0

FACULDADE DO VALE DO IPOJUCA - FAVIP

PAULO RODRIGO LOPES DE SOUZA






ESTUDO DA BIODETERIORAO DO CONCRETO DO EDIFCIO
SEDE DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CARUARU - PE














CARUARU-PE
2012
1

PAULO RODRIGO LOPES DE SOUZA











ESTUDO DA BIODETERIORAO DO CONCRETO DO EDIFCIO
SEDE DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CARUARU - PE






Trabalho de concluso de curso apresentado ao
curso de graduao em engenharia civil da
FAVIP Faculdade do Vale do Ipojuca, como
requisito parcial para obteno do ttulo de
bacharel.
Orientador: Prof. Msc. Fred Rodrigues Barbosa




CARUARU-PE
2012

2
















Catalogao na fonte -
Biblioteca da Faculdade do Vale do Ipojuca, Caruaru/PE
S729e Souza, Paulo Rodrigo Lopes de.
Estudo da biodeteriorao do concreto do edifcio sede da Prefeiura
Municipal de Caruaru - PE / Paulo Rodrigo Lopes de Souza. --
Caruaru : FAVIP, 2012.
58 f. : il.
Orientador(a) : Fred Rodrigues Barbosa.
Trabalho de Concluso de Curso (Engenharia Civil) --
Faculdade do Vale do Ipojuca.
1. Biodeteriorao. 2. Elementos estruturais. 3. Presena de
microrganismos. I. Ttulo.

CDU 624[13.1]
Ficha catalogrfica elaborada pelo bibliotecrio: Jadinilson Afonso CRB-4/1367

3

PAULO RODRIGO LOPES DE SOUZA






ESTUDO DA BIODETERIORAO DO CONCRETO DO EDIFCIO SEDE DA
PREFEITURA MUNICIPAL DE CARUARU - PE





BANCA EXAMINADORA





Aluno(a) aprovado (a) em ______ de ____________ de 20___



___________________________________________
Prof. Orientador. Msc. Fred Rodrigues Barbosa



__________________________________________
Prof. Examinador. Msc. Gleicilene Bione dos Santos



___________________________________________
Prof. Examinador. Msc. Robrio Ribeiro de Barros




4























Dedico este trabalho aos meus pais por serem
uma base slida que me propiciaram a chance
de conseguir essa oportunidade, a minha
famlia em especial a minha irm pela
compreenso e ajuda durante o perodo de
dedicao a este TCC e a todos os professores
que participaram comigo desta longa jornada
no curso.




5

AGRADECIMENTOS


Em primeiro lugar agradeo a Deus por sempre ter colocado as oportunidades no meu
caminho, por ter me dado fora no decorrer de cinco longos anos, por ser minha fonte de
inspirao e de sabedoria, por ter me dado inteligncia para vencer este desafio.
Aos meus pais pelo sacrifcio que fizeram para que eu tivesse o estudo sempre em
primeiro lugar na minha vida.
Ao Professor Fred R. Barbosa pelos valiosos ensinamentos, orientao e apoio
tornando possvel a realizao deste trabalho.
A professora Mrcia A. Shirakawa um agradecimento especial, por ter concordado em
assumir um compromisso com essa pesquisa, uma vez que sem os seus ensinamentos na rea
de microbiologia e suas contribuies na parte prtica da pesquisa, dificilmente seria possvel
a realizao deste trabalho.
A Professora Galba Takaki, pela sua pacincia, dedicao tornando possvel a
realizao de todos os ensaios.
A Professora Marta Cristina que participou diretamente na realizao dos ensaios
tendo fundamental importncia no sucesso deste trabalho.
A Universidade Catlica de Pernambuco UNICAP, onde foram realizados os ensaios
citados no presente trabalho, bem como a utilizao de instrumentos e equipamentos da
Universidade.
A professora Gleicilene Bione que esteve comigo ao longo de todos esses anos, me
passando uma valiosa gama de conhecimentos, agradeo tambm todos os momentos em que
ela foi dura comigo, pois isso me fez amadurecer e permanecer sempre no caminho certo.
Ao professor Joo Manoel que sempre me apoiou e valorizou o meu esforo nessa
longa jornada.
Ao Professor Sandro Incio pelos seus valiosos ensinamentos acadmicos, mas
tambm por transmitir suas experincias de vida.
Um agradecimento especial a Samara Lemos, pela sua valiosa contribuio, amizade e
apoio nos momentos mais difceis da realizao deste trabalho.
Aos meus tios Ernane de Souza e Aldemir Fernandes, pelo incentivo e apoio ao longo
de todo o curso.
Aos colegas de trabalho, Livonaldo Antnio e Eraldo Barboza, pela compreenso e
pacincia durante o perodo de realizao deste trabalho.
6

Aos todos os amigos que estiveram comigo ao longo destes anos me apoiando e
propiciando momentos de descontrao, momentos estes que no sero esquecidos.
A todos os colegas da FAVIP que torceram para que eu vencesse mais esta batalha.
Aos funcionrios da biblioteca da FAVIP, em especial a Deisiane que sempre torceu
pelo sucesso dessa longa jornada.
A todos que contriburam direta ou indiretamente para a realizao deste trabalho.




























7

RESUMO

O presente trabalho apresenta um estudo sobre a biodeteriorao do concreto e
amadura de ao utilizado em elementos estruturais do Palcio Municipal Jaime Nejain que
sede da Prefeitura do municpio de Caruaru PE. O estudo apresenta a presena de
microrganismos em reas deterioradas, caracterizadas visualmente por fatores como presena
de manchas, destacamento de pintura e revestimento cermico, e reas com armadura exposta
ao ambiente. A presena de microrganismos pode gerar problemas de ordem esttica como
manchamento de pintura e revestimento cermico, quando a ao se d em estruturas de
concreto armado pode ocorrer alteraes da microestrutura do material que afetam o
desempenho tanto do concreto quanto da armadura de ao. A anlise dos materiais coletados
foi realizada com o apoio do Ncleo de Pesquisas em Cincias Ambientais da Universidade
Catlica de Pernambuco e no Laboratrio de Microestrutura e Ecoeficincia da Escola
Politcnica da Universidade de So Paulo. Universidade de So Paulo. Anlises
microscpicas e ensaios para identificao e quantificao dos microrganismos evidenciaram
a presena de microrganismos como bactrias anaerbicas gram-negativas, e fungos
filamentosos como Penicillium sp, Aspergillus sp, Fusarium sp, Cladosporium sp,
Cephalosporium sp.Estudos para desenvolvimento de materiais menos suscetveis ao ataque
de microrganismos e biocidas mais eficazes so de fundamental importncia para diminuir os
efeitos da biodeteriorao que cada vez mais vem gerando custos em termos de manuteno e
durabilidade das edificaes.

Palavras-Chave: Biodeteriorao; Elementos estruturais; Presena de microrganismos.










8

ABSTRACT

The present work presents a study of the biodeterioration of concrete and steel armor
used in structural elements of the Municipal Palace Jaime Nejain which is the City Hall at
Caruaru - PE, The study shows the presence of microorganisms in deteriorated areas, visually
characterized by factors such as the presence of spots, detachment of paint, ceramic cladding,
even with armor areas exposed to the environment. The presence of microorganisms can
cause aesthetic problems such, detachment of paint and ceramic cladding, when the action
takes place in reinforced concrete structures can generate changes may occur in the material
microstructure that affect the performance of the concrete and of the reinforcing steel. The
collection of materials that have been made were studied in the Center for Research in the
Environmental Sciences from the Catholic University of Pernambuco, and the Laboratory of
Microstructure and Ecoefficiency Polytechnic School of the University of So Paulo.
Microscopic analyzes and assays for identification and quantification of the microorganisms
evidenced the presence of microorganisms such as gram-negative anaerobic bacteria, and
filamentous fungus such as Penicillium sp, Aspergillus sp, Fusarium sp, Cladosporium sp,
Cephalosporium sp. Studies for the development of materials less susceptible to attack by
microorganisms and most effective biocides are essential to reduce the effects of
biodeterioration that increasingly has been generating costs in terms of maintenance and
durability of buildings.

Keywords: Biodeterioration; Structural Elements; Presence of Microorganisms.

















9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Modelo de formao do biofilme............................................................................23
Figura 2 Ao de microrganismos em pilar de concreto deteriorado....................................24
Figura 3 Clula de corroso no meio concreto armado...........................................................30
Figura 4 Amostra 1: Pilar com armadura exposta aos agentes agressivos externos, nota-se
uma colorao escurecida ao redor da rea exposta .................................................................36
Figura 5 Amostra 2: Rampa de concreto armado com sua armadura exposta aos agentes
agressivos externos nota-se claramente a corroso da armadura com diminuio da seo
original das barras ....................................................................................................................37
Figura 6 Amostra 3: Escada de concreto armado com possvel formao de biofilme.
Percebe-se uma colorao bastante escurecida com destacamento da pintura ........................37

Figura 7 Amostra 4: Viga de Concreto Armado na qual se observa umidade constante e
radiao solar, a colorao bastante escurecida e houve o destacamento do revestimento
cermico no local............................................................................................................38
Figura 8 Amostra 4: Viga de Concreto Armado, na qual se observa que ela estava exposta a
umidade constante e radiao solar, a colorao bastante escurecida e houve o destacamento
do revestimento cermico no local............................................................................................38
Figura 9 Amostra 5: Viga de concreto armado, exposta a umidade e radiao solar, com
vegetao em sua superfcie, e manchamento do revestimento cermico, observa-se uma
colorao bastante escurecida na superfcie do revestimento...................................................39
Figura 10 Amostra 6: Revestimento de fachada onde se observa o destacamento da pintura,
surgimento de vegetao e uma colorao bastante escurecida na rea...................................39
Figura 11 Coleta da amostra 2 em rampa de concreto armado..............................................40
Figura 12 Coleta da amostra 3 em escada de concreto armado.............................................41
Figura 13 Coleta da amostra 6 em viga de concreto armado.................................................41
Figura 14 Coleta da amostra 6 em viga de concreto armado.................................................42
Figura 15 Coleta de amostra 5 em viga de concreto armado.............................................42
Figura 16 Coleta de amostra 4 em viga de concreto armado.................................................43
10

