Parasitologia - Helmintos
Parasitologia - Helmintos
Parasitologia - Helmintos
1. Nematoda
So vermes com simetria bilateral, trs folhetos germinativos, sem
segmentao verdadeira, cilndricos, alongados; desprovidos de clulas em
flama; cavidade geral sem revestimento epitelial; tamanho varivel; tubo
digestivo completo; sexos, em geral, separados; corpo revestido por cutcula
acelular, que pode apresentar formaes como espinhos, cordes.
1.1.
Ascaris lumbricoides
Ciclo biolgico: do tipo monoxnico. Os ovos chegam ao ambiente
juntamente com as fezes. A primeira larva (L1) formada dentro do ovo do
tipo rabditide, isto , possui esfago com duas dilataes, uma em cada
extremidade e uma constrio no meio. Aps uma semana, ainda dentro do
ovo, essa larva sofre muda transformando-se em L2, e, em seguida, nova
muda transformando-se em L3 infectante com esfago tipicamente filariide
(esfago retilneo). Essa forma permanece infectante no solo por vrios
meses podendo ser ingerida pelo hospedeiro. Aps a ingesto, os ovos
contendo a L3 atravessam todo o trato digestivo e as larvas eclodem
(graas a fatores ou estmulos fornecidos pelo prprio hospedeiro, como
presena de agentes redutores, pH, temperatura, sais e CO2) no intestino
delgado. As larvas, uma vez liberadas, atravessam a parede intestinal na
altura do ceco, caem nos vasos linfticos e nas veias e invadem o fgado.
Em seguida, chegam ao corao direito, indo para os pulmes. Cerca de oito
dias da infeco, as larvas sofrem muda para L4, rompem os capilares e
caem nos alvolos, onde mudam para L5. Sobem pela rvore brnquica e
traqueia, chegando at a faringe. So deglutidas, fixando-se no intestino
delgado, onde vo se transformar em vermes adultos, alcanando a
maturao sexual e liberando ovos.
Transmisso: Ocorre atravs da ingesto de gua ou alimentos
contaminados com ovos contendo L3.
Patogenia:
- Larvas
No fgado, quando so encontradas numerosas formas larvares
migrando pelo parnquima, podem ser vistos pequenos focos hemorrgicos
e de necrose que futuramente tornam-se fibrosados. Nos pulmes ocorrem
vrios pontos hemorrgicos na passagem das larvas para os alvolos, o que,
dependendo do nmero de larvas, pode determinar um quadro pneumnico,
com febre, tosse, dispneia e eosinofilia. H edemaciao dos alvolos com
infiltrado parenquimatoso eosinofilico, manifestaes alrgicas, febre,
bronquite e pneumonia (a este conjunto de sinais denomina-se sndrome de
Leffler). Na tosse produtiva o catarro pode ser sanguinolento e apresentar
larvas de helmintos.
- Vermes adultos
Os vermes consomem grande quantidade de protenas, carboidratos,
lipdios e vitaminas A e C, levando o paciente subnutrio e
depauperamento fsico e mental. Alm disso, podem desencadear uma ao
txica, consequncia da reao entre antgenos parasitrios e anticorpos
(edema, urticria e convulses epileptiformes). H casos de obstruo
intestinal por enovelamento do verme na luz intestinal. Nos casos de
pacientes com altas cargas parasitrias ou ainda em que o verme sofra
alguma ao irritativa, a exemplo de febre e uso de medicamento, o
helminto desloca-se de seu habitat normal atingindo locais no habituais.
Diagnstico
Laboratorial:
Mtodo
de
Hoffman
(sedimentao
espontnea), pesquisando ovos do Ascaris nas fezes. O mtodo de KatoKatz recomentado para inquritos epidemiolgicos, quantificando os ovos
e consequentemente estimando o grau de parasitismo dos portadores.
Tratamento: Albendazol (atua de duas maneiras: atravs da ligao
seletiva nas tubulinas inibindo a tubulina-polimerase, prevenindo a
formao de microtubos e impedindo a diviso celular; e, ainda, impedindo
a captao de glicose inibindo a formao de ATP que usado como fonte
de energia pelo verme) e Mebendazol (apresenta mesmo mecanismo de
ao do albendazol).
1.2.
Ancylostomidae
Apenas trs espcies so agentes etiolgicos das ancilostomoses
humanas: Ancylostoma duodenale, Necator americanus e Ancylostoma
ceylanicum. As duas primeiras espcies so os principais ancilostomdeos
de humanos.
Distribuio geogrfica: A. duodenale, considerado como ancilostoma do
Velho Mundo, predominante em regies temperadas, embora ocorra
tambm em regies tropicais, onde o clima mais temperado. O N.
americanus, conhecido como ancilostoma do Novo Mundo, ocorre em
regies tropicais, onde predominam altas temperaturas.
Morfologia: O A. duodenale apresenta dentes na margem da boca. O N.
americanus possui lminas cortantes circundando a margem da boca.
