FACULDADE PROJEO CURSO DE CINCIAS CONTBEIS DISCIPLINA: PERCIA CONTBIL PROFESSOR: Magda R M de Castro

Apostila 06

PLANEJAMENTO E EXECUO DA PERCIA CONTBIL Planejamento da percia Conceito Conhecido o trabalho que deve executar e a opinio que deve emitir, em cada questo ou quesito formulado, o perito deve traar, com antecedncia, a execuo das tarefas e o atendimento dos pontos ao quais deve se referir, os principais e os secundrios. O plano de trabalho, portanto, a previso das tarefas baseada nas questes propostas, em uma percia contbil (Hoog, 2009). Sabe-se que plano um guia a ser seguido, organizada e harmonicamente, com as reflexes necessrias e as medidas que devem ser tomadas, em cada quesito ou questo. Para Hoog (2009), em percia contbil, o plano de trabalho :
A previso, racionalmente organizada, para a execuo de tarefas, no sentido de garantir a qualidade dos servios, pela reduo dos riscos sobre a opinio ou resposta.

Um plano, em geral, formado por etapas, a serem cumpridas em sequncia. A metodologia utilizada depende do tipo de percia a ser realizada. O plano depende de pleno conhecimento: Da questo na dimenso judicial, necessrio o pleno conhecimento do processo; De todos os fatos que motivam a tarefa; De levantamentos prvios dos recursos disponveis para exame; Do prazo para a execuo das tarefas e entrega do laudo; Da acessibilidade aos dados se depende de deslocamentos e burocracia; Dos sistemas contbeis adotados e confiabilidade de documentao; Dos diferentes apoios necessrios para a realizao da tarefa. Por ser um guia, o plano de trabalho deve partir da realidade e do amplo conhecimento de todos os aspectos que envolvem a demanda. Deve-se observar que a lista de questes no um guia, apenas o elenco dos Questionamentos (o que as partes desejam saber) e, nesses, pode ser solicitada a opinio do perito sobre determinado ponto. Pleno conhecimento da questo Toda percia envolve uma questo, ou seja, um pedido de opinio ou informao de quem competente para d-la. A percia contbil relativa a dvidas de natureza patrimonial ou da riqueza administrada. Se a questo est em litgio, em Juzo, h partes em conflito: o autor da demanda reclama um ou mais direitos e o ru usa os prprios argumentos para se defender. H contradies entre os pontos de vista, portanto, as condies de argumentao dos advogados que vo levar a sentena em benefcio do proponente ou do acusado; e o perito, para participar, deve conhecer tudo da questo: motivos, argumentos de cada parte, documentos apresentados. O perito nomeado pelo Juiz tem grande responsabilidade porque seu laudo tem f pblica, e importante aprofundar-se nas razes de seu cliente e procurar todos os meios lcitos e ticos de embasar suas opinies em favor da parte que o constituiu. vlido lembrar que sobre os assistentes tcnicos nomeados pelas partes no pesa o nus da suspeio; mas o dever tico indispensvel a ambos. 1

