Cartografia
Cartografia
Cartografia
Leituras Cartogrcas e
Interpretaes Estatsticas II
Geograa
Leituras Cartogrcas e
Interpretaes Estatsticas II
2 Edio
Governo Federal
Presidenta da Repblica
Dilma Vana Rousseff
Vice-Presidente da Repblica
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educao
Aloizio Mercadante Oliva
FICHA TCNICA
EDITORAO DE MATERIAIS
Criao e edio de imagens
Adauto Harley
Anderson Gomes do Nascimento
Carolina Costa de Oliveira
Dickson de Oliveira Tavares
Leonardo dos Santos Feitoza
Roberto Luiz Batista de Lima
Rommel Figueiredo
PROJETO GRFICO
Ivana Lima
Diagramao
Ana Paula Resende
Carolina Aires Mayer
Davi Jose di Giacomo Koshiyama
Elizabeth da Silva Ferreira
Ivana Lima
Jos Antonio Bezerra Junior
Rafael Marques Garcia
REVISO DE MATERIAIS
Reviso de Estrutura e Linguagem
Eugenio Tavares Borges
Janio Gustavo Barbosa
Jeremias Alves de Arajo
Kaline Sampaio de Arajo
Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade
Rossana Delmar de Lima Arcoverde
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Mdulo matemtico
Joacy Guilherme de A. F. Filho
IMAGENS UTILIZADAS
Acervo da UFRN
www.depositphotos.com
www.morguele.com
www.sxc.hu
Encyclopdia Britannica, Inc.
Copyright 2005. Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte EDUFRN.
Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorizao expressa do Ministrio da Educaco MEC
Sumrio
Apresentao Institucional
25
43
67
93
115
133
155
181
207
233
259
Apresentao Institucional
Maquetes: as representaes
do relevo em terceira dimenso
Aula
Apresentao
Esta a primeira aula da disciplina Leituras Cartogrcas e Interpretaes Estatsticas
II. Certamente, car bem claro para voc a continuidade no s da disciplina anterior, bem
como, do ltimo assunto nela tratado, ou seja, as formas de representao do relevo terrestre.
Esta e a prxima aula (As representaes digitais do relevo) constituem uma unidade
conceitual em que voc estudar como a Cartograa pode contribuir para o processo de
ensino-aprendizagem da Geograa, atravs da construo de modelos tridimensionais do
relevo. Dentre os recursos didticos utilizados para o ensino da Geograa, as representaes
do espao feitas em terceira dimenso, as quais chamamos de maquetes, tanto nos modelos
analgicos como nos digitais, so atividades das mais estimulantes e importantes para a sua
formao prossional. Assim, aqueles que, como voc, pretendem lidar com o ensino da
Geograa, em especial nas sries iniciais do Ensino Fundamental, devem dar bastante ateno
ao tratamento dessas atividades
Voc vai compreender nesta aula que, por tratar-se de uma atividade que envolve aspectos
ldicos relacionados ao desenho e s artes plsticas, a elaborao de maquetes do relevo facilita
a explorao de importantes conhecimentos diretamente relacionados com a Cartograa, como
as noes de escala, orientao, localizao, tcnicas de representao do relevo em altimetria
e planimetria, bem como oportuniza o conhecimento e o uso da linguagem cartogrca.
Objetivos
1
Aula 1
As representaes em terceira
dimenso e o ensino de Geograa
Todos os recursos utilizados pelo professor para facilitar o ensino e a necessria
aprendizagem so vlidos na medida em que o professor estiver preparado para mediar tal
processo ciente da realidade social em que est inserida a sua escola, das necessidades e
tambm das potencialidades dos seus alunos. Hoje, quando j existe maior ateno para a
questo de melhoria do ensino em seus nveis fundamental e mdio, muito importante que
o professor esteja preparado para o uso no apenas das novas tecnologias, mas, tambm,
para a confeco de materiais didticos mais simples e acessveis maioria dos alunos. H
mesmo quem arme que:
A produo de material didtico deveria fazer parte da formao dos professores de
Geograa. Todavia, por diversos motivos, como: tempo, disponibilidade de recursos,
laboratrio apropriado, entre outros, esta formao no ocorre. H apenas informao
sobre a possibilidade e a facilidade do seu emprego na sala de aula. Infelizmente, ainda
falta no Curso de Licenciatura em Geograa da UFU uma formao que habilite o futuro
professor a desenvolver elementos destinados a levar o aluno, do Ensino Fundamental
e Mdio, a dominar conceitos espaciais bem como represent-los e utiliz-los em suas
aulas. (GOMES et al, 2005, p. 410).
Como exemplo dessa relao entre a prtica social e os elementos tericos a serem
ensinados, destacamos a elaborao das representaes cartogrcas em terceira dimenso,
mais conhecidas como maquetes, como uma das mais importantes atividades para um
bom e rpido entendimento das conguraes do relevo terrestre. Especialmente para uma
anlise espacial dos conceitos geocartogrcos relacionados com o meio fsico, como, por
exemplo, os estudos da geomorfologia e da hidrograa de uma determinada regio, que so
elementos fsicos fundamentais para o entendimento de vrias situaes de ordem fsicoambientais e socioeconmicas.
10
Aula 1
Atividade 1
1
2
Aula 1
11
Planimetria
Processo pelo qual so
medidas as caractersticas
horizontais do terreno.
Altimetria
A Altimetria tem por objetivo
maior a representao
das diferenas de nvel
existentes no relevo
terrestre.
Margrafo
O margrafo (do francs
mar[o]graphe) o
instrumento que registra
automaticamente o uxo
e o reuxo das mars em
um determinado ponto
da costa. Ao registro
produzido, sob a forma
de grco, denomina-se
maregrama (do francs
margramme). (WIKIPDIA,
2009, extrado da internet)
Datum Altimtrico
Brasileiro
O Datum Altimtrico do
Sistema Geodsico Brasileiro
(SGB), denominado
comumente Datum de
Imbituba, foi denido em
1959 atravs da mdia das
mdias anuais do nvel do
mar, no perodo de 1949 a
1957, no Porto de Imbituba
(48 40,2 W ; 28 14,4 S). As
observaes utilizadas foram
coletadas por uma estao
maregrca instalada pelo
Inter-American Geodetic
Survey (IAGS) e pelas
autoridades porturias
brasileiras, que fazia parte
de uma rede formada
por outras oito estaes
maregrcas ao longo
da costa brasileira. (LUZ;
FREITAS; DALAZOANA,
2002, p. 1).
12
Aula 1
Cota
E
D
S4
C
S3
G
B
S2
S1
A B
As curvas de nvel so traadas a uma mesma distncia vertical entre elas, ou seja, a uma
eqidistncia, determinada em funo da escala da carta que servir de base para o processo
de construo da maquete. Existem tabelas que determinam um padro de equidistncia das
curvas de nvel, de acordo com as diferentes escalas. Se a escala grande, a equidistncia
das curvas de nvel pequena.
Tabela 1 Relao escalas e equidistncia das curvas de nvel
Escala
Equidistncia
Escala
Equidistncia
1: 1.000
1,0m
1: 100.000
50,0m
1: 10.000
5,0m
1: 250.000
100,0m
1: 25.000
10,0m
1: 500.000
100,0m
1: 50.000
20,0m
1: 1.000.000
100,0 ou 200,0m
Fonte: Venturi (2008, p. 58).
Por falar em escalas, este um dos elementos mais importantes a se denir quando se
precisa elaborar uma maquete do relevo. A nalidade da maquete que ir determinar a escolha
da escala. Se o trabalho destina-se representao de um pequeno espao, como um bairro
Aula 1
13
de uma cidade, um parque ecolgico, uma microbacia hidrogrca, ou mesmo uma encosta
de um morro, ou de uma duna, uma escala grande deve ser usada. Ento, podemos pensar
em escalas que vo de 1: 1.000 at 1: 25.000. Vale ressaltar que voc j estudou o assunto
escalas em disciplinas anteriores. Se sentir necessidade, revise essas aulas para aplicar seus
conhecimentos aqui.
Por outro lado, quando pretendemos representar espaos maiores como um Estado nas
dimenses do Rio Grande do Norte ou da Paraba, por exemplo, ou mesmo em um pas grande
como o Brasil, devemos pensar em escalas menores, como 1: 100.000 ou 1: 200.000 para os
estados e 1: 1.000.000 ou 1: 5.000.000 para o pas. importante considerar que quanto menor
a escala, mais generalizao, ou seja, menos detalhes podero ser vistos no produto nal.
Para esta aula, o nosso exemplo ser feito em uma representao em escala grande.
Trata-se de um trecho, da cidade de Natal/RN, chamado Parque das Dunas onde ca a Via Costeira,
na escala de 1: 1.000. Esta a escala horizontal, ou planimtrica da carta, nela 1 centmetro
equivale a 10 metros. Como ns pretendemos fazer uma maquete, ou seja, uma representao
em terceira dimenso, tambm preciso que vejamos qual ser a escala vertical, ou seja, aquela
que ir representar o relevo, com suas elevaes e diferenas de nvel: as distncias verticais.
Aula 1
Materiais
Para elaborar nossa maquete, vamos precisar ter em mos os seguintes materiais:
cola de isopor;
isopor
EPS a sigla internacional
do Poliestireno
Expandido, de acordo
com a Norma DIN ISSO1043/78. No Brasil,
mais conhecido como
Isopor. (ABRAPEX,
2009, extrado da
Internet).
Atividade 2
Pesquise um pouco mais e responda as questes a seguir.
a)
b)
c)
O que equidistncia?
d)
O que so cotas?
Aula 1
15
A escolha da carta-base
Representar em terceira dimenso exige que se disponha de uma boa carta topogrca
na qual haja clareza na denio das curvas de nvel de acordo com a escala com a qual se
pretende trabalhar. Para no trabalhar diretamente com o documento original, copiamos deste
apenas as curvas de nvel desejadas, ou seja, de 5 em 5 metros, como se v na Figura 3.
A etapa seguinte consiste em copiar as curvas de nvel para um papel transparente (papel
vegetal ou papel manteiga), sempre com o cuidado de anotar os valores de cada curva. interessante
que sejam usados lpis hidrogrcos de diferentes cores para facilitar a visualizao das curvas.
Em seguida, as curvas sero transpostas para as folhas de isopor, comeando das mais
baixas para as mais altas. Esse processo exige o uso das folhas de carbono, as quais so
colocadas abaixo da folha transparente e sobre o isopor. Com um estilete de ponta bem
na (pode-se construir um, xando-se um alnete na ponta de um lpis, com auxilio de
uma ta adesiva, como na Figura 4). Marca-se a linha no isopor, furando o papel vegetal e
consequentemente o carbono.
16
Aula 1
Esse procedimento feito com todas as curvas, cada uma em uma folha do isopor. Em
seguida, cada uma das curvas ser cuidadosamente cortada para ser colada de maneira sobreposta.
O corte poder ser feito com o auxlio de um instrumento eltrico denominado pirgrafo (Figura 5),
que consiste em um arco ao qual xado um o metlico, que aquecido atravs de uma resistncia
e que, aps ser ligado, corta facilmente folhas de isopor de vrias espessuras. O instrumento pode
ser encontrado em papelarias ou em casas especializadas em artigos para festas e funciona ligado
direto rede eltrica, existindo tambm modelos que funcionam a pilhas.
Figura 5 Pirgrafo
Aula 1
17
O passo seguinte o acabamento que ocorre em duas etapas. Na primeira (Figura 7),
feito o preenchimento dos espaos entre as curvas, que esto dispostas como degraus, com
massa corrida, dessa usada em pinturas de paredes. Mas, tambm pode ser usado gesso,
ou uma mistura feita com cola branca e p de serragem, obtido facilmente em serrarias. Na
distribuio da massa sobre a maquete, importante observar as declividades do terreno e
cuidar para que todos os degraus sejam eliminados, lembrando sempre que a natureza no
obedece a nenhuma norma da geometria e raramente aparenta feies articiais.
18
Aula 1
Aula 1
19
Atividade 3
De acordo com o que foi visto nesta aula e com a sua experincia, relacione os
espaos que voc conhece, nos quais uma representao em terceira dimenso
seria interessante. Por exemplo, uma serra, uma rea de uma cidade, uma
bacia hidrogrca etc. Procure saber se esses espaos esto representados
atravs de cartas topogrcas, quais suas escalas e como ter acesso a elas. Em
seguida, elabore uma maquete de um desses espaos.
Resumo
Nesta aula, voc viu a maquete como um dos recursos didticos mais importantes
para o ensino/aprendizagem da Geograa. Estudou a descrio do processo de
elaborao de uma maquete analgica do relevo em suas diferentes etapas.
Para isso, relembramos a voc alguns conceitos cartogrcos relacionados s
tcnicas de representao do relevo e discutimos acerca dos usos possveis
desse instrumento, especialmente sobre as vantagens de seu uso no ensino da
Geograa.
Autoavaliao
1
2
3
20
Aula 1
Revise um pouco o assunto sobre escalas e faa uma relao do uso de escalas para
a realizao de uma maquete.
4
5
Relacione as etapas de construo de uma maquete, conforme voc estudou nesta aula.
Caso j exera a funo do professor, a partir das observaes feitas no nal desta aula
com relao elaborao de maquetes dos espaos de vivncia dos alunos, proponhase a elaborar uma maquete da sua escola ou da sala de aula. Para isso, relacione
materiais reciclveis que podem ser usados na confeco das paredes, dos mveis e
de outros componentes do espao a representar. Observe que apesar de no se exigir
uma escala geogrca neste tipo de maquete, a proporcionalidade entre os objetos
deve ser mantida. Depois de elaborar a maquete, tente fazer uma representao plana
dela, ou seja, representar o espao tri-dimensional da maquete, numa planta baixa da
sala de aula. Use um papel transparente sobre a maquete, visualize-a de cima para
baixo e desenhe no papel transparente todos os aspectos observados.
Referncias
ALMEIDA, Rosngela Doin de. Do desenho ao mapa: iniciao cartogrca na escola. So
Paulo: Contexto, 2006. (Coleo Caminhos de Geograa).
ASSOCIAO BRASILEIRA DE POLIESTIRENO EXPANDIDO ABRAPEX. O que EPS.
Disponvel em: <http://www.abrapex.com.br/01OqueeEPS.html>. Acesso em: 2 fev. 2009.
CORDINI, J. O terreno e sua representao. 2004. Disponvel em: <www.topograa.ufsc.br/
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GOMES. Franciele Lemes et al. Em prol do ensino de geograa: projetos desenvolvidos no
Legeo-UFU. In: ENCONTRO DE GEGRAFOS DA AMRICA LATINA, 10., 2005, So Paulo.
Anais... So Paulo:AGB, 2005.
GRANELL-PREZ. Maria Del Carmen. Trabalhando geograa com as cartas topogrcas.
Iju, RS: Ed. Uniju, 2001.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA - IBGE. Atlas geogrco escolar.
4. ed. Rio de Janeiro, 2007. 216 p.
LOMBARDO, M. A.; CASTRO, J. F. M. O uso de maquete como recurso didtico. Revista
Geograa e Ensino, Belo Horizonte, UFMG/IGC/Departamento de Geograa, v. 6, n. 1, p.
81 - 83, 1997.
Aula 1
21
LUZ, Roberto Teixeira; FREITAS, Silvio Rogrio Correia de; DALAZOANA, Regiane.
Acompanhamento do Datum Altimtrico IMBITUBA atravs das Redes Altimtrica e
Maregrca do Sistema Geodsico Brasileiro. In: CONGRESO INTERNACIONAL DE CIENCIAS
DE LA TIERRA, 7., 2002, Santiago, Chile. Anais... Santiago, Chile, 2002. Disponvel em:
<ftp://geoftp.ibge.gov.br/documentos/geodesia/artigos/2002-Acompanhamento_Imbituba_
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SIMIELLI, M. E. R. et al. Do plano ao tridimensional: a maquete como recurso didtico.
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VENTURI, Lus Antnio Bittar. Praticando geograa: tcnicas de campo e laboratrio. So
Paulo: Ocina de Textos, 2008.
WIKIPDIA. Margrafo. Disponvel em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Margrafo>. Acesso
em: 2 fev. 2009.
Anotaes
22
Aula 1
Anotaes
Aula 1
23
Anotaes
24
Aula 1
As representaes
tridimensionais digitais do relevo
Aula
Apresentao
esta aula, voc vai ver que a cartograa tem se beneciado das tcnicas de computao
grca que facilitam a representao de dados, transformando-os em informaes
visuais, mas sempre levando em conta os princpios que norteiam a cartograa
enquanto cincia. Vai perceber que a cartograa atual faz com que o usurio reconhea as
informaes representadas no mapa e seja capaz de aumentar o seu conhecimento atravs da
visualizao. Alm disso, voc vai estudar os conceitos bsicos relacionados com essa forma
de representao de dados, bem como exemplos e os principais usos e aplicaes da tcnica
de representao em 3D.
Objetivos
1
2
3
Aula 2
27
Vamos denir
alguns conceitos primeiro?
Um dos grandes desaos da cartograa sempre foi representar a forma tridimensional
do nosso planeta em um plano. Contudo, os grandes avanos tecnolgicos ocorridos nas
ltimas dcadas tm possibilitado a extrao de feies e o estudo de fenmenos geogrcos
que ocorrem na superfcie terrestre em suas trs dimenses, atravs do Modelo Numrico de
Terreno (MNT).
Voc deve se perguntar: mas o que um MNT? Um Modelo Numrico de Terreno (MNT)
uma representao matemtica computacional da distribuio de um fenmeno espacial
contnuo que ocorre dentro de uma determinada regio da superfcie terrestre.
Burrough (1986) dene o Modelo Numrico de Terreno como uma representao digital
da variao contnua do relevo no espao. Esse modelo seria, ento, segundo Liporacci et al.
(2003), nada mais do que uma representao matemtica da realidade geogrca, onde se
tem conhecido um conjunto nito de pontos com coordenadas (X, Y e Z). A partir desses
pontos, todas as informaes relativas superfcie das quais eles fazem parte se interpolam.
Principais usos
dos modelos numricos de terreno
28
Aula 2
9
9,5
Aula 2
29
Esse tipo de interpolao usado para dados coletados pontualmente, como, por
exemplo, topograa. O processo de interpolao segue o roteiro mostrado na Aula 15 da
disciplina Leituras Cartogrcas e Interpretaes Estatsticas I As formas de representao
do terreno. Pode ser usado para gerar contorno, como mapa de curvas de nvel, baseado em
interpoladores exatos (ou seja, aqueles que mantm os valores dos pontos de entrada, e, assim,
a superfcie passa em todos os pontos conhecidos).
Atividade 1
Em sua opinio, o que diferencia uma representao cartogrfica em trs
dimenses de uma outra em duas dimenses? O que possvel encontrar em
uma que no esteja presente na outra?
30
Aula 2
Aula 2
31
32
Aula 2
Aula 2
33
Os dados do SRTM podem ter uma grande aplicabilidade, j que esto disponveis para
toda a Amrica do Sul.
SRTM
Atividade 2
Considerando que os Modelos Numricos de Terreno so obtidos a partir de
dados altimtricos (altitude do terreno), alm de mapas topogrcos e dos
produtos do SRTM apresentados aqui, que outra fonte voc imagina que possa
fornecer esses dados?
34
Aula 2
a)
Aula 2
35
b)
Exposio de vertentes Mostra a direo das encostas. Pode ser medida em graus, a
partir do Norte, de 0 a 3600, em superfcies planas.
c)
Representao de paisagens
em trs dimenses
De uma forma geral, qualquer representao grca de um objeto se apresenta com
duas dimenses, que so comprimento e largura. No entanto, com o auxlio de tcnicas
computacionais descritas anteriormente, alm de outros recursos, pode-se fazer com que
a representao nos apresente uma terceira dimenso, que a profundidade. Naturalmente,
isso nos oferece a possibilidade de ver uma maior semelhana entre o real e o que est sendo
representado. A seguir, voc vai ver a representao de paisagens em trs dimenses, para
que faa as relaes com o que estamos falando.
