O Cabrocha - Jota Efegê
O Cabrocha - Jota Efegê
O Cabrocha - Jota Efegê
CABROCHA
(Meu companheiro
de “farras”)
JOTA EFEGÊ
O CABROCHA
(Meu companheiro de “farras”)
JOTA EFEGÊ
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O CABROCHA
(Meu companheiro de “farras”)
1931
CASA LEUZINGER
Lavradio,162 - RIO
FRANCISCONI
o acrobata do lapis
illustrou
Aos meus AMIGOS
um voto “de caixão”
na urna da nossa amizade
A MINHA OPINIÃO
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Paulo Barreto, de saudosissima memoria, em “Religiões
no Rio”, disse pouco, inventou muito, fugiu sempre á verdade
e ridicularisou bastante.
O seu livro, amigo velho, approxima-se muito da
verdade foge por completo á vaidade do colorido e do estylo,
com que tanto se preoccupam os homens de letras...
promissorias.
E’ ali no duro, no “páo da goiaba”, como se diz na
gyria popular – e você JOTA, diz as coisas, com muita
precisão e singeleza.
O Cabrocha é um livro de humorismo, para ler e rir,
atravéz de bellas chronicas, em que, não
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Li O Cabrocha e ri gostosamente.
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Você, “seu” JOTA, fallou em – Prefacio!
Fazer Prefacio... eu?!
Com que roupa?
O que deixo aqui é a minha despretenciosa opinião
sobre o seu bello livro, que, sem favor nenhum, é tão bom
quanto os melhores que no genero têm apparecido.
Tenho dito.
VAGALUME.
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APRESENTAÇÃO
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O CABROCHA
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A rua do Ouvidor parecia um vasto rio a desaguar no
oceano as elegantes, que ao setimo dia veem para o footing, a
feira da elegancia.
Caminhava em direitura á esta rua lançando os meus
olhares ás filhas de Eva, que, num requebro gracil,
confirmando aquella sentença dum philosopho barato: “as
cadeiras são moveis e moveis”, lá se vão com o coração na
bocca, quando ouço alguem que me chamava:
– O’ Jota!... O’ Jota!...
Olhei surpreso. Era o Leitão, um desses cabrochas
populares, conhecidissimo nos suburbios da Central. O seu
nome eu ignoro, como a maioria de todos os outros. E’
unicamente o Leitão... o Leitão...
Gosa de grande prestigio entre as cabrochas e as
“roxinhas” do Magno, do Elles te dão e outros clubes
dansantes da zona suburbana da Central.
Approximei-me, e elle naquella expansão que o
caracterisa, encaminhou-me até o grupo onde se achava, alli
em frente ao Café Java. Apresentou-me diversos
“amiguinhos” que eu já conhecia e, entre elles, um que me
impressionou pela sua familiariedade e conversação. O seu
nome, tambem, não o guardei. Sempre fui pessimo registro de
nomes.
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NO “BOHEMIOS DE BOTAFOGO”
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Ao finalisar, todos acorreram á chapelaria afim de buscar
os chapéus, cada qual mais ancioso para ser attendido em
primeiro lugar.
Apanhei o meu chapéu e despedi-me de Cabrocha e,
agradecendo a bôa festa que me proporcionára, participei-lhe
que tinha de levar aquella moça á sua residencia.
Ele apertou as nossas mãos, dizendo:
– Bom, ó Jota: Segunda-feira você me encontra lá no
Largo... Cuidado com a menina, ajuntou maliciosamente.
Chamei um taxi que rapido nos conduziu. Ella mesma
pedira ao chauffeur que parasse um pouco antes da casa em
que trabalhava.
Saltámos e, em passos cadenciados, acompanhei-a até a
porta, onde conversámos longo tempo. Falei-lhe de amor. ella
tambem falou-me de amor... Pediu-me que voltasse ao
Bohemios no sabbado seguinte. Prometti. Só, se fosse
inteiramente impossivel, faltaria.
Talvez duvidando da minha promessa, perguntou-me
onde trabalhava. Calculadamente respondi:
– No Necroterio Policial... Sabe onde é?
– Sei, sim... Que cousa horrivel. Deus me livre!
Trabalhar no meio de defuntos, disse com repugnancia
graciosa.
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NA “FLOR TAPUYA”
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“Saudades...
E’ o que me traz aqui!”
E o pianista, voltando-se voluptuosamente, em contra-
cantos, respondia:
“Lembranças...