Isso exige pleno conhecimento da questo e das razes das partes; envolve, ainda, prolongadas indagaes do advogado e do cliente. Se a percia no judicial administrativa o perito deve conhecer o motivo e tambm o que se espera com ela, o objetivo, porque, ao conhecer a razo essencial do assunto, o perito pode orientar a filosofia e a poltica do plano de trabalho elaborado como guia; lembrando que cada razo que envolve a percia determina o tipo de plano que dever ser elaborado para execut-la. Pleno conhecimento dos fatos Na percia, h fatos envolvidos que informam o que aconteceu e o que est por acontecer. Por exemplo: um scio entra na Justia contra o outro porque, como gerente, no est cumprindo com o contrato social. A razo dessa percia pode ser obter melhor distribuio dos lucros, mas os fatos podem indicar que, alm do contrato social, o quotista assinou acordo concordando que as distribuies s seriam feitas quando o lucro fosse superior a determinado percentual do patrimnio lquido. Logo, o litigante tem uma inteno, mas os fatos no o ajudam, e o perito pode chegar a outras concluses como lucros apurados com subavaliao de estoques ou omisso de receitas. Levantamento prvio dos recursos disponveis para exame necessrio conhecer os recursos disponveis humanos, materiais, de tempo necessrios produo de laudo de qualidade. Ao considerar quesitos e questes o que o perito deve verificar os meios dos quais dispe para responder. A NBC TP 01, aprovada atravs da Resoluo CFC n 1243/09, estabelece os procedimentos para o planejamento da percia contbil judicial, extrajudicial e arbitral; nela, tem-se que o Perito-Contador e o Perito-Contador Assistente definem os planos de trabalho e o detalhamento dos procedimentos a ser aplicados. O planejamento da percia a etapa do trabalho pericial na qual o Perito-Contador ou o PeritoContador Assistente estabelecem os procedimentos gerais dos exames a serem executados no Processo Judicial, Extrajudicial ou Arbitral para o qual foi nomeado, indicado ou contratado pelas Partes, elaborando-o a partir do exame do objeto da Percia. O planejamento da percia procedimento abrangente que visa consolidar todas as etapas da tarefa; o programa de trabalho relativo a cada etapa a ser realizada e baseado nos quesitos e/ou no objeto da percia. Objetivos do planejamento Os objetivos do planejamento da percia so: a) conhecer o objeto da percia = > para escolher os procedimentos que revelem a verdade que auxiliar o Juzo, o rbitro ou o Contratante a tomar a correta deciso a respeito da lide; b) oferecer condies para que o trabalho seja cumprido no prazo estabelecido; c) prever potenciais problemas e riscos possveis de ocorrer no andamento da percia; d) antever fatos importantes para a soluo do problema para que no passem despercebidos ou no recebam a ateno necessria no exame; e) identificar a legislao aplicvel ao objeto da percia; f) definir natureza, oportunidade e extenso dos exames a ser realizados, de acordo com os termos da proposta de honorrios; g) estabelecer a diviso das tarefas entre os membros da equipe de trabalho (se for necessrio contratar auxiliares); h) facilitar a execuo e a reviso dos trabalhos. Desenvolvimento 2

Os documentos dos autos (do processo) so a base para obteno das informaes necessrias elaborao do planejamento da percia. Se for necessrio realizar diligncias, na elaborao do planejamento, devem ser considerados legislao, documentos, registros, livros contbeis, fiscais e societrios, laudos e pareceres j realizados e outras informaes identificadas para determinar a natureza do trabalho a ser executado. O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que fatos novos surgirem durante a execuo da percia. A responsabilidade pela realizao do planejamento do Perito-Contador, mesmo que o trabalho v ser realizado em conjunto com o Perito-Contador Assistente. Riscos Para prevenir os riscos da tarefa, o Perito-Contador e o Perito-Contador Assistente, no planejamento, devem avaliar o grau de confiabilidade dos documentos a ser examinados para que no haja a possibilidade de emitir laudo pericial ou parecer pericial contbil errados. Alm disso, o perito, na fase de elaborao do planejamento, com vistas a elaborar a proposta de honorrios, deve avaliar os riscos decorrentes de responsabilidade civil, despesas com pessoal e encargos sociais, depreciao de equipamentos e despesas com manuteno do escritrio. Equipe tcnica Quando a percia exigir a utilizao de trabalho de terceiros (equipe de apoio, trabalho de especialistas ou de profissionais de outras reas do conhecimento), o planejamento deve prever a orientao e a superviso do Perito que assumir total responsabilidade pelos trabalhos a ser executados. Quando necessrio, o planejamento deve prever a utilizao de percias interdisciplinares ou trabalho de especialistas. Esses devem estar devidamente registrados em seus conselhos profissionais, quando aplicvel. Cronograma O planejamento da percia deve evidenciar as etapas e as pocas em que sero executados os trabalhos, conforme o contedo da proposta de honorrios apresentada incluindo superviso e reviso desse planejamento, dos programas, e entrega do laudo ou parecer pericial contbil. O planejamento da percia deve comear antes da elaborao da proposta de honorrios porque, para apresentar essa ao juzo, rbitro ou s partes, devem ser especificadas as etapas do trabalho a ser realizado, logo, o perito deve ter conhecimento prvio de todas as etapas. Entretanto, durante a execuo da percia, outras etapas podero surgir ou sero solicitados quesitos suplementares. Num caso ou noutro, o planejamento dever ser ajustado. O cronograma de trabalho deve indicar todos os itens necessrios execuo da percia, tais como: diligncias, deslocamentos, trabalho de terceiros, pesquisas, clculos e planilhas, respostas aos quesitos, prazo para entrega do laudo ou do parecer pericial contbil. Para cumprir o prazo determinado ou contratado para realizao dos trabalhos, o Perito-Contador e o Perito- Contador Assistente devem incluir no planejamento, o seguinte: a) o contedo da proposta de honorrios apresentada e aceita pelo juzo, pelo rbitro ou pelas partes no caso de percia extrajudicial ou pelo Perito-Contador Assistente; b) o prazo suficiente para solicitar e receber documentos e para execuo e entrega do trabalho; c) a programao de viagens, quando necessrias; Concluso O planejamento concludo quando os profissionais completam as anlises preliminares e preparam a proposta de honorrios (nos casos em que Juiz ou rbitro no tenha fixado esses honorrios), os Termos de Diligncias e os programas de trabalho. Execuo da percia 3