Ciclo biolgico: Os ovos dos ancilostomdeos depositados pelas fmeas,
no intestino delgado do hospedeiro, so eliminados para o meio exterior
atravs das fezes. No meio exterior, procede-se a embrionia, formando a
larva de primeiro estgio (L1). No ambiente, a L1 recm-eclodida, apresenta
movimentos serpentiformes e se alimenta de matria orgnica e
microrganismos, perde sua cutcula externa, aps ganhar uma nova,
transformando-se em L2. Subsequentemente, a L2 comea a produzir nova
cutcula, internamente, passando a se chamar L3. A L3, por apresentar uma
cutcula externa que oblitera a cavidade bucal, no se alimenta, mas tem
movimentos vermiformes que facilitam sua locomoo. A L3 pode penetrar
na pele humana, alcanando a circulao sangunea e/ou linftica, atingindo
o corao, e, indo pelas artrias pulmonares, para os pulmes. Atingindo os
lveos, as larvas migram para os brnquios, em seguida para a traqueia,
faringe e laringe quando, ento, so ingeridas, alcanando o intestino
delgado. Durante a migrao pelos pulmes h transformao em L4, que
mais tarde, vira L5 (no intestino delgado). Ao chegar ao intestino delgado,
aps oito dias da infeco, a larva comea a exercer parasitismo
hematfago, fixando a cpsula bucal na mucosa do duodeno. Quando a
penetrao de L3 por via oral, elas perdem a cutcula externa no
estmago e migram para o duodeno.
Transmisso: Ingesto de alimentos ou gua contaminados com larvas L3
ou penetrao ativa de L3 pela pele, conjuntiva e mucosas.
Patogenia:
Fase invasiva Comea com a penetrao das larvas na pele,
provocando leses traumticas mnimas, geralmente imperceptveis,
podendo surgir erupes eritematopapulosas.
Fase de migrao pulmonar As larvas rompem os capilares,
provocando leses microscpicas com pequenas hemorragias at atingirem
os alvolos. Sndrome de Leffler (tosse seca, dispneia, rouquido,
esqueltica e
tecido celular subcutneo, menos comuns nos globos
oculares e ainda em nervos perifricos, lngua, trompas de Falpio, corao,
pulmes, pleura, peritnio e rbita ocular. O homem, por sua vez adquire
cisticercose quando passa a ser hospedeiro intermedirio atravs da ingesta
de gua e verduras contaminadas com ovos ou proglotes. Outras formas
ocorrem por autoinfestao interna (antiperistalse, levando proglotes
gravdicas ou ovos ao estmago) ou externa (fecal-oral prpria).
Morfologia: Os cisticercos so vesculas arredondadas de tamanho
varivel, repletas de lquido, constitudas por uma camada externa,
denominada membrana vesicular, e uma poro interna, chamada esclex.
A membrana vesicular composta por uma camada cuticular externa, uma
camada celular mdia com estrutura pseudoepitelial e uma camada interna
composta por fibras musculares e reticulares. O esclex apresenta uma
estrutura semelhante da Taenia solium, ou seja, uma cabea composta por
quatro ventosas e uma coroa de ganchos, um colo estreito e um corpo
rudimentar que inclui o canal espiral.
Estgios do cisticerco: Vesicular (membrana vesicular delgada e
transparente, lquido vesicular incolor e hialino e esclex normal; pode
permanecer ativo por tempo indeterminado ou iniciar processo
degenerativo a partir da resposta imune), coloidal (lquido vesicular turvo e
esclex em degenerao alcalina), granular (membrana espessa, gel
vesicular com deposio de clcio e o esclex uma estrutura mineralizada
de aspecto granular) e granular calcificado (calcificado e de tamanho
bastante reduzido).
Quadro Clnico: No se mostra como uma doena nica. As
manifestaes dependem de fatores, como nmero, tamanho e localizao
dos cisticercos; estgio de desenvolvimento, viveis, em degenerao ou
calcificados (sequelas de cistos destrudos pelo hospedeiro); resposta
imunologia do hospedeiro aos antgenos do parasito.
A cisticercose muscular ou subcutnea apresenta-se, em geral,
assintomtica. Os cisticercos apresentam reao local, formando membrana
adventcia fibrosa. Com a morte do parasito h tendncia calcificao.
Quando numerosos cisticercos instalam-se em msculos esquelticos,
podem provocar dor, fadiga e cibras (que estejam calcificados ou no). No
subcutneo, o cisticerco palpvel, sendo, algumas vezes, confundidos com
cistos sebceos. A cisticercose cardaca resulta em palpitaes e rudos
anormais ou dispneia quando os cisticercos esto nas valvas. A cisticercose
mamria apresenta-se sob a forma de ndulo indolor com limites precisos,
mvel, ou ainda como uma tumorao associada a processos inflamatrios
provavelmente devido ao estgio degenerativo da larva. O cisticerco atinge
o globo ocular, instalando-se na retina, levando a seu deslocamento,
perfurao ou descolamento. As consequncias so: reaes inflamatrias
exsudativas que promovero opacificao do humor vtreo, sinquias
posteriores da ris, uvetes ou at pantoftalmias, levando a perda parcial ou
total da viso.
Neurocisticercose: Ocorre por trs processos: presena de cisticerco no
parnquima cerebral ou nos espaos liquricos; pelo processo inflamatrio
decorrente; ou pela formao de fibrose, granulomas e calcificaes. Atinge
principalmente o crtex e leptomeninge. Os cisticercos parenquimatosos
podem ser responsveis por processos compressivos, irritativos, vasculares
e obstrutivos; os instalados nos ventrculos podem causar a obstruo do
fluxo lquido cefalorraquidiano, hipertenso intracraniana e hidrocefalia e,
finalmente, as calcificaes, que correspondem forma cicatricial da
neurocisticercose e esto associadas epileptognese. As manifestaes