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Trabalho de Parasitologia - Artropodes Ectoparasitas

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Universidade Federal do Esprito Santo Centro de Cincias da Sade Departamento de Patologia Parasitologia Humana

ARTRPODES ECTOPARASITAS

Isabela Maggione Holz Luciana Seidel De Crignis Ronyrison Loureno Silva Lima Tssia Cani Bussular

Vitria 2009

NDICE
1 INTRODUO .................................................................................... 05 2 MOSCAS SINANTRPICAS...................................................................07 2.1 Ecologia ...........................................................................................07 2.2 Ciclo Biolgico ................................................................................08 2.2.1 Ovo.......................................................................................... 08 2.2.2 Larva........................................................................................09 2.2.3 Pupa........................................................................................ 09 2.3 Principais espcies ........................................................................ 10 2.4 Importncia para a Sade Pblica ................................................ 10 2.5 Principais Criatrios ...................................................................... 11 2.5.1 Resduos slidos urbanos dispostos inadequadamente......... 11 2.5.2 Unidade de triagem e compostagem mal operadas................ 11 2.5.3 Sanitrios Mal Construdos..................................................... 12 2.5.4 Fossas Abertas........................................................................12 2.5.5 Criaes de Fundo de Quintal................................................. 12 2.6 Medidas de Controle ...................................................................... 12 2.6.1 Controle das Formas Adultas.................................................. 12 2.6.2 Telagem...................................................................................12 2.6.3 Repelente Visual..................................................................... 13 2.6.4 Espectro Luminoso.................................................................. 13 2.6.5 Pincelamento........................................................................... 13 2.6.6 Iscas Txicas........................................................................... 13 2.6.7 Plantas Repelentes................................................................. 13 2.6.8 Disposio Correta do Resduo Slido Urbano....................... 13 2.6.9 Aterro Sanitrio........................................................................14 2.6.10 Outros Mtodos..................................................................... 14 2.7 Concluso ....................................................................................... 14 3. MOSCAS CAUSADORAS DE MIASE.................................................. 16 3.1 Miase ...............................................................................................16 3.1.1 Etiopatogenia...........................................................................16 3.1.2 Miases primrias.................................................................... 20 3.1.3 Miases secundrias................................................................ 20

3 3.1.4 Aspecto clnico das leses e tratamento................................. 20 3.1.5 Bicheira....................................................................................25 3.2 Berne ........................................................................................... 25 3.2.1 Etiologia................................................................................... 26 3.2.2 Ciclo evolutivo......................................................................... 27 3.2.3 Sintomas..................................................................................29 3.2.4 Diagnstico.............................................................................. 30 3.2.5 Profilaxia.................................................................................. 31 3.2.6 Tratamento.............................................................................. 33 3.3 Concluso ....................................................................................... 33 4. ANOPLURA: PIOLHO............................................................................ 35 4.1 Morfologia dos piolhos .................................................................. 36 4.2 Ciclo de vida dos piolhos .............................................................. 36 4.3 Doenas transmitidas por piolhos ................................................37 4.4 Concluso ....................................................................................... 40 5. SIPHONAPTERA: PULGAS .............................................................. 42 5.1 Morfologia das pulgas ................................................................... 42 5.2 Principais espcies ........................................................................ 42 5.2.1 Pulex irritans............................................................................ 42 5.2.2 Xenopsylla cheopis..................................................................43 5.2.3 Tunga penetrans..................................................................... 44 5.3 O ciclo de vida das pulgas ............................................................ 45 5.4 Doenas associadas s pulgas .....................................................45 5.4.1 Atuando como parasitos.......................................................... 45 5.4.2 Atuando como transmissores ou vetores................................ 46 5.4.3 Atuando como hospedeiros intermedirios............................. 46 5.4.4 Peste bubnica........................................................................ 47 6. ACARI: CARRAPATOS......................................................................... 48 6.1 Principais espcies ........................................................................ 48 6.1.1 Argas miniatus......................................................................... 49 6.1.2 Gnero Ornithodorus............................................................... 50 6.1.3 Anocentor nifens......................................................................51 6.1.4 Rhipicephalus sanguineus.......................................................51

4 6.1.5 Boophilus microplus ............................................................51 6.1.6 Amblyomma cajennense ........................................................ 52 6.2 Ciclo de vida ................................................................................... 53 6.2.1 Ciclo de um hospedeiro........................................................... 53 6.2.2 Ciclo de dois hospedeiros....................................................... 54 6.2.3 Ciclo de trs hospedeiros........................................................ 54 6.3 Doenas transmitidas por carrapatos .......................................... 55 6.3.1 Dermatite por Picada de Carrapato......................................... 55 6.3.2 Paralisia por Picada de Carrapato...........................................55 6.3.3 Febre Maculosa....................................................................... 56 6.3.4 Febre Q................................................................................... 57 6.3.5 Febre Recorrente.................................................................... 58 6.4 Remoo de carrapatos ................................................................. 59 6.5 Concluso ....................................................................................... 60 7. ACARI: SARNA...................................................................................... 61 7.1 Patogenia .........................................................................................61 7.2 Diagnstico ..................................................................................... 62 7.3 Tratamento ...................................................................................... 63 7.4 Concluso ....................................................................................... 63 8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................. 65

1 INTRODUO
Os artrpodes so animais invertebrados caracterizados pela presena de exoesqueleto, corpo segmentado e apndices articulados (do grego: arthron, articulados, e podos, patas). Embora oferea proteo, o exoesqueleto limita o tamanho do animal, pois no acompanha o crescimento do corpo. Ao se tornar pequeno, ocorre o fenmeno da muda, quando o exoesqueleto antigo se desprende do corpo do animal e trocado pelo novo, que j est formado. Os artrpodes so subdivididos em classes de acordo com alguns critrios, como a diviso do corpo e o nmero de apndices apresentados (patas, antenas, etc). Entre estas, pode-se citar: insetos, aracndeos, quilpodes, diplpodes e crustceos. Apenas espcies das duas primeiras classes sero consideradas neste trabalho. Algumas diferenas morfolgicas podem ser observadas quando se estuda os insetos e os aracndeos. Os primeiros possuem o corpo dividido em trs partes (cabea, trax e abdome), trs pares de patas e um par de antenas, enquanto os ltimos possuem cefalotrax (fuso cabea-trax) e abdome, quatro pares de patas e no possuem antenas. Dentre todos os artrpodes conhecidos, a classe que apresenta maior nmero de espcies causando leso ou transmitindo doenas aos humanos a Insecta. Sabese, entretanto, que as espcies nocivas de insetos so poucas; a grande maioria participa da polinizao das flores, da decomposio da matria orgnica, do equilbrio biolgico, da produo de cera, mel, seda, e fonte de alimento para peixes, anfbios, rpteis, pssaros etc. Os insetos encontraram, especialmente nos pases subdesenvolvidos, um ambiente propcio para a sua reproduo: sujeira, promiscuidade, ignorncia, uso inadequado de mtodos de controle, submisso religiosa e poltica, desinformao permanente e intencional da imprensa, contribuindo desse modo para o aparecimento e proliferao de diversas pragas. Os aracndeos, pela mesma forma, representam parte de um equilbrio no ecossistema, ao se alimentar de insetos e serem presas de roedores, pssaros, etc.

6 Algumas espcies so de maior importncia mdica, como aquelas responsveis por leses ou doenas. Em vista disto, esse trabalho foi realizado com o intuito de abordar algumas das espcies importantes do ponto de vista mdico da classe Insecta moscas sinantrpicas, moscas causadoras de miases, piolhos e pulgas e da classe Arachnida caros e carrapatos.

2 MOSCAS SINANTRPICAS 2.1 Ecologia


As moscas pertencem ao reino animal, classe Insecta e ordem Dptera. essa ordem pertencem os insetos que, na forma adulta, possuem um par de asas funcionais e um par de asas vestigiais - os alteres ou balancins. Possuem evoluo do tipo holometablica, isto , obrigatoriamente passam pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto. Constitui uma das maiores ordens de insetos, com cerca de 100 famlias descritas e 85.000 espcies conhecidas. A espcie de maior interesse mdico/sanitrio a Musca domestica, e sua ocorrncia, distribuio e predominncia so fatores de grande importncia para a avaliao das condies de sade de uma populao, pois indicam os seus hbitos de higiene e de organizao tanto domstico como empresarial. Assim, o nmero desta espcie muito dependente das condies sanitrias vigentes, ocorrendo milhares delas quando h deficincia no servio de coleta de lixo urbano ou tratamento do esterco dos animais, visto que as fmeas fecundadas procuram resduos orgnicos em decomposio (esterco, cadveres, lixo orgnico, etc.) para a realizao da postura. As moscas sinantrpicas podem veicular patgenos pelos seguintes mecanismos: a) pela regurgitao alimentar (alimenta-se em fezes, feridas ou animais mortos e, depois, voando a distncia, deposita a saliva contaminada sobre o alimento humano); b) pela veiculao mecnica de patgenos aderidos as patas e cerdas do corpo. Atravs de dejetos da mosca, dificilmente ocorre infeco humana, pois apesar de suas fezes possurem patgenos, as moscas usualmente defecam em paredes, tetos, fios etc. Alm disso, a M. domestica pode exercer o papel de hospedeiro intermedirio de alguns helmintos de importncia veterinria (Habronema, Raillietina). O estudo da Ecologia das moscas sinantrpicas possibilita aperfeioar as aes de controle, tornando-as mais eficientes.

2.2 Ciclo Biolgico


Sendo insetos holometablicos, sua evoluo completa. variadssimo o meio escolhido por cada espcie para fazer a postura e o desenvolvimento da larva. Assim, temos vrios tipos de matria orgnica em decomposio (folhas e paus podres), fezes animais ou humanas, cadveres, lama, gua parada ou corrente etc. O processo ocorre em um perodo mdio de 40 dias (30-45). No desenvolvimento ps-embrionrio, dos ovos eclodem as larvas, que so vermiformes e no possuem patas, e estas evoluem por pelo menos trs mudas de pele e alimentam-se dos restos orgnicos a sua volta. No prazo mdio de uma semana penetram em local seco (normalmente no solo) para empupar, passando ento por um grande processo de transformao conhecido como metamorfose, de onde surge a mosca adulta.

2.2.1 Ovo Os ovos so geralmente ovais ou esfricos, mas podem ser tambm, dependendo da espcie, cilndricos, achatados ou pedunculados. Nos perodos de calor eclodem entre 12 e 24 horas e nas pocas frias entre 3 e 4 dias.

9 Os ovos de M. domestica so brancos, alongados, medindo cerca de menos de 1mm. So colocados em massas de 75 a 170 ovos de cada vez, num total de 500 a 800, depositados em qualquer matria orgnica fermentvel, como lixo, fezes etc, cuja fermentao produz uma elevao da temperatura do substrato. Os ovos so colocados nas pores midas e sombreadas (frestas) do substrato. 2.2.2 Larva As larvas passam por trs estgios, que, em geral, duram de cinco a oito dias. Porm, durante o inverno, o desenvolvimento larvar pode prolongar-se por vrias semanas. O primeiro estgio mede cerca de 2mm de comprimento e o terceiro de 10 a 14mm. As larvas so claras e movimentam-se ativamente. Alimentam-se de substncias solubilizadas e bactrias. So vermiformes; pteros (desprovidos de pernas); as antenas so reduzidas a pequenas papilas; as partes bucais variam com o hbito alimentar. O gnero Musca desenvolve-se em restos orgnicos em decomposio, lixos domsticos, estercos e fezes, caracterizando-se como coprfagas. Os gneros Sarcophaga, Cochliomyia e Chrysomya desenvolvem-se normalmente em ferimentos, tecidos necrosados ou cadveres e caracterizam-se como saprfagas. Quando esto prestes a puparem, deslocam-se para ambientes mais secos (partes mais altas do esterco ou penetram debaixo de folhas, capim, terra fofa etc.). Permanecem imveis ento, iniciando o processo de pupao. 2.2.3 Pupa As larvas tomam a forma de um pequeno barril de cor clara e, pela quitinizao progressiva, cerca de algumas horas aps j esto de cor castanha-escura. A fase de pupa dura cerca de quatro a seis dias no vero e no inverno prolonga-se por vrias semanas. Aps um perodo de 04 a 05 dias o adulto fora com a cabea a abertura de uma calota que lhe permite a passagem ao meio exterior.

