CLIMATOLOGIA
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Copyright © Charlei Aparecido da Silva (org.)
Capa: Bruno de Souza Lima e Charlei Aparecido da Silva
Projeto gráfico e editoração: Charlei Aparecido da Silva e Paulo Roberto Fitz
Revisão: TOTALBOOKS
2022
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-65-88393-27-7
22-99714 CDD-551.69
Índices para catálogo sistemático:
Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por
escrito dos autores.
Os autores são responsáveis pelos conteúdos apresentados (textos, figuras, tabelas etc.) e assumem total
responsabilidade pública e jurídica sobre os mesmos.
Apresentação
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
APRESENTAÇÃO
AS PRIMEIRAS LEMBRANÇAS
H á duas formas de compreendermos o clima e o tempo, por meio do empírico e/ou pela
ciência, hoje tenho clareza disso; sei também que as duas visões são de fundamental
importância; não podemos suprimir uma em razão da outra, elas são e devem ser complementares.
É fato que todos os indivíduos carregam consigo um entendimento sobre o clima e o tempo,
essencialmente em função dos fazeres e afazeres da vida, do cotidiano. No meu caso minhas
primeiras lembranças sobre o clima e o tempo são afetivas, me remetem a duas falas, de duas
mulheres, de minha avó e de minha mãe. Reproduzirei aqui suas falas, quase posso escutar suas
vozes ao escrever:
“Essa é melhor para se beber, é água da chuva.”
Vó Maria, mãe de minha mãe.
“Vai sair? Leve uma blusa! Vai chover, os paturis estão passando, vai esfriar.“
Dona Helena, minha mãe.
Ao olhar esse pretérito, antevejo seu significado para o século XXI, isso frente aos debates e
desafios que envolvem as questões climáticas em todas as suas nuanças, temas e escalas para a
sociedade. Muitos são os desafios para esse século que se apresenta e, talvez a aproximação dessas
duas formas de conhecimento, o desvelar da imbricada relação clima-sociedade, a convergência
entre o empírico-ciência, e a tomada de consciência sobre essas duas linguagens permita o trilhar e
a proposição de ações com brevidade e de maior significância. Os avanços que virão no campo da
Climatologia Geográfica brasileira, aqueles que se colocarão como importantes nas próximas
décadas, virão dessa aproximação, da inclusão de temas e estudos nos quais as pessoas, as
vulnerabilidades socioambientais sejam ainda mais protagonistas, penso que será, portanto, uma
Climatologia ainda mais Geográfica.
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Apresentação
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
A COLETÂNEA
A os leitores e leitoras esclareço: não constará nessa apresentação um resumo dos textos
ou mesmo quaisquer informações dos autores. Cada capítulo tem um resumo e um
abstract, uma capa de abertura. Isso foi pensado para instigar e facilitar quando da pesquisa pelos
temas abordados, e, nas páginas finais do livro, estão presentes informações detalhadas sobre os
autores e autoras.
*
SILVA, C. A.; FIALHO, E. S. (org.). Concepções e ensaios da Climatologia Geográfica. 1. ed. Dourados (MS): Editora da
UFGD, v. 1, 2012, 402 p.
†
SILVA, C. A.; FIALHO, E. S. (org.); STEINKE, E. T. (org.). Experimentos em Climatologia Geográfica. 1. ed. Dourados (MS):
Editora da UFGD, v. 1, 2014, 391 p.
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Apresentação
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
OS AGRADECIMENTOS
Tenho que registrar, a coletânea foi idealizada no segundo semestre de 2021, no auge da
pandemia COVID-19, as revisões e a editoração se deram durante o ano de 2022. Perdas se fizeram
presente, muitos foram acometidos pela doença, incluindo alguns dos autores e autoras dos
capítulos e seus familiares. O senso de responsabilidade, a generosidade, por escreverem e
contribuírem com o livro em um momento tão difícil não pode ser esquecido; dá ao livro um
significado ainda maior. O livro foi pensado, idealizado e executado frente a muitas adversidades,
em um cenário de negação da ciência e no obscurantismo da negação – esse tempo, esse momento
da história do Brasil, não pode ser esquecido jamais.
Termino:
“Dia a dia, com forças que iam minguando, a miséria escalavrava mais a cara
sórdida, e mais fortemente os feria com a sua garra desapiedada. Só talvez por um
milagre iam aguentando tanta fome, tanta sede, tanto sol.”*
30 de outubro de 2022.
Charlei Aparecido da Silva.
Organizador.
*
Trecho do romance “O Quinze” de Raquel de Queiroz, um romance sobre a força do povo nordestino frente às
adversidades, as quais nem sempre são só climáticas. (QUEIROZ, Rachel de. O quinze. São Paulo: Siciliano, 1993, 149 p.).
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Prefácio
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
PREFÁCIO
O tempo e o clima se constituem, cada vez mais, como assuntos relevantes que a
realidade tem nos confrontado e a ciência nos oferecido como grandes desafios da
humanidade, neste primeiro quartel do século XXI.
Pensar a complexidade do clima neste tempo histórico em que vivemos, significa um árduo
esforço teórico, metodológico e técnico, que todos os estudiosos que ousam tomá-lo como tema
principal de suas pesquisas, precisam se debruçar e terem a coragem de inovar e propor perspectivas
de análise que efetivamente possam contemplar, à altura, tamanho desafio.
E é neste contexto que o geógrafo e amigo Charlei Aparecido da Silva organizou a presente
obra “Climatologia Geográfica: conceitos-métodos-experimentos”. E não poderia ter sido outro,
dada a sua capacidade de dialogar com as diversas “climatologias”, com todos os seus temas, e com
pesquisadores de todas as regiões brasileiras.
Esta excelente coletânea nos brinda com a recente produção intelectual da climatologia
geográfica brasileira, abordando diferentes temas como clima urbano, clima e saúde, clima regional,
clima e turismo. Também nos oferece distintas ordens escalares, desde as escalas locais, até as
regionais, incluindo perspectivas vinculadas a efeitos das mudanças climáticas.
Outro aspecto relevante contido nesta obra é a diversidade de métodos e o tratamento plural
do clima, tanto como fenômeno físico quanto como construção social, ou, ainda, como linguagem
que se utiliza de novas ferramentas tecnológicas e domínios matemáticos.
Que a leitura deste livro seja inspiradora e que suscite o debate acadêmico de alto nível.
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................... 4
PREFÁCIO .............................................................................................................................................. 7
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Sumário
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DOS TIPOS DE TEMPO PARA TURISMO DE SOL E PRAIA NO LITORAL DO
RIO GRANDE DO SUL
Ricardo Brandolt
Erika Collischonn .......................................................................................................................... 147
ISBN 978-65-88393-27-7 9
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
RESUMO
A s mudanças climáticas têm provocado eventos extremos
cada vez mais letais. Em uma sociedade desigual, os mais
vulneráveis sofrem os danos mais severos. O objetivo deste
trabalho foi diagnosticar a vulnerabilidade social em Cuiabá-MT,
baseada nos dados do Censo Demográfico (2010) e na aplicação
de técnicas estatísticas de Análise Fatorial. Concluiu-se que os
pobres e negros são os mais vulneráveis, mas dentro desse
grupo, as mulheres, as crianças e os idosos representam a face
mais extrema da vulnerabilidade social que é maior na periferia
e às margens de córregos e rios urbanos. A metodologia
empregada pode ser aplicada em todas as cidades brasileiras.
ABSTRACT
C limate change has led to increasingly lethal extreme
events. In an unequal society, the most vulnerable suffer
the most severe damage. The aim of this paper was to diagnose
social vulnerability in Cuiabá-MT, based on data from the
Demographic Census (2010) and on the application of Factor
Analysis, a statistical technique. It was concluded that the poor
and black people are the most vulnerable, but within this group,
women, children and the elderly represent the extreme face of
social vulnerability, which is greater in the periphery and on the
banks of urban streams and rivers. The methodology used can
be applied in all Brazilian cities.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
*
R = Risco. P = Perigo. V = Vulnerabilidade.
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Capítulo 1
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
existentes, apesar de a maior parte da meses do ano, mas são nos meses de
população (84,9%) viver nas cidades (IBGE, setembro e outubro que se verificam os dias
2010), e de ter a história da urbanização mais quentes, quando as temperaturas
marcada pelas desigualdades. máximas podem atingir 42 oC. Neste período,
a situação do desconforto térmico é agravada
Assim, esta pesquisa se justifica, por
pela baixa umidade. Os ventos fracos que
oferecer uma proposta que visa ocupar um
predominam com índices médios de 1,5 m/s
espaço nessa lacuna. Para tanto, foi realizado
(5,4 km/h) são ineficientes para amenizar o
um estudo de caso em Cuiabá-MT
desconforto térmico (MAITELLI, 2005).
demonstrando a potencialidade da
metodologia alcançar os resultados desejados,
se empregada em qualquer município do país, METODOLOGIA
usando a mesma base de dados. Para tanto,
foram definidos como objetivos: desenvolver
uma metodologia para avaliação espaço-
A distribuição desigual de recursos
e oportunidades pode ser
temporal da vulnerabilidade social nos avaliada a partir de alguns indicadores sociais.
espaços urbanos do Brasil; aplicar a O Censo Demográfico é o maior banco de
metodologia no espaço urbano de Cuiabá - dados universal com cobertura nacional e
Mato Grosso (Brasil) e discutir os principais disponibilidade de dados ao nível do setor
resultados. censitário. A diversidade de variáveis
relacionadas à vulnerabilidade social poderia
Com população estimada em 623 mil
ser diretamente observada, porém as análises
habitantes (IBGE, 2021), em posição
tornar-se-iam demasiadamente redundantes
geocêntrica na América do Sul, na latitude 15o
e exaustivas, além da dificuldade de identificar,
Sul e longitude 56o Oeste, a uma distância de
enfim, se existem e quais seriam as variáveis
mais de 1.300 quilômetros do litoral, Cuiabá
(ou dimensões) mais relevantes.
tem suas características climáticas marcadas
pela continentalidade. Do ponto de vista da A técnica estatística de Análises
umidade, tem-se um período mais seco (maio Fatoriais é um recurso que torna os dados
a setembro) e um período chuvoso (novembro observados mais facilmente interpretáveis.
a março). Com relação às temperaturas, Pestana e Gagueiro (2014) admitem que o
destaca-se a atuação da FPA* quando alcança objetivo principal da Análise Fatorial é
o estado, geralmente em episódios nos meses permitir a redução de um conjunto de
de junho e julho. Ela provoca o fenômeno da variáveis correlacionadas entre si, em um
“friagem” que dura poucos dias e provoca pequeno número de fatores (ou também
forte queda nas temperaturas. É importante chamado de componentes) que as resumem,
destacar que a cidade possui elevadas facilitando a sua interpretação e permitindo a
temperaturas em praticamente todos os sua representação em um espaço dimensional.
*
Frente Polar Atlântica.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
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Com o maior interesse das ciências em cor/etnia, faixa etária, pobreza, habitação,
geral, voltados para o tema muitos saneamento básico, estrutura urbana, gênero,
pesquisadores se dedicaram a desenvolver educação e saúde (Quadro 1).
indicadores baseados em análises estatísticas As etapas de construção do Índice de
que possibilitam análises mais complexas, Vulnerabilidade Social em Cuiabá-MT estão
porém, com mais poder explicativo acerca dos descritas nas 7 (sete) etapas a seguir:
diferentes fatores de vulnerabilidade social.
1. Ponderação, relativização em
Entre eles, um dos mais referenciados é o
percentuais e moderação das
Social Vulnerability Index - SoVI®* de Cutter et
variáveis na lógica de que, quanto
al. (2003). Destacam-se também as aplicações
maiores os valores, maior a
de Almeida (2010), Freitas e Cunha (2013),
vulnerabilidade social.
Hummel et al. (2013), Nayak et al. (2018) e
Zucherato (2018). Com base no conhecimento 2. Execução da Análise Fatorial no
e critérios utilizados por esses pesquisadores, software IBM-SPSS® (Statistical
foi feita uma adaptação para o estudo de caso Package for the Social Science), que
em questão, onde foram selecionadas 37 gera automaticamente um valor
variáveis indicativas de desvantagens sociais, (score fatorial) para cada setor
distribuídas em 10 categorias da censitário, em cada fator extraído,
vulnerabilidade social: densidade demográfica, conforme a equação 1:
IVS (F1, F2, F3 e F4) = (Z1*CV) + (Z2*CV) + (Z3*CV) +... + (Z12*CV) (1)
Onde:
IVS – Índice de Vulnerabilidade Social. É o índice numérico gerado no processo de Análise Fatorial para cada
setor censitário, em cada fator extraído.
Z – Refere-se ao valor estandardizado de cada uma das 12 variáveis representativas utilizadas.
Z (1 a 12) = Xi – X / DP.
Xi – Contingente de determinada variável por setor censitário (Z_1 a Z_12).
X – Média de determinada variável, considerando-se o recorte utilizado (zona urbana).
DP – Desvio padrão de determinada variável, considerando-se o recorte utilizado (zona urbana).
CV – Carga por Variável na matriz de coeficiente de score por fator (valores extraídos na Análise Fatorial –
Tabela 1†).
*
“Trata-se de uma avaliação quantitativa das características que influenciam a vulnerabilidade social aos riscos e facilita
a comparação entre unidades geográficas […] Os perfis socioeconômicos são gerados a partir da informação dos censos
e submetidos a um procedimento estatístico para reduzir o número de variáveis a um conjunto menor de fatores que
descrevem a vulnerabilidade.” (CUTTER et al., 2003 apud CUTTER, 2011).
†
Conforme a Tabela 1, os valores considerados foram de 26,1% (fator 1), 17,8% (fator 2), 15,9% (fator 3), 12,5% (fator 4)
e 9,2% (fator 5).
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Quadro 1 - Categorias e variáveis aplicáveis na elaboração do Índice de Vulnerabilidade Social para setores urbanos de municípios brasileiros.
Variáveis que contribuem para aumentar a
Categorias Fundamentação Fonte
vulnerabilidade (IBGE, 2010)
Blaikie et al. (1994), Morrow
1. Famílias com grande número de dependentes ou com apenas um responsável, (1999), Heinz Center for
Estrutura frequentemente têm limitados recursos financeiros para cuidar de todos os membros 1. Domicílios com 7 ou mais moradores Science, Economics, and the
familiar dependentes. Isso afeta a resiliência e a recuperação dos perigos. Environment (2000), Puente
(1999).
Pulido (2000), Peacock,
Barreiras culturais e relacionadas ao idioma afetam o acesso a financiamentos pós- Morrow, and Gladwin (1997,
2. desastre. 2000), Bolin with Stanford
2. Pessoas de cor preta, parda e indígena
Cor/etnia No Brasil, pessoas de cor preta, parda e indígena estão incluídas em políticas públicas (1998), Bolin (1993). Brasil (Lei
afirmativas para correção da desigualdade social. 12711 de 2012), Daflon et al.
(2013).
Os idosos e crianças são os grupos etários que apresentam maior dificuldade de
mobilidade diante de um perigo. Além disso, tendem a apresentar quadro de saúde mais 3. Pessoas de 0 a 18 anos* Cutter, Mitchell, and Scott
3. debilitado. (2000), O’Brien and Mileti
4. Pessoas de 60 anos ou mais de idade**
Faixa etária Os idosos, provavelmente em função de morbidades pré-existentes, são mais propensos a (1992), Hewitt (1997), Ngo
serem afetados por doenças associadas a eventos extremos de calor. O isolamento social 5. Idosos responsáveis por domicílio (mais de 60 anos) (2001), NAYAK et al. (2018).