Figura 16 Enumerao de microrganismos atravs da tcnica de diluio seriada e
espalhamento em superfcie......................................................................................................44
Figura 17 - Desenho esquemtico da montagem da lmina de microcultivo...........................46
Figura 18 - Crescimento de colnias bacterianas em meio gar Nutritivo (NA).....................52
Figura 19 - Crescimento de colnias fngicas em meio Sabouraud Dextrose gar (ASD).....52
Figura 20 Observao microscpica de Bacilos Gram negativos, crescidos em meio NA em
condies anaerbicas e aerbicas; presentes em todas as amostras testadas. Aumento
100X..........................................................................................................................................53
Figura 21 Observao microscpica de estruturas fngicas, encontradas nas amostras
testadas e crescidas em meio ASD aps 72h de incubao. Aumento 40X..............................54
Figura 22 Observao microscpica de estruturas fungcas da amostra 2, de armadura
corroda, aplicando-se o mtodo Hirox sem qualquer tipo de tratamento................................55

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tabela 1. Contagem de colnias bacterianas a partir de diluies sucessivas,
expressas em UFC/mL. Aps crescimento aerbico em meio Agar nutritivo..........................47

Tabela 2. Contagem de colnias fngicas a partir de diluies sucessivas, expressas em
UFC/mL. Aps crescimento aerbico em meio Sabouraud Dextrose gar (ASD)..................48

Tabela 3. Contagem de colnias bacterianas a partir de diluies sucessivas, expressas em
UFC/mL. Aps crescimento anaerbico em meio gar nutritivo............................................48

12

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Classificaes das causas dos processos de deteriorao das estruturas de
concreto.....................................................................................................................................22
Quadro 2 Principais microrganismos relacionados biodeteriorao do concreto...............33
Quadro 3 Principais microrganismos que participam do processo de corroso da
Armadura..................................................................................................................................34

13

LISTA DE GRFICOS

Grfico 1 Contagem de microrganismos da amostra 1..........................................................49

Grfico 2 Contagem de microrganismos da amostra 2..........................................................49

Grfico 3 Contagem de microrganismos da amostra 3..........................................................50

Grfico 4 Contagem de microrganismos da amostra 4..........................................................50

Grfico 5 Contagem de microrganismos da amostra 6..........................................................51

Grfico 6 Contagem de microrganismos da amostra 7..........................................................51













14

SUMRIO


INTRODUO ......................................................................................................................16
JUSTIFICATIVA....................................................................................................................17
OBJETIVOS............................................................................................................................18
1 CONCRETO NA CONSTRUO CIVIL.....................................................................19
1.1 PASTA DE CIMENTO E SUAS PROPRIEDADES.........................................................19
1.1.1 Influncia dos slidos da pasta de cimento hidratada nas propriedades do
concreto.....................................................................................................................................19
1.1.1.1 Resistncia....................................................................................................................20
1.1.1.2 Estabilidade Dimensional.............................................................................................21
1.1.1.3 Durabilidade..................................................................................................................21
2 BIODETERIORAO DO CONCRETO........................................................................22
2.1 BIODETERIORAO FSICA OU MECNICA...........................................................24
2.2 BIODETERIORAO ESTTICA................................................................................ ..24
2.3 BIODETERIORAO QUMICA ASSIMILATRIA...................................................24
2.4 BIODETERIORAO QUMICA NO ASSIMILATRIA.........................................25
2.5 EFEITOS DA BIODETERIORAO NO CONCRETO.................................................25
2.5.1 Biodeteriorao por formao de biofilme......................................................................27
2.5.2 Biodeteriorao por tenso de sais...................................................................................27
2.5.3 Biodeteriorao por ataque cido.....................................................................................27
2.5.4 Associao de Microrganismos................................................................................ ......28
3 CORROSO MICROBIOLGICA DA ARMADURA..................................................29
3.1 PRODUO METABLICA DE SUBSTNCIAS CORROSIVAS..............................30
3.2 CRIAO DE SITUAES DE AERAO DIFERENCIAL COM O
ESTABELECIMENTO DE CLULAS DE CONCENTRAO NA SUPERFCIE
METLICA..............................................................................................................................31
3.3 DESPOLARIZAO CATDICA ATRIBUDA S BACTRIAS SULFATOS-
REDUTORES...........................................................................................................................31
4 PRINCIPAIS MICROORGANISMOS RESPONSVEIS PELA
BIODETERIORAO DO CONCRETO E DA ARMADURA........................................33
5 MTODOS DE PROTEO E PREVENO..............................................................35
6 MATERIAIS E MTODOS..............................................................................................36
15

6.1 MATERIAL.......................................................................................................................36
6.1.1 identificao das amostras..............................................................................................36
6.1.2 Coleta das amostras.........................................................................................................40
6.1.3 Meios de Cultura............................................................................................... ..............43
6.2 PROCEDIMENTOS..........................................................................................................43
6.2.1 Preparo das diluies do material a ser testado...............................................................43
6.2.2 Mtodo do Ensaio (Pour Plate)......................................................................................44
6.2.3 Contagem das Colnias...................................................................................................44
6.2.4 Isolamento de bactrias, fungos filamentosos e leveduras.............................................45
6.2.5 Caracterizao por Microscopia ptica..........................................................................45
6.2.5.1 Colorao de Gram para identificao de bactrias....................................................45
6.2.5.2 Tcnica do microcultivo em lmina.............................................................................45
7 RESULTADOS E DISCUSSES.......................................................................................47
7.1 CONTAGEM DE COLNIAS.........................................................................................47
7.2 CARACTERIZAO POR MICROSCOPIA PTICA...................................................53
7.3 DISCUSSES....................................................................................................................55
CONCLUSO ........................................................................................................................57
REFERNCIAS .....................................................................................................................58
GLOSRIO.............................................................................................................................61














16

INTRODUO

A Biodeteriorao consequncia do metabolismo de microrganismos tais como
fungos, bactrias, algas etc., onde a incidncia dos mesmos provendo um sistema complexo
de deteriorao de materiais vem sendo alvo de estudos mais intensos nos ltimos anos haja
vista os danos ocasionados em diversas reas, sendo uma delas a construo civil.
O primeiro caso de biodeteriorao do concreto foi observado na cidade de
Melbourne, Austrlia, em 1945, por Parker. A superfcie interna do concreto da rede de
esgoto desta cidade apresentava-se deteriorado apenas acima do nvel das guas servidas; na
atmosfera deste esgoto detectou-se uma quantidade aprecivel de gs sulfdrico. Nas regies
deterioradas foi observada a presena de sulfato de clcio, cido sulfrico livre e enxofre
elementar. Por no ser explicada a produo de cido sulfrico livre a partir de gs sulfdrico,
sem a contribuio biolgica, este autor investigou a presena de Thiobacillus nos produtos de
deteriorao deste concreto.
Os primeiros estudos brasileiros sobre o tema, na dcada de 1990, devem-se a Moema
Ribas Silva, que identificou a presena de micro-organismos em amostras de concreto
deteriorado, utilizando microscopia eletrnica e a Mrcia A. Shirakawa, que consegue realizar
o isolamento de microrganismos em concreto. O estudo de Shirakawa teve como foco a
biodeteriorao do concreto a ser utilizado como barreira de engenharia em repositrios
superficiais de rejeitos radioativos.
A ao patolgica dos microrganismos pode ocorrer em diversos materiais de
construo, inclusive no concreto, o que pode vir a ser bastante prejudicial haja vista a
alterao de algumas propriedades tais como alterao do pH, aumento da porosidade,
esfoliao da camada superficial, dissoluo de compostos hidratados a exemplo do hidrxido
de clcio, alm de silicatos hidratados.
Um caso ocorrido no Brasil no final da dcada de 90, que foi talvez o mais grave j
relatado, foi encontrado num tnel de concreto projetado na cidade de So Paulo. Com as
obras paralisadas havia cinco anos, uma infiltrao de gua contaminada por um vazamento
de leo diesel serviu como nutriente para propiciar o crescimento de diversos organismos
como bactrias heterotrficas, bactrias redutoras de sulfato, Thiobacillus e fungos sobre a
superfcie do concreto. O revestimento apresentava, em toda a sua extenso, numerosas
infiltraes com deposio de carbonatos formando estalactites no teto e depsitos
superficiais nas paredes (SHIRAKAWA 1999).
17

JUSTIFICATIVA

No setor da construo civil utiliza-se uma gama de diversos materiais, ento em vista
desse fato indispensvel estudos sobre a durabilidade dos mesmos. Nesse setor o concreto
um material de grande e diversificado uso. Em elementos estruturais de concreto geralmente
existe em seu interior uma armadura de ao para ajudar a combater os esforos aos quais a
pea solicitada.
A presena de microrganismos pode gerar problemas de ordem esttica como
manchamento de pintura e revestimento cermico. Quando a ao se d em estruturas de
concreto armado pode ocorrer alteraes da microestrutura do material que afetam o
desempenho tanto do concreto quanto da armadura de ao. Esse tipo de problema cada vez
mais vem gerando custos em termos de manuteno e durabilidade das edificaes.
Foi escolhida a sede da prefeitura Municipal, construda na dcada de 30, devido a
mesma ter uma idade mais avanada, considerando que o concreto inicialmente um material
pouco biorreceptivo, haja vista as caractersticas intrnsecas de natureza alcalina. Com o
envelhecimento natural, o concreto tem uma reduo em seu pH (potencial hidrogenionico),
pelo mecanismo da carbonatao natural, aumentando assim sua biorecepitividade.

18

OBJETIVOS

Objetivo Geral
Verificar a ocorrncia de biodeteriorao no concreto e armadura de ao
utilizado em elementos estruturais do Palcio Municipal Jaime Nejain que
sede da Prefeitura do municpio de Caruaru PE.

Objetivos especficos
Identificar e quantificar os tipos de microrganismos presentes na estrutura do
edifcio sede da Prefeitura Municipal de Caruaru - PE que possam alterar
propriedades importantes do concreto armado
Fazer uma explanao sobre os danos que os microrganismos encontrados
podem causar no que tange a questo da eficincia e durabilidade do concreto
armado.