10 Os adultos vivem cerca de 30 dias.

2.3 Principais espcies


As espcies de maior interesse so: Musca domestica (a mosca domstica) e Stomoxys calcitrans (a mosca dos estbulos), entre outras. S. calcitrans se assemelha muito a M. domestica, dela diferindo, entre outros, por possuir alimentao exclusivamente hematfaga (machos e fmeas), arista pectinada, isto , apenas com cerdas dorsais; abdome com trs manchas escuras, dorsais; e por raramente invadir os domiclios, sendo vista frequentemente pousada nas paredes dos estbulos, moires e fios de cerda.

Musca domestica

Stomoxys calcitrans

2.4 Importncia para a Sade Pblica


Moscas da espcie M. domestica veiculam patgenos e podem exercer papel de hospedeiro intermedirio de alguns helmintos de importncia veterinria (Habronema, Raillietina). Em relao ao S. calcitrans, sua hematofagia que realmente grave. A introduo da sua probscida na pele bastante dolorosa e, aps sua retirada, deixa um pequeno orifcio, do qual emerge uma gotcula de sangue. Durante os meses quentes e chuvosos (novembro a maro), ocorrem ataques de milhares destas moscas picando animais, como bovinos, equinos, sunos, ces e homem. O

11 traumatismo provocado pelas picadas causa um maior prejuzo para animais e fazendeiros. O gnero Glossina (Glossinidae) exclusivo da frica, sendo popularmente conhecido como ts-ts, e importante na transmisso da doena do sono. Moscas do gnero Hippelates, denominadas popularmente "lambe-olhos", so vetores de tracoma, conjuntivites, mamites e lceras cutneas entre os humanos. Em suma, de modo geral, essas moscas podem transportar agentes patognicos e parasitrios, tais como bactrias, vrus, protozorios e/ou ovos de helmintos para o homem e animais domsticos. Assim, podem se tornar agentes da salmonelose, febre tifide, paratifo, tuberculose, conjuntivite, tracoma, poliomielite, clera, etc no homem e desinteria bacilar, carbnculo hemtico, mastite, etc nos animais domsticos. Tambm transmitem alguns agentes etiolgicos de parasitos internos tais como Taenia, Ascaris, Ancylostoma, Necator, Trichuris, Toxoplasma, Entamoeba e Giardia.

2.5 Principais Criatrios


Os criatrios consistem em locais em que ocorra uma disposio inadequada de resduos orgnicos, onde as moscas depositam seus ovos. 2.5.1 Resduos slidos urbanos dispostos inadequadamente Depsitos a cu aberto (lixes) constituem importantes criadouros de vetores, como as moscas. Por isso, se torna necessrio uma estrutura adequada para que se d um destino adequado aos resduos slidos urbanos. 2.5.2 Unidade de triagem e compostagem mal operadas Erros de operao nas unidades de triagem e compostagem compromentem a disposio adequada dos resduos slidos urbanos.

12 2.5.3 Sanitrios Mal Construdos O uso de latrinas, ainda comum no meio rural e periurbano, pode possibilitar o acesso constante das moscas s fezes humanas. Para que isso seja evitado, as construes de latrinas devem seguir determinados padres. Por exemplo, o fosso (buraco) para disposio das fezes deve ser profundo e construdo de modo a impedir a entrada de moscas. 2.5.4 Fossas Abertas Fossas spticas com fechamento prejudicado podem se tornar criatrios presentes no meio urbano. 2.5.5 Criaes de Fundo de Quintal Criaes de animais domsticos, onde no so observadas condies adequadas de higiene, podem se tornar criatrios de moscas.

2.6 Medidas de Controle


2.6.1 Controle das Formas Adultas realizado por mtodos preventivos, nos quais se procura atender s normas sanitrias e a hbitos de higiene, com vista a impedir a proliferao de vetores e disseminao de doenas. Inclui a utilizao de telas, repelentes, espectros luminosos, produtos e iscas txicos e plantas repelentes. 2.6.2 Telagem Devem ser colocadas telas nas portas e janelas, principalmente no meio rural, apesar da sinantropia caracterstica destas moscas.

13 2.6.3 Repelente visual A difuso da luz atravs de um volume de gua suspenso (um saco plstico transparente) capaz de repelir as moscas, devido ao que exerce nos rgos de viso das mesmas. 2.6.4 Espectro Luminoso Em estabelecimentos que preparam alimentos, podem ser utilizadas lmpadas com luz azul, que atraem e em seguida eliminam as moscas atravs de descargas eltricas. 2.6.5 Pincelamento Em estbulos, pocilgas e canis, tm sido utilizados produtos txicos, base de organo-fosforados e piretrides. 2.6.6 Iscas Txicas Ao uso de iscas txicas ou armadilhas (com inseticidas) para moscas podem ser associados ferormnios sexuais, que atraem as moscas para as mesmas, facilitando a sua eliminao. 2.6.7 Plantas Repelentes Plantas de odor forte, como folhas de Cinamomo, Hortel e Mamona, exercem efeito repelente ao serem plantadas nas residncias. 2.6.8 Disposio Correta do Resduo Slido Urbano A coleta seletiva, a reduo do uso de materiais, reciclveis ou no (papel, papelo, vidro, plstico, lata) e a compostagem domstica, que consiste em juntar restos

14 orgnicos como folhas e restos de alimentos, so alguns mtodos utilizados para se destinar adequadamente o lixo urbano. 2.6.9 Aterro Sanitrio uma tcnica de disposio final de resduos slidos, que apresenta mnimos riscos Sade Pblica e ao Meio Ambiente. Consiste basicamente em cobrir os resduos com material inerte, em intervalos regulares. 2.6.10 Outros Mtodos H, ainda, a armadilha da Emater, que consiste basicamente em atrair as fmeas adultas, pela oferta de alimento s larvas, para um meio adequado ovoposio. Ou seja, normalmente faz-se uso de esterco fresco colocado sob uma tela fina, como atrativo e, de leo queimado colocado em uma bandeja, como elemento letal s larvas, podendo-se tambm fazer uso de gua com sabo, nesta bandeja.

2.7 Concluso
Muitas espcies de moscas esto associadas a seres humanos e ao seu ambiente modificado, constituindo vrias pragas e importantes vetores de doenas, passando a ter importncia mdica e veterinria. A associao ocorre pelo fato de moscas serem exploradoras de substncias e resduos orgnicos produzidos pela atividade humana e animal, especialmente fezes e resduos vegetais. As moscas, por sua capacidade de disperso a longas distncias esto frequentemente implicadas em intoxicaes alimentares e podem ser facilmente identificadas no ambiente urbano, atuando como potenciais vetores de mais de 100 diferentes patgenos, desde vrus at formas parasitrias. O controle de moscas sinantrpicas muito problemtico, devido grande mobilidade dos adultos e enorme variedade de ambientes que podem ser explorados pelas formas imaturas. No Brasil, o controle das moscas, na maioria dos

15 municpios, ausente ou executado ineficientemente por meio de mtodos inadequados. Entretanto, o controle se faz necessrio como mtodo de promoo da sade e pode ser obtido por meio de boas prticas de armazenagem e de produo de alimentos, adequado acondicionamento e destino final de resduos slidos, bem como medidas preventivas capazes de reduzir a taxa de reproduo de insetos.

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3 MOSCAS CAUSADORAS DE MIASE 3.1 Miase


Entende-se por miase a doena parasitria do homem e outros vertebrados causada por larvas de dpteros que completam seu ciclo ou pelo menos parte do seu desenvolvimento dentro ou sobre o corpo do hospedeiro, alimentando-se dos tecidos vivos ou mortos deste. 3.1.1 Etiopatogenia So muitas as espcies de moscas envolvidas na etiologia da miase. Algumas que merecem destaque esto listadas a seguir: Cochliomya hominivorax (mosca varejeira) a espcie mais importante nesse contexto em toda a regio Neotropical (Amrica Tropical);

Cochliomya hominivorax a mosca varejeira Dermatobia hominis, ou mosca do berne, frequente em certas regies brasileiras, exceto, por exemplo, na regio Amaznica;

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Dermatobia hominis a mosca do berne Espcies da famlia Sarcophagidae, como a Saecodexia lambens; Alouattamyia baeri, um agente habitual do berne em macacos guaribas (bugios), sendo encontrado eventualmente parasitando o homem; Anastrepha sp. e outros agentes de miase quase sempre transitria da luz do intestino. As miases so mais freqentes na zona rural. As moscas adultas da espcie Cochliomyia hominivorax tm hbitos diurnos. As fmeas, durante o perodo de oviposio, so fortemente atradas pelo cheiro de sangue derramado ou pelo odor ftido de tecidos vivos em sofrimento. Assim, constituem condies predisponentes instalao do parasitismo: a falta de asseio, particularmente no perodo menstrual ou puerperal, leses vegetantes, ulceraes, supuraes, leses traumticas abertas, entre outros. Durante a oviposio, ocorre a liberao de 200 a 300 ovos, em massas compactas nas bordas da leso prvia, se existente. Os ovos eclodem e originam as larvas nas primeiras 24 ou 48 horas.

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Larvas e pupas de Cochliomyia hominivorax em meio de cultura. O mximo de desenvolvimento das larvas ocorre por volta do sexto dia, quando apresentam-se robustas. Rapidamente, essas larvas causam ulceraes e fistulizao, com ampla destruio de tecidos moles, podendo levar a graves mutilaes, mal respeitando as estruturas sseas. Estas, quando menos resistente, podem sofrer destruio, como por exemplo, leses na face e no ouvido mdio. As alteraes anatomopatolgicas so, porm, inespecficas, de modo que a etiologia somente ser reconhecida mediante a demonstrao do parasito ao nvel da leso. Em se tratando de Dermatobia hominis, pode-se destacar o mecanismo curioso que envolve a biologia desta espcie, enfocado tambm no tpico 5.5.2 (ciclo de vida Berne). A ovoposio no se realiza diretamente no tegumento do hospedeiro vertebrado. H sempre a participao de um vetor mecnico, inseto alado de igual ou menor porte (mosquito ou mosca), no qual a fmea de D. hominis deposita os ovos. A ovoposio ocorre aps aprisionamento em forma de cacho de banana, para o qual necessria a participao de uma substncia cimentante. Em seguida, ocorre o desenvolvimento dos embries at o momento da ecloso dos ovos, quando, aptos para penetrar no tegumento do hospedeiro, so estimulados pelo calor e pelo dixido de carbono desprendidos do corpo do animal, propiciando a remoo do oprculo em forma de unha e fixando-se no plo mais prximo para penetrar na pele circunvizinha.

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Larvas de Dermatobia hominis no segundo estgio de desenvolvimento Entretanto, as larvas no causam invaso profunda, instalando-se sobre a pele ntegra e gerando leses que se caracterizam pelo aspecto furunculide. A infeco evolui, muitas vezes, para a cura espontnea, posto que quando a larva atinge terceiro estgio, ou seja, a maturidade, abandona naturalmente o hospedeiro para pupar no solo. A espcie Cochliomyia hominivorax, de distribuio exclusivamente neotropical, um parasito habitual de primatas no humanos. Desconhece-se o mecanismo completo de infeco, mas h estudos que sugerem que macacos ingerem ovos embrionados no momento da alimentao por folhas dos vegetais. Entretanto, esse mecanismo no parece elucidar a infeco em humanos. Os sarcofagdeos so considerados parasitas acidentais em humanos. Suas larvas so elementos constitutivos da fauna cadavrica. Entretanto, as fmeas vivparas parecem larvipositar em organismos vivos que possuem como atrativo o odor ftido de leses necrticas, ou de urina em franca decomposio. Outro mecanismo admitido a ingesto de larvas dessa espcie que contaminaram alimentos. As Anastrepha (bicho-de-goiaba) e outras espcies causadoras de miase intestinal so adquiridas em frutos infestados ou no leite.