é outro fator que aumenta a vulnerabilidade do idoso.
Trata da habilidade para lidar com perdas e aumentar a resiliência diante de perigos. A Cutter, Mitchell, and Scott
disponibilidade de alta renda permite que a comunidade absorva e se recupere de (2000), Burton, Kates, and
impactos mais rapidamente devido à rede de proteção como seguros, seguridade social e White (1993), Blaikie et al.
4. 6. Domicílios com rendimento mensal domiciliar per
programas de benefícios. (1994), Peacock, Morrow, and
Pobreza capita de 0 a 1 salário mínimo (SM)
O contrário, as condições de baixa renda impedem a adequação da estrutura domiciliar Gladwin (1997, 2000), Hewitt
com equipamentos de redução do calor, tais como espaços verdes, piscina, ar- (1997), Puente (1999), Platt
condicionado, etc. (1999), NAYAK et al. (2018).
Fonte: Adaptado de Cutter, Boruff and Shirley (2001); Heinz Center for Science, Economics and the Environment (2002). Censo Demográfico e Cadastro Nacional de Endereços para
Fins Estatísticos/CNEFE do IBGE (2010) e Pesquisa Nacional de Saneamento Básico do IBGE e Ministério das Cidades (2008).
*Estatuto da Criança e do Adolescente - LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. ** Estatuto do Idoso. LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Fatores extraídos
Fatores Cargas fatoriais iniciais Fatores extraídos rotacionados
(carga fatorial a partir de 0,97)
% da % da % da
% da % da % da
Total variância Total variância Total variância
variância variância variância
acumulada acumulada acumulada
1 4,82 40,15 40,15 4,82 40,15 40,15 3,14 26,16 26,16
2 1,73 14,46 54,60 1,73 14,46 54,60 2,13 17,79 43,94
3 1,45 12,08 66,68 1,45 12,08 66,68 1,91 15,94 59,88
4 0,97 8,12 74,80 0,97 8,12 74,80 1,50 12,50 72,38
5 0,82 6,81 81,61 0,82 6,81 81,61 1,11 9,23 81,61
6 0,64 5,33 86,94
7 0,50 4,19 91,13
8 0,34 2,83 93,96
9 0,29 2,39 96,35
10 0,20 1,64 97,99
11 0,16 1,35 99,34
Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados do Censo Demográfico IBGE, 2010.
Método de extração dos fatores principais: Análises de Componentes Principais, realizadas no software de
estatística IBM SPSS.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
SB4 - Domicílios com lixo não coletado 0,15 0,12 0,91 -0,05
EU10 - Lixo acumulado nos logradouros 0,12 0,11 0,02 0,03
H9 - Domicílios com moradia inadequada 0,06 0,03 0,94 -0,01
G2 - Pessoas responsáveis do sexo feminino 0,02 -0,28 -0,08 0,83
G4 - Adolescentes responsáveis pelo domicílio, do sexo feminino
0,02 0,20 0,02 0,88
TOTAL 74,79%
Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados do Censo Demográfico IBGE, 2010.
Método de rotação: Varimax com normalização Kaiser.
* Rotação convergida em 6 interações. Análises estatísticas realizadas no software de estatística IBM SPSS.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
melhor explica a variabilidade geral dos dados; uso do fator 1, ou o uso da soma ponderada
ou 3) soma ponderada pela carga de variância pela carga diferenciada de variância entre os
explicada em cada fator. fatores.
IVS = IVf1*(Var f1=26,15%) + IVf2*(Var f2=17,78%) + IVf3*(Var f3=15,93%) +IVf4*(Var f4=12,49%) (2)
Onde:
IVS = Índice de Vulnerabilidade Social
IVf1 = Índice de Vulnerabilidade do fator (1, 2, 3 e 4)
Var f = Variância do fator
Fonte: Elaborado pelos autores a partir de Análises Fatoriais sobre variáveis do Censo Demográfico, IBGE, 2010.
.
Fator 1 – A vulnerabilidade em função da relativa (%) das variáveis em cada estrato de
pobreza, contingente de pessoas preta/parda
vulnerabilidade com a ocorrência relativa (%)
e déficit educacional
das variáveis para a totalidade da cidade de
Considerando-se que as
Cuiabá. Quanto maior a distância, maior a
desigualdades sociais determinam o nível de
desigualdade. O gráfico da Figura 2 apresenta
variação do Índice de Vulnerabilidade Social
(IVS), uma forma de “medir” a dimensão o contingente percentual de cinco variáveis
para a totalidade dos setores urbanos (coluna
dessa desigualdade é comparar a ocorrência
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
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constata-se que as ocorrências das variáveis branca (Cor B*). A ocorrência nos setores mais
indicativas de desvantagens sociais são mais vulneráveis (maior IVS) é sempre inferior que
Figura 2 - Ocorrência (%) das variáveis determinantes no Fator 1, por IVS, comparada com a
ocorrência das variáveis para a totalidade da cidade de Cuiabá MT.
Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados do Censo Demográfico do IBGE, 2010.
Nos setores de “baixo” IVS, apenas 53,4% são de cor branca. Apenas 1,4% da
16,4% dos domicílios possuem renda de 0 a 1 população não é alfabetizada e menos de 1%
salário mínimo per capita mensal, 44,5% da dos domicílios não conta com rua
população são de cor preta/parda e outros pavimentada.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
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Figura 3 - Correlação entre renda baixa e população de cor parda e preta na área urbana de
Cuiabá-MT.
ISBN 978-65-88393-27-7 21
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Capítulo 1
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Figura 4 - Correlação entre renda baixa e população de cor branca na área urbana de
Cuiabá-MT.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados do Censo Demográfico do IBGE, 2010.
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Capítulo 1
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
O que Alencar (2010) evidencia é que esgoto no Brasil é de 44,9%. No Centro Oeste,
os fatores relacionados com as características o índice é de 52,6% (BRASIL/SNIS, 2018).
socioeconômicas e demográficas da Conforme pode ser observado no
população podem estar associados à gráfico da Figura 6, os setores de baixo IVS tem
ocorrência de tais doenças de maneira mais índice de atendimento por rede de esgoto e
forte que o processo de envelhecimento em si, coleta de lixo próximo de 100%; entretanto,
especialmente ao se considerar como nos setores de extrema vulnerabilidade social,
precoces os óbitos entre 60 e 69 anos por este índice é de apenas 10% para atendimento
doenças com possibilidade de prevenção e por rede de esgoto, e de quase 50% para
acompanhamento pelos serviços básicos de
domicílios não atendidos por coleta de lixo.
saúde. Estes óbitos são mais frequentes nos Nestes casos, o destino certo são os cursos
setores de maior vulnerabilidade social, que d’água ou terrenos baldios, agravando o
correspondem aos setores de piores quadro de extrema vulnerabilidade social.
condições socioeconômicas (ALENCAR, 2010).
O contingente de domicílios
Isso explica porque a maior ocorrência de
classificados como moradia inadequada, sem
idosos é um indicativo de maior expectativa
coleta de lixo e sem esgotamento sanitário
de vida.
salta de 1,2%, 4,9% e 42,2%, respectivamente,
Fator 3 – A vulnerabilidade em função das no grupo de muito alto IVS para 43,3%, 53,4%
condições precárias de moradia e
e 90,4%, respectivamente, no grupo de
saneamento básico
extremamente alto IVS, conforme mostra o
Os serviços de saneamento básico gráfico da Figura 6. Essa grande discrepância
estão relacionados ao tratamento e marca uma profunda desigualdade nas
abastecimento de água, esgotamento características socioespaciais entre os setores
sanitário (coleta e tratamento), resíduos dos estratos mais elevados da vulnerabilidade
sólidos (coleta e tratamento). social, o que levou a reclassificar o IVS,
No Brasil, um dos maiores problemas atribuindo a condição extrema ao estrato mais
ainda é o tratamento de esgoto e resíduos elevado da vulnerabilidade, e calibrando os
sólidos. No caso dos resíduos sólidos, apenas demais a partir deste.
27,7% são destinados a aterro sanitário, 22,5%
são destinados a aterro controlado e 50,8% Fator 4 – A vulnerabilidade em função do
são destinados para vazadouro a céu aberto gênero feminino
(IBGE/PNSB,2008). Nem todos os domicílios Algumas estatísticas possibilitam
têm coleta regular. dimensionar as diferenças que colocam a
Com relação ao atendimento por mulher em desvantagem, com relação ao
esgoto, o índice médio é de 59,7% nas áreas homem, justificando a ocorrência do gênero
urbanas. Porém, nem todo esgoto coletado é feminino como indicador de vulnerabilidade.
tratado. O índice médio de tratamento do
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Fonte: elaborado pelos autores a partir de dados do Censo Demográfico do IBGE, 2010.
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conceitos-métodos-experimentos
O Brasil é um caso clássico dessa contradição comprometidos com a redução dos riscos e
e apresenta grandes abismos sociais, de tal vulnerabilidades e aumento da resiliência das
forma que seja possível ter, em uma mesma comunidades. A maior parte dos indicadores
cidade, bairros com padrões de vida de países disponibilizam as médias por município. Isso
ricos e outros bairros com padrões de vida de esconde as grandes desigualdades que
países pobres. Conforme apontou Santos marcam a história da urbanização brasileira.
(1993), trata-se de um problema estrutural No estudo em questão, a metodologia
que existe em todas as cidades, com diferença respondeu quem são, quantos são e onde
apenas no grau e intensidade. Geralmente, estão os mais vulneráveis. Pode-se discutir o
quanto maiores as cidades, maiores os
que são causas e o que são consequências,
problemas. mas as técnicas estatísticas empregadas
Os riscos e vulnerabilidades são revelaram que os principais fatores
derivações desse problema estrutural e, explicativos da vulnerabilidade social na
portanto, também se manifestarão de forma cidade de Cuiabá são as populações de cor
desigual no espaço. Fatores de perigosidade preta/parda com deficiência de renda, de
em geral, especialmente aqueles relacionados educação, vivendo em habitações e espaços
às mudanças climáticas, tem produzido urbanos precários, com deficiência de
eventos extremos cada vez mais letais. Em saneamento básico, com baixa expectativa de
função disso, a Organização das Nações vida, e elevado contingente de crianças, onde
Unidas, interessada em ter algum controle e é muito provável encontrar mulheres jovens
monitoramento, tem pressionado países responsáveis pelo domicílio.
membros a desenvolver estudos e produzir Portanto, o que se conclui é que os
conhecimentos dedicados à redução dos grupos mais suscetíveis às perdas mais
desastres, riscos e vulnerabilidades. severas em decorrência de mudanças
Essa proposta tem o objetivo de climáticas e eventos extremos são os pobres e
compor um conjunto de indicadores da negros. Entretanto, dentro desse grupo ainda
ciência do risco e da vulnerabilidade. Sua é possível destacar as crianças, as mulheres e
maior contribuição é cobrir uma lacuna que os idosos que representam a face mais
está relacionada à falta de um indicador na extrema da vulnerabilidade social. A geografia
escala de maior detalhe possível (setor dessa vulnerabilidade está definida de forma
censitário), disponível para todo o território predominante na periferia, ao longo da
nacional. O IVS proposto está associado a pelo Avenida dos Trabalhadores e nas margens de
menos três dos 17 Objetivos do córregos e rios urbanos, e constituem em
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da torno de 42% da população que vive em
Agenda 2030 da Organização das Nações setores (alto, muito alto e extremamente alto
Unidas: 1) erradicação da pobreza; 10) IVS – Figura 8), marcados pela elevada
redução das desigualdades; e 13) ação contra vulnerabilidade.
a mudança global do clima. São objetivos
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Quadro 2 - Características predominantes em cada grupo de Vulnerabilidade Social: Cuiabá-MT (setores urbanos, 2010).
Alto déficit de saneamento básico, com 1/3 de domicílios não atendidos por estrutura de esgotamento sanitário.
Baixa ocorrência de domicílios não atendidos por serviços de coleta de lixo.
Baixa ocorrência de moradias inadequadas e improvisadas, com material construtivo improvisado, tais como madeiras e metálicos reaproveitados,
vulneráveis intempéries climáticas e agravantes do conforto térmico. Sem ar-condicionado e estrutura de conforto térmico, como piscinas. Muitas
habitações localizadas em áreas impróprias, como margens de rios.
Gênero Feminino:
Alta ocorrência de mulher jovem responsável pelo domicílio.
Renda, Cor e Educação:
Muito alta ocorrência de domicílios sem renda e/ou com renda baixa (até 1 salário mínimo mensal per capita).
Muito alta ocorrência de pessoas de cor preta e/ou parda, e pessoas com fortes carências educacionais.
Crianças e expectativa de vida:
Elevadíssima frequência de crianças e jovens (38%) e muito baixa expectativa de vida (5% de idosos).
Muito Alto
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conceitos-métodos-experimentos
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao apoio institucional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na forma
de licença para capacitação; à Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP) pela
bolsa concedida, através do Processo número 2016 / 03599-9 e ao Programa de Pós-Graduação em
Geografia da UNESP/Presidente Prudente.
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RESUMO
I nvestigar os padrões de distribuição geográfica da
temperatura do ar e da umidade relativa do ar em áreas
urbanas é relevante, pois o processo de urbanização altera as
superfícies e a atmosfera adjacente. Para tanto, definem-se as
zonas climáticas locais (ZCLs), tendo, como procedimento inicial,
a classificação dos usos/coberturas da terra. O presente texto
apresenta os resultados dessa classificação para,
posteriormente, subsidiar a definição de zonas climáticas locais
para a área urbana do Distrito Federal – Brasil.
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industrial. Isso acontece, principalmente, “rurais”, e aos sítios de campo de clima urbano
devido às diferenças de irradiação de calor em regiões em todo o mundo. Partindo dessa
entre as regiões construídas, as regiões com premissa, e tendo em conta a lacuna de
solo exposto, e aquelas com mais vegetação. estudos sobre clima urbano no Distrito
Federal (DF), este texto apresenta os
Stewart (2011) questionou o método
resultados da definição dos usos para a
de avaliação tradicional dos estudos de ilha de
posterior delimitação das ZCLs.
calor, colocando em dúvida uma significativa
parcela de trabalhos já publicados. As suas O DF, por ser uma unidade da
considerações indicaram que os trabalhos federação mais recente e possuir como
poderiam ser aprimorados com um novo indutor a construção de uma nova cidade, não
sistema de classificação, proposto por Stewart permaneceu incólume aos processos que
e Oke (2012), conhecido como Zonas ocorreram de forma similar às demais áreas
Climáticas Locais (ZCL). urbanas brasileiras no final do século XX e
início do século XXI. Ressalta-se, ainda, que,
Stewart e Oke (2012), ao observar um
no DF, o adensamento demográfico ocorreu
aumento significativo na produção de
nos núcleos urbanos periféricos ao traçado
trabalhos científicos sobre ilhas de calor,
urbano central, conhecido como Plano Piloto,
propuseram este novo sistema de
o qual, amparado pelo tombamento do
classificação no intuito de padronizar um
patrimônio mundial, mantém regras muito
procedimento metodológico capaz de
restritas de ocupação. No período
subsidiar as pesquisas e que pudesse ser
compreendido entre 2010 e 2019, de acordo
usado em qualquer região do planeta.
com os dados do Instituto Brasileiro de
Apresentaram, assim, um sistema de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento
classificação da “paisagem urbana” baseando- estimado da população ocorreu na ordem de
se no clima de “paisagens urbanas e rurais”. O 16% (IBGE, 2019).
sistema compreende uma categorização de 17
Com relação ao clima e ao tempo, a
Zonas Climáticas Locais, sendo 15 (quinze)
percepção que os habitantes do DF possuem é
definidas pela morfologia de superfície e
diferente entre aqueles das zonas urbanas e
cobertura de solo, e duas pelo uso do solo e
das rurais, seja quanto ao calor ou ao frio, aos
material de construção componentes deste
ventos fortes ou fracos, a falta ou ao excesso
uso. São exemplos de aplicação deste
de chuva, etc., e isso pode confundir o real
procedimento, os trabalhos de Feng e Myint
aspecto climático da região, pois,
(2016) e Monteiro (2018).
individualmente, cada pessoa possui uma
Em seu trabalho de apresentação sensibilidade própria em relação ao conforto
dessa nova proposta, Stewart e Oke (2012) ambiental (STEINKE et al. 2010).
ressaltaram seu nível apropriado de
Associa-se a isso a atividade humana
simplicidade e incentivaram usuários a
no meio urbano do DF que, com a
testarem as ZCLs de campo “urbanos” e
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Figura 2 - Definições sintetizadas das Zonas Climáticas Locais: Tipologias de Cobertura de Solo.
