O Balanceio de Lauro Maria - Nirez PDF
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M. A. Azevedo (Nirez)
O BALANCEIO DE
LAURO MAIA
2005
CARTO DE VISITA
A obra de Lauro Maia o resultado como no poderia deixar de ser do ambiente musical da
poca aliado ao seu talento tanto musical como verstil entre o popular, o popularesco e o clssico (no
erudito).
A msica popular brasileira foi e ainda o reflexo do centro das artes concentrado no Rio de
Janeiro e em So Paulo: o primeiro com sua msica romntica, o samba jocoso e a marcha
carnavalesca; o segundo com sua mazurca, rancheira, valsa e cano com sabor de imigrao.
Essas influncias aliadas s locais como o folclore, o rural nordestino e ainda a presena
jazzstica existente em grande maioria de nossos msicos, deram obra de Lauro Maia um sabor todo
especial. As influncias so naturais e at benficas desde que no cheguem a descaracterizar o
regional.
Lauro iniciou sua carreira artstica ao final da dcada de 30, quando pontificavam nacionalmente
nomes como Pixinguinha, Benedito Lacerda, Ary Barroso, Lamartine Babo, Joo de Barro, Haroldo
Lobo, Custdio Mesquita, J. Cascata, Ataulfo Alves, Jos Maria de Abreu, Assis Valente, Silvino
Neto, Dorival Caymmi, Lus Bitencourt e Leonel Azevedo, para citar apenas os mais cotados.
Os instrumentistas eram Luiz Americano, Dante Santoro, Abel Ferreira, Fon-Fon, Garoto,
Luperce Miranda, Carolina Cardoso de Menezes, Laurindo de Almeida e os j citados Pixinguinha,
Benedito Lacerda e Custdio Mesquita.
Aliando suas experincias urbanas com ritmos da terra, Lauro criou, ainda em Fortaleza, valsas,
sambas e marchas com caractersticas nossas, alm de peas com ritmos e sabor nativos. Ao mudar-se
para a ento capital federal, Rio de Janeiro, passou a produzir, como exigia a poca, msicas de sabor
carioca, embora preferisse quase sempre os intrpretes cearenses por estes serem mais identificados
com suas composies.
Embora gostasse de exercitar o jazz quando executava, Lauro Maia nunca deixou transparecer
em suas produes essa influncia, a no ser em uma nica composio, o fox Gosto Mais do Swin (A
Csar O Que De Csar) que, como o prprio ttulo sugere, foi proposital.
Aps conseguir as primeiras gravaes de suas msicas e estas obterem sucesso em todo o pas,
preocupou-se em difundir os ritmos sertanejos do nordeste, ao mesmo tempo em que compunha valsas
com o sabor da poca para cantores como Orlando Silva; sambas e marchas para os carnavais e
tambm os chamados sambas de meio de ano, obtendo aceitao em todas as camadas sociais.
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Lauro poderia ter sido o lanador do ritmo baio, pois foi procurado por Luiz Gonzaga para
juntos fazerem o lanamento, mas preferiu encaminhar o sanfoneiro pernambucano a seu cunhado
Humberto Teixeira, que teve a felicidade de, junto com Gonzaga, alcanar o mais estrondoso sucesso
da poca, que foi aquele ritmo, obtendo repercusso no s no Brasil mas tambm em todo o mundo.
Como executante - ele era pianista - infelizmente, Lauro Maia deixou registrados somente alguns
acetatos gravados na antiga PRE-9 (Cear Rdio Clube) e mesmo assim muitas de suas gravaes se
perderam com o tempo e o descaso.
Lauro Maia foi, portanto, um compositor verstil, ecltico, que no se prendeu ao radicalismo
dos ritmos nativos nem se entregou aos apelos externos. Fez a fuso do carioca com o cearense, do
romntico com o jocoso, do clssico com o banal, produzindo peas da mais legtima Msica Popular
Brasileira. Msica, porque ele era um catedrtico em teoria e em sensibilidade; Popular, porque atingia
a massa; e Brasileira porque sabia fazer cheirar terra tudo o que produzia.
PALMINHA DE GUIN
Lauro Maia nasceu em 1913, ano de transio na vida poltica cearense, com derrubada de
governantes (1912 e 1914) e o surgimento de muitas inovaes, como veremos a seguir.
Era presidente da Repblica o marechal Hermes da Fonseca, que esteve no cargo de 15 de
novembro de 1910 a 15 de novembro de 1914. O ento presidente (governador) do Cear, coronel
Marcos Franco Rabelo, em 1912 liderara um movimento que deps a oligarquia comandada pelo
comendador Antnio Pinto Nogueira Accioly. Eleito, assumiu o governo no mesmo ano mas foi
deposto em 1914 pelo movimento conhecido como Sedio do Juazeiro, que tinha frente a figura do
caudilho baiano Floro Bartolomeu e que contava com o apoio do padre Ccero Romo Batista. O
prefeito de Fortaleza (na poca, intendente) era Ildefonso Albano, nomeado pelo presidente estadual.
Em Fortaleza eram pavimentadas apenas as ruas que ficavam no centro da cidade e, assim
mesmo, com calamento de pedras toscas apiloadas. No havia ainda o meio-fio (fio-de-pedra) e nos
bairros as caladas eram irregulares, tanto na altura como na largura, sendo na maioria bastante altas,
precisando-se de vrios batentes para o acesso s casas. No havia luz eltrica e as ruas eram
iluminadas a gs carbnico, com combustores acesos diariamente por um vulto que se tornou popular,
o acendedor de lampies. O gasmetro, fonte que alimentava de gs os combustores, ficava ao lado da
Santa Casa da Misericrdia, prximo ao Passeio Pblico e pertencia Cear Gaz Company Limited. O
endereo era Rua Formosa, n 50.
1912 foi o ano da chegada a Fortaleza do primeiro automvel. Os bondes de trao animal da
Companhia Carril iam sendo substitudos gradativamente pelos eltricos alimentados pela usina da The
Cear Tramway Light & Power Co. Ltd., que ficava prxima ao Passeio Pblico, para o lado da praia.
O servio de abastecimento dgua de Fortaleza tambm se iniciou em 1912 com a construo das
caixas dgua na praa Visconde de Pelotas (hoje Clvis Bevilqua) e o assentamento dos canos na
cidade.
As principais firmas de Fortaleza poca eram Torre Eiffel (loja de modas), Photografia N.
Olsen, Hotel de France, Tabacaria Hildebrando, Padaria Emlio S, Casa Albano, Fbrica Modelo,
Casa Bordallo, Fbrica de Fiao Santa Eliza, Casa Menescal, Fbrica Vitria, Casa Ribeiro, Fbrica
Proena, Pharmacia Pasteur, Bris Frres, Pharmacia Normal, Casa Conrado Cabral, Estrella do
Oriente, Pharmacia Theophilo, Pharmacia Galeno, Fbrica Progresso, Pharmacia Albano, Banco do
Cear, Empresa Constructora Predial Norte do Brazil, lvaro de Castro Correia, Benjamin Franklin, A.
Guedes & Cia., H. Barroso & Cia., Cia. Montenegro & Filhos e outras menores. Era a poca do cinema
mudo onde pontificavam astros como Tom Mix, Theda Bara, Max Under, Sussue Mayakawa, Harold
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Lloyd muitos outros nas casas exibidoras Amerikankinema, Cinema Rio Branco e Di Maio,
pertencente a Victor Di Maio.
Na poca a cidade se entregava ardorosamente aos folguedos e s festas religiosas. Em dezembro
j se iniciavam os cantos nas portas das casas em homenagem ao Dia de Reis, sendo feriado o dia 6 de
janeiro. Fevereiro era o ms em cujo dia dois, ao anoitecer, em todas as ruas da cidade se viam
carreiras de lanternas de fabricao caseira - feitas de taliscas de madeira e cobertas de papel de seda
colorido, com uma vela dentro, acesa - uma em cada casa, em homenagem Nossa Senhora das
Candeias. Era tambm o ms do carnaval dos papangus, que no ano do nascimento de Lauro Maia caiu
nos dias 2, 3 e 4 de fevereiro (s vezes caia em maro). Como Lauro s veio ao mundo no final do ano,
o primeiro carnaval que o encontrou j nascido foi o de 1914, nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro.
Depois vinham a Semana Santa, com as proibies, os santos cobertos com tecidos roxos, a
procisso com a matraca e, aps o rompimento da Aleluia, o Dia de Judas, com a queima do boneco de
pano exposto pendurado em uma forca, no centro de um belo stio feito de rvores arrancadas que iam
pouco a pouco emurchecendo. O Judas s era queimado aps a leitura do testamento em versos, que
era aproveitado para satirizar as pessoas da redondeza.
O dia primeiro de abril, dia da mentira, era animado, principalmente na Praa do Ferreira onde
havia uma rvore famosa, o cajueiro da mentira, sob o qual eram contadas as mais fantasiosas
aventuras. Depois vinham as festas juninas que se iniciavam com o dia consagrado a Santo Antnio,
com as adivinhaes pelas moas casamenteiras, como a faca enfiada na bananeira, formando a letra
inicial do nome de seu eleito, a bacia dgua para refletir o rosto de quem estaria vivo na prxima festa,
etc., seguida da festa de So Joo - a mais animada - e So Pedro, todas com grandes fogueiras onde,
ao seu redor, eram realizadas diversas brincadeiras, saindo dali afilhados, madrinhas e padrinhos e
onde muitos fogos eram usados, desde os de exploso at os ornamentais.