19

1 CONCRETO NA CONSTRUO CIVIL

sabido que no setor da construo civil utilizada uma gama de materiais para a
confeco das mais diversificadas obras, como edificaes, pavimentaes, drenagem, pontes,
viadutos, etc. Assim sendo, faz-se necessrio realizar estudos sobre a eficincia e durabilidade
dos materiais empregados na construo civil, haja vista a necessidade de garantir ao
empreendimento a vida til desejada.
Na maioria das obras do setor da construo civil utiliza-se o concreto por sua
capacidade de resistir muito bem a esforos de compresso, porm este no responde bem aos
esforos de trao. Nos casos de peas estruturais sujeitas a ao de esforos alm da
compresso, tem sido usual incorporar ao concreto, barras de ao no seu interior que
trabalham em conjunto devido a perfeita aderncia entre os dois materiais, nesse caso se tem o
concreto armado.
O termo biodeteriorao do concreto uma forma genrica de referir-se a alterao
sofrida pela matriz cimentcia, haja vista que os constituintes quimicamente ativos so o
cimento e a gua. Para o melhor entendimento dessas alteraes sofridas faz-se necessrio
uma explanao sobre a microestrutura e propriedades da pasta de cimento.

1.1 PASTA DE CIMENTO E SUAS PROPRIEDADES

O concreto um material plstico, resultado da mistura de Cimento Portland, gua e
agregados, podendo ainda, para conferir alguma propriedade especfica, utilizar-se nesta
mistura, aditivos, pigmentos, fibras, adies minerais, etc.
O Cimento Portland, juntamente com a gua forma uma pasta que envolve os
agregados de dimenses variadas, produzindo um material que inicialmente pode ser moldado
em frmas, e com o passar do tempo essa mistura endurece por consequncia da reao
irreversvel do cimento Portland com a gua. O concreto no estado endurecido um material
de excelente desempenho estrutural.
A distribuio das duas fases do concreto, matriz cimentcia e agregados no
homognea o que confere ao concreto em algumas reas uma massa muito densa em outras
uma massa altamente porosa. Segundo Mehta e Monteiro (2008), a rea porosa ocorre na
vizinhana do agregado onde essa interface chamada de zona de transio e exerce uma
influncia muito maior sobre o comportamento mecnico e durabilidade do concreto.
20

As reas mais porosas so tambm mais suscetveis corroso, pois servem de
passagem para agentes deletrios chegarem ao interior da matriz cimentcia.
No processo de hidratao do cimento so formados os compostos mais suscetveis ao
ataque de microrganismos. Os compostos mais comumente atacados so os componentes
clcicos, como o hidrxido de clcio ou portlandita e o silicato de clcio hidratado conhecido
como CSH.
O cimento portland anidro obtido a partir da moagem de um clnquer produzido pela
calcinao de compostos como xido de clcio, slica, alumina e xido de ferro, adiciona-se
uma pequena quantidade de sulfato de clcio.
Quando mistura-se o cimento com gua d-se origem a vrias espcies de ons. O
processo de hidratao em poucos minutos d origem a cristais fibrosos aciculares conhecido
como etriginta, e em alguma horas aparecem grandes cristais prismticos de hidrxido de
clcio e pequenos cristais fibrosos de silicato de clcio hidratado (CSH) que preenchem os
vazios antes ocupados pela gua e partculas de cimento em dissoluo (MEHTA E
MONTEIRO, 2008)

1.1.1 Influncia dos slidos da pasta de cimento hidratada nas propriedades do concreto
As quatro fases slidas principais na pasta de cimento hidratada so o silicato de clcio
hidratada, hidrxido de clcio, sulfoaluminatos de clcio e gros de clnquer no hidratados.
sabido que as para a engenharia o concreto precisa ter as seguintes caractersticas primordiais:
resistncia, estabilidade dimensional e durabilidade.

1.1.1.1 Resistncia
As foras de atrao de Van der Waals so as principais responsveis pela
resistncia dos produtos slidos da pasta de cimento hidratada. Essas foras fsicas dependem
da extenso e da natureza das superfcies envolvidas, os produtos de hidratao do cimento
com propriedades de grandes reas superficiais e adesividade so o CSH, sulfoaluminatos de
clcio e aluminatos de clcio, que aderem fortemente no apenas entre si, mas tambm com os
slidos de rea superficial reduzida com o hidrxido de clcio, gros de clnquer anidro e
partculas de agregado mido e grado. (MEHTA E MONTEIRO, 2008).
21

1.1.1.2 Estabilidade Dimensional
sabido que a pasta de cimento hidratada saturada no dimensionalmente estvel
haja vista que a umidade ambiente a qual est normalmente exposta normalmente muito
menor que 100%, com isso o material comea a perder gua e retrai. A gua contida nos poros
capilares exerce presso hidrosttica nas paredes desses poros, em vista disso a remoo dessa
gua tende a induzir uma tenso de compresso que causa contrao no sistema (MEHTA E
MONTEIRO, 2008).

1.1.1.3 Durabilidade
sabido que a pasta de cimento hidratada alcalina haja vista os compostos que so
formados no processo de hidratao, principalmente o hidrxido de clcio. A exposio dessa
pasta a componentes cidos como guas cidas ou produtos do metabolismo de alguns
microrganismos que secretam compostos cidos bastante prejudicial ao material, pois, esses
cidos agem dissolvendo produtos da hidratao do cimento a exemplo do hidrxido de
clcio, o que resulta numa reduo do pH, afetando propriedades mecnicas do concreto a
exemplo da resistncia. Quando o concreto armado, ou seja com barras de ao incorporadas
em seu interior, a alcalinidade do concreto garante que seja formada uma pelcula
passivadora, que uma proteo qumica contra a corroso do ao, uma reduo significativa
do pH do concreto resulta na destruio dessa camada de proteo. Nesse contexto a
impermeabilidade ou estanqueidade e porosidade, so fatores essenciais para durabilidade do
material, pois quanto mais permevel e poroso for o concreto, mais fcil ser para os agentes
deletrios atingirem a microestrutura do material e/ou a armadura de ao em seu interior.
Segundo Mehta e Monteiro (2008) Existe uma relao exponencial entre permeabilidade e
porosidade, o grau de hidratao influencia na permeabilidade, quanto maior o grau de
hidratao, embora ocorra um aumento considervel no volume dos poros devido ao espao
interlamelar do C-S-H e pequenos capilares, a permeabilidade sofre uma grande reduo.





22

2 BIODETERIORAO DO CONCRETO
Todo material utilizado na construo civil est sujeito a processos de deteriorao. A
forma como cada um desses materiais responde a um agente de deteriorao depende
principalmente dos componentes do material e da forma de exposio. Quando se fala em
estruturas de concreto, Souza e Ripper (2009), classificam as causas dos processos de
deteriorao de acordo com o Quadro 1.

Quadro 1 Classificaes das causas dos processos de deteriorao das estruturas de concreto
Causas intrnsecas
(inerentes s estruturas)
Falhas humanas
Causas naturais prprias ao material concreto
Causas extrnsecas
(externas ao corpo estrutural)
Aes externas
Fonte: Souza e Ripper (2009, p. 28), adaptado pelo autor

A biodeteriorao caracteriza-se pela ao de microrganismos como fungos e
bactrias, que decorrentes do seu crescimento ou atividade metablica alteram propriedades
intrnsecas e extrnsecas dos materiais.
Quando se fala em aes biolgicas como causas intrnsecas de biodeteriorao de
estruturas de concreto, o processo mais evidente so os ataques qumicos de cidos
decorrentes do prprio metabolismo do organismo, que alteram a composio interna do
material. No caso de aes biolgicas como causas extrnsecas de biodeteriorao de
estruturas de concreto, so processos que independem do corpo estrutural em si ou da
composio interna do concreto, como por exemplo, a ao de formigas quando afofam a
terra sob fundaes superficiais provocando recalques diferencias que podem danificar a
estrutura (SOUZA e RIPPER, 2009).
Os fenmenos de biodeteriorao esto sujeito a ocorrer em qualquer obra ou
construo, dependendo apenas de uma interao de diversos fatores variveis: presena de
gua, nutrientes, fatores ambientais e agentes biolgicos viveis.
Segundo Souza e Ripper, (2009) Os agentes biolgicos de degradao do concreto so
os desenvolvimentos de organismos (como conchas, por exemplo) e microrganismos em
certas partes das estruturas.
Os processos biolgicos podem resultar do ataque qumico de cidos (produo de
anidrido carbnico) gerados pelo crescimento de razes de plantas ou de algas que se instalem
23

em fissuras ou grandes poros do concreto, ou por ao de fungos, ou pela ao de sulfetos
presentes nos esgotos que o caso mais comum em termos de ataque biolgico onde os
sulfetos inicialmente em forma de gs sulfdrico, H
2
S, dissolvido na gua, ao entrarem em
contato com o clcio do cimento portland, e na presena de bactrias aerbicas, formam o
sulfureto de clcio, que descalcifica o concreto amolecendo a pasta de cimento.
Os microrganismos ao se instalarem numa superfcie formam uma camada limosa
chamada biofilme e devido a seu metabolismo natural secretam substncias extracelulares
geralmente compostas de polissacardeos (acares) e produtos cidos, que favorecem a
adeso de novos microrganismos (Figura 1) e a interao entre grupos de microrganismos
causam a biodeteriorao do concreto.
Segundo Shirakawa et al (1998, apud HUEINSTEIN, 2009, p. 27) presena de
biofilme sempre um indicador da ocorrncia da biodeteriorao, porm vrios materiais
podem apresentar crescimento de microrganismos na superfcie sem biofilme tpico aparente.