36
Aula 2
Aula 2
37
38
Aula 2
Figura 15 Mesma imagem da Figura 14, observada com outro ngulo de visada e de elevao.
Aula 2
39
Resumo
Voc viu nesta aula que, para um melhor entendimento das formas dos objetos
que esto distribudos sobre a superfcie da Terra, necessrio conhecer a sua
dimensionalidade no total, ou seja, necessrio que qualquer elemento a ser
analisado seja avaliado respeitando seu comportamento tridimensional. Esse
comportamento dado pelo seu posicionamento horizontal (coordenadas
x, y) e vertical (coordenada z). Voc aprendeu, tambm, que a representao
cartogrca tridimensional possui um grande potencial didtico, uma vez que
representar os objetos na sua forma tridimensional facilita consideravelmente a
compreenso de como os fenmenos ocorrem e como esto distribudos sobre
a face da Terra. Nessa aula voc estudou, ainda, como os elementos do relevo
podem ser representados em suas trs dimenses, e como podemos chegar a
essa representao, nos Modelos Numricos de Terreno, atravs da utilizao de
modernas tcnicas que facilitam a modelagem matemtica em computadores.
Autoavaliao
40
Aula 2
O que MTN?
Referncias
BONHAM-CARTER, G. F. Geographic information systems for geoscientists: Modellingwith
GIS. Ottawa: Pergamon, 1994. 398p.
BURROUGH, P. A. Principles of geographical information systems for land resources
assessment. New York: Clarendon Press; Oxford Press, 1994.
FELGUEIRAS, C. A.; CMARA, G. Modelagem numrica de terreno. In: CMARA, Gilberto;
DAVIS, Clodoveu; MONTEIRO, Antnio Miguel Vieira (Org.). Introduo cincia da
geoinformao. [s.l]: [s.n], [20-?]. Disponvel em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livros>.
Acesso em: 2 fev. 2009.
LIPORACI, S. R. et al. Comparao entre diferentes tcnicas digitais para elaborao do modelo
digital de terreno e da carta de declividades, com aplicao em mapeamento geolgicogeotcnico e anlise ambiental. Holos environment, v. 3, n. 2, p. 85 102, 2003.
REIS, R. B. et al. O uso de produtos de sensoriamento remoto gratuitos na representao
do Relevo: um potencial para a educao. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO
REMOTO, 12., 2005, Goinia. Anais... Goinia: INPE, 2005. p. 1337-1344.
Aula 2
41
Anotaes
42
Aula 2
Os cartogramas temticos
qualitativos e a anlise geogrca
Aula
Apresentao
Objetivos
1
2
Aula 3
45
46
Aula 3
3HFp
)RUWDOH]D
$oXGH*DYLmR
$oXGH5LDFKmR
$oXGH3DFRWL
,WDLWLQJD
$oXGH3DFDMXV +RUL]RQWH
5LR3LUDQJL
&HDUi
3HULPHWURLUULJDGR
7DEXOHLURGH5XVVRV
0RUDGD1RYD
$oXGH%DQDEXL~
$oXGH
&XUUDO9HOKR
$oXGH
&DVWDQKmR
3,
1
2
3%
/
6
3(
7UHFKR$oXGH&DVWDQKmRDR$oXGH&XUUDO9HOKRNP
7UHFKR$oXGH&XUUDO9HOKRj6HUUDGR)pOL[NP
7UHFKR6HUUDGR)pOL[DR$oXGH3DFDMXVNP
7UHFKR$oXGH3DFDMXVDR$oXGH*DOYmRNP
7UHFKR$oXGH*DOYmRDR3DFpPNP
7RWDONP
Aula 3
47
Atividade 1
Pesquise, na biblioteca do seu polo ou em sites de pesquisas cientcas na internet, e responda:
a)
b)
48
Aula 3
Anamorfose
cartogrca
Forma de representao
estudada na Aula 3 As
formas de expresso
da Cartograa - da
Disciplina Leitura
Cartogrca e
Interpretao Estatstica
I, pginas 8 e 9.
Os cartogramas
temticos qualitativos
Todas as ocorrncias espaciais nas quais a existncia, a localizao e a extenso sejam
os principais objetivos a serem alcanados incluem-se no rol das representaes cartogrcas
qualitativas. Segundo Martinelli 2003, p. 27,
Aula 3
49
Cartogramas com
smbolos pontuais nominais
o representados com o uso de pontos todos os fenmenos que podem ser expressos
de maneira localizada, mesmo que relativamente, com a insero de um ponto em seu
local de ocorrncia. Evidentemente, a escala do fundo de mapa que determina o grau
de generalizao com o qual ser feita essa insero. Assim, em escalas grandes, o ponto ter
uma localizao mais real; ao contrrio, em escalas menores, o ponto ser mais esquemtico.
Alm disso, importante dizer que os pontos podem assumir formas diferentes,
geomtricas ou no, assim como orientaes diferentes. Inclusive, quando necessrio, a
varivel cor pode ser usada, permitindo a representao de uma maior variedade de qualidades.
Extrapolando-se a congurao original do ponto, possvel atribuir signicado de ponto
para os smbolos iconogrcos, ou seja, aqueles que, desenhados artisticamente, evocam de
maneira direta o tema que representam.
Pictograma
Um pictograma (do
latim pictu - pintado
+ grego caractere, letra) um
smbolo que representa
um objeto ou conceito
por meio de desenhos
gurativos.
50
Aula 3
$UHLD%UDQFD
3RUWRGR0DQJXH
0RVVRUy
0DFDX
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GR0HO
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j&ULDQoDHDR$GROHVFHQWH
NP
No entanto, cartogramas como esse dependem muitas vezes de habilidades artsticas para
a criao das guras iconogrcas, exigindo, tambm, recursos tcnicos para a sua elaborao.
importante lembrar que a localizao espacial dos smbolos sempre aproximada, pois no
inteno de quem elabora esse tipo de cartograma oferecer uma localizao precisa.
Com o objetivo de mostrar a distribuio espacial de uma determinada realidade, podemos
produzir representaes mais simples em termos de elaborao, como os cartogramas de
pontos feitos com variaes de guras geomtricas bsicas (crculos, quadrados e tringulos)
que podem ser exploradas na criao de uma linguagem visual (legenda) bastante rica.
Um exemplo bem prtico disso pode ser o cartograma da distribuio dos recursos
minerais do Rio Grande do Norte (Figura 3), no qual uma grande variedade de tipos
mineralgicos pode ser representada apenas com uma legenda feita a partir de variaes
dessas trs guras.
Aula 3
51
52
Aula 3
Mossor
Mossor
Natal
Mossor
Natal
Argila
Barita
Mossor
Mossor
Mossor
Natal
Calcrio
Cassiterita
Mossor
Caulin
Mossor
Natal
Natal
Natal
Micas
Tantalita
Mossor
Mossor
Berilo
Natal
Natal
Mossor
Natal
gua Mineral
Mossor
Natal
Natal
Petrleo
Schelita
Natal
guas Marinhas
Aula 3
53
Atividade 2
No Rio Grande do Norte, uma atividade econmica tem se destacado nos ltimos 20
anos: o turismo. Inicialmente vinculado a caractersticas marcantes do Estado, que so o
Sol e o mar, o turismo no nosso Estado, hoje, tambm envolve outras modalidades, como o
esportivo, o religioso e o cultural.
54
Aula 3
Cartogramas com
smbolos lineares nominais
Linha de cumeada
Linha de cumeada: linha
formada pelos pontos
mais altos da montanha
ou cordilheira, no
sentido longitudinal.
Aula 3
55
Um dos tipos mais usuais de cartogramas elaborados com o uso de linhas o uxograma.
Eles so feitos com o claro objetivo de mostrar deslocamentos dos mais variados, como rotas
de transporte, destinos tursticos, direo de ventos e de correntes marinhas, uxos migratrios
humanos e de animais. Nesse tipo de cartograma, praticamente obrigatrio que as linhas
sejam elaboradas em formas de setas que indiquem direes. Por esse motivo, tm um forte
apelo enquanto mensagem, pois determinam uma leitura bem direta do fato representado e
no deixam dvidas quanto s direes dos diferentes deslocamentos. Quando se referem a
intensidades, como nos uxogramas de trfego, por exemplo, so quantitativos.
56
Aula 3
Esse recurso pode ser usado para quaisquer ocorrncias espaciais dinmicas relacionadas
a espaos grandes, como o do planeta, e tambm em espaos pequenos, como a planta baixa
de um prdio. A idia indicar as direes dos deslocamentos.
Aula 3
57
Atividade 3
Pesquise na Internet as migraes internas no nosso pas e represente, no mapa-base
do Brasil a seguir, os principais uxos migratrios entre os Estados brasileiros nas ltimas
dcadas. Use linhas de mesma espessura como setas indicando os destinos. Se quiser,
represente cada dcada por uma linha de forma diferente tracejada, pontilhada, contnua etc.
58
Aula 3
Cartogramas corocromticos
Arranjo
A varivel padro, que foi
estudada por Robinson et
al (1995), uma varivel
seletiva. Por isso, pode ser
utilizada em cartogramas
corocromticos,
permitindo a distino
entre os diferentes
aspectos da representao.
Granulao
BIOMA AMAZNIA
BIOMA
CAATINGA
BIOMA CERRADO
BIOMA
PANTANAL
BIOMA MATA
ATLNTICA
BIOMA
PAMPA
Aula 3
59
importante lembrar que o cartograma corocromtico, assim como qualquer outro tipo
de cartograma, ser elaborado a partir de um mapa-base. Esse mapa-base deve ser de boa
qualidade no que se refere s formas das unidades poltico-administrativas, quando o caso,
ou unidades de reas, como os biomas apresentados acima. Essas qualidades dependem do
trabalho dos especialistas que elaboram a Cartograa Sistemtica do espao estudado.
Considerando-se que na atualidade muitos mapas-base esto disponveis, e que existe
certa facilidade para muitos usurios elaborarem mapas no computador, sempre bom lembrar
que existem regras a serem observadas quando se pretende mostrar a distribuio espacial de
um tema. Por exemplo: preciso evitar que uma representao qualitativa denote quantidades,
ou seja, que o uso de cores ou de tonalidades no seja associado a proporcionalidades entre os
objetos visualizados. Na Figura 8, os tons suaves servem apenas para denir as reas territoriais.
REGIO
METROPOLITANA
DE NATAL
Cear-Mirim
OCEANO
ATLNTICO
Extremoz
So Gonalo
do Amarante
Macaba
NATAL
Parnamirim
So
Jos de
Mipibu
Nsia
Floresta
Tambm bom observar que uma mesma cor, quando empregada no preenchimento
de reas de tamanhos diferentes, pode parecer mais forte numa rea pequena que numa
rea grande. As texturas devem servir apenas para distinguir reas, e no para lhes atribuir
importncia maior ou menor.
60
Aula 3
Atividade 4
Observe o cartograma temtico a seguir e faa uma leitura do mesmo a partir das formas
de insero das informaes qualitativas nele representadas. Ou seja, descreva o que est
representado em forma de pontos, linhas e reas.
Aula 3
61
Resumo
Voc viu, nesta aula, que os cartogramas qualitativos tratam de uma forma de
representao cartogrca bastante signicativa, pelas possibilidades de leitura
que oferece para os mais variados temas de interesse da Geograa e do seu
ensino. Na verdade, as ocorrncias espaciais qualitativas so representadas dando
nfase s questes da existncia, localizao e extenso; por isso, tm uma forte
vinculao com o mapa-base, cuja origem est na cartograa sistemtica. No
entanto, atravs do uso das primitivas grcas (ponto, linha e rea) e atravs
dos recursos das variveis visuais que podemos representar, em cartogramas
pontuais nominais, lineares nominais e corocromticos, temas relacionados tanto
ao meio fsico e bitico quanto ao meio socioeconmico.
Autoavaliao
1
O que um uxograma?
5
6
7
62
Aula 3
8
9
10
Referncias
ALMEIDA, R. D. Do desenho ao mapa: iniciao cartogrca na escola. So Paulo: Contexto, 2001.
BONIN, S. Novas perspectivas para o ensino da cartograa. Boletim Goiano de Geograa, v.
2, n. 1, p. 73 - 87, 1982.
CARVALHO, E. A.; FELIPE, J. L. F.; ROCHA, A. B. P. Economia do Rio Grande do Norte.
Joo Pessoa: Grafset, 2007.
CARVALHO, E. A. et al. Atlas do Rio Grande do Norte. 2. ed. Natal: Dirio de Natal, 2004.
IBGE lana o mapa de biomas do Brasil e o mapa de vegetao do Brasil, em comemorao ao
dia mundial da biodiversidade. Disponvel em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/
noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=169>. Acesso em: 12 ago. 2008.
MARTINELLI, M. Cartograa temtica: caderno de mapas. So Paulo: Edusp, 2003.
MARTINELLI, M. Um atlas geogrco escolar para o ensino-aprendizagem da realidade natural
e social. Portal da Cartograa, Londrina, v. 1, n. 1, p. 21 34, maio/ago., 2008. Disponvel em:
<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/portalcartograa>. Acesso em: 5 fev. 2009.
Aula 3
63
ROBINSON, A. M. et al. Elements of cartography. 6th ed. New York: John Wiley e Sons,
1995. 674 p.
SEMI-RIDO: blog. Disponvel em: <http://nossosemiarido.blogspot.com>. Acesso em:
28 dez. 2008.
WIKIPDIA. Pictograma. Disponvel em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pictogra
ma&oldid=13652356>. Acesso em: 7 jan. 2009.
Anotaes
64
Aula 3
Anotaes
Aula 3
65
Anotaes
66
Aula 3
Bases estatsticas
para as representaes
cartogrcas quantitativas
Aula
Apresentao
esta aula, vamos abordar questes relacionadas com o tratamento estatstico dos dados,
na perspectiva de prepar-los para a representao temtica em forma de cartogramas
quantitativos. Como sabemos, a obteno das informaes socioespaciais resultantes
da pesquisa cientca feita, na maior parte das vezes, atravs de abordagens que envolvem
observaes, entrevistas orais, preenchimento de questionrios, consultas a uma base de
dados e outras modalidades de instrumentos de investigao. A partir da, surge a necessidade
de organizar e classicar essas informaes, tornando-as mais compreensveis e possibilitando
a converso das mesmas em representaes visuais, objetivo maior da Cartograa.
exatamente neste momento em que se v a estreita relao entre Estatstica e Cartograa.
Uma conexo importante no processo de comunicao necessrio divulgao das temticas
que envolvem as relaes entre a natureza e a sociedade, em todos os lugares do mundo.
Assim, voc vai estudar nessa aula, basicamente, como traduzir, atravs de mtodos e tcnicas
estatsticas, as informaes geocartogrcas de natureza quantitativa oriundas do mundo em
que vivemos, possibilitando a sua converso em documentos cartogrcos que as expressem
de forma visual. Boa aula!
Objetivos
1
2
3
Aula 4
69
70
Aula 4
Unidades da Federao
Roraima
Amazonas
Mato Grosso
Amap
Acre
Tocantins
Par
Rondnia
Mato Grosso do Sul
Piau
Gois
Maranho
Bahia
Minas Gerais
Rio Grande do Sul
Paran
Cear
Rio Grande do Norte
Santa Catarina
Paraba
Esprito Santo
Pernambuco
Sergipe
Alagoas
So Paulo
Rio de Janeiro
Distrito Federal
Hab/km2
2
2
3
4
4
4
6
6
6
12
17
18
25
33
38
52
55
57
62
65
73
86
89
109
160
353
423
Atividade 1
Responda as questes a seguir. Se achar necessrio pesquise na internet ou na
biblioteca do seu polo para dar a sua resposta.
1
2
Aula 4
71
Tcnicas de
classicao de dados
Como armamos anteriormente, os dados resultantes de pesquisas no meio fsico-natural
ou no meio socioeconmico, dicilmente podem ser representados cartogracamente sem
que precisem ser classicados atravs de tcnicas estatsticas.
A primeira etapa do processo de representao o agrupamento dos valores em
classes cuja denio uma condio essencial na execuo do cartograma.
[...] O agrupamento em classes um trabalho bastante complexo, em virtude da
generalizao que acompanha a classicao ou simplicao feita no conjunto dos
dados. (CARVALHO, 1990, p. 44).
a)
Estabelecimento prvio
um procedimento muito comum adotado por muitos que elaboram mapas e cartogramas,
para se estabelecer intervalos de classe. Os critrios so meramente subjetivos, resultando
da simples observao dos dados em uma tabela. Por isso no um critrio recomendado,
a menos que os dados tenham uma distribuio muito homognea. No caso das densidades
acima, poderamos, por exemplo, determinar aleatoriamente um nmero de 6 classes.
Assim, teramos intervalos que iriam variar de:
4
Como se v, as classes so
bem abrangentes e por isso
na primeira classe cam 22
estados, outras trs classes
cam com apenas 1 estado
cada e h ainda uma classe
(a quarta) onde no existe
representao.
12
17
38
52
62
65
109
160
423
Como podemos ver, um critrio bem subjetivo, uma vez que no se apia em uma lgica que
justique a formao das classes, a no ser a tentativa de distribuir os dados com certa regularidade.
72
Aula 4
Nas primeiras quatro classes essa distribuio relativamente bem feita. No entanto, especialmente
na ltima classe se juntam duas densidades bem distantes em uma mesma classe.
b)
A amplitude total dos dados uma maneira de se obter intervalos de classe na qual
se toma a diferena entre o maior e o menor dos dados e divide-se por 5 ou por 10. Esses
parmetros so aceitos como os que compreendem a faixa de intervalos de classes mais
comuns. Adotando-se a diviso por 5 teramos a diferena entre o maior e o menor dos dados
(423 2 = 421). Dividindo-se 421 por 5 temos 84,2 e esta passaria a ser a amplitude de cada
classe. De incio j d para perceber que as classes sero muito amplas.
Os intervalos de classe seriam:
2
86,2
86,2
170,4
170,4
254,6
254,6
338,8
338,8
423
44,1
44,1
86,2
86,2
128,3
128,3
170,4
170,4
212,5
212,5
254,6
254,6
296,7
296,7
338,8
338,8
380,9
380,9
423
Aula 4
73
Mesmo nessa nova diviso mais detalhada, no h como evitar que em algumas classes
sejam includos um grande nmero de estados como o caso da primeira classe e em outras,
muito poucos ou at mesmo nenhum, como nas quatro classes que vo de 170,4 at 338,8.
Esta tcnica de classicao seria mais conveniente para dados mais homogneos e sem
disparidades to grandes entre nmeros grandes e pequenos.
Poderamos ainda tentar dividir por outros nmeros entre 5 e 10, a m de encontrar
intervalos mais interessantes.
Atividade 2
1
2
3
c)
Grco de freqncia
74
Aula 4
2
3
4
12
6
423
Atividade 3
Classique os dados a seguir a partir da tcnica do grco de frequncia. Quantas
classes sero criadas?
Comente o uso dessa tcnica de classicao indicando as vantagens e desvantagens
do seu uso.
RN Melancia, rea colhida segundo os municpios 2007.
Municpios
Flornia
Parelhas
Marcelino Vieira
Jos da Penha
Timbaba dos Batistas
Ipueira
Jardim do Serid
Bod
Parazinho
So Jos do Serid
Umarizal
Tibau
Ouro Branco
So Vicente
So Joo do Sabugi
Grossos
Pedra Grande
Guamar
Jandara
Serra Negra do Norte
Felipe Guerra
Jardim de Piranhas
rea colhida
(ha.)