Durante todo o ano existiam dramas caseiros de fundo de quintal que serviam de escola para
muitos futuros atores. Havia tambm pequenos circos, pobres, geralmente de propriedade de palhaos,
onde tambm era cultuada a arte de representar com peas tradicionais. Haviam as quermesses cujas
rendas iam para as parquias, com divertimentos e jogos alm dos famosos partidos encarnado e azul,
cada um querendo eleger sua rainha. As festas ou bailes eram feitos em casas de famlia da alta classe
ou da mais humilde. Era comum o uso de orquestras, j que no havia ainda o rdio nem as radiolas ou
eletrolas. Algumas casas se davam ao luxo de promover festas ao som de gramofones. O mais
interessante, porm, nas festas da poca, consistia no uso dos carns de baile, cadernetas dotadas de
pequenos lpis com o roteiro musical a ser executado, onde os vares anotavam os nomes das damas
com quem haviam danado os nmeros musicais.
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O pai de Lauro Maia, Antnio Borges Teles de Menezes, odontlogo, era filho de Drio Teles de
Menezes e Emlia Borges de Menezes, a qual se chamaria, depois de enviuvar e casar em segundas
npcias, Emlia Borges do Amaral. Seu segundo esposo foi o comerciante e abolicionista Jos Correia
do Amaral. Ela era filha de Antnio de Oliveira Borges e Francisca Rosa de Castro.
Lauro Maia tinha duas irms: Carmen Maia Teles e Maria La Maia Teles, ambas falecidas na
casa do antigo Boulevard Visconde de Cauype, hoje Avenida da Universidade, n 1966, no mesmo
local onde nasceu Lauro Maia.
Antes de ir para o Rio de Janeiro, Lauro Maia casou-se com Djanira Teixeira, irm do
compositor Humberto Teixeira, a quem ele no conhecia pessoalmente e que depois seria seu amigo e
parceiro. Lauro e Djanira tiveram dois filhos, nascidos ainda em Fortaleza: Eva Maria Teixeira Maia,
em 10 de julho de 1942, e Lauro Maia Filho, em 12 de dezembro de 1943.
Eva Maria casou-se com Lus Carlos da Silveira Miranda, mudando o nome para Eva Maria
Maia Miranda e foi morar em Toronto, Canad. Eva teve dois filhos: Alexandre Maia Miranda (1967)
e Ricardo Maia Miranda (1971). Hoje ela divorciada e reside em Houston, Texas, nos Estados
Unidos.
Lauro Maia Filho casado com Vilma Maia e mora na cidade natal da esposa, Londrina, Paran.
O casal teve dois filhos: Tatiana Maia e Lauro Maia Teles Neto, nascidos em 1977 e 1979,
respectivamente.
PROVA DE FOGO
Aps os exames finais do Liceu do Cear em 1932, quando logrou aprovao, Lauro Maia
requereu a inscrio na lista de candidatos ao vestibular da Faculdade de Direito do Cear no dia 13 de
fevereiro de 1933 e, no dia 23, prestava os exames, recebendo mdia final quatro. Logo no dia seguinte
dava entrada com o seguinte requerimento: Ilmo. Sr. Dr. Diretor da Faculdade de Direito do Cear /
Lauro Maia Teles, filho legtimo de Laura Maia Teles, com 20 anos de idade, natural de Fortaleza,
Estado do Cear, tendo sido aprovado no exame vestibular a que se submeteu nesta Faculdade, na
presente poca, vem mui respeitosamente requerer a sua matrcula no 1 ano desta Faculdade./ O
requerente junta os documentos exigidos por lei./ N. Termos / Pede Deferimento./ Fortaleza, 24 de
fevereiro de 1933 / Lauro Maia Teles. Data e assinatura por sobre duas estampilhas, uma de
expediente (2.000 ris) e outra de educao e sade (200 ris).
O documento traz dois despachos, ambos com a mesma data: Lavrou-se o termo... assinado por
Ubirajara ndio do Cear e Como requer... com assinatura de Menezes Pimentel.
O primeiro ano da Faculdade, para Lauro Maia, transcorreu sem dificuldades, tanto que, no seu
requerimento para inscrio no segundo ano, alega ...ter obtido mdia seis em todas as cadeiras... O
segundo ano j no foi to fcil mas ele foi aprovado em todas as matrias e, em 1935, cursava o 3
ano, onde foi to bem sucedido quanto no 1 ano pois, em requerimento datado de 28 de novembro
daquele ano, solicitava aprovao independente dos exames orais por ter obtido mdia superior a seis,
baseando-se em lei que lhe dava este direito. Deferido o pedido, Lauro passou para o 4 ano, tendo
efetuado matrcula no dia 16 de novembro de 1936.
No 4 ano, Lauro Maia conseguiu aprovao nas cadeiras de Direito Comercial e Direito
Judicirio Civil mas no atingiu a mdia, exigida pela Lei 9-A, de 12 de dezembro de 1934, em Direito
Civil e Medicina Legal, nas provas parciais de junho e setembro. Por isto requereu sua matrcula
condicional nas disciplinas que constituam o 5 ano do Curso de Bacharelado, ficando a dever as
matrias citadas que seriam feitas em segunda poca, de acordo com o telegrama n 48, de 12 de
janeiro de 1937, endereado ao diretor da Faculdade de Direito pelo Sr. Antnio Leal da Costa, que
respondia pelo expediente da Inspetoria Geral de Ensino Superior. Aprovado em uma das duas
matrias, o pedido de inscrio definitiva estava solicitado no mesmo requerimento datado de 25 de
fevereiro de 1937, sendo deferido pelo diretror interino Raimundo Gomes de Matos.
Quando cursava o 5 ano, Lauro Maia fez a prova de Direito Civil, que foi extraviada. Como seu
nome constava da lista de chamada, requereu a opinio do Conselho Tcnico, declarando que se
preciso for, no se negar a fazer uma outra prova. Desta vez seu pedido foi indeferido em 16 de
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novembro de 1937 por Raimundo Gomes de Matos. No mesmo ms, no dia 30, aprovado na cadeira
de Direito Civil ainda do 4 ano e requer inscrio na mesma cadeira referente ao 5 ano, em 2 poca,
inscrio feita em 25 de fevereiro de 1938. Seu processo na Faculdade de Direito termina a. Ao que
parece Lauro n!o compareceu prova e, escrito mo e a lpis no requerimento indeferido j citado,
est a palavra desistiu.
Com Lauro Maia estudaram, na Turma de 1937, Cndido Couto, Paulo Elpdio de Menezes
Filho, Waldemar Ramos Leal, Waldir de Figueiredo Gonalves, Joo da Rocha Moreira, Jos Colombo
de Sousa, Walter Cabral, Edson Carvalho Lima, Licurgo Ferreira Nunes, Pedro Pinheiro Melo,
Francisco Olavo de Sousa, Joo de Alencar Melo, Flvio Portela Marclio, dison Augusto Castelo
BenevidesRaimundo Ernani de Castro e Silva, Marcos Botelho, Murilo Mota, Francisco (Fran)
Martins, Cludio Martins, Joo Hiplito Campos de Oliveira, Jos Maria Campos de Oliveira,
Everardo Correia Bezerra, Hilrio Gaspar de Oliveira, Vicente da Mota Neto, Adroaldo Batista de
Arajo, Francisco Autran Nunes, Joaquim Juarez Furtado, Raimundo Oliveira Borges (orador), Benoit
Cavalcante Bittencourt, Lus Nodge Nogueira, Jos Cardoso de Alencar, Elmar Brgido e Silva, Walter
S Cavalcante, Jos Cndido Cavalcante da Nbrega, Raul Barbosa Carneiro, Hugo Frota de
Magalhes Porto, Oton Silva Sobral, Vicente Francisco de Sousa, Manuel Gomes Sales, Wilson
Gonalves, Ewerton Dantas Cortez, Amrico Barreira, Zacarias do Amaral Vieira, Lauro Maciel
Severiano, Lauro Pinto de Mesquita, Valfrido Teixeira Chagas e Jos do Nascimento. O paraninfo da
Turma de 1937 foi o Dr. Manoel Belm de Figueiredo, professor de Direito Comercial, Industrial e
Judicirio Civil.
A Faculdade de Direito do Cear poca da turma de Lauro Maia (1933-1937) funcionava no
prdio da Assemblia Legislativa, no andar trreo, com entrada pela Rua Coronel (hoje General)
Bizerril, de frente para a Praa General Tibrcio. O Diretor era o Dr. Francisco de Menezes Pimentel
que, ao assumir o Governo do Estado, foi substitudo pelo Dr. Raimundo Gomes de Matos. O
secretrio era o Dr. Heitor Correia. Faziam parte do corpo docente o Dr. Jos Martins Rodrigues
(Direito Civil), Benedito (Beni) Augusto Carvalho dos Santos (Introduo Cincia do Direito), e
Manuel Antnio de Andrade Furtado (Economia Poltica), alm dos anteriormente citados. Vale a pena
lembrar que a Assemblia Legislativa, situada nos altos do prdio ocupado pela Faculdade de Direito,
s funcionaria, ao tempo da Turma de 1937, nos anos de 1935 a 1937, j que com a Revoluo de 1930
tinha sido dissolvida, acontecendo o mesmo com o advento do Estado Novo de Getlio Vargas, em
novembro de 1937.
Para a festa de colao de grau da Turma de 1937, realizada no prdio da Escola Normal, Lauro
Maia comps a Valsa do Ruby, a qual no ouviu ser executada por encontrar-se ausente. A turma da
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qual fez parte Lauro Maia foi a ltima a se formar no prdio da Assemblia, j que no incio de 1938,
no dia 12 de maro, foi inaugurado o atual prdio da Faculdade de Direito do Cear, na Praa Clvis
Bevilcqua, ento Praa da Bandeira.