20 3.1.2 Miases primrias Na Miase primria, a mosca deposita os ovos na pele junto s leses tegumentares simples, como arranhes, picadas de insetos, escoriaes, abrases, leses ulcerosas, feridas de p diabtico. O ovo adere superfcie da pele e, com a ecloso dele, a larva penetra ativamente pela leso, digerindo o tecido da pele, e se entoca na derme ou tecido subcutneo, a permanecendo para desenvolver-se. Forma-se, ento, a leso furunculide: um ndulo de pouco aspecto inflamatrio, com um orifcio central, por onde a larva penetrou e por onde respira, atravs do qual a mesma se protunde. Nesse tipo de Miase, h um vetor intermedirio, que, habitualmente, a mosca Neivamya lutzi, a qual porta os ovos da Dermatobia hominis e os deposita na pele. 3.1.3 Miases secundrias Na Miase secundria, os ovos so depositados em ulceraes expostas de pele e orifcios ou cavidades naturais, previamente infectados. Nelas, as larvas desenvolvem-se alimentando-se de tecido morto. A mosca atrada pelo odor que exala da leso e nela deposita seus ovos. Dentro de trs semanas estes eclodem liberando as larvas que passam a digerir o tecido necrosado. Dentre as miases secundrias, destacam-se a anorretal, a vulvovaginal, a otomiase, a intestinal, a oftalmomiase, as orais, as pulmonares e as anorretais. 3.1.4 Aspecto clnico das leses e tratamento ASPECTOS CLNICOS DAS LESES

21 Oftalmomiase. Nesta, incluem-se neste grupo as miases do globo ocular e as conjuntivais, aquelas determinadas principalmente pela Cochliomyia hominivorax e pela Dermatobia hominis. Os principais sintomas, nos quadros dessa localizao, so dor intensa, edema, hiperemia conjuntival, sensao de corpo estranho e abundante secreo lacrimal. Infeces microbianas associadas contribuem para complicaes, como conjuntivites intensas, ulceraes da crnea, panoftalmites e at ruptura e destruio do globo ocular. Miases Orais. As leses dessa localizao podem instalar-se primariamente na cavidade bucal ou decorrer da extenso de outras, vizinhas, como por exemplo das fossas nasais. Caracterizam-se por lceras destrutivas, que drenam secreo serossanguinolenta de odor ftido. Na maioria dos casos so produzidas por Cochliomyiah ominivorax. O mau estado de conservao dos dentes, alm de outros fatores predisponentes, constituem forte atrativo para as moscas depositarem seus ovos nessa regio. Miases Rinofarngeas. Referidas por Wolffenbttel (1953) como as mais temidas e comuns das formas de miases. As larvas a sediadas -quase sempre de Cochliomyia hominivorax, numerosas e vorazes -rapidamente destroem as cartilagens, o arcabouo nasal e a abbada palatina, podendo penetrar nos seios paranasais e mesmo atingir a cavidade craniana, levando ao bito. O prognstico , portanto, de considervel potencial de gravidade.

Miase do palato e das fossa nasais por C. hominivorax.

22 Miases Intestinais. A infeco resulta da ingesto de alimentos (verduras, frutas, leite) contaminados com larvas ou ovos de mosca. As secrees digestivas no modificam a vitalidade das larvas; apenas o suco gstrico representa relativa defesa, a que elas, entretanto, ainda assim resistem. As larvas exercem sobre o trato digestivo diferentes tipos de ao: traumtica, inflamatria, infecciosa, txica e espoliativa. Segundo sua evoluo, distinguem-se as formas agudas e crnicas. Os sintomas da fase aguda so transtornos disppticos, acompanhados de diarria e vmitos que cessam com a expulso das larvas. Quanto s formas crnicas, h autores que sustentam a possibilidade de larvas de sarcofagdeos e de algumas outras espcies persistirem durante anos (5 a 10) na luz do intestino do hospedeiro, promovendo dor epigstrica, vmitos freqentes e episdios diarricos, s vezes com muco e sangue. Miases Pulmonares. So de ocorrncia rara e geralmente decorrem de formas nasais graves, principalmente as determinadas por C. hominivorax. Larvas desta e de outras espcies podem tambm penetrar atravs da pleura, valendo-se de empiemas fistulizados ou de feridas que atinjam essa serosa. Entre as miases dessa localizao destaca-se, pelo exotismo da histria clnica e por sua etiopatogenia, aquela decorrente do parasitismo por larvas de Alouattamyia baeri. H apenas 3 casos registrados na literatura, todos amaznicos. Em todos h histria de tosse intensa e persistente, e a eliminao do parasito sempre precedida de uma exacerbao desse sintoma, num acesso violento, acompanhado de sensao de sufocao e "de um bicho subindo pela garganta" ou "mexendo dentro". Pode ocorrer dor torcica, dispnia, expectorao sanguinolenta, roncos e sibilos expiratrios, pneumotrax, nuseas, vmitos, dor epigstrica, febre e acentuada perda ponderal. O mecanismo de infeco permanece no esclarecido. Otomiases. A ocorrncia de miases no aparelho auditivo depende,

fundamentalmente, de dois fatores predisponentes: a presena de supurao local e ausncia de cerume Os principais sintomas dessa localizao so dor local intensa, que exacerba com manobras de compresso da regio mastidea, secreo piohemtica ftida e, s vezes, otorragia. Podem surgir, ainda, sensao vertiginosa e acessos de tosse. Os sintomas aparecem, algumas vezes, 48 horas aps a

23 penetrao de um inseto no ouvido. As complicaes mais comuns so a perfurao timpnica destruio do ouvido mdio e invaso das meninges. A visualizao otoscpica das larvas fundamental para estabelecer o diagnstico etiolgico. As espcies mais envolvidas so a Cochliomyia hominivorax e alguns sarcofagdeos. Miases Anorretais. Alm das manifestaes caractersticas da leso

predisponente, habitual a ocorrncia de ulceraes e fistulizao, acompanhadas de dor, desconforto, secreo abundante, odor ftido e, evidentemente, a presena das larvas. O agente mais importante das leses dessa localizao , ainda, a Cochliomyia hominivorax. Miases Vulvovaginais. Habitualmente dessa mesma etiologia especfica, estas miases se assestam sobre leses condilomatosas (figura 8.56) ou prolapso do tero, embora a simples falta de asseio j possa justificar a atrao da mosca adulta. Caracterizam-se, quase sempre, pelo prurido intenso, dores lancinantes As leses produzidas pelas larvas se caracterizam por lceras anfractuosas profundas, ou em saca-bocados. A secreo oriunda de tais leses serossanguinolenta e extremamente ftida. A dor na regio vulvovaginal pode dificultar o ato de sentar e a deambulao. Em alguns casos pode ocorrer febre e adenopatia inguinal.

Miase vulvovaginal por C. hominivorax (caso de Corra et aI., 1984)

24 TRATAMENTO Os tratamentos dividem-se em especficos e inespecficos. Os Especficos: Consistem, basicamente, na eliminao das larvas, quer seja ela mecnica ou qumica (mediante o emprego de medicamentos ou substncias anestsicas). Nas miases destrutivas e cavitrias de qualquer localizao, as larvas devem ser retiradas com pina, procedendo-se depois limpeza local com soluo fisiolgica. Este procedimento, porm, aparentemente to simples, pode ser de difcil execuo prtica, na dependncia do stio e da natureza das leses. o caso, por exemplo, das localizaes rinofarngeas, que oferecem dificuldades de acesso s larvas mais profundamente situadas, ao que se soma, ainda, a inconvenincia do uso tpico de substncias anestsicas volteis, como o ter e o clorofrmio, que possam concorrer para a sua expulso. Houve poca em que, diante desse desafio, fazia-se uso de injees endovenosas de oxicianeto de mercrio, reconhecido como um recurso eficaz. Dizem os relatos que, medida que a droga ia sendo injetada, as larvas despencavam das fossas nasais, podendo ser recolhidas numa cuba de rim. Em seguida, administrava-se um purgativo salino, para expulso das larvas eventualmente deglutidas. Algumas vezes era necessrio repetir as injees, uma a cada dia, at a total eliminao das larvas. Era o chamado "Processo Prado Moreira". Talvez como decorrncia da toxicidade dos mercuriais, hoje proscritos da teraputica mdica, esta droga j no pode ser encontrada no mercado farmacutico. Hungria (1995) refere-se a outros recursos teraputicos nas miases desta localizao, tais como pulverizaes com calomelano ou iodofrmio puro no interior das fossas nasais, seguidas de lavagens endonasais e remoo das larvas com pina. Surge agora melhor perspectiva com a ivermectina (Mectizan MSD), apresentada em comprimidos de 6 mg e recentemente introduzida em medicina humana. Vem com a recomendao de xitos extraordinrios no tratamento e controle de miases

25 de interesse veterinrio. J a empregamos umas poucas vezes em casos humanos de localizao nasal determinados por C. hominivorax, na dose total de 0,4 mg/kg, dividida em duas tomadas, a intervalo de 12 horas, com resultados animadores. Nos casos de miase vulvovaginal, dada a intensidade da dor local e conseqente contratura muscular, com aduo das coxas, costuma ser necessria a sedao da paciente, ou mesmo anestesia peridural para permitir a retirada das larvas. Os Inespecficos: Recomendaes gerais, tais como: Limpar as leses com soluo fisiolgica; Realizar anti-sepsia com soluo tpica de polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I); Administrar antimicrobianos, quando houver infeco bacteriana associada; Fazer profilaxia do ttano; Indicar cirurgia plstica reparadora em leses mutilantes.

3.1.5 Bicheira A popular bicheira a designao usual dada infestao da pele dos bovinos e humanos por uma grande quantidade de larvas de moscas da espcie Cochliomyia hominivorax, mais conhecida como mosca varejeira. Tecnicamente, a doena recebe o nome de miase cutnea.

3.2 Berne
A mosca Dermatobia hominis, cuja fase larval, no Brasil, denominada por berne, encontra-se distribuda desde o sul do Mxico, na Amrica Central, em algumas

26 ilhas do Caribe (Antilhas menores, Trinidad e Tobago) e em todos os pases das Amrica do Sul. O berne, uma vez presente nos animais causa a chamada miase furuncular ou dermatobiose (figura ao lado, mostrando no couro cabeludo), que se caracteriza pela formao de ndulos no hospedeiro, com a presena de uma ou mais larvas no interior.

3.2.1 Etiologia O agente etiolgico da Dermatobiose ou Berne a Dermatobia hominis (Linnaeus Jr.,1781). As condies ideais para a sobrevivncia da mosca so aquelas de clima tropical e subtropical, com temperatura e pluviosidade relativamente altas, em localizaes rodeadas por arbustos e florestas. Nota-se inclusive que algumas regies fisiogrficas de relevo, contribuem para sua incidncia em determinadas regies, principalmente naquelas com altitudes de at 1.400 metros acima do nvel do mar. Nas altitudes abaixo de 400 metros do nvel do mar as infestaes aumentam significativamente.

27 3.2.2 Ciclo evolutivo A D. hominis faz um ciclo indireto, ou seja, ela no se aproxima de um animal. As fmeas de tamanho grande e de porte superior aos machos, em condio de vo capturam um inseto vetor, um zofilo para ovipozitar massa de ovos no seu abdmen. Os forticos ou veiculadores das larvas da D. hominis, devem possuir algumas caractersticas importantes para levarem os ovos contendo larvas at os hospedeiros, ou seja:

Tm que ter atrao para os animais (hbitos zofilos) Tm que ter hbitos diurnos Tm que ter tamanho igual ou menor do que a D. hominis No devem ser muito ativos

Tem-se reportado acima de 50 espcies de veiculadores dos ovos do berne, sendo que as principais moscas vetoras so a Stomoxys calcitrans (mosca-dos-estbulos), a Musca domestica (mosca domstica), a Hydrotaea aenescens, e a Sarcopromusca pruna.