Figura 1: Modelo de formao do biofilme
Fonte: Bott (1993). Legenda: 1- formao do biofilme, 2-
adeso, 3- produo de EPS, 4- espessamento, 5-
desprendimento


A biodeteriorao pode atacar uma gama de materiais, gerando variados problemas,
desde um problema esttico como, por exemplo, manchamento, at problemas mais graves
como alterao da microestrutura do material.
Alssopp (2004) cita quatro tipos principais de biodeteriorao de materiais: A
biodeteriorao fsica ou mecnica, biodeteriorao esttica, biodeteriorao qumica
assimilatria e biodeteriorao qumica no assimilatria.
24


2.1 BIODETERIORAO FSICA OU MECNICA

Ocorre quando um organismo devido o seu crescimento ou movimento exerce uma
presso na superfcie de um material e causa rompimento ou distoro do mesmo, nesse caso
o material no usado como fonte de alimento. Exemplos de biodeteriorao fsica so
quebra de tubulaes subterrneas por razes de rvores e a danificao de cabos eltricos
causada por roedores. (ALSSOP, 2004, p. 03)

2.2 BIODETERIORAO ESTTICA

A simples presena de um organismo vivo ou morto, fezes ou produtos metablicos,
causam problemas de ordem esttica, que fazem com que o material perca o seu valor, nesse
caso o desempenho do material no afetado, mas o material fica com uma aparncia
inaceitvel. (ALSSOP, 2004 p. 03-04). Um exemplo a formao de manchas escuras em
revestimentos de edifcios devido ao crescimento de colnias de fungos.

A biodeteriorao esttica apresentada somente na superfcie, atravs da presena de
organismos nas edificaes, resultando na alterao da colorao, ocorrendo a formao de
manchas escuras, causadas por algas, fungos, bactrias e cianobactrias. Essa biodeteriorao
altera somente a aparncia esttica, no provocando nenhuma alterao na composio
qumica ou no desempenho do material (KUMAR E KUMAR, 1999; PINHEIRO, 2003; apud
PEREIRA, 2012, p. 28).

2.3 BIODETERIORAO QUMICA ASSIMILATRIA

Quando o microrganismo utiliza o material para sua nutrio, como fonte de energia,
designa-se de biodeteriorao bioqumica assimilatria. H a liberao de cidos no meio e
outros compostos qumicos que danificam o material (KUMAR; KUMAR, 1999; apud
Pereira 2012, p. 28).
O fato de que os materiais tais como combustveis de hidrocarbonetos, leos de corte,
adesivos, selantes, txteis e outros itens, pode ser utilizado como alimento por
microorganismos, muitas vezes no percebido e pode levar a atrasos no estabelecimento da
causa dos problemas. (ALSSOP, 2004, p. 05)
25

2.4 BIODETERIORAO QUMICA NO ASSIMILATRIA

O que ocasiona esse tipo de biodeteriorao a ao gerada pelo metabolismo dos
microrganismos, que liberam, para o meio, metablitos que reagem quimicamente sobre o
material. A biodeteriorao qumica no assimilatria gerada por produtos metablicos
cidos, que atuam no material, decompondo seus minerais por meio da produo de sais e
quelatos, que so posteriormente lixiviados. (KUMAR; KUMAR, 1999; apud Pereira 2012, p.
28).
Neste exemplo, um material sofre danos qumicos, mas no como resultado direto da
ingesto de nutrientes pelo organismo. Muitos organismos excretam produtos residuais,
incluindo compostos pigmentados ou cidos, que podem desconfigurar os materiais causando
danos. Este tipo de biodeteriorao muitas vezes passa lado a lado com a biodeteriorao
qumica assimilatria e o desenvolvimento do biofilme, os efeitos podem ser difceis de
diferenciar. (ALSSOP, 2004, p. 05).
Um exemplo de biodeteriorao qumica no Assimilatria seria a dissoluo de
componentes clcicos da matriz cimentcia pelo cido sulfrico produzido pelas bactrias do
gnero thiobacillus.

2.5 EFEITOS DA BIODETERIORAO NO CONCRETO

No concreto a biodeteriorao ocorre mediante a alterao de vrias propriedades
importantes do concreto tais como o valor do pH, aumento da porosidade, esfoliao da
camada superficial, dissoluo de compostos hidratados tais como o hidrxido de clcio alm
de silicatos hidratados.
Essas alteraes podem ser bastante prejudiciais ao concreto, haja vista que o aumento
da porosidade do material aumenta a vulnerabilidade aos agentes agressivos, principalmente
no concreto armado, onde esses agentes podem atingir a armadura e causar a sua corroso.
Alteraes no pH do concreto fazem com que ele perca sua condio de meio alcalino para
tornar-se um meio neutro e at acidificado o que pode ocasionar reaes qumicas que causam
a destruio da camada passivadora da armadura com posterior corroso da mesma. A
dissoluo de compostos hidratados altera a microestrutura do material, diminuindo a sua
durabilidade. Segundo Alvim (2007), o concreto novo, normalmente, tem um pH de
aproximadamente de 13 ou 14. Este pH elevado o resultado da formao do Hidrxido de
clcio Ca (OH)
2
, um subproduto aps a hidratao do cimento. Gases como o gs sulfdrico
26

(H
2
S) e o gs carbnico (CO
2
) dissolvem-se na gua ou nas superfcies midas do concreto,
formando substncias cidas tais como os cidos sulfrico e carbnico que reagem com
hidrxido de clcio, solubilizando o mesmo, reduzindo assim o pH da superfcie do concreto e
amolecendo a pasta de cimento
A figura 2 mostra a ao dos microrganismos na microestrutura do concreto


Figura 2a Carbonatos de clcio Solubilizados (1) Figura 2b Bactrias do tipo thiobacillus (1) e, sob
e sos (2), em um pilar deteriorado elas,a solubillizao do carbonato de clcio (2), em
pilar deteriorado


Figura 2c Esporos de fungos inferiores (1) Figura 2d Pilar deteriorado no qual foram encon-
sobre cristal de carbonato de clcio solubili- trados actinomicetos (1) sobre um carbonato de cal-
zado (2) e hifa de fungo (3) observadas em cio bastante deteriorado (2), prximo dos quais
pilar deteriorado. (microfractografia extrada tambm se pode observar a presena de um outro
de RIBAS e SILVA, 1996) tipo de microrganismo (3), provavelmente desulfo-
vibrio ou hifas de fungo. ((microfractografia extra-
da de RIBAS e SILVA, 1996)



Figura 2 Ao de microrganismos em pilar de concreto deteriorado
Fonte: ISAIA, 2005.




27

SAND & BOCK, (1991, apud SHIRAKAWA 1994, p. 25) classificaram os
mecanismos de ao da biodeteriorao segundo algumas caractersticas principais:

a) Formao de biofilme e acmulo de gua;
b) Por tenso de sais;
c) Ataque cido;

2.5.1 Biodeteriorao por formao de biofilme

considerada pouco agressiva ao concreto, ocorre devido excreo de compostos
hidroflicos como nitrato ou cidos orgnicos que ao reter gua na estrutura, aumenta o teor
de gua do material poroso, onde em regies de clima frio pode haver o congelamento e
descongelamento dessa gua gerando um aumento de volume no interior do material o que
gera tambm uma tenso interna que tende a tracionar o mesmo, este tipo de ataque
fracamente agressivo. (SAND & BOCK 1991, apud SHIRAKAWA, 1994)


2.5.2 Biodeteriorao por tenso de sais

Alguns cidos excretados pelos microrganismos podem ser convertidos em sais
atravs de uma srie de reaes qumicas. Inicialmente essa concentrao de sais no causa
biodeteriorao do concreto haja vista a presena da gua no interior do material, porm em
condies de secura, parte dessa gua evapora o que tende a aumentar a concentrao de sais,
que ao acumular-se na superfcie do concreto gera tenses que tendem a esfoliar a camada
superficial do material, este tipo de ataque fracamente agressivo. (SAND & BOCK1991,
apud SHIRAKAWA, 1994).

2.5.3 Biodeteriorao por ataque cido

A produo biolgica de cidos minerais e orgnicos causa o ataque mais fortemente
agressivo aos materiais de natureza mineral. No caso do concreto estes cidos agem causando
dissoluo de compostos hidratados do cimento, especificamente o hidrxido de clcio alm
de silicatos hidratados.


28

2.5.4 Associao de Microrganismos
Diferentes tipos de microrganismos podem agir em conjunto provendo um sistema
complexo de biodeteriorao. Um exemplo de biodeteriorao por ao conjunta de
microrganismos foi estudado por Karavaiko em 1989, onde a associao de bactrias
heterotrficas, bactrias redutoras de sulfato e bactrias do gnero Thiobacillus agiam em
conjunto resultando em substncias agressivas ao concreto.
Segundo Karavaiko (1989, apud Shirakawa 1994, p. 29)
As bactrias heterotrficas estariam iniciando o processo; medida que se
formam substncias orgnicas simples, com diminuio do pH, e, com consumo de
oxignio em microrregies. Inicia-se o desenvolvimento de bactrias redutoras de
sulfato, que produzem gs sulfdrico o qual oxidado em condies aerbias pelo T.
thioparus at sulfato.


