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SAMBA DE ROA
Muito cedo Lauro Maia iniciou os estudos musicais pois tinha em casa uma das melhores
professoras da capital, sua me Laura Maia Teles, de quem herdou no apenas o nome mas tambm o
talento musical que iria mais tarde revelar a todo o pas. O incio do aprendizado de teoria musical se
deu aos dez anos de idade contra a sua vontade e, por isso mesmo, a me desistiu de ensin-lo,
entregando a tarefa professora Elvira Pinho, com quem Lauro estudou algum tempo, passando depois
a ser aluno de Dona Chiquita Menezes. Lauro Maia s voltaria a estudar com Dona Laura quando o
interesse pela msica j era bem acentuado. Nesse perodo freqentava o Colgio Cearense e, ao sair
das aulas, passava no Cine Majestic, onde tocava ao piano algumas msicas de sua me e de outros
compositores.
Um dia o pianista oficial da orquestra daquela casa exibidora adoeceu e o violinista Antnio
Mouta, diretor da orquestra, convidou Lauro para substitu-lo. Lauro Maia ainda vestia calas curtas
pois quela poca os meninos s usavam calas compridas aps completarem 16 anos.
Lauro foi pianista da orquestra do maestro Antnio Moreira (Moreirinha), da orquestra do
maestro Euclides Silva Novo e do Cear Jazz. Por algum tempo tocou na sala de espera do Grmio
Dramtico Familiar, dirigido por Carlos Cmara e situado no Boulevard Visconde do Rio Branco, n
902.
Em 1936, Lauro Maia reuniu alguns rapazes do Liceu do Cear, onde estudara, e formou uma
pequena orquestra juntamente com Paulo Pamplona, Tarciso Aderaldo, Rui e Rubens Brito e Ivan
Moreira do Egito. O Liceu ficava na Rua do Rosrio, na Praa dos Voluntrios, local hoje ocupado
pela Secretaria de Segurana Pblica. Era um prdio trreo, de cor verde escuro, com as armas da
Repblica no alto, tendo sido antes a sede da Polcia Militar do Cear. Como o prdio atual, aquele
tambm possua duas frentes, uma para a Rua do Rosrio e outra para a ento Avenida Sena
Madureira.
De acordo com depoimentos de parentes, Lauro Maia era menino dcil e obediente, alm de
revelar muita inteligncia. O pai, Antnio Borges Teles de Menezes, morreu quando Lauro era ainda
muito novo, cabendo a Dona Laura o papel de pai e de me. Apesar de dcil e obediente, Lauro Maia
relutava em algumas coisas. Quando fardado s usava sapatos fanabor (de pano, brancos, com solado
de borracha, vulcanizado) e nunca abotoava a tnica at o colarinho, a no ser para tirar retratos,
deixando sempre dois ou trs botes desabotoados.
Terminado o curso cientfico no Liceu do Cear, Lauro Maia fez o vestibular e ingressou na
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E agora a me quem d
Um cruzeiro por dia, chorando
E assim mesmo
Clvis s anda embriagado
Para o Clvis, s polcia
No h, no h outro jeito
Quando a gente tem notcia
J Clvis est pelo peito
Oh! Mas como que Clvis
Abusa desse direito?
Como Hei de Conjugar, fox:
Nossa vida era antigamente bem melhor
S ns dois num lar a conjugar
O verbo amar
Os tempos ns sabamos de cor
Do indicativo ao infinitivo sem errar
Como era bom
Jamais esquecerei.
Sem aquele amor no viverei
Fico a meditar
Como hei de conjugar sofrer
Em vez do verbo amar
Se eu s aprendi
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A primeira conjugao
E a segunda, no.
O Culpado Fui Eu, samba;
Cumpri Meu Dever, samba feito na poca da Segunda Guerra Mundial, quando as msicas sobre
a catstrofe eram uma constante. O Brasil ainda no tinha enviado foras para o combate mas j se
falava nisso. Lauro ento comps:
Depois que eu voltei da linha de frente
E o batalho inimigo foi derrotado pelo nosso
Que lutou heroicamente
Eu fiquei cem por cento mais acatado!
As pequenas
Quando eu passo pela avenida
Com a farda verde-oliva,
Falam comigo
Porque sabem que eu sou soldado...
Lutei como um danado
E aniquilei o inimigo...
A medalha de honra que eu trago no peito
a prova de que eu cumpri o meu dever
Dizem que eu matei... mas que jeito?
Se o fim de um traidor morrer?
Brasileiro s luta pelo direito
Brasileiro justiceiro e leal
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E endeusa um celerado.
Somente a muito custo
Poder-se-ia achar algum que fosse justo!
E a Moral?, valsa-opereta de Djalma musicado por Lauro:
Passou como a iluso,
Morreu asfixiada
Sob o carro de fogo do progresso
Que leva a sociedade em franca disparada
Para a bacanal
De baixo preo...
Para a depravao!
E o Amor?, cano, outro poema de Djalma Viana musicado por Lauro Maia:
O amor to decantado simplesmente
Uma afinidade espiritual
Que oferece ensejo
Para a permuta emocional de um beijo!
Ou mais precisamente,
conveno social
Para o cumprimento
Da lei divina da procriao
Que se realiza pelo casamento!...
Adiante veremos outros poemas da srie.
E o Soluo No Passou, marcha:
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Apesar da letra j ter sido feita em funo do Rio de Janeiro, pois em Fortaleza no h morros,
Humberto Teixeira fez novos versos que sero mostrados, quando nos reportarmos ao Deus Me
Perdoe, no captulo O Balanceio Tem Acar.
Meu Relgio No Faz Ku-Ko, marcha:
Voc reclama sem razo, menina
Que no est na hora do batente
Eu digo e sei que voc gr-fina
Pois se acorda cedo fica impertinente
Voc no tem batente
de boa gente.
Eu no tenho cama, nem emprego, nem nada
Durmo na coxia, trabalhar ningum me viu
No tenho relgio que faz kuco-kuco
O meu despertador um guarda civil
Voc ainda xinga o coitado do maluco
Porque inconsciente vai dizendo kuco-kuco
O meu passarinho s faz prii-prii
o sinal de: Pira que a cana vem a!
Pirar, era sinnimo de ir embora e no como hoje se diz: endoidar.
Na segunda parte o prii-prii feito com apito de policial, a anotao de Lauro Maia que
consta da cpia, com a letra da msica datilografada e a observao manuscrita, pertencente aos
arquivos do Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro.
No H Felicidade, cano-rumba, parceria com Jos Maria Mendes:
No h felicidade neste mundo vagabundo!
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brejo, ou vice-versa, conforme anotao do prprio Lauro Maia na cpia da letra encontrada nos
arquivos do Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro.
Onde Est o Meu Apito? Que tinha o subttulo de Cad Joana?, samba, com pequenas
modificaes, foi depois gravado no Rio de Janeiro com o ttulo de Prova de Fogo:
Cad Joana,
Que no vem com a sopa?
E Mariana,
Que no traz minha roupa?
No posso mais esperar, estou aflito
Onde est o meu apito, o meu apito?
Est na hora da escola de samba sair
At j vieram me chamar
E eu ainda estou nessa agonia
Logo no primeiro dia ser que eu vou faltar...
Joana, Mariana,
Eu tenho que a batucada marcar.
Orix, maracatu com versos de Jorge Aires;
Pega o Gato Com Jeito, batuque, foi gravado no Rio com o ttulo Olha o Gato, trazendo
algumas modificaes:
Pega o gato com jeito que ele azunha
Logo vi que era o diabo desse gato
Que roubava as galinhas e comia os pintinhos
Mas agora ele paga tim tim por tim tim
Vou pegar esse gato que ladro
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No se meta em arruaa
Que o resultado apanhar
Nossa roda no tem um caboclo
Que deixe a peteca cair
Quando cansa, o caboclo avisa
E tem a permisso para sair
Nosso jogo comea bem cedo
E a gente s pra pra comer
Ou ento quando a nossa peteca
De palha de milho romper (i).
O Que a Vida, Afinal?, valsa, melodia sobre poema de Djalma Viana publicado no livro
Reflexes, de 1939 Seguiam se os poemas E a felicidade?, E o maor?, :E a Caridade?, E a
Fraternidade Universal?, E a Justia?, E a moral?, que vimos acima.
O Que a Vida, Afinal?
nsias... impasses...
Convulses...
Entrechoques de classes...
Tumultuar imenso
De uma luta renhida
Em que o mundo se empenha
Na ganncia do ouro
E das posies!
Batalha alucinante
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Vila Monteiro, samba em parceria com Aleardo Freitas, lanado atravs das ondas da PRE-9
pelos Vocalistas Tropicais e gravado em acetato no dia 16 de julho de 1942:
Foi l em Vila Monteiro
Que eu gastei meu dinheiro
Na casa de uma nega
Que era pra l de boa
Diziam que era toa
Mas no era no
Deixei o meu dinheiro e o meu corao
Espere que eu j vou buscar
Aquilo que sem querer eu deixei
Jurei que no havia de voltar
Mas que eu deixei o meu dinheiro
E o meu corao
E dizem que essa nega
Tambm tem pauta com o co.
Volta, samba-cano.
Zombaste de Mim, samba-cano.
