado nas retificaes em geral dos materiais citados acima.
- Carboneto de Silcio Verde - uma variedade do anterior, indicado especialmente para o
trabalho em pastilhas de metal duro. denominado de Carborundum GC pela Carborundum e Crystolon
39 C pela Norton. Por ser uma forma cristalina mais pura que a do SiC comum, apresenta mais
facilidade de ruptura dos seus cristais.
Como j citado acima, alm destes dois tipos de abrasivos existem ainda o diamante artificial,
usado para a retificao de materiais no ferrosos (ferramentas de metal duro, peas cermicas,
porcelana, vidro e corte de pedras) e o nitreto de boro cbico (CBN), utilizado principalmente para
materiais ferrosos (ferros fundidos e aos de extrema dureza). O CBN se apresenta em dois tipos. O
primeiro, com recobrimento de 60% em peso de nquel, recomendado para ferramentas com ligante
resinide, e uma outra qualidade sem recobrimento, para ligas vitrificadas e metlicas. Os diamantes
podem ser revestidos com uma quantidade de nquel ou cobre de at 50 a 60% em peso, o que limita a
transmisso de calor para a liga e melhora a adeso gro-liga, alm de prover alguma proteo contra o
ambiente. So utilizados em rebolos com ligas resinides (para cortar metais duros e/ou para operaes
de preciso com ou sem fluido de corte) ou com ligas metlicas (para trabalhos com exigncias de
manuteno do perfil do rebolo, sempre com fluido de corte, para corte de pedras, cermicas ou vidros).
As caractersticas do diamante artificial usado como gro abrasivo variam desde o gro
policristalino de forma irregular, fraco e frivel (ou frgil) at o gro monocristalino com forma regular e
tenaz. Os gros mais frgeis so aplicados principalmente para a retificao de metal duro com rebolos
com liga resinide, tendo os gros recobertos com nquel. Os gros monocristalinos e mais fortes e
tenazes so usados principalmente com liga metlica para cortar cermicas, pedras, vidros e outros
materiais duros e frgeis.
Em comparao com o diamante, uma importante vantagem do CBN sua estabilidade trmica.
Normalmente ele resiste oxidao at temperaturas da ordem de 1300o C, enquanto o diamante
estvel termicamente at 800oC. Uma conseqncia importante deste fato a possibilidade de se usar o
CBN em um rebolo com liga vitrificada. Rebolos de CBN com liga vitrificada incendeiam-se em uma
temperatura muito mais alta que o diamante.
Recordando algumas conseqncias das caractersticas do gro abrasivo, alta tenacidade implica
que o gro abrasivo dificilmente fratura-se cada vez que impacta contra a pea, enquanto um gro mais
frivel (menos tenaz) regenera suas arestas abrasivas atravs da fratura (auto-afiao) a medida que o
gro perde a afiao durante o uso. Em geral, gros menores do mesmo material so menos friveis, j
que eles so produzidos pela moagem de gros mais grossos. Gros mais duros e mais friveis so
aplicados geralmente para operaes de preciso, enquanto gros mais tenazes de tamanhos maiores so
mais adequados para cortes mais pesados.
A tabela 1 apresenta algumas propriedades dos materiais abrasivos.
Estrutura
xido de
Carboneto de
Nitreto Cbico de
Diamante
Alumnio
Silcio
Boro
Hexagonal
Hexagonal
Cbica
Cbica
3.98
3.22
3.48
3.52
2040
~2830
2100
2400
4700
8000
Cristalina
Densidade
(g/cm3)
Ponto de Fuso
(oC)
Dureza Knoop
(kg/mm2)
B) Tamanho do Gro
O tamanho do gro representado por um nmero que corresponde ao nmero de malhas por
polegada linear da peneira de classificao. Um gro 60, por exemplo, ir passar livremente numa
peneira de 60 malhas por polegada linear, mas ficar retido em uma peneira com 61 ou mais malhas.
Estes nmeros classificam-se segundo a escala granulomtrica mostrada na tabela 2.
Para a seleo do tamanho de gro, as seguintes regras devem ser obedecidas:
- Gros grossos devem ser escolhidos:
a) para materiais moles, dteis ou fibrosos, como aos moles ou alumnios;
b) para remoo de grande volume de material (desbaste);
c) onde no se exige boa qualidade superficial;
d) para grandes reas de contato.
Muito Grosso
Grosso
Mdio
Fino
Muito Fino
16
36
100
280
600
20
46
120
320
700
10
24
54
150
400
800
12
30
60
180
500
1000
70
220
1200
80
240
1600
14
90
C) Dureza
A dureza de uma ferramenta abrasiva representa o grau de coeso dos gros com o aglomerante.
portanto um ndice da resistncia com que o grau abrasivo retido no material aglutinante. Se esta
coeso for grande, capaz de resistir aos esforos de retificao que procuram retirar o gro do rebolo, o
mesmo classificado como dura. Em caso contrrio tem-se uma liga mole. Segundo a ABNT, a dureza
dos rebolos classificada em ordem crescente por letras que vo de E a V, a saber:
E-FG
H-IJ-K
rebolos moles
L-MN-O
P-QR
rebolos duros
S-TU-V
D) Estrutura
de 8 a 12 - estrutura aberta
acima de 12 - rebolos com poucos gros (pouco abrasivos)
Uma estrutura mais aberta de gros idnticos, em geral d um acabamento mais grosseiro que
uma estrutura mais fechada. Por outro lado, conforme os gros abrasivos cortam a pea, deve-se procurar
um meio de retirar os cavacos da zona de retificao. Os vazios da estrutura do rebolo fornecem o meio
para rpida remoo do cavaco.
E) Ligas
A liga o componente do rebolo que mantm os gros abrasivos unidos. Os principais tipos de
ligas so:
- Vitrificada - a liga mais comum para retificaes de preciso. Sua rigidez facilita a
manuteno do perfil do rebolo, permitindo trabalhos com maior preciso. No resiste a grandes
impactos ou presses e no afetada pela gua, leos ou cidos. Trabalham normalmente com
velocidade perifrica de 33 m/s. No entanto, operaes a 60 m/s so comuns atualmente e ligas especiais
foram desenvolvidas para atender a esta necessidade. Seu smbolo na identificao do rebolo a letra V.
- Resinide - composta por resinas orgnicas, so ligas de elevadas resistncia e resilincia.
Dependendo da construo do rebolo podem operar at a 100 m/s. Utilizada para operaes de desbaste
pesado, cortes e operaes que exijam alto nvel de acabamento. Seu smbolo na identificao do rebolo
a letra B.
