Corpo, Coração e Consciência - Terapia Morfoanalítica
Corpo, Coração e Consciência - Terapia Morfoanalítica
Corpo, Coração e Consciência - Terapia Morfoanalítica
REFERNCIA:
Foi a partir da sua formao com Jean Sarkissoff e da prtica cotidiana, que Serge Peyrot
conseguiu elaborar mais a fundo o trabalho de acompanhamento psicopostural e integrar o
trabalho verbal, corporal, emocional e sensorial a fim de dar uma resposta ao paciente como um
todo.
O quadro da terapia morfoanaltica est amparado em trs pilares principais: o corpo real,
o corpo sensorial/vivenciado e o corpo emocional/afetivo.
O corpo real o corpo objetivo, que pode ser medido, pesado, testado, fotografado,
radiografado; o corpo dos msculos, ligamentos, articulaes, ossos e dos rgos essenciais:
pulmes, vsceras, corao, crebro, etc. O trabalho feito principalmente no sistema muscular,
maior responsvel por nossa morfologia e por nossas deformaes posturais, e so empregadas
diferentes tcnicas corporais que permitem a reorganizao da estrutura muscular, articular,
ssea, a dissoluo das somatizaes e a conscientizao do contedo inconsciente das tenses,
dos desequilbrios, das posturas, enfim, dos problemas do corpo real. Um dos instrumentos
usados nesse pilar so as posturas mezieristas de estiramento, aplicadas de maneira suave e
progressiva. Trabalha-se tambm a respirao, com enfoque particular no diafragma, centro das
tenses musculares e emocionais. Outro elemento usado so as massagens: as massagens
envolventes, suaves, superficiais, e as massagens mais profundas, no tecido conjuntivo, onde se
atua diretamente sobre as tenses musculares. Todas as tcnicas usadas tm em comum o
toque: elemento principal da terapia morfoanaltica, parte da comunicao infraverbal que atua de
maneira invisvel. Ser tocado evoca a memria afetiva arcaica. A qualidade emptica e o nvel
profundo dessa comunicao um veculo indispensvel para que a tcnica atue eficazmente em
todos os nveis do ser.
Serge Peyrot cita em uma de suas palestras, apresentada no Boletim
Informativo, nmero 1, da Terapia Morfoanaltica (1999):
... O sentimento profundo de VALOR do qual cada ser humano precisa
para realizar plenamente suas potencialidades criativas e empreender livremente no uma
energia psquica cortada do corpo, desencarnada. Isso passa pelo corpo desde os primeiros
tempos de vida. Quando o beb bem cuidado, bem tocado e recebe os cuidados corporais
adequados, ele se sente um ser de valor....
O corpo vivenciado o corpo sujeito que exerce sua conscincia no instante que sente,
vibra, tem prazer, toca e tocado. no corpo subjetivo que cada um se representa internamente,
embora este no corresponda, necessariamente, ao corpo real. Despertamos o corpo sensorial
com tcnicas de conscincia corporal, trabalhamos as sensaes proprioceptivas (que chegam do
prprio corpo do paciente: a pele, os msculos, os rgos internos, ossos...) e as diversas
percepes corporais de peso, volume, toque (com o cho, com as mos...), assim como as
percepes visuais, auditivas e olfativas.
REFERNCIA:
... O terapeuta dialoga com seu paciente no pela palavra, mas por meio de operaes
concretas, verdadeiros ritos, que atravessam a tela da conscincia, sem encontrar obstculos,
para levar sua mensagem ao inconsciente.
REFERNCIA:
Peyrot,
na
Terapia
Morfoanaltica
denomina
relao
ntima
entre
REFERNCIA:
expresso emocional e soltando a carga energtica contida no sintoma. Tratamos, assim, num s
ato, a origem psquica do sintoma e o transtorno fsico, que a expresso encarnada do
sofrimento global do indivduo. O sintoma faz parte da linguagem do corpo. As tcnicas corporais
que utilizamos so muito eficazes para aliviar e resolver as somatizaes, e nos permitem entrar
em contato e tratar a pessoa por inteiro. O paciente pode ento se sentir contido, aceito e
entendido. Isso favorece a instalao do estado de confiana necessrio para a abertura de uma
relao nutritiva e segura, que ajuda a pessoa a se livrar das velhas posturas psquicas e fsicas
de comportamento.
...A conteno leva o paciente a territrio desconhecido. Oferecendo-lhe um objeto que
fez mais do que se identificar com ele e obteve algum insight sobre aquilo que ele mesmo no
conseguiu conhecer, qual seja seu prprio inconsciente. ...
Quando a dor de ser no encontra palavras para expressar-se, fala por intermdio do
corpo. Quando as palavras se sustentam num corpo que sente, a dor pode ser vivenciada,
compreendida e reparada. O corpo d continncia palavra, a palavra d significado ao corpo.