Lauro Maia ingressou na PRE-9 (Cear Rdio Clube) em 1935, quando a emissora dos irmos
Dummar funcionava em um prdio da Rua Baro do Rio Branco, n 1172, nos altos do Centro dos
Retalhistas. Era componente do Quinteto Lpar, nome formado pelas iniciais dos componentes que
eram: Lauro Maia (piano), Ubiracy de Carvalho Lima (violo), Paulo Pamplona (violino), Antnio
Fiza Pequeno (violo) e Roberto Fiza.
Depois, em 1936, a PRE-9 se mudou para a Avenida Joo Pessoa, no bairro das Damas, onde j
funcionavam os transmissores. L esteve Lauro Maia como acordeonista da orquestra sob a batuta do
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maestro Euclides Silva Novo. Faziam parte da orquestra os msicos: Dando (contrabaixo), Emdio
Santana (piston), Jos Felipe Nery - Chins - (piston), Alexandre Sucupira (trombone de vara), Alcides
Curinga (banjo), Paulino Galvo (violino), Arianisnia Galvo (piano), Lourival Serra (saxofone),
Herculano Trigueiro (bateria), Lus Rseo (saxofone) e Francisco Alenquer (flauta).
Os artistas da poca eram as cantoras Laura (Luri) Santiago, Altair Ribeiro e As Irms Gondim,
os produtores: casal lvaro S, os cantores: Jos Jatahy, Moacir Weyne, Milton Moreira, Jorge
Tavares, Romeu Menezes, Victor Loyola, Mrio Alves, Ildemar Torres, Joo Milfont e Moraes Neto e
os msicos Nelson Alves, Aleardo Freitas, Jos Emygdio de Castro, Jos Menezes Cavaquinho,
Alosio Pinto, Kala, Zez do Vale e Tefilo de Barros Filho.
Os locutores, chamados na poca de speakers, eram Jos Cabral de Arajo, Jos Limaverde
Sobrinho e, depois, Paulo Cabral de Arajo.
Em 1938, Lauro Maia assumiu a direo artstica da emissora e passou a dirigir a orquestra. Em
1941 a PRE-9 (Cear Rdio Clube) mudou-se das Damas para os oitavo e nono andares do Edifcio
Diogo, na Rua Baro do Rio Branco, e inaugurou suas ondas curtas (ZYN-6 e ZYN-7), ocasio em que
realizou grande festa trazendo convidados especiais como Orlando Silva e Dorival Caymmi. Nesta
poca a direo artstica passou para Dermival Costalima.
No carnaval, Lauro Maia sempre esteve presente, ora frente do Jazz PRE-9, no Clube dos
Dirios, ora compondo para os blocos ou prestigiando as agremiaes com sua presena. Em seu
perodo como diretor, o Jazz PRE-9 tinha a seguinte formao: Paulino Gavio (violino), Lus Rseo e
Silva (saxofone), Aristteles Ribeiro (saxofone), Lourival Serra (saxofone), Antnio Cassund
(contrabaixo), Raimundo Nonato (pandeiro), Alexandre Sucupira (trombone de vara), Jos Felipe Nery
Chins (piston), Emdio Santana (piston), Moacir Ribeiro, Osvaldo Lima e Andrade Jnior
Canelinha (ritmo e megafone), Osvaldo Gacho (bateria), Alcides Curinga (banjo) e Lauro Maia
(direo, acordeon e piano).
Em 1942 sai pela primeira vez no desfile carnavalesco a Escola de Samba Lauro Maia,
concorrendo com mais 18 blocos: Os Jangadeiros, Ns Os Carecas, Escola de Samba Prova de
Fogo, As Baianas, Tenentes do Inferno, Voc No Gosta de Mim, Bloco do Olinda,
Zombando da Lua, Maracatu z de Ouro, Bando da Lua, Aldeia de Iracema, No Quero
Choro, S Vai Quem Pode, Vou Porque Posso, Comigo Na Virada, Piratas da Folia, Pode
Ser? e Somos do Amor.
Naquele carnaval os jornais publicaram o seguinte anncio:
40
O carnaval chegou
Folies a postos!
Brinquem vontade
E tomem as Gotas Artur de Carvalho
(A salvao dos folies)
Em todas as farmcias.
Nos clubes, foi proibido o uso do cloretil (lana-perfume) e tambm a participao dos sditos
dos pases do eixo, alemes, italianos e japoneses, j que estvamos em plena 2 Guerra Mundial.
No mesmo ano, em agosto, houve o famoso quebra-quebra, quando populares invadiram casas
comerciais e residncias de estrangeiros, saqueando e chegando a incendiar algumas casas, entre elas as
lojas As Pernambucanas e Casa Veneza.
A Escola de Samba Lauro Maia, ao contrrio do que muitos pensam, no pertencia a Lauro.
Foi iniciativa do msico Andrade Jnior Canelinha, que a fundou e dirigiu. O nome era uma
homenagem ao grande compositor e amigo. A escola desfilou cantando e executando os sambas
Minha Escola de Samba, de Luiz Assuno, e Cara de Judeu, de Lauro Maia do qual j falamos.
A Escola de Samba Lauro Maia era formada por Andrade Jnior Canelinha (lder), Lauro
Maia Teles e Luiz Gonzaga Assuno Luiz Assuno (compositores e msicos), Fausto Vieira, Adel
Lacerda, Pinheirinho, Osvaldo Felipe, Jos Maria, Flvio Neto, Manoel Xavier (surdos-marcadores),
orientados por Lus Xavier, Jos Tampinha e Jos Romo (caixistas), Francisco de Assis, Assis Alves
Xixico, Virglio Srgio, Vicente Felcio, Joo Batista, Raimundo Nonato e Pinta Cega (pandeiristas),
Aderson de Oliveira, Mundinho, Teodomiro Morais, Enoque de Aguiar, Z Pequeno, Nezinho, Vicente
Coelho, Alfredo Pianista, Jos Bio e Jos Chagas (banjistas), Raimundo Arajo, J. Massaroca, Paulo
Xavier, J. Barbosa e Alfaiate (ganzs), Antnio Arajo e Macaco (chocalhos).
Em 1942 a escola desfilou com calas brancas, camisas de meia e chapus de palhinha. Abriu o
desfile carnavalesco e foi o maior sucesso daquele ano.
Lauro Maia dirigiu por vrios anos, na PRE-9 (Cear Rdio Clube), o programa Lauro Maia e
Seu Ritmo, onde apresentava ao piano msicas regionais do nordeste, principalmente ritmos da terra
como o balanceio, o miudinho, o batuque, o xote, a ligeira e o coco.
41
A Escola de Samba Lauro Maia desfilou ainda nos carnavais de 1943 a 1945, chegando a sair,
no ltimo ano, com 51 participantes. Com a ida definitiva de Lauro para o Rio de Janeiro a escola, a
partir de janeiro de 1946, passou a se chamar Escola de Samba Luiz Assuno.
42
46
EU VI UM LEO
No ano de 1930 chegou a Fortaleza o funcionrio da alfndega, Ponce de Leon, vindo transferido
de Manaus. Logo suas condies de grande folio carnavalesco se fizeram notar e ele foi eleito
comandante das folias carnavalescas do Clube Iracema, poca instalado no Palacete Cear, onde
hoje est a Caixa Econmica Federal, situado na Praa do Ferreira, principal praa da cidade. No Clube
dos Dirios imperava o Rei Eliezer I, Sei-L-Se-, uma stira a Hail-Selassi, por muitos anos
imperador da Abissnia, hoje Etipia.
Em 1936, Ponce de Leon foi sagrado o primeiro Rei Momo do Cear, apoiado por um grupo de
jornalistas tendo frente Daniel Carneiro Job, secretrio do Rei, o Profeta da Cova.
Para o carnaval de 1941, Lauro Maia produziu a batucada Eu Vi um Leo, em homenagem a Sua
Majestade Rei Momo I e nico, Ponce de Leon.
Hoje eu vi um leo
Leo, leo
Mas no era um leo
No era um leo
E o que era ento?
No digo, no
Tinha corpo de leo
Tinha juba
Juba de leo
Tinha cara
Cara de leo
Tinha boca
Boca de leo
Tinha pata
47
Pata de leo
Tinha unha
Unha de leo
Tinha cheiro
Cheiro de leo
Tinha ronco
Ronco de leo
Roooomm!!!
Ento era um leo
No era, no
Mas ento o que era
No digo, no
Diga, diga, diga, diga
Diga, diga, diga, diga
Pois era o Ponce de Leo
Ai! Era o Ponce de Leo.
Depois, na sombra do sucesso da msica, a msica foi modificada e lanada em disco pelos 4
Ases & 1 Curinga, que j estavam gravando pela Odeon.
Em 1936, 1937 e 1938, foram para o Rio de Janeiro, com a finalidade de estudar,
respectivamente, os jovens Evenor de Pontes Medeiros, Andr Batista Vieira (Mel) e Permnio de
Pontes Medeiros, sendo irmos o primeiro e o ltimo. Em 1939 outro irmo foi juntar-se ao grupo:
Jos de Pontes Medeiros.
Quando da formatura de Evenor, em dezembro de 1940, vieram todos a Fortaleza e, como faziam
na Cidade Maravilhosa, apresentaram-se com o nome de Conjunto Cearense.
48
Leo, leo
No era um leo
) bis
No digo, no
Tinha boca
Boca de leo
Tinha dente
Dente de leo
Tinha pata
Pata de leo
Tinha unha
Unha de leo
Tinha cheiro
Cheiro de leo
Tinha ronco
Ronco de leo
Rooomm!!!
Ento era um leo!
No era, no!
E o que era ento?
No digo, no!