Mosca domstica carregando ovos de D. hominis.

28 So moscas com hbitos diurnos, que procuram abrigar-se em locais onde haja vegetao abundante e onde os animais procuram descansar ou proteger-se do sol, como capoeiras, bambuzais, capineiras etc. O incio do ciclo se d em dias muito quentes, quando os animais procuram sombreamento para se protegerem do sol e calor e ento so atacados pelas moscas vetores, contendo massas de ovos que variam de 30 a 60 ovos. Uma fmea de D. hominis pode ovipositar de 200 a 300 ovos, em vrias posturas. Agregados uns aos outros, os ovos se apresentam na forma de massa, semelhante a uma cacho de bananas, sendo que se mantm fixos uns aos outros impermeabilizados por substncias secretadas pela D. hominis, por um tempo mdio de 8 dias. Aps o amadurecimento dos ovos, as larvas desenvolvidas escapam, quando a mosca veiculadora pousa sobre o hospedeiro, estimulada pela temperatura corprea e liberao de gs carbnico.

Larvas da mosca D. hominis . A larva infestante uma vez em contato com a pele, movimenta-se em mdia em 20 minutos at penetrar, localizando-se no tecido subcutneo. Durante 35-50 dias a larva desenvolve-se no tecido subcutneo do animal, alcanando a fase de 3 estgio (mdia 32 dias), ou seja, a sua maturidade.

29 Aps estar amadurecida cai no solo, de preferncia em local umedecido e protegido onde inicia a sua fase de pupa. O perodo pupal tambm sofre influncia climtica e temperatura de 25 C, com umidade relativa de 60 a 80%. Esse perodo pode variar de 30 a 43 dias, com mdia de 42 dias, ocorrendo aps a metamorfose, da qual se emerge a mosca adulta, apta a copular e capturar os vetores, reiniciando o ciclo holometablico. Normalmente, a emergncia dos adultos do puprio ocorre pela manh e 3 a 6 horas ps emergncia, tanto machos como fmeas iniciam a cpula, em mdia 3 a 4 vezes. A mosca adulta desprovida de aparelho bucal no se alimenta e sobrevive de 4 a 19 dias. A larva penetra atravs do folculo piloso alcanando o tecido subcutneo, onde se aloja at completar os seus nstares (L1, L2 e L3). Normalmente cada orifcio nodular corresponde ao desenvolvimento de uma larva, entretanto, pode-se encontrar eventualmente duas ou trs larvas se comunicando na mesma abertura. Quando a infestao advm de insetos veiculadores de hbito alimentar lambedor, nota-se a formao de extensas reas de bernes formando placas. que essas moscas se aglomeram em torno de exsudato e assim as portadoras de ovos (forticas), deixam escapar larvas no local com mais abundncia. O ciclo total do berne pode durar em mdia de 3 a 5 meses. 3.2.3 Sintomas As larvas nos seus diferentes nstares (1,2 e 3) possuem espinhos ao longo do corpo e ao se movimentarem de forma retrtil, alcanando constantemente o orifcio

30 de abertura para respirarem, provocam dores e irritao, em que o animal se torna irrequieto e estressado. Em infestaes altas, h um emagrecimento, perda da capacidade produtiva e eventualmente a morte, principalmente se for jovem. Processos inflamatrios com pstulas acontecem com freqncia, em alguns casos oriundos de uma reao inflamatria do prprio organismo animal, geralmente aps estabelecida a larva ou quando ela morre dentro do ndulo. Em casos raros pode acontecer a instalao de miases associada a mosca Cochliomyia hominivorax, complicando o quadro de parasitismo com processos infecciosos 3.2.4 Diagnstico PROVAS ESPECFICAS O diagnstico etiolgico depende, fundamentalmente da demonstrao do parasito ao nvel das leses. A etiologia especfica tarefa de competncia do entomologista. H, entretanto, algumas recomendaes teis quanto ao mtodo de coleta e conservao das larvas, fundamentais preservao de caracteres de interesse taxonmico. A mais importante evitar a desidratao brusca dos espcimes coletados e isso ocorrer toda vez que as larvas forem mergulhadas, vivas, em altas concentraes de lcool ou formol. O impacto promove retrao imediata da musculatura, bastante prejudicial visualizao de estruturas importantes, como as placas estigmticas posteriores. Induz, alm disso, as larvas mais maduras a puparem imediatamente, como mecanismo de defesa, do que resulta aprecivel alterao da cor do tegumento para um castanho-escuro que descaracteriza por completo o aspecto original.

31 A fim de evitar que isso acontea, as larvas devero ser mortas em gua quente, antes de mergulhadas no lcool ou formol. Assim, num recipiente descartvel qualquer, que possa ser levado ao fogo (uma lata pequena, por exemplo), ou, se no laboratrio, num cadinho de porcelana sobre a chama de um bico de Bunsen, aquece-se pequena quantidade de gua at o incio da ebulio. Quando comearem a surgir as primeiras bolhinhas, retira-se o recipiente do fogo, lanandolhe dentro as larvas e voltando a aquec-lo at reiniciada a ebulio. Somente ento, as larvas, j mortas, devero ser transferidas para o lcool -de preferncia a 70% -ou o formol a 10%. PROVAS INESPECFICAS O leucograma pode mostrar leucocitose, com picnose nuclear dos neutrfilos e aumento discreto dos moncitos. A histopatologia parece no poder oferecer maior contribuio ao diagnstico, dado que as alteraes encontradas so inespecficas. Pode ser, entretanto, necessria para o esclarecimento da patologia bsica. As miases furunculides, principalmente quando localizadas ao nvel da face ou do couro cabeludo, podem provocar edema semelhante ao dos traumatismos locais ou das ferradas de insetos himenpteros (vespas, abelhas e marimbondos). O berne difere o furnculo por apresentar menor reao inflamatria e deixar drenar discreta serosidade pelo orifcio central, quando levemente comprimido. A exsudao abundante e a dor local que ocorrem nas miases destrutivas instaladas sobre feridas abertas podem simular, inicialmente, uma complicao decorrente de infeco bacteriana da leso prvia. 3.2.5 Profilaxia Envolve medidas de proteo individual e coletiva:

32 Telar portas e janelas de hospitais ou dependncias domsticas que abriguem pacientes portadores de leses ou de ouras condies predisponentes intalao do berne; Usar mosquiteiros e repelentes de moscas; Proteger adequadamente feridas e queimaduras;

Envolve, tambm, medidas de controle da populao de moscas: Realizar campanhas de combate Dermatobia hominis, mediante esterilizao e soltura contnua e em larga escala de machos esterilizados, nas regies infestadas. Essa tcnica, de custo elevadssimo, ensejou campanhas vitoriosas de erradicao executadas nos Estados Unidos e no Mxico. O controle profiltico do berne, doena bastante comum na zona rural, tambm depende do manejo das fezes em estbulos, para evitar a doena tanto em gados, quanto nos trabalhadores rurais. As fezes no estbulo, esterqueiras e proximidades, so as principais fontes para multiplicao das moscas veiculadoras dos ovos da Dermatobia hominis. Com a reduo dos forticos, as infestaes por bernes diminuiro, pois a D. hominis no ter muitos vetores disponveis para capturar. O esterco dos animais deve ser trabalhado, (principalmente se por perto houver criao de galinhas ou porcos), de duas maneiras:

Atravs de esterqueiras ou trincheiras

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Juntando as fezes misturadas com palhas e cobri-las com uma lona de plstico

3.2.6 Tratamento Nas miases furunculides (berne) so desaconselhveis manobras de expresso da leso, com vistas expulso da larva. Enquanto vivo, o parasito resistir a essas manobras custa dos ganchos orais que lhe permitem firme fixao aos tecidos, bem como custa dos espinhos dispostos em crculos paralelos ao longo de vrios segmentos do corpo, cuja extremidade livre est voltada para a abertura da leso, contrapondo-se a movimentos de regresso. Assim, medidas intempestivas levam, quase sempre, fragmentao do organismo parasitrio, propiciando supurao local e infeco grave. Recomenda-se promover, primeiro, a morte da larva, por asfixia, para depois remov-Ia. nmeros mtodos tm sido utilizados com esse objetivo: vedao do orifcio da leso com tabaco, caf, toucinho, esparadrapo, vaselina, resinas pegajosas (como a de pessegueiro), ou outro recurso que impea, efetivamente, a respirao da larva. O esparadrapo deve ser suficientemente largo e aderir perfeitamente superfcie cutnea, o que particularmente difcil nos casos de leso ao nvel do couro cabeludo. Com muita destreza e pacincia, a asfixia da larva pode ser promovida pelo pinamento, por alguns minutos, da extremidade posterior, quando esta vem tona respirar. Logo o parasito poder ser retirado, sem mais opor resistncia. Outro mecanismo proposto para facilitar a retirada da larva consiste na injeo de 1 ml de ter no orifcio da leso, com auxlio de agulha romba. Esse recurso foi muito bem sucedido, inclusive em casos de localizao palpebral.

3.3 Concluso
Miase a invaso de tecido humano e de outros mamferos por ovos ou larvas de moscas da Ordem Dptera. Ocorre principalmente nos trpicos, associada higiene

34 precria, pblica e pessoal. Raramente as larvas se instalam nos olhos, nariz, seios paranasais, rea urogenital e reto. Grandes infestaes podem causar at morte do hospedeiro, especialmente quando comprometem nariz, olhos, conduto auditivo e crebro. Assim, o diagnstico precoce e a explorao com limpeza adequada (geralmente cirrgica) podem evitar morbidez e danos teciduais extensos, bem como intervenes complexas, indicadas nas fases finais da doena. importante ressaltar que medidas preventivas citadas no texto so essenciais e devem ser difundidas nas reas de maior prevalncia da doena, quais sejam os ambientes rurais, os criadouros (animais so atrativos) e locais atrativos de moscas, principalmente onde h exposio de alimentos ou feridas. Conclui-se, portanto, que a miase uma doena de evoluo dolorosa e de tratamento relativamente simples, mas que para o qual necessria a assistncia mdica para evitar possveis complicaes. A conscientizao e cuidados higinicos so fortes maneiras de se evitar a doena.

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4. ANOPLURA: PIOLHO
Incluem-se nessa ordem os insetos vulgarmente conhecidos como piolhos. So todos eles hematfagos, com metamorfose gradual e parasitos de mamferos. Existem cerca de 532 espcies distribudas em 15 famlias, duas das quais parasitam humanos: A) Pediculidae: com as espcies Pediculus humanus (Pediculus humanus corporis) e Pediculus capitis (Pediculus humanus humanus).

Pediculus capitis B) Pthiridae: com a espcie Pthirus pbis (figura a seguir).

Pediculus humanus

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4.1 Morfologia dos piolhos


Esses pequenos insetos, com adultos medindo em torno de 3 mm, pertencem ordem Anoplura e, como todos os insetos, possuem o corpo dividido em cabea, trax e abdome, e trs pares de patas. So pteros (sem asas) e possuem aparelho picador-sugador, pois so hematfagos obrigatrios de mamferos, ou seja, alimentam-se exclusivamente de sangue. Em suas fortes patas encontra-se uma espcie de pina formada por uma garra no tarso que se ope tbia, e com ela que os piolhos agarram-se firmemente aos plos. Essas caractersticas explicam muito sobre seus hbitos e modo de transmisso. Uma vez que no voam e no saltam como as pulgas, eles s passam de um indivduo ao outro por contato. O hbito sugador causa a famigerada coceira e suas garras so os mantm firmes nos plos, o que justifica a dificuldade para se extrair os piolhos. Os ovos branco-amarelados de 0,8 por 0,3 mm, conhecidos como lndeas so colocados fortemente aderidos base dos plos e s fibras das roupas, graas a uma substncia acinzentada cimentante secretada por glndulas das fmeas.

