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Teorico 3

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Perícia, Avaliação e

Arbitragem
Material Teórico
Metodologia de trabalho na Perícia Contábil

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Rodrigo De Souza Marin

Revisão Textual:
Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin
Metodologia de trabalho na Perícia Contábil

• Conceito
• Listagens prévias dos recursos disponíveis para exame
• Natureza de apoios
• Laudos Periciais

OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Apresentar os aspecto relevantes sobre Plano de Trabalho e Laudo
Pericial, destacando seus pontos mais consideráveis.

ORIENTAÇÕES
Caro Aluno (a),

Nesta Unidade, apresentaremos e discutiremos o plano de trabalho da


perícia, bem como os aspectos sobre laudo pericial.

É importante que você leia todo o material, inclusive o complementar, com


muita atenção, anotando as suas dúvidas para apresentar ao professor.

Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo
possível, na pasta de atividades, você também encontrará as atividades de
Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a vídeo-aula.

Bons estudos!
UNIDADE Metodologia de trabalho na Perícia Contábil

Contextualização
Considerando-se a realidade econômica brasileira, onde empresas são criadas
e dissolvidas da noite para o dia, e a grande maioria da população é composta
por assalariados e o mercado financeiro cobra juros abusivos, dentre outras
muitas situações, é notável que ações judiciais de natureza contábil são cada
vez mais comuns, o que, por resultado disto, tem contribuído para que a função
de perito contador seja mais requisitada no mercado e estejam gradativamente
mais em destaque.

Perícia advém do latim peritia(habilidade, saber), na linguagem jurídica designa


a diligência realizada ou executada por peritos, com a finalidade de que se
esclareçam ou se evidenciem determinados fatos; em seu sentido próprio significa
Conhecimento, bem como Experiência.

A Perícia Contábil constitui-se de um conjunto de procedimentos utilizados


por um profissional que domina profundamente contabilidade, com o intuito
de fornecer informações sobre o patrimônio das entidades físicas e jurídicas.
As informações levantadas darão origem a fatos definitivamente confiáveis e de
aceitação incontestável. Para a execução dos trabalhos periciais (laudo ou parecer
pericial contábil), o perito-contador e o perito-assistente utilizam duas grandes
ferramentas: a experiência profissional e o conhecimento de normas jurídicas,
profissionais e de legislação pertinentes à matéria periciada.

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Conceito
Visto o trabalho que deve realizar e a opinião que deve expressar, em cada
questão ou quesito formulado, o perito deve traçar com antecedência, a maneira
de executar as tarefas e os pontos devem alcançar, inclusive os relacionados.

Essa “antevisão de tarefas”, baseada nas questões propostas, compõe o plano


de trabalho.

O plano é um roteiro a ser seguido, de maneira organizada e harmônica, com


as reflexões necessárias e as medidas que devem ser tomadas em cada quesito
ou questão.

De acordo com Lopes de Sá(2011, p. 32):


“Plano de trabalho em perícia contábil é a previsão, racionalmente
organizada, para a execução de tarefas, no sentido de garantir a qualidade
dos serviços, pela redução dos riscos sobre a opinião proposta.”

Para obter o plano de trabalho, é necessário seguir etapas.

Dependendo da classe da perícia a executar, traça-se a estrutura.

Os componentes para a realização do plano são:


• Total conhecimento da questão
• Plena ciência dos fatos que originaram a tarefa
• Listagens prévias dos recursos disponíveis para exame
• Prazo ou tempo para entrega do laudo ou parecer
• Acessibilidade aos dados (deslocamentos para obtenção de arquivos ou
documentos, burocracias etc.)
• Total instrução dos sistemas contábeis utilizados e legitimidade da documentação;
• Natureza de apoios, quando preciso.

Total conhecimento da questão


Toda perícia contém uma questão, ou seja, um pedido de opinião do perito.

Para participar, o perito deve conhecer tudo sobre o que impulsionou a questão,
deve ter ciência dos documentos, dos argumentos etc. (ALBERTO, 2012)

Se a perícia não for judicial, porém administrativa, é preciso ter ciência de tudo
que a motivou e por qual razão se deseja a opinião ou o que se deseja com tal opinião.