Diga, diga, diga, diga
Diga, diga, diga, diga
Pois era a mulher do leo!
Ai! Era a mulher do leo!
... ... Era a mulher do leo.
Como vemos, mudando de Ponce de Leon para a mulher do leo evidentemente a juba teria
50
que desaparecer pois leoa no tem juba. O sucesso desta msica de Lauro Maia foi to expressivo que
houve repercusso internacional, com verses para o espanhol e o italiano.
A Edizioni Southern Music, de Milano, Itlia, editou a partitura para canto e bandolim com
versos em italiano e em espanhol sob o n 2.054, em 1948, com os ttulos Yo Vi un Leon e Oggi Ho
Visto Un Leone, com a seguinte observao: Testo originale e musica di Lauro Maia. Testo italiano di
G. Giacobetti.
Em 1953 - 1954 foi lanado na Inglaterra o catlogo geral da etiqueta italiana Parlophone. Entre
as reedies de discos estrangeiros esto alguns brasileiros e, junto a estes, o de referncia DP-146 com
o batuque Yo Vi un Leon. No verso est Tirrim, Tirrim, ambas as gravaes feitas pelo conjunto
brasileiro Cuatro Azes e Uma Coringha.
Eu Vi Um Leo foi portanto a estria de Lauro Maia, pois o disco o documento musical mais
importante, j que guarda a msica, a letra e a interpretao da poca, o que uma partitura no
consegue fazer.
Em 1993 a gravao original foi reeditada no CD Equatorial 199.00.0015 "Lauro Maia 80
anos", na faixa 16 e em 1994 no LP 12" Equatorial 111.000.197 "Lauro Maia - 80 Anos", Lado A faixa
2.
Em 1943, em Fortaleza, os membros do conjunto Vocalistas Tropicais fizeram um arranjo e
transformaram a msica de Lauro Maia em Eu Vi um Ladro, stira Alemanha, que estava em
guerra contra os aliados e vinha afundando navios brasileiros:
Hoje eu vi um ladro
Ladro, ladro
Que no era um ladro
No era um ladro
E o que era ento?
No digo, no
Tinha cara de ladro
Tinha jeito
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Jeito de ladro
Tinha barba
Barba de ladro
Tinha fala
Fala de ladro
E o que era ento?
No digo,. no, no digo, no
Diga, diga, diga, diga
Ai! Era um soldado alemo
Em outubro de 1941 esteve em Fortaleza, para inaugurar as ondas curtas do Cear Rdio Clube,
prefixos ZYN-6 e ZYN-7 e as novas instalaes da rdio (PRE-9) nos 8 e 9 andares do Edifcio
Diogo, na Rua Baro do Rio Branco, no centro da cidade, o cantor Orlando Silva, o maior cartaz
brasileiro naquele perodo. Orlando Silva trouxe algumas msicas que estava divulgando para o
carnaval do ano seguinte, entre elas a marcha de Cristvo de Alencar e Benedito Lacerda, Chica,
Chica Boa, onde os autores procuravam por uma garota que fugiu l da Gamboa, com um ar de
quem no feliz e um sinalzinho bem na ponta do nariz.
Lauro Maia aproveitando o sucesso da temporada de Orlando Silva, e conseqentemente da
marcha, comps Eu Vi a Chica Boa, marcha-resposta:
Eu vi
Eu vi a Chica Boa
Mas no digo aonde foi
Porque no quero.
Eu vi
Eu vi a Chica Boa cantando
Lero-lero, lero-lero, lero-lero
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- C - c - c - c - c - c
E a pintarada entoava
Por uma boca s:
- no domingo 23, peru
Que vai chegar a tua vez!.
Em 1994 a gravao original foi reeditada no LP 12" Equatorial 111.000.197 "Lauro Maia - 80
Anos", Lado B faixa 5.
Ainda para o carnaval de 1942, Lauro Maia fez o samba-rancho guas Passadas, lanado na
PRE-9 pelo cantor Milton Moreira; e o samba do barulho Praga de Urubu, criao dos Vocalistas
Tropicais na mesma rdio, nica ento existente em Fortaleza.
Em parceria com Milton Moreira, Lauro comps a marcha Trs Horas da Madrugada, criao
do prprio Milton na mesma emissora.
Tambm em 1942 foi feito o relanamento da batucada Eu Vi Um Leo, com os versos originais,
em homenagem ao Rei Momo I e nico, Sua Majestade Ponce de Leon.
54
TREM DE FERRO
Como vimos no captulo anterior, a primeira composio de Lauro Maia a ser lanada em
gravao comercial foi o batuque Eu Vi Um Leo. A segunda foi o samba Prova de Fogo, feito em
Fortaleza com o ttulo de Cad Joana ou Onde Est o Meu Apito?, para o bloco Prova de Fogo, onde
Lauro Maia brincava antes de existir a escola de samba com seu nome.
Da mesma forma que a primeira, Prova de Fogo tambm foi gravada pelos 4 Ases & 1 Curinga.
Prova de Fogo!, fogo, fogo (4 vezes)
Cad Joana
Que no vem com a sopa?
E Mariana
Que no traz minha roupa?
No posso mais esperar
Estou aflito
Onde est o meu apito?
O meu apito?
J hora do Prova de Fogo sair
At j vieram me chamar
E eu ainda estou nessa agonia
Logo no primeiro dia
Ser que eu vou faltar?
Joana! Mariana!
Eu tenho que a batucada marcar.
Quando Lauro Maia ainda estava no Cear, em andanas pelo interior do Estado, ouviu no Crato
uma msica que muito lhe agradou, o que o fez tentar encontrar o autor daquela composio.
55
Contaram-lhe ento uma lenda em que alguns msicos, ao voltarem de uma festa, passaram por uma
vazante de capim e a fizeram uma parada. Os capinadores pediram que tocassem algo e como o
tocador de ganz era repentista, entoaram uma embolada cujo ttulo era Fan Ran Fun Fan. Lauro fez
uma adaptao dos versos e copiou a melodia que foi gravada pelos 4 Ases & 1 Curinga, pelo selo
Odeon, constando seu ritmo como xote-estilizado e com o ttulo de Fan Ran Fun Fan.
O xote a capim pubo
S se dana figurado
Dana dez e dana vinte
Mas tudo impareiado!
Dana direito
No lhe pise na chinela
Cuidado com a menina
Que seno fica sem ela.
Dana, dana
Dana comadre, que bom!
Dana, dana
Dana comadre, que bom!
Dana Maricota
Fia do coron
Dana o Z Potoca
Com a comadre Izab
Dana, dana
Dana meu povo, que bom.
Ainda em 1943, Lauro Maia consegue gravar uma msica de sua autoria com o cantor Orlando
56
) bis
60
) bis
) bis
61
Vocalistas Tropicais, conjunto que gravou a msica de Aleardo em acetato. Ao novo ritmo foi dado o
nome de balanceio, ao qual Lauro Maia logo aderiu.
Em 1945, Lauro Maia levou ao disco, por intermdio dos 4 Ases & 1 Curinga, o primeiro
balanceio lanado nacionalmente: Eu Vou At de Manh. A msica obteve grande sucesso no Cassino
Atlntico, onde Lauro Maia se apresentava como pianista.
Oi balanc balan
) bis
S nesse balanci
) bis
) bis
A msica j tinha sido bastante divulgada em Fortaleza, com os versos otiginais s de Lauro,
contendo algumas diferenas. O estribilho era o mesmo e o restante era:
Quem balana com jeito h de gostar
E se a nega for boa no quer mais parar
E o cabra chega fica mole, fica mole, mole, mole
Outro dia eu subi l no moinho
S dancei catol, balanceio e miudinho
E o fole vio ficou rouco, ficou rouco, rouco.)bis
No ano de 1994 Eu Vou At De Manh foi reeditada no LP 12" Equatorial 11.000.197 "Lauro
64
65
) bis
) bis
Tr l l l l l l ) 4 vezes
L l r r r r ) 4 vezes em ritmo de balanceio
Quem no gosta de ligeira )
De que diabo vai gostar
) bis
) bis
M: Moa; G: Galante,
D: Donzela e C: Sinh.
Nesta msica constavam mais dois versos, que no foram gravados:
Ai, eu sozinho dou na bola
Pra quatro ou cinco jogar.
Versos de Lauro Maia e arranjo sobre motivo folclrico, foi a observao do prprio Lauro na
partitura original.
Em setembro de 1945, no suplemento da gravadora Continental, consta uma msica de Lauro
Maia, o samba intitulado Olha o Gato, com gravao do conjunto vocal Namorados da Lua, cujo
crooner era o cantor Lcio Alves. A composio original, como vimos anteriormente no captulo
Samba de Roa, tinha o ttulo de Pega o Gato Com Jeito e, para esta gravao, foram feitas pequenas
67
alteraes na letra.
Olha o Gato, samba:
Pega o gato com jeito
Que ele azunha
Logo vi que era o diabo desse gato
Que roubava as galinhas
Comia os pintinhos
Mas hoje ele paga tim-tim por tim-tim
Vou pegar esse gato
Que ladro
Amarrar esse gato
Num cordo
E matar esse gato
Agora no
Que fazer com esse gato
Eu no sei no
Dar um banho nesse gato
Com sabo
Sapecar esse gato
Com tio
Botar dentro de um saco
E soltar
L no meio do mar
68
) bis
A gravao original de Olha o Gato foi reeditado em 1993 no CD Equatorial 199.00.0015 Lauro
Maia 80 Anos", na faixa 19 e no ano seguinte no LP 12" Equatorial 111.000.197 "Lauro Maia - 80
Anos", Lado B faixa 1.