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Bechtel et al. (2015) realizaram uma Para o DF, Silva (2020) analisou a
descrição das cidades com base no esquema contribuição da vegetação intraurbana na
de Zona Climática Local (LCZ), que classifica as Temperatura Fisiológica Equivalente de
paisagens naturais e urbanas em categorias diferentes Zonas Climáticas Locais (ZCLs) de
com base nas propriedades de superfície três Regiões Administrativas (RAs) do Distrito
relevantes para o clima. Essa classificação, Federal (DF). Os resultados reforçaram e
realizada por meio de sensoriamento remoto, comprovaram o papel das árvores como um
serve para desenvolver o Banco de Dados recurso para reduzir o calor extremo no
Urbano Mundial e Ferramentas de Portal de contexto urbano, destacando a importância
Acesso (WUDAPT), para reunir e divulgar de compreender o clima local no suporte à
informações de maneira consistente para implementação de estratégias de arborização
áreas urbanas em todo o mundo. urbana.
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A região é drenada por cursos d’água como: Cerradão, Cerrado Típico, Campo
pertencentes a três das mais importantes Cerrado, Campo Sujo e Campo Limpo. As
bacias hidrográficas brasileiras. Matas Ciliares, Veredas e Campos Rupestres
encontram-se nas regiões mais elevadas
Situa-se na região do Cerrado e
topograficamente.
apresenta diferentes tipos de vegetação, tais
Figura 3 - Localização Geográfica do Distrito Federal com destaque para a área urbana.
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Com base nas diretrizes para classes de manipulação e conversão de dados foi
utilizado o software Qgis 3.10.
coberturas do solo, foi elaborada a construção
b) A classificação de tipologia de constru-
de duas classificações da área urbana do DF, ção foi realizada na região da classe de
seguindo as classificações propostas de “Pavimentação/Pedra Exposta” da
Stewart e Oke (2012). classificação anterior. Foram realizadas
duas classificações supervisionadas,
a) O mapa da classificação de tipologia da Classification and Regression Tree
cobertura do solo foi produzido por (CART) e Random Forest (RF) sobre 407
meio da reclassificação dos dados de polígonos amostrais coletados em dife-
cobertura do solo de 2019, classifica- rentes tipos de cobertura.
dos com imagens Sentinel 2, pela Com-
panhia de Planejamento do Distrito Fe- Das dez classes de Stewart e Oke (2012)
deral (Codeplan) e disponibilizados no (Figura 1), nove foram identificadas durante a
Geoportal do Governo do Distrito Fe-
deral (GDF). O Geoportal constitui uma coleta de amostras, sendo desconsiderada a
plataforma pública destinada a dispo- classe “indústria pesada”.
nibilizar todas as informações carto-
gráficas e urbanísticas das 31 Regiões No intuito de distinguir os diferentes
Administrativas do DF. O dado original edifícios, a imagem resultou da combinação
possuía quatro classes de cobertura e,
na reclassificação, conforme orientam
de dois produtos. O primeiro é a imagem NDVI,
Stewart e Oke (2012), o dado passou a a partir das imagens do satélite Sentinel 2, do
contar com seis classes. Para a
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a princípio, um relevo plano a suave ondulado, até seis pavimentos e em regiões de ocupação
com vertentes que se estendem da base das mais recente e bastante verticalizada. Outra
unidades mais elevadas em direção aos vales, classe que também sobressai é a de Maciço de
e relevos dissecados, ao longo dos principais Edifícios Baixos, predominante nas RAs
rios. periféricas ao centro do DF.
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ABSTRACT
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alta umidade e baixa velocidade dos ventos considerado transicional (INMET, 2019).
(NIMER, 1979). São destacadas duas A Figura 3 apresenta a normal
sazonalidades climáticas: a estação chuvosa, climatológica de Manaus entre 1961-1990,
compreendendo os meses de dezembro até onde a temperatura média corresponde a 25°
meados de maio, sendo fevereiro, março e C. Existe uma diferença de aproximadamente
abril os meses com maiores volumes 290 mm entre a precipitação do mês mais
pluviométricos; e a estação menos chuvosa, seco (agosto) e do mês mais chuvoso (março).
que ocorre entre os meses de junho a
outubro, sendo o mês de novembro
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DOI 10.52632/978.65.88393.27.7 58
Capítulo 3
Climatologia Geográfica:
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Checkley 2000 El Niño; Aponta que, se os resultados do seu estudo em Lima Peru forem reprodutíveis em outras regiões, os registros de diarreias agudas podem
temperatura do ar aumentar em milhões de casos em todo o mundo, em virtude do aumento da temperatura ambiente acima do habitual.
Curriero 2001 Precipitação 50% dos surtos de doenças transmitidas pela água foram sucedidos por eventos pluviométricos acima do percentil 90 (p=0,0002) e 68%
por eventos acima do percentil 80 (p=0,001).
Kondo 2002 Inundações Identificou que após uma inundação existe um potencial de transmissão de doenças hídricas e aumento dos níveis de doenças endêmicas
– Moçambique, janeiro a março de 2000; Foram realizados 2.611 atendimentos médicos, dos quais 85% dos pacientes estavam
acometidos por doenças infecciosas, como diarreia, malária além de doenças respiratórias.
Tam 2006 Temperatura do ar A incidência de Campylobacter é sazonal; Identificou uma relação linear entre a variável temperatura do ar (média semanal) e a enterite
(média) de Campylobacter – aumento de 1 °C correspondendo a um aumento de 5% nos registros da doença, até um limiar de 14 °C.
D’Souza 2008 Temperatura do ar O estudo avaliou três cidades australianas. Os maiores picos da doença ocorreram no inverno e na primavera e foram menores no verão.
(máxima/mínima/m Temperatura do ar (máxima, mínima e média) e umidade mais altas na semana anterior foram associadas com a diminuição das
édia); Umidade internações nas três cidades. Ressalta-se que, os efeitos da temperatura e umidade em Brisbane diferiram nas estações do ano.
Atchison 2010 Temperatura do ar Identificou uma alta associação da variável temperatura do ar com a taxa de infecção, no entanto não houve efeito direto com a variável
(máxima/mínima/ umidade ou precipitação.
média); Umidade;
Precipitação
Chou 2010 Umidade; A temperatura do ar (máxima) e os dias de precipitação extrema tiveram forte associação com a diarreia aguda. O impacto da
Temperatura do ar temperatura máxima ocorreu principalmente entre crianças (0-14 anos) e idosos (40-64 anos) e teve um efeito menos em adultos (15-39
(máxima); Extremos anos). A umidade e os dias de precipitação extrema tiveram efeito significativo na morbidade associada à diarreia em adultos.
de precipitação
Kolstad; 2010 Temperatura do ar O conjunto de modelos indicou aumento de temperatura de até 4% sobre a terra nos trópicos e subtrópicos. O aumento médio projetado
Johansson (máxima/mínima/m do risco da doença nas áreas estudadas foram de 8 a 11% entre 2010-2039 e de 22 a 29% de 2070-2099. O estudo também menciona as
édia) incertezas e projeções futuras da doença devido as mudanças climáticas, como por exemplo, a escassez de dados empíricos de clima e
saúde.
Patz 2011 Precipitação Identificou que chuvas intensas potencializam a transmissão e incidência das diarreias agudas.
ECDC 2012 Inundações; O estudo apresentou uma revisão abrangente na literatura, no qual identificou relações entre seis patógenos (Campylobacter spp, Listeria
Temperatura do ar spp, Norovírus, Salmonella spp e não cólera Vibrio spp) com variáveis climáticas.
(máxima/mínima/m
édia); Precipitação
ISBN 978-65-88393-27-7
DOI 10.52632/978.65.88393.27.7 59
Capítulo 3
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Inundações; Secas, Temperatura Abordam sobre mudanças ambientais e os contextos críticos causados por inundações, secas e temperatura do ar no aumento de agentes patogênicos
Funari et al. 2012
do ar (máxima, mínima e média) relacionados à água, riscos químicos e cianotoxinas.
Identificou alta relação de precipitações intensas, alagações e secas com a diarreia. Os patógenos mais comuns foram Vibrio spp e Leptospira spp. Os
Cann 2013 Precipitação; Alagações; Secas
surtos após os eventos climáticos extremos relacionados à água eram frequentemente o resultado da contaminação do abastecimento de água potável.
Carlton et al. 2013 Precipitação Os resultados indicam que os eventos de chuvas intensas estavam associados com o aumento na incidência da diarreia após o período de seca.
Os autores identificaram alta associação da precipitação com a incidência de diarreia. A defasagem entre chuvas intensas e a doença pode ser específica
Seidu et al. 2013 Precipitação
do local, possivelmente devido a diferenças na dinâmica de transmissão local ou período de incubação dos patógenos predominantes.
Precipitação; Temperatura do ar O estudo identificou que as variáveis temperatura do ar e a precipitação explicam o comportamento da incidência de diarreia na maioria das faixas
Asmus 2014
(máxima, mínima e média) etárias avaliadas.
Os resultados obtidos indicam uma associação entre eventos hidrológicos extremos e a incidência de doenças hídricas, em especial, a diarreia aguda em
Silva 2014 ENOS; Cota do rio
Manaus.
O estudo identificou que a diarreia esteve associada às primeiras chuvas de cada ano. Por meio da correlação cruzada foi encontrado uma defasagem de
Fuckner 2015 Precipitação
três a quatro semanas em média, entre o início das chuvas e a alta nos registros da doença, com coeficientes de correlação variando de 0,35 a 0,83.
Os resultados alcançados apontam que a E. Coli pode estar presente durante todo o ano, ou seja, indicando que a contaminação fecal é onipresente e
Sedimentos em suspensão; Cota
Boithias et al. 2016 constante. O pico das internações ocorre nos meses de fevereiro, março e depois em maio e julho. A escassez de água na área de Luang Prabang
do rio
desencadeia picos de doenças durante a estação seca. E, com a recarga de chuvas e aquíferos, encerram a epidemia durante a estação chuvosa.
O estudo analisou os surtos de diarreia no Nordeste do Brasil ocorridas no ano de 2013, as condições excepcionais de seca e os contextos
Rufino et al. 2016 Secas
socioambientais urbanos.
Precipitação; Temperatura do ar Os autores identificaram que a precipitação e temperatura média mensal foram positivamente associadas à diarreia e seu risco foi maior na estação de
Azage et al. 2017
(máxima, mínima e média) seca.
Precipitação; Temperatura do ar Os resultados obtidos indicam que a diarreia em Curitiba expressou forte sazonalidade, no inverno os casos tendem a diminuírem e na transição das
Buffon et al. 2017
(máxima, mínima e média) estações verão para outono e do inverno para primavera os casos aumentam.
Os resultados alcançados mencionam os fatores que contribuíram para a transmissão da doença no período de seca. O estudo também identificou que
Emont et al. 2017 La Niña
os registros da doença diarreica coincidem com o valor mais baixo da precipitação mensal registrada desde 1930 na ilha de Tuvalu, Pacífico Sul.
O estudo identificou os municípios mais vulneráveis quanto a incidência de doenças como diarreia, malária e leptospirose, que segundo o autor,
Souza 2017 Inundações
relacionam-se às grandes inundações graduais no estado do Amazonas.
Precipitação; Cota do rio;
O estudo constatou que as variáveis hidroclimáticas explicam 20%a variação da incidência das doenças diarreicas, sendo a precipitação o fator principal
Fonseca 2018 Temperatura do ar (máxima,
na alta dos casos da doença na maioria das cidades do vale do rio Acre.
mínima e média)
ISBN 978-65-88393-27-7
DOI 10.52632/978.65.88393.27.7 60
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Capítulo 3
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Figura 4 - Relação entre as condições de precipitação com as internações por diarreia aguda
em Manaus-AM.
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Capítulo 3
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Figura 5 - Relação entre as condições de temperaturas com as internações por diarreia aguda em
Manaus-AM.
Figura 6 - Relação entre as condições de umidade relativa do ar com as internações por diarreia
aguda em Manaus-AM.
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Capítulo 3
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Fonte: SIH/DATASUS, 2019; Defesa Civil, 2018 – elaborado pelos autores, 2021.
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Capítulo 3
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Figura 8 - Relação entre a cota do Rio Negro com as internações por diarreia aguda em
Manaus-AM.
Fonte: SIH/DATASUS, 2019; Porto de Manaus, 2019; E – enchente, C – cheia, V – vazante e S – seca.
Elaborado pelos autores, 2021.
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RESUMO
ABSTRACT
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eles produtos e produtores de novos Foi feita ainda a soma desses impactos, sendo
impactos. Nesse sentido, considerou-se, por classificada como IN+DC (total de impacto dos
exemplo, os movimentos de massa como IN e eventos).
os desabamentos de residências e os
desabrigados/desalojados como impactos DC.
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Tabela 1 - Valor percentílico da delimitação de eventos extremos (P¹) nas estações utilizadas com
seus respectivos valores de intensidade (P²) para cada estação.
Estações
Intensidade Intervalo
2243010 2243011 2243012 2243013 2243014
Evento Extremo P95¹ 45,0 45,2 43,0 46,2 37,3
Pequena P95¹-P80² 45,0 - 78,7 45,2 – 78,5 43,0 – 69,0 46,2 – 77,2 37,7 – 58,84
Média P80²-P95² 78,7 – 107,3 78,5 – 104,8 69,0 – 89,8 77,2 – 96,6 58,8 – 74,7
Grande P95²-P99² 107,3 – 132,1 104,8 – 141,9 89,8 – 130,8 96,6 – 111,2 74,7 – 106,2
Muito Grande ≥P99² ≥ 132,1 ≥ 141,9 ≥ 130,8 ≥ 111,2 ≥ 106,2
Elaboração: Tavares e Ferreira (2021).