Como esclarecido no exposto acima, cada caracterstica do rebolo representada por uma letra
ou nmero. Assim, um exemplo de especificao de um rebolo pode ser:
60
10W
Tipo de
Granulometria
Dureza
Estrutura
Liga
Identificao
Abrasivo
da liga
rebolo (por exemplo, uma concentrao 100 significa 25% de gros no volume total rebolo + liga).
Concentraes tpicas para ligas resinides ou metlicas variam de 50 a 150. As ligas superabrasivas
requerem uma concentrao maior, o que torna o rebolo mais caro.
- Dgito de Profundidade do Abrasivo - o ltimo dgito de especificao de um rebolo
superabrasivo a profundidade de penetrao do abrasivo, j que neste tipo de rebolo somente a casca
externa do rebolo contm liga e abrasivo.Normalmente este nmero est em polegadas ou milmetros.
Durante o tem anterior, por diversas vezes foram dadas sugestes de critrios para a escolha de
cada caracterstica do rebolo. Neste tem, procura-se juntar todas estas sugestes e mais algumas, a fim
de que o leitor possa ter uma maior compreenso dos fatores que afetam a seleo de um rebolo. Estes
fatores so, principalmente:
A) Material da Pea
O volume de material removido da pea, que est diretamente ligado ao seu acabamento
superficial, influi na seleo das seguintes caractersticas do rebolo:
- Tamanho do Gro - quanto maior o gro, maior a remoo de material da pea e pior o
acabamento superficial. Ento, rebolos com gros grossos so recomendados para operaes de desbaste,
enquanto rebolos com gros finos, para operaes de acabamento.
- Liga - a liga vitrificada deve ser utilizada quando se deseja um acabamento mdio da pea,
enquanto a liga resinide se presta para acabamentos de alta qualidade. Para se obter muito bom
acabamento superficial, necessita-se de grande velocidade perifrica do rebolo, que somente pode ser
obtida com rebolos resinides. Os rebolos resinides, por outro lado, tambm podem ser usados em
operaes onde se deseja retirar grande quantidade de material.
C) Fluido de Corte
D) Velocidade do Rebolo
E) rea de Contato
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Quanto maior a rea de contato rebolo-pea, maior deve ser o gro e o rebolo deve ser mais
macio e mais poroso. A explicao para este fato se encontra posteriormente neste trabalho.
F) Potncia da Mquina
Rebolos duros, que resistem s foras de usinagem e no soltam os gros do rebolo, fazendo com
que os mesmos percam sua agressividade e, portanto, fazendo com que as foras de corte aumentem,
devem ser especificados para mquinas de alta potncia.
Para que se possa entender alguns fenmenos do processo de retificao como o desgaste do
rebolo e as foras de usinagem que agem no processo, necessrio se faz a definio de alguns parmetros
de importncia para a retificao. So eles:
Parmetro criado por Hahn, 1971, a fim de representar a conformidade entre as superfcies da
pea e do rebolo. De outro modo, pode-se entender o dimetro equivalente como sendo aquele que o
rebolo deve ter para proporcionar a mesma geometria de corte de uma operao plana tangencial.
Ele dado pela equao (1):
De =
Ds
Ds
1
Dw
(mm)
(1)
O sinal positivo refere-se operao cilndrica externa e o sinal negativo operao cilndrica
interna. A figura 2 mostra um exemplo do conceito de dimetro equivalente. Trata-se, portanto de um
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parmetro de inter-relao entre operaes distintas como retificao plana tangencial e retificao
cilndrica e que muito utilizado em estudos cinemticos do processo.
A figura 3 mostra uma retificao plana tangencial (dimetro do rebolo = dimetro equivalente).
O arco formado entre A e B pode ser aproximado pela reta AB', pois:
sen = Lc/(De/2)
= arco AB/(De/2)
Lc = arco AB
AB' = Lc
Lc = a. De
(mm)
de onde se conclui que o dimetro equivalente tem influncia direta no comprimento de contato (Lc),
que co comprimento de corte de cada gro abrasivo durante o processo.
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Este parmetro foi definido por Peters e Decneut, 1975, a partir do estudo de diversas teorias
sobre retificao que vm sendo desenvolvidas desde o incio do sculo, com a inteno de oferecer uma
ferramenta prtica que permita otimizar as condies de trabalho, sem que haja a necessidade de lanar
mo de recursos como bacos e grficos. Fisicamente pode-se entender tal parmetro como a espessura
da camada de material que removida pelo rebolo, com a velocidade perifrica deste, e cuja taxa de
remoo especfica equivale taxa de material que retirada da pea no tempo. Em outras palavras,
trata-se da espessura que teria uma fita de cavaco caso fosse possvel retir-la na retificao, conforme
pode ser visto na figura 4.
Tal parmetro definido pela equao:
heq = a.
Vw
Vs
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Pea
Gro
Retificao com
produo de cavaco
Cavaco
Liga
Zona de desgaste
Pea
Gro
Retificao sem
produo de cavaco
Fragmentos
Liga
Pode-se estabelecer uma forma hipottica de aresta de corte que possibilita o desenvolvimento
de
diversas teorias sobre a remoo de cavaco na retificao. O fato de haver uma superfcie plana na
superfcie de folga das arestas, a qual tem rea varivel, modelado pelo raio de ponta que aparece na
aresta hipottica. Esta forma hipottica mostrada na figura 6. Pode-se definir hcu como sendo a profun-
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Gro
Cavaco
Rebarba
Regio
Regio
Regio
Regio III - Conforme a aresta do gro abrasivo prossegue em sua trajetria, aumenta a
deformao do material at um valor Tu e a presso atinge um valor Pc, chamada presso crtica de
corte. Esta presso a mnima necessria para que ocorra ruptura do material no processo de corte. A
partir deste ponto que se inicia o corte e conseqentemente a formao do cavaco. A partir deste ponto
os fenmenos de escoamento e cisalhamento do material ocorrem simultaneamente. Devido parcela de
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deformao elasto-plstica resultante das primeiras fases, apenas parte da profundidade de corte hcu
realmente cortada, sendo esta parte chamada hcuef.
A fora de retificao medida atravs de dinammetros, na verdade o resultado do somatrio
das foras exercidas em cada uma das arestas ativas dos gros da face do rebolo. Dada a fenomenologia
da formao do cavaco mostrada acima, a fora de retificao exercida por um gro composta de 3
parcelas: atrito, riscamento e remoo de cavaco e, por sua vez, a fora total de retificao formada do
somatrio das foras exercidas por cada uma das arestas ativas, dentro das 3 regies do micro-fenmeno
de remoo do cavaco. Da mesma forma o volume total de material removido na operao de retificao
resulta do somatrio do volume removido em cada aresta com profundidade hcuef. Para que o processo
de retificao tenha maior rendimento a relao hcuef/hcu deve ser a maior possvel, isto , as
deformaes elsticas e plsticas das regies I e II devem ser as menores possveis. Para que isto
acontea necessrio que o gro apresente alto grau de afiao.