No mesmo suplemento vinha o disco trazendo em ambas as faces a composio de Humberto
Teixeira, Terra da Luz, na interpretao do cantor Do, com acompanhamento da Orquestra de
Napoleo Tavares na face A, e a participao do Coro dos Apiacs. Na face B estava o mesmo samba,
ou fantasia, tambm cantado por Do e o Coro dos Apiacs, desta feita com acompanhamento do
Quarteto Brasil, formado por Jos Menezes de Frana Z Cavaquinho, Luperce Miranda, Artur
Nascimento Tute e Norival Carlos Teixeira Valzinho, com arranjo de Lauro Maia.
No ms seguinte lanado o samba-choro de Lauro Maia em parceria com Humberto Teixeira,
Samba de Roa, primeiro de uma srie da dupla de cearenses, na voz de Orlando Silva com
acompanhamento de Abel Ferreira e seu Regional e ainda a participao de Raul de Barros no
trombone.
Sambei num samba dos bons )
Sambei at o sol raiar
Sambei de rachar
reeditar o sucesso anterior. Para frustrao da dupla o samba Tenha D de Mim no teve o xito
conquistado por Deus Me Perdoe. Sobre Tenha D de Mim falaremos no captulo Poema Imortal.
A Continental lanou, em 1946, trs msicas da dupla Lauro Maia-Humberto Teixeira: X Peru,
marcha: Bati na Porta, samba, e Margarida, marcha. X Peru j era conhecida no Cear bem antes da
parceria com Humberto Teixeira, como vimos em captulo anterior. As modificaes foram poucas. A
gravao do cantor Do com acompanhamento de Napoleo e seus Soldados Musicais e constituiu-se
num dos grandes sucessos do carnaval daquele ano, denominado de Carnaval da Vitria por ser o
primeiro do ps-guerra.
X Peru, marcha:
Eu j criei um peru
Que tinha mania de ser tenor
Parecia um brucutu
Brigava com o galo que era um horror
O seu despeito era tanto
Que as aulas de canto no tinham mais fim
Era preciso gritar: X peru! X peru!
Ele com raiva rodava: Glu, glu, glu, glu
E a galinha zombava: C, c, r, c, r, c, c
E a pintarada entoava
Por uma boca s
no domingo 23, peru
Que vai chegar a sua vez.
Por iniciativa de Cal Alencar, em 1994 a gravao original foi reeditada no LP 12" Equatorial
111.000.197 "Lauro Maia - 80 Anos", no Lado B faixa 5.
Bati na Porta, samba, tinha no Cear o ttulo Cara de Judeu mas, como ainda recentemente
havia terminado a guerra e o povo semita fora a grande vtima dos massacres nazistas, os versos foram
73
) bis
Nem respondeu
) bis
)
) bis
No jardim de amores
Do meu corao
Vem mariposa
Vem por favor
No meu jardim tem sol
Tem vida e tem calor
Mas voando assim toa
Perders o meu amor.
A Marcha do Balanceio a segunda verso do balanceio Eu Vou At de Manh, do qual j
falamos. A verso carnavalesca foi gravada pela dupla Joel & Gacho com acompanhamento de Abel e
sua Orquestra. A gravao traz a designao de marcha-balanceio.
Oi balanc, balan
76
Eu vou at de manh
) bis
S nesse balance
78
POEMA IMORTAL
Em 1941, nascia em Fortaleza o conjunto vocal Vocalistas Tropicais, liderado por Jos Eduardo
Ribeiro Pamplona (eduardo Pamplona) e tendo como componentes Jos Artur de Carvalho, Leto
Cordeiro, Nilo Xavier da Mota (Nilo Mota), Esdras Falco Guimares Pijuca, Paulo Sucupira,
Vicente Ferreira da Silva e Paulo de Tarso. Cantavam msicas de Lauro Maia, Aleardo Freitas, Milton
Moreira e outros, chegando a gravar alguns acetatos em 1942. Com o sucesso dos 4 Ases & 1 Curinga
no sul, os Vocalistas Tropicais se animaram a seguir o mesmo destino incentivados que eram por todos
os artistas do Rio que se apresentavam na capital do Cear. Aps uma excurso pelo norte assinaram
contrato para apresentao na Rdio Tupi, do Rio de Janeiro, em 1945.
No dia 1 de janeiro de 1946, os Vocalistas Tropicais desembarcaram na Cidade Maravilhosa,
passando a atuar na Rdio Tupi, no Cassino Atlntico e logo participaram do filme Cados do Cu,
uma produo da Atlntida. Ainda em janeiro assinaram contrato com a gravadora Odeon, realizando a
primeira gravao no dia 6 de fevereiro. O primeiro disco dos Vocalistas Tropicais trouxe, na face A, o
balanceio de Lauro Maia, To Fcil, To Bom.
Quando o grupo partiu definitivamente para o Rio, a formao era a seguinte: Nilo Mota (lder,
pandeiro e canto); Danbio Barbosa Lima (tantan e canto); Paulo Sucupira (canto e violo); Paulo de
Tarso (violo); Evandro de Sousa (canto e violo americano); e Artur de Oliveira (canto e afox).
To Fcil, To Bom, balanceio:
Balana o corpo pra l
Agora d um pulinho
) bis
Sa depressa
E tomei umcafezinho
Bem quentinho
E penteei o cabelo
E um cigarro fumei
O frio foi passando
Ao meu tamanho voltei
Agora vejam s do que eu escapei.
Tabuleiro dAreia, miudinho:
Eu vou me casar
No Tabuleiro dAreia
) bis
Eu s tenho pena
) bis
E que no ganham o cu )
Quando bate o sino na igreja
hora de silncio l no cu
As velhas se benzem
E todo mundo tira o chapu
Eu s tenho pena
Daqueles que morrem
E no ganham o cu
a hora de pedir perdo a Deus
Pelas faltas no dia que findou
Na Terra tudo escurido
L no cu as estrelas
Brilham na escurido.
Ainda em 1946 a gravadora Continental lanou Histria do Brasil, samba de Lauro Maia em
parceria com Mendona de Sousa e gravao de Ericsson Martha com acompanhamento de Napoleo
Tavares e Seus Soldados Musicais.
Nasceste no Porto Seguro
ptria adorada
E com a cruz e a espada tu foste batizada
Nem Pero Vaz de Caminha
Nem mesmo Cabral
82
84
) bis
) bis
At os dois se juntar
) bis
) bis
) bis
) bis
T quente, Sinh
i o coco, Sinh.
) bis
A composio indica como ritmo o coco, mas na verdade o ritmo da gravao o baio, o que
comprova a ausncia de Lauro Maia na autoria, j que ele nunca comps um baio.
Em 1994, no LP 12" Equatorial 111.000.197 "Lauro Maia - 80 Anos", Lado B faixa 4 foi
reeditada a gravao original de T Quente, Sabina!.
Em 1949 foi lanado o samba Pecador, pelos 4 Ases & 1 Curinga, em gravao realizada atravs
do selo Odeon. Trata-se de mais uma parceria de Lauro Maia e Humberto Teixeira. Na poca fazia
muito sucesso o bolero de Agustin Lara Pecadora, cujas primeiras notas foram aproveitadas no
Pecador:
(Ai! Meu Deus)
90
Ai! Eu pequei
Mas vem c
Me atrepei na bananeira
Fui int o mangar
Comi tanta da banana
Que fiz a gata mi
91
92
MUITO TARDE
Quando Lauro Maia chegou ao Rio de Janeiro, em 1945, empregou-se na firma Irmos Vitale,
editora de msicas e revendedora de artigos musicais. Na loja da editora, Lauro tocava ao piano as
msicas escritas nas partituras ali editadas, como forma divulgao ao pblico que, entusiasmado com
a execuo do pianista, comprava imediatamente as cpias das msicas. Ao chegar em casa nem todo
mundo conseguia extrair das partituras a mesma beleza da execuo de Lauro Maia.
Logo que passou a trabalhar para os Irmos Vitale, Lauro assinou um contrato absurdo com
aquela firma onde cedia todos os seus direitos autorais referentes s msicas j editadas e tambm
quelas que viessem a ser impressas, ficando preso a este contrato at o fim da vida.
Lauro Maia foi tambm contratado pela Rdio Tupi para apresentaes em estdio, participar de
programas, atuar como copista de msica e fazer arranjos e orquestraes. Trabalhava tambm como
pianista no Cassino Atlntico, onde suas msicas de cunho regional alcanaram grande sucesso.
Por ter os dentes estragados e amarelecidos pela nicotina, Lauro Maia ao falar ou rir sempre
colocava os dedos espalmados cobrindo a boca. Embora fumasse muito nunca o cigarro chegava aos
lbios pois usava, invariavelmente, uma piteira que se tornou caracterstica de sua imagem.
Lauro Maia ingeria aguardente de cana (cachaa) e onde estivesse bebendo havia sempre dois
copos, um com cachaa e outro com refresco. Tomava um pouco da cachaa, um pouco do refresco e
engolia. No sabemos o motivo da mistura na boca mas ele devia conhecer o segredo do sabor.
A tuberculose de Lauro Maia manifestou-se por volta de 1947, poca em que esteve em
Fortaleza, pela ltima vez, para tratamento. Ele sempre escondeu a doena do conhecimento de seus
parentes. No Rio de Janeiro, seu companheiro mais ntimo de farras era o Chiquinho, que apesar de
muito amigo, era considerado pela famlia de Lauro como pernicioso pois quando se reuniam,
promoviam bebedeiras de dias e noites.