1
1
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
3
3
4
4
5
5
5
5
5
6
Caic
Cruzeta
Acari
Frutuoso Gomes
Pedro Avelino
Pendncias
Santana do Matos
Para
Carabas
Apodi
Nsia Floresta
Porto do Mangue
Itaj
Governador Dix-Sept Rosado
Afonso Bezerra
Alto do Rodrigues
Carnaubais
Ipanguau
Upanema
Touros
Barana
Mossor
Serra do Mel
8
8
8
10
10
10
10
10
10
12
20
20
20
25
30
30
40
80
100
180
200
200
3.000
Aula 4
75
d)
n+1
onde n o nmero de
4
casos ou de ocorrncias. Como o nome sugere, a classicao pelo processo dos quartis
leva ao estabelecimento de apenas quatro classes para os dados. No exemplo dado temos 27
ocorrncias, ou seja, n = 27. Aplicando a frmula teremos:
n+1
4
27 + 1
28
Q=
=
= 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4
4
27 + 1
54
Q2 = 2
=
= 14 . . . . . . . . . . . . . . . 14
4
4
27 + 1
84
Q3 = 3
=
= 21 . . . . . . . . . . . . . . . 21
4
4
Q=
12
33
38
73
86
423
Arredondados
O D1 ir do 1 ao 3 e
o D10 do 26 ao 27
nmeros da srie. o
restante dos dados. Como
no caso dos quartis,
ser necessrio adaptar
as conguraes das
classes de acordo com as
repeties encontradas.
76
Aula 4
e)
n+1
, o processo dos
10
decis resulta no estabelecimento de 10 classes para os dados. Os decs tambm denem as
classes a partir de uma ordem crescente dos dados e por isso, os valores decimais dos decs
precisam ser arredondados.
27 + 1
28
=
= 2, 8
10
10
27 + 1
54
D2 = 2
=
= 5, 4
10
10
27 + 1
84
D3 = 3
=
= 8, 4
10
10
27 + 1
112
D4 = 4
=
= 11, 2
10
10
27 + 1
140
D5 = 5
=
= 14, 0
10
10
27 + 1
168
D6 = 6
=
= 16, 8
10
10
27 + 1
196
D7 = 7
=
= 19, 6
10
10
224
27 + 1
=
= 22, 4
D8 = 8
10
10
252
27 + 1
=
= 25, 2
D9 = 9
10
10
D1 =
arrendondado para 3
arrendondado para 5
arrendondado para 8
arrendondado para 11
arrendondado para 14
arrendondado para 17
arrendondado para 20
arrendondado para 22
arrendondado para 25
4
6
12
17
18
33
38
55
57
65
73
86
89
160
353
423
f)
A tcnica baseia-se na mdia e na amplitude total dos dados. Nesse caso a mdia do
conjunto dos dados X = 65, 34 . Para o estabelecimento dos trs primeiros intervalos a
frmula :
I=
X valor mnimo
3, 5
Aula 4
77
X valor mnimo
3, 5
65, 34 2
63, 34
I=
=
= 18, 10
3, 5
3, 5
I=
Dessa maneira, a partir do valor mnimo que 2, soma-se 18,10 para se obter o primeiro
intervalo, a este soma-se mais 18,10 para o segundo e novamente para o terceiro intervalos.
Para estabelecer os trs ltimos intervalos a frmula :
II =
valor mximo X
3, 5
valor mximo X
3, 5
423 65, 34
357, 66
II =
=
= 102, 19
3, 5
3, 5
II =
Os trs primeiros
Os trs ltimos
20,10
20,10
38,20
38,20
56,30
56,30
116,43
116,43
218,62
218,62
320,81
320,81
423
Como podemos constatar o quarto intervalo de classe formado pelo limite superior do
terceiro e pelo limite inferior do quinto intervalos.
Atividade 4
Das tcnicas de classicao apresentadas at aqui, escolha a que seja mais adequada
para representar os dados a seguir.
78
Aula 4
Quantidade (litros)
50
50
50
60
70
80
80
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
100
120
136
150
150
150
150
150
150
150
150
150
160
170
186
200
200
200
200
220
250
290
300
300
320
410
420
550
584
8406
Aula 4
79
sua resposta
g)
Esta uma das tcnicas consideradas mais complexas e isso se deve ao elevado
nmero de operaes matemticas necessrias elaborao das matrizes numricas que
iro denir as classes aps os sucessivos agrupamentos dos nmeros em pares recprocos.
Na primeira matriz os nmeros dispostos na primeira coluna e na primeira linha so subtrados
reciprocamente de modo que se forma uma linha diagonal que vai da primeira coluna e primeira
linha ltima coluna e ltima linha, revelando os resultados das subtraes de cada nmero
por ele mesmo que zero e de cada um pelos outros.
Assim, segue-se subtraindo cada nmero da primeira linha pelo primeiro nmero da
primeira coluna. Depois, pelo segundo nmero da primeira coluna e assim por diante. Aps
esse procedimento ser possvel realizar os agrupamentos dos pares recprocos. A formao
desses pares feita considerando-se a menor distncia (diferente de zero) entre os valores.
Assim, a menor distncia de 2 com o 3 e esses dois nmeros formam um par recproco
com distncia de 1 unidade. A menor distncia do 4 com o 3, mas este j formou um par
com o 2. Ento, segue-se agrupando nmeros que ainda no foram agrupados com outros
com os quais tenham a menor distncia. Nessa primeira matriz, sero assinalados os pares
que podem ser formados.
80
Aula 4
Esses pares formados e os resduos (nmeros que no se agruparam) sero levados para
a segunda matriz na qual sero formados novos pares. Pode-se formar os pares com a menor
ou com a maior distncia entre pares e resduos. Por exemplo: a menor distncia do par 2/3
com o resduo 4 1. A maior distncia 2. Na srie que estamos trabalhando, optamos por
usar a maior distncia entre os pares e os resduos, o que ir nos conduzir formao de novos
agrupamentos com os afastamentos entre os valores ou grupos de valores. Os agrupamentos
e reagrupamentos sucessivos vo formar classes cada vez mais amplas at que todos os
valores sejam agrupados em uma s classe, fornecendo assim, o mximo de generalizao.
Ento, vamos s matrizes de afastamentos!
1 Matriz de Afastamentos
Veja e analise a matriz a seguir:
12
17
18
25
33
38
52
55
57
62
65
73
86
_
1
10
15
16
23
31
36
50
53
55
60
63
71
84
_
1
14
15
22
30
35
49
52
54
59
62
70
83
13
14
21
29
34
48
51
53
58
61
69
82
11
12
19
27
32
46
49
51
56
59
67
80
12
10
13
21
26
40
43
45
50
53
61
74
77
97
17
15
14
13
11
_
1
16
21
35
38
40
45
48
56
69
72
92
18
16
15
14
12
_
1
15
20
34
37
39
44
47
55
68
71
91
25
23
22
21
19
13
13
27
30
32
37
40
48
61
64
84
33
31
30
29
27
21
16
15
_
5
19
22
24
29
32
40
53
56
76
38
36
35
34
32
26
21
20
13
_
5
14
17
19
24
27
35
48
51
71
52
50
49
48
46
40
35
34
27
19
14
10
13
21
34
37
57
55
53
52
51
49
43
38
37
30
22
17
_
2
10
18
31
34
54
57
55
54
53
51
45
40
39
32
24
19
_
2
16
29
32
52
62
60
59
58
56
50
45
44
37
29
24
10
_
3
11
24
27
47
98
291 361
65
63
62
61
59
53
48
47
40
32
27
13
10
_
3
21
24
44
95
288 358
73
71
70
69
67
61
56
55
48
40
35
21
18
16
11
13
16
36
87
280 350
86
84
83
82
80
74
69
68
61
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70
Aula 4
81
Pares e resduos
Distncia
Pares e resduos
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423
A segunda matriz ser formada pela sequncia de pares e resduos oriundos da primeira
matriz e assim por diante at a ltima matriz.
2 Matriz de Afastamentos
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Aula 4
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Aula 4
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Pares e
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Distncia
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Distncia
Pares e resduos
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10 Matriz de Afastamentos
86
Aula 4
2/160
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_
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Par formado
Distncia mxima
2/423
421
Distncia
A maior distncia encontrada entre os dados foi 421 e esse valor corresponde a 100%
de perda de detalhes. Atravs de uma regra de trs simples, calcula-se o percentual de perda
de detalhes de cada um dos afastamentos. Por exemplo: para um afastamento de 1 a perda
de detalhes ser de 0,24% conforme o clculo abaixo:
421
100%
= 0,24%
Afastamentos / %
Afastamentos / %
5
1,19
Afastamentos / %
21
4,99
Afastamentos / %
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25,42
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100,00
Aula 4
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20%
20%
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100%
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160
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109
160
353
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Com 10% .......
38
52
73
86
109
160
353
423
88
Aula 4
Existem outras tcnicas estatsticas para estabelecer intervalos de classe alm das que
apresentamos. A adoo adequada de qualquer uma das tcnicas mostradas certamente
ser melhor do que fazer uma classicao aleatria dos dados. Sabemos que impossvel
representar dados sem generaliz-los, mas uma classicao correta dos dados possibilitar
uma leitura correta das informaes quantitativas dispostas sobre um mapa-base de modo a
permitir ao usurio uma viso verdadeira dos fatos representados.
Resumo
Nesta aula voc estudou algumas das principais tcnicas de classicao de
dados para ns de mapeamento. importante ressaltar que o ato de classicar
os dados constitui-se em uma das mais importantes etapas a se realizar quando
se intensiona elaborar um cartograma quantitativo, seja qual for a maneira como
os dados se apresentem. A maioria dos que elaboram esse tipo de cartograma
costuma escolher os intervalos de classe de maneira aleatria, sem o devido
amparo em uma tcnica de estatstica que respalde a sua escolha. Essa atitude
leva quase sempre elaborao de representaes cartogrcas inexpressivas
ou mesmo confusas. Na escolha de uma das tcnicas apresentadas importante
considerar o comportamento geral dos dados a m de se determinar aquela
tcnica que seja a mais adequada a represent-los de forma verdadeira e
que facilite o entendimento. Sugerimos que se analise com cuidado todas as
tcnicas aqui mostradas e que de acordo com a necessidade de apresentar as
informaes mais detalhadas ou mais generalizadas, seja escolhida a que seja
mais conveniente.
Autoavaliao
1
Aula 4
89
Oservao Veja que so poucos os nmeros. E aqui vai uma dica. No necessrio fazer
todas as subtraes. Basta subtrair cada nmero por ele mesmo e pelo seu vizinho. Assim
ser mais fcil fazer.
2
_
1
_
1
7
8
11
11
Referncias
CARVALHO, E. A. Os cartogramas tematicos e sua utilizao pela geograa. Natal: Cooperativa
Cultura; UFRN, 1990. 65p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATSTICA IBGE. Contagem da populao 2007:
populao recenseada e estimada, segundo as grandes regies e as unidades da federao
- 2007. Disponvel em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/contagem2007/
contagem_nal/tabela1_1.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2008.
LOCH, R. E. N. Cartograa: representao, comunicao e visualizao de dados espaciais.
Florianpolis: Ed. da UFSC, 2006.
MARTINS, G. de A.; DONAIRE, D. Princpios de estatstica. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1979.
ROCHA, M. V. da. Curso de estatstica. 3. ed. revista e ampl. Rio de Janeiro: IBGE, 1999.
TOLEDO, G. L.; OVALLE, I. I. Estatstica bsica. 2. ed. So Paulo: Atlas, 1985.
90
Aula 4
Anotaes
Aula 4
91
Anotaes
92
Aula 4
Os cartogramas
temticos quantitativos
Aula
Apresentao
esta aula voc estudar especicamente algumas das diferentes tcnicas de elaborao
dos cartogramas temticos quantitativos, um dos recursos mais importantes para a
compreenso de uma grande variedade de temticas hoje tratadas pela Geograa e
tambm por prossionais de outras reas ans. Em virtude das facilidades cada vez maiores
de manuseio com as informaes e com os dados oriundos do mundo real, a necessidade
da produo de cartogramas temticos deve fazer parte da realidade em muitas reas do
conhecimento e por isso a sua importncia em estud-los.
Na nossa rea de estudos, entendemos que voc, futuro professor de Geograa, deve estar
capacitado para produzir cartograa temtica a partir de dados estatsticos que hoje, mais do que
nunca, so ampla e facilmente disponibilizados. Alm disso, voc deve utilizar essas representaes
em sala de aula, contribuindo para elevar o nvel de compreenso dos assuntos tratados.
Por m, voc vai ver que ajudar a compreender a realidade uma das principais
nalidades da cartograa temtica. Boa aula!
Objetivos
1
2
3
Aula 5
95
Os diferentes
cartogramas quantitativos
96
Aula 5
Cartogramas de pontos
Aula 5
97
Na gura 2, alm dos aspectos citados na gura anterior, podemos observar uma
representao bastante signi cativa de pontos inseridos nas reas de ocorrncia do
fenmeno representado (Shopping Centers). Note-se que no h uma legenda indicando
quanto vale cada ponto e o ttulo no indica o local nem a poca a que se refere
informao. So omisses que no se pode cometer, sob pena de se passar para o leitor,
uma informao dbia do fato que se deseja representar.
98
Aula 5
Atividade 1
Procure no site <www.ibge.gov.br>, os dados de populao dos Estados da regio
Nordeste do Brasil e represente-os no mapa-base a seguir. Antes de representar, analise os
dados e veja qual o valor que deve ser atribudo a cada ponto, observando a rea e a populao
de cada Estado, especialmente o maior e o menor.
Aula 5
99
Cartogramas de
uxos ou uxogramas
b
Nmero de banhistas
(em mil)
MIgrao (familias)
0 - 100
10
20
100 - 500
30
500 - 1000
40
1000 - 1500
50
10
20
<10
30
40
50
60<
100
Aula 5
>1500
Aula 5
101
Estudos mais recentes na rea da Cartograa Temtica apresentam novas propostas para
o traado de cartogramas de uxos. Essas propostas incluem o uso de smbolos proporcionais
mostrando quantidades em determinados lugares, ligados por linhas de espessuras uniformes
indicando as direes dos uxos. Sem contar que estes crculos podem ser substitudos por
outras guras geomtricas, alm de poder serem feitos com cores diferentes.
A Figura 5 apresenta duas dessas maneiras de representar cartogramas de uxos.
102
Aula 5
Atividade 2
1
2
3
4
Cartogramas Coroplticos
Aula 5
103
a)
Primeiro: uma anlise da mdia pela qual a representao ser veiculada (impresso
em livro, jornal, revista, banner, ou digital para apresentar na internet, em projetor
multimdia, ou mesmo na televiso).
b)
Segundo: Inclui tambm o conhecimento do pblico-alvo e sua faixa etria, o que inui
no grau de detalhamento a ser adotado.
O cartograma da Figura 5 foi elaborado com dados municipais obtidos atravs do Censo
Demogrco realizado pelo IBGE no ano de 2000. Observemos que os dados foram agrupados
em seis classes, de maneira que as quatro primeiras (as de baixo da legenda) se referem a
densidades mdias e principalmente baixas que ocorrem na maior parte do pas. As densidades
mais altas esto relacionadas, em geral, s reas das capitais e das regies metropolitanas.
104
Aula 5
Atividade 3
Os dois cartogramas a seguir foram elaborados com intervalos de classe distintos.
Faa uma leitura comparativa dos dois e descreva abaixo a sua anlise.
Aula 5
105
Cartogramas Isoplticos
interpolao
Interpolar nesse
caso signica inserir
um valor numrico
qualquer entre dois
plos (ou pontos) de
valores conhecidos.
pluvimetros
Instrumento
destinado medio
(em milmetros) da
quantidade de chuvas
que cai em uma
determinada rea.
106
Aula 5
Isoietas
Isopsas
Isbara
Isbata
Isgona
Isoterma
mesma temperatura
Atividade 4
1
2
3
4
Aula 5
107
Cartogramas com
guras proporcionais
50 000
52
= 2
25 000
R2
108
Aula 5
13, 5
R22 =
R2 = 3, 67 cm
50 000
25
= 2
25 000
R2
25 25 000
50 000
R22 = 13, 5
Sabemos que, para voc ou at mesmo para a maioria dos professores de Geograa, realizar
uma operao matemtica dessa natureza no tarefa fcil. Alm da complexidade inerente
operao, ainda h a falta de habilidade com os nmeros dos que lidam nessa rea. Alm disso,
se para elaborar um cartograma com guras proporcionais fosse preciso realizar individualmente
cada operao, a tarefa seria ainda mais penosa. Para sanar essa diculdade, existem os bacos
grcos, como o que foi elaborado por Csar (1958), com o qual possvel determinar facilmente
os tamanhos das guras proporcionais aos valores dos dados (Figura 7).
Observe que a gura do baco citado est resumida. Ela parte da gura original
desenvolvida pelo seu autor, na qual a escala original vai de 0 a 500 e, alm disso, composta
de duas partes: uma para as guras planas e outra para as guras volumtricas. Para essa
publicao selecionamos a parte do baco referente s guras planas. Observemos que a
escala numrica vai de 0 a 100. Isso signica que quaisquer dados que quisermos representar
podero ser inseridos nesse intervalo. Quer dizer, se em uma determinada regio eu tenho
vrios municpios e o maior apresenta uma populao de 300.000 habitantes, eu chamo o
valor 100 de 1.000.000, o valor 50 de 500.000 e o valor 30 de 300.000. Ou seja, a escala de
0 a 100 pode assumir outras dimenses; 0 a 100.000, 0 a 1.000.000, 0 a 10.000.000, etc.,
conforme a variabilidade dos dados.
Para determinar a proporcionalidade entre as guras preciso vericar o mapa-base
(fundo de mapa) para ver as dimenses das reas nas quais os dados sero inseridos.
Examinando o maior e o menor dos dados d para se determinar o raio de cada crculo ou o lado
de cada quadrado ou tringulo (conforme a gura que se queira utilizar). A proporcionalidade
ser obtida procurando o valor de cada um dos dados no espao (0 a 100) do baco e medindo
a distncia que vai da linha de base do baco (horizontal) at a linha da escala (A ou B). Essa
linha da escala ser traada levando em conta o espao existente para inserir a gura e os
valores a serem representados.
Aula 5
109
110
Aula 5
Como se pode ver, os dados so bem heterogneos e isso certamente levaria a uma
representao onde o maior dos dados caria muito grande, dicultando a visualizao dos
dados menores. Percebe-se claramente atravs desse tipo de representao que a comparao
entre os tamanhos dos smbolos fundamental para a leitura das informaes.
Outros tipos de representaes podem ser usados na inteno de possibilitar uma
comunicao cartogrfica esclarecedora da realidade. Em geral, os Atlas Geogrficos,
especialmente os de abrangncia nacional e mundial, trazem variaes desses cartogramas
aqui apresentados, alm de outras como os mapas diagramas (Figura 9), as anamorfoses, os
pictogramas quantitativos, que dependendo do tema que representam so bem signicativos.
Mapas diagramas so
mapas que apresentam
um diagrama em
cada unidade de rea.
So representaes
analticas e devem ser
examinados com mais
cuidado e tempo, j que
trazem informaes
detalhadas acerca do
tema representado.
diagramas
Aula 5
111
Atividade 5
1
2
3
Resumo
Nesta aula, tivemos a oportunidade de analisar os principais tipos de
cartogramas temticos destinados representao de dados quantitativos.