A Tabela 2 apresenta as datas dos dois espaço. Dessa maneira, impactos associados
eventos extremos mais recentes para cada de forma direta e/ou indireta serão verificados
estação pluviométrica com os respetivos na análise dos impactos ao longo do mês. É
totais precipitados, a intensidade do evento válido destacar que a tabela apresenta todos
extremo e o total de impactos IN, DC e IN+DC os eventos, ou seja, há repetição de eventos
Com exceção do evento de 05/04/2005, em quando houve a verificação em mais de uma
que não houve impacto associado de forma estação pluviométrica utilizada na pesquisa.
direta e/ou indireta, todos os demais foram Assim, os meses de dezembro de 1981, janeiro
classificados enquanto eventos extremos de 2016 e janeiro de 2007 foram os meses dos
quanti-qualitativos, já que são eventos com respectivos anos com o maior total de
≥P95, e apresentaram impactos decorrentes impactos (IN+DC).
de forma direta ou indireta associado a eles. É Os eventos de janeiro de 2007 foram
importante ressaltar que foi considerado todo considerados os mais significativos em relação
mês do evento, entendendo que o contexto ao total de impactos com a data mais próxima
pluviométrico em que um evento extremo ao censo demográfico de 2010 em que os
está inserido pode proporcionar o dados foram utilizados para análise da
aprofundamento de impactos preexistentes vulnerabilidade social do município.
e/ou criar condições para que eventos
(extremos ou não) deflagrem impactos no
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Capítulo 4
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Tabela 2 - Datas dos dois eventos extremos (quantitativos) mais recentes de cada estação com os
volumes precipitados (mm), intensidade do evento extremo, total de impactos iniciais (IN), total de
impactos decorrentes (DC) e total de impactos (IN+DC).
Estação Mês/ Ano Data mm Intensidade IN DC IN+DC
2243010 dez/81 13/12/1981 160 Muito grande 253 2171 2424
2243010 jan/16 14/01/2016 128 Grande
2243011 jan/16 16/01/2016 141,3 Grande
2243012 jan/16 16/01/2016 178,3 Muito grande 824 170 994
2243013 jan/16 16/01/2016 101,2 Grande
2243013 jan/16 17/01/2016 78,4 Média
2243012 jan/07 04/01/2007 92,2 Grande 196 493 688
2243011 jan/07 09/01/2007 160,4 Muito grande
2243013 mar/13 02/03/2013 78,9 Média 154 463 617
2243011 jan/12 01/01/2012 103,3 Média
2243010 jan/12 02/01/2012 80,9 Média 517 91 608
2243013 jan/12 09/01/2012 101,3 Grande
2243014 dez/01 31/12/2001 101,7 Grande 329 254 583
2243013 dez/10 24/12/2010 160,7 Muito grande 135 300 435
2243010 jan/00 03/01/2000 120,4 Grande
253 109 362
2243011 jan/00 03/01/2000 141,6 Grande
2243011 jan/91 18/01/1991 104,8 Média 139 138 277
2243014 dez/04 19/12/2004 64,5 Média 113 153 266
2243011 dez/94 24/12/1994 185,8 Muito grande 72 123 195
2243014 jan/05 19/01/2005 115,6 Muito grande 108 59 167
2243012 nov/16 12/11/2016 70,6 Média 66 73 139
2243011 jan/17 14/01/2017 75 Pequena 54 20 74
2243012 set/96 04/09/1996 165,5 Muito grande 40 33 73
2243014 mar/17 09/03/2017 39,2 Pequena
2243011 mar/17 20/03/2017 56 Pequena
41 27 68
2243012 mar/17 20/03/2017 65,5 Pequena
2243013 mar/17 20/03/2017 60,5 Pequena
2243010 dez/13 06/12/2013 80,4 Média 36 23 59
2243013 jan/10 15/01/2010 115,5 Muito grande 28 27 55
2243012 dez/15 03/12/2015 70 Média 30 21 51
2243014 dez/99 08/12/1999 83,3 Grande 23 19 42
2243010 abr/17 12/04/2017 64,3 Pequena 26 5 31
2243013 nov/17 19/11/2017 50,4 Pequena 14 16 30
2243012 nov/03 30/11/2003 102,1 Grande 19 10 29
2243010 jun/17 13/06/2017 51,4 Pequena 1 21 22
2243014 out/17 23/10/2017 37,3 Pequena 7 9 16
2243010 nov/15 29/11/2015 198 Muito grande 8 4 12
2243012 mai/17 20/05/2017 44,8 Pequena 5 4 9
2243014 mar/86 08/03/1986 117,8 Muito grande 1 1 2
2243014 abr/05 05/04/2005 73,4 Média 0 0 0
Elaboração: Tavares e Ferreira (2021).
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Figura 3 - Total de impactos iniciais (IN), decorrentes (DC) e total (IN+DC) por dia no município de
Petrópolis para o mês de janeiro de 2007.
300
250
200
150
100
50
0
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
IN 0 0 0 25 2 2 0 6 45 0 1 0 1 0 15 25 18 8 0 0 0 0 0 0 0 1 23 5 25 3 1
DC 0 0 0 10 2 1 0 6 24 0 0 0 1 0 300 83 16 17 0 0 0 0 0 0 0 1 11 0 18 3 0
IN+DC 0 0 0 35 4 3 0 12 69 0 1 0 2 0 315108 34 25 0 0 0 0 0 0 0 2 34 5 43 6 1
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Capítulo 4
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Figura 4 - Total pluviométrico precipitado por dia nas estações utilizadas na pesquisa para o mês de
janeiro de 2007.
160
140
120
100
80
60
40
20
0
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
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Figura 5 - Gráfico de rosca de representação da sucessão dos tipos de tempo para o mês de janeiro
de 2007.
Nos eventos dos dias 8 e 9 houve dos dias seguidos a ele), o sistema de maior
atuação de 100% da ZCOU no dia 8 e 100% SF percentual de participação foi a mPa com 33,3%
no dia 9 (50% de participação de cada sistema seguida das ZCAS, LI e mTa com 20% para cada
considerando ambos os dias). O dia 11 um dos sistemas, e o SF com 6,6% de
apresentou 50% de percentual de participação. Para o intervalo entre os dias 26
participação da LI e 50% da ZCAS. No dia 13 e 31, o sistema de maior participação foi a
houve 50% de participação do SF e 50% da ZCAS (31,8%), seguida da LI (27,8%), mTa
ZCAS. Já no dia 15, quando houve o maior total (22,7%), ZCOU (9%) e dos SF e mPa, ambos
de impactos observado, os sistemas com 4,5% de participação para o intervalo.
responsáveis pelo evento pluviométrico foram Considerando todo o conjunto de dias
ZCAS, LI e o SF, todos com 33,3% de com registro de impactos (4, 5, 6, 8, 9, 11, 13,
participação para o dia. Vale destacar que se 15, 16, 17, 18, 26, 27, 28, 29, 30 e 31), o
considerou tanto o percentual do intervalo sistema de maior participação foi a ZCAS, com
dos dias, quando observados dias 28,33% de participação dentre os dias com
consecutivos de impactos, quanto o deflagração de impactos, seguida da LI, com
percentual de participação dos eventos no dia. 23,33%, mTa e SF, ambos sistemas com
Para o intervalo entre os dias 15 e 18 16,67%, mPa com 8,33, e a ZCOU com 6,67%.
(considerando o dia 15 novamente, devido à
sequência de impactos observados ao longo
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Tabela 3 - Quantidade absoluta (abs) e percentual (%) da quantidade de setores em cada classe de
vulnerabilidade social por bairro (limite aproximado). Valores mais significativos indicados por cor
(significativo negativamente, significativo medianamente, significativo bom, significativo muito
bom, significativo ótimo).
Vulnerabilidade Social
Bairros Muito Alta Alta Média Baixa Muito Baixa
Abs % Abs % Abs % Abs % Abs %
Alcobacinha 0,0 0,0 0,0 0,0 3,0 75,0 1,0 25,0 0,0 0,0
Alto da Serra 0,0 0,0 1,0 7,7 1,0 7,7 6,0 46,2 5,0 38,5
Araras 5,0 33,3 6,0 40,0 4,0 26,7 0,0 0,0 0,0 0,0
Bingen 1,0 3,2 7,0 22,6 5,0 16,1 9,0 29,0 9,0 29,0
Carangola 1,0 5,3 6,0 31,6 5,0 26,3 4,0 21,1 3,0 15,8
Cascata do Imbuí 0,0 0,0 8,0 36,4 9,0 40,9 3,0 13,6 2,0 9,1
Cascatinha 0,0 0,0 13,0 23,2 24,0 42,9 14,0 25,0 5,0 8,9
Castelânea 0,0 0,0 3,0 21,4 2,0 14,3 4,0 28,6 5,0 35,7
Caxambu 0,0 0,0 6,0 33,3 3,0 16,7 5,0 27,8 4,0 22,2
Centro 0,0 0,0 2,0 4,3 0,0 0,0 11,0 23,4 34,0 72,3
Chácara Flora 0,0 0,0 10,0 20,8 15,0 31,3 17,0 35,4 6,0 12,5
Corrêas 0,0 0,0 9,0 47,4 7,0 36,8 1,0 5,3 2,0 10,5
Duarte da Silveira 0,0 0,0 5,0 38,5 1,0 7,7 3,0 23,1 4,0 30,8
Duques 0,0 0,0 9,0 56,3 3,0 18,8 2,0 12,5 2,0 12,5
Estrada da Saudade 1,0 9,1 3,0 27,3 5,0 45,5 2,0 18,2 0,0 0,0
Fazenda Inglesa 3,0 33,3 3,0 33,3 3,0 33,3 0,0 0,0 0,0 0,0
Independência 0,0 0,0 8,0 53,3 3,0 20,0 1,0 6,7 3,0 20,0
Itaipava 3,0 7,0 13,0 30,2 19,0 44,2 4,0 9,3 4,0 9,3
Itamarati 0,0 0,0 4,0 30,8 4,0 30,8 5,0 38,5 0,0 0,0
Meio da Serra 0,0 0,0 1,0 33,3 2,0 66,7 0,0 0,0 0,0 0,0
Morin 0,0 0,0 2,0 14,3 5,0 35,7 5,0 35,7 2,0 14,3
Mosela 0,0 0,0 1,0 5,0 6,0 30,0 8,0 40,0 5,0 25,0
Nogueira 0,0 0,0 5,0 27,8 7,0 38,9 4,0 22,2 2,0 11,1
Nova Macaé 3,0 9,7 8,0 25,8 4,0 12,9 10,0 32,3 6,0 19,4
Pedro do Rio 3,0 21,4 6,0 42,9 5,0 35,7 0,0 0,0 0,0 0,0
Quarteirão Brasileiro 0,0 0,0 3,0 16,7 7,0 38,9 6,0 33,3 2,0 11,1
Quarteirão Ingelhein 0,0 0,0 3,0 11,5 4,0 15,4 12,0 46,2 7,0 26,9
Quissamã- Floresta 0,0 0,0 11,0 28,9 12,0 31,6 10,0 26,3 5,0 13,2
Quitandinha 0,0 0,0 7,0 25,9 5,0 18,5 7,0 25,9 8,0 29,6
Retiro 3,0 18,8 5,0 31,3 2,0 12,5 4,0 25,0 2,0 12,5
São Sebastião 0,0 0,0 3,0 16,7 5,0 27,8 5,0 27,8 5,0 27,8
Valparaíso 0,0 0,0 3,0 9,7 11,0 35,5 16,0 51,6 1,0 3,2
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Figura 6 - Total de impactos IN, DC<100, DC>100 e IN+DC por bairro no município de Petrópolis
para o mês de janeiro de 2007.
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Figura 7 - (A) Mapa de pontos de impactos iniciais (IN) do município de Petrópolis para o mês de
janeiro de 2007. (B) Mapa de pontos de impactos decorrentes (DC) do município de Petrópolis
para o mês de janeiro de 2007. (C) Mapa de pontos de impactos totais (IN +DC) do município de
Petrópolis para o mês de janeiro de 2007. (D) Mapa do total de impactos por bairro (limite
aproximado) no município de Petrópolis no mês de janeiro de 2007. (E) Mapa dos bairros (limite
aproximado) do município de Petrópolis.
A B
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bairro Cascatinha apresenta 66,1% dos concentra seus setores nas classes média e
setores entre as classes de alta e média alta, totalizando 66,7% dos setores (16 IN+DC).
vulnerabilidade (20 IN+DC). O bairro Centro Corrêas também concentra a maior parte de
concentra 23,4% dos setores na classe de seus setores nas classes de alta e média
baixa vulnerabilidade e 72,3% na classe de vulnerabilidade, totalizando 82,4% dos
muito baixa vulnerabilidade (7 IN+DC). Vale setores (11 IN+DC). Considerando a
destacar que os impactos IN no bairro centro importância dos impactos iniciais, sem os
foram, majoritariamente, registros de quais os DC não seriam deflagrados, a Figura 8
alagamentos. O bairro Chácara Flora apresenta o total de cada IN por bairro.
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Capítulo 4
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RESUMO
ABSTRACT
T he aim of the article was to analyze the impacts of rainfall
and its events and episodes using the technique of
standard months. The selection of months was based on the Box
Plot technique and with that, a dry; a regular and a rainy month
were selected. In the rainy month, the occurrence of the South
Atlantic Convergence Zone- SAZC of the was more frequent and
so were the impacts. In the usual dry year, the Atlantic Tropical
Mass - mTa was more active, however the impacts also occur in
these months.
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* Dentro do universo de técnicas utilizadas para a observação de variações e ou tendências climáticas, o Expert Team on
Climate Change Detection and Índices (ETCCDI), vinculado à Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica
Mundial (OMM) e o Climate Variability and Predictability Project (CLIVAR) sugerem a utilização de 27 índices de extremos
climáticos, sendo que 16 deles são relacionados à temperatura do ar e 11 índices à precipitação (ZHANG e YANG, 2004).
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“mares de morros” recobertos por vegetação torno de 300 metros, variando entre os 650m
de Mata Atlântica. A área urbana de Juiz de e 950 m.
Fora, possui uma a amplitude altimétrica em
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A Massa Tropical Atlântica (mTa), “em sua borda, no contato com os sistemas
originada no Anticiclone Subtropical do atmosféricos tropicais, configuram-se
Atlântico Sul (ASAS), possui características extensas zonas de pressão relativamente
atmosféricas quente e seca, tendo uma maior baixa e intensa convergência, usualmente
atuação na estação fria. Durante o inverno, chamada de frente polar” (GALVANI e
esse centro ciclônico aproxima-se do AZEVEDO, 2012, p. 7). Em função dessa
continente sul-americano intensificando sua convergência do ar mais quente observa-se a
influência no Brasil (BORSATO, 2016), e ocorrência de chuvas frontais na vanguarda da
diminuindo a sua atuação no verão, período Massa Polar Atlântica (mPa).
no qual o anticiclone se afasta do continente e A Massa Polar Atlântica (mPa), consiste
perde abrangência. em um sistema de alta pressão, gerador de
Por se tratar de um sistema originado estabilidade atmosférica, com exceção à sua
em um anticiclone, as suas características zona frontal, que avança pelo território
durante o período de atuação, principalmente brasileiro impondo suas características físicas.
no inverno, são de atmosfera estável. Essa Durante o período do inverno, sua atuação é
dinâmica dificulta os movimentos mais intensa pelo interior do continente
ascendentes do ar promovendo, (BORSATO, 2016).
consequentemente, baixos totais Nos períodos de primavera e verão,
pluviométricos, exceto em áreas de influência parte da umidade da região amazônica é
orográfica (REBOITA et al., 2015; BORSATO, transportada para o sul e o sudeste através
2016). dos Jatos de Baixos Níveis (JBN) a leste dos
Os sistemas frontais estão associados à Andes. Estas condições, associadas a sistemas
atuação da Massa Polar Atlântica (mPa) pois frontais localizados no Atlântico, favorecem a
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A metodologia consistiu de
quatro etapas.
considerados como eventos intensos e
extremos, respectivamente, sendo calculados
a partir dos dados de precipitação em 24 horas,
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS desconsiderando os totais inferiores a 1 mm,
utilizando o software EXCEL 2013.