Este tipo de formao de cavaco, aliado alta velocidade dos gros abrasivos (cerca de dez
vezes maior que a velocidade em processos como o torneamento), geram os seguintes fatos:
- As foras normais (radiais) so bem superiores s foras tangenciais, pois o atrito prevalece
sobre a fora de corte;
- Altas temperaturas de corte so desenvolvidas (1000 a 16000 C) - como o tempo de exposio
esta temperatura muito curto (da ordem de milsimos de segundo), possvel ao material atingir e
superar sua temperatura de fuso sem se fundir.
- A energia total requerida para o processo de retificao da ordem de 2 a 20 vezes maior que
para outros processos de usinagem, para o mesmo volume de cavaco removido na unidade de tempo.
Como em outros processos, quase toda esta energia se transforma em calor;
- Em nmeros mdios, 85% deste calor gerado vai para a pea, 5% para o cavaco e 10% para o
rebolo. O calor que vai para o rebolo no causa efeito danoso considervel, pois o rebolo de material
refratrio, na maioria das vezes bem grande e tem bastante rea para receber o calor. O calor que vai
para o cavaco tambm no causa preocupaes. O problema maior est no calor que vai para a pea, j
que esta recebe a maior parcela de calor. Tal calor pode determinar mudanas estruturais na superfcie
da pea, que na maioria das vezes j recebeu o tratamento trmico e gerar erros de forma e dimenso na
pea, o que muito grave, pois, em geral, a retificao o ltimo processo de usinagem de uma
superfcie, aquele que proporciona as dimenses finais da pea, isto , determina sua qualidade. Por isso,
existe uma necessidade de utilizao de fluido de corte de uma maneira abundante e eficiente. Tambm,
as condies de usinagem e as caractersticas do rebolo devem ser tais que minorem este problema.
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O dressador escolhido para este estudo o dressador esttico de ponta nica, porque apresenta
perfil geomtrico de atuao definido e tambm o mais utilizado na retificao de preciso.
O mecanismo cinemtico da operao de dressagem consiste em deslocar o dressador
transversalmente ao rebolo, enquanto este perfaz seu movimento de rotao. A penetrao do dressador a
uma determinada profundidade de dressagem (ad), implica numa largura de atuao de dressagem (bd)
(figura 8) valor este que pode ser determinado medindo-se a ponta do dressador com um projetor de
perfis. Pode-se aproximar a largura de atuao bd pela expresso:
bd = 8rp . ad
onde rp o raio mdio da ponta do dressador.
Desta forma, ao deslocar-se o dressador com um determinado passo de dressagem (Sd) o rebolo
ser dressado removendo-se gros abrasivos equivalentes rea de dressagem (Asd). A largura real de
atuao (bdr) do dressador determinada por:
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bdr = 2rp . ad +
Sd
A rea Asd aumenta com o valor de Sd, desde que bdr seja maior que Sd, e com o valor da
profundidade de dressagem. A quantidade de material removido a cada rotao do rebolo cresce portanto
com o aumento da profundidade de dressagem e do passo de dressagem at o limite Sd = bd.
A operao de dressagem provoca o corte e a fratura dos gros abrasivos pelo dressador, alm de
gerar uma hlice (rosca) na superfcie do rebolo por onde passa o dressador. Desta operao surgem 2
efeitos que so classificados por:
- Macroefeito - a sua formao funo do formato do dressador, da sua profundidade de
penetrao e do passo de dressagem. Este fenmeno determina a posio em que as arestas dos gros
abrasivos esto localizadas na superfcie do rebolo. Pode-se dizer tambm que o macroefeito a rosca
que o dressador faz na superfcie do rebolo. Tal efeito provoca uma diminuio na densidade dos gros
ativos de um rebolo.
- Microefeito - formado pelo arrancamento dos gros desgastados e fratura dos gros que no
se desgastaram por completo, onde novas arestas de corte so geradas pelo dressador. O grau de afiao
das arestas depende das condies de dressagem e da friabilidade do gro abrasivo (capacidade de
formar novas arestas cortantes quando fraturado). O fenmeno do microefeito est relacionado com o
tipo de aresta que formada nos gros abrasivos durante a operao de dressagem, podendo tornar o
rebolo mais agressivo ou no.
Pode-se afirmar que para dressagens grosseiras (ad e Sd grandes), partes grandes dos gros so
quebradas e maiores arestas afiadas se formam. Por outro lado, para dressagens finas (ad e Sd pequenos)
h a formao de planos na superfcie dos gros tornando-os pouco agressivos. Isto ocorre devido
remoo ou fratura de partculas muito pequenas de cada gro abrasivo.
Em dressagens grossas portanto, o macroefeito torna a superfcie do rebolo mais agressiva, pela
diminuio da densidade de gros ativos e o microefeito tambm causa um acrscimo da agressividade,
pelo aumento do grau de afiao das arestas. Desta forma o rebolo se torna duplamente agressivo,
proporcionando um aumento significativo de sua capacidade de remoo de material. Para dressagens
finas o macroefeito quase inexistente, no exercendo influncia alguma e o microefeito pouco
agressivo.
O macroefeito pode ser representado pelas ondulaes Wt formadas na superfcie do rebolo, que
podem ser determinadas teoricamente pela expresso:
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Wt =
Sd 2
8. rp
Ud =
bd
Sd
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aumentando hcuef. Deste modo, a maior parcela de energia gasta durante a formao de cavacos
aplicada na regio III, aumentando-se a eficincia do processo.
O contrrio ocorre com a dressagem fina (ad e Sd pequenos) ou com o desgaste dos gros, onde
se tem altas densidades de gros ativos, pela minimizao do macroefeito e pela formao de grandes
raios de ponta.
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Dois fenmenos distintos, que dizem respeito vida do rebolo, acontecem durante sua
utilizao, quais sejam:
- Desgaste Volumtrico - quantidade de rebolo consumido durante um determinado ciclo da
operao, causando perda volumtrica ou diametral do rebolo;
- Perda de Afiao - decorrente do arredondamento das arestas cortantes e/ou do entupimento
dos poros do rebolo.