Um dia Chiquinho chegou para o Dr. Joacy Teixeira, mdico, irmo de Humberto Teixeira e
mostrando-lhe uma lmina com escarro pediu-lhe que fizesse um exame, pois escarrara sangue e queria
saber o grau da doena. Aps o exame, o mdico chegou concluso de que o grau de tuberculose de
Chiquinho estava muito avanado e props ento lev-lo para tirar algumas chapas de Raio-X.
Chiquinho, porm, terminou por confessar que o escarro no era dele e sim de Lauro Maia, que
escondera durante dois anos a doena, com risco de contgio para a famlia, mulher e filhos. Na poca,
o tratamento da tuberculose j existia mas era muito precrio.
93
Foram batidas as chapas, constatando-se que um dos pulmes estava todo contaminado e o outro
j se encontrava comprometido. Nada restava a fazer seno internar Lauro Maia no Hospital Santa
Maria, em Jacarepagu. Ironicamente um dos maiores xitos do conjunto Vocalistas Tropicais, naquele
ano, foi a marcha intitulada Jacarepagu, composta por Paquito, Romeu Gentil e Marino Pinto,
baseada na melodia de Cumbanchero, rumba de Rafael Hernndez.
Durante o perodo em que esteve adoentado, Lauro Maia no recebeu nenhuma ajuda da Unio
Brasileira de Compositores (UBC), conforme denncia de Nestor de Holanda em seu livro Memrias
do Caf Nice, pginas 78 e 101.
No dia 5 de janeiro de 1950, a menos de dois meses aps a data de seu 36 aniversrio e por
coincidncia dia do 35 aniversrio de Humberto Teixeira, s 20h30min, Lauro Maia faleceu, deixando
viva Djanira Teixeira Maia e, rfos, os filhos Eva Maria Teixeira Maia, com 6 anos e Lauro Maia
Filho, com 5 anos.
O enterro aconteceu no Cemitrio de So Francisco Xavier, no Rio de Janeiro. Em maro de
1955, os restos mortais de Lauro Maia Teles foram transportados para Fortaleza, onde repousam, no
tmulo da famlia, no Cemitrio So Joo Batista, 1 plano, n 2382, lado esquerdo.
Nesse perodo modestas homenagens foram prestadas a Lauro Maia. Seu colega de trabalho na
Diretoria de Viao e Obras Pblicas, agrimensor, desenhista e pesquisador Descartes Selvas Braga,
um dos maiores colecionadores de discos do Pas entre as dcadas de 20 e 50, grande amigo e
colaborador de Lauro Maia, rebatizou seu trabalho, em Parangaba, bairro da capital cearense, com o
nome de Discoteca Lauro Maia, alm de batizar um de seus filhos com o nome do compositor.
Logo aps a morte de Lauro Maia, o ento vereador Jos Alusio de Castro Correia conseguiu
denominar, com o nome do compositor, uma rua de Fortaleza. A Rua Lauro Maia fica no bairro
Joaquim Tvora, iniciando-se no encontro da Rua Domingos Olmpio com Avenida Aguanambi, em
frente Pracinha das Professoras, e terminando na Avenida 13 de Maio, correndo paralela Avenida
Visconde do Rio Branco, ao oeste desta.
Em 1958 instalou-se, no Rio de Janeiro, ainda Capital Federal, por iniciativa de vrios
compositores, a Academia de Msica Popular. Entre os 50 imortais estava Humberto Teixeira, tendo
como patrono Lauro Maia.
No acervo do Arquivo Nirez existe um acetato, datado de fevereiro de 1952, com a gravao do
samba intitulado Lauro, composto por Lauro Benedito Silva. Acreditamos que deve ter sido um
componente da Escola de Samba Lauro Maia, em funo do que dizem os versos:
94
Lauro
Eu vim lhe homenagear
Ah! Se voc fosse vivo
Pra ver sua escola passar
Em homenagem ao seu fundador
A nossa escola dedica com todo amor
O samba de um grande amigo seu
Pois pra escola de samba
Lauro Maia no morreu.
A melodia do samba casa perfeitamente com os versos. simples, triste, saudosa e muito bonita,
deixando notar que a inspirao esteve presente. A gravao foi feita por um conjunto vocal que no
conseguimos identificar.
Na dcada de 70, o seresteiro Milton Alves, inspirado por Lauro Maia, comps um samba,
batizando-o de Elegia a Lauro Maia.
Encontrei na remisso dos meus pecados
O perdo amigo dos meus ais
No, no vim aqui pedir desculpas
No, no perdi o meu cartaz
Vim simplesmente ser cordato
Abra-los fielmente como amigo
Eu s vim aqui cantar meu samba
Assim, assim, assim:
Bati na porta que cansei
Chamei, chamei, chamei
95
Ningum me respondeu
E eu fiquei com cara de judeu
(Qual , meu?)
Voc destruiu minha vida
Voc deixou o meu lar
Levando tudo o que eu tinha
E agora s pensa em voltar
Tudo acontece na vida
Um dia chega a saudade
Batendo com fora no peito
Fazendo lembrar a maldade
Hoje voltas chorando
Chega, j muito tarde.
96
HORA DE SILNCIO
Aps a morte de Lauro Maia algumas msicas ainda foram gravadas e editadas, por iniciativa de
Humberto Teixeira. Ele tinha em suas mos algumas composies de Lauro para completar e/ou
adaptar e entregou Catol, arranjo de Lauro Maia sobre motivos do Cariri, cantora Stelinha Egg.
Como teve que fazer vrias alteraes, o nome de Humberto aparece como parceiro de Lauro. A
gravao e o lanamento foram feitos em 1950 pela Capitol, etiqueta recm-instalada no Brasil e que
logo se transformou na Sinter, gravadora que reeditou a msica no ano seguinte. O acompanhamento
ficou a cargo do Conjunto Tpico Brasileiro de Gaya:
Catol no p t seguro
Humberto Teixeira, lanamento da etiqueta Todamrica. Por um lamentvel erro, os nomes dos autores
no constam nos crditos.
i que t bom, t (6 vezes)
Caramelo, pau do eixo!
i que t bom, t, )
i que t bom, t! ) bis
Vamos ento continuar remelexendo
bem melhor do que sambar!
O remelexo sacudido
Lembra a dana de So Guido
A gente pula, pula, pula sem cessar!
Eu me sacudo, me balano, me remexo
Quando dano o remelexo
E no quero mais parar!
No disco, acompanham Helena de Lima, o maestro Guio de Moraes e o conjunto Os Bomios.
Ainda pela etiqueta Todamrica foi lanado no mesmo ano o samba Desci do Morro, tambm de
Lauro Maia e Humberto Teixeira, com interpretao do conjunto Os Bomios:
Desci do morro
Alves e Sivuca gravaram dois discos intitulados No Mundo do Baio, em quatro faces de pot-pourri,
com vrios baies de diversos autores. No lado B do disco vinha, no final, Trem L L, de Lauro
Maia e Humberto Teixeira.
Em 1954 a gravao original de No Mundo do Baio foi reeditada no LP 10" Continental LPP 8
"Baio com Carmlia Alves", Lado A faixa 4.
Quando Lauro Maia comeou a lanar os ritmos do Nordeste, como o balanceio, a ligeira e o
miudinho, o cantor, acordeonista e compositor Luiz Gonzaga, que tambm vinha lanando ritmos
nordestinos, como o xamego e o calango, tentou com ele lanar o baio. Lauro Maia, avesso a
responsabilidades, pois gostava de compor s ou com Humberto Teixeira, que burilava suas peas,
encaminhou Luiz Gonzaga ao cunhado, j compositor de renome e advogado com escritrio montado
na Avenida Calgeras. Foi assim que nasceu o baio urbanizado.
Apesar do domnio massacrante da msica estrangeira em todo o Pas, com os meios de
comunicao executando quase unicamente msicas internacionais e de m qualidade, com artistas
nacionais entregues a ritmos aliengenas oriundos de potncias estrangeiras economicamente fortes, e
com o boicote de tudo que tradicional, tudo o que antigo, at por parte da crtica e dos intelectuais,
que rejeitam tudo o que nacional, tudo que cheira raiz ou a povo, considerando apenas como bom e
nacional os msicos e compositores de elite, poder um dia surgir a necessidade de se invocar o
regional, o histrico, o pioneiro e nesse momento, no temos dvida, ser lembrado o nome de Lauro
Maia, figura maior no campo da pesquisa musical folclrica no Cear.