29

3 CORROSO MICROBIOLGICA DA ARMADURA

Uma das maiores preocupaes em termos de patologias no que tange as estruturas de
concreto armado a corroso da armadura.
A corroso da armadura um processo eletroqumico caracterizado pela destruio da
camada passivadora que protege o ao.
sabido que o pH do meio aquoso no interior do concreto bastante alcalino, segundo
Souza e Ripper (2009) o pH do concreto varia entre 12,6 e 14, sendo resultado da prpria
reao entre a gua e os sais minerais que compe o cimento.
A alcalinidade do concreto sempre que for maior que 9, estar garantida a formao da
pelcula passivadora do ao.
A corroso da armadura pode ocorrer segundo alguns processos, como por exemplo, a
corroso por tenso fraturante, por presena de hidrognio atmico, e a corroso por pite,
sendo este ltimo o mais comum. A corroso por pite d-se de duas formas: corroso
localizada, caracterizada pela ao de ons agressivos (cloretos, em especial), sempre que haja
umidade e presena de oxignio, ou corroso generalizada, que funo da reduo do pH do
concreto para valores inferiores a 9, pela ao dissolvente do CO
2
existente no ar atmosfrico
que reage com o hidrxido de clcio solubilizando transportado atravs dos poros e fissuras
do concreto sobre o cimento hidratado.
Segundo Souza e Ripper (2009) o mecanismo de carbonatao do concreto dado pela
seguinte equao:
Ca(OH)
2
+ CO
2
= CaCO
3
+ H
2
O
Em qualquer caso o processo de corroso do ao eletroqumico. A presena de um
eletrlito que seria a soluo aquosa do concreto e um condutor que seria a prpria barra de
ao gera um efeito pilha atravs de uma diferena de potencial criada pela passagem de
tomos de ferro para a superfcie aquosa, transformando-se em ctions ferro (Fe
++
) com
consequente abandono da barra de ao carga negativa. Isso ocorre quando a soluo aquosa
do concreto atinge valores de pH inferiores a 9, quando os valores do ph so superiores a 9
no ocorre a passagem dos tomos de ferro superfcie aquosa e no se instala a diferena de
potencial. O ction Fe
++
combina-se posteriormente com os nions (OH)
-
presentes na
superfcie do concreto carbonatado resultando em hidrxido ferroso. Esse fluxo de ons
frricos dado da regio andica (corrida), para a regio catdica (no corroda) atravs do
30

condutor (barra de ao) (SOUZA e RIPPER, 2009). O processo de corroso da armadura de
ao do concreto armado ilustrado na figura 3:

Figura 3 Clula de corroso no meio concreto armado
Fonte: Souza e Ripper 2009, p. 67


Corroso microbiolgica refere-se corroso devido participao de
microrganismos.
Os microrganismos atuam no fenmeno de uma maneira ativa sem alterar a natureza
eletroqumica do processo.
Segundo Videla (1993). A atuao dos microrganismos no processo de corroso
ocorre das seguintes formas:
1- Originando pilhas de aerao diferencial, que um consumo desigual de oxignio em reas
localizadas;
2 - Por produo e substncias corrosivas como produtos do metabolismo (caso de cidos e
lcalis);
3- Participando diretamente da cintica do processo de corroso, a exemplo da despolarizao
catdica atribuda s bactrias sulfatos-redutoras;

3.1 PRODUO METABLICA DE SUBSTNCIAS CORROSIVAS
Existem microrganismos que podem excretar substncias de natureza agressiva como,
por exemplo, o cido sulfrico e sulfetos produzido pelas bactrias do gnero Thiobacillus ou
31

Desulfovibrio. O cido Sulfrico reage com o hidrxido de clcio, reduzindo, o pH da
superfcie do concreto influenciando na corroso generalizada, j o sulfeto reage diretamente
com a superfcie da barra de ao responsvel pela corroso por pite (VIDELA, 2003).
3.2 CRIAO DE SITUAES DE AERAO DIFERENCIAL COM O
ESTABELECIMENTO DE CLULAS DE CONCENTRAO DE OXIGNIO NA
SUPERFCIE METLICA

Esse tipo de situao de aerao diferencial d-se geralmente pela associao de
microrganismos gerando um consumo desigual de oxignio em determinadas reas. A ao
combinada de microrganismos aerbicos cria condies suscetveis ao desenvolvimento de
microrganismos anaerbicos, fazendo com que apaream clulas de concentrao de oxignio
em determinados locais da superfcie metlica (VIDELA, 2003).
Segundo Shirakawa (1994) as informaes sobre a influncia dos microrganismos
sobre o mecanismo de corroso aerbia so limitadas porque o processo oxidativo abitico
muito mais rpido. A maior influncia seria a criao de uma clula de concentrao de
oxignio que se torna catdica em relao rea menos oxigenada.
Essa diferena de concentrao de oxignio instala assim uma diferena de potencial e
consequentemente o processo eletroqumico de corroso.
A aerao pode ainda tornar algumas bactrias ativas a exemplo das sulfo-oxidantes
que produzem metablitos cidos que aumentam as reaes de corroso.

3.3 DESPOLARIZAO CATDICA ATRIBUDA AS BACTRIAS SULFATO-
REDUTORAS

No que tange a corroso microbiolgica por processo anaerbio as informaes no so
muito amplas. Segundo Pankhania (1988, apud Shirakawa1994, p. 18)

A corroso de metais em ambientes anaerbios tem sido amplamente
estudada, os microrganismos de maior importncia neste processo so as bactrias
redutoras de sulfato. Os produtos de corroso na presena destas bactrias so o
sulfeto de ferro e o hidrxido de ferro.
As bactrias redutoras de sulfato so identificadas como os microrganismos
mais comumente responsveis pelo processo de corroso sob condies anaerbias.
Acredita-se que elas podem influenciar o processo diretamente, pelo consumo de
hidrognio catdico (despolarizao catdica).

32

As reaes a seguir mostradas por Shirakawa (1994, p.19) descrevem o mecanismo da
corroso anaerbia do ferro:

4Fe > 4Fe
2+
+ 8e
-
Reao andica
8H
2
O > 8H
+
+ 80H
-
Dissociao da gua


8H
+
+ 8e
-
> 4H
2
Reao catdica


4H
2
+ SO
4
2-
> S
2-
+ 4H
2
O Despolarizao catdica por microrganismos
Fe
2+
+ S
2-
> FeS Produto de corroso
3Fe
2+
+ 6OH
-
> 3Fe(OH)
2
Produto de corroso

4Fe + SO
4
2-
+ 6OH
-
+ 4H
2
O > 3Fe(OH)2 + FeS + OH
-
(Balano Geral)




















33

4 PRINCIPAIS MICROORGANISMOS RESPONSVEIS PELA
BIODETERIORAO DO CONCRETO E DA ARMADURA

No Brasil, o primeiro trabalho utilizando mtodos microbiolgicos de cultura
aplicados ao diagnstico de fenmenos de biodeterioraco, foi realizado por SHIRAKAWA
(1994). Nesse trabalho foram detectados microrganismos viveis nas amostras analisadas em
estudo-de-caso de uma estrutura apresentando colonizao evidente por microrganismos.
Os microrganismos mais freqentemente associados com a biodeteriorao do
concreto so as bactrias do gnero Thiobacillus, bactrias heterotrficas e os fungos.
O quadro 2 apresenta a descrio dos microrganismos agressivos, correlacionando
com os produtos do metabolismo mesmos e o mecanismo de biodeteriorao.
Quadro 2 Principais microrganismos relacionados biodeteriorao do concreto
Microrganismos Produtos do metabolismo
Mecanismos de
deteriorao
Bactrias heterotrficas

Fungos filamentosos
Fungos
cidos Orgnicos
Dissoluo da Portlandita e
Silicatos Hidratados
Bactrias redutoras de
Sulfato
Gs Sulfdrico (H
2
S) Corroso da Armadura
Bactrias quimiliotrficas

Thiobacillus thioparus e
outras espcies neutroflicas
(10 > ph > 6)
Thiobacillus thiooxidans e
outras espcies acidoflicas
(ph > 5)
cido Sulfrico (H
2
SO
4
)
Dissoluo da Portlandita e
Silicatos Hidratados
Fonte: Shirakawa et al. (1998, apud santos 2002, p. 11)
Os microrganismos mais freqentemente associados a corroso da armadura so as bactrias
do gnero thiobacillus, desulfovibrio.
O quadro 3 apresenta os principais microrganismos que participam na corroso dos metais e
suas ligas.


34

Quadro 3 Principais microrganismos que participam do processo de corroso dos metais e
suas ligas
Microrganismo Produto corrosivo Materiais afetados
Gnero Thiobacillus Sulfetos, sulfatos, sulfossulfatos
e cido sulfrico.
Ferro e ligas,
concreto.
Gnero Ferrobacillus ons frricos, cido sulfrico. Ferro e ligas
Gnero Lactobacillus

cidos orgnicos Ao
Gnero Desulfovibrio cido sulfdrico, sulfetos. Ferro e ligas,
alumnio.
Gnero Gallionella,
Chrenothix, Septotrix.
Hidrxido frrico Ferro
Fonte: Videla 1993


35

5 MTODOS DE PROTEO E PREVENO
O conhecimento do mecanismo das reaes envolvidas nos processos corrosivos pr-
requisito para o controle efetivo dessas reaes.
Segundo Videla (1993) o problema da biodeteriorao pode ser prevenido atravs das
seguintes aes: destruio ou inibio do crescimento de microrganismos atravs da adio
de substncia biocidas aos materiais ou modificando as caractersticas do ambiente onde est
acontecendo o processo de biodeteriorao, a exemplo da aerao para combater a ao de
bactrias aerbicas. Por isso necessrio conhecer o tipo de microrganismo que est atacando
o material e tambm as reaes envolvidas nos processos de biodeteriorao.
Segundo Batista (2001) a proteo contra manifestaes microbiolgicas pode ser
conseguida atravs das seguintes formas:

a) Aplicao de biocidas (bactericidas ou bacteriostticos) e biodispersantes ao meio, de
maneira que se possa inibir o metabolismo do microrganismo.
b) Mudando-se as caractersticas do meio onde se desenvolve a proliferao da corroso,
de maneira que se crie incompatibilidades ao desenvolvimento dos microrganismos.
Como exemplo pode-se citar a imposio de aerao, onde existam bactrias
anaerbicas.
c) Retirada dos nutrientes necessrios bactria, como exemplo, a remoo de enxofre
para o caso de Thiobacillus.
d) Mudana da concentrao de oxignio, onde existam bactrias anaerbicas.

Deve-se tomar cuidado com o uso de biocidas, pois algumas caractersticas devem ser
atendidas para conferir o efeito desejado, como por exemplo, um biocida no deve afetar o
material a ser protegido ou o meio ambiente, ser eficiente sobre vrias condies ambientais,
ser estvel quanto o seu efeito, no induzir alergias ou outras doenas ao homem, entre outras
caractersticas.
Para utilizar um biocida deve-se antes eliminar fontes de umidade, remover material
com infeco grave e substitu-lo, limpar bem as superfcies.