Um rebolo pode sofrer desgaste volumtrico sem perder sua afiao (ou agressividade) e viceversa. Quando o gro sofre o atrito inerente ao processo, ele pode se fraturar e depois se desprender do
rebolo, causando o desgaste, ou simplesmente ter suas arestas arredondadas, causando a perda da
afiao. O acontecimento de um outro fenmeno depende principalmente da dureza do rebolo, das
condies de retificao e das caractersticas da pea. Um rebolo duro consegue segurar o gro por mais
tempo e, com isso, a perda da afiao acontece mais rapidamente. Um rebolo macio no consegue
suportar as tenses geradas pelo processo e solta o gro, gerando o desgaste volumtrico. Quando o
desgaste volumtrico do rebolo nulo, logo ele perder a afiao. Quando o desgaste grande, ele
sempre se encontra agressivo.
conveniente, ento, ter-se desgaste volumtrico na retificao? Com a usinagem, os gros vo
se desgastando, o rebolo vai perdendo a agressividade, as foras crescem, at que os gros se
desprendem dando lugar a novos gros afiados. Isto seria o ideal, mas freqentemente so encontrados
rebolos que perdem a afiao, mas o aumento da fora no suficiente para arrancar os gros e, para no
haver "queima" da pea e/ou prejuzo no acabamento superficial, o rebolo tem que ser dressado. Nos
dois casos (desgaste ou dressamento), a perda diametral do rebolo tem que ser compensada,
reposicionando-se o rebolo.
As transformaes topogrficas que o rebolo sofre ao longo da operao podem provocar
mudanas nos nveis de qualidade da pea de tal maneira que estes ultrapassem os seus limites, gerando
a necessidade de dressagem do rebolo (fim da vida do rebolo). Os limitantes da vida do rebolo so:
- Integridade Superficial da Pea - A temperatura no contato rebolo-pea cresce com a perda da
agressividade. Tal acrscimo de temperatura pode provocar transformao da estrutura do material da
pea, o aparecimento de queimas ou trincas na superfcie da pea ou at a elevao nas tenses residuais;
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Figura 15 - Comportamento Tpico da Fora Normal de Retificao X Nmero de Passadas para Rebolos
com Gros Grossos e Mdios
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foras de corte, aumento na temperatura de corte, aumento na rugosidade e nos erros de forma,
aparecimento de queima superficial e erros dimensionais devido s deformaes excessivas do sistema
mquina-ferramenta-dispositivo-pea.
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O desgaste gerado pelo atrito que causa a perda da afiao do gro (desgaste dtil) um
fenmeno tanto de natureza qumica, quanto mecnica. O desgaste de natureza qumica mais
significante quanto o abrasivo muito mais duro que a pea como um todo ou qualquer uma de suas
fases. Quando o gro abrasivo interage com a pea nas elevadas temperaturas da zona de retificao,
inmeras reaes qumicas podem ocorrer envolvendo o abrasivo, o material da pea, o aglomerante, a
atmosfera e o fluido de corte.
Este o caso do diamante, que apesar da sua extrema dureza, no adequado para a retificao
da maioria das ligas ferrosas. Este comportamento pode ser atribudo principalmente transformao do
diamante em grafite. Esta degradao do diamante parece ser mais rpida na presena do ferro no
saturado com carbono, devido sua afinidade com o carbono. Isto explica porque o diamante usado
com sucesso na retificao de alguns ferros fundidos de alto teor de carbono. O nitreto cbico de boro,
embora muito mais mole que o diamante, mais estvel quimicamente em altas temperaturas e desgastase muito menos na retificao da maioria dos metais ferrosos.
Os abrasivos de carboneto de silcio so muito mais duros que os de xido de alumnio (ver
tabela 1), mas normalmente so inferiores queles na retificao da maioria dos metais ferrosos. Isto
explicado pela tendncia do carboneto de silcio de reagir e aderir ao ferro em elevadas temperaturas. A
principal reao qumica a dissociao do carboneto de silcio e tambm pode ocorrer na retificao de
titnio e outros metais no ferrosos. A dissociao do carboneto de silcio em elevadas temperaturas
comandada pela sua afinidade com a pea. Portanto, o carboneto de silcio tende a trabalhar melhor que
o xido de alumnio em alguns metais ferrosos com excesso de carbono, o que uma situao anloga ao
qua acontece com o diamante.
Alm da atividade qumica, fatores mecnicos tambm contribuem significativamente para o
desgaste do rebolo. Para a maioria dos aos carbono ou aos liga, o parmetro G normalmente muito
menor quando se retifica quando o material no estado temperado do que em seu estado recozido, o que
sugere um efeito mecnico. Mas a dureza, por si s, no necessariamente um indicativo da
"retificabilidade" dos materiais, incluindo aqueles cujas fases mais duras so mais moles que o xido de
alumnio.
Uma situao muito diferente acontece quando se retifica ao rpido. As fases de carbonetos
dispersas nestes materiais so duras o suficiente para cortar ou quebrar o xido de alumnio e causar um
valor de G muito pequeno, o que faz com que os rebolos de CBN sejam muito mais eficientes na
retificao destes materiais que os xidos de alumnio. Os carbonetos mais duros de aos rpidos so os
de tungstnio, molibdnio e vandio. Os carbonetos de tungstnio e molibdnio tem durezas similares ao
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xido de alumnio e o carboneto de vandio tem dureza maior. Fica claro, que quanto maior a quantidade
de carbonetos no ao rpido, mais difcil se torna a retificao.
Alm da quantidade de carbonetos presentes no ao, o desgaste do rebolo tambm afetado pela
morfologia do carboneto. De particular interesse o ao rpido produzido por metalurgia do p, que
resulta numa distribuio muito fina e uniforme de carbonetos. Partculas pequenas e duras tendem a ser
menos abrasivas que as grandes, o que faz com que os rebolos se desgastem menos e tenham um
parmetro G maior quando da retificao de aos rpidos com alto teor de vandio produzido por
metalurgia do p.
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reduzir as variaes dimensionais associadas s deformaes trmicas, mas este parece ser um fator
secundrio em favor da utilizao dos leos solveis. Os leos de corte tendem a ser menos utilizados
devido poluio gerada por eles e devido consideraes de segurana. Eles geram vapor e fumaa na
atmosfera e podem apresentar risco de incndio. Equipamentos e precaues especiais muitas vezes so
necessrias quando se retifica com leo de corte.
A variao das foras de corte ao longo da vida apresentam dois comportamentos tpicos,
dependendo da granulometria do rebolo utilizado. A figura 15 mostra uma curva tpica de fora normal
de retificao versus nmero de passadas para a retificao plana do ao ABNT 1045 (endurecido a 50
HRc) com o rebolo 38A 46LVS.