102
gnero
Eu vi um leo
batuque
Vila Monteiro
samba
Prova de Fogo
parceiro
interpretao
etiqueta
nmero
gravao
lanamento
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.160-a
16/04/42
1942-06
Vocalistas Tropicais
Acetato PRE-9
s/n
16/07/42
1942-07
samba
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.246-b
21/11/42
1943-01
chote estilizado
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.342-a
01/07/43
1943-08
Febre de amor
samba
Orlando Silva
Odeon
12.345-b
02/04/43
1943-08
Trem de ferro
marcha
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.355-a
03/08/43
1943-09
Palminha de Guin
marcha infantil
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.470-a
02/06/44
1944-08
samba
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.494-b
18/08/44
1944-10
Cachimbo de barro
samba
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.557-a
12/01/45
1945-03
fox
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.557-b
12/01/45
1945-03
Eu vou at de manh
balanceio
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.568-a
08/02/45
1945-04
Orlando Silva
Odeon
12.571-b
09/03/45
1945-04
A ribeira do Caxia
ligeira
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.612-a
29/06/45
1945-08
Olha o gato
samba
Namorados da Lua
Continental
15.435-a
/ /45
1945-09
Samba de roa
samba
Humberto Teixeira
Orlando Silva
Odeon
12.635-b
03/09/45
1945-10
S uma louca no v
samba
Humberto Teixeira
Orlando Silva
Odeon
12.643-b
28/09/45
1945-11
Deus me perdoe
samba
Humberto Teixeira
Ciro Monteiro
Victor
80-0370-a
07/11/45
1946-01
Aleardo Freitas
103
X peru
marcha
Humberto Teixeira
Do
Continental
15.573-b
/ /45
1946-01
Bati na porta
samba
Humberto Teixeira
Os Trovadores
Continental
15.577-a
/ /45
1946-01
Margarida
marcha de roda
Humberto Teixeira
J. B. de Carvalho
Continental
15.580-a
/ /45
1946-01
Juvenal
batucada
Humberto Teixeira
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.667-a
14/12/45
1946-02
Mariposa
marcha
Humberto Teixeira
Orlando Silva
Odeon
12.672-a
10/12/45
1946-02
A marcha do balanceio
marcha balanceio
Odeon
12.678-b
08/01/46
1946-02
To fcil to bom
balanceio
Vocalistas Tropicais
Odeon
12.681-b
06/02/46
1946-03
Escapei
samba
Vocalistas Tropicais
Odeon
12.691-a
21/03/46
1946-05
Tabuleiro d'areia
miudinho
Vocalistas Tropicais
Odeon
12.691-b
21/03/46
1946-05
Histria do Brasil
samba
Mendona de Souza
Ericsson Martha
Continental
15.696-a
/ /46
1946-09
Hora de silncio
samba
Vocalistas Tropicais
Odeon
12.740-b
07/10/46
1946-11
samba
Humberto Teixeira
Orlando Silva
Odeon
12.753-b
18/11/46
1947-01
Tenha d de mim
samba
Humberto Teixeira
Ciro Monteiro
Victor
80-0487-b
16/10/46
1947-01
Poema imortal
valsa
Humberto Teixeira
Orlando Silva
Odeon
12.768-b
31/01/47
1947-03
muito tarde
samba
Gilberto Milfont
09/12/46
1947-08
miudinho
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.870-b
15/04/48
1948-09
Ns Somos de l
samba
Ericsson Martha
Star
99-b
/ /48
1948-12
Odeon
12.946-b
08/06/49
1949-09
4 Ases e 1 Coringa
Odeon
12.943-a
08/06/49
1949-09
coco
Humberto Teixeira
Catol
baio
Capitol
00-00.011-a
/ /50
Pecador
samba
Humberto Teixeira
4 Ases e 1 Coringa
Trem la l
baio
Humberto Teixeira
Fasca
choro
Oi que t bom t
Odeon
12.973-b
29/09/49
Carmlia Alves
Continental
16.177-a
/ /49
Penlope
Violeta Cavalcnti
Odeon
13.035-b
24/04/50
1950-08
remeleixo
Humberto Teixeira
Helena de Lima
TodamricaTA-5.008-b
25/07/50
1950-10
Desci do morro
samba
Humberto Teixeira
Os Bomios
TodamricaTA-5.022-a
26/09/50
1950-11
Trem la l
baio
Humberto Teixeira
William Fourneaut
Continental
16.300-a
27/07/50
1950-11/12
Catol
baio
Sinter
00-00.011-a
/ /50
Trem la l
baio
Humberto Teixeira
13.095-b
16/09/50
Trem la l
baio
Humberto Teixeira
Jacques Pills
Continental
20.080-b
/ /51
1951-03/04
Fasca
choro
Penlope
Muraro (piano)
/ /51
1952
Marta
samba
Humberto Teixeira
Ivan de Alencar
Sinter
/ /51
1952-01
Vamos balancear
baio
Humberto Teixeira
Helena de Lima
Continental
16.537-a
/11/51
1952-03/04
balanceio
Humberto Teixeira
Carmlia Alves
Continental
16.598-a
02/06/52
1952-07/08
Orlando Silva
Odeon
12.571-b
17/03/55
1955-04
00-00.103-b
1950
1950-01
1950-03/04
1951
1951-02
105
106
CRONOLOGIA:
1913 novembro 13 Nasce Lauro Maia Teles
1916 dezembro 11 Lauro registrado no cartrio por seu av materno Jos Nicolau Afonso
Maia.
1933 fevereiro Ingressa na Faculdade de Direto do Cear.
1933 Ingressa na Diretoria de Viao e Obras Pblicas do Estado do Cear.
1935 Ingressa no Cear Rdio Clube PRE-9 como acordeonista e forma o Quinteto LUPAR.
1937 janeiro 09 Concurso promovido pelo jornal O Povo premia duas composies de
Lauro Maia: a marcha Eu Sei o Que e o samba Eis o Meu Samba. Ele concorreu ainda
com a marcha Eu Sou Como So Tom e o samba Cad a Melodia?.
1937 Lana para o carnaval daquele ano o samba Cad a Melodia? e o samba Foi Uma Mulher
para o bloco O que foe Galinha?.
1937 novembro Abandona a Faculdade de Direito faltando apenas uma prova do ltimo ano.
1938 Assume a dirao Artstica do Cear Rdio Clube PRE-9.
1941 Para o carnaval lanou a marcha Eu Vi a Chica Boa.
1941 Lauro Maia casa-se com Djanira Teixeira, irm do compositor Humberto Teixeira.
1942 Lana no Carnaval o samba Cara de Judeu e o samba batucada Praga de Urubu.
1942 Andrade Jnior, o Canelinha, forma um bloco carnavalesco a que d o nome de Escola de
Samba Lauro Maia.
1942 abril 16 gravada no Rio de Janeiro a msica de Lauro Maia Eu Vi Um Leo, pelo
grupo 4 Ases e 1 Curinga, em disco Odeon.
1942 julho 10 Nasce a filha Eva Maria Teixeira Maia.
1942 julho 16 Os Vocalistas Tropicais gravam, em acetato, seu samba Vila Monteiro, feito
em parceria com Aleardo Freitas.
1942 julho 18 - Grava, com Jos Menezes, o choro Saudades do Cariri em acetato.
107
1942 novembro 21 Gravado no Rio de Janeiro, pelos 4 Ases e 1 Curinga, o samba Prova de
Fogo, em selo Odeon.
1943 abril 02 O samba de Lauro Maia Febre de Amor gravado na Odeon por Orlando
Silva.
1943 Faz o samba O Nosso Cruzeiro.
1943 julho 01 Gravado pelos 4 Ases e 1 Curinga o chote estilizado Fan Ran Fun Fan, na
Odeon.
1943 agosto 03 Gravada em disco Odeon a marcha Trem de Ferro pelos 4 Ases e 1 Curinga.
1943 dezembro 12 Nasce seu filho Lauro Maia Filho.
1944 junho 02 Gravao da marcha infantil Palminha de Guin, pelo grupo 4 Ases e 1
Curinga, em disco Odeon.
1944 agosto 18 gravadao em disco Odeon o samba Bate Com o P no Cho, pelos 4 Ases e
1 Curinga.
1945 janeiro 12 Gravado em disco Odeon, pelos 4 Ases e 1 Curinga, o samba Cachimbo de
Barro e o fox Gosto Mais do Swing.
1945 fevereiro 08 Gravado o primeiro balanceio, de autoria de Lauro Maia, Eu Vou At De
Manh, pelos 4 Ases e 1 Coringa, na gravadora Odeon.
1945 maro 09 gravada a valsa Quando Dois Destinos Divergem, pelo cantor Orlando
Silva, em disco Odeon.
1945 junho 29 Gravada em disco Odeon a ligeira A Ribeira do Caxia, pelos 4 Ases e 1
Curinga.
1945 setembro A gravadora Continental lana o disco Olha o Gato, de Lauro maia, na
interpretao dos Namorados da Lua.
1945 setembro 03 gravada a primeira composio da dupla Lauro Maia-Humberto
Teixeira, Samba de Roa, com Orlando Silva, na Odeon.
1945 setembro 28 Orlando Silva grava o samba S Uma Louca No V, em disco Odeon.
108
1950 A Continental lana seu suplemento para maro e abril, nele figurando o baio Trem la
l, com Carmlia Alves.
1950 A etiqueta Capitol lana Catol, baio, com Stelinha Egg.
1950 abril 24 O choro Fasca gravado por Violeta Cavalcante na Odeon.
1950 julho 25 O remeleixo Oi Que T Bom T gravado na Todamrica por Helena ded
Lima.
1950 julho 27 William Fourneaut grava na Continental o baio Trem La L.
1950 setembro 26 O samba Desci do Morro gravado pelos Os Bomios, na Todamrica.
1951 maro-abril lanado o suplemento da Continental com a gravao do baio Trem
La L gravado por Jacques Pills.
1952 janeiro A Sinter lana o samba Marta, na voz de Ivan de Alencar.
1952 maro-abril O baio Vamos Balancear lanado pela Continental na voz de Helena de
Lima.
1952 junho 02 gravado na Continental, pela cantora Carmlia Alves O Balanceio Tem
Acar.
1953-1954 Lanado Catlogo da gravadora Parlophone com a msica Eu Vi Um Leo, de
Lauro Maia, gravao original com os 4 Ases e 1 Curinga sob n DP-146.
1955 maro 17 Gravada, pela segunda vez, pelo cantor Orlando Silva, a valsa de Lauro,
Quando Dois Destinos Divergem, em disco Odeon. Pulmonar.
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