Ressaltamos que no mundo atual, boa parte das ocorrncias espaciais se
manifesta em forma de nmeros que coletados, direta ou indiretamente,
so depois elaborados e analisados para auxiliarem na compreenso dessas
ocorrncias. Mas os nmeros sozinhos no conseguem comunicar com
ecincia os aspectos da realidade que abordam. Os cartogramas temticos
quantitativos so parte da linguagem cartogrca e tm a possibilidade de
expressar com ecincia as ocorrncias espaciais. Atravs de pontos, uxos,
cores ou tonalidades, linhas de igual valor ou de guras proporcionais,
possvel o gegrafo ou um pro ssional de uma rea a m, elaborar uma
representao signi cativa de uma temtica que seja por ele estudada,
auxiliando na sua compreenso.
112
Aula 5
Autoavaliao
Busque na Internet ou na biblioteca do seu Plo um atlas geogrco do Brasil ou mundial.
Em seguida, faa o que se pede:
1
2
3
4
Veja quais as informaes que todos os cartogramas devem conter como: ttulo,
escala de representao, legenda.
Em seguida, relacione que tipos de cartogramas poderiam ser feitos para representar
os principais problemas sociais do seu municpio ou do seu estado.
Referncias
ARCHELA, Rosely Sampaio; THRY, Herv. Orientao metodolgica para construo e leitura
de mapas temticos. Conns, n. 3, jul./out. 2008. Disponvel em: <http://conns.revues.org/
document3483.html>. Acesso em: 5 fev. 2009.
CARVALHO, E. A. de; FELIPE, J. L. A. Atlas escolar do Rio Grande do Norte. Joo Pessoa:
Grafset, 2006.
CARVALHO, E. A. de; FELIPE, J. L. A.; ROCHA, A. P. B. Atlas do Rio Grande do Norte: ensino
mdio. Joo Pessoa: Grafset, 2007.
CESAR, Eldio Xavier Lenz. Solues grcas na cartograa de fenmenos quantitativos. Revista
Brasileira de Geograa, IBGE, ano XX, n. 1, 1958.
Aula 5
113
114
Aula 5
Aula
Apresentao
gura do globo terrestre, que um instrumento iconogrco por excelncia, est estreita
e simbolicamente ligada Geograa. Entretanto, seu uso tem sido feito muito mais
como objeto de decorao do que como instrumento didtico de inestimvel valor que
o . Tantas vezes visto complementando cenrios ao lado da bandeira nacional e adornando as
fotograas das crianas na Escola Fundamental, o globo , na maioria das vezes, negligenciado
pelos professores, que ou desconhecem o seu valor pedaggico, ou se sentem incomodados para
conduzi-los sala de aula e manuse-los. H at os que no os usam para que no estraguem.
Nesta aula, voc vai estudar o globo terrestre e seu uso prtico nas aulas de Geograa.
Objetivos
1
2
3
4
Aula 6
117
Informaes iniciais
sobre o uso do globo terrestre
ara comear, importante que voc saiba que em muitas situaes de ensino na sala
de aula de Geograa parece ser muito difcil um professor falar de assuntos como a
forma da Terra, suas dimenses e posio no espao. Ou mesmo tratar de assuntos
econmicos, polticos e geopolticos globais. Ou ainda de eventos esportivos, religiosos, blicos
e outros tpicos do nosso cotidiano, sem necessitar fazer uso de um globo terrestre. Professores
de Geograa sabem que a maior parte dos assuntos (geogrcos ou no) relacionados com
o espao mundial ser melhor assimilada na presena de um globo ou de um mapa-mndi.
por esse motivo que vamos falar um pouco sobre esse instrumento de ensino para a Geograa.
O globo terrestre , sem dvida, uma gura historicamente conhecida e associada
Geograa. At podemos armar que a representao da Terra que mais se assemelha sua
forma. Por isso mesmo a que mais se aproxima da realidade, sendo a mais adequada a uma
viso geral do mundo em que vivemos. Diante destas armaes, difcil aceitar que o globo ainda
no tenha uma efetiva utilizao como instrumento didtico, na maior parte das nossas escolas.
Um pouco de histria
118
Aula 6
Atividade 1
Pesquise na biblioteca do seu polo e na internet e responda:
a)
b)
c)
Aula 6
119
a)
Raio Polar
Sabendo-se que a Terra no tem uma forma esfrica perfeita, importante considerarmos
o achatamento polar como uma das anomalias do planeta com as quais a Cartograa tem
de conviver. Ao usar o globo terrestre em sala de aula, o professor deve fazer referncia a
esse achatamento, no se esquecendo de armar a sua insignicncia numa escala pequena
como a de um globo. Mas, igualmente necessrio que faa referncia importncia desse
achatamento polar para a denio de crculos mximos, mostrando a diferena entre o
Equador, que o maior crculo mximo, e os meridianos terrestres. Consequentemente, o
dimetro e os raios polares sero menores que essas medidas no Plano do Equador, como
mostra a Figura 2.
Raio Equatorial
120
Aula 6
inmeros processos naturais nos quais a forma tem uma grande inuncia. Em primeiro lugar,
preciso o professor explicar o motivo do achatamento e da diferena entre os semieixos maior
e menor. A causa primeira o movimento de rotao, realizado a uma velocidade de cerca de
1670 km/h, e provoca a ao da fora centrfuga, que mxima no Equador e nula nos plos.
Apesar da constituio geolgica do planeta ser predominantemente slida, o
movimento constante realizado a esta velocidade por milhes de anos, resultou em um
crescimento no sentido do centro para as bordas do Plano do Equador e uma reduo
de tamanho no eixo polar. Mas, sempre bom lembrar, que esse achatamento foi
estabelecido em uma poca em que a Terra no era totalmente slida. Somente a energia
de rotao no suciente para torn-la achatada com a rigidez atual. (JATENCO-PEREIRA;
GREGORIO-HETEM, OLIVEIRA, 2001, extrado da Internet). Isso signica que o achatamento
provavelmente no continua aumentando e que um suposto derretimento das calotas polares
nada tem a ver com esse achatamento.
Atividade 2
1
2
Fora centrfuga
A fora centrfuga
uma fora inercial que
existe apenas para um
observador solidrio a um
referencial animado de
movimento de rotao em
relao a um referencial
inercial, ou seja, sem
acelerao. A fora
centrfuga atua na direo
perpendicular ao eixo de
rotao, afastando deste
os corpos materiais e,
como toda fora inercial,
pode ser eliminada,
passando-se a um
referencial inercial. Fonte:
<http://pt.wikipedia.org/
wiki/Fora_centrfuga>.
Acesso em: 17 fev. 2009.
Aula 6
121
b)
Orientao geogrca
Figura 3 (a) O globo no pedestal tradicional, (b) numa posio alternativa onde o Equador estaria alinhado
com a direo do Sol (leste-oeste).
Acontece que essa posio, bastante conhecida, a mais adequada somente para mostrar
a Terra no Sistema Solar. No entanto, ela diculta o entendimento da relao entre a Terra e
os pontos cardeais, pois, assim posta, o leste car sempre direita de quem olha o globo e
o oeste esquerda, o norte car sempre para cima e o sul para baixo, o que sabemos no
ser verdade. O ideal seria que a base que serve de pedestal e onde ca apoiado o arco fosse
mvel. Isso permitiria colocar o globo ora na sua posio tradicional (inclinado em relao
elptica), ora em uma posio em que o plano do Equador casse alinhado com a direo
leste-oeste, traada pela trajetria do Sol em seu movimento aparente ao redor da Terra. Assim,
caria bem mais fcil identicar os pontos cardeais a partir da relao entre o Equador e as
posies reais do Sol nascente e poente em qualquer lugar que se esteja. Nesse caso, o globo
seria posicionado conforme a Figura 3 (b).
122
Aula 6
Atividade 3
c)
Como um globo deve ser concebido para que seu uso seja correto e
sua representao oferea uma real dimenso (noo de espao) aos
nossos alunos?
Aula 6
123
muito importante que o professor de Geograa, especialmente aquele que lida com
turmas das sries iniciais, ao fazer referncia ao movimento de rotao da Terra, destaque a
direo da rotao, de oeste para leste, e demonstre com o globo, que a trajetria do Sol
apenas aparente, ou seja, no o Sol que passa sobre nossas cabeas e sim nossas cabeas
que passam sob o Sol.
Atividade 4
d)
Neste caso, o globo terrestre com sua inclinao a gura mais importante. Para simular
o movimento em sala de aula, necessrio que o professor, com a sua criatividade, elabore
junto com os seus alunos de maneira artesanal uma rplica da Figura 4, onde aparecem as
situaes em que a Terra em sua rbita se encontra ao longo do ano, explicando a importncia
da relao Terra/Sol para a denio das estaes do ano.
124
Aula 6
Atrelados a esse movimento, esto assuntos como o sol da meia-noite, aurora boreal,
aquecimento global e o derretimento das calotas polares, alm de outros aparentemente sem
importncia, mas que precisam ser compreendidos pelo simples fato de estarem no contexto
das multimdias acessveis nossa juventude, principalmente por meio da Internet.
Atividade 5
Pesquise na biblioteca do seu plo ou na Internet estratgias do uso do globo
terrestre para explicar certos fenmenos decorrentes do movimento translacional
da Terra, conforme voc estudou no tpico anterior.
e)
Localizao geogrca
Aula 6
125
A Figura 5 exprime com bastante clareza a necessidade de se ter o globo como instrumento
para explicar a origem da idia de localizao, pois destaca os crculos mximos da Terra e
representa visualmente esses conceitos. Com um globo, possvel explicar que a latitude um
ngulo formado pela linha vertical que une um lugar ao centro da Terra ao Plano do Equador;
e que a longitude o ngulo formado pelos planos do Meridiano de Greenwich e do meridiano
que passa em um lugar.
Somente com o globo, essa explicao tornar-se- mais clara para o aluno e poder
prepar-lo para calcular coordenadas e localizar pontos em um mapa, uma carta, ou mesmo
em uma planta urbana, conhecendo a essncia dos conceitos envolvidos nessa operao.
Plo Norte
Eixo
Meridiano
Local
Meridiano
de Greenwich
Porto
Alegre
Paralelo
Local
Plo Sul
Eixo
Atividade 6
Procedendo da mesma forma que na atividade anterior, pesquise estratgias,
excetuando-se as citadas aqui, do uso do globo para explicar a idia de localizao,
latitude, longitude etc.
f)
Com o globo terrestre, os estudos das mais variadas temticas geogrcas em escala
mundial podem ser mais facilmente realizados. Temas ligados ao meio fsico, como a estrutura
126
Aula 6
A Figura 6 a seguir representa um globo elaborado de forma artesanal para mostrar com
bastante realismo as camadas geolgicas da Terra.
Um tema dos mais discutidos nas duas ltimas dcadas o chamado processo de
globalizao. Conceito econmico e poltico promovido a partir do mundo capitalista e tendo
por base a internacionalizao do capital, a globalizao visa acima de tudo expanso do
mercado consumidor, passando por cima de costumes, tradies, valores, enm, das culturas
dos lugares. Todo esse processo favorecido pela organizao de blocos econmicos apoiados
por organismos internacionais, os quais quase sempre defendem o poder dos pases mais
fortes em detrimento da economia dos mais fracos e do meio ambiente em geral.
Conhecer esses blocos econmicos, os pases emergentes, a localizao dos pases
mais pobres e explorados e compreender esse processo no contexto planetrio, no tarefa
fcil e um globo terrestre , sem dvida, o instrumento didtico que poder facilitar esse
Aula 6
127
Atividade 7
De posse de um globo terrestre, posicione-o com o a linha (ou o plano) do
Equador na posio leste-oeste, ou seja, paralelo linha formada pela sombra
de um poste ou qualquer objeto disposto na vertical.
A partir dessa operao:
a)
b)
c)
Vantagens e desvantagens
no uso do Globo
Pelas suas caractersticas fsicas, o globo terrestre apresenta uma srie de vantagens e
tambm algumas desvantagens em relao aos mapas.
Falando inicialmente das desvantagens, podemos dizer que a principal delas est
relacionada com a limitao imposta pela escala. Devido ao fato de ser construdo em
terceira dimenso, comum a confeco de globos em escalas pequenas. Os globos
mais usados em sala de aula, em geral, esto em escalas pequenas, como 1: 42.000.000,
onde, normalmente, no se podem observar detalhes signicativos de parte alguma do
planeta, portanto, no permitem estudos locais. muito raro encontrar globos com dimetro
superior a 50 cm, a no ser algumas edies especiais, feitas por encomenda.
128
Aula 6
Outra desvantagem o preo: o processo de produo dos globos usados nas escolas
geralmente industrial e isso requer o uso de tcnicas e maquinrio sosticados, o que acaba
encarecendo o produto. O manuseio do globo considerado incmodo pela maioria dos
usurios e certamente este um dos principais motivos do seu pouco uso na sala de aula. Na
realidade, uma esfera presa a um arco apoiado de maneira inclinada sobre uma base plana
, de fato, um estorvo. Mas, nem por isso se justica o descaso. Alguns ainda alegam como
desvantagem do globo o fato de se poder observar nele apenas a metade do planeta de cada vez.
No entanto, so inmeras as vantagens de se usar os globos. Em virtude da sua forma
semelhante da Terra, os globos permitem uma viso de todo o planeta, bastando para isso que
seja girado para a posio que se deseja. Alm disso, essa viso pode ser centrada em qualquer
ponto da Terra. O globo o nico documento cartogrco em que no aparecem distores
de reas, distncias e direes, ou seja, num globo, possvel medir com relativa preciso
as distncias entre lugares, as suas reas e a visualizao de suas formas de maneira bem
prxima da realidade. Em virtude disso, o globo um excelente recurso para o planejamento
estratgico em operaes civis ou militares que envolvem distncias transcontinentais,
permitindo o traado de rotas e os deslocamentos areos e martimos.
Uma aplicao didtica importante do globo diz respeito visualizao completa e
sem distores da rede de coordenadas geogrcas (paralelos e meridianos), facilitando a
compreenso de inmeros conceitos geocartogrcos, como os de hemisfrios, crculos
mximos, latitude e longitude, as estaes do ano, os solstcios e equincios. Sem falar no
excelente apoio compreenso dos assuntos relacionados natureza, ou quadro natural, do
planeta e a todos os processos socioeconmicos que nele ocorrem, como, por exemplo, a
questo do aquecimento global, ou a crise do sistema nanceiro mundial, s para lembrar
alguns j citados.
Preciso
A preciso relativa
escala do globo.
Quanto maior a escala,
maior ser a preciso.
Devemos considerar, no
entanto, que a maioria
dos globos tem escalas
pequenas.
Por tudo que j foi comentado, d para se perceber que o globo terrestre pode ser utilizado
para o estudo de diversos assuntos da Geograa e em diferentes graus de ensino, dependendo
apenas das adaptaes que o professor necessitar e quiser fazer.
Aula 6
129
Atividade 8
Estando diante de um globo terrestre e de um mapa-mndi, estabelea um
paralelo entre os dois e...
a)
b)
c)
Resumo
Voc teve a oportunidade, nesta aula, de ver uma apresentao e discutir as
principais caractersticas dos globos terrestres e as suas aplicaes na sala de aula
de Geograa. Trata-se de um documento cartogrco de grande valor pedaggico
pelo realismo com que representa o planeta e pelas possibilidades que oferece
para o professor de geograa ministrar uma aula de melhor qualidade ao tratar
de temticas de abrangncia mundial. Ressaltamos ainda as principais vantagens
do seu uso, mas, tambm assinalamos as suas limitaes, especialmente aquelas
relacionadas com a sua escala, que, em geral, pequena, impossibilitando o seu
uso para estudos de lugares, mas, em contrapartida, facilitando uma viso ampla
e geral do planeta.
130
Aula 6
Autoavaliao
Todas as situaes apresentadas para esta autoavaliao daro a voc a
oportunidade de vericar seu aprendizado com relao ao uso do globo terrestre,
permitindo diferentes reexes acerca das possibilidades que esse instrumento
didtico lhe oferece para aprender e ensinar conceitos geocartogrcos gerais
com mais facilidade.
Avalie o que voc aprendeu, estudando o globo pelo globo. Tome um globo
terrestre em suas mos e faa observaes relacionadas aos aspectos seguintes.
1.
Escala
a)
b)
2.
Simbolismo cartogrco
a)
Quais os smbolos cartogrcos que aparecem no globo em forma de pontos, linhas e reas?
b)
3.
a)
Observe os meridianos. Para onde eles convergem? Quais as distncias entre eles no
Equador e nos plos?
b)
Veja o equador e os outros paralelos, observando-os de um dos plos. Qual a sua viso
desses paralelos?
4.
Orientao
a)
b)
5.
Movimento de rotao
a)
Simule o movimento de rotao do globo de oeste para leste e se coloque no litoral do Brasil.
b)
Veja que pontos da costa brasileira recebem a luz do Sol em primeiro lugar e que estados
brasileiros esto mais a oeste do pas.
Aula 6
131
Referncias
JATENCO-PEREIRA, Vera; GREGORIO-HETEM, Jane; OLIVEIRA, Claudia Mendes de.
Fundamentos de astronomia: notas de aula do curso. Disponvel em: <http://www.astro.iag.
usp.br/~jane/aga215/aula01/inicio.htm>. Acesso em: 5 fev. 2009.
RAISZ, E. J. Cartograa geral. Rio de Janeiro: Editora Cientca, 1969.
RANDLES, W.G.L. Da Terra plana ao Globo terrestre. Traduo de Maria Carolina F. de Castilho.
Campinas, SP: Papirus, 1994.
RIBEIRO JNIOR, W. A. A cincia geogrca. Disponvel em: <www.greciantiga.org/arquivo.
asp?num=0340>. Acesso em: 4 dez. 2008.
SCHFFER, N. O. et al. Um globo em suas mos: prticas para a sala de aula. Porto Alegre:
Editora da UFRGS/NIUE, 2003.
SOUSA, lvaro Jos de et al. Sala ambiente: geograa. Disponvel em: <www.lendoeaprendendo.
sp.gov.br/2004/SalaAmbiente/geograf.htm>. Acesso em: 13 nov. 2008.
132
Aula 6
Os mapas mentais e a
representao informal dos lugares
Aula
Apresentao
s mapas so recursos visuais que exercem uma verdadeira atrao sobre a maioria
das pessoas. Na realidade fsica do homem diante da grandeza do espao que o
cerca, os mapas tm o poder de aproximar o distante, permitindo uma viso ampla
de espaos maiores como o pas, o continente, ou o planeta. Assim, a Cartograa assume
um papel fundamental na vida humana, por esse carter prtico de poder mostrar, de uma
s vez, o inalcanvel pela vista. Este encanto se converte em necessidade quando preciso
registrar as formas, as localizaes e as dimenses espaciais da realidade vivida para que sejam
visualizadas ocorrncias, indicados roteiros ou assinalados pontos de interesse. Nesta aula,
voc vai ver que o ato de fazer mapas, alm de ser uma necessidade, tambm uma habilidade
inata da humanidade. Independentemente de se dispor ou no de recursos modernos para
representar o espao, ainda se usa o desenho manual, o croqui, o rabisco feito pela mais leiga
das criaturas humanas, como meio de transmitir uma ideia na qual esteja envolvido o espao.
a onde entra a questo do mapa mental que estudaremos aqui.
Objetivos
1
2
3
4
Aula 7
135
ntes de qualquer coisa, cabe aqui uma explicao necessria para bem situar e denir
o nosso objeto de estudo. A expresso mapa mental no exclusiva da Cartograa.