Período de investigação
Os janeiros padrão - investigação
O mês de janeiro foi escolhido a partir sinótica e comparativos
de alguns critérios: (1) dentre os meses da
Para os anos escolhidos (1985, 1990 e
estação chuvosa, os meses de janeiro e
2012) foram selecionadas as cartas sinóticas,
dezembro apresentam os maiores totais
bem como as informações que auxiliassem na
pluviométricos (OLIVEIRA et al., 2020); (2) o
caracterização sinótica dos dias daqueles
mês de janeiro representa o período
meses. As cartas sinóticas foram solicitadas
intermediário da estação chuvosa; (3) janeiro
junto à Marinha do Brasil, através do site da
é o mês em que ocorreu, em média, o maior
instituição (https://www.marinha.mil.br/chm
número de impactos (OLIVEIRA, 2021).
/dados-do-bndo/acesso-dados-e-produtos).
A aplicação da técnica do box plot foi
realizada apenas para os totais mensais. Por Levantamento dos impactos e o
este motivo, ao longo do texto as informações número de ocorrências
serão tratadas apenas para os meses de O levantamento de informações sobre
janeiro; estas não correspondem à totalidade os impactos das chuvas na cidade no mês de
do ano em questão. janeiro dos anos de 1985, 1990 e 2012, foi
A identificação dos eventos extremos realizado junto ao arquivo histórico municipal,
no jornal Tribuna de Minas/Tribuna da Tarde
A delimitação dos eventos intensos e para os dados de 1985 e 1990. No ano de 2012,
extremos se deu a partir da técnica dos com os registros do jornal disponibilizados de
percentis, que consiste em dividir o conjunto forma on-line, o levantamento se deu a partir
de dados em 100 partes e a partir disso, pode- das datas em que foi registrada a precipitação
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na cidade, bem como por palavras-chave, atuação de sistemas como os frontais, sejam
como: inundação, deslizamento, frentes frias e estacionárias, linhas de
desabamento, temporal, chuva, alagamento, instabilidade (LI), como também à Zona de
Defesa Civil, Meteorologia, enxurrada. Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
A diferença entre os meses habitual Além disso, apesar de terem apresentado uma
(2012) e seco (1990) esteve associada à maior frequência similar de ocorrência da massa
atuação de sistemas atmosféricos com Tropical Atlântica no mês padrão seco (1990),
características de alta pressão, como a massa esta foi intercalada por sistemas frontais que,
Tropical Atlântica e a massa Polar Atlântica. nessa ocasião, passaram mais rapidamente
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pela região, provocando baixos totais influenciados pela baixa atuação da ZCAS,
pluviométricos. bem como pela ocorrência, por consecutivos
dias, da mTa, conforme já destacado por
Os eventos intensos e extremos
Oliveira (2016).
chuvosos estiveram associados à atuação da
Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), Nos casos investigados, o mês padrão
bem como de sistemas frontais, que nesse habitual (2012) demonstrou que esta
período favoreceram o desenvolvimento das ocorrência está associada a uma participação
nuvens de chuva, bem como de precipitações mais “equitativa” dos sistemas atmosféricos,
volumosas. O mês padrão chuvoso, em janeiro sendo que foram 11 dias sob atuação da ZCAS
de 1985, teve um elevado número de dias (21) e 14 dias com atuação da mTa, por exemplo.
sob atuação da Zona de Convergência do Dessa forma, tanto os sistemas que favorecem,
Atlântico Sul, responsável por precipitações de quanto os sistemas que inibem a ocorrência
504,8 mm em 15 dias ou 715 mm nos 31 dias de precipitação, se distribuíram no decorrer
deste mês. do mês, refletindo em um total pluviométrico
mensal considerado habitual ao longo do
O mês padrão seco de 1990 foi
período.
caracterizado pela prevalência da massa
Tropical Atlântica (mTa) em uma condição de O mês de janeiro chuvoso - 1985
bloqueio atmosférico, bem como pela
Janeiro de 1985 foi o mês mais
passagem rápida dos sistemas frontais,
chuvoso nos registros pluviométricos da
repercutindo em totais pluviométricos
cidade, o total de 715 mm de chuva distribuiu-
reduzidos neste mês. O mês padrão habitual
se em 24 dias daquele mês (Figura 4).
de janeiro de 2012, assim como em 1990
(seco), teve um elevado número de dias com Do ponto de vista sinótico houve
a atuação também da mTa (15 dias em 1990 e prevalência de sistemas frontais estacionários,
14 dias em 2012). No entanto, a ocorrência de produzindo uma profunda convecção na
episódios de Zona de Convergência do região, indicando a gênese desses elevados
Atlântico Sul (ZCAS) em alguns dias desses totais pluviométricos.
meses elevaram os totais pluviométricos Nos primeiros dias de janeiro de 1985,
mensais, bem como engendraram a os totais pluviométricos registrados,
ocorrência de eventos intensos de associados à passagem rápida de um sistema
precipitação. frontal, na cidade de Juiz de Fora, foram de 16,9
Dessa forma, é possível destacar que mm. A partir do sexto dia, a chegada de outro
os eventos mais elevados de precipitação sistema frontal, que ficou estacionário sobre a
estiveram associados à ocorrência da ZCAS, região do sudeste brasileiro, foi responsável
bem como de sistemas frontais estacionários, pelas chuvas na cidade e seus impactos nos
como observado no mês de janeiro de 1985. dias 6, 7, 8 e 9 de janeiro (Figura 4).
Ao contrário disso, os meses secos são
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As Regiões Urbanas (RU) que Já, a partir do dia 20, dias com
apresentaram o maior número de registros precipitação ocorreram entre 21 e 24 de
foram a RU Vitorino Braga (Figura 7, nº 64), janeiro e nos dias 26 e 27, estiveram
Centro (Figura 7, nº 55), Ipiranga (Figura 7, nº associados à passagem de outros sistemas
37), sendo que, historicamente, essas são as frontais. No entanto os totais pluviométricos
RUs mais citadas por impactos na cidade registrados foram baixos, totalizando 45 mm
(OLIVEIRA, 2021). Além disso, (Figura 9). Com relação aos impactos
especificamente neste mês (janeiro de 1985), ocorridos na cidade (Figura 8), ainda que não
os impactos se distribuíram por toda a área fossem considerados como eventos extremos,
urbana da cidade, atentando para o fato de dois episódios foram identificados: um no dia
que nesse período a mancha urbana era mais 5 de janeiro com seis locais impactados e
reduzida. outro no dia 27 de janeiro com um impacto
registrado. Com isso observa-se, neste mês,
O mês de janeiro seco - 1990 que mesmo com totais diários de precipitação
O mês de janeiro de 1990 se inicia com mais baixa, os valores acumulados de alguns
atuação de uma Zona de Convergência do dias, como entre os dias 1 e 4 (51,3 mm),
Atlântico Sul até o dia 4 de janeiro, desencadearam episódios na cidade (Figura
responsável por precipitações acumuladas na 10).
cidade. No dia 10 de janeiro um sistema
frontal avançou sobre a região Sudeste do
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Em janeiro de 1990 foram observados nº 49), na RU Santa Luzia (Figura 11, nº 42) e
sete impactos na cidade, localizados em seis Ipiranga (Figura 11, nº 37). Neste mês
regiões urbanas. Dois impactos na RU Santa ocorreram apenas dois episódios considerados
Cândida (Figura 11, nº 65), um na RU Santa extremos nos quais foram registradas apenas
Cruz (Figura 11, nº 4), na RU Santa Cecília ocorrências de deslizamentos ou
(Figura 11, nº 41), na RU Vila Ideal (Figura 11, desabamentos (Figura 11).
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Essa distribuição espacial dos impactos vulnerabilidade social (CASSAB e PINTO, 2013;
em função dos episódios reforça e corrobora OLIVEIRA, 2021) ocorreram episódios de
com as colocações levadas a efeito por movimentos de massa.
Sant’Anna Neto (2001; 2008); Armond (2014); Nos meses chuvoso (janeiro de 1985) e
Nascimento Júnior (2019) de que existe uma habitual (janeiro de 2012) as ocorrências
seletividade espacial dos impactos foram mais numerosas nas áreas de alta e
pluviométricos no espaço urbano da cidade de altíssima vulnerabilidade social, mas também
Juiz de Fora. ocorreram em áreas de médio, baixo e
Haja vista que no mês de janeiro baixíssimo risco, denotando que os totais
considerado seco (1990) não houve registros pluviométricos foram determinantes para
de eventos pluviométricos elevados, porém, suas respectivas ocorrências.
nas áreas da cidade com maior
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junto com o mês de dezembro. No entanto, ao No mês de janeiro de 1990, que não registrou
longo do período analisado, foi no mês de nenhum evento intenso ou extremo de
janeiro que, em média, os impactos na cidade precipitação, ocorreram sete impactos de
foram mais numerosos. movimentos de massa. Nesses pontos, a
ocorrência dos impactos ocorreu mesmo com
O mês padrão chuvoso (janeiro de
baixos totais pluviométricos.
1985) foi caracterizado pelo maior número de
eventos e episódios extremos e, Nos outros meses de janeiro, de 1985
consequentemente, mais impactos ocorridos, e de 2012, os impactos ocorreram de maneira
sendo o maior de toda série, com 81 impactos. mais numerosa nas áreas de alta e altíssima
vulnerabilidade social, mas também foram
O mês padrão seco (janeiro de 1990),
deflagrados em outros pontos da cidade. Com
não registrou nenhum evento considerado
isso, observa-se que outros fatores, além da
intenso/extremo pelas técnicas estatísticas e,
precipitação, como as questões de sítio
ainda assim, ocorreram sete impactos
urbano e a suscetibilidade ambiental, bem
geomorfológicos na cidade distribuídos em
como as condições de vulnerabilidade social,
dois episódios.
repercutiram na espacialização dos impactos
Já o mês padrão habitual de janeiro na cidade.
(2012) apresentou dois eventos intensos de
precipitação e quatro episódios extremos que REFERÊNCIAS
provocaram 22 impactos na cidade. AB’SÁBER, A. Os domínios de natureza do
Com relação aos sistemas atmosféricos Brasil. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
observados nos meses em questão, existiram ARMOND, N. B. Entre eventos e episódios: As
diferenças fundamentais para a ocorrência de excepcionalidades das chuvas e os
alagamentos no espaço urbano do Rio de
dias com chuva. Os dias chuvosos sempre Janeiro. 2014. Dissertação (Mestrado em
estiveram associados à atuação de sistemas Geografia) - Faculdade de ciências e
frontais e à Zona de Convergência do Atlântico tecnologias, Universidade Estadual Paulista,
Sul - ZCAS, sendo que, nesta última, os totais Presidente Prudente, 2014.
pluviométricos foram mais elevados, ASSIS, D. C. O comporto térmico associado às
caracterizando-se como eventos intensos e variáveis de cobertura da terra na região
central de Juiz de Fora-MG. 2016. Dissertação
extremos. A baixa frequência da atuação (Mestrado em Geografia) - Programa de Pós-
desses sistemas atmosféricos provocou graduação em Geografia da Universidade
períodos de estiagem e baixos totais Federal de Juiz de Fora, 2016.
pluviométricos nos meses analisados, como BORSATO, V. A dinâmica climática do Brasil e
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Capítulo 5
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
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Capítulo 5
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
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Capítulo 6
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
RESUMO
O presente trabalho analisou a ocorrência de ilha de calor
urbana no município de Taubaté, localizado no estado de
São Paulo. Para a análise foi utilizada a metodologia de
transectos móveis, realizados no período noturno e da
madrugada, durante as estações de inverno e verão de 2019 e
2020. Os resultados demonstraram a ocorrência de ilhas de
calor em ambas estações, sendo que as identificadas no inverno
foram as mais intensas.
ABSTRACT
T he present paper analyzed the occurrence of the urban
heat island effect in the municipality of Taubaté in the state
of São Paulo. For this analysis, the methodology of mobile
transects was used, and it was done at night and morning,
during the winter and summer of 2019 and 2020. The results
show the occurrence of heat islands in both seasons, and the
heat islands identified during winter are the most intense ones.
*
O método do transecto móvel, consiste em realizar as medições de dados de temperatura e umidade relativa do ar, em
uma determinada área, a partir de percursos realizados em um período inferior a 60 minutos. O objetivo do método é
analisar as diferenças dos parâmetros climatológicos de acordo com as diferenças dos níveis de urbanização.
*
A escolha do horário das 5 horas e 10 minutos está relacionada à realização dos percursos próximos ao momento de
Figura 2 - Níveis de urbanização ao longo dos transectos móveis e suas distâncias aproximadas –
Transecto sul-norte.
Figura 3 - Níveis de urbanização ao longo dos transectos móveis e suas distâncias aproximadas –
Transecto oeste-leste.
registro da mínima temperatura do ar, pois terminariam próximo ao horário de nascer do Sol, tanto no inverno quanto
no verão, quando, geralmente, em situações de atmosfera estável, são registradas as menores temperaturas do ar.
(VAREJÃO-SILVA, 2001). Já o horário das 20 horas foi escolhido por ocorrer poucas horas após o pôr do Sol, quando as
diferenças de temperatura do ar entre campo e cidade, tendem ser mais elevadas (GARTLAND, 2010, p. 40).
*
O equipamento possui, em relação à temperatura do ar, acurácia de 0,30 °C entre 0 °C e 50 °C, e, em relação UR,
acurácia de ± 2,5% entre 10 e 90%.
foi de 4,1 °C, superior à verificada no dia elevada foi de 14,2 °C entre os pontos 26 e 30,
anterior. Por fim, no dia 20/07/2019, a com amplitude de 4,1 °C. A Figura 5 demonstra
temperatura mínima registrada foi de 10,1 °C, a variação da temperatura do ar ao longo dos
entre os pontos 7 e 8, enquanto que a mais Tms.
Figura 6 - Variação da temperatura do ar na área de estudo durante os Tms realizados a partir das
5 horas e 10 minutos em 19/07/2019.
Figura 7 - Variação da temperatura do ar nos transectos oeste-leste iniciados às 20 horas nos dias
18, 19 e 20/07/2019.