4.2 Ciclo de vida dos piolhos


Os piolhos que vivem na cabea e os que vivem no corpo possuem diferenas na postura dos ovos. Os primeiros colocam em torno de 7 a 10 ovos por dia na base dos fios de cabelos (assim como os chatos, nos plos pubianos), enquanto os outros colocam mais de 100, principalmente nas dobras das roupas. O local de postura um dos motivos que alguns estudiosos os consideram espcies diferentes, muito embora, em caso de grandes parasitemias os piolhos possam ser encontrados em outras partes do corpo que no as onde comumente vivem. Aps um perodo de incubao de 6 a 9 dias, os ovos eclodem e as ninfas sofrem mais duas sucessivas trocas de exoesqueleto at se tornarem adultos prontos para

37 se reproduzir, levando cerca de 15 dias. Todo esse perodo de ecloso, maturao e vida ir depender de fatores como temperatura e pH. importante saber que, em todos esses estgios os piolhos se alimentam de sangue vrias vezes ao dia. Eles vivem em torno de 40 dias, e cada fmea pe, em mdia, 250 ovos durante sua vida. A reao do hospedeiro saliva secretada na hora de sugar o sangue resulta em uma dermatite e o prurido leva o indivduo a coar a regio. Isso leva formao de uma porta de entrada para microorganismos, aumentando ainda mais a coceira e podendo levar a complicaes mais graves.

4.3 Doenas transmitidas por piolhos


A infestao por piolhos denominada pediculose. Desse modo, h a pediculose do couro cabeludo e a do corpo, porm quando a infestao pelo piolho-chato, a denominao passa a ser pitirase, ftirase, pitirose ou fitirose.

Em relao ao piolho do couro cabeludo (figura acima), o prurido e a irritao da pele, principalmente na nuca e atrs da orelha, so o primeiro problema e principal sintoma da infestao. A partir disso, surgem as consequncias: irritao,

38 nervosismo e falta de concentrao so comuns em crianas, causando diminuio do rendimento escolar e, mais raramente, problemas infecciosos ou anemia. As crianas coam constantemente a cabea e, ao o fazerem, arranham, abrindo uma porta de entrada para microorganismos, o que pode gerar infeces, muitas vezes necessitando de um tratamento especfico e mais demorado. H relatos de postura de ovos e crescimento de larvas de mosquitos em feridas originadas deste processo ligadas, inclusive ao desenvolvimento da anemia, mas felizmente so casos raros, atingindo principalmente a populao mais carente. Uma dieta pobre, aliada constante hematofagia dos piolhos pode levar uma criana a um quadro anmico. Apesar de serem mais comuns nos infantes, os piolhos no tem preferncia por idade, sexo ou classe social. O que favorece a maior prevalncia entre as crianas , justamente, o modo de transmisso: os piolhos no voam, nem pulam e necessitam de contato ntimo para passarem de um indivduo a outro. O convvio em escolas e creches, as brincadeiras e constante contato fsico favorecem o deslocamento. E, embora no seja unnime entre os pesquisadores, acredita-se que fmites, como pentes, escovas, bons, fronhas, venham a ser outra importante via de transmisso.

As lndeas (figura acima) pouco provavelmente poderiam passar do cabelo de uma pessoa a outra, porm as ninfas e os adultos podem facilmente, e estudos apontam que os piolhos podem passar at 2 a 3 dias sem se alimentar.

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O piolho do corpo, por sua vez, tem algumas caractersticas prprias, pois seus ovos so postos nos fios das roupas, incluindo a roupa de cama. Como necessitam do calor do corpo para sua maturao e ecloso, a troca de roupas infestadas entre as pessoas pode ser um mecanismo de transmisso. A maior prevalncia encontra-se nas populaes marginalizadas, pois a higienizao das roupas bem menos frequente. Embora na grande maioria dos pases no seja considerado um problema de sade pblica, o piolho do corpo j foi responsvel por muitas mortes no passado. Ele o vetor da febre recorrente (causada por Borrelia recurrentis) transmitida pelo esmagamento dos insetos entre os dedos ou dentes, da febre das trincheiras (por Bartonella quintana) transmitida pela picada e pelas fezes e do tifo epidmico (por Rickettsia prowazekii) tambm transmitida pelo esmagamento. O chato habita os plos da regio genital e perianal, e seu modo de transmisso se d principalmente pelo contato sexual. O ciclo de vida e o os sintomas so muito semelhantes ao do piolho do couro cabeludo, porm na regio pubiana. O chato pode ser encontrado nos pelos das coxas, axilas, sobrancelhas e barba, podendo, inclusive, ser responsvel por casos macios de infestao na cabea. TRATAMENTO A pediculose um problema de sade coletivo. Os piolhos do corpo, que j foram responsveis por muitas mortes, deixaram de se ser um grande problema com a melhoria dos hbitos de higiene e com a troca constante de roupas. importante ressaltar que a lavagem de cabelo evita uma srie de problemas e faz parte dos bons hbitos de higiene, porm, no ela que evita ou mata os piolhos. Uma forte maneira de se evitar a infestao por piolhos a ateno a qualquer sinal de coceira. Deve-se examinar a cabea a fim de encontrar piolhos e lndeas Quanto mais precoces o tratamento e o alerta s pessoas com quem a criana ou o adulto

40 convive, mais fcil torna-se o controle da situao. Outra maneira evitar o uso comum de pentes e bons quando se suspeitar do problema e lavar com gua quente e passar a ferro a roupa de cama. Uma vez confirmado que se trata de pediculose, h vrias maneiras de elimin-los. O pente bem fino bastante til, pois ajuda a retirar dos cabelos as ninfas e os adultos que devem ser jogados no vaso sanitrio ou em um recipiente com lcool a fim de mat-los. importante ressaltar que no se deve esprem-los entre os dedos, um hbito muito comum. O ar quente dos secadores de cabelo por alguns minutos diariamente podem apresentar um bom efeito contra as lndeas, pois estas esto fixas, j os piolhos jovens e adultos podem se mover pela cabea, fugindo do calor.

A raspagem da cabea fatal para os piolhos, pois elimina o local de fixao, mas nem sempre isso necessrio, muitas vezes cortar bem curto (8 mm do couro cabeludo) j suficiente, inclusive facilita muito a ao do pente. Mas no o tamanho do cabelo que vai determinar a quantidade de piolhos, pois eles vivem junto cabea e no por toda extenso dos fios. H disponvel no mercado uma srie de piolhicidas, mas deve-se ter extrema cautela ao us-los. Muitos piolhos criaram resistncia pela seleo natural a uma srie destes produtos e de nada adiantar utiliz-los e, em sua grande maioria so substncias txicas e seu mau uso pode levar a quadros de intoxicao, j que durante o ato de coar formam-se leses no couro cabeludo permitindo a maior absoro dessas substncias, alm de possveis reaes alrgicas. E como para todo e qualquer medicamento deve-se sempre consultar um mdico. Os medicamentos comercializados podem ser eficazes contra as ninfas e adultos, mas no eliminam as lndeas. Ento, o uso do pente fino ainda o mais eficiente.

4.4 Concluso

41 A pediculose uma infeco parasitria provocada pelos piolhos, que atingem crianas de todos os estratos sociais e no apenas as das comunidades carentes, onde as condies de higiene deixam a desejar. O tratamento da pediculose requer sacrifcio do doente e da me, porque uma doena mais comum em crianas. O piolho deposita seus ovos na base do folculo piloso. Se os cabelos no forem cortados totalmente, o tratamento pode ser feito com produtos inseticidas, semelhantes aos usados para escabiose. Acontece que as lndeas resistem ao desses medicamentos. As lndeas so visveis, especialmente se forem muitas. Embora sejam parecidas com descamaes comuns na seborria, esto grudadas no plo e no saem se forem puxadas. Para o tratamento, recomenda-se o pente fino, que s til se for passado todos os dias especialmente onde a pessoa tem mais lndeas. Inclusive, os remdios para pediculose j trazem tambm um pente fino dentro de sua embalagem. Medicamentos tpicos podem ser aplicados em toda a cabea (piretenos ou piretrides e GPHC). Os dermatologistas tm obtido tambm bons resultados com o uso de medicamentos por via oral. s vezes, esses remdios conseguem fazer com que as lndeas fiquem petrificadas e, a, s ir cortando o cabelo para retirar os ovos mortos que o problema estar resolvido. Para evitar que uma criana pegue piolhos necessrio que haja fiscalizao e alerta nas escolas, quando surge um caso de pediculose do couro cabeludo. Cabe aos professores alertar os pais de todas as crianas que convivem na mesma rea para que sejam tratadas concomitantemente a fim de evitar novas infestaes do piolho. Conclui-se, portanto, que surtos de pediculose, comum principalmente em crianas que frequentam ambientes escolares, dependem da ao coletiva dos pais, das crianas e dos professores para serem controlados.

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5. SIPHONAPTERA: PULGAS 5.1 Morfologia das pulgas


So insetos sem asa e achatados lateralmente, medem cerca de 1,5 a 4 mm. So ectoparasitas, hematfagos, holometbolos(metamorfose completa), no tem olhos compostos mais podem ter olhos simples. Possuem pernas longas adaptadas para pular,presena de cerdas projetadas para trs e antenas curtas. Algumas pulgas podem pular mais de 100 vezes o tamanho do seu corpo( 3mm-30cm).

5.2 Principais espcies


Das 8 famlias de pulgas existentes no Brasil, apenas trs apresentam espcies de importncia mdica. 5.2.1.Pulex irritans A pulga do homem cosmopolita, parecendo ser originria da Europa, de onde dispersou-se por todo mundo. Viver no domiclio humano, onde se alimenta de sangue de seus moradores, mas pode ser encontrada no co e, menos freqentemente, no gato, no porco, nos ratos domsticos, ou sobre vrios outros animais. De um modo geral, Pulex irritans vive fora do corpo de seus hospedeiros. Procurando-os somente para os repastos sanguneos. Em conseqncia, pode ser encontrada sobre os mais diversos hospedeiros. Est muito bem adaptada s habitaes humanas, onde chega a ser abundante, e tem preferncia pelo sangue do homem.

43 Apesar de molestar por sua picada, causando insnia, noite, nos pacientes mais sensveis, sua participao na transmisso de doena praticamente nula. Na transmisso da peste comporta-se com um mau vetor. Nos pases de clima temperado, a reproduo das pulgas e sua agressividade contra as pessoas maior no vero, parecendo que no inverno ataca mais freqentemente os pequenos mamferos. Em regies subtropicais, porm, pode suceder o contrrio. O carter molesto desses insetos parece relacionado, em larga medida, com um processo de sensibilidade dos pacientes secreo salivar da pulga. No local da picada forma-se, em pessoas hipersensveis, um halo eritematoso e com pequeno edema acompanhado, por vezes, de prurido e dor. Outras pessoas nada mais sentem que a ccega provocada pelo deambular do inseto sobre a pele. O controle requer o uso de inseticidas e a limpeza dos locais, a fazer-se, quando possvel, com aspiradores de p. 5.2.2 Xenopsylla cheopis a pulga mais encontrada nos ratos domsticos, em quase todo o Brasil. Sua distribuio geogrfica abrange as regies tropicais e algumas reas temperadas, como nos EUA. A importncia da identificao de X. chepis resulta de ser ela o principal responsvel pela transmisso da peste entre os ratos e entre os ratos e o homem. As trs espcies so desprovidas de ctendeos. Porm, gnero Xenopsylla, as cerdas da regio occipital da cabea dispem-se em forma de V, enquanto Pulex apresenta a uma nica serda. No gnero Xenopsylla, a mesopleura mostra um espessamento interno vertical (a sutura mesopleural) que no existe em Pulex. Para distinguir X. braziliensis, basta considerar que, a segunda espcie tem a cerda antepigidial implantada em um tubrculo saliente, o que no ocorre em X. cheopis;

44 e, nas fmeas, a diferena mais notvel est na forma da espermateca: o corpo desta muito menor que a cauda, em X. cheopis, e de tamanho equivalente e X. braziliensis. Seu desenvolvimento, atravs das fases do ovo, larva (trs estgios), pupa e inseto adulto, demora cerca de um ms, no vero, e de dois a dois meses e meio no inverno, segundo observaes feitas em So Paulo e em diversos outros lugares. A longevidade alcana trs meses ou mais. 5.2.3.Tunga penetrans o "bicho-de-p", tambm chamado de "bicho-de-porco" e "bicho-de-cachorro". Apesar de ambos os sexos serem hematfagos, apenas a fmea que penetra nos tecidos alimentando-se de lquido tissular e sangue e se enchendo de ovos, tomando uma forma hipertrofiada, denominada meosoma. a menor espcie de pulga conhecida (lmm). Tudo indica que essa espcie originria da Amrica, tendo posteriormente atingido a frica. Os hospedeiros atacados mais frequentemente so: porco, homem, co e gato. No homem, prefere penetrar principalmente na sola plantar, calcanhar, cantos dos dedos (dos ps e mos) e raramente no escroto, nus e plpebras. Quando as leses cutneas so numerosas, prximas entre si e localizadas na borda do calcanhar, recebem a denominao "favo de mel". Machos e fmeas permanecem em locais secos, prximos de chiqueiros, montes de esterco e no peridomiclio (jardins, hortas). Em geral, a disseminao desta espcie feita atravs de dois mecanismos principais: 1) Ovos, larvas, pupas ou adultos so disseminados com o esterco oriundo de stios e fazendas, comprado com a finalidade de se adubar hortas e jardins; o esterco, ao chegar no domiclio e contendo as diversas formas da pulga, passa a ser um novo foco da mesma;

45 2) Ces vadios (ou mesmo gatos) parasitados por fmeas grvidas de T. penetrans durante suas andanas podem disseminar ovos da pulga que, se carem em ambiente propcio, daro origem a formas adultas.