Alis, a idia de mapa mental talvez mais amplamente conhecida est associada a um
mtodo de organizao do conhecimento denominado por Buzan (apud Bracagioli, 2003,
p. 4) de arquitetura natural, que tem base cientca nos estudos da Neurocincia sobre o
crebro humano. Trata-se na verdade de representaes grcas do conhecimento, uma
prtica mais comum do que se possa imaginar. Ao participar de uma reunio ou assistir a
uma palestra, ou mesmo durante uma aula, muitos de ns alimentamos o hbito de anotar a
sequncia dos assuntos tratados, usando para isso a linguagem escrita. Muitas vezes fazemos
uso de setas, asteriscos, nmeros e outros smbolos grcos para indicar, ressaltar, classicar,
anotar, pontuar, ou seja, dar um encadeamento lgico ao assunto tratado. Tudo isso sendo feito
linearmente da esquerda para a direita e de cima para baixo, como de praxe na nossa escrita.
Com o uso dos mapas mentais, essa prtica ocorre de maneira diferente. Em primeiro
lugar o conhecimento no exposto linearmente. De acordo com Bracagioli (2003, p. 3-4),
A mente organiza e acumula informaes dentro de um certo ordenamento, partindo
de dimenses mais gerais at dimenses especcas. Sendo assim, atravs de uma
representao grca, possvel colocar de maneira central as informaes mais
importantes, cando as menos importantes em local mais perifrico. Alm disso, os
usos das linguagens verbal e visual tornam a aprendizagem mais ativa e mais atraente,
facilitando a transmisso e reteno das informaes.
Para exemplicar a ideia de mapa mental que se pode construir de qualquer conhecimento,
apresentamos na Figura 1 um mapa mental que o autor acima citado preparou para escrever
o referido artigo. Podemos perceber que todo o contedo tratado exposto sinteticamente
atravs desse mapa mental.
Figura 1 Mapa mental do artigo Uma cartograa de idias. O uso de mapas mentais
136
Aula 7
Na realidade, esta uma tcnica que auxilia o ato de aprender a aprender, ou seja, uma
maneira de sistematizar ideias facilitando a sua apreenso ou xao de uma maneira prtica.
Neste caso especco, o mapa mental foi usado na estruturao das ideias que o autor julgou
importantes para a composio do seu texto.
E na Cartograa, o que
vem a ser um mapa mental?
Agora podemos falar do signicado cartogrco da expresso mapa mental. Na
introduo do texto O lugar dos mapas mentais na representao do lugar, Archela, Grato
e Trostdorf (2004, p. 127), resumem muito bem o signicado dessa expresso.
Mapas mentais so imagens espaciais que as pessoas tm de lugares conhecidos, direta
ou indiretamente. As representaes espaciais mentais podem ser do espao vivido no
cotidiano, como por exemplo, os lugares construdos do presente ou do passado; de
localidades espaciais distantes, ou ainda, formadas a partir de acontecimentos sociais,
culturais, histricos e econmicos divulgados nos meios de comunicao.
Particular
Evidentemente,
mapas mentais
de um mesmo
lugar, elaborados
por diferentes
pessoas que
tenham vivenciado
este lugar, devem
apresentar diferenas,
mas certamente
tendem a ter muitas
semelhanas.
Aula 7
137
Como se sabe, cada povo desenvolveu uma maneira peculiar de expressar a sua viso
espacial e no parece exagero armar que os primeiros mapas, ao privilegiarem o espao vivido,
eram mapas puramente mentais. Quando estudamos a histria mais antiga da Cartograa,
entendemos que desde os primitivos agrupamentos humanos os registros mentais em forma
de mapas das reas ento habitadas funcionaram como recursos altamente signicativos em
virtude da sua aplicao prtica na representao de rotas, caminhos, situaes e at mesmo
de acontecimentos. Em todos os lugares, eles sempre foram traduzidos para diferentes meios
fsicos (papiro, pele de animais, argila, paredes de cavernas, bambu) como recursos essenciais
para orientao/localizao de pontos de interesse por caa, pesca, gua, abrigo e para
deslocamentos sazonais, tpicos do modo de vida nmade dos primeiros habitantes da Terra.
138
Aula 7
Atividade 1
1
2
3
Comente a seguinte frase com base no que voc estudou at aqui: mapa
mental resultante da noo de espao que se engendra na mente
humana a partir de suas vivncias em distintos lugares e tempos.
Aula 7
139
Na prtica, sabemos que essas funes realmente so exercidas pelos mapas mentais.
A memorizao dos espaos vividos ocorre de maneira natural, e quando h necessidade de
140
Aula 7
uma recorrncia a essa memria possvel comunicar, atravs de um mapa mental simples
(em forma de croqui), a nossa viso acerca de um espao.
Discordando um pouco da ideia de Tuan de que os mapas mentais so mundos
imaginrios, Kozel, Teixeira e Nogueira, (1999 apud OLIVEIRA, 2006, p. 38), ressaltam
claramente a importncia dessas representaes como instrumentos relacionados diretamente
com a vida das pessoas. Segundo elas, os mapas mentais reetem de maneira bem direta a
percepo que cada pessoa tem com o espao sua volta.
Dentro desta perspectiva, importante destacar que os mapas mentais esto relacionados
s caractersticas do mundo real, ou seja, no so construes imaginrias de lugares
imaginrios, mas so construdos por sujeitos histricos reais, reproduzindo lugares
reais, vividos, produzidos e construdos materialmente. Desta forma, ao estudar os mapas
mentais das pessoas, no se pode impor categorias acadmicas e artsticas, mas sim
interpret-los como uma forma de comunicao.
Assim entendidos, podemos aceitar os mapas mentais com as suas inerentes imperfeies,
j que ao poderem ser elaborados por quaisquer pessoas, carregam em suas expresses a
imagem mental, a viso de mundo e a habilidade/inabilidade do seu elaborador, alm das
distores relacionadas com a tradicional visualizao do mundo atravs das projees
cartogrcas mais conhecidas.
Ao realizar estudos sobre distores encontradas em mapas cognitivos do mundo,
Pinheiro (2005, p. 151) nos leva a reetir acerca da
influncia dos mapas cartogrficos sobre a representao mental do mundo, sua
padronizao ou estereotipia decorrente da utilizao hegemnica de certos tipos de
mapas e suas distores em relao realidade.
Ele examina essa questo por diversos ngulos, argumentando inicialmente que a
familiaridade e as experincias prvias estabelecidas com um determinado ambiente favorecem
um rpido reconhecimento deste ambiente de dentro para fora, o que de certa forma facilita
o ato de mapear a partir da mente, o ambiente ou espao conhecido. Nos casos em que no
h uma vivncia anterior preciso que haja um estmulo de fora para dentro, ou seja, que
o reconhecimento se d a partir da atuao dos sentidos no prprio ambiente.
Para ele, os mapas cartogrcos so necessariamente mapas mentais, uma vez que
mesmo elaborados a partir de uma base tcnico-cientca, no deixam de ser abstraes
da realidade. E na condio de abstraes, sofrem a inuncia dos sistemas de valores dos
seus autores (e das instituies que representam) de suas experincias, ltros culturais
e vises de mundo. Portanto, mesmo hoje, quando possvel se fazer uso de modernos
recursos tecnolgicos, os mapas cartogrcos, ou seja, os mapas sistemticos dos lugares,
produzidos digitalmente e com auxlio das tcnicas do sensoriamento remoto, representando
de maneira el o terreno, no deixam de ser mapas mentais, por serem representaes
e no realidade. Alm disso, sabemos que quanto maiores e mais distantes os espaos
representados (como o espao mundial), mais abstratos, esquemticos e simblicos sero
os mapas que os representam.
Aula 7
141
Atividade 2
1
2
142
Aula 7
Aula 7
143
Experincias realizadas por Oliveira (2003) demonstram que mesmo em grupos de pessoas
com conhecimentos especcos para lidar com mapas, como ociais aviadores da Fora Area
Brasileira, essas imagens do mundo distorcidas permanecem enraizadas nas mentes das pessoas
como se fossem verdadeiras. Podemos, assim, avaliar o quanto essas imagens distorcidas
podem interferir na viso de mundo e nas representaes mentais das pessoas ditas comuns.
Os mapas mentais
e o processo de escolarizao
144
Aula 7
a pessoas que pretendem se orientar, por exemplo, nos intrincados caminhos perifricos em
muitas cidades brasileiras. Por isso, devemos tambm entender que mesmo sendo importante
no processo de elaborao do mapa mental, a escolarizao no garante que pessoas com
um bom nvel de formao escolar convertam com mais facilidade as suas imagens mentais
em mapas mentais signicativos.
Como j comentamos, na elaborao do mapa mental praticamente inevitvel que
aconteam distores relacionadas com as formas, as localizaes, as orientaes, as escalas
e com todos os atributos tcnicos e cientcos normais da Cartograa. A elaborao de mapas
mentais de espaos maiores como o Brasil e o mundo parece ser ainda mais difcil, mesmo
porque na elaborao destes mapas mentais praticamente inevitvel a interferncia dos j
citados esteretipos cartogrcos.
Em recente aula ministrada para concluintes do curso de Licenciatura em Geograa da
UFRN, solicitamos que cada aluno desenhasse (com lpis grate e sem rgua), em uma folha
de papel A4, ou o caminho entre a sua casa e a Universidade, ou um trecho do seu bairro
prximo de sua residncia. Os resultados foram surpreendentes, pois, tratando-se de um grupo
de pessoas especiais para o m proposto, j que haviam cursado duas disciplinas da rea da
Cartograa, o que se poderia esperar era, no mnimo, a aplicao coerente dos conhecimentos
relacionados a itens bsicos como proporo, orientao, simbolismo e perspectiva.
Aula 7
145
Essas diculdades vericadas devem ter uma relao bem direta com a questo da
alfabetizao cartogrca. Como sabemos, nos ltimos tempos tem havido uma relativa
valorizao da Cartograa enquanto linguagem. Assim, entende-se que na formao inicial
da criana o ensino da linguagem cartogrca deve ser uma prioridade. E, neste processo,
algumas etapas devem ser cumpridas, sendo que uma das primeiras consiste em estimular o
desenho das crianas como primeiro passo para a expresso da sua viso de mundo.
Nos primeiros anos de vida a relao com o bero, com o quarto, a casa e seus
arredores que ir promover uma primeira viso espacial, que certamente limitada, porm,
enriquecedora. Na medida em que se cresce, a vivncia com espaos mais distantes, como o
bairro, a cidade e at atravs de pequenas viagens em percursos intra e intermunicipais, amplia
a viso do mundo, possibilitando um ganho qualitativo de percepo espacial.
A relao entre os signicante (objeto) e signicado (representao) que deve estar
presente nos primeiros mapas j existe nos desenhos de objetos, paisagens e pessoas. Ao
exercitar o desenho do seu espao de vivncia, como o percurso entre a casa e a escola, o
aluno inicia sua relao com os mapas na condio de mapeador e esse exerccio o ajudar
a expressar a sua relao com o espao vivido que naturalmente deve ser a primeira noo
espacial por ele apreendida. Os mapas surgidos desse processo no tm, evidentemente,
146
Aula 7
Atividade 3
1
2
Aula 7
147
148
Aula 7
Podemos mesmo armar que todas as pessoas constroem diariamente seus mapas
mentais de maneira consciente ou no. Por exemplo: ao levantarmos pela manh, procuramos
traar na nossa mente o caminho que deveremos tomar para chegar ao nosso destino, seja a
escola, o trabalho, o posto de sade, a academia, a praia etc. No trnsito, somos levados a traar
e retraar mentalmente mapas de diferentes trechos da cidade para fugir dos congestionamentos
urbanos, ou para cortar caminho a m de encurtar o nosso tempo de deslocamento. Estes so
exemplos de mapas mentais quase sempre somente virtuais, j que cam restritos nossa
mente e raramente so narrados a algum ou grafados em uma folha de papel.
E o que dizer de uma pessoa com decincia visual? Ao se locomover nos espaos
residenciais, como do quarto para a sala e desta para a cozinha sem atropelar mveis e objetos
dentro de casa, esta pessoa certamente estar usando um mapa elaborado em sua mente
em funo de sua vivncia neste espao. A sua experincia pessoal ser fundamental para a
construo de uma imagem mental na qual cam registradas as dimenses e formas desses
espaos, constituindo, assim, o mapa mental da casa. Essa pessoa s no ter os meios de
exprimir seu mapa no papel, mas o mapa apenas na sua mente lhe suciente.
Portanto, podemos entender que mesmo no sendo representaes formais do ponto de
vista tcnico-cientco, e muito menos artstico, os mapas mentais devem ser considerados
acima de tudo pela possibilidade de uso prtico no cotidiano da maioria das pessoas, em
qualquer lugar do mundo.
Atividade 4
Faa um pequeno texto comentando a seguinte frase: mapas mentais devem
ser considerados acima de tudo pela possibilidade de uso prtico no cotidiano
da maioria das pessoas, em qualquer lugar do mundo. Argumente colocando
pontos tratados nesta aula.
Aula 7
149
Resumo
Nesta aula, tivemos a oportunidade de discutir um tema dos mais importantes
na rea da Cartografia, os mapas mentais. Por mais simples que possam
parecer, eles esto em uso cotidianamente por pessoas dos mais diferentes
nveis socioculturais, pois so instrumentos necessrios para a visualizao e
a comunicao (carto)grca dos espaos que vivenciamos no nosso dia a dia.
Independentemente de haver ou no um processo de escolarizao que auxilie
uma melhor compreenso da organizao e das relaes socioespaciais, os mapas
mentais so utilizados pela maioria das pessoas na perspectiva de expressarem
conhecimentos acerca dos espaos vividos e at de espaos desconhecidos, mas
cartogracamente pblicos, como o espao mundial. Ressaltamos, tambm, a
importncia dos mapas mentais no processo de alfabetizao cartogrca como
instrumento de expresso da relao das crianas com o meio em que habitam.
150
Aula 7
Autoavaliao
1
Aula 7
151
152
Aula 7
Referncias
ARCHELA, R. S.; GRATO, L. H. B.; TROSTDORF, M. A. S. O lugar dos mapas mentais na
representao do lugar. Geograa, Londrina, v. 13, n. 1, jan./jun. 2004. Disponvel em: <http://
www2.uel.br/revistas/geograa/v13n1eletronica/7.pdf>. Acesso em: 7 maio 2009.
BRACAGIOLI, Alberto. Uma cartograa de idias: o uso de mapas mentais. Disponvel em:
<www.abdl.org.br/lemanager/download/215/>. Acesso em: 7 maio 2009.
LOCH, Ruth E. Nogueira. Cartograa: representao, comunicao e visualizao de dados
espaciais. Florianpolis: Editora da UFSC, 2006.
OLIVEIRA, M. W. S. Mapas cognitivos do mundo de ociais-aviadores da fora area
brasileira. 2003. Dissertao (Mestrado em Psicologia ) Programa de Ps-Graduao em
Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2003.
PASSINI, Elza Yazuko. Aprendizagem signicativa de grcos no ensino de geograa. In:
ALMEIDA, R. D. de (Org.). Cartograa escolar. So Paulo: Contexto, 2007. p. 173 - 192.
PINHEIRO, Jos Queiroz. Mapas cognitivos do mundo: representaes mentais distorcidas?
In: SEEMANN, Jrn. (Org.). A aventura cartogrca: perspectivas, pesquisas e reexes sobre
a Cartograa Humana. Fortaleza, CE, 2006. p. 151- 169.
SEEMANN, Jrn. Mercator e os gegrafos:em busca de uma projeo do mundo. Mercator:
Revista de Geograa da UFC, ano 2, n. 03, 2003.
Aula 7
153
Anotaes
154
Aula 7
Aula
Apresentao
Objetivos
1
2
3
4
Aula 8
157
esde a dcada de 1960, a Fora Area e a Marinha dos Estados Unidos da Amrica vm
trabalhando no desenvolvimento de um sistema de navegao por satlites. A Marinha
patrocinou dois programas, chamados Transit e Timation, ambos operando em modo
2D (duas dimenses), pois usavam apenas latitude e longitude. No mesmo perodo, a Fora
Area estudou o uso de um sistema em modo 3D (tridimensional), que, alm da latitude e da
longitude, incorporava a altitude, atravs de um programa de computador denominado 612B.
No ano de 1973, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos desenvolveu um
sistema de posicionamento de alvos para ns militares. Surgiu, da, o programa NAVSTAR
GPS, por meio da fuso dos programas Timation e 621B. Comeava a se desenhar um novo
horizonte para execuo de trabalhos geodsicos e topogrcos, apesar do objetivo inicial
no ser esse. Em dezembro desse ano, foi autorizado o incio da primeira fase do programa,
que durou at 1979. Foram feitos estudos sobre a performance e a real viabilidade do sistema.
Em seguida, teve incio a segunda fase, com desenvolvimento e teste dos equipamentos
GPS, que durou at 1985.
Na terceira fase, os aparelhos GPS foram produzidos e a rede de 24 satlites foi nalizada.
O sistema passou a proporcionar cobertura completa, conhecida como FOC (Full Operational
Capability), graas operao simultnea dos satlites.
O GPS surgiu com objetivos blicos, ou seja, com o objetivo de facilitar os deslocamentos
de tropas, a localizao de tropas inimigas e a navegao de alta preciso para transporte
militar e de msseis. Seu uso foi testado na Guerra do Golfo, facilitando a locomoo das tropas
no deserto. Os msseis passaram a atingir seus alvos com erros mnimos. Em 1980, o ento
presidente Ronald Reagan (1911-2004) autorizou o uso civil do sistema.
Em 1994, o sistema atingiu sua congurao nal, e a partir da foi possvel integr-lo
totalmente s operaes de levantamentos terrestres. Desde ento, alavancado pelas necessidades
apresentadas pela sociedade, o sistema Global Positioning System - GPS (Sistema de
Posicionamento Global) tornou-se um forte concorrente dos meios tradicionais de levantamentos,
bem como um instrumento ecaz de apoio navegao martima, area e terrestre.
Com a chegada do GPS, criaram-se novas frentes de trabalho. Esse fenmeno pode
ser notado com a abertura e operao de empresas especializadas no uso e aplicao desse
sistema, assim como com a abertura de representaes tcnicas e comerciais voltadas para
a venda e manuteno dos receptores GPS.
158
Aula 8
Denio e objetivos
do sistema GPS
Fonte: Nasa
Aula 8
159
O sistema programado para que pelo menos 4 satlites possam ser observados a qualquer
momento do dia e em qualquer parte do planeta. Assim, o sistema GPS garante a determinao
de posio 24 horas do dia, em qualquer lugar do planeta em que esteja o observador.
Atividade 1
O Sistema de Posicionamento Global (GPS) uma tecnologia que tem provocado
grande impacto na sociedade. O que motivou o desenvolvimento desse sistema?
160
Aula 8
Princpio de funcionamento
do sistema GPS
3
4
1
2
R-1
R-3
R-4
R-2
Aula 8
161
Coordenadas em
WGS-84
RECEPTOR
GPS
Transformao ps-processamento
Coordenadas em
outro sistema
SAD-69
SAD-69
Crrego Alegre
Crrego Alegre
Segmento espacial;
Segmento de controle;
Segmento do usurio.
Figura 5 Segmentos do sistema GPS
162
Aula 8
Segmento espacial
Esse segmento composto por 24 satlites em uso mais 4 sobressalentes prontos para
entrar em operao, alm de outros satlites que esto no solo e prontos para serem lanados.
Os satlites encontram-se em 6 planos de rbitas circulares, com pontos de cruzamento
nas longitudes 0, 60, 120, 180, 240 e 300, numa altitude de aproximadamente 20.200 km,
em perodos de 12 horas e inclinao de 55. Isso garante, no mnimo, 4 satlites visveis a
qualquer hora e em qualquer lugar do planeta.