36

6 MATERIAIS E MTODOS
6.1 MATERIAIS
6.1.1 Identificao das amostras
As amostras foram coletadas na edificao denominada Palcio Municipal Jaime
Nejain que sede da Prefeitura do municpio de Caruaru PE, na qual encontrou-se reas de
elevado grau de umidade, principalmente prximo as caixas de ar-condicionado, onde essas
reas apresentavam uma colorao escurecida, caracterstica da presena de microrganismos.
Verificou-se tambm em partes da estrutura, a armadura aparente, onde a mesma est
exposta a intempries e agentes deletrios dos mais variados tipos, e que provavelmente
tambm dever existir a presena de microrganismos.
Verificou-se tambm outras patologias como destacamento de cermica e pintura.
As figuras de 4 a 10, a mostram os locais de possvel ataque de microrganismos, onde
foram coletadas as amostras para posterior identificao e quantificao.


Figura 4 Amostra 1: Pilar com armadura exposta aos agentes agressivos
externos, nota-se uma colorao escurecida ao redor da rea exposta.
Fonte: Acervo Pessoal


37


Figura 5 - Amostra 2: Escada de concreto armado com sua armadura exposta aos
agentes agressivos externos nota-se claramente a corroso da armadura com
diminuio da seo original das barras.
Fonte: Acervo Pessoal



Figura 6 - Amostra 3: Escada de concreto armado com possvel formao de
Biofilme. Percebe-se uma colorao bastante escurecida com destacamento da
pintura.
Fonte: Acervo Pessoal
38


Figura 7 - Amostra 4: Viga de Concreto Armado na qual se observa umidade
constante e radiao solar, a colorao bastante escurecida e houve o
destacamento do revestimento cermico no local.
Fonte: Acervo Pessoal


Figura 8 - Amostra 4: Viga de Concreto Armado, na qual se observa que ela estava
exposta a umidade constante e radiao solar, a colorao bastante escurecida e
houve o destacamento do revestimento cermico no local.
Fonte: Acervo Pessoal
39


Figura 9 - Amostra 5: Viga de concreto armado, exposta a umidade e radiao solar,
com vegetao em sua superfcie, e manchamento do revestimento cermico,
observa-se uma colorao bastante escurecida na superfcie do revestimento.
Fonte: Acervo Pessoal


Figura 10 Amostra 6: Revestimento de fachada onde se observa o destacamento da
pintura, surgimento de vegetao e uma colorao bastante escurecida na rea.
Fonte: Acervo Pessoal


40

6.1.2 Coleta das amostras
Para coleta das amostras foram utilizados bisturis e swabs estreis utilizando um
bisturi e um swab em cada local de coleta. Com os bisturis foram efetuadas as raspagens das
superfcies desagregadas e os materiais foram colocados em recipientes plsticos estreis
garantindo assim que no houvesse contaminao do material recolhido por outros
microrganismos. A utilizao dos swabs foi feita pressionando os mesmos contra a superfcie
de coleta, fazendo movimentos circulares e depois guardando em recipiente estril junto com
o material obtido na raspagem. Foi usado um recipiente para cada local de coleta, onde cada
um recebeu material de raspagem obtido com utilizao do bisturi e um swab utilizado no
respectivo local.
As figuras de 10 a 15 ilustram o momento das coletas


Figura 11 Coleta da amostra 2 em rampa de concreto armado
Fonte: Acervo Pessoal



41


Figura 12 Coleta da amostra 3 em escada de concreto armado
Fonte: Acervo Pessoal



Figura 13 Coleta da amostra 6 em viga de concreto armado
Fonte: Acervo Pessoal

42


Figura 14 Coleta da amostra 6 em viga de concreto armado
Fonte: Acervo Pessoal




Figura 15 Coleta de amostra 5 em viga de concreto armado
Fonte: Acervo Pessoal


43


Figura 16 Coleta de amostra 4 em viga de concreto armado
Fonte: Acervo Pessoal

6.1.3 Meios de cultura
Para a quantificao de bactrias heterotrficas foi utilizado o meio Agar Nutriente
(AN) slido [Extrato de carne 5g, peptona 10g, NaCl 5g, gar 15g, para 1L de gua destilada,
com pH 6,5], seguido de autoclavagem a temperatura de 120C, por 15min.
Para a quantificao de fungos filamentosos e leveduras empregou-se o meio gar
Sabouraud Dextrose [Dextrose 40 g, Peptona 10g, gar 15g para 1L de gua destilada, com
pH 6,5], seguido de autoclavagem a temperatura de 120C, por 15min.
6.2 PROCEDIMENTOS
6.2.1 Preparo das diluies do material a ser testado
Foram pesadas 1g das amostras e transferidas para tubos de ensaio com 9mL de gua
esterilizada (diluio 1:10 ou 10
-1
). Aps homogeneizar em agitador de tubos, novas diluies
foram feitas transferindo 1 mL da diluio anterior para outro tubo com 9 mL de gua
esterilizada (diluio 1:100 ou 10
-2
) e assim, sucessivamente at a diluio de 1:100.000
(figura 16).

44

6.2.2 Mtodo do Ensaio (Pour Plate)
Com todas as diluies prontas, seguiu-se a tcnica de semeadura em profundidade
(TORTORA et al., 2003). Alquotas de 200 L de cada diluio foram colocadas em placas
de Petri e verteu-se 20 mL de gar nutriente ou gar Sabouraud-dextrose, liquefeito nas
placas, seguido de homogeneizao para quantificao dos fungos. As placas foram incubadas
em estufa a 37 C, em condies anaerbias e aerbicas para bactrias, sendo observadas
durante quatro dias. Para quantificao dos fungos, as placas foram incubadas a 28C em
condies aerbias, sendo observadas durante 7 dias. (PINTO; KANEKO; OHARA, 2000).
Aps o tempo estabelecido foi realizada a contagem de colnias, seguido de isolamento e
identificao morfolgica das bactrias e fungos. O isolamento foi realizado em triplicata.
6.2.3 Contagem das Colnias
Ao final da incubao, as colnias foram contadas, sendo estabelecida mdia
multiplicada pelo fator de diluio. O resultado foi expresso em UFC (Unidades Formadoras
de Colnias)/mL, (figura 16).

Figura 16 - Enumerao de microrganismos atravs da tcnica de diluio seriada e
espalhamento em superfcie. Fonte Madigan et al. (2004)
45

6.2.4 Isolamento de bactrias, fungos filamentosos e leveduras
As placas foram submetidas a contagem das colnias, isolamento e observao morfolgica,
mediante diluio seriada e plaqueamento em meios seletivos Agar nutritivo e Agar
Sabouraud Dextrose. Os micro-organismos foram isolados transferindo-se colnias isoladas
para tubos de ensaio contendo os mesmos meios gar nutriente para bactrias ou gar
Sabouraud-dextrose para fungos. Os tubos de ensaio foram incubados nas mesmas condies
de isolamento (LACAZ-RUIZ, 1999)
6.2.5 Caracterizao por Microscopia ptica
6.2.5.1 Colorao de Gram para identificao de bactrias:
Colnias foram selecionadas e retiradas da placa de Petri contendo meio Agar
nutritivo. Um esfregao foi realizado em lmina de vidro, fixado pelo calor e corado pelo
Gram. A lmina foi recoberta pela soluo de cristal violeta por 1 min, foi lavado e o
esfregao foi coberto com iodo, quando o iodo foi retirado, ambas bactrias gram-positivas e
gram-negativas aparecem na cor violeta. A seguir, a lmina foi submetida ao processo de
descolorao com lcool. A lmina foi contra corada com a fucsina (corante bsico vermelho)
e o esfregao foi lavado novamente (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). Aps esse
procedimento a lmina foi levada para o microscpio ptico para identificao.

6.2.5.2 Tcnica do microcultivo em lmina
Para identificao dos fungos foi realizado o cultivo em lmina que permite avaliar a
morfologia dos fungos, tornando possvel visualizao detalhada das hifas, das estruturas
reprodutivas associando aos macroscpicos. Este mtodo permite obter lminas permanentes,
que podem ser conservadas por muito tempo (KERN; BLEVINS, 1999).
Para a realizao do microcultivo foram utilizados: Placas de Petri esterilizada;Papel
de filtro com dimetro igual ao da placa de Petri; Suporte; Pina; Esptula ou bisturi; Lminas
e lamnulas para microscpio; Ala de platina; gua destilada estril; Meio de cultura gar
Sabouraud Dextrose.
As placas de Petri foram forradas com o papel-filtro, sobre o qual foi colocado o
suporte, uma lmina e uma lamnula. Em seguida foi esterilizado.
Para a preparao do microcultivo foi cortado um quadrado do meio de cultura, meio
Agar Sabouraud Dextrose e inoculando-se o micro-organismo nas extremidades do quadrado.
46

Em seguida, o material foi coberto com a lamnula, seguido de umedecer o papel de filtro com
gua destilada estril. O microcultivo foi incubado a temperatura ambiente e acompanhado a
cada 24 horas o desenvolvimento da cultura. Aps 72h de incubao a 28C, as amostras dos
fungos foram identificadas o gnero, obedecendo a uma literatura especializada
(ALEXOPOULOS et al., 1996).

Figura 17 - Desenho esquemtico da montagem da lmina de microcultivo
Fonte Arcevo pessoal


Lmina
a

Esptula de madeira
Papel de filtro
Placa de Petri
Lamnula
de vidro

Inculo
Meio de cultura
47

7 RESULTADOS E DISCUSSES
7.1 CONTAGEM DE COLNIAS
As tabelas 1, 2 e 3 contm os resultados das contagens de colnia expressa em
UFC/mL, para colnias bacterians e fngicas.
Analisando os resultados obtidos nas tabelas 1 e 2, o meio ASD foi aquele que
apresentou o maior desenvolvimento de colnias. A tabela 3 apresenta colnias de bactrias
anaerbicas cujo desenvolvimento em 96 h foi muito determinante.

Tabela 1. Contagem de colnias bacterianas a partir de diluies sucessivas, expressas em UFC/mL. Aps
crescimento aerbico em meio Agar nutritivo.
- = no cresceu; Inc.= incontveis

Nas amostras da tabela 1, foram observadas bactrias Gram negativas atravs do
cultivo em Agar nutritivo.