O perito-contador assistente pode, to logo tenha conhecimento da percia, manter contato com o perito-contador, pondo-se disposio para o planejamento, para o fornecimento de documentos em poder da parte que o contratou e ainda para a execuo conjunta da percia. Se recusada a participao, o perito-contador pode permitir ao assistente tcnico acesso aos autos e aos elementos de prova arrecadados pela percia indicando local e hora para exame pelo assistente tcnico. O perito-contador assistente pode, aps ser contratado, contatar o advogado da parte que o contratou requerendo dossi completo do processo para conhecimento dos fatos e acompanhamento dos atos processuais relativos percia. O perito, enquanto estiver de posse do processo ou de documentos, deve zelar por sua guarda e segurana e, para a execuo da percia contbil, o perito deve ater-se ao objeto e ao lapso temporal da percia a ser realizada. Mediante termo de diligncia, o perito deve solicitar, por escrito, todos os documentos e informaes relacionadas ao objeto da percia. A eventual recusa no atendimento a diligncias solicitadas ou qualquer dificuldade na execuo do trabalho pericial deve ser comunicada, com a devida comprovao ou justificativa, ao juzo, em se tratando de percia judicial; ou parte contratante, no caso de percia extrajudicial. O perito deve utilizar os meios que lhe so facultados pela legislao e normas concernentes ao exerccio de sua funo com vistas a instruir o laudo pericial contbil ou parecer pericial contbil com as peas que julgarem necessrias. O perito deve manter registros dos locais e datas das diligncias, nomes das pessoas que os atenderem, livros e documentos ou coisas examinadas ou arrecadadas, dados e particularidades de interesse da percia, rubricando a documentao examinada, quando julgar necessrio e possvel juntando o elemento de prova original, cpia ou certido. A execuo da percia, quando incluir a utilizao de equipe tcnica, deve ser realizada sob a orientao e superviso do perito, que assume a responsabilidade pelos trabalhos, devendo assegurar-se de que as pessoas contratadas sejam profissionalmente capacitadas tarefa. O perito deve documentar os elementos relevantes que derem suporte concluso, no laudo/parecer pericial contbil, por meio de papis de trabalho considerados relevantes visando fundamentar o laudo/parecer e comprovar que a percia foi executada de acordo com os despachos e decises judiciais, normas legais e Normas Brasileiras de Contabilidade. Papis de trabalho formam a documentao preparada pelo perito para a execuo da percia. Integram um processo organizado de registro de provas por intermdio de termos de diligncia, informaes em papel, meios eletrnicos, plantas, desenhos, fotografias, correspondncias, depoimentos, notificaes, declaraes, comunicaes ou outros quaisquer meios de prova fornecidos e quaisquer peas que assegurem o objetivo da execuo pericial. O perito-contador assistente que assessorar o contratante, na elaborao das estratgias a ser adotadas na proposio de soluo por acordo ou demanda, cumprir, no que couber, os requisitos desta Norma. Na pgina seguinte, mostrado um modelo geral de planejamento de percia.

Fontes CFC. Resoluo CFC n 1243/09. Disponvel em http://www.crcsp.org.br HOOG, Wilson A. Z. Prova pericial contbil. Curitiba, Juru. 2009. LOPES DE S, Antnio. Percia contbil. So Paulo: Atlas, 2009. http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/nbct13_2.htm