Aula 8
163
Segmento de controle
Esse segmento constitudo por estaes terrestres que ficam sob controle do
Departamento de Defesa Americano. Elas tm o objetivo de monitorar, corrigir e garantir o
funcionamento do sistema. O segmento possui um centro de controle e vrios centros de
monitorao de sinais dos satlites. Com base nesses dados, modica parmetros orbitais,
caso seja necessrio.
As estaes de controle e monitoramento esto localizadas em Kwajalein, nas Ilhas
Marshall; na Ilha de Ascension, no Oceano Atlntico; no Hava; em Diego Garcia, no Oceano
ndico; e no Colorado, Estados Unidos (a principal delas). As estaes so de propriedade da
Fora Area Americana; alm destas, o sistema GPS possui outras estaes de monitoramento.
Segmento do usurio
O Segmento do usurio constitudo pelos receptores, que podem variar de tamanho,
modelo e fabricante, mas principalmente em qualidade de recepo. Est associado s
aplicaes do sistema. Refere-se a tudo que se relaciona com a comunidade usuria, os
diversos tipos de receptores e os mtodos de posicionamento por eles utilizados.
164
Aula 8
Receptores
Oscilador;
Aula 8
165
Proviso de energia;
ANTENA
E
PRAMPLIFICADOR
PROCESSADOR
DE SINAL
RASTREADOR
DO CDIGO
OSCILADOR
SUPRIMENTO
DE ENERGIA
EXTERNA
MICROPROCESSADOR
UNIDADE DE
COMANDOS E
DISPLAY
MEMRIA
DESCARREGADOR
EXTERNO
DE DADOS
RASTREADOR
DA FASE
Os pontos podem ser combinados formando rotas que, quando ativadas, permitem que o
receptor analise os dados e informe, por exemplo, o tempo; horrio provvel de chegada
e distncia at o prximo ponto; horrio do nascer e do pr-do-sol; rumo que se deve
manter para chegar ao ponto de interesse e muito mais;
As coordenadas dos pontos podem ser obtidas com o receptor GPS no modo contnuo,
denindo os caminhos percorridos pelo usurio. Nesse modo, o receptor tambm
informar horrio do nascer e do pr-do-sol, rumo e distncia ao ponto de interesse,
velocidade e rumo do deslocamento.
166
Aula 8
Figura 10 Ponto no terreno materializado por meio da posio da antena do receptor do GPS.
a) receptor com antena integrada; e b) receptor com antena externa
Atividade 2
1
2
Aula 8
167
MILITAR
CIVIL
Aplicao
Caractersticas
Quanto ao tipo de antena
Navegao
Geodsia
Quanto ao cdigo
Topograa
SIG
Receptor de tempo
168
Aula 8
Aula 8
169
Para que a informao da distncia seja til, o receptor tambm temque saber onde
os satlites esto. Isso fcil, considerando que eles viajam em rbitas muito elevadas e
previsveis. O receptor GPS simplesmente armazena um almanaque, que lhe diz onde cada
satlite deveria estar em qualquer momento determinado. Elementos como a atrao da Lua
e do Sol mudam ligeiramente as rbitas dos satlites, mas o Departamento de Defesa dos
Estados Unidos monitora constantemente suas posies exatas e transmite quaisquer eventuais
ajustes a todos os receptores GPS, como parte dos sinais dos satlites.
Um receptor GPS padro no s nos situar no mapa em um determinado local, como
tambm ir traar nosso caminho por um mapa medida que nos movemos. Se deixarmos o
receptor ligado, ele poder permanecer em constante comunicao com os satlites GPS para
ver como a nossa posio est mudando. Com essas informaes e com seu relgio interno,
o receptor pode nos dar diversas informaes importantes:
170
Aula 8
Tempo de viagem;
Velocidade atual;
Velocidade mdia;
Preciso e fontes
de erros do sistema GPS
A preciso de uma medida GPS funo de diversos fatores, que esto associados
diretamente s especicaes do sistema, s condies operacionais, s caractersticas do
receptor e ao objetivo do trabalho.
Quanto aos fatores ligados diretamente ao sistema:
O sistema disponvel para todos os usurios no mundo o SPS. Esse sistema permite
que o usurio utilize-se do sistema GPS sem que tenha que pagar qualquer taxa para isso.
At maio de 2000, era responsvel pela baixa preciso das medidas. Contudo, em 10 de maio
de 2000 o governo americano desativou um cdigo que provocava imprecises nos dados,
denominado Selective Availability AS, melhorando signicativamente a preciso das medidas.
As precises horizontal e vertical, com cdigo AS, eram de 100 e 156 metros, respectivamente;
sem cdigo AS, giram em torno de 10 metros.
Outros cdigos utilizados pelo sistema so:
Cdigo Coarse Acquisition - CA: faz parte de um conjunto de cdigos que permitem a
rpida distino dos sinais recebidos de vrios satlites. responsvel pela recepo de
medidas de distncias pelos usurios; medidas essas que permitem atingir a preciso
denida no SPS.
Cdigo
AS
SA
CA
P
Servios
SPS
PPS
Funo
Servio de posicionamento e tempo padro disponvel para qualquer usurio.
Servio de posicionamento disponvel para ns militares e usurios autorizados.
Quando ligado no permite o acesso ao cdigo P, para evitar fraudes com ele.
Implementado a partir de maro de 1990, tem como objetivo reduzir propositalmente a
qualidade da determinao quando para os usurios no autorizados.
Utilizado para distinguir os sinais enviados pelos satlites e pela qualidade da
determinao de posio no modo SPS.
Cdigo reservado s aplicaes militares e usurios autorizados. Tomam as medidas
mais precisas.
Aula 8
171
As principais fontes de imprecises nos dados obtidos do sistema GPS so provocadas por:
Rotao da Terra.
Sinal reetido
Antena
Atividade 3
Como pudemos ver, as posies fornecidas pelo sistema GPS so baseadas
na medio da distncia entre os satlites e os aparelhos receptores que ns,
usurios, transportamos quando desejamos obter esse dado. As posies so
calculadas com base no tempo que o sinal gasta para percorrer o espao entre
os satlites e os receptores. Considerando que a velocidade da luz 299.792,458
metros por segundo ou 1.079.252.848,8 quilmetros por hora, o que voc
imagina que aconteceria se o relgio atmico de alta preciso existente nos
satlites contivesse uma impreciso de milsimos e dcimos de segundo?
172
Aula 8
Planejamento e operao
de medidas com GPS
Planejar uma medida com GPS exigir do usurio do sistema os seguintes cuidados:
1)
Denir que tipo de unidade ser usada para expressar as coordenadas. Por exemplo:
2)
3)
4)
Localizao do ponto
Nem sempre possvel escolher um local ideal para medio de um ponto. Quando se
utiliza o GPS para navegao, alguns dos pontos medidos podem estar prejudicados pela
sombra de obstculos e multicaminhamentos, considerando que nesses casos o equipamento
est recebendo sinais e determinando uma coordenada a cada segundo.
Aula 8
173
Atividade 4
Alm da cartograa, o sistema GPS tem tido aplicao em diversas reas do
conhecimento. Em que outras reas esse sistema tem sido empregado com
sucesso?
174
Aula 8
Escolha um ponto onde no haja sombras ou obstculos que impeam a aquisio dos
sinais transmitidos pelos satlites;
Assegure-se de que o ponto escolhido esteja longe de estruturas que reitam o sinal;
Procure deixar o ponto que foi medido materializado no terreno, para possvel conferncia
ou futura utilizao;
No realizar aquisies de dados com cu encoberto por nuvens carregadas tipo Cumulus
Nimbus CB.
Figura 14 Constelaes de satlites e obstculos da antena. (a) Satlites prximos - menor preciso; (b) boa posio dos satlites;
(c) obstculos ao horizonte da antena
5)
Colocao da antena
Sempre que a coleta for destinada a levantamentos, a antena do GPS deve car na
posio vertical. Quando for empregado um GPS de mo para realizar levantamentos expeditos,
devemos utilizar uma antena externa. Entretanto, se esse receptor no permitir essa colocao,
devemos segur-lo com a palma da mo o mais horizontal possvel.
6)
Atividade 5
Normalmente, quando algum nos diz que realizou um levantamento com um
GPS, est se referindo ao aparelho porttil. O aparelho apenas uma parte do
sistema que, como vimos, formado por vrios segmentos. Descreva esses
segmentos, destacando a funo de cada um deles.
Aula 8
175
Leituras complementares
Para consultas adicionais, existem vrios sites na internet que contm informaes sobre
o sistema GPS. Aqui esto alguns para que voc se aprofunde um pouco mais.
176
Aula 8
Resumo
Nesta aula, voc viu que o Sistema de Posicionamento Global, conhecido por
GPS (do acrnimo do ingls Global Positioning System), um sistema de
posicionamento por satlite americano, utilizado para determinao da posio
de um receptor na superfcie da Terra ou em rbita. Voc estudou, tambm,
os principais conceitos dessa geotecnologia; alm disso, mostramos a grande
importncia que esse sistema tem exercido na vida das pessoas, em suas atividades
de localizao e principalmente no levantamento de dados para o mapeamento.
Autoavaliao
Agora que voc estudou os conceitos bsicos do Sistema de Posicionamento Global
(GPS), podemos ter uma ideia do impacto que esse sistema provocou nas cincias que estudam
fenmenos ou objetos que possuem uma expresso espacial. Baseando-se nisso, colocamos
algumas questes para a autoavaliao.
Em termos mais especcos, quais os ganhos que o Sistema GPS trouxe para a
Cincia Cartogrca e para a Geograa?
Aula 8
177
Quais os cuidados que devemos observar para que o sistema GPS realmente possa
ser uma fonte convel de dados em que a Cartograa possa se apoiar para produzir
documentos de boa qualidade?
Depois do que mostramos nessa aula, voc visualiza algum potencial didtico no
sistema GPS? Justique a sua resposta.
Referncias
ALBUQUERQUE, Paulo Csar Gurgel de; SANTOS, Cludia Cristina do. GPS para iniciantes: mini
curso. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO, 11., 2003, Belo Horizonte. Anais...
Belo Horizonte: Ministrio da Cincia e Tecnologia/INPE, 2003.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSICA IBGE. Mapa geoidal do Brasil. Rio
de Janeiro, 1992.
LEICK, A. GPS satellite surveying. Canada: Wiley, 1990.
COLLINSCHONN, Walter. HIDP 23 geoprocessamento: aulas: material complementar GPS.
Disponvel em: <http://galileu.iph.ufrgs.br/collischonn/HIDP_23/HIDP_23.html>. Acesso em:
6 fev. 2009.
MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS: descrio, fundamentos e aplicaes.
So Paulo: Editora UNESP, 2000.
SEEBER, G. Satellite geodesy: foundations, methods, and applications.
Berlim: Walter de Gruyter e Co, 1993.
VASCONCELLOS, J. C. P. Posicionamento terrestre por satlites NAVSTAR/GPS: apostila. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA, 17., 1995, Salvador. Anais... Salvador, 1995.
178
Aula 8
Anotaes
Aula 8
179
Anotaes
180
Aula 8
Sistemas de informao
geogrca e sua aplicao
no ensino de Geograa
Aula
Apresentao
Objetivos
1
2
3
4
Aula 9
183
184
Aula 9
Programas (softwares)
So programas destinados ao processamento de dados referenciados espacialmente
(latitude e longitude) e empregados na manipulao de dados de diversas fontes, possibilitando
a recuperao e o cruzamento de informaes, bem como a realizao dos mais diversos tipos
de anlise espacial (RUFINO, 2009, slide 13).
Aula 9
185
Dado
O dado o elemento fundamental para o SIG, e as bases de dados fsicas so compostas
por arquivos onde os dados so armazenados. Quando as bases de dados so associadas a
programas que atuam no gerenciamento das informaes e, alm disso, permitem executar
rotinas de manuteno e controle, o que resulta so os chamados bancos de dados. Os sistemas
de bancos de dados surgiram no incio dos anos 1960 e tm sido submetidos a profundas
mudanas em seus conceitos e tecnologias, de acordo com Korth e Silberschatz (1989).
186
Aula 9
Prossional (peopleware)
O prossional refere-se ao pessoal especializado; no nosso caso, o Gegrafo. Sem
pessoas adequadamente treinadas e com viso de contexto global, dicilmente um projeto
SIG ter sucesso.
Atividade 1
Apresentamos vrias denies para Sistemas de Informaes Geogrcas,
baseadas em diferentes enfoques. O que motiva a existncia de tantas abordagens
para um mesmo termo?
Aula 9
187
Agora que nos familiarizamos com os conceitos de SIGs em um contexto bem geral,
vamos conhecer a estrutura bsica dos programas (software) que compem esse sistema.
Um SIG possui vrios componentes, que possibilitam:
visualizao;
consulta espacial;
combinao;
anlise;
predio/suporte deciso;
produo cartogrca.
Gerenciador
de Banco
de Dados
Desenho por
Computador
CAD
Vetor
Mapeamento
Digital
Processamento
de Imagens
Raster
Geoestatstica
Sistemas de Informaes
Georreferenciadas
SIG
3D
MNT
Modelamento
de Superfcies
Editorao
Eletrnica
Planilha
Estatstica
Subsistema de aquisio
e converso de dados
Esse subsistema tem capacidade para importar e converter vrios formatos de dados,
uma vez que a converso representa um conjunto de tcnicas de fundamental importncia e
indispensvel, pois os dados podem ser oriundos de diversas fontes: podem ser chas, mapas,
plantas, croquis ou material armazenado em meio magntico. O resultado da converso
um banco de dados. A Figura 5 seguinte ilustra um SIG com o seu mdulo de converso dos
parmetros de projeo.
188
Aula 9
Banco de dados
So programas de gerenciamento que permitem executar rotinas de manuteno e
controle na base de dados fsica, podendo ser formados por mapas, tabelas com caractersticas
descritivas etc. A gura seguinte mostra uma tabela de atributos com dados espaciais, bem
como dados apenas descritivos. Logicamente, a cada linha existente nesta tabela, existe uma
expresso grca, como poderemos observar na Figura 6.
Aula 9
189
Sistema de processamento
de imagens
Alguns SIGs possuem tambm rotinas que permitem o tratamento de imagens de satlite
com o objetivo de extrair informaes de alvos ou fenmenos que ocorrem na superfcie da
Terra. A Figura 8 mostra um sistema para processamentos automticos de imagens de satlite:
190
Aula 9
Sistema de modelagem
numrica do terreno
A grande maioria dos SIGs possui funes de Modelagem Numrica de Terreno, importante
na anlise do relevo terrestre e na representao tridimensional. A Figura 9 a seguir mostra um
modelo numrico gerado a partir de curvas de nvel. O processo para obteno desse produto
foi mostrado na Aula 2 As representaes tridimensionais digitais do relevo desta disciplina.
Aula 9
191
Sistema de apresentao
cartogrca
O sistema de apresentao cartogrca um mdulo bsico dos SIGs e permite a extrao
de elementos selecionados do banco de dados e a produo de mapas, grcos, relatrios e
tabelas no monitor de vdeo ou cpia impressa. Veja um exemplo dessa aplicao na Figura 11.
192
Aula 9
Atividade 2
Descreva os principais subsistemas que formam os programas que compem
os Sistemas de Informao Geogrca.
Atividade 3
A produo cartogrca beneciou-se muito com o advento dos Sistemas de
Descreva os principais subsistemas que formam os programas que compem
Informao Geogrca. Por que isso aconteceu? Em sua opinio, quais as
os Sistemas de Informao Geogrca.
vantagens de produzir um mapa a partir de um banco de dados em SIG em
relao forma tradicional (analgica)?
Aula 9
193
Caracterizao de dados
geogrcos
Voc sabe qual o signicado do termo dado espacial?
O termo dado espacial denota qualquer tipo de dado que descreve fenmenos aos quais
esteja associada alguma dimenso espacial. Os dados utilizados em SIGs pertencem a uma
classe particular de dados espaciais, que so os georreferenciados ou geogrcos.
O termo est relacionado a dados que descrevem fatos, objetos e fenmenos do globo
terrestre associados sua localizao sobre a superfcie terrestre, num certo instante ou
perodo de tempo.
Voc sabe o que caracteriza dados georreferenciados?
Dados georreferenciados so comumente caracterizados a partir de trs componentes
fundamentais, apresentadas a seguir.
194
Aula 9
Atividade 4
Os termos dado espacial e dado geogrco tm o mesmo signicado? O que
torna os sistemas de informao geogrca especiais diferentes de outros
sistemas de informao?
Aula 9
195
Por exemplo, quais os tipos de uso de solo encontrados no esturio GalinhosGuamar no perodo de 1990 - 2008?
Fixando onde e fazendo variar quando + o que: descreve uma localizao ou seu conjunto
(onde) ocupado por um ou vrios fenmenos geogrcos (o que) em um dado conjunto
de intervalos de tempo (quando).
Por exemplo, quais reas do estado do Rio Grande do Norte eram ocupadas por
atividades petrolferas no perodo de 1990 - 2007?
Fixando quando e fazendo variar o que + onde: descreve o conjunto de perodos (quando)
em que um determinado grupo de fenmenos geogrcos (o que) ocupou um conjunto
de localizaes.
Por exemplo, qual o perodo em que a regio onde hoje se encontra a UFRN foi
ocupada por vegetao nativa?
196
Aula 9
Aula 9
197
Modelo vetorial
No modelo vetorial, o mundo representado por segmentos de linhas ou pontos, e os
objetos so formados pela conexo de segmentos de linhas.
Figura 13 Modelo de representao de dados vetorial para o mesmo mapa mostrado na Figura 12
Atividade 5
Tomando como base as Figuras 12 e 13, imagine que voc queira fazer um mapa
e tenha a possibilidade de escolher entre os modelos raster e vetorial. Nesse
mapa, voc precisa traar com preciso o limite das unidades que iro aparecer,
bem como inserir pontos com a localizao precisa. Qual modelo de dados voc
escolheria? Explique a razo da sua escolha.
198
Aula 9
Utilizando SIG no
ensino de geograa
Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCNs) armam que o ensino de Geograa
objetiva um trabalho pedaggico que visa ampliao das capacidades dos alunos do Ensino
Fundamental de observar, conhecer, explicar, comparar e representar as caractersticas do
lugar em que vivem e de diferentes paisagens e espaos geogrcos PCNs (1998 p. 15).
Destacam ainda que:
A Geografia trabalha com imagens, recorre a diferentes linguagens na busca de
informaes como forma de expressar suas interpretaes, hipteses e conceitos. Pede
uma cartograa conceitual, apoiada em fuso de mltiplos tempos e em linguagem
especca, que faa da localizao e da espacializao uma referncia da leitura das
paisagens e seus movimentos (BRASIL, 1998 p.33).
Segundo Pazzini e Montanha (2005), a Geograa, cincia que trabalha com o espao,
oferece ao ser humano a possibilidade de um planejamento de suas intervenes na natureza;
assim, tenta minimizar a degradao ambiental. Esse conhecimento, aliado aos instrumentos
de gesto disponveis, permite explorar e dominar esse espao de acordo com interesses
individuais e coletivos. Nesse sentido, os SIGs constituem um importante aliado para o ensino
da Geograa por permitir de forma interativa e rpida a representao espacial dos fenmenos
que ocorrem no espao geogrco.
Os SIGs so sistemas automatizados usados para armazenar, analisar, manipular e
apresentar dados geogrcos, ou seja, dados que representam objetos e fenmenos em que
a localizao geogrca uma caracterstica que est inseparavelmente ligada informao
e indispensvel para analis-la atravs de tcnicas matemticas assistidas por computador.