Diluies UFC/mL
Amostras 10
-1
10
-2
10
-3


10
-4


10
-5


1 3x 10
-1
38 x 10
-2
- 1 x 10
-4
-
2 - - - - -
3 3 x 10
-1
29 x 10
-2
5 x 10
-3
1 x 10
-4
-
4 3 x 10
1
- 2 x 10
-3
- -
6 Inc. 100 x 10
-2
8 x 10
-3
- 1 x 10
-5

7 Inc. 120 x 10
-2
16 x 10
-3
6 x 10
-4
3 x 10
-5

48

Tabela 2. Contagem de colnias fngicas a partir de diluies sucessivas, expressas em UFC/mL. Aps
crescimento aerbico em meio Sabouraud Dextrose gar (ASD).
- = no cresceu; Inc.= incontveis
Nas amostras da tabela 2, foram identificados fungos filamentosos como Penicillium
sp, Aspergillus sp, Fusarium sp, Cladosporium sp, Cephalosporium SP atravs do cultivo em
gar Sabouraud Dextrose.
Tabela 3. Contagem de colnias bacterianas a partir de diluies sucessivas, expressas em UFC/mL. Aps
crescimento anaerbico em meio gar nutritivo.











- = no cresceu; Inc.= incontveis

Nas amostras da tabela 3, foram observadas bactrias anaerbicas Gram negativas,
atravs do cultivo em gar nutritivo (AN).

Diluies
Amostras 1:10
(UFC/mL)
1:100
(UFC/mL)
1:1000
(UFC/mL)
1:10000
(UFC/mL)
1:100000
(UFC/mL)
1 176 x 10
-1
1 x 10
-2
62 x 10
-3
15 x 10
-4
28 x 10
-5

2 100 x 10
-1
70 x 10
-2
15 x 10
-3
5 x 10
-4
3 x 10
-5

3 Inc. 90 x 10
-2
56 x 10
-3
14 x 10
-4
5 x 10
-5

4 112 x 10
-1
34 x 10
-2
- 140 x 10
-4
344 x 10
-5

6 Inc. 57 x 10
-2
76 x 10
-3
- 1 x 10
-5

7 Inc. Inc. 40 x 10
-3
2 x 10
-4
80 x 10
-5


Diluies
Amostras 1:10
(UFC/mL)
1:100
(UFC/mL)
1 Inc. -
2 Inc. 1 x 10
-2

3 Inc. Inc.
4 960 x 10
-1
50 x 10
-2

6 Inc. 260 x 10
-2

7 Inc. Inc.
49

Os grficos 1 ao 6 expressam os resultados das contagens de colnias exibidos
anteriormente nas tabelas 1 a 3, devendo levar em considerao as seguintes observaes:
a) Quando uma coluna atingir o mximo valor de UFC/ml (mxima altura),
considerar como incontvel o resultado de crescimento de colnias para a
correspondente diluio.
b) Quando uma coluna estiver com valor zero de UFC/ml, considerar que no
cresceram colnias para a correspondente diluio.

Fonte Acervo pessoal


Fonte Acervo pessoal
50


Fonte Acervo pessoal









Fonte Acervo Pessoal

51


Fonte Acervo Pessoal







Fonte Acervo Pessoal






52

As figuras 18 e 19, mostram o crescimento de colnias em diferentes meios de cultura



Figura 18 - Crescimento de colnias bacterianas em meio gar Nutritivo (NA)



Figura 19 - Crescimento de colnias fngicas em meio Sabouraud Dextrose gar (ASD).


53

7.2 CARACTERIZAO POR MICROSCOPIA PTICA
A figura 20 representa o microrganismo isolado do meio AN submetido ao mtodo de
colorao de Gram e observado ao microscpio ptico. So bacilos (formato basto) Gram
negativos presentes em todas as amostras testadas.










Figura 20. Observao microscpica de Bacilos Gram negativos,
crescidos em meio AN (gar Nutritivo) em condies anaerbicas
e aerbicas; presentes em todas as amostras testadas. Aumento
100X.


A figura 21 mostra a observao microscpica de estruturas fngicas, encontradas nas
amostras testadas e crescidas em meio ASD (gar Sabouraud Dextrose) aps 72h de
incubao. Aumento 40X.

54









(a) Penicillium sp, encontrado na amostra 1 (b) Cladosporium sp, encontrado na amostra 1







(c) Aspergillus sp, encontrado nas (d) Penicillium sp, encontrado nas (e) Levedura encontrada nas
amostras 2,3,4,6 e 7 amostras 2,3,4,6 e 7 amostras 2,3,4,6 e 7

Figura 21. Observao microscpica de estruturas fngicas, encontradas nas amostras testadas e crescidas em
meio ASD aps 72h de incubao. Aumento 40X.


A figura 22 mostra a observao microscpica da amostra 2, de armadura corroda, aplicando-
se o mtodo Hirox sem qualquer tipo de tratamento.
55


(a) Hifas de fungos na extremidade da amostra 2 (b) Hifas de fungos da amostra 2

(c) Hifas de fungos em detalhe da parte (b) (d) Hifas de fungos em outra regio da Armadura
corroda. Amostra 2

Figura 22 - Observao microscpica de estruturas fungcas da amostra 2, de armadura corroda, aplicando-se o
mtodo Hirox sem qualquer tipo de tratamento.

7.3 DISCUSSES
Bactrias aerbicas heterotrficas so responsveis pela produo de cidos como o
sulfrico (H
2
SO
4
) e outros cidos orgnicos responsveis pela dissoluo da portlandita e
silicatos hidratados presentes na matriz cimentcia afetando a microestrutura do material e
consequentemente sua durabilidade, alm de reduzir o pH do concreto que favorece a
corroso da armadura.
Na contagem de bactrias aerbicas (tabela1) elas estavam presentes em 83% das
amostras.
As bactrias aerbicas tambm so responsveis por criar um consumo desigual de
oxignio em certas regies do material o que favorece tambm o crescimento de bactrias
56

anaerbicas, como as bactrias redutoras de sulfato que agem diretamente no processo da
corroso da armadura pois consome o hidrognio catdico (despolarizao catdica). Neste
trabalho no foram efetuadas analises especficas para bactrias redutoras de sulfato.
Pode haver tambm associao de bactrias aerbicas e anaerbicas na produo de
substncias agressivas como o sulfato, resultado da oxidao por bactrias aerbicas do gs
sulfdrico (H
2
S) produzido por bactrias anaerbicas.
Na contagem de anaerbicas (tabela 2) elas estavam presentes em 50% das amostras.
A microscopia ptica revelou a presena de bacilos gram-negativos nas amostras.
Ensaios mais aprofundados poderiam ser feito para identificao principalmente de
Thiobacillus.
Os fungos filamentosos assim como algumas bactrias aerbicas atacam o concreto
atravs da produo de cidos orgnicos decorrentes do seu metabolismo, onde ocorre a
dissoluo da portlandita e de silicatos hidratos.
Na contagem de fngica (tabela 2), observou-se fungos em todas as amostras, a
microscopia ptica revelou a presena de fungos como Penicillium sp, Aspergillus sp,
Fusarium sp, Cladosporium sp, Cephalosporium SP.

57

CONCLUSO

Microrganismos como bactrias, fungos, algas e cianobactrias apresentam grande
capacidade de adaptao ao ambiente. A deteriorao associada ao ataque de microrganismos
provoca tanto problemas de ordem esttica como de desempenho do produto. No caso das
amostras coletadas no concreto e na armadura da estrutura do prdio a presena de fungos
filamentosos e bactrias aerbias e anaerbias evidenciaram a ocorrncia de biodeteriorao.
Nas amostras de armadura corroda (1 e 2) foram encontrados fungos filamentosos que
podem ter influncia no processo de corroso haja vista a secreo de cidos que solubilizam
compostos hidratados do concreto, reduzindo o seu pH e instalando uma diferena de
potencial que d incio ao processo eletroqumico de corroso da armadura de ao. Nas
demais amostras havia biodeteriorao esttica, evidenciada por uma colorao escura na
superfcie do concreto, o que tambm um indicativo da possvel presena de fungos e essa
presena foi confirmada atravs dos ensaios.
Em todas as amostras foram encontrados bacilos gram-negativos e bactrias
anaerbias que tanto podem ter se associado para produzir substncias agressivas tanto para o
concreto quanto para a armadura de ao.
Quanto a corroso da armadura as bactrias anaerbias encontradas nas amostras 1 e 2
podem ser um indicativo da presena de bactrias redutoras de sulfato responsveis pela
despolarizao catdica da armadura de ao.
Os bacilos gram-negativos encontrados em todas as amostras podem ser um indicativo
de bactrias do tipo thiobacillus que esto entre os principais microrganismos responsveis
pela biodeteriorao do concreto, haja vista que devido ao seu metabolismo esses
microrganismos excretam substncias altamente agressivas como o cido sulfrico.
Saber o tipo de microrganismo s uma das etapas para uma possvel recuperao das
reas afetadas. necessrio tambm acabar com fontes de umidade como a que produzida
por aparelhos de ar condicionado que fazem com que alguns lugares da fachada do prdio
estejam sempre midos, reas ideais para proliferao de microrganismos.
Estudos mais detalhados para desenvolvimento de materiais menos suscetveis ao
ataque de microrganismos e projetos mais adequados e avaliao das condies locais de
exposio so de fundamental importncia para diminuir os efeitos da biodeteriorao que
cada vez mais vem gerando custos em termos de manuteno e durabilidade das edificaes.

58

REFERNCIAS

ALEXOPOULOS, C.J. MIMS, C.W. e BLACKWELL, M. Introductory Mycology. New
York: John Wiley & Sons, Inc. 1996. 865p.

ALLSOPP, Denis. SEAL, Kenneth J. GAYLARD, Chirstine C. Introduction to
Biodeterioration. Second Edition, Cambridge University Press. United States.2004.

ALVIM, Joo Alfredo Contrucci. Corroso e Degradao do Concreto pelo ataque da
Bactria Thiobacillus Concretivorus, o bastonete de enxofre. Disponvel em
<http://bioimpermeabilizacao.wordpress.com/2007/12/10/corrosao-e-degradacao-do concreto
pelo-ataque-da-bacteria-thiobacillus-concretivorus-o-%E2%80%9>, acesso em 15 de Nov.
2012.