5.3 Ciclo de vida


A fmea bota cerca de 20 ovos por vez e 400-500 ovos ao longo de sua vida. Os ovos ficam na poeira e sujidade e raramente no hospedeiro. As larvas eclodem de 216 dias dependendo do ambiente. animais, ao abrigo da luz. A larva d origem a uma pupa(7-10dias) com casulo aderente que se reveste de resduos do ambiente. Consistem de 3 segmentos torcicos e abdominais. So encontradas em fendas em pisos, ninhos, locais de descanso de

5.4 Doenas associadas


5.4.1 Atuando como parasitas So agentes espoliadores sanguneos (machos e fmeas), com vrias espcies continuando a exercer a hematofagia, mesmo aps repletas; provocam irritao da pele devido picada, ocasionando dermatite e reaes alrgicas de intensidade variada ( ex., prurido de Hebra); causam leses cutneas nos locais de parasitismo por Tunga penetrans (bicho-de-p), com a possvel veiculao mecnica do ttano (Clostridium tetani), de gangrenas gasosas (Clostridium perfrigens) e de esporos de fungos (Paracoccidioides brasiliensis). Em altas infestaes, alguns animais de pequeno porte podem apresentar-se anmicos, pelas sucessivas hemato fagias. Antgenos preparados de pulgas podem induzir hipossensibilidade ao hospedeiro, quando injetados intradermicamente em concentraes graduais. Reaes cruzadas entre antgenos de Ctenocephalides e Pulex ou entre os de Xenopsylla e Nosopsyllus (pulgas de roedores sinantrpicos mas que picam o homem) podem ocorrer. A tungase apresenta alta prevalncia no

46 Brasil, especialmente nos meses quentes e secos, ocasionando, entre os portadores, dificuldades de postura e locomoo, necrose ssea e tendinosa e at perda de dedos dos ps. 5.4.2 Atuando com transmissores ou vetores Como viroses (Mixoma mollitor, agente da mixomatose em coelhos); Em doenas bacterianas: Yersinia pestis, agente da peste bubnica; Francisella tularensis, agente da tularemia; Salmonella enteritidis e Salmonella typhimurium,agentes de salmoneloses. Rickettsia mooseri, agente do tifo murino, que atinge humanos tambm. Recentemente usando-se tcnicas moleculares, Rickettsia felis foi diagnosticada em pulgas Ctenocephalides, em Minas Gerais. Esta espcie de bactria agente etiolgico de uma nova riquetsiose que infecta humanos no Mxico, EUA e Brasil. A tcnica da PCR tem tambm permitido reconhecer DNA de Leishmania chagasi em Ctenocephalides, retiradas de ces naturalmente infectadas, levantando, assim, a possibilidade da transmisso mecnica do calazar canino por meio de pulgas.

5.4.3.Atuando como hospedeiros intermedirios: Protozoa: Trypanosoma lewisi, com evoluo em roedores sinantrpicos; Cestoda: Dypilidium caninum, com evoluo no co (ou acidental no homem); Hymenolepis nana e Hymenolepis diminuta, que se desenvolvem posteriormente no homem elou roedores; Nematoda: Dipetalonema reconditum, verme filaria1 com posterior

desenvolvimento em ces.

47 5.4.4.Peste bubnica A peste bubnica tambm conhecida como peste negra. Tal denominao surgiu graas a um dos momentos mais aterrorizantes da histria da humanidade protagonizado pela doena: durante o sculo 14, ela dizimou um quarto da populao total da Europa (cerca de 25 milhes de pessoas). A peste causada pela bactria Yersinia pestis e apesar de ser comum entre roedores, como ratos e esquilos, pode ser transmitida por suas pulgas (Xenopsylla cheopis) para o homem. Isso s acontece quando h uma epizootia, ou seja, um grande nmero de animais contaminados. Deste modo, o excesso de bactrias pode entupir o tubo digestivo da pulga, o que causa problemas em sua alimentao. Esfomeada, a pulga busca novas fontes de alimento (como ces, gatos e humanos). Aps o esforo da picada, ela relaxa seu tubo digestivo e libera as bactrias na corrente sangnea de seus hospedeiros. A doena leva de dois a cinco dias para se estabelecer. Depois surgem seus primeiros sintomas, caracterizados por inflamao dos gnglios linfticos e uma leve tremedeira. Segue-se ento, dor de cabea, sonolncia, intolerncia luz, apatia, vertigem, dores nos membros e nas costas, febre de 40oC e delrios. O quadro pode se tornar mais grave com o surgimento da diarria e pode matar em 60% dos casos no tratados. Atualmente o quadro de letalidade mnimo devido administrao de antibiticos, como a tetraciclina e a estreptomicina. Tambm existem vacinas especficas que podem assegurar a imunidade quando aplicadas repetidas vezes. No entanto, a maneira mais eficaz de combate doena continua a ser a preveno com o extermnio dos ratos urbanos e de suas pulgas.

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6 ACARI: CARRAPATOS
Os carrapatos so descritos em Zoologia na Ordem dos Acarina, e encontram-se difundidos por toda a Terra, e concomitantemente sua atividade hematfaga, intervm tambm como transmissores de muitos outros agentes causadores de doenas, como vrus, bactrias, protozorios e riqutzias, funcionando portanto como vetores de doenas, tanto aos animais como ao homem. Geralmente tm a forma oval, e quando em jejum so planos no sentido dorsoventral, porm quando repletos de sangue de seus hospedeiros, pois o sangue seu alimento, apresentam-se ento convexos e at esfricos. Algumas espcies podem ter at 25 mm de dimetro, e sua carapaa quitinosa de revestimento, verdadeiro exoesqueleto, firme e resistente, relativamente sua pouca espessura. Algumas espcies permanecem toda vida adulta sobre seus hospedeiros, e por isso classificados como parasitas permanentes, outros abandonam-no aps haverem sugado sangue e ento so classificados como parasitas temporrios, melhor dizendo, ecto-parasitas temporrios, pois vivem na cobertura pilosa dos mamferos, seus hospedeiros, apenas parte de seus ciclos biolgicos de vida.

6.1 Principais Espcies


Os carrapatos verdadeiros esto compreendidos na subordem Ixodida, so acarinos de porte relativamente grande, ectoparasitos sugadores de sangue de vertebrados. A subordem Ixodida tem duas famlias de interesse mdico e veterinrio: Argasidae e Ixodidae. Os Argasidae tm um aspecto coriceo, praticamente sem dimorfismo sexual. Durante sua evoluo, tm pelo menos dois estgios ninfais. Tanto os machos quanto as fmeas, de hbitos noturnos, sugam vrias vezes em sua longa vida. A

49 suco sangunea dura aproximadamente 30 minutos. De trs a cinco dias aps cada repasto sanguneo,as fmeas fazem uma postura de aproximadamente 100 ovos. Essa famlia abriga dois gneros de importncia parasitolgica: Argas e Ornithodorus. Os Ixodidae apresentam dimorfismo sexual acentuado: os machos, menores em tamanho, apresentam um escudo recobrindo toda a rea dorsal. Nas fmeas, o escudo limiado ao tero anterior do noto. Alm dos ovos, os Ixodidae tm trs estgios durante seu ciclo biolgico: larvas, ninfas e adultos. Cada um desses estgios suga sangue durante alguns dias, antes de uma ecdise ou do incio da postura de milhares de ovos; aps a ovodepoisio, as fmeas morrem. Os machos no sugam sangue ou sugam muito pouco. A famlia Ixodidae est representada no Brasil por vrios gneros: Anocentor, Boophilus e Rhipcephalus, cada um com uma espcie, Ixodes, com nove espcies, Haemaphysalis, com trs espcies e Amblyomma, com 33 espcies.

6.1.1 Argas miniatus A espcie Argas miniatus, muito comum em nosso meio, conhecida como carrapato de galinheiro. Suga sangue de galinhas e outras aves e no ataca o homem. Tem hbitos noturnos, escondendo durante o dia na palha dos ninhos, nas fendas das paredes de argila de galinheiros, sob casca de rvores, etc.

50 o transmissor para as aves, da Espiroquetose aviar. Transmite tambm pombos, infeco paraltica (Salmonella typhimurium), que pode permanecer latente vrios meses nesse parasita. Os ovos produzem larvas ao fim de uma semana de incubao (a 30C). As larvas hexpodes fixam durante 4 ou 5 dias sobre uma ave e, depois de bem alimentadas, caem ao solo para mudar, decorrido outros 4 ou 5 dias. A ninfa octpode alimentase durante meia hora, sobre outra ave, retornando ao solo. Os adultos copulam, permanecem sobre o hospedeiro apenas o tempo necessrio para alimentarem-se e as fmeas no tardam a desovar. O nmero de ovos no costuma ser grande. 6.1.2 Gnero Ornithodorus As espcies deste gnero tm o corpo espesso e sem limites ntidos entre a face dorsal e ventral. Sulcos profundos percorrem a superfcie ventral e um ou dois pares de olhos podem estar presentes nas bordas da metade anterior do corpo. No Brasil, j foram encontradas as seguintes espcies deste gnero: O. rostratus, O. braziliensis, O. turicata e O. talaje. A espcie Ornithodoros rostratus uma espcie silvestre que se adaptou ao habitt humano, sendo encontrado em muitas reas do Brasil, principalmente em Mato Grosso, Minas Gerais e So Paulo, onde conhecido como carrapato de cho. Vive na terra dos ranchos e das casa primitivas usadas pelos tropeiros, chiqueiros e outros lugares ocupados por animais domsticos. No est provado que transmita doena ao homem, no Brasil. Sua picada, no entanto, muito dolorosa e pode levar a graves leses locais. As espcies O. turicata e O. talaje vivem em forros e telhado de residncias humanas onde os morcegos se abrigam. Atacam, alm dos quirpteros, humanos e outros animais provocando edema, prurido e feridas de carter rebelde.