Alm disso, esses sistemas ainda do enorme suporte Cartograa, que tem como
objetivo apresentar modelos de representao de dados para os diversos processos que
ocorrem no espao geogrco. Sendo esses recursos tecnolgicos muito interativos, eles
podem e devem ter um papel fundamental no ensino de Geograa, pois permitem que o
indivduo tenha uma viso espacial dos fenmenos e processos naturais ou no, constituindo-se
num grande instrumento de anlise do espao, de representao cartogrca e de informao.
Portanto, um poderoso instrumento de informao cartogrca e, segundo Vieira (2001),
um indivduo, quando cartogracamente informado, capaz de interpretar mapas e outras
representaes geogrcas. capaz de buscar contato com novos instrumentos e tecnologias
para adquirir, processar e expor informaes sob uma perspectiva espacial, habilidade inerente
aos dias atuais.
Pazzini e Montanha (2005) destacam que os SIGs so um bom exemplo de uma ferramenta
de anlise espacial aplicada Geograa, dado s mltiplas possibilidades de anlise dos dados
georreferenciados. Conceitos como autocorrelao espacial, buffering (reas de inuncia) ou
Aula 9
199
Alm disso, esses autores destacam que recentes pesquisas apontam que os recursos
de multimdia, quando utilizados no ensino, constituem mais que um modo sosticado de
ensinar; so tambm ecientes, pois atraem a ateno dos alunos e possibilitam melhorias
no raciocnio e no aprendizado. (VIEIRA, 2001).
Atividade 6
Quando voc tiver acesso internet, experimente acessar o site do IDEMA
(Instituto de Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte), o <www.idema.
rn.gov.br>. Em seguida, clique no link SIGGA WEB, que se encontra nessa pgina.
Visualize os vrios mapas presentes na pgina e depois relate qual foi a sua
impresso, destacando a importncia didtica que um instrumento dessa natureza
pode ter.
200
Aula 9
A importncia do SIG
para a Cartograa
Dentre as diversas potencialidades desses sistemas, destacamos aqui as mais ligadas
diretamente Cartograa.
a)
b)
c)
Aula 9
201
Resumo
Nesta aula, voc estudou os conceitos bsicos de Sistemas de Informaes
Geogrcas e a sua importncia para a Cartograa enquanto tecnologia que
pode dinamizar a produo cartogrca atravs de ferramentas, organizao,
visualizao e produo de documentos cartogrcos. Alm disso, procuramos
mostrar a importncia desse instrumento como recurso didtico para a cincia
geogrca.
Autoavaliao
1
202
Aula 9
Como vimos nesta aula, existem duas abordagens principais para a denio dos
sistemas de informao geogrca, uma mais ampla e uma mais restrita, tratando
esses sistemas apenas como sistemas computacionais. Baseado nisso, quais os
elementos que compem os SIGs na abordagem mais ampla e as principais funes
dos sistemas na abordagem mais restrita?
Referncias
ARONOFF, S. Geographic information systems: a management perspective. Ottawa: WDL
Publications, 1995.
BONHAM-CARTER, G. F. Geographic information systems for geoscientist: modelling with
GIS. Pergamon, 1994.
BRASIL. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros curriculares nacionais: geograa.
Braslia: MEC/ SEF, 1998.156 p.
BURROUGH, P. A. Principles of geographical information systems for land resources
assessment. New York: Oxford University Press, 1994.
BURROUGH, P.; McDONNELL, R. Principals of geographic information systems. Oxford:
Clarendon Press, 1998.
CMARA, Gilberto et al. Anatomia de sistemas de informao geogrca. Campinas: Instituto
de Computao; UNICAMP, 1996. 197 p.
Aula 9
203
204
Aula 9
SILVA, R., ANTUNES, P., PAINHO, M. Utilizando os sistemas de informao geogrca no ensino
de geograa ao nvel de ensino bsico e secundrio. In: SIMPSIO SOBRE INVESTIGAO
E DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE EDUCATIVO, 1., 1996, Costa da Caparica, Portugal.
Anais... Costa da Caparica, 1996.
TEIXEIRA, A. et al. Introduo aos sistemas de informao geogrca. Rio Claro: [s.n.], 1992.
VIEIRA, Eliane Ferreira Campos. Produo de material didtico utilizando ferramentas de
geoprocessamento. Monograa (Especializao em Geoprocessamento) Departamento
de Cartograa, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001. Disponvel em:
<http://www.csr.ufmg.br/geoprocessamento/centrorecursos/4cursopub/camposvieira2001.
pdf>. Acesso em: 10 fev. 2009.
Anotaes
Aula 9
205
Anotaes
206
Aula 9
Aula
10
Apresentao
Objetivos
1
2
3
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
209
Voc sabe
o que fotogrametria?
Nesta seo, vamos apresentar denies importantes que serviro para nortear o nosso
trabalho nessa aula. Ento, vejamos.
Pode-se denir fotogrametria como a cincia e a arte de se obterem medidas dignas de
conana por meio de fotograas (MARCHETTI; GARCIA, 1989, p. 13). J Loch e Lapolli (1989,
p. 5) ampliam esse conceito e denem fotogrametria como sendo a cincia e a tecnologia
de obter informaes seguras acerca de objetos fsicos e do meio, atravs de processos de
registro, medio e interpretao das imagens fotogrcas.
Para Fagundes e Tavares (1991), fotogrametria a cincia aplicada que se prope a
registrar, por meio de fotograas mtricas, imagens e objetos que podero ser medidos e
interpretados.
A American Society of Photogrametry (WOLF, 1983) dene fotogrametria como a arte,
cincia e tecnologia de obter informaes de conana sobre objetos fsicos e meio ambiente,
atravs de processos de registros, medio e interpretao de imagens fotogrcas e padres
de registros de energia eletromagntica irradiada e outros fenmenos.
210
Aula 10
Estudos orestais;
Leituras Cartogrcas II
Classicaes da fotogrametria
1. Quanto ao tipo espacial da cmara
Eixo tico
As lentes das cmaras fotogrcas so superfcies esfricas, e a reta determinada
pelo centro de curvatura dessa superfcie que forma a face da lente e o centro da
fotograa denominada eixo tico.
Digital: nesse caso, alm do processo de restituio fotogramtrica ser realizado pelo
computador, a fotograa e o mapa gerado podem ser armazenados em meio magntico
na forma de imagem.
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
211
Atividade 1
Como vimos, a fotogrametria divide-se em dois ramos: mtrica e interpretativa.
Assim sendo, qual o ramo que est mais ligado Geografia? Justifique
suaresposta.
212
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
Cmara Terrestre
Cmara Area
Movimento com
velocidade constante
Durante o tempo de
exposio
Fixa
Objeto fotografado
Geralmente xo
Fixo ou mvel
Tempo de Exposio
Relativamente longo
Bastante curto
Emulso Utilizada
Baixa sensibilidade
e granulao na
Elevada sensibilidade
Formato do Filme
Pequeno
Funcionamento
Manual ou automtico
Grande
Completamente automtico
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
213
Plano Focal
f - distncia focal
d - diagonal da fotograa
- ngulo de campo
Centro tico da Cmara
Os ngulos de campo representados pela letra podem ser: < 50 (pequeno angular);
50 < 75 (normal); 75 < 100 (grande-angular); 100 (super-grande-angular). As
principais caractersticas esto listadas no quadro a seguir.
ngulo de
Campo
< 50
50 < 75
Tipo
Pequeno
Normal
Produto
Emprego
Fotograas de
ngulo pequeno
Trabalhos de reconhecimento
com ns militares;
Vos muito altos, para confeco de
mapas de reas urbanas densas;
Confeco de ortofotomapas e
mosaicos de reas urbanas com
construes muito altas.
Fotograas de
ngulo normal
Trabalhos cartogrcos;
Confeco de mosaicos e
ortofotomapas de reas urbanas no
muito densas;
Mapeamento de regies com muita
cobertura vegetal.
Trabalhos cartogrcos
com maior economia;
Servios de aerotriangulao;
Confeco de mapas topogrcos;
Elaborao de mapas em grandes
escalas;
Medies fotogrcas.
75 < 100
Grande-angular
Fotograas de
ngulo grande
100
Super-grande-angular
Fotograas de
ngulo muito grande
214
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
Tipo
Associao
Emprego
55 f 100mm
Pequena
Cmara Super-grande-angular
Cartograa convencional
152 f 210mm
Normal
Cmara Super-grande-angular
ou normal
Cartograa convencional
305 f 610mm
Grande
Militar
c) Quanto ao formato
1.
Cmara com formato: Existncia das marcas duciais (laterais ou nos cantos da fotograa).
As marcas duciais podem ter: 1818cm, 1218cm e 2323cm, ou ainda 2346cm
(formatoespecial).
2.
Tipos:
De faixa contnua: a passagem da luz contnua e feita atravs de uma fenda. O avano
do lme sincronizado com a velocidade da imagem.
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
215
Eixo tico
Magazine
Corpo
Filme
Filtro
Cone
Obturador
Lentes
Diafragma
Atividade 2
emitida ou reetida pelos alvos da superfcie da Terra (solo, vegetao, drenagem).
Nessa fotograa, registra-se apenas a faixa da luz visvel, ou seja, a faixa onde o
ser humano consegue enxergar. Assim, o que aconteceria com fotograas que
fossem obtidas em um dia com alta nebulosidade?
216
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
217
Frmula
R = 4,5
dl
Rl/mm = 1500
f-stop
Rm=
E
1000.Rl/mm
Parmetros envolvidos
dl: dimetro da lente em polegadas
f-stop: fator do diafragma
E: mdulo de escala da fotograa
Com o valor desse parmetro, podemos determinar o tamanho do menor objeto que vai
aparecer em uma fotograa area, ou seja, quanto melhor a resoluo, mais detalhes teremos
na nossa fotograa.
218
Aula 10
Fotograas areas oblquas altas: o eixo tico est inclinado com relao ao terreno e a
linha do horizonte aparente ou visvel observada na foto. As fotograas areas oblquas
altas cobrem grandes extenses do terreno, e ainda hoje so bastante utilizadas.
Leituras Cartogrcas II
Fotograas areas oblquas baixas: o eixo tico est inclinado com relao ao terreno,
mas a linha do horizonte aparente ou visvel no aparece na fotograa area. Nesse caso,
a variao de escala menos acentuada do que na fotograa inclinada.
Fotograas areas verticais: o eixo tico forma um ngulo de aproximadamente 90o com
o terreno e a inclinao do eixo tico com relao a uma linha vertical imaginria menor
que 3o; a variao de escala menos acentuada se comparada com os outros tipos de
fotograas areas e, em casos de reas planas, tal variao praticamente desprezvel.
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
219
Atividade 3
Quando desejamos obter medidas precisas em fotograas areas, como distncia
entre duas cidades, rea de um determinado alvo de interesse etc., que tipo de
fotograa area devemos utilizar? Justique sua resposta.
220
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
Oliveira (1993, p. 200) dene-a como sendo a cincia e a arte que se ocupa do uso da
viso binocular, para a observao de um par de fotograas superpostas, ou outras imagens
perspectivas, e com o auxlio de mtodos pelos quais essa imagem produzida.
Foto 2
Foto 1
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
221
60%
Linha de voo
Linha de voo
30%
Linha de voo
Atividade 4
Durante o vo, as fotograas areas so tiradas em intervalos de tempo iguais, de modo a
permitir que todos os alvos fotografados no terreno apaream pelo menos duas vezes em duas
fotograas areas consecutivas. Como so chamadas essas reas fotografadas pelo menos
duas vezes e qual a sua importncia para a fotogrametria e fotointerpretao?
Figura 8 Par estereoscpico mostrando a rea de sobreposio entre duas fotos contnuas
222
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
223
comum chegar-se viso estereoscpica sem a viso de instrumentos. Para isso, basta
que o observador xe sua viso no innito ou em um alvo bem distante e depois tente
visualizar o par de fotos, fazendo com que o olho esquerdo veja a foto da esquerda e
o olho direito, o da direita. Entretanto, isso fora demasiadamente a viso. Por isso, para
uma maior comodidade, necessria para trabalhos demorados com viso tridimensional,
importante o uso de equipamentos especiais que permitem a focalizao necessria para a
estereoscopia. Tais equipamentos so aparelhos ticos chamados de estereoscpios, os quais
podem ser de dois tipos: bolso, lentes ou refrao; e mesa, espelhos ou reexo.
224
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
importantes, por isso precisam ser de tima qualidade; por essa razo, quando o estereoscpio
no est sendo usado, deve ser bem protegido. Ele permite ao observador uma postura mais
cmoda, diminuindo assim o cansao visual, e abrange reas maiores que o estereoscpio de
bolso na anlise de fotograas. As fotograas areas podem ser xadas na mesa, sem haver
necessidade de serem removidas, o que recomendvel para medies fotogramtricas. As
principais desvantagens do estereoscpio de mesa so seu alto preo e o fato de serem de
difcil transporte, alm de seu pequeno aumento, que menor que aquele produzido pelo
estereoscpio de bolso.
Restituio fotogramtrica
Uma das denies que melhor traduz o signicado dessa expresso a de Oliveira
(1993, p. 489). Segundo ele, restituio a elaborao de um mapa, ou parte dele, a
partir de fotograas areas e de dados de controle geodsico, por meio de instrumentos
fotogramtricos.
Em determinadas situaes, a fotograa area j fornece dados precisos. Marchetti e
Garcia (1986, p. 107) explicam que em reas onde a superfcie terrestre plana, a escala das
fotograas pode ser considerada como precisa para diferentes propsitos. Nesses casos,
muitas vezes pode-se obter um mapa fazendo-se uma cpia direta da fotograa; entretanto,
ele no pode ser considerado como um mapa verdadeiro.
Embora a fotograa area nos proporcione uma correta leitura de ngulos, as mudanas
frequentes da escala horizontal nos impedem de obter medidas precisas de distncias. Assim, a
alternativa transferir os detalhes da fotograa para mapas planimtricos com escala uniforme.
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
225
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
O que fotointerpretao?
De acordo com Loch (1993), a fotointerpretao pode ser dividida em duas: a visual e
a automtica. A primeira aquela efetuada diretamente pelo intrprete, no necessitando em
primeira mo de equipamentos. A segunda precisa do uso de equipamentos computacionais,
e tratada na esfera de Processamento Digital de Imagens atravs de algoritmos prprios.
Atividade 5
O que estereoscopia, quais as maneiras de obt-la e qual a sua importncia nos
estudos das fotograas areas?
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
227
a) Fotondice
Conjunto de fotograas areas de uma determinada regio. As fotograas so ligadas e
montadas de acordo com as zonas de superposio e reduzidas fotogracamente. Atravs
desse conjunto, possvel apontar falhas nos recobrimentos, derivas de vo, entre outros.
b) Mosaico
Conjuntos de fotograas areas no qual as fotos so montadas e ajustadas sistematicamente
umas s outras, atravs dos detalhes do terreno, possibilitando uma viso completa de toda
regio fotografada. Possibilita o estudo preliminar de geologia, solo, vegetao, recursos
hdricos e naturais etc.
c) Fotocarta
um mosaico sobre o qual so impressos quadriculados ou malha de coordenadas, moldura,
nome de rios, de cidades, de acidentes geogrcos, legendas etc.
d) Ortofotocarta
uma fotograa reticada, ampliada em papel indeformvel e complementada com smbolos,
malha de coordenadas, legenda, informaes planialtimtricas ou apenas planimtricas.
Resumo
Nesta aula, voc viu que a fotogrametria entendida como a cincia, tecnologia
e arte de obter informaes sobre alvos fsicos e do meio ambiente. Aprendeu
que ela tem como principal nalidade registrar, em fotograas areas obtidas por
cmaras montadas em estaes mveis no espao, caractersticas do terreno
que servem de base para a elaborao de produtos cartogrcos que retratem a
realidade estudada no local. Nesse sentido, voc pde perceber que o processo
de obteno de representaes cartogrcas como mapas atravs dos produtos
da fotogrametria essencial para o estudo e conhecimento das caractersticas
do meio ambiente.
228
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
Autoavaliao
Com base nos conceitos que voc aprendeu no decorrer dessa aula, queremos propor
algumas questes para a autoavaliao:
Referncias
ANDRADE, J. B. Fotogrametria. Curitiba: SBEE, 1998.
BAKKER, M. P. R. Cartograa temtica. [s.l.]: [s.n], 1965.
BEZERRA, F. H. R.; AMARO, V. E. Princpios de fotogrametria: notas de aula para os
cursos de engenharia civil e geologia. Natal: [s.n], 2003.
COLWELL, R. N. Manual of Remote Sensing. 2th ed. Falls Church: American Society of
Photogrammetry, 1983. v 2.
DISPERATI, Atlio A. Fotograas areas inclinadas. Curitiba: UFPR, 1995.
DUARTE, P. A. Cartograa bsica. 2. ed. Florianpolis: UFSC, 1988.
______. Cartograa temtica. Florianpolis: UFSC, 1991. 145 p.
FAGUNDES, M. P.; TAVARES, P. E. de M. Fotogrametria. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
CARTOGRAFIA, 15., 1991, So Paulo. Anais... So Paulo, 1991.
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
229
Anotaes
230
Aula 10
Leituras Cartogrcas II
Anotaes
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Anotaes
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Aula
11
Apresentao
Objetivos
1
2
3
4
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
235
236
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
A radiao eletromagntica
Comprimento de onda
Raios
Raio X
Gama
Ultravioleta
Infravermelho
Micro-onda TV / Rdio
Visvel
0.4
0.7
micrmetros
Figura 1 Representao do espectro eletromagntico. Do lado esquerdo (0,4), ns temos a luz azul, e no
direito (0,7), a luz vermelha; entre os dois, est a luz verde
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
237
Atividade 1
Agora que ns vimos os conceitos bsicos de sensoriamento remoto, voc
tem condies de responder seguinte indagao: no seu entendimento,
a aerofotogrametria, ou estudo de fotograas areas, vista na Aula 10 dessa
disciplina (As fotograas areas e sua utilizao pela cartograa), pode ser
considerada um mtodo de sensoriamento remoto? Justique sua resposta.
238
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
Atividade 2
Considerando que o que ns registramos em uma imagem de satlite a
intensidade com que um corpo presente na superfcie da Terra emite ou reete
de energia eletromagntica, o que nos permite individualizar os objetos?
Principais caractersticas
das faixas do espectro eletromagntico
Quando falamos em faixas do espectro eletromagntico, estamos nos referindo
denominao usual dada a diversas regies que o formam, como mostrado na Figura 1. Essas
faixas so divididas em funo dos intervalos de comprimento de onda.
1.
A pequena banda denominada luz o conjunto de radiaes para as quais o sistema visual
humano sensvel, ou seja, a luz visvel.
2.
3.
A banda de raios X mais energtica que a ultravioleta e mais penetrante. Isso explica
porque utilizada na Medicina para produzir imagens do interior do corpo humano.
4.
5.
O conjunto de radiaes geradas pelo Sol estende-se de 300 at cerca de 3000 nanmetros
(nm), e essa banda denominada espectro solar.
Aula 11
Radiao
ultravioleta
A radiao ultravioleta,
conhecida como UV, a
radiao eletromagntica
com um comprimento
de onda menor que a da
luz visvel e maior que
a dos raios X. Faz parte
da luz solar que atinge a
Terra e essencial para
a preservao do calor
e a existncia da vida;
contudo, em funo dos
buracos na camada de
oznio, sem a devida
proteo, estamos
expostos a essa radiao,
o que pode provocar
doenas de pele.