BATISTA, M. Biocorroso em uma ETE. Recupera: revista do Instituto de Patologia da
Construo, [S.l], nov./dez. 2001.

BOTT, T. R.; Aspects of biofilm formation and destruction. Corrosion Reviews. V.11,
1993.

BAUER, L.A. falco. Materiais de construo civil, 5 Ed. Vol 1, LTC, 2000.

CETESB. Norma Tcnica L5.217, Thiobacillus - Determinao do nmero mais provvel
de Thiobacillus s.p. em gua pela tcnica dos tubos mltiplos: mtodo de ensaio.
Dezembro de 1991

FAZENDA, Jorge M. R.(Coord.).Tintas e Vernizes : cincia e tecnologia. 2. edio.Vol 2
ABRAFATI, So Paulo,1995.

FAIRBANKS, Marcelo. Garantia da Qualidade Anima Vendas-Uso de Biocidas Aumenta
para Prevenir o Ataque Microbiolgico a diversos Produtos. Conjuntura Favorece o Uso
de Blends em vez do Lanamento de novas Molculas. Revista Qumica e Derivados.
Edio n 395 de Julho de 2001. Disponvel em <http://www.quimica.com.br/revista/
d395/biocidas1.htm> acesso 31 de agosto de 2012.

FIRST INTERNATIONAL RILEM WORKSHOP. Microbial Impacts on Building
Materials. Edited by M. Ribas Silva, Organised by: RILEM TC-MIB, PPGEC/UFES,
ICB/USP, PCC/USP. So Paulo, 2000.

HAUENSTEIN, Carlos Alexandre. Anlises microbiolgicas de amostras de concreto
deteriorado da estao de tratamento de esgoto 3 Beira Rio. Foz do Iguau, 2009.

ISAIA, Geraldo C. Concreto Ensino, Pesquisa e Realizaes, Vol. 1, IBRACON, 2005.
ISAIA, Geraldo C. Concreto Ensino, Pesquisa e Realizaes, Vol. 2, IBRACON, 2005.
KERN, M. E.; BLEVINS, K. S. Micologia mdica. 2.ed. So Paulo: Premier, 1999. 256p.

59

KIEL, Greicy. Diversidade bacteriana em biofilmes de superfcies externas de prdios
histricos na cidade de Porto Alegre. Porto Alegre, 2005.

LACAZ-RUIZ, Rogrio, Manual prtico de microbiologia bsica, EDUSP, So Paulo,
1999.

MADIGAN, M.T.; MARTINKO, J.M.; PARKER, J. Microbiologia de Brock. 10. ed.
PrenticeHall Inc., 2004.

MARTINEZ, M.B., TADEI., C.R. In: Microbiologia, TRABULSI, L.R., ALTERTHUM,
F.4 Ed, So Paulo: Atheneu, 2005.
MEHTA, P. Kumar, MONTEIRO, Paulo J. M., Concreto Microestrutura, Propriedades e
Materiais, 3 Edio, So Paulo 2008
MORETTI, P. E. Microbiologia, Fundamentos e Aplicaes - Mtodos em Microbiologia
Colorao de Gram. Americana: 2007. Disponvel em:
<http://www.fam.br/microrganismos/metodo_coloracao_de_gram.htm>. Acesso em: 08 de
novembro de 2012.
NEUMANN, Bruna. Avaliao de nova metodologia para deteco de microrganismos
redutores de sulfato (MRS) aplicada indstria de petrleo e gs. Vitria, 2012.
Apresentado como Trabalho Acadmico (TCC) de Mestrado. Universidade Federal do
Esprito Santo.

PELCZAR Jr, Joseph Michael., CHAN, E.C.S., KRIEG, Noel R. Microbiologia: Conceitos e
aplicao.Vol. 1 , 2. Edio. So Paulo. Macron Books,1996.

PEREIRA, Luciana Manzoni., Avaliao das patologias e da biodeteriorao na biblioteca
central da UFSM, Santa Maria, 2012.

PINTO, T. J. A., KANEKO, T. M., OHARA, M. T., Controle biolgico de qualidade de
produtos farmacuticos, correlatos e cosmticos, So Paulo: Atheneu, 2000. P. 75-96.

SANTOS, Leonilda Correia dos. et al, Avaliao Bacteriolgica de drenos de Rocha Um
fator de risco para segurana de grandes barragens, Salvador, BA. Trabalho apresentado
ao COTEQ 2007.

____________. Correia dos. Biodeteriorao do concreto. Foz do Iguau, 2003. Trabalho
apresentado ao XII encontro anual de iniciao cientfica.

____________. Correia dos. Estudo quantitativo automatizado no monitoramento de
microrganismos ambientais em drenos da barragem de concreto de ITAIPU. Curitiba,
2002. Apresentado como Trabalho Acadmico (TCC) de Mestrado. Centro Federal de
Educao Tecnolgica do Paran.

SHIRAKAWA, Mrcia Aiko. Estudo da Biodeteriorao do concreto por Thiobacillus.
So Paulo, 1994. Apresentado como Trabalho Acadmico (TCC) de Mestrado. Instituto de
Pesquisas Energticas Nucleares.

60

____________. et al. Biodeteriorao do concreto de estruturas subterrneas. So Paulo,
1999.

SHIRAKAWA, M.A. JOHN, V.; CONCOTTO, M. A.; GAMBALE, W. A. Biodeteriorao
do concreto de estruturas subterrneas In: SEMINRIO INTERNACIONAL DE
DURABILIDADE DE MATERIAIS,COMPONENTES E ESTRUTURAS, III, 1997, So
Paulo. Anais... So Paulo: Escola Politcnica da Universidade de So Paulo, 1997b.

____________. Biodeteriorao de materiais de construo civil. 1998.

SOUZA, Vicente Custdio Moreira de, RIPPER, Thomaz. Patologia, Recuperao e
Reforo de Estruturas de Concreto, PINI, 2009.

TORTORA, G.J., FUNKE, B.R., CASE, C.L. In: Microbiologia, 6a ed, So Paulo: Artmed,,
2003, p. 267-393.
TRABULSI, Luiz Rachid, ALTERTHUM, Flvio, Microbiologia, 5 ed. Atheneu, 2008

VIDELA, H.A. Biotecnologia Corroso microbiolgica, Ed. Edgard Blcher Ltda, So
Paulo SP. 1993,




















61

GLOSSRIO



Aerobio: Organismo que utiliza oxignio para se desenvolver.
gar: Sulfato de cido poligalacturnico extrado de vrias espcies de algas do gnero
Gellidum e outras algas afins. Tem como funo solidificar os meios e no metabolizado por
bactrias de interesse clnico.
Anaerbio : organismo que se desenvolve na ausncia de oxignio.
ATP : (adenosina trifosfato) ribonucleosdeo trifosfato funcionando como um grupo doador
de fosfato no ciclo de energia da clula.
Bacilo : bactria em forma de basto
Bactrias autotrficas: so aquelas que utilizam dixido de carbono como nica fonte de
carbono, no necessitando de compostos orgnicos pr-elaborados do meio para o seu
crescimento.
Bactria Gram-negativa: bactria que pode ser classificada por tcnica de colorao
diferencial denominada Mtodo de Gram (ver Mtodo de Gram). As bactrias Gram-
negativas possuem maior concentrao de Lipdeos e menor concentrao de peptoglicano na
parede celular do que as bactrias Gram-positivas. Essas caractersticas so consideradas
como as causas mais importantes que favorecem a diferenciao desses tipos de bactrias.
Bactrias heterotrficas: So aquelas que necessitam de compostos de carbono mais
complexos que o dixido de carbono atmosfrico para o seu metabolismo.

Bactrias quimiolitotrficas: so aquelas capazes de obter energia a partir da oxidao de
compostos inorgnicos.
Bactrias Redutoras de Sulfato: Bactrias Gram negativas, curvas, sigmoides ou
eventualmente espiraladas, anaerbias, que no processo de respirao destas bactrias
anaerbias, o on sulfato atua como aceptor final de eltrons em lugar do oxignio.
Bactrias sulfoxidantes: Bactrias das quais a energia para o seu metabolismo obtida a
partir da oxidao de um ou mais compostos reduzidos de enxofre, incluindo sulfetos, enxofre
elementar, tiossulfato, politionatos e tiocianato. Os eltrons derivados do processo de
oxidao entram na cadeia respiratria para formao de ATP. O sulfato geralmente o
produto final, mas, podem formar-se transitoriamente enxofre, sulfitos e politionatos.
62

Bioreceptividade: Caracterstica de um material ser mais ou menos suscetvel ao ataque
biolgico.
Durabilidade: capacidade que um produto, componente, montagem ou construo, possui de
manter seu desempenho acima dos nveis mnimos especificados, de maneira a atender s
exigncias dos usurios, em cada situao especfica.
Fora de Van Der Waals: a soma de todas foras atrativas ou repulsivas, que no sejam
foras devidas a ligaes covalentes entre molculas (ou entre partes da mesma molcula) ou
foras devido a interao eletroesttica de ons.
Meio de cultura: Associao qualitativa e quantitativa de substncias que fornecem os
nutrientes necessrios ao desenvolvimento (cultivo) de microrganismos fora do seu meio
natural.
Mtodo de Gram: Processo diferencial de colorao no qual o esfregao bacteriano fixado
tratado pelas seguintes solues, na ordem se sua apresentao: cristal violeta (ou violeta de
Genciana), soluo iodo-iodetada, lcool ou lcool cetona (agente descorante) e safranina ou
outro contra-corante adequado (fucsina diluda). As bactrias coradas pelo mtodo de Gram
pertencem a dois grupos: bactrias Gram-positivas que retm o complexo cristal violeta-iodo
e apresentam colorao violeta escuro e as bactrias Gram-negativas, que perdem o complexo
cristal violeta-iodo e so coradas pela safranina (ou fucsina diluda), apresentando pois
colorao rosa.
Peptona : Protena semi-digerida que serve como fonte de nitrognio em meios de cultura de
microrganismos.