O pleno conhecimento das razões pelas quais a perícia se realiza deve estabelecer
a filosofia e a política do plano de trabalho a ser elaborado como guia. (SÁ, 2011)
Distintivamente da auditoria, a perícia exige mais detalhes e especificidade no
plano de trabalho.

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UNIDADE Metodologia de trabalho na Perícia Contábil

Compreendendo então a motivação essencial da questão, se pode orientar a


política e filosofia do plano de trabalho. (MAGALHÃES, 2004)

Plena ciência dos fatos


Os fatos que compreendem a tarefa pericial são muitos e não se misturam com
o conhecimento da “questão”; a questão nos dá a “motivação” para a estrutura e
os “fatos” nos comunicam “o que aconteceu e o que está para acontecer”.

Para Lopes de Sá (2001, p. 34):


Os fatos são ocorrências que não se confundem com as razões que
motivaram uma perícia, mas é preciso conhecer ambos para planejar.

Listagens prévias dos recursos disponíveis


para exame
Para planejar é necessário saber os recursos disponíveis, sejam eles humanos ou
materiais, competentes para a realização de um laudo de qualidade.

Isso é preciso, pois nem sempre os elementos que estão à disposição do


perito são o bastante para realizar a tarefa a qual o profissional foi requisitado.
(ALBERTO, 2012)

Lopes de Sá (2011, p. 35) completa: “só sabendo o que se pode dispor para
examinar é possível fazer um plano de trabalho pericial.”

Compreendido o que se requere, é preciso conhecer os recursos disponíveis


para a realização do trabalho.

Prazo para execução das tarefas


É habitual, nas perícias, os juízes, interessados ou administradores fixarem
prazos para a execução do trabalho. (ALBERTO, 2012)

Na perícia judicial os prazos são irrevogáveis. A lei fixa limite de prazos.

Lei nº 8.455, de 24 de agosto de 1992 (art. 1º), fixa os prazos, ou seja, no


caso judicial, a perícia precisa ser entregue pelo menos vinte dias antes da
audiência de instrução e julgamento e os assistentes têm 10 dias de prazo
após a entrega do laudo.

O método mais aconselhável a se praticar é o de realizar um Cronograma.

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Colocando as atividades a serem realizadas e o tempo previsto para execução
de cada atividade o perito pode pedir mais prazo ou desistir de fazer a perícia para
não executá-la mal.

Abaixo, um exemplo de Cronograma que pode ser utilizado:

Atividades Tempo/Horas Quesito nº


Exame de livros 1 ...
Exame pág. à pág. Diário 92 ...
Exame conta Sr. ..... 6 ...
Exame conta Razão.... 19 ...
Exame contrato .... 2 ...
Exame pagamentos Sr. ... 450 ...
Horas do Prazo 622 ...
Horas do Cronograma 570 ...

Com base nesse programa, elabora-se outro cronograma prevendo a distribuição


de tarefas por auxiliares. (MAGALHÃES, 2004)

Acessibilidade dos dados


É necessário prever, para a realização do Plano de Trabalho, a questão do acesso
aos dados, pois em algumas entidades com muitas filiais, a tendência é de haver
algum tipo de dificuldade para a obtenção dos dados, como burocracias, transporte
de documentos etc. (ALBERTO, 2012).

Para Lopes de Sá (2011, p.37):


“Para planejar o trabalho pericial é necessário conhecer a dificuldade ou
a facilidade que se pode ter para chegar até os dados que são objetos de
exames, assim como a qualidade para a leitura e manuseio dos elementos.”

Total de instrução dos sistemas contábeis utilizados e


credibilidade da documentação
Pelo fato de existir muitos sistemas de registros contábeis e de arquivos, é
imprescindível que o perito tenha ciência de como estes sistemas se processam.

É necessário, sendo assim, que o perito tenha um conhecimento razoável de


sistemas e, principalmente atualmente – onde se tem tudo arquivado na “era
digital”. (ALBERTO, 2012).

Se enquadrando como critério, também se faz necessário testar a Credibilidade


dos sistemas e dos arquivos de documentos, fitas, discos etc.