Leituras Cartogrcas II
239
Luz e cor
sistema visual do homem e dos animais terrestres sensvel a uma pequena faixa
de radiaes do espectro eletromagntico situada entre 400 e 700 nm. Essa faixa
chamada de luz. Dependendo do comprimento de onda, a luz produz as diferentes
sensaes de cor que percebemos. Por exemplo, quando as radiaes da banda entre 400 nm e
500nm incidem em nosso sistema visual, transmitem-nos as vrias sensaes de azul e ciano;
as da banda entre 500 nm e 600 nm transmitem as vrias sensaes de verde, e as contidas
na banda de 600 nm a 700 nm transmitem as vrias sensaes de amarelo, laranja e vermelho.
Uma propriedade importante das cores que elas podem ser misturadas para
gerar novas cores. Escolhendo trs cores bsicas (ou primrias) como o azul, o
verde e o vermelho, a sua mistura em propores adequadas pode gerar a maioria
das cores encontradas no espectro visvel.
Atividade 3
A cor percebida pelo olho humano aquela reetida pelo objeto no qual o raio
solar incide. O branco consiste na reunio de todas as cores, ao passo em que
o preto a ausncia de cor. Todas as demais seriam o resultado da mistura
das cores primrias (vermelho, verde e azul) em alguma proporo. Faa uma
pesquisa e descreva qual a importncia que voc acha que a cor tem para o
sensoriamento remoto.
240
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
Assinatura espectral
uando a radiao interage com um objeto, pode ser reetida, absorvida ou mesmo
transmitida. Em geral, a parte absorvida transformada em calor ou em algum outro
tipo de energia, e a parte reetida se espalha pelo espao. O fator que mede a capacidade
de um objeto de reetir a energia radiante indica a sua reectncia, enquanto que a capacidade
de absorver energia radiante indicada pela sua absortncia. Da mesma forma, a capacidade
de transmitir energia radiante indicada pela sua transmitncia.
TM7
TM5
TM4
TM3
TM1
TM2
solo seco
40
vegetao
20
gua limpa
0
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
2.2
2.4
2.6
Reectncia (%)
60
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
241
Atividade 4
Em sua opinio, qual a importncia de conhecermos a assinatura espectral dos
alvos ou objetos a serem investigados?
Sistemas sensores
242
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
a)
Resoluo espacial: indica a capacidade que o sistema sensor possui para registrar os
detalhes do terreno na imagem. Essa resoluo expressa pelo elemento celular que
compe uma imagem de satlite, denominado pixel (picture element), que estabelece a
unidade mnima de informao que estar representada em uma imagem e corresponde
rea da superfcie qual se refere.
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
243
b)
244
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
c)
d)
Resoluo temporal: indica a frequncia temporal com a qual uma determinada poro da
superfcie da Terra/cena/alvo ser amostrada por um determinado sensor, ou seja, quantos
dias o sensor levar para obter uma nova imagem da mesma rea.
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
245
Atividade 5
1
246
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
Qual a origem
da energia utilizada para
iluminar os alvos na superfcie?
Fonte: <http://www.agro.unitau.br/sensor_remoto/aula_6.pdf>.
Acesso em: 11 dez. 2008.
Sensores ativos
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
247
As imagens de satlite
e a cartograa temtica
essa altura voc j deve estar imaginando que as imagens de satlite podem ser
utilizadas para a gerao de mapas de diversos temas, e voc est certo. As imagens
de sensoriamento remoto podem ser consideradas importantes fontes de dados da
superfcie terrestre, e como tal, podem ser utilizadas para a gerao de diferentes tipos de
mapas. Nesse processo, os dados contidos na imagem so transformados em informaes
e apresentados na forma de mapas. Enquanto os mapas contm informaes temticas, as
imagens de satlite contm dados brutos sobre a reectncia dos alvos ou objetos que esto
sobre a superfcie. Somente depois da interpretao ou classicao podem se transformar
em informaes temticas.
Os mapas podem ser obtidos automaticamente atravs da utilizao de programas
dedicados exclusivamente para tratamento de imagens, permitindo a gerao de imagens
com diferentes composies de cores, ampliaes de partes dessas imagens e classicaes
temticas dos objetos nelas identicados. Podem, ainda, ser obtidos da maneira tradicional,
atravs da interpretao visual em papel.
As imagens de satlite
e suas aplicaes ambientais
248
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
sua viso sintica, que permite ver grandes extenses de rea em uma mesma imagem;
Monitorar desmatamentos;
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
249
Atividade 6
Imagine que voc precisa caracterizar uma determinada rea. O que seria mais
adequado: realizar uma interpretao de imagens de satlite com o objetivo
de auxiliar os trabalhos de campo ou eliminar essa etapa e fazer o trabalho
diretamente no campo? Se voc respondeu a primeira opo, o que a imagem
permite ver com mais clareza do que a observao direta no local de estudo?
250
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
papel da escola de formar alunos capazes de pensar e ter autonomia para tomar decises,
com capacidade de adaptao ao meio ambiente, criando condies para a aquisio
e desenvolvimento de conhecimentos, valores e atitudes favorveis a essa adaptao.
Destaca-se, aqui, a importncia do trabalho com o conhecimento cientco e tecnolgico, uma
vez que o uso desses novos recursos reforado pelos parmetros curriculares nacionais.
Dentro dessa perspectiva, o conhecimento a respeito da tecnologia do sensoriamento
remoto pode e deve encontrar um ambiente acolhedor dentro da escola por se tratar de um
recurso didtico bastante inovador no processo ensino-aprendizagem.
O que a imagem
de satlite tem de especial?
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
251
252
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
elas. O contato, sobretudo com as cores e formas caractersticas das imagens de satlite e sua
decodicao, encaminha os alunos aos desdobramentos de leituras objetivas e subjetivas do
espao geogrco, propcias ao desenvolvimento de experimentos plsticos originais.
Esses so apenas alguns exemplos dos possveis usos didticos dos produtos e tcnicas
de sensoriamento remoto no tratamento de contedos curriculares.
Embora estes exemplos apresentem possibilidades multidisciplinares de utilizao escolar
do sensoriamento remoto, tambm possvel desenvolver estudos interdisciplinares a partir
da denio de um tema especco para estudo, onde as contribuies disciplinares se tecem
na sua anlise, como por exemplo o tema Meio Ambiente.
Atividade 7
1
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
253
Resumo
Nesta aula, voc estudou a importncia das imagens de satlite. Viu que o
sensoriamento remoto muito utilizado nas reas das Cincias Aplicadas para
denir utilizao de sensores remotos instalados sobre satlites articiais para
a aquisio de informaes sobre objetos ou fenmenos que esto sobre a
superfcie da Terra, e a apresentao desta informao na forma de imagens
digitais ou impressas em papel. Nessa aula, voc viu tambm que essas imagens
tm sido muito teis para o desenvolvimento e realizao de projetos ligados
s atividades humanas, especialmente aquelas que implicam em mudanas
ambientais. Alm disso, voc viu tambm que esses produtos tm se destacado
como recurso didtico pela possibilidade que nos oferecem de uma viso ampla
e multidisciplinar do espao geogrco, auxiliando-nos na compreenso e
entendimento das diversas interaes que acontecem nesse espao.
Autoavaliao
Agora que voc estudou os aspectos mais importantes das imagens de satlite e suas
aplicaes, vamos propor algumas questes para que possamos avaliar a sua compreenso
acerca desse assunto.
254
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
Como ns sabemos, a Geograa uma cincia que tem o espao como objeto
de estudo. Pensando nisso, qual a importncia das imagens de satlite para o
conhecimento desse espao geogrco e como esse recurso pode auxiliar os alunos
do Ensino Bsico e Mdio na compreenso das relaes que acontecem dentro
desse espao?
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
255
Referncias
CRSTA, A. P. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. Campinas: IG/
UNICAMP, 1992. 170p.
FLORENZANO, T. G. Imagens de satlite para estudos ambientais. So Paulo: ocina de
textos, 2002. 97 p.
LILLESAND, T. M.; KIEFER, R. W. Remote sensing and image interpretation. 2nd ed. New
York: John Wiley, 1987.
LILLESAND, T. M.; KIEFER, R. W. Remote sensing and image interpretation. 3nd ed. New
York: John Wiley, 1994. 750 p.
MOREIRA, A. M. Fundamentos do Sensoriamento Remoto metodologias de aplicao. 2.
ed. revisada e ampliada. Viosa, MG: Ed. UFV, 2003.307p.
MOREIRA, M. A. Fundamentos de sensoriamento remoto e metodologias de aplicao. 1.
ed. So Jos dos Campos, SP: [s.n], 2001.
NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento remoto: princpios e aplicaes. So Paulo: Edgar
Blcher, 1989.
ROSA, R. Introduo ao sensoriamento remoto. Uberlndia: Ed. Da Univ., 1992.
SANTOS, V. M. N. dos. O uso escolar de dados de sensoriamento remoto como recurso
didtico pedaggico. Disponvel em: <http://www.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/
educasere/>. Acesso em: 11 dez. 2008.
SAUSEN, T. M. Sensoriamento remoto e suas aplicaes para recursos naturais: apostila.
Disponvel em: <http://www.inpe.br/unidades/cep/atividadescep/educasere/>. Acesso em:
11 dez. 2008.
256
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
Anotaes
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
257
Anotaes
258
Aula 11
Leituras Cartogrcas II
A cartograa e a internet
Aula
12
Apresentao
Objetivos
1
Aula 12
261
Sobre a importncia da
Internet para a Cartograa
rovavelmente, voc j deve ter acessado a Internet, no ? Mas voc j parou para
pensar no que isso signica em termos de Cartograa e Geograa? Certamente voc
j estudou sobre os conceitos de Internet e sua importncia aqui mesmo nesse curso.
Para relembrar os conceitos, sugerimos que voc faa uma reviso da disciplina Informtica
e Educao.
Somente para reforar o que voc j deve ter visto, o advento da rede mundial de
computadores tem interferido e mudado completamente a maneira de interagirmos com o
mundo atravs dos mapas; em virtude disso, a rede tem um papel de grande importncia
como recurso didtico. Hoje, contribui muito para o processo de Ensino e Aprendizagem dos
conceitos da Cartograa em sala de aula, de maneira que a sua utilizao j conta com vrias
iniciativas Brasil afora. A tendncia futura de grande crescimento, devido ao seu grande
potencial, popularizao crescente dos recursos de informtica e disponibilidade cada vez
maior de documentos cartogrcos na rede.
262
A comunicao cartogrca:
da Pr-Histria era da Internet
Aula 12
263
Atividade 1
1
Como voc pde observar, nesse breve relato resumimos alguns sculos de evoluo
histrica das formas de comunicao que a humanidade desenvolveu. A Cartograa
surge como uma das mais importantes formas de comunicao, pois retrata da
maneira mais el possvel a realidade geogrca que acompanhou essa evoluo.
Com base nessas informaes, responda:
a) De que a maneira voc imagina que a Cartograa se beneciou dessa evoluo dos meios
de comunicao?
b) Quais os reexos que isso pode ter causado em termos econmicos e em termos de
disseminao do conhecimento sobre a superfcie da Terra?
264
Ns imaginamos que voc j tenha alguma experincia com o uso da Internet. Voc
acredita que a interatividade que a rede nos proporciona na leitura de mapas ou
outros documentos cartogrcos pode trazer uma motivao a mais para os alunos
em relao forma tradicional, no papel? Por qu?
Internet, como meio de comunicao, tem contribudo para interligar pessoas ao redor
do mundo inteiro, possibilitando discusses sobre os mais diferentes assuntos, bem
como a distribuio de produtos e servios. Incluem-se a mapas, imagens de satlite
e outras formas de comunicao cartogrca. Assim, diminuem-se distncias de tempo e de
espao, alm de se conseguir uma reduo considervel no custo em relao a outros meios
de comunicao conhecidos.
Esse novo meio pode aumentar sensivelmente e/ou estimular a sua capacidade de
aprendizado e assimilao e a dos seus alunos. A Internet possibilita uma grande interao
com o computador para gerar mapas virtuais de qualquer local do planeta: da sua cidade,
do seu bairro, sua rua e vizinhanas, o que pode contribuir para que o aprendizado seja um
exerccio bem estimulante.
Gerar mapas mostrando o espao em que vivem, possibilitando ao aluno interagir com
o espao ao seu redor dentro de uma viso bem mais ampla do que aquela a qual est
habituado.
Quando o aluno sabe interpretar o signicado das paisagens, ele ter muito mais facilidade
em acompanhar as mudanas temporais que ocorrem sobre essas paisagens, como
acompanhar as mudanas ambientais (tanto as naturais quanto aquelas induzidas pelo
homem). Para isso, as imagens de satlite so instrumentos fundamentais.
Aula 12
265
Partindo das diversas possibilidades que vimos na interao professor, aluno e Cartograa
na Internet, sugerimos alguns endereos que podem ilustrar o potencial que essa nova forma
de comunicao coloca nossa disposio. Nesses endereos, voc pode trabalhar vrios
conceitos cartogrcos, como escalas, sistemas de coordenadas e simbolismo cartogrco
(convenes, legendas etc.). A partir disso, sugerimos algumas atividades logo depois da
apresentao desses sites.
1. Google: <www.google.com.br>
O Google o maior site de busca da Internet, atravs do buscador Google Search. O
servio foi criado a partir de um projeto de doutorado dos ento estudantes Larry Page e Sergey
Brin, da Universidade de Stanford, em 1996. Esse projeto, chamado de Backrub, surgiu devido
necessidade de construir um site de busca mais avanado, rpido e com maior qualidade
de ligaes.
Quando realizamos uma pesquisa no Google, imediatamente temos acesso a uma
innidade de sites de todo mundo que obedecem ao critrio pesquisado. Se no quisermos
perder tempo, podemos restringir os critrios de consulta aumentando o nmero de palavraschave, como por exemplo o nome do pas, do estado ou da cidade que se deseja obter o mapa.
266
na Austrlia, no Brasil, entre outros. Disponibiliza, tambm, imagens via satlite do mundo
todo, com possibilidade de um zoom nas grandes cidades, como So Paulo, por exemplo.
Aula 12
267
Figura 4 Imagem de satlite obtida atravs do Google Earth mostrando a cidade de Natal-RN
Figura 5 Imagem de satlite obtida atravs do Google Earth mostrando o Estdio Machado, em Natal-RN
268
Atividade 2
1
Quando voc realiza o processo descrito acima numa imagem de satlite, faz sentido
falar em escala para uma imagem em formato digital ou seria mais adequado falar em
resoluo espacial? Qual a relao que existe entre a escala e a resoluo espacial?
Aula 12
269
natural que todo documento cartogrco contenha uma legenda e uma simbologia
que facilite a leitura do referido documento, alm de um sistema de coordenadas.
Verique se isso acontece com esses aplicativos. Voc acha que esses produtos
apresentam rigor cartogrco que justique o seu uso para qualquer m? Se no,
para que ns eles seriam mais adequados?
INPE: <http://www.inpe.br/>
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) adotou uma poltica de dados livres, o
que permite que se tenha acesso a uma grande quantidade de materiais didticos e documentos
cartogrcos. Destacam-se as imagens dos satlites Cbers e Landsat, que nos permitem a
elaborao de produtos cartogrcos precisos, o que no possvel com os produtos dos
sites mostrados acima (Google Maps e Google Earth). Alm disso, muitas outras informaes
geogrcas podem ser encontradas nesse site.
Atravs da observao de imagens de satlite ou de mapas de pocas diferentes, voc pode
notar a evoluo das paisagens, vericar se houve aumento ou diminuio de vegetao natural,
se a expanso urbana avanou sobre reas imprprias para ocupao... possvel acompanhar
toda a dinmica espacial de um determinado lugar, exatamente pela facilidade de acesso a dados
que a Internet nos proporciona, o que era extremamente difcil at pouco tempo atrs.
270
IBGE: <http://www.ibge.com.br/home/>
Dados geogrcos com preciso cartogrca podem ainda ser encontrados em vrios sites
de institutos de meio ambiente dos estados, como o caso do IDEMA do Rio Grande do Norte,
atravs do Sistema de Informaes Georreferenciadas do Estado (SIGGA-RN), link disponvel
logo na pgina inicial. Todos os demais podem ser encontrados atravs de sites de busca.
Atividade 3
Leia a seguinte matria publicada na Folha de So Paulo em 26 de julho de 2006.
Internet lana as bases de uma nova cartograa
LUCIA LEO
Especial para a Folha de S.Paulo
Aula 12
271
Bisbilhotar as ruas de Paris e, no instante seguinte, deliciar-se com o azul das praias de
Maui sem sair do cinza do seu escritrio: essa uma das viagens proporcionadas pelas imagens
de satlites que alimentam alguns servios de mapas na internet. Mas h muitas outras trilhas
na rede, desde as rotas dos navegantes do passado at os caminhos do conhecimento e as
relaes entre sites, empresas e pessoas.
O cotidiano contemporneo repleto de excessos. Excessos de dados, de imagens, de
links e de novas tecnologias. Nesse mundo em constante transformao, surgem, a cada
dia, projetos de organizao de dados, muitas vezes chamados de mapas -- que so muito
mais que representaes bidimensionais de espaos tridimensionais.
A rigor, mapas so instrumentos auxiliares na aquisio do conhecimento e na organizao
da informao.
Com esse sentido expandido, pode-se ter mapas como representaes visuais: diagramas
que indicam relaes, conexes ou associaes entre conceitos. Com o ciberespao,
surgem ainda outras possibilidades de mapeamento, principalmente no campo da
visualizao dinmica e interativa da informao. Projetos experimentais no param de
romper fronteiras e gerar cartograas inusitadas, interativas, nas quais quem busca
informao tambm pode fornec-las.
Outra vertente so os mapas on-line, que geram muitos recursos e conquistam pblico
aos borbotes -- tanto que a senda aberta pelo Google Earth recebe agora a poderosa
concorrncia da Microsoft. E os governos tambm investem para melhorar o sistema
que fotografa o planeta por satlites.
a) Aps ler essa matria, voc diria que a Internet funciona como instrumento de popularizao
dos conceitos da Cartograa? Justique sua resposta.
Resumo
Nesta aula, voc viu que a Internet, nos ltimos anos, se transformou em um
recurso tecnolgico de grande importncia para a disseminao da informao
cartogrca. Em consequncia, torna a tarefa dos atores principais (alunos e
professores) bem mais agradvel e motivadora pelo grande volume de dados
disponveis na rede, como mapas e imagens de satlite, bem como pela facilidade
de acesso a esses produtos (uma vez que a interatividade uma das principais
caractersticas desse meio de comunicao e de transmisso de dados).
Vimos, tambm, como surgiu a Internet e discutimos sua importncia didtica,
especialmente como instrumento de disseminao e popularizao de informao
cartogrca.
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Autoavaliao
1
Como a Internet pode facilitar uma melhor compreenso dos fenmenos geogrcos
e de sua distribuio espacial?
Referncias
ARAJO, Franco Marcelo. Ensaios sobre as tecnologias digitais da inteligncia. So Paulo:
Papirus, 1997.
ARCHELA, Rosely S.; PISSINATI, Mariza C. Webquest como metodologia em aulas prticas de
Cartograa. Portal da Cartograa, Londrina, v. 1, n. 1, p. 59 - 74, maio/ago., 2008. Disponvel
em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/portalcartograa>. Acesso em: 9 dez. 2008.
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274
Anotaes
Aula 12
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Anotaes
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Esta edio foi produzida em ms de 2012 no Rio Grande do Norte, pela Secretaria de
Educao a Distncia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (SEDIS/UFRN).
Utilizando-se Helvetica Lt Std Condensed para corpo do texto e Helvetica Lt Std Condensed
Black ttulos e subttulos sobre papel offset 90 g/m2.
Impresso na nome da grca
Foram impressos 1.000 exemplares desta edio.
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