(Frase de Antonio Alcaide - Terapeuta Morfoanalista Espanhol)
O terapeuta morfoanalista orienta o trabalha segundo as necessidades fsicas e psquicas
do paciente, da intensidade das dores, do estado mais ou menos regressivo, da comunicao
verbal/infraverbal do momento. O morfoanalista est em constante adaptao; um verdadeiro
analista do corpo.
Todas as tcnicas com as quais trabalhamos so suaves, nunca agressivas, favorecendo a
entrega. Todas tm em comum a conscincia do aqui/agora e a aceitao da realidade. So
lugares de vida e encontro por meio do corpo.
Os resultados do tratamento manifestam-se tanto no nvel fsico quanto psquico. No
primeiro, observam-se no paciente um endireitamento da postura e um melhor equilbrio. As
transformaes morfolgicas so as hiperlordose, hipercifose, encurtamento, joelhos deformados,
ps planos, etc. A bacia, os membros e a coluna vertebral realinham-se nos eixos fisiolgicos
vitais. Paralelamente, o paciente recupera sua elasticidade muscular e mobilidade articular. s
vezes, perde o peso suprfluo ou engorda. A respirao faz-se mais ampla e livre, eleva-se o
tnus energtico e a capacidade de resistncia ao esforo. O corpo torna-se mais vibrante,
sensvel e aumenta a capacidade de sentir prazer.
No nvel psquico, os efeitos so to variados, complexos e profundos que difcil resumilos em poucas palavras. Desde o princpio, os pacientes adquirem capacidade de reflexo e
compreenso da prpria vida e das relaes humanas e aumenta a capacidade de pensar e sair
da confuso e do tumulto das emoes catastrficas. O paciente consegue seguir seu prprio
ritmo (individuao), sentir e escutar as suas necessidades, e, muitas vezes, comentam que, se
sentem mais espontneos mais soltos e independentes. O morfoanalista refora o eu do
REFERNCIA:
paciente, valorizando seu potencial, o que o ajuda a confiar em si mesmo e arriscar e empreender.
Em definitivo, o paciente tem menos medo de viver, de ter emoes e de express-las,
descobrindo uma nova capacidade de amar e ser amado.
A formao do terapeuta morfoanalista permite-lhe tratar muitos tipos de paciente,
independentemente da via fsica ou psquica pela qual se manifesta o sofrimento.
O terapeuta morfoanalista pratica a neutralidade ativa, envolve-se como pessoa com
suas qualidades humanas e com o seu prprio corpo. O trabalho torna-se analtico uma vez que
ele no induz, no decide a priori, mas respeita o ritmo do paciente. capaz de acolher,
interpretar e acompanhar toda reao ou processo corporal, emocional, verbal, infraverbal, ps,
pr ou perinatal. Guia seu trabalho pela anlise constante da relao transferencial e
contratransferencial e das manifestaes do inconsciente: corporais, emocionais, energticas,
sensuais ou socioculturais.
Pouco a pouco, as velhas estruturas psicomusculares de comportamento, decodificadas,
apagam-se, dando lugar espontaneidade e energia harmoniosa reencontradas. um caminho
de transformao morfolgica, que conduz unidade fsica e psquica, permitindo encontrar a
relao justa consigo mesmo, com os outros, com seu prprio corpo e com seu meio ambiente na
unidade do ser no aqui e agora.
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REFERNCIAS
ALBUQUERQUE, Laura Cristina de - Manos que Ablan y Palavras que Tocam Primeras
Jornadas Internacionales de Terapia Morfoanaltica Espanha Imprenta El Vaixell 1999
Boletim Morfoanaltico Boletim dos Terapeutas Morfoanalistas do Brasil Nmero 01
agosto/1999
CAPER, Robert - Conferncia Uma Teoria Sobre o Continente Boletim Morfoanaltico
Nmero 06 junho / 2002
MELO, F. J. - O Ser e o Viver Uma viso da Obra de Winnicott - Porto Alegre - Ed. Artes
Mdicas, 1989
MONTAGU, A. - Tocar - o Significado Humano da Pele. So Paulo Ed. Summus, 1988
PEYROT, Serge - La Funcin Integradora de la Experiencia Mano Vientre en Pacientes con
Tendencia Autista Primeras Jornadas Internacionales de Terapia Morfoanaltica Espanha
Imprenta El Vaixell 1999
SARKISSOF, J. - En Busca de La Sonrisa Perdida Bilbao - Espanha - Artes Grficas Elkar,
2002
SAMISARKISSOF, J. - Cuerpo y Psicanlisis. Bilbao - Espanha - Grafo S.A., 1996
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