51 6.1.3 Anocentor nitens a nica espcie do gnero Anocentor descrita no Brasil. Parasita o pavilho da orelha e divertculo nasal de equinos, menos frequentemente parasita bovinos. 6.1.4 Rhipicephalus sanguineus conhecido como carrapato vermelho do co, que seu principal hospedeiro. muito comum no Brasil,principalmente nas reas urbanas. Pode transmitir a Babesia canis e Ehrlichia canis provocando anemias severas e, s vezes, morte de ces. uma espcie de trs hospedeiros. J foi encontrado parasitando o homem, tendo sido descritos vrios casos de Ehrlichia canis neste hospedeiro. Sendo reservatrio e vetor de erliquiose canina, o Rhipicephalus poder provocar o aumento da incidncia desta doena entre os humanos. Macerados de R. Sanguineus, retirados de ces naturalmente infectados por Leishmania chagasi, transmitiram o protozorio para hamster experimentalmente inoculados. Esse achado mostra a possibilidade desse carrapato ser transmissor mecnico do calazar entre ces, pois esse animal ingere carrapatos. As fmeas, 4 a 5 dias depois de alimentadas,comeam a ovipor. Em duas semanas, pe 1.000 a 3.000 ovos, que eclodem em trs semanas, a 25C. Decorridos mais 4 ou 5 dias, esto aptas a instalarem-se sobre seu primeiro hospedeiro. O ciclo vital completa-se em dois a trs meses, porm nas regies temperadas pode haver hibernao, seja na fase ninfal, seja na fase adulta. A longevidade dos adultos de um ano, aproximadamente, prolongando-se nas regies de clima frio. 6.1.5 Boophilus microplus Caracteriza-se pelo rostro curto, tendo os palpos mais curtos que as quelceras. O captulo tem base hexagonal. Os olhos esto presentes e os estigmas so circulares. Placas adanais em nmero de dois pares.

52 o mais ectoparasito de bovinos na Amrica do Sul. Pode ser tambm encontrado em outros hospedeiros domsticos e silvestres. Esta espcie causa enorme prejuzo a pecuria, atravs da espoliao sangunea, inoculao de toxinas e transmisso doenas, entre elas a babesiose, que uma hemoprotozoose que infringe srias perdas aos rebanhos, podendo atingir tambm humanos. 6.1.6 Amblyomma cajennense Possivelmente esta , entre as dezenas de espcies no Brasil, a mais comum e mais importante na transmisso de doenas para os humanos. Ataca os equdeos, porm tem pouca especificidade parasitria, principalmente nos estgios de larva e ninfa. Suas larvas so conhecidas por "carrapatinhos" ou "micuins" e atacam o homem vorazmente. Os adultos so conhecidos por "carrapato-estrela" ou "rodoleiro". Durante a estao seca, as larvas desta espcie so comuns nas pastagens. Acumulam-se aos milhares nas extremidades dos galhos de arbustos, dos campos e cerrados, e aderem imediatamente aos animais e aos indivduos que passem roando nas vegetao. Exigem trs hospedeiros para completarem seu ciclo. No fim de cada estgio de desenvolvimento, o carrapato abandona o hospedeiro para realizar muda de cutcula. As fmeas fazem posturas de 6 a 8 mil ovos. As picadas desta espcie provocam ferimentos, s vezes, de cura demorada. Pode reter o vrus da febre amarela e , em nosso meio, a mais importante transmissora da febre maculosa (Rickettsia rickettsi). Essa riqutsia pode ser mantida em reservatrios silvestres e domsticos (co), bem como no prprio carrapato, onde ocorre transmisso transovariana. Alm disso, o principal transmissor do tifo exantemtico de So Paulo. O A. cajennense tambm o provvel vetor da doena de Lyme no Brasil. No Mato Grosso do Sul, foram encontradas formas espiraladas semelhantes a Borrelia burgdorferi em culturas desses carrapatos. Entre as borrlias, essa parece ser a nica capaz de infectar aves e mamferos, o que, certamente, pode facilitar a transmisso desse patgeno.

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6.2 Ciclo de Vida


As fmeas dos ixoddeos, aps se destacarem dos hospedeiros, procuram um abrigo prximo do solo, onde pem milhares de ovos. O perodo de ovipostura dura vrios dias. Terminada a oviposio, as fmeas morrem. Os ovos so pequenos, esfricos e de colorao castanha. O desenvolvimento do ovo at imago depende muito das condies de temperatura. Geralmente, as baixas temperaturas prolongam os perodos dos estgios de desenvolvimento, especialmente dos perodos de incubao e de pr-oviposio. Durante o desenvolvimento, os ixoddeos passam pelos estgios de "larva hexpoda", ninfa octpoda e adulto. As "larvas" dos ovos sobem pelas gramneas e arbustos ou paredes de abrigos e ai esperam a passagem dos hospedeiros. Aps sugar sangue dos hospedeiros, durante alguns dias, a larva sofre muda da cutcula e se transforma no estgio seguinte, que a ninfa. Esta, que octpoda, aps alguns dias, quando ocorre o endurecimento do tegumento, ingurgita-se de sangue e muda novamente de cutcula, transformando-se em imago. Este espera alguns dias para endurecer o tegumento, quando ento ingurgita-se de sangue. As fmeas, repletas de sangue, se desprendem do hospedeiro e no solo, aps um perodo de pr-postura, iniciam a oviposio. Os machos permanecem mais tempo no hospedeiro. De acordo com o nmero de hospedeiros utilizados para completarem o ciclo, os carrapatos so classificados em trs grupos: Carrapatos de um s hospedeiro (monoxisno); Carrapatos de dois hospedeiros: (dioxeno); Carrapato de trs hospedeiros (trioxeno). 6.2.1 Ciclo de um hospedeiro O ciclo de monoxeno ocorre quando, em todos os trs estgios, os parasitas se alimentam no mesmo hospedeiro, onde tambm se realizam as ecdises.

54 As fmeas, aps serem fecundadas, ingurgitam e caem no solo, onde depositam ovos. Os machos permanecem no corpo do hospedeiro, por um perodo maior de tempo, onde acasalam-se com outras fmeas. Nos climas tropicais midos o ciclo se completa sem interrupo, porm mostrando uma sazonalidade distinta dos estdios. O Boophilus microplus com seu ciclo biolgico curto, completa duas a trs geraes por ano em regies onde a temperatura mais amena (sul do pas) e ao redor de cinco geraes em locais mais quentes (sudeste). 6.2.2 Ciclo de dois hospedeiros Ocorre quando, nos estgios de larva e ninfa, se alimentam no mesmo hospedeiro, onde tambm se realiza a primeira ecdise; a segunda ecdise se realiza no solo e o ixoddeo adulto procura um segundo hospedeiro para se alimentar. Este ciclo est presente em algumas espcies de Hyalomma e Rhipecephalus encontradas em estepes ou savanas onde ocorre uma longa estao seca e pouca chuva. A larva alimentada no cai no solo, ficando presa no hospedeiro. Aps a primeira muda, as ninfas escapam da exuvia larval e movem-se a uma curta distncia antes de fixar-se ao mesmo animal. As ninfas engurgitadas caem no solo, realizam a segunda muda, agora para o estgio adulto,e procura um segundo hospedeiro, geralmente maior, para se alimentar. As fmeas alimentadas caem no solo e ovipositam antes de morrer. 6.2.3 Ciclo de trs hospedeiros Neste ciclo, para cada estdio corresponde um hospedeiro e todas as mudas so realizadas fora dos hospedeiros. o tipo de ciclo que ocorre com mais frequncia entre os ixodideos. Cerca de 600 a 650 espcies deste grupo apresentam este tipo de ciclo biolgico. Para completar o

55 seu desenvolvimento,so necessrios trs diferentes hospedeiros, da mesma espcie ou no, ou o mesmo indivduo trs vezes, se ele permanece nas proximidades da larva,ninfa ou adulto. Os ciclos biolgicos so longos podendo cariar de 1 a 3 anos.

6.3 Doenas Transmitidas por Carrapatos


6.3.1 Dermatite por Picada de Carrapato A secreo salivar desses artrpodes, inoculada nos tecidos do hospedeiro atravs da leso traumtica produzida pelas quelceras e hipostmio, determina, pela ao de suas enzimas digestivas, forte ao irritativa local e uma resposta inflamatria em torno dos pontos das picadas. Hiperemia e edema locais podem acompanhar-se de hemorragias e de um espessamento da camada crnea. 6.3.2 Paralisia por Picada de Carrapato Alm de uma hipersensibilidade picada de carrapatos, tem sido descrito um quadro paraltico desencadeado, ao que parece, por constituintes da secreo salivar. A paralisia por picada de carrapato rara, mas de distribuio mundial. No Brasil, ainda no foi assinalada no homem, mas sim uma nica vez em ruminante domstico. Trata-se de uma paralisia motora flcida ascendente, que se desenvolve junto com um quadro txico generalizado, temperatura elevada (40C), perturbaes de deglutio e da respirao, podendo terminar com a morte do paciente. Ocorre em geral nas crianas, mas os adultos no esto isentos do risco. As manifestaes aparecem rapidamente ou aps perodos de incubao de alguns dias.

56 Na Amrica do Norte, a maioria dos casos so devidos a Dermacentor andersoni e D. Variabilis, enquanto no Velho Mundo so incriminadas espcies dos gneros Ixodes e Ornithodoros. Os sintomas desaparecem, em geral, quando os carrapatos so removidos. 6.3.3 Febre Maculosa As rickettsioses do grupo da febre maculosa apresentam caractersticas clnicas semelhantes e so causadas por rickttsias estreitamente relacionadas. Nas Amricas, Rickettsia rickettsii o agente etiolgico; no sul da Europa, na frica e na ndia, R. Conorii responsvel pela febre botonosa; e na Austrlia, R. Autralis. A doena conhecida tambm pelo nomes de tifo exantemtico de So Paulo, febre maculosa das Montanhas Rochosas ou febre maculosa do Novo Mundo. Em outras regies recebe nomes diferentes, como febre botonosa, tifo africano, tifo da ndia, febre exantemtica do Mediterrneo etc. A febre maculosa no Novo Mundo caracteriza-se por seu incio sbito, com febre moderada a alta, que pode chegar a 40C nos dois primeiros dias, e dura em geral duas a trs semanas. Acompanha-se de mal-estar, cefalia intensa, dores musculares e prostrao. Por volta do terceiro ou quarto dias, aparece exantema caracterstico e muito til para o diagnstico, comeando pelas extremidades (punhos e tornozelos), que logo invade a palma das mos, a planta dos ps e se estende centripetamente para quase todas as partes do corpo. So mculas rseas, de limites irregulares e mal definidos, com 2 a6 mm de dinmetro; nos dias que seguem o exantema torna-se macropapular e depois petequial. As leses hemorrgicas podem tornar-se coalescentes e formar grandes manchas equimticas. Os pequenos vasos so os primeiros locais de ataque das rickttsias, sofrendo tumefao, proliferao e degenerao das clulas endoteliais, com formao de

57 trombos e ocluso vascular. As fibras musculares lisas tambm podem ser envolvidas. As leses vasculares conduzem a alteraes nos tecidos vizinhos, especialmente na pele, no crebro, na musculatura esqueltica, nos pulmes e rins. Nos casos mais graves, podem surgir delrio, choque e insuficincia renal. A falncia circulatria pode levar a anxia e necrose dos tecidos, com gangrena das extremidades. Na ausncia e tratamento especfico, a letalidade de cerca de 20%; mas a morte rara nos casos diagnosticados e tratados prontamente. Ainda assim, nos EUA, tm-se registrado 4 a 6% de bitos entre os casos notificados em anos recentes. A febre botonosa do Mediterrneo, frica e ndia costuma ser mais benigna (letalidade inferior a 3%, mesmo sem tratamento) e se inicia, no ponto da picada do carrapato, com uma leso ulcerativa, de 2 a 5 mm, e negra na parte central (tache noire). O diagnstico feito com provas de fixao do complemento ou com imunofluorescncia, feitas com antgenos especficos para o grupo da febre maculosa. Os resultados tornam-se positivos a partir da segunda semana. O tratamento consiste na administrao de antibiticos de amplo espectro, como o cloranfenicol ou as tetraciclinas, sem esperar a confirmao laboratorial do diagnstico, que proporcionam excelentes resultados. 6.3.4 Febre Q outra rickettsiose, devida Coxiella burnetti, e pode ser transmitida por carrapatos, nos EUA e em vrias outras regies do mundo. Ainda no foi diagnosticada no Brasil.