Pode-se entender melhor a forma da curva obtida atravs da anlise de 3 regies distintas. A
primeira abrange desde o valor da fora na primeira passada at o instante imediatamente anterior
curva se transformar em uma reta paralela ao eixo de nmero de passadas (constante com o tempo).
Nesta regio a rosca do rebolo formada na dressagem (macroefeito) se desfaz medida que o volume de
metal removido vai crescendo. No incio, com rebolo recm dressado, a superfcie de trabalho possui
uma baixa densidade de arestas ativas e os poros totalmente livres. Nesta situao cada aresta remove
uma quantidade maior de material que dispende maior fora de usinagem por aresta. Mesmo assim o
somatrio das foras atuantes em todas as arestas menor que na situao inversa, onde a maior
densidade de arestas faz com que a quantidade de cavaco removido por gro seja menor e
conseqentemente, as perdas em cada gro por atrito, deformao elstica e plstica do metal e gerao
de calor tenham um valor resultante significativo em relao energia total necessria para a remoo do
cavaco. Portanto, a primeira regio caracterizada pela perda do macroefeito, imposta pela alta fora de
corte em cada gro abrasivo que resultado da baixa densidade de gros ativos.
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A segunda regio se inicia com um microefeito agressivo e com alta densidade de arestas ativas.
A fora sobre cada gro abrasivo menor que na primeira regio, sendo ento mais difcil fratura ou
extrao destes. Somente as arestas dos gros abrasivos sofrem desgaste. Todos estes fatores levam a um
comportamento uniforme mais prolongado do rebolo, com foras maiores, mas constantes.
O incio da terceira regio caracterizado pela baixa agressividade do microefeito, onde os
gros abrasivos j esto gastos. Os poros da estrutura do rebolo j se acham entupidos pela aglomerao
de cavacos, o que leva dificuldade cada vez maior de sada destes. Nesta regio o processo apresenta
grande tendncia queima e a fora sofre um grande aumento.
O mesmo comportamento pode ser observado em todas as curvas das figuras 16 e 17 alm de se
perceber tambm a grande variao que o grau de recobrimento de dressagem provoca no nmero de
passadas que o rebolo pode realizar em sua vida. Com Ud = 1, em ambos os casos, o nmero de passadas
possveis significativamente maior do que com Ud = 5 (cerca de 4 vezes mais em ambos os casos). As
curvas apresentam o mesmo formato mas diferenciam-se em funo do grau de recobrimento. Para
valores pequenos de Ud, tanto o macroefeito quanto o microefeito so agressivos e, portanto, as 3 fases
de desgaste descritas ocorrem. Para valores de Ud maiores, no h macroefeito e o microefeito provoca
apenas o surgimento da segunda e da terceira fases de desgaste. Para valores de Ud acima de 3 o rebolo
j parte gasto, quase sem macroefeito e o microefeito tem carter pouco agressivo, devido ao pequeno
volume fraturado em cada gro pelo impacto do dressador. Concluindo, valores menores de Ud
proporcionam vidas maiores do rebolo quando este tiver gros grandes ou mdios (como o caso do
gro com grana 46 utilizado no experimento da figura 16 e 17).
As figuras 18 e 19 mostram o crescimento da fora normal com o nmero de passadas na
retificao plana dos aos ABNT 1020 sem tratamento trmico e 1045 endurecido a 50 HRc com rebolo
38A 120 LVS (a nica diferena deste rebolo para aquele utilizado nas figuras 16 e 17 o tamanho do
gro, que agora muito menor - grana 120). Neste caso observa-se o crescimento quase linear das foras
de corte. Tal comportamento pode ser atribudo ao fato de que em rebolos com granulometria fina a
amplitude do macroefeito proporciona uma reduo no nmero de arestas atuantes significativamente
maior do que o microefeito obtido na dressagem. Portanto, estas curvas correspondem somente
primeira regio da curva obtida com rebolo grana 46, onde o macroefeito predomina para a diminuio
do nmero de arestas na remoo do metal. Neste tipo de rebolo o nmero de arestas ativas cresce muito
rapidamente
37
38
Figura 18 - Fora Normal X Nmero de Passadas Material ABNT 1045 Endurecido Rebolo Fino
Figura 19 - Fora Normal X Nmero de Passadas Material ABNT 1020 Rebolo Fino
39
com a remoo do metal, provocando aumento das foras de corte at o instante em que o entupimento
dos poros do rebolo eleve as foras de retificao ao limite de fora estabelecido para o ensaio. Quanto
menos agressivo dressado o rebolo, isto , quanto maior Ud, mais a curva de fora inclinada, uma
vez que, com Ud alto, o macroefeito deixa de existir e a densidade de gros j parte muito alta. Nesta
situao, o fator entupimento das porosidades com cavaco acentua a taxa de crescimento das foras de
retificao. Ento, tambm para rebolos com gros finos, uma dressagem agressiva (Ud pequeno)
tambm vantajosa em termos de vida do rebolo.
40
41
Resumindo o que foi apresentado at aqui, pode-se propor um procedimento para a escolha das
condies de dressagem. De acordo com o que se deseja da operao (desbaste ou acabamento) escolhese o grau de recobrimento a ser utilizado. Tendo-se o valor do adlim,, determina-se o valor de bd para ad
= adlim. Com os valores de Ud e bd, calcula-se Sd encontrando-se as condies de dressagem da
operao. Tudo isto deve ser feito tendo-se em mente tudo o que foi discutido com relao dressagem e
que est sumarizado na tabela 3.
4 < Ud < 6
- Agressividade Mxima
- Agressividade Menor
- Agressividade Baixa
- Vida Mxima
- Vida Mdia
- Vida Baixa
Define-se um parmetro (G) que relaciona o volume de material usinado (Zw) e volume de
rebolo desgastado (Zs). Este parmetro d uma idia da resistncia ao desgaste do rebolo.
G = Zw/Zs
Quando a espessura equivalente (heq) diminui, G aumenta. Por isto bom ter-se heq pequeno.
Para isto pode-se ter a velocidade da pea (Vw) pequena e/ou a velocidade do rebolo (Vs) alta.
Normalmente se utiliza a maior velocidade do rebolo que a liga aglomerante pode suportar.