Os transectos de norte para sul 8, e a mais elevada foi 19,5 °C, entre os pontos
registraram as temperaturas mais elevadas 21 e 23. A amplitude térmica foi de 6,4 °C.
nas áreas mais urbanizadas, assim como os Os resultados demonstraram que os
transectos no sentido oeste para leste. níveis de urbanização C e D são os mais
No dia 18/07/2019, a menor aquecidos, enquanto que A e B apresentam as
temperatura do ar foi de 14,0 °C, entre os temperaturas mais baixas. A Figura 8
pontos 9 e 10, enquanto que a mais elevada demonstra a variação da temperatura do ar.
foi de 16,5 °C, registrada entre os pontos 26 e Os Tms noturnos apresentaram
32. A amplitude térmica foi de 2,5 °C e as áreas elevada amplitude térmica, principalmente no
mais aquecidas foram registradas entre dia 20/07/2019, demonstrando a ocorrência
trechos com níves de urbanização C e D. No da ilha de calor na área mais urbanizada. O
transecto do dia 19/07/2019, a menor trecho sul apresentou as menores
temperatura foi de 12,8 °C no ponto 8, temperaturas, enquanto as áreas urbanizadas
enquanto que a maior temperatura foi 17,7 °C foram as mais destacadas quanto à elevação
, entre os pontos 27 e 28. A amplitude térmica da temperatura do ar. A Figura 9 demonstra a
foi de 4,9 °C. No dia 20/07/2019, a ocorrência da ilha de calor na área mais
temperatura mais baixa foi 13,1 °C, no ponto urbanizada.
Figura 9 - Variação da temperatura do ar na área de estudo durante os Tms realizados a partir das
20 horas do dia 20/07/2019.
Figura 11 - Variação da temperatura ar de sul para norte às 5 horas e 10 minutos nos dias 02, 04 e
05/01/2020.
Figura 14 - Variação da temperatura do ar de sul para norte às 20 horas nos dias 03, 05 e
09/01/2020.
Os Tms das 20 horas apresentaram térmicas, ao longo dos Tms, não foram
temperaturas mais elevadas nas regiões mais elevadas. A Figura 15 demonstra a ilha de
urbanizadas, de nível C e D, e menores nos calor no dia 05/01/2020 que apresentou as
níveis A e B. A ilha de calor esteve presente temperaturas mais elevadas nos trechos da
nos três dias. Contudo, as amplitudes área central e leste da área de estudo.
RESUMO
O presente trabalho analisou o campo térmico na Regional
Goiabeiras e Jardim da Penha, situado no município de
Vitória-ES. Para isso, utilizou-se o método do transect de pontos
fixos e móveis para mensuração episódica, nos horários de 9h,
15h, 20h para situações sazonais no verão (17/3/2019), e
primavera (22/9/2019), ambas sob influência do Anticiclone
Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) ou da Massa Tropical
Atlântica (MTA). A análise evidenciou que as mudanças de uso e
cobertura da terra, derivadas das atividades e estruturas
urbanas, associadas à proximidade ao litoral, influenciaram na
variação espacial do campo térmico, evidenciando a ação do
vento e modificando as condições climáticas intraurbanas no
período da manhã e da tarde.
ABSTRACT
T he research analyzed the temperature range in the
Regional Goiabeiras and Jardim da Penha, located in the
municipality of Vitória-ES. Aiming to do it, the fixed and mobile
transects were used for episodic measurements at 9:00 am, 3:00
pm, and 8:00 pm for seasonal situations in summer (March
17th,2019) and spring (September 22nd, 2019), both under the
influence of the South Atlantic Subtropical Anticyclone (ASAS) or
Atlantic Tropical Mass (ATP). The analysis showed that the
changes in land use and land cover, derived from urban activities
and structures, associated with the proximity to the coast,
influenced the spatialization of the thermal range, evidencing
the influence of wind on the urban topoclimatic variation in the
morning and afternoon periods.
*
As cidades que se encontram identificadas na Figura 1 estão com suas referências identificadas na bibliografia, mesmo
não sendo citadas no corpo do texto.
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127
Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Fonte: IBGE, 2020; Fialho, 2009, 2010 e 2019; Portal Domínio Público, 2021 e levantamento bibliográfico.
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128
Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Nos pontos fixos, os sensores foram (FIALHO, 2019), na qual os pontos também
afixados a 1,5 m da superfície e protegidos em podem ser visualizados, juntamente com os
miniabrigos meteorológicos confeccionados pontos fixos mostrados na Figura 5. Além
em PVC (Policloreto de Vinila). Os desses pontos fixos, com datalogger (modelo
equipamentos foram ajustados para aferirem HOBO-U-012), foram utilizados os dados
os dados de umidade e temperatura a cada meteorológicos da estação meteorológica do
uma hora, sendo reajustados para aferirem a INMET, localizada no campus Goiabeiras da
cada dez minutos, um dia antes da coleta do UFES e a estação do Aeroporto de Vitória
transect móvel (Figura 4), seguindo as normas (Eurico de Aguiar Salles). Em relação às
adotadas por Fialho e Celestino (2016). medidas móveis, utilizou-se o
termohigrômetro digital de leitura direta
Junto aos pontos fixos, foi também
Minipa MT-241, nos horários das 9h, 15h e 20h,
utilizada a técnica do transects móveis
totalizando 40 pontos de observação.
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Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Equipamentos utilizados no transect móvel: *1: Equipamento Datalogger modelo Hobo U – 12 (1A
e 1B); *2: Miniabrigo Meteorológico – 20 cm de altura por 20 cm o cano externo e 15 cm o diâmetro
do cano interno (2A, 2B, 2C, 2D, 2E e 2F); *3: Abrigo PVC e Termohigrômetro modelo MINIPA MT –
241; *4: forma de coleta dos dados móveis utilizando abrigo de pvc (1,5 metro acima da superfície).
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Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
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Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Em relação aos dados do transect tempo entre as coletas, pois os valores podem
móvel, por não serem obtidos de maneira apresentar alterações decorrentes do
simultânea, necessitam de correção. Para isso, aquecimento ou resfriamento atmosférico ao
o procedimento utilizado foi o mesmo longo do tempo gasto para percorrer o trajeto,
adotado por Fialho et al. (2019) e Alloca e como pode ser visto na Equação 1:
Fialho (2019), a fim de corrigir a defasagem de
Equação 1
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134
Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
DESENVOLVIMENTO
A proximidade entre os pontos
proporcionou um resultado bem satisfatório E m relação às condições de tempo
presentes durante os
ao utilizar o interpolador IDW, pois o mesmo experimentos de campo, pode-se dizer que o
utiliza o método estatístico “inverso da Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul
distância²” e se baseia na dependência (ASAS) * atuou durante a realização dos
espacial entres os valores de cada ponto. trabalhos de campo de verão e primavera
Desta forma, quanto mais próximos os pontos, (figuras 6 e 7). Porém, no verão, as condições
maior a correlação entre eles. de tempo apresentaram céu parcialmente
Por fim, para análise estatística nublado da tarde para a noite ocorrendo, em
descritiva, utilizou-se o Box Plot, método alguns momentos, chuva traço (menor que
estatístico descritivo que utiliza a forma 1mm), não observada pela Estação
gráfica para comunicar, de forma sintética, o Meteorológica do INMET. Ainda no verão foi
conjunto da amostra de dados, na medida em verificado o predomínio de ventos oriundos
que consegue descrever a distribuição dos do quadrante NO e SE com intensidade entre
dados exibindo medidas de tendência central 0,3 e 2,9ms-1, no qual houve aumento na
não-paramétrica (mediana), de dispersão velocidade do vento das 14h às 19h, chegando
(quartis), forma de distribuição ou simetria da a 2,9ms-1.
amostra (valores pontuais mínimo e máximo) Em relação à primavera, embora o
e valores atípicos (outliers), e extremos. ASAS estivesse sobre a área de estudo
A caixa (valores entre 1° quartil e 3° acompanhando a dinâmica rítmica, pode-se
quartil) apresenta 50,0% da amostra, dizer que o sistema produtor de tempo no dia
enquanto a linha da caixa representa o valor do experimento episódico de campo foi de
da mediana. O limite superior da caixa indica aquecimento pré-frontal.
o percentil de 75,0% dos dados e o limite Os resultados apresentados para os
inferior da caixa indica 25,0% dos dados levantamentos episódicos de verão e primavera
(OLIVEIRA et al., 2020). Para a realização dos permitiram constatar que o horário da manhã
cálculos estatísticos foi utilizado o software foi sempre o momento do dia com maior
Microsoft Excel 2013, enquanto os gráficos diferença térmica identificada, com 5,9 °C no
Box Plot foram gerados no software de verão e 13,6 °C no inverno (Tabela 4). Neste
estatísticas Past3 (HAMMER et al., 2001). aspecto, o resultado condiz com o levantamento
verificado na literatura, onde se observa que o
inverno apresenta as maiores intensidades, em
razão da maior estabilidade da atmosfera.
*
Segundo Tubelis e Nascimento (1992), a Alta Subtropical, ASAS, constitui-se por um sistema de alta pressão
caracterizado por uma massa de ar seco, relativamente quente e quase desprovido de nuvens, sendo que sua atuação
na região sudeste propicia a redução da umidade e inibe a passagem de frentes frias.
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Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Tabela 4 - Estatística descritiva dos 40 pontos de coleta nos experimentos de campo no verão e primavera.
Estatística Verão Primavera
Manhã Tarde Noite Manhã Tarde Noite
TMed. 31,9 30,4 23,8 29,2 28,1 25,6
TMáx. 34,6 32,6 30,1 35,2 31,5 28,2
TMín. 28,7 29,0 23,8 21,6 22.1 21,1
DPad 1,3 0,9 1,1 3,1 2,0 1,3
Mediana 32,0 30,0 29,5 29,6 28.4 25,8
Coef. Var. 1,7 0,9 1,1 10,7 7,3 5,1
25 percentil 31,3 29,8 29,0 27,8 26,1 25,2
75 percentil 32,8 31,4 29,9 30,8 29.7 26,0
▲TMáx-Mín 5,9 3,6 6,3 13,6 9.4 4,1
Fonte: Dados registrados em Trabalho de campo. Organização: Fialho e Paula, 2021.
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136
Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Figura 8 - Box-Plot dos registros térmicos nos três momentos do dia no verão (A) e primavera (B).
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Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
Organização: Autora.
Organização: Autora.
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139
Capítulo 7
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
O s dados de temperatura do ar
registrados nos dias de coleta,
possíveis de serem estabelecidas, com o
objetivo de melhorar o conforto térmico e a
embora não sejam definitivos para uma saúde dos citadinos, ressaltando a importância
afirmação mais contundente sobre a influência da análise do clima urbano no plano diretor
do uso da terra sobre o clima local, sugerem urbano.
que existe uma correlação. Isto também
demonstra forte influência do vento na REFERÊNCIAS
amenização das diferenças térmicas, no ALLOCCA, R. A.; FIALHO, E. S. O campo térmico
período da tarde, no qual a radiação solar é no perímetro urbano de Ponte Nova-MG (Zona
mais intensa. Com relação ao uso e cobertura da Mata Mineira), em situações sazonais de
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Desta forma, fica evidente que o efeito da
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maritimidade tem um peso importante no Luís (MA), Aracajú (SE), Campo Grande (MS),
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Neste sentido, as áreas mais próximas ARAÚJO, R. R. Clima e vulnerabilidade socioes-
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(Mestrado em Geografia) - Universidade do
Ricardo Brandolt
Erika Collischonn
RESUMO
ABSTRACT
*
Segundo a metodologia, todas as tipologias climáticas do litoral gaúcho se enquadram no grande grupo climático
mesotérmico C, dada abrangência deste (temperatura média do ar dos 3 meses mais frios compreendidas entre -3°C e 18°C
e temperatura média do mês mais quente superior a 10°C). Para os climas C identificam-se, segundo o regime pluviométrico,
as variantes: f – com nenhum mês seco, ou seja, o mês menos chuvoso apresenta pelo menos 60mm de precipitação; w-
corresponde aquele no qual a precipitação do mês mais seco está entre 60mm e [100 – (precipitação anual)/25]; s – seco
no verão, se relacionado aos anos em que o mês mais chuvoso do verão recebe menos de 1/3 da precipitação do mês mais
chuvoso de inverno. Por fim, aos tipos Cf, Cw e Cs ainda pode se acrescentar mais duas subtipologias: a) de verões quentes
(temperatura média do mês mais quente superior a 22°C); e b) aqueles com verões frescos (temperatura média do mês
mais quente inferior a 22°C).
Figura 2 - Participação dos TCAs para Torres, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar (1981-2019).
Código
Estação Latitude Longitude Altitude (m) Ano de Instalação
OMM
incorporada a uma planilha do Excel por Snyder relativa mínima do dia: primeiramente, a partir
(2001) denominado Wton 1.01. Na utilização da fórmula empírica denominada Equação de
desta planilha é preciso informar, inicialmente, Tétens, chegou-se à tensão de saturação;
a localização da estação e o ano desejado, para posteriormente, levando em conta que
que o programa possa calcular o número umidade relativa - UR resulta da divisão entre
máximo de horas diárias de insolação a tensão momentânea de vapor e a tensão de
astronomicamente previstas (N) para a latitude saturação, e, conhecido o valor de UR, obteve-
informada. Depois, entra-se com os dados da se o valor da tensão de vapor.
radiação solar global total incidente no dia, em O quadro (Figura 4) apresenta o
megajoules por metro quadrado por dia, para esquema criado para a classificação proposta
estimar horas de sol brilhante por dia (n). por Besancenot, Mounier e Lavenne (1978),
A tensão de vapor (Ū) foi inferida com com os limiares de cada classe:
base na temperatura máxima e umidade
RESULTADOS
Com base nestes limiares, Brandolt
(2020) criou rotinas no Excel® visando
transformar os dados brutos das cinco variáveis
A linha de costa do Rio Grande do
Sul tem orientação NE-SW, desde
nas classificações dos 10 tipos diários de tempo. a foz do Rio Mampituba, ao norte (29°19'32"S
O resultado desta classificação, além de e 49°42'47"O), onde se localiza a estação
permitir a confrontação entre estações meteorológica de Torres, até a foz do Arroio
meteorológicas, permitiu a comparação de Chuí, na fronteira com a República Oriental do
uma mesma estação de um ano para outro. Uruguai (33° 44' 37" S e 53° 22' 13" O), onde se
localiza a estação meteorológica de Santa
Vitória do Palmar (Figura 5).
Figura 6 - Paisagens do Litoral do Rio Grande do Sul a) praia de Torres, b) praias planas, c)
cursos d’água mudando a paisagem, d) escarpa do planalto próximo à praia, e) campos de
Dunas em Mostardas, f) molhes da barra da Laguna dos Patos e g) extensão de praia no
litoral sul.
Figura 7 - Legenda descritiva dos tipos de tempo vivenciados pelo turista de sol e praia.
Nesta legenda, os tons em amarelo são diversidade diária de tipos de tempo entre o
os mais propícios ao turismo de sol e praia, os norte e o sul do Rio Grande do Sul. A Figura 9
tons avermelhados indicam abafamento, o tom sintetiza estes dados, procurando confrontar a
areia escuro, muito vento e os tons em azul, participação dos tipos de tempo nos cinco
presença menor ou maior de precipitação no balneários em cada um dos três períodos
período. A aplicação dos parâmetros definidos analisados.
pela metodologia na delimitação dos tipos de Com base na classificação adotada,
tempo resultou na distribuição, dia a dia, para constata-se que em Torres e Tramandaí
os três períodos (Figura 8), na qual constam raramente ocorreu o tipo de tempo 7
sempre as cinco estações meteorológicas: (ensolarado com muito vento); já em
Torres (TOR), Tramandaí (TRA), Mostardas Mostardas, Rio Grande e Santa Vitória do
(MOS), Rio Grande (RG) e Santa Vitória do Palmar este tipo foi bem frequente. Em
Palmar (SVP). Mostardas, em todos os três anos analisados,
Constata-se, nesta sucessão de tipos de esta tipologia foi a mais frequente para o
tempo, que há um alinhamento de dias com período do ano em estudo. Já os tipos de
chuva em todo o litoral. Estes alinhamentos tempo com ocorrência de precipitação (tipo 5,
tem relação com a passagem de frentes frias 8 e 8b), no geral, foram mais frequentes em
que, segundo Pampuch e Ambrizzi (2015), no Torres e Tramandaí.
verão, ocorrem em média a cada 11 dias nesta
latitude. No geral, contudo, observa-se uma
Figura 8 - Distribuição das classificações dos tipos de tempo diário nos três períodos.