58 O C. brunetti um microrganismo particularmente resistente, em estado livre, s condies do meio ambiente, podendo disseminar-se pela poeira dos lugares contaminados. Epidemias explosivas tiveram lugar entre pessoas que trabalhavam em currais e na indstrias de processamento de carnes e derivados. Tambm afeta laboratoristas que se ocupam de isolamento do agente e do diagnstico da doena. Os reservatrios da infeco compreendem o gado bovino, ovino e caprino, bem como alguns animais silvestres (marsupiais), sendo que em geral eles t infeces assintomticas. Nos carrapatos a Coxiella burnetti propaga-se por via transovariana. A presena desse agente patognico no organismo humano conduz hipertrofia macrfago-linfide do bao e do fgado e, nos casos mais graves, a uma pneumonite com infiltrado de clulas mononucleares. H febre alta, que dura de uma a quatro semanas, mas sem exantema. Nos indivduos com leses valvulares ou prteses assume um curso crnico. O perodo de incubao de duas a trs semanas e a letalidade baixa, respondendo a doena muito bem aos antibiticos (tetraciclinas). A infeco confere imunidade. 6.3.5 Febre Recorrente Esta doena causada por um espiroquetdeo, a Borrelia recurrentis, podendo ser transmitida tanto por piolhos (forma epidmica) como carrapato (forma endmica). Diversas raas de B. Recurrentis j foram descritas, segundo as regies ou seus transmissores, sem que apresentassem diferenas biolgicas intrnsecas. Nos casos de recadas tm sido isoladas variedades antignicas distintas das do ataque anterior. Vrias espcies de Ornithodoros veiculam a Borrelia duttoni, que produz uma variedade de febre recorrente encontrada na frica. Trata-se de uma enzootia prpria de roedores silvestres, macacos e outros mamferos frequentados pelos Ornithodoros.

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Os carrapatos, depois de infectados apresentam espiroquetdeos em todas as partes do corpo e os passam aos descendentes, por via transovariana, razo pela qual permanecem infectantes em qualquer fase evolutiva. A infeco dos mamferos faz-se pela picada, ou pela contaminao da leso com a secreo das glndulas coxais. O homem raramente afetado, sendo espordicos os casos de febre recorrente devidos Borrelia duttoni. A patologia e a sintomatologia so as da febre recorrente epidmica (transmitida por piolhos), e a profilaxia, como nas outras doenas transmitidas por carrapatos.

6.4 Remoo de Carrapatos


O diagnstico da infestao por esse parasita muito fcil, efetuado pela simples visualizao com vista desarmada desse hspede,cuja presena tambm provoca coceira. Se a infestao for pequena, a aplicao de graxas neutras, leos ou glicerina provocar ocluso dos estigmas respiratrios dos carrapatos, que aps algumas horas, facilmente se desprendero dos locais em que estejam alojados Se for de grande quantidade, somente a aplicao de banhos sob a forma de imerso em banheiras especiais,denominados banheiras carrapaticidas, ou ento a asperso ou pulverizao de substncias especiais, denominadas carrapaticidas, poder efeuar a eliminao desses hspedes nocivos. O arsnico, at pouco tempo atrs, era utilizado como carrapaticida, porm devido os acidentes que ocorreram por incria na sua aplicao, foi abandonado como meio de tratamento. Algum tempo depois, tambm o DDT e o BHC, substncia sintticas cloradas e fosforadas foram tambm utilizadas como carrapaticidas, que tambm foram

60 abandonadas pela ocorrncia de intoxicaes e mesmo morte em animais tratados,e pelo efeito cumulativo no organismo dessas substncias. Hoje, substncias fosforadas sintticas como o Assuntol, Trolene, Ruelene e Neguvon so as mais utilizadas como carrapaticidas em todo o mundo.

6.5 Concluso
Os ixodideos, mais comumente conhecidos como carrapatos, so acarinos de porte relativamente grande, ectoparasitos sugadores de sangue de vertebrados. Tm grande resistncia ao jejum e podem transmitir vrios patgenos (protozorios, bactrias, espiroquetas, riqutsias, vrus e filrias). Alguns destes patgenos podem ser transmitidos transovarianamente a sua prognie, funcionando simultaneamente como vetores e reservatrios. Encontram-se difundidos por toda a Terra, tanto no campo como na cidade, pois o principal motivo de sua ao o ser humano ou animal de cujo sangue se alimenta, sendo por isso considerados hematfogos. Existem espcies microscpicas at 25 mm de dimetro. Vivem em touceiras, capim, no cho, entre as madeiras em climas midos ou secos. Deve ser salientado que os ixoddeos superam todos os outros artrpodes em nmero e variedade de doenas que transmitem aos animais domsticos e so, depois dos mosquitos, os mais importantes vetores de doenas humanas. Alm da espoliao sangunea, algumas espcies de carrapatos injetam, juntamente com sua saliva, toxinas debilitantes e paralisantes (tick paralisis), as vezes fatais aos hospedeiros, incluindo o homem Devido a sua importncia na produo animal, vrios programas, em todo o mundo, tm sido incorporados ao manejo dos animais, visando diminuir os efeitos adversos dos carrapatos. O uso de carrapaticidas sobre o corpo dos animais, atravs de banhos, asperses, polvilhamento etc., ainda o mais amplo e disponvel mtodo no combate aos ixoddeos.

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7 ACARI: SARNA
Sarnas so alteraes da pele de animais, caracterizada por inflamao, exsudao e formao de crostas, devido ao de diferentes espcies de caros. Diferentes tipos de sarna, que apresentam maior ou menor gravidade, podem ocorrer, de acordo com a espcie de caro. Tambm interferem na gravidade deste processo a sensibilidade caracterstica de cada pessoa e o nmero de caros. Os trs principais tipos de sarnas so designados sarna demodcica, sarna psorptica e sarna sarcptica.

7.1 Patogenia
A sarna demodcica causada por caros do gnero Demodex, ordem Prostigmata. Demodex folliculorum e D. brevis vivem na pele da face de seres humanos, o primeiro dentro dos folculos pilosos e os ltimos dentro das glndulas sebceas que se conectam diretamente aos folculos. A ocorrncia destes caros nas pessoas muito comum, e geralmente passam despercebidos, no causando qualquer incmodo. A densidade destes caros geralmente aumenta com a idade das pessoas. Em certos casos, entretanto, podem atingir nveis elevados, especialmente ao redor da boca ou prximo dos olhos, e ento podem causar distrbios. Prximo boca, formam reas avermelhadas e um tanto salientes, conhecidas como rosceas. Prximo aos olhos, podem causar irritao nas plpebras e queda de clios. Outras espcies de Demodex atacam outros animais, por exemplo, Demodex caprae, Demodex bovis, Demodex ovis, Demodex equi, em caprinos, bovinos, ovinos e eqinos, respectivamente. Nestes casos, comumente ocorre a queda de pelos na regio afetada, assim como a formao de ndulos ou de pstulas na pele dos animais, devido ao dos caros nos folculos. A sarna psorptica causada por caros do gnero Psoroptes, ordem Astigmata. Estes no penetram na pele. Ficam na superfcie e causam a queda de pelos.

62 Algumas das principais espcies so Psoroptes ovis, Psoroptes equi e Psoroptes cuniculi, que afetam ovinos, eqinos e coelhos, respectivamente. A sarna sarcptica causada pelo caro Sarcoptes scabiei, ordem Astigmata. Pode afetar o ser humano e vrios outros animais. Entretanto, h evidncias de que os caros desta espcie apresentem certa especificidade em relao ao hospedeiro. Este caro faz tneis logo abaixo da superfcie da pele. O sintoma mais caracterstico a vermelhido da rea infectada, acompanhada de prurido. Na primeira ocasio em que uma pessoa infestada, no geral os sintomas s aparecem cerca de um ms depois. Nas infestaes subseqentes, aparecem poucas horas mais tarde, por estar a pessoa j sensibilizada. Devido ao prurido, o homem ou outro hospedeiro se coa, ferindo ainda mais o tecido e facilitando a incidncia de patgenos, que ento causam infeco do local. No necessrio que a populao do caro seja alta para que sintomas expressivos sejam observados. freqentemente difcil constatar-se a presena do caro na rea afetada. No combate a este tipo de caro, h que se considerar que no apenas estes organismos devam ser combatidos, mas tambm os patgenos. O contgio se d principalmente pelo contato entre pessoas e, por isso, so comuns surtos que se espalham por alunos nas escolas ou entre pacientes em hospitais.

7.2 Diagnstico
Raspado de pele em reas alopcicas corado com potassa revela o caro

Demodex canis. Otoscopia revela: eritema e secreo ceruminosa abundante seguido de parasitolgico de cermen. Exame histopatolgico: utilizado para fechar o diagnstico em ces da raa Shar pei, que apresentam muita mucina, o que dificulta a visualizao do caro. Este o exame de eleio para shar pei. Em casos de pododermatite tambm, devido hiperqueratose. Diagnstico Diferencial: Dermatofitose e Piodermites, que so pruriginosas.

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7.3 Tratamento
Banhos semanais com perxido de benzola 2,5%. Amitraz (Triatox) diluir 4 mL em 1 L de gua. Cuidado com efeitos hipoglicemiantes e outros adversos. Em caso de piodermite tratar antes de inciar o amitraz ou Ivermectina (Ivomec) 0,6 mg/Kg SID 3 meses. Contra indicado para: Collie, Border Collie, Pastor de Shetland, Old english sheepdog. Ou ainda Milbemicina (Interceptor) alternativa para as raas que no podem usar a Ivermectina. 0,5 mg/Kg SID. Alta do paciente s aps 3 raspados negativos consecutivos.A primeira reavaliao feita em 8 semanas. A sarna sacptica, ou escabiose, uma zoonose alm de poder ser transmitida entre os humanos infectados. altamente pruriginosa , ou seja , a coceira intensa. As leses incluem: eritema, crostas hemorrgicas e escoriaes. H alopecia. O diagnstico igual ao da demodcica porm em casos de suspeita de escabiose em animais, realiza-se o teste do reflexo otopedal, se positivo confirma-se escabiose (atritar a orelha do animal levemente e o mesmo ir mexer a pata traseira na tentativa de coar a orelha). Todos os contactantes , animais e seres humanos, mesmo que assintomticos devem ser tratados. Dar banhos por 3 dias consecutivos e mais 4 banhos semanais com shampoos acaricidas (tetraetiltiruram por exemplo) e aplicar Ivermectina por exemplo. Outras drogas podem ser utilizadas, assim como na demodcica. Como preveno: descartar jornais diariamente,lavar fmites, panos etc.

7.4 Concluso
A sarna um afeco dermatolgica e algumas delas so zoonoses (ou seja, podem ser transmitidas dos animais de estimao como co e gato para os seres

64 humanos). As mais conhecidas, no mundo veterinrio, so a sarna demodcica ("sarna negra", causada pelo caro Demodex canis) e a sarna sarcptica , ou tambm conhecida como "escabiose" (causada pelo caro Sarcoptes scabiei). Em menor escala, existe ainda a sarna terceride (causada pelo platelminto Tricoloris arrudai) que ocorre apenas em uma regio especfica do nordeste brasileiro.

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8 REFERNCIAS
Parasitologia Humana .11 edio. Neves, David Pereira Bases da Parasitologia Mdica.2 Edio. Rey, Luiz http://www.saude.rs.gov.br/dados/1161605504304Moscas%20Sinantropicas%20%20set%5B2%5D.2006.pdf http://en.wikipedia.org/wiki/Arthropod http://www.abes-dn.org.br/publicacoes/engenharia/resaonline/v13n04/_NotaTecnica095_07.pdf docentes.esalq.usp.br/lccbferr/ArtropodaTeo2.pdf www.coccidia.icb.usp.br/disciplinas/BMP222/.../Siphonaptera.pdf http://pt.wikipedia.org/wiki/Sarna

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