A influncia de heq no valor de G, pode ser dada pela expresso:
G = G1. heq g
42
43
(1)
(
w = 94. 383.
onde:
De
11
Vw 319
4a
) .(1 + d ) Sd 19Vs
Vs
3Sd
43
304
(Vol b ) 0.47 d
38
( HRC )
27
(
19
mm 3
)
N.s
(2)
44
Mais para frente fez algumas alteraes nesta expresso, quais sejam:
- a frao 4/3 que multiplica a relao entre profundidade e passo de dressagem, no aparece
nesta segunda verso;
- o valor Volb agora calculado a partir de valores de H' e S' tabelados por eles (tabela ):
Tabela 4 - Expresses para o clculo de Volb
Volb = 1.33H' + 2.2S' - 8
Tamanho do Gro
S'
H'
54-80
90 100
120 150
180 220
Hahn e Lindsay, depois de muitos experimentos, concluram que a equao apresentada capaz
de estimar o valor de w com menos de 20% de erro para 95% dos casos em materiais ETG. Para os
materiais DTG eles no elaboraram uma expresso que fosse capaz de estimar o valor de w, mas
tabelaram os seus valores, os quais esto mostrados na figura 23 para diversos materiais.
Da equao (1) tem-se que:
(3)
43
27
304
(4)
Mas Z' = a.Vw, heq = a.(Vw/Vs) e fazendo KH = Vs/w, tem-se da equao (4) que:
F'n = heq.KH + F'no
(5)
45
Um outro pesquisador chamado Malkin fez um estudo sobre a potncia total de retificao por
unidade de largura do rebolo P'. Definiu-a como sendo a soma de 3 parcelas:
(6)
onde:
P'ch = potncia devido formao do cavaco
P'pl = potncia devido ao riscamento
P'sl = potncia de atrito e escorregamento entre pea e rebolo
46
(Kw/mm)
P' sl = (C1 + C2
(6a)
(Kw/mm)
(6b)
1
1
Vw
De ) De 2 . a 2 . As
Vs
(Kw/mm)
(6c)
onde:
C1 e C2 so constantes do par pea-rebolo
As a rea real de contato dos gros (somatrio das reas de contato de cada gro)
F 'n =
13, 8. a Vw
13.8
. = heq .
Vs
(N/mm)
(7)
A expresso obtida tem a mesma forma da equao (5), ou seja, o produto de uma constante do
processo pela espessura heq.
Outro estudo interessante a respeito de fora de retificao foi apresentado por Lichun. Este
chegou seguinte equao:
F 'n = K1 .
Vw
V
1+
. a + c( w ) . a
Vs
Vs
2
remoo
de cavaco
atrito e riscamento
(N/mm)
(8)
47
onde (que maior que 0 e menor que 2/3) o coeficiente que se refere distribuio dos gros na
superfcie do rebolo e K1 a presso especfica de corte para a retificao.
Isolando-se a parcela referente remoo de cavaco da expresso de Lichun tem-se que:
F 'n = K1 .
Vw
. a = heq . K1
Vs
(9)
Fazendo-se uma anlise comparativa dos modelos apresentados para a fora de retificao, dois
pontos bsicos podem ser destacados: o tratamento da componente de remoo do cavaco e o tratamento
da componente elasto/plstica (atrito + riscamento) feitos pelos pesquisadores.
No que diz respeito ao equacionamento da componente de formao do cavaco v-se que a
relao direta e proporcional entre a fora e a espessura equivalente comum a todas as expresses. A
nica diferena entre tais modelos a constante de proporcionalidade adotada em cada caso.
A componente elasto-plstica, porm, foi tratada de maneira diversa pelos pesquisadores. Hahn e
Lindsay consideraram esta fora como constante aps o incio do corte e a partir da todo acrscimo foi
atribudo gerao do cavaco. Lichun equacionou a gerao de atrito na retificao como uma funo
48
cuja derivada tende a diminuir com o aumento de heq. Sendo assim, a fora total de retificao de
Lichun tende a se comportar cada vez mais prxima de uma reta com o aumento de heq. Na figura 24
uma representao grfica comparativa entre os modelos colocada de forma qualitativa para materiais
ETG e DTG. estabelecido um valor da espessura equivalente heqL, a partir do qual a fora de Lichun
praticamente linear e, portanto, de acordo com Hahn. Observa-se nesta figura qua para materiais ETG,
os 2 modelos so muito semelhantes, j que os valores das derivadas da curva de Lichun prximos
origem so elevados. Portanto, pequenos acrscimos em heq na vizinhana da origem resultam numa
fora inicial aproximadamente igual F'no, que chamada fora (ou presso) crtica de corte. O valor de
heqL para materiais DTG relativamente alto quando comparado aos ETG (aproximadamente 3 vezes).
Neste caso, a simplificao de Hahn passa a proporcionar diferenas maiores em relao ao modelo de
Lichun. Malkin, neste sentido, ficou numa posio intermediria, pois dividiu a parcela elasto/plstica
em atrito e riscamento, adotando o riscamento como uma constante com relao heq.
Lichun apresentou resultados para os valores de ( = F't/F'n), que esto mostrados na figura
25. Pode-se ver nesta figura um pequeno aumento de com o acrscimo dos parmetros cinemticos.
Outra observao importante que tais valores esto sempre na faixa de 0.2 a 0.58, que so valores
limites fixados por Lichun atravs de uma anlise dos coeficientes de atrito dos materiais e de ensaios
prticos. Portanto, pode-se concluir que a fora normal de 1.7 a 5 vezes maior que a fora tangencial de
retificao.
R=
F 'n
Z'
.b = w .b
a
w
(N/mm)
(10)
49
O coeficiente R representa, portanto, o acrscimo que tem a fora normal quando se aumenta a
profundidade de corte. Definindo-se Kr como a rigidez radial do sistema rebolo-mquina-pea (sistema
R-M-P), pode-se estabelecer a relao entre R e Kr:
R
Kr
(11)
50
R.a = Kr.y
(12)
51
.a = y
Como a partir de um certo valor nlim de voltas da pea, a profundidade de corte a passa a ser
igual ao avano por volta s, pode-se afirmar ento que:
p/
n > nlim - y = .s
(13)
avano
52
desejada para um componente mecnico. Isto mais crtico em operaes onde j grande. Neste caso
a fora crtica poder provocar deformaes considerveis em relao tolerncia final do componente
em questo, o que chega a ser comum na retificao interna de componentes endurecidos e de pequenos
dimetros.
Os desvios de forma resultantes em uma operao de retificao tambm dependem de . Isto
ocorre pois os erros de forma deixados pela operao anterior provocam variaes na espessura de corte
que, para situaes onde a relao alta, resultam em deformaes do sistema R-M-P que
acompanham tais desvios. Ao final do faiscamento as oscilaes na fora, devido s variaes na
espessura de corte nem sempre so suficientes para vencer a fora crtica, fazendo com que alguns erros
geomtricos ainda permaneam no produto acabado.