Figura 9 - Distribuição dos tipos de tempo diário para os cinco balneários em cada período.
anterior não foi tão bom e, em 2017, mais da demonstrado anteriormente, é a localidade na
metade dos dias apresentaram alguma qual os dias com vento forte sempre dominam.
restrição devido à precipitação. Na última temporada analisada, todos os
meses foram muito favoráveis no litoral norte,
O mês de dezembro para os balneários
médio e sul, quando se considera que houve
do litoral médio e sul foi, em média, aquele
menos dias com ocorrência de precipitação; no
com mais dias ventosos. Em termos absolutos,
entanto, nos litorais médio e sul, foram
porém, o mês de janeiro de 2018, foi o que
frequentes os dias com vento forte.
apresentou mais dias de vento forte,
justamente em Mostardas que, como
Figura 10 - Distribuição mensal dos tipos de tempo diário para os cinco balneários em cada período.
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O presente trabalho apresenta parte dos
SACCHINI, Alexandro O.; FERRARIS, Francesca;
resultados de dissertação de mestrado
FACCINI, Francesco; FIRPO, Marco (2012)
desenvolvida no Programa de Pós-Graduação
Environmental climatic maps of Liguria (Italy),
em Geografia, que teve o apoio de um bolsa de
Journal of Maps, v. 8, n. 3, p. 199-207, 2012.
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RESUMO
ABSTRACT
No primeiro perfil da Figura 1, região em uma estreita faixa de terras entre a Zona da
que engloba o município potiguar Santa Cruz, Mata e o Agreste paraibano. Imediatamente a
o planalto da Borborema apresenta-se no setor oeste da Depressão Sublitorânea, percebe-se
noroeste do Agreste, com cotas acima dos 600 nos perfis a ocorrência dos primeiros morros
metros. Trata-se da região na qual o planalto da Borborema, com acréscimos abruptos na
ocorre mais afastado da costa. O segundo e o elevação. No que diz respeito às partes a oeste
terceiro perfil representam, de modo dos municípios de Areia e Campina Grande, o
respectivo, as regiões de origem dos relevo ocorre, notadamente, em caráter
municípios paraibanos Areia e Campina menos acidentado, típico das regiões
Grande. Nessas regiões, os pontos de maior localizadas a sotavento do planalto.
elevação estão acima dos 600 metros. A leste Em continuidade, o quarto, o quinto e o
desses municípios, a altimetria é inferior a 200 sexto perfil, representam as cotas do planalto
metros (podendo ser identificadas cotas abaixo no estado pernambucano, com perfis
de 100 metros). É nessa região que se encontra representativos dos municípios Surubim (400
a Depressão Sublitonânea, feição que ocorre metros), Caruaru e Garanhuns (a cerca de 800
Com os limiares do volume anual das Normal (N) - 2013: dois anos apresentam ca-
chuvas estabelecidos, elegeram-se três anos racterísticas próximas à normalidade pluvio-
representativos para o estudo do ritmo métrica na região: 2006 e 2013. Na compara-
pluviométrico na área de estudo, ou seja, três ção desses anos na síntese anual pluviométrica,
“anos-padrão”: Muito Seco (MS), Normal (N) e em 2006, seis das sete estações apresentaram-
Muito Chuvoso (MC). Para eleição desses anos, se na categoria Normal, ao passo que em 2013,
foram considerados três critérios: 1) a quantidade de estações nesta categoria dimi-
características pluviométricas anuais nuiu para cinco. Na síntese do quadrimestre
semelhantes para a maioria das estações, chuvoso, foi o ano 2013 que apresentou as ca-
observando-se as categorias estabelecidas pela racterísticas mais próximas à normalidade: seis
aplicação da técnica dos quantis; 2) das sete estações se classificaram na categoria
características pluviométricas semelhantes Normal (exceção da estação de Garanhuns/PE,
entre os quadrimestres chuvosos das séries que apresentou registros na categoria Seco); o
temporais das estações meteorológicas eleitas; ano 2006, por sua vez, apresentou uma estação
e 3) condições da Temperatura da Superfície do a menos na categoria Normal (cinco estações),
Mar (TSM) do Atlântico Tropical e do Pacífico sendo que as duas estações restantes se en-
Equatorial. Dos “anos-padrão” eleitos: quadraram em duas categorias diferentes:
Areia/PB na categoria Seco e Campina
Muito Seco (MS) - 2012: apresentou o maior
Grande/PB na categoria Chuvoso. Por fim, con-
quantitativo de estações na categoria MS. Na
siderando o terceiro critério de escolha (TSM),
síntese anual, seis das sete estações eleitas se
o ano 2013 apresentou novamente as condi-
enquadram nesta categoria - a exceção foi a es-
ções próximas à normalidade pluviométrica ao
tação de Campina Grande/PB, que registrou
mostrar tanto a TSM do Atlântico, quanto a do
ano seco; já na síntese que abarca os quadri-
Pacífico com condições neutras. Assim, o ano
mestres chuvosos, cinco das sete estações
eleito para a representação da categoria Nor-
(Santa Cruz/RN, Surubim/PE, Caruaru/PE, Ga-
mal foi 2013 devido à quantidade superior de
ranhuns/PE e Palmeira dos Índios/AL) apresen-
estações na categoria Normal no quadrimestre
taram dados pluviométricos que categorizaram
o ano como MS. A estação de Campina chuvoso e às condições de neutralidade oce-
ano-atmosfera do Atlântico e do Pacífico.
Grande/PB mais uma vez se enquadrou na ca-
tegoria Seco, enquanto Areia/PB na categoria Muito Chuvoso (MC) - 2011: apresentou o
Normal. Com relação às condições da TSM, o maior quantitativo de estações categorizadas
Dipolo do Atlântico se apresentou positivo, e, como MC. Na síntese anual, seis das sete
no Oceano Pacífico, o fenômeno La Niña confi- estações se classificam nesta categoria, com
gurava-se de forma moderada. Nenhum dos exceção de Garanhuns/PE, categorizada como
demais anos analisados apresentou condições Normal. Já na síntese que engloba os
pluviométricas negativas extremas que se quadrimestres chuvosos, quatro das sete
aproximaram ao ano 2012, o que o isola nas ca- estações enquadram-se na categoria MC
racterísticas da categoria MS. (Areia/PB, Campina Grande/PB, Surubim/PE e
ressaltar que foram utilizadas informações de interpolação de valores mais confiável no am-
postos ou estações localizadas fora do recorte biente SIG.
regional do Agreste da Borborema para uma
os três anos analisados. Percebe-se que o região Agreste, sobretudo nas regiões de
decréscimo gradual no sentido oeste-leste é escarpa do planalto da Borborema, como nos
marcante nos três “anos-padrão” – uma setores de Areia/PB e de Garanhuns/PE,
característica da região – com os menores chamados de brejos de altitude.
valores ocorrendo por volta dos 800 mm (com
Participação das massas de ar e dos
exceção para um setor da porção noroeste do
sistemas atmosféricos nos “anos-
Agreste de Pernambuco, com registro de 600
padrão”
mm). Os valores mais elevados
compreenderam toda a faixa leste da região, O “ano-padrão” Muito Seco (2012)
contendo valores mais expressivos para o apresentou desvios negativos de precipitação
interior da região: regiões de Campina em todas as estações meteorológicas,
Grande/PB e de Areia/PB, ambas com isoietas conforme é apresentado na Figura 4. Os
de valores acima dos 1.400 mm. Destaca-se, desvios negativos totais de precipitação
também, o setor sudeste do Agreste de apresentaram valores entre 176,2 mm em
Alagoas, com isoietas de valores acima dos Campina Grande/PB e 431,9 mm na estação de
1.500 mm. Garanhuns/PE. A estação a apresentar o menor
acumulado pluviométrico anual foi a de Santa
O aumento dos registros
Cruz/RN, com registro de 157,8 mm (320,5 mm
pluviométricos no sentido oeste-leste pode
abaixo da média histórica), enquanto que o
possuir ligação com a influência orográfica do
maior acumulado no ano foi registrado na
planalto da Borborema, que barra a atuação
estação de Areia/PB que, mesmo
das massas e dos sistemas atmosféricos
enquadrando-se em um ano muito seco,
produtores de chuva que adentram ao
apresentou precipitação de 1.024,5 mm, ou
continente sem a intensidade suficiente para a
seja, 272,1 mm abaixo da média.
superação desta barreira natural. Assim, a
precipitação torna-se maior na faixa leste da
Figura 4 - Precipitação para o ano Muito Seco (2012) por estação meteorológica.
Figura 5 - Frequência espacial de atuação dos sistemas: ano Muito Seco (2012).
No “ano-padrão” Normal (2013) todas “Normal” na maioria das estações. Desta forma,
as estações apresentaram registros os desvios pluviométricos mais marcantes
pluviométricos abaixo da média histórica, registraram valores negativos entre 23,3 mm
conforme mostra a Figura 6. Apesar disso, tais (em Areia/PB, que registrou 1.273,3 mm) e
registros foram próximos à média, o suficiente 164,8 mm (em Garanhuns/PE, que registrou
para a classificação das chuvas na categoria 724,1 mm).
que o sistema se deslocava para o setor sul da sul e, por consequência, as bordas também
região. Isso significa dizer que o centro dos apresentaram tal comportamento.
VCAN durante este ano se posicionou mais ao
Figura 8 - Precipitação para o ano Muito Chuvoso (2011) por estação meteorológica.
Os VCAN atuaram cinco vezes em todas O fato da baixa frequência de atuação desse
as estações meteorológicas. Em Palmeira dos sistema na estação de Palmeiras dos Índios
Índios/AL foi o sistema atmosférico produtor pode ser explicado pela distância entre a área
de chuva com mais atuação. Destaca-se que os de atuação mais comum da ZCIT (próxima à
VCAN, sistema atmosférico de mesoescala, linha do Equador) e a estação, a qual se localiza
quando ocorrem, provocam precipitações em mais ao sul dentre as estações meteorológicas
todo o Agreste em um único registro de da pesquisa. Assim, a ZCIT só alcança a região
atuação, já que a sua borda proporciona em eventos mais excepcionais.
atividade convectiva suficiente para cobrir toda As OL são dos sistemas mais atuantes
a região. da região; o segundo em produção de chuvas
A ZCIT foi o sistema mais atuante em durante o ano de 2011. A estação de Areia/PB
cinco das sete estações meteorológicas da possui o maior quantitativo de registros de
região, a saber: Santa Cruz/RN (31 ocorrências), atuação (23 ocorrências), seguida por Campina
Areia/PB e Campina Grande/PB (27 Grande/PB (22 ocorrências), Surubim/PE (17
ocorrências), Caruaru/PE, com (13 ocorrências) ocorrências) e Santa Cruz/RN (14 ocorrências).
e Garanhuns/PE (sete ocorrências). Na estação As estações de Garanhuns/PE, Caruaru/PE e
de Surubim/RN, a ZCIT apresentou atuação Palmeira dos Índios/AL registraram entre duas
durante 17 dias, já na estação de Palmeira dos e cinco ocorrências, de modo respectivo.
Índios/AL esse sistema atuou apenas em 2 dias.
Figura 9 - Frequência espacial de atuação dos sistemas: ano Muito Chuvoso (2011).
Quanto à participação das RFF no ano sistema atmosférico produtor de chuva mais
de 2011, só houve registro de suas atuações atuante nesta estação meteorológica. Na
um único dia em Areia/PB, Campina Grande/PB, estação de Santa Cruz/RN não houve registro
Surubim/PE, Caruaru/PE e Garanhuns/PE. Em de participação das RFF no ano em análise.
Palmeira dos Índios, por sua vez, o sistema Assim sendo, tal sistema atmosférico atuou
atuou durante três dias, sendo o segundo com mais frequência na porção sul da região,
RESUMO
ABSTRACT
Todavia, antes de aplicar o modelo ma- Para tanto, algumas séries históricas
temático responsável por este feito, pesquisa- ainda apresentaram falhas devido à estação de
ram-se dados pluviais em outras entidades que apoio também apresentar ausência de dados.
também dispunham deste elemento climático Partiu-se, então, para a aplicação de modelos
– as estações de apoio – com o intuito de utili- matemáticos, isto é, o Método de Ponderação
zar o dado real da mesma para o preenchi- Regional (PR), que consiste na seguinte equa-
mento dos dados faltantes, atentando-se em ção, segundo Bertoni e Tucci (2001, p. 183):
selecionar estações situadas no mesmo muni-
cípio e em condições altimétricas semelhantes.
1 𝑥1 𝑥2 𝑥3
𝑦= + [ 𝑥𝑚1 + 𝑥𝑚2 + 𝑥𝑚3] ∗ 𝑦𝑚 (1)
3
Onde:
y = precipitação do posto Y a ser estimada;
x1, x2, x3 = as medidas correspondentes ao mês (ou ano) que se deseja preencher, observadas em
três estações vizinhas X1, X2, X3;
xm1, xm2, xm3 = as médias mensais ou anuais das três estações vizinhas x1, x2, x3;
ym = precipitação média do posto Y.
(2)
Posteriormente, foi calculado, também, o raio de abrangência dos postos pluviométricos por
meio da fórmula da área do círculo, como aplicado por Corrêa (2013):
𝐴 = 𝜋𝑟 2 (3)
Onde:
A = área da circunferência;
𝜋 = valor aproximadamente 3,1415;
r² = quadrado do raio da circunferência.
Quadro 2 - Estação principal com suas respectivas estações de apoio para o preenchimento de falhas.
Estação Principal/ Código Estações de Apoio/ Código/ Distância entre a estação principal
Fonte: IBGE, 2019; ANA, 2019; USGS, 2020. Organização: Autores, 2021.
(3)
Com isso, constatou-se que do centro aleatória, sob pena de não terem desempenho
do raio à sua extremidade tem-se 13,5 km. A nem produzirem dados consistentes. Logo, ao
área total da circunferência corresponde a 575 propor a instalação de novas estações na rede
km², como consta na Figura 4. Desse modo, ao de monitoramento pluvial da região centro-sul
avaliar os raios de abrangência dos postos de Mato Grosso do Sul, é necessário avaliar
pluviométricos foi possível detectar o déficit de algumas variáveis, como a distribuição espacial
cobertura, o que dificulta a análise e exige a das estações já instaladas e ativas, o alcance e
inserção de métodos que auxiliem na distância destas, a caracterização do relevo, e a
compreensão do regime e da variabilidade das distância de obstáculos, como retratado por
chuvas da área em estudo. Marcuzzo e Melati (2015), e Melati e Marcuzzo
(2015), tendo três dessas informações
Assim, a fim de solucionar esta
expostas neste artigo.
deficiência, sugere-se a instalação e um melhor
direcionamento de novos postos Todavia, quando estas novas
pluviométricos com o objetivo de auxiliar nas instalações se tornam incompatíveis ao
tomadas de decisões para a instalação destas orçamento do estado, ou não são inseridas no
novas estações. A Figura 4 nos apresentou, planejamento dos órgãos gestores, os
também, áreas com a ausência de estações pesquisadores utilizam outras ferramentas a
pluviométricas que utilizam o pluviômetro fim de alcançarem o objetivo do estudo, que,
como medidor, o que facilita o diagnóstico. neste caso, é o de compreender o regime e a
variabilidade das chuvas em uma determinada
Santos et al. (2018, p. 3) descrevem que
área, com a aplicação de métodos e técnicas
tal proposta deve ser efetivada de forma
geoestatísticas.
racional e que não podem ser locadas de forma
AGRADECIMENTOS
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior) pela concessão da
bolsa de doutorado à primeira autora.