Lopes de Sá (2011, p. 37) afirma que para planejar é precisa saber como se
chega aos dados e até que ponto é possível ter confiança neles. E completa:

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UNIDADE Metodologia de trabalho na Perícia Contábil

“Um plano pericial precisa conhecer como chegar aos dados e como
poder comprová-los para poder-se saber que recursos tecnológicos vão
ser empregados”. (2011, p.37)

Caso não haja Credibilidade, é necessário encontrar o caminho que a ela dirija,
ou então, declarar a impossibilidade de obtenção de elementos que gerem uma
opinião de qualidade. (MAGALHÃES, 2004).

Natureza de apoios
Conhecendo os apoios que pode contar (e deve saber), o perito planejará de
acordo com a situação.

Tendo a necessidade de pessoas, a empresa examinada pode fornecer o pessoal,


porém o perito deve estar preparado para usar seus auxiliares. (ALBERTO, 2012)

Lopes de Sá (2011, p. 38) afirma que muitas perícias necessitam de ajuda de


auxiliares e ou de técnicos especialistas, notadamente quando a matéria a ser
examinada é muito grande.

As embaraçosas operações de nossa era, a velocidade da informação, a


concentração dos mercados e dos capitais, o crescimento das instituições, isso
tudo contribui para a prestação de serviços contábeis um complexo que precisa de
equipes de apoio. (ALBERTO, 2012)

Conteúdo dos Planos Periciais


Os planos periciais dispõem de conteúdo bastante para que a opinião seja
comunicada pelo perito, para que possa trazer a satisfação aos que solicitam a
verificação e opinião.

Não é possível padronizar, porque muitos são os casos que ocorrem.

O interessante é que os planos sigam ao Itens que constituem o objeto da questão.

Pode-se somente determinar as linhas que conduzem a organização dos


conteúdos, mas não um programa-padrão. (ALBERTO, 2012)

Controles e Plano Pericial


De acordo com a perícia é necessário que se note o regime de controles internos
que a entidade periciada tem.

Apesar de não ser todos os casos que precisam de tais questionamentos sobre o
controle interno, porém o perito necessita se proteger de tais riscos.

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Quanto mais defeituosos forem os controles internos mais riscos tendem a
gravar a opinião dos peritos, exigindo cautelas especiais. (SÁ, 2001)

Laudos Periciais
Laudo deriva da expressão latina laudare, que tem sentido de “pronunciar”.
(SILVA, 1999).

O laudo é uma manifestação ou opinião de um especialista que se submete a


sua avaliação.

Laudo pericial contábil é uma ferramenta tecnológica composta de opiniões


do perito contador, como pronunciamento, em relação a questões que lhes foram
colocadas e necessitam de seu parecer. (SÁ, 2011)

Todavia, é notório que o laudo é um exemplar de Especialista, precisando


que contenha argumentos sobre as opiniões para que seja de boa qualidade.
(ALMEIDA, 2012)

Esqueleto dos laudos


Apesar de não existir um padrão de laudo, existem requisitos que compõem a
estrutura do mesmo.

O laudo deve ter, pelo menos, em sua estrutura os seguintes itens.


a) Protocolo de encaminhamento
b) Quesitos
c) Respostas
d) Assinatura do perito
e) Anexos
f) Pareceres (quando houver)

Este esqueleto pode ser ampliado, dependendo de cada caso, porém deve no
mínimo conter estes itens. (ALMEIDA, 2012)

Requisitos mínimos de um laudo contábil


Para se enquadrar como de boa qualidade o laudo necessita atender a estes
requisitos mínimos. (MAGALHÃES, 2004)

Objetividade – é um fundamento que se baseia no preceito aceito pelas ciências,


sendo então, a exclusão do julgamento em bases subjetivas ou pessoais.

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UNIDADE Metodologia de trabalho na Perícia Contábil

Rigor tecnológico – este, por sua vez, afasta o “subjetivo”. Na contabilidade há


um número considerável de regras e doutrinas em que o perito deve basear-se para
expor sua opinião.

Concisão – exige respostas que evitem excessos. Por isso, o laudo deve esquivar-
se de palavras ou argumentos inúteis ao caso.

Argumentação – o perito deve alegar em que se baseia para apresentar sua


opiniãoou por que concluiu. Lopes de Sá (2011, p. 47) afirma que um laudo não
pode basear-se em suposições, mas apenas em fatos concretos.

Exatidão – para alcançar este requisito as provas que conduzem a opinião


devem ser consistentes e obtidas por critérios contábeis.