Portanto, a relao associada ao conceito de presso crtica de corte, caracterizam de forma
muito eficiente a problemtica das deformaes causadas pelas foras de corte, que influenciam tanto na
qualidade do produto acabado, como nos tempos e custos de retificao, como ser estudado a seguir.
Existem vrias possibilidades para que se otimize este ciclo de retificao, aumentando o
rendimento
do
processo.
Destacam-se
retificao
de
alta
velocidade,
melhoria
da
53
54
V 16 D
R = ( w ) 19 . e
Vs
43
0.47
d 38 ( HRC )
11
a
94, 383.(1 + d ) Sd 19
Sd
304 (Vol
b)
27
19 b
(N/mm)
(14)
Para uma operao de retificao onde estejam fixados material da pea, largura de corte e
sobremetal, pode-se otimizar os seguintes parmetros com o fim de minimizar R:
- Aumentar Vs - teoricamente a alterao que produz melhor resultado, pois o expoente de
1/Vs o maior da expresso. Implica, porm, em modificaes nas ligas dos rebolos e sistemas de
fixao destes, mancais especiais para altas rotaes, reforos estruturais da mquina e aumento da
eficincia dos sistemas de refrigerao do corte;
- Diminuir o dimetro equivalente De - possibilita menores reas de contato e, portanto, maiores
presses de corte. Isto crtico na retificao cilndrica interna onde De pode assumir valores muito
altos e o aumento do dimetro do rebolo est limitado pelo dimetro do furo;
55
0.47
.d
38 ]
mole e com gros menores. Esta escolha est vinculada ao acabamento superficial que se deseja do
produto acabado;
11
a
- Maximizar o fator [ (1 + d ) Sd 19 ] - determinar a condio ideal de dressagem que
Sd
proporcione a superfcie de corte mais agressiva possvel. Estte fator cresce com o aumento de ad e Sd.
Com isso, pode-se pensar que o aumento da profundidade e do passo de dressagem vo sempre aumentar
a agressividade do rebolo, o que no verdade, como j foi visto em outro tem deste trabalho.
r2
um = u1
r2
(1.65515
.
)
u1.
.e
(15)
56
avano
1/n w
r2 r3 r4
declividade :um
r
r1
declividade :u1
retrao
do rebolo
r4
r(t)
0
t1 tf
transiente
tempo,t
r3 = r4 r2
r4 = u1.
u1.
1
= u1. .(1 )
e
e
(16)
(17)
Como se pode ver nas equaes acima, com a obteno do valor de t (tempo dispendido com
deformaes elsticas) se tem todos os parmetros necessrios para a implementao do ciclo com
centelhamento acelerado. Dvidas que podem ser levantadas para a implementao deste ciclo dizem
respeito qualidade da pea: As tolerncias dimensionais da pea no vo ser afetadas? E com relao
ao desvio de batida radial? Como fica a rugosidade da pea? No tem de "Monitoramento do Processo de
Retificao"deste trabalho vai se demonstrar que a emisso acstica gerada pelo processo um bom
indicador do valor de t (possibilitando a implementao do ciclo) e que a qualidade da pea no
prejudicada (as vezes at melhorada) pela utilizao deste ciclo.
57
O processo de retificao requer uma grande quantidade de energia por volume de material
removido. Praticamente toda esta energia convertida em calor que se concentra ao redor da zona de
retificao. As altas temperaturas produzidas podem causar vrios tipos de danos trmicos pea como
queimas, transformaes de fases, amolecimento (revenimento) da camada superficial com possvel
reendurecimento, tenses residuais de trao indesejveis, trincas e reduo da resistncia fadiga.
Alm disso, a expanso trmica da pea durante a retificao contribui para a impreciso e distores do
produto final. O volume de produo que pode ser alcanado com a retificao freqentemente
limitado pela temperatura do processo e sua influncia danosa na qualidade da pea.
A retificao ocorre pela interao de gros abrasivos da superfcie do rebolo com a pea. De
acordo com a anlise do mecanismo de formao do cavaco na retificao, feita no item 4 deste trabalho,
a energia total fornecida ao processo inclui componentes da formao do cavaco, do riscamento
(deformao plstica) e escorregamento (deformao elstica). As temperaturas de pico aproximam-se
do ponto de fuso do material sendo usinado. Contudo, o material permanece nestas altas temperaturas
um perodo de tempo muito curto e elas esto localizadas nos planos de cisalhamento microscpicos dos
58
cavacos da retificao. Logo abaixo da superfcie, a pea recebe um fluxo de calor contnuo proveniente
da zona de retificao, devido multiplicidade de interaes com os gros abrasivos que passam
rapidamente atravs da zona de retificao. Portanto, a temperatura associada ao contnuo aquecimento,
(ao invs da temperatura de pico), pode ser considerada como a responsvel pela maioria dos danos
trmicos. Tambm de interesse a temperatura em todo o volume da pea, que causa expanso trmica
levando distores e imprecises da mesma. Em geral, o aumento da temperatura mdia de todo o
volume da pea apenas uma pequena frao do aumento da temperatura da zona de retificao.
A) Queima da Pea
Um dos tipos mais comuns de danos trmicos a queima da pea. Este fenmeno tem sido
investigado principalmente quando da retificao de aos, embora seja tambm um problema com outros
materiais metlicos. A queima visvel da pea de ao caracterizada pela mudana de cor da mesma (se
torna azulada ou amarelada), que uma conseqncia da formao de uma camada de xidos. Estas
cores so normalmente removidas pelo "spark out" no fim do ciclo de retificao, especialmente na
retificao cilndrica, mas seu efeito cosmtico e a ausncia destas cores na superfcie da pea, no
significa necessariamente que a queima no ocorreu.
No incio do processo de queima, h uma tendncia de adeso de partculas do metal aos gros
abrasivos, o que causa o crescimento das foras, a deteriorao da superfcie da pea e o aumento da
taxa de desgaste do rebolo. A queima visvel normalmente acompanhada pela reaustenitizao da pea,
o que pode ser comprovado pela distribuio da microdureza na subsuperfcie de aos endurecidos. Para
um ao endurecido usinado sem queima, h geralmente algum amolecimento devido ao revenimento
perto da superfcie. Um exemplo deste comportamento em um ao para rolamento temperado mostrado
pela curva "sem queima" da figura 28. Com queima, o reendurecimento do ao tambm ocorre, como
mostrado pela curva "com queima" da figura 28. O reendurecimento consequncia da reaustenitizao
seguida pela formao de martensita no revenida. Isto traz um efeito adverso na vida da pea com
respeito fadiga, que atribudo principalmente formao de martensita no revenida, que uma fase
extremamente dura e frgil. A queima da pea e a austenitizao devido ao aquecimento gerado na
retificao de aos moles, mesmo os tipos temperveis, no so necessariamente acompanhadas pelo
endurecimento da superfcie.