SOBRE OS AUTORES
Sobre os autores
Climatologia Geográfica:
conceitos-métodos-experimentos
OBRE OS AUTORES
Aristoteles Teobaldo Neto
http://lattes.cnpq.br/4184492250481590
https://orcid.org/0000-0002-8624-2961
Doutor em Geografia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), Faculdade de
Ciências e Tecnologia (FCT), campus de Presidente Prudente (2019). Bolsista FAPESP (2016 a 2019) com
período sanduíche na Universidade de Coimbra (Portugal, 2018). Mestre e graduado em Geografia
(licenciatura e bacharelado) pela Universidade Federal de Uberlândia/MG (2008). Professor no ensino básico
(2004 a 2010), professor no ensino superior (2008 a 2010) e pós-graduação (2010). Analista em
Geoprocessamento no IBGE desde 2010. Coordenador da pesquisa de pós-enumeração do Censo
Demográfico 2022 (IBGE). Principais áreas de pesquisa e atuação: Geotecnologias, Clima Urbano, Riscos e
Vulnerabilidade Social.
E-mail: aristoteles.neto@ibge.gov.br
Emerson Galvani
http://lattes.cnpq.br/2026434763745090
https://orcid.org/0000-0002-8082-5963
Concluiu o doutorado em Agronomia (Energia na Agricultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho em 2001. Mestre em Agrometeorologia pela ESALQ/USP em 1995. Atualmente é Professor
Doutor da Universidade de São Paulo. Em seu currículo Lattes os termos mais frequentes na contextualização
da produção científica e tecnológica são: microclima, balanço de energia, atributos climáticos, microclima de
ambientes específicos. Bolsista de pesquisa e produtividade do CNPq (1D). Presidente da Associação Brasileira
de Climatologia - ABCLIMA (gestão 2008 - 2010), é coordenador do programa de Pós-Graduação em Geografia
Física - Universidade de São Paulo (2007 a 2011) e representante da área de Geografia junto ao CNPq
(3/7/2020 até o momento).
E-mail: egalvani@usp.br
Erika Collischonn
https://lattes.cnpq.br/9149982511285040
https://orcid.org/0000-0001-7290-9190
Licenciada em Geografia. Mestre em Geografia pela UFSC (1998). Doutora em Geografia pela UFSC (2009).
Realizou pós-doutoramento na UFPR, no curso de Geografia, no ano de 2017/2018. Docente e pesquisadora
dos cursos de Geografia - Licenciatura e Bacharelado - e do Programa de Pós-graduação em Geografia da
Universidade Federal de Pelotas. Parecerista de periódicos científicos nacionais. Integra a equipe de
professores do Laboratório de Estudos Aplicados em Geografia Física - LEAGEF/UFPEL
(http://ich.ufpel.edu.br/leagef/). Possui experiência nas áreas de Climatologia Geográfica, Geotecnologias
aplicadas à Saúde e Segurança Pública e Turismo de Natureza.
E-mail: erika.collischonn@ufpel.edu.br
Fabio Sanches
http://lattes.cnpq.br/8393955035468390
https://orcid.org/0000-0001-5629-8350
Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), é Professor Associado do
Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Bolsista de Produtividade em
Pesquisa 2. Pesquisador do Núcleo de Estudos Climáticos em Territórios Apropriados (Necta-UFJF/UFV).
Membro do quadro permanente do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de
Juiz de Fora. Membro do quadro permanente do programa de Pós-graduação em Ambiente Construído. Faz
pesquisas na área de variabilidade climática, mudanças climáticas, ocorrência de eventos extremos e
influência de lagos artificiais e reservatórios hídricos na climatologia local.
E-mail: fabio.sanches@ufjf.br
Ricardo Brandolt
http://lattes.cnpq.br/0625461332472584
https://orcid.org/0000-0002-2524-9406
Bacharel em Geografia pela Universidade Federal de Pelotas (2017) e mestre em Geografia pela UFPEL (2019).
Ao longo da trajetória acadêmica foi aluno pesquisador no Laboratório de Estudos Aplicados em Geografia
Física na UFPEL em projetos na área do clima urbano e incidência de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
(dengue) e de clima e turismo. Também foi membro do grupo de pesquisa CNPq “Clima e Organização do
Espaço” do Instituto Geológico de São Paulo, quando bolsista de iniciação científica daquela instituição.
E-mail: brandolt.ricardo@gmail.com
Eventos extremos ..... 10, 11, 15, 27, 52, 70, 71, 74, 75, 76, 79,
A 80, 81, 90, 93, 94, 97, 101, 105
excepcionalidade .........................................................54, 167
Agência Nacional de Águas .......................................... 74, 187 expectativa de vida .......................... 15, 18, 22, 23, 24, 27, 28
Alagamento ...... 51, 54, 55, 58, 61, 62, 65, 66, 80, 89, 98, 108
Albedo ............................................................................... 127
Alterações antrópicas .......................................................... 71 F
Amazonas ................................................................ 55, 60, 66
Frente fria ..........................................................................100
Amazônia ................................................................. 56, 58, 61
Amplitude térmica ........................42, 115, 118, 120, 121, 149
Análise rítmica ................................................... 161, 164, 167 G
Análise sinótica .............................................................. 76, 98
Análises Fatoriais ................................................................. 13 Geoestatística ....................................................................194
Anos-padrão ........................................................................ 94 Guia de Práticas Hidrológicas ......................................186, 187
Atlântico Tropical ............................................................... 169
H
B Hazard ..................................................................................11
Balneários .......................................... 155, 157, 159, 160, 161
Box plot ............................................................ 92, 94, 97, 135 I
Brasília ........................................................................... 36, 43
Idosos ............................................... 10, 15, 22, 24, 27, 28, 59
Ilha de calor....35, 38, 111, 112, 115, 117, 118, 120, 121, 123,
C 127
Campo térmico ..... 36, 126, 127, 128, 129, 138, 139, 140, 141 Impactos socioambientais....................................................71
Célula de Hadley .................................................................. 56 Insolação ......................................................................42, 154
Censo Demográfico........................... 10, 12, 13, 15, 30, 78, 79 Instabilidade atmosférica .............................................57, 113
Cerrado ................................................................................ 42 Instituto Nacional de Meteorologia .... 54, 129, 133, 134, 147,
Cidade .... 13, 19, 20, 26, 27, 35, 36, 37, 51, 53, 57, 61, 64, 65, 168, 190
67, 71, 72, 73, 82, 90, 95, 97, 98, 99, 101, 104, 105, 106, Inundação ................................................................ 11, 59, 98
108, 114, 127, 132, 140 Inverno ... 43, 57, 59, 60, 61, 96, 111, 113, 114, 115, 117, 120,
Cidade litorânea ................................................................ 126 121, 124, 133, 135, 137, 141, 149, 150
Clima local ........................................................... 41, 112, 141 Isoietas ....................................................... 170, 171, 172, 173
Climate Change.............................................................. 10, 93
Climatologia Geográfica ...................................................... 185 J
Climatologia regional ........................................................... 71
Cobertura do solo ........................................ 37, 43, 44, 45, 48 Jatos de baixos níveis ...........................................................96
Cobertura vegetal .................................................. 36, 73, 112
Crianças ................................ 10, 15, 18, 22, 25, 27, 28, 53, 59
L
D La Niña ................................................. 60, 149, 161, 169, 170
Lagoas ................................................................................155
Defesa civil ............................................................... 61, 65, 98 Linhas de instabilidade ................................. 98, 105, 175, 181
Desenvolvimento sustentável ........................................ 27, 37 Litoral médio ...................................... 150, 155, 159, 160, 161
Desigualdade social ............................................................. 15 Litoral norte ....................... 149, 150, 155, 156, 159, 160, 161
Dinâmica pluvial ........................................ 184, 187, 195, 196 Litoral sul .................................... 149, 150, 155, 156, 159, 161
Dipolo do Atlântico .................................................... 169, 170
Distrito Federal .......................................33, 35, 36, 41, 42, 44
Dupla Massa....................................................... 186, 191, 196
M
Manaus ... 51, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66
E Mapa hipsométrico ....................................................166, 193
Mares de morros..................................................................95
Edificações .................................. 34, 45, 48, 73, 139, 140, 141 Massa Equatorial Atlântica .........................................174, 181
Educação............................... 11, 14, 15, 27, 28, 30, 61, 70, 78 Massa Tropical Atlântica ...... 76, 92, 95, 96, 98, 101, 126, 149
El Niño ..................................................... 52, 56, 59, 149, 161 Massas de ar ........................ 76, 164, 167, 170, 173, 176, 182
Elementos climáticos ....................51, 147, 151, 185, 187, 195 Miniabrigo meteorológico..................................................131
Enchente ............................................................ 58, 61, 65, 66 Moradia........................................................ 11, 15, 18, 24, 28
Episódios extremos .......................................... 92, 93, 94, 108 Movimentos de massa ......... 11, 71, 77, 84, 89, 105, 106, 108
Escarpa .............................................. 155, 156, 161, 165, 173
Estação meteorológica ...............130, 134, 135, 154, 155, 161
Estações meteorológicas ... 127, 150, 153, 154, 155, 157, 159,
N
165, 168, 169, 170, 173, 176, 178, 179, 181, 185 Nordeste brasileiro .............................................................165
Estatística ............................................13, 17, 24, 25, 135, 136 Normais climatológicas ........................................ 43, 129, 171
O T
Ondas de leste ........................................................... 174, 181 Taubaté .............................................................. 111, 112, 124
Organização Meteorológica Mundial ........... 36, 186, 187, 189 Técnica dos quantis ....................................................168, 169
Técnicas estatísticas ........................... 10, 27, 55, 93, 108, 133
Temperatura . 13, 33, 34, 36, 37, 38, 41, 43, 47, 52, 54, 57, 58,
P 59, 60, 61, 62, 63, 64, 71, 112, 113, 114, 115, 116, 117,
Pacífico Equatorial ............................................................. 169 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 127, 129, 130, 134,
Paisagem................................... 35, 36, 38, 127, 155, 156, 187 137, 138, 140, 141, 152, 153, 154
Percentis ........................................................................ 93, 97 Temperatura da Superfície do Mar ....................................169
Perigosidade .................................................................. 11, 27 Temperatura de Superfície ...................................................37
Petrópolis...... 70, 71, 72, 73, 74, 76, 78, 79, 81, 84, 86, 87, 89 Temperatura do ar ...... 37, 58, 59, 60, 93, 114, 115, 116, 117,
Planalto da Borborema ...................................... 165, 166, 173 119, 120, 121, 122, 134, 140
Planejamento ................. 30, 34, 101, 112, 129, 141, 185, 194 Tensão de vapor .........................................................154, 159
Pobreza ........................................................ 14, 15, 18, 19, 26 Termohigrômetro digital ....................................................130
Ponderação Regional .......................... 185, 188, 189, 191, 196 Tipo Climático Anual ..................................................149, 150
População urbana .............................................................. 112 Tipo de tempo .............................. 94, 150, 154, 157, 159, 161
Postos pluviométricos........................ 170, 189, 193, 194, 195 Tipologias de construção ......................................... 38, 43, 46
Precipitação . 36, 43, 52, 53, 54, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 64, Tipos de tempo ......74, 76, 77, 82, 83, 94, 127, 147, 149, 151,
66, 71, 74, 75, 81, 93, 94, 95, 97, 98, 99, 100, 101, 103, 152, 156, 157, 158, 159, 160, 161, 167, 174
105, 106, 108, 149, 152, 153, 156, 157, 159, 160, 161, Topografia .......................................................................41, 71
164, 165, 167, 168, 170, 173, 174, 176, 179, 181, 185, Transectos móveis .............. 111, 112, 114, 115, 117, 120, 121
186, 188 Turismo de sol e praia ...... 147, 148, 149, 150, 151, 156, 157,
Primavera ................... 43, 59, 60, 96, 126, 135, 136, 137, 139 159, 161
Promoção da saúde ............................................................. 67
U
Q Umidade relativa do ar ..... 33, 47, 52, 54, 61, 62, 63, 66, 112,
Qualidade de vida .................................................. 34, 37, 185 114
Unidades fisiográficas ................................ 186, 187, 192, 193
Urbanização13, 27, 33, 37, 112, 113, 114, 115, 117, 118, 120,
R 121, 124, 129
Radiação solar global ......................................................... 154 Urbano ... 13, 26, 34, 35, 36, 37, 38, 45, 53, 66, 70, 71, 73, 75,
Raio de influência .............................................. 189, 194, 196 90, 93, 105, 106, 108, 116, 127, 129, 137, 141, 185
Regime e variabilidade pluvial .................................... 185, 190 Uso da terra ......................................... 45, 129, 137, 140, 141
Regiões urbanas ................................................. 101, 104, 105 Uso do solo ....................................................................35, 38
Relevo ........... 38, 41, 47, 72, 95, 112, 127, 161, 165, 166, 194
Renda .................. 11, 15, 20, 21, 22, 23, 26, 27, 28, 52, 70, 78 V
Repercussões de Frentes Frias ........................... 167, 175, 181
Velocidade do vento .................................. 135, 137, 152, 153
Verão 43, 56, 59, 60, 61, 82, 96, 111, 113, 114, 120, 121, 124,
S 126, 132, 133, 135, 136, 137, 139, 140, 149, 150, 152,
Saneamento básico.................................14, 15, 18, 24, 27, 28 156, 157, 159
Saúde 14, 15, 23, 30, 34, 37, 48, 51, 52, 53, 55, 58, 59, 61, 64, Vitória ........................................................ 126, 127, 129, 130
65, 66, 67, 141 Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis ............................. 174, 181
Sazonalidade ............................. 42, 51, 52, 54, 58, 60, 61, 149 Vulnerabilidade social ....10, 11, 12, 13, 14, 17, 18, 19, 20, 22,
Segunda residência ............................................................ 149 24, 26, 27, 28, 29, 30, 70, 71, 74, 77, 78, 79, 84, 85, 86,
Setor censitário ................................. 13, 14, 17, 19, 27, 30, 78 88, 89, 105, 106, 108
Sistemas atmosféricos ... 76, 82, 95, 96, 98, 99, 108, 127, 164,
167, 170, 172, 173, 179, 182 Z
Sistemas frontais .................. 56, 95, 96, 98, 99, 101, 108, 149
Situação sinótica ................................................................ 136 Zona de Convergência de Umidade ...............................76, 95
Socioambiental ................... 34, 51, 53, 67, 70, 71, 78, 84, 185 Zona de Convergência do Atlântico Sul . 71, 76, 92, 95, 98, 99,
101, 105, 108
Zona de Convergência Intertropical ..................... 56, 174, 181