Clareza – este requisito é muito importante, pois o perito deve compreender


que o laudo é elaborado para uso de terceiros que não possuem a técnica de
especialistas, não tendo estes a obrigação de compreender termos técnicos.
(ALMEIDA, 2012)

Requisitos das respostas no laudo


É necessário que tenham alguns requisitos para as repostas aos quesitos, sendo eles:
I. Objetividade;
II. Justificação
III. Rigor tecnológico
IV. Precisão
V. Complementação (quando necessária)
VI. Clareza.

Pelo fato da qualidade das respostas dependerem a qualidade do laudo, e sobre


este assunto já foi exposto, se repetem aqui as condições imprescindíveis. (SÁ, 2011)

Anexos dos laudos


Em geral, os anexos de um laudo pericial são esclarecimentos ou análises dos
elementos descritos nas respostas dos quesitos. Objetivam ocasionar que sejam mais
sucintas as respostas, apresentando comprovações dos elementos que se acha descrita.

Os anexos devem ser numerados posteriormente e no texto das respostas dos


quesitos deve-se fazer referência a tais números como referência. (ALMEIDA, 2012)

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Laudos coletivos
É comum um laudo coletivo ou realizado por uma junta de profissionais, como
nas perícias judiciais, onde são três peritos – podendo ser mais.

Pelo fato do trabalho ser coletivo, pode haver: concordância total, concordância
parcial ou discordância plena entre os peritos. (MAGALHÃES, 2004)

Lopes de Sá (2011, p. 55) diz que “laudo coletivo é aquele que é realizado
por uma junta de peritos, ou seja, por mais de um profissional e pode provocar
concordância ou discordância entre eles.”

Laudo insuficiente
Considerado o que não esclarece tudo o que deve transmitir como maneira de
entendimento sobre um determinado assunto, o laudo insuficiente também pode
ter passar despercebido. (ALMEIDA, 2012)

Um laudo será considerado insuficiente quando as opiniões ali contidas não estiverem
claras para quem o solicitou ou quem dele precisar como prova. (SÁ, 2011)

Dessa forma, não foge ao julgamento de laudo insuficiente aquele que tem
como resposta evasiva ou que seja incapaz declarar apuração quando na verdade a
apuração é possível. (MAGALHÃES, 2004)

Esclarecimento de laudo
Um laudo pode não estar claro, embora não seja insuficiente, pois existem
algumas expressões que podem transmitir duplo sentido ou que possam conduzir a
pensamentos opostos. (ALMEIDA, 2012)

Toda vez que o laudo permitir dupla interpretação ou suas idéias forem vagas e
sem objetividade, é necessário o esclarecimento de laudo. (SÁ, 2011)

Entrega dos laudos


Para que se haja prova de que o prazo estipulado foi cumprido, é necessário que
ocorra a formalização das entregas.

Por ser considerado um compromisso em tempo determinado é imprescindível


que seja comprovada a sua entrega. (MAGALHÃES, 2004)

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UNIDADE Metodologia de trabalho na Perícia Contábil

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Perícia Contábil – Um Mercado em Expansão
http://goo.gl/DvcMhE
A Importância da Perícia Contábil da Dissolução de Sociedades
http://goo.gl/DvcMhE
A Perícia Contábil e sua Relevância para os Profissionais na Área Contábil
http://goo.gl/gZbvXX
Manual de Pericias
JULIANO, Rui.
http://goo.gl/hYxpsZ

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Referências
ALBERTO, Valder Luiz Palombo. Perícia Contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e


normais brasileiras de contabilidade. Brasília, CFC, 2003.

MAGALHÃES , Antonio de Deus Farias e Outros; Perícia Contábil: Uma


Abordagem Teórica, Ética, Legal, Processual e Operacional. São Paulo: Editora
Atlas S/A , 2004.

SÁ, Antonio Lopes de. Perícia Contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

SÁ, Antonio Lopes de. Perícia contábil. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

SÁ, Antonio Lopes de. Perícia contábil. 10. ed., São Paulo: Atlas, 2011.

SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico / atualizadores: Nagib Slaibi Filho e


Gláucia Carvalho – Rio de Janeiro, 2005. 26°Edição. Editora Forense.

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