59
B) Revenimento
Os aos so freqentemente retificados no estado temperado. O revenimento devido ao
aquecimento na retificao causa amolecimento junto superfcie acabada, como mostrado na curva
"sem queima" da figura 28.
O revenimento da superfcie de aos endurecidos freqentemente ocorre durante a retificao em
condies tpicas de produo, embora os seus efeitos possam ser minimizados. A profundidade da
camada revenida pode ser reduzida principalmente pelo uso de maiores velocidades da pea, o que
resulta numa menor penetrao do calor e em menores tempos de aquecimento. As curvas de
microdureza da figura 28 foram obtidas na retificao plana tangencial, com uma velocidade da pea
relativamente baixa (Vw = 6.1 m/min), o que causou uma camada termicamente afetada relativamente
profunda. Camadas revenidas similares, mas mais rasas so obtidas com velocidades da pea maiores,
como as que so tipicamente utilizadas na retificao cilndrica. Algumas ou mesmo todas as camadas
revenidas produzidas durante a retificao em desbaste com altas taxas de remoo do cavaco, podem
ser removidas por uma operao posterior de retificao em acabamento, com "spark out" no fim do
ciclo de retificao.
60
C) Tenses Residuais
O processo de retificao normalmente conduz a tenses residuais na vizinhana da superfcie
acabada, que pode afetar bastante o comportamento mecnico do material. As tenses residuais so
induzidas pela deformao plstica no uniforme perto da superfcie da pea. As interaes mecnicas
dos gros abrasivos com a pea resultam principalmente em tenses residuais de compresso, devido ao
fluxo plstico localizado. Este efeito semelhante ao que acontece nas peas que so jateadas com
esferas. As tenses residuais de trao so causadas principalmente por tenses termicamente induzidas
e pelas deformaes associadas com a temperatura de retificao e seu gradiente da superfcie para o
interior da pea.. Na zona de retificao, a expanso trmica do material mais quente prximo
superfcie parcialmente restrita pelo material mais frio da subsuperfcie. Isto gera tenses trmicas de
compresso perto da superfcie que, se suficientemente grandes, causam um fluxo plstico. Durante o
resfriamento subseqente, depois do passe do rebolo, o material plasticamente deformado, tende a
contrair mais que o material da subsuperfcie, mas o requisito de continuidade do material faz com que
tenses de trao se desenvolvam numa fina camada da superfcie. A fim de assegurar o equilbrio
mecnico, as tenses residuais de compresso devem tambm se aprofundar na pea, mas elas so muito
menores em magnitude que as tenses de trao. A formao de tenses residuais termicamente
induzidas mais complexa ainda na presena de transformaes de fase que podem ocorrer durante o
ciclo de aquecimento e resfriamento, uma vez que estas transformaes esto normalmente associadas
mudanas de volume.
Alguns exemplos da distribuio de tenso residual ao longo da direo de retificao esto
mostrados na figura 29 para um ao liga. Na maioria das operaes de retificao em produo, as
tenses residuais so predominantemente de trao, o que indica que elas tm principalmente origem
trmica. Tenses residuais de compresso normalmente tem um efeito benfico nas propriedades de
resistncia mecnica, enquanto tenses residuais de trao tm efeito adverso na resistncia.
A influncia das tenses residuais relativamente mais pronunciada para materiais frgeis de
alta resistncia. Condies de retificao mais severas em aos de alta resistncia e ligas aeronuticas
geralmente causam tenses residuais de trao maiores, levando reduo da resistncia fadiga e
trinca. A situao pode ser ainda mais agravada pelo enfraquecimento causado pelo hidrognio, devido
aos altos nveis de hidrognio introduzidos no ao como resultado da decomposio do fluido de corte.
Componentes de ao endurecido retificados com condies severas expostos a cidos em alta
temperatura desenvolvem trincas superficiais, que podem ser atribudas presena de tenses residuais
de trao agindo na frgil martensita no revenida formada pela queima da pea. As trincas induzidas
61
por ataque cido e pelas severas condies de corte so normalmente perpendiculares direo de corte,
o que sugere que o componente de trao da tenso residual ao longo da direo de corte
predominante.
Geralmente desejvel controlar as condies de corte de maneira a induzir tenses residuais
compressivas ou, no mnimo, limitar a amplitude do pico das tenses de trao. Na prtica, demandas
por uma produo mais rpida e eficiente resultam em maiores tenses residuais de trao, como visto
na figura 29. A fim de se obter tenses compressivas freqentemente necessrio manter a taxa de
remoo de cavaco muito baixa. No entanto, a introduo dos abrasivos de CBN em substituio ao
xido de alumnio induz tenses compressivas ao invs de tenses de trao na retificao de aos de
rolamento endurecidos. Isto sugere que as temperaturas para a retificao com CBN so menores, devido
energia especfica mais baixa. Outro fator que pode ser uma das causas deste fenmeno a alta
condutividade trmica do CBN, que contribui para o resfriamento da superfcie da pea.
62
Rebolos de CBN, devido resistncia ao desgaste dtil, so adequados para a retificao "creepfeed" de materiais ferrosos e alguns outros tipos de ligas. Rebolos de CBN com liga vitrificada so
especialmente eficientes, porque a sua porosidade facilita a refrigerao da pea.
Apesar da maior taxa de remoo de cavaco e da maior energia especfica requerida por este tipo
de processo, o problema de dano trmico pea no mais crtico que na retificao convencional. Isto
devido grande profundidade de corte, que faz com que uma larga porcentagem do calor seja
dissipado pelo cavaco que possui dimenses bem maiores. Existe porm uma limitao para a extrao
de calor pelo cavaco, que o seu ponto de fuso. Dado que a energia especfica da retificao "creepfeed" da ordem de 5 vezes a energia requerida para fundir o material, no mais do que 20% da energia
gerada no processo pode ser dissipada pelo cavaco.
Devido este problema com gerao e dissipao do calor, a retificao "creep-feed" requer um
fluxo de fluido de corte com grande vazo e presso direcionado regio de corte, a fim de remover o
calor da regio recm-formada por conveco forada.
Outro requisito fundamental para este tipo de processo a utilizao de mquinas rgidas e
muito potentes, com sistema de fluido de corte de alta presso e com tanque grande. Normalmente,
retificadoras convencionais sem nenhuma modificao no so adequadas para a retificao "creepfeed".
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BIBLIOGRAFIA
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