Recordações de ti!”
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“Saudades...
E’ o que me traz aqui!”
“Mas vejam só!...”
“Lembranças...
Recordações de ti!”
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mesas do buffet, installado alli mesmo, ao fundo do salão.
Pedimos cerveja. Ella recommendou ao garçon:
– Bem gelada, sim...
– Pode fazer mal. Estamos suados, disse interessando-
me.
– A mim, o mal todo do mundo só me fará bem.
Cabrocha, a um canto do salão, brincando com a mão
daquella menina com quem dansára o fox, sussurava-lhe ao
ouvido, com meiguice, o que a sua galanteria lhe dictava.
Quando a jazz iniciou um rag-time, elle, avistando-me
no buffet, fez um signal com a mão, perguntando-me se não
dansava. Respondi pelo mesmo processo, que estava
descansando.
O garçon trouxera as cervejas; bebemos seguidamente
dois copos, dum só folego. Ao terminarmos o segundo, ella
com graciosidade disse:
– E’ verdade. Não bebemos a nossa saude... Estavamos
tão distrahidos...
E, enchendo os copos, levantou o seu, convidando-me a
imital-a.
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NO “BAR COSMOPOLITA”
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tornando-se clara pela agradabilidade da sua voz, sem nada
dever ás celebres chanteuses que alegram os cabarets de
Paris, os grill-rooms da Broadway e da Fifth Avenue,
“riscando” com os olhos toda a assistencia, descobrira
Cabrocha, e um sorriso acentuado certificou-o da sua
distincção, que elle, esticando-se, marcando com a cabeça os
compassos do fox, fazia questão se realizasse.
Os marinheiros em progressiva embriaguez exclamavam,
de quando em quando:
– Very prett black!... Very good!... e acompanhavam-na
com desarticulação dos hombros, repetindo:
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NA “KANANGA DO JAPÃO”
Chovia copiosamente...
Recostado na cama, de pyjama, á vontade, lia com
attenção, como que preparando o somno deste sabbado que a
chuva, impiedosa, sem tréguas, tornava insipido, não obstante
haver Cabrocha, na terça-feira, aprazado um encontro para
esta noite, afim de irmos á Kananga do Japão, que, segundo
as suas palavras, “estava dando bôas mulheres”.
Assim, certo de que o temporal daquella noite invalidaria
a nossa “farra”, após o jantar recolhi-me ao quarto e, depois
de ler os vespertinos, intoleraveis na sua preoccupação de
noticiar conflictos e suicidios, dizpuz-me a reencetar a leitura
do Ajuda-te, o apreciado livro de Samuel Smiles, um dos
muitos livros educativos, que, quando eu
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nomia cansada e inexpressiva, se desfazia em ademanes,
sibilando as palavras, afeminando-se no todo.
Cabrocha, avistando-o tambem, cumprimentou-o
acenando numa continencia estylista a mão direita, tendo o
referido moço correspondido com commedimento.
Arguta, na sagacidade do seu sexo, alcançou a minha
extranheza ante aquelle rapaz afeminado e, com malicia,
indagou:
– Você não conhece o João Caruso?
– Não.
– Não conhece, o que!
– Francamente, não o conheço.
Certa que de facto não tinha relações com o alludido
Caruso, identificou-m’o:
– Aquelle é o João Caruso. Um “maricon” conhecido...
Cabrocha, participando da informação, additou:
– Elle tem um primo que tambem é “bichinho” – o
Americo.
– Aquella mulher é a “amiga” delle.
– Elles dois moram na rua Marquez de Abrantes...
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“Eu vi!
Eu vi!
Você bolinar Lili...”
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NO “PERFEITA UNIÃO”
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Mas, por conservação e economia, continua o nome de
Penha-Circular.
Saltando encontrei Cabrocha que me esperava á saida, e
seguimos a Estrada Braz de Pinna, por onde tambem, á nossa
frente, caminhavam apressadas algumas das minhas
companheiras de viagem, que pareciam anciosas por chegar á
festa.
Apontando-m’as, Cabrocha disse:
– “Tás” vendo quantas “pastoras” veem lá da cidade?
– Estou. Muitas vieram no mesmo carro em que viajei.
– Todos os sabbados vem uma porção dellas. Vão p’ro
Paraiso da Infancia, p’ro União da Mocidade e p’ro Perfeita
União...
– Estas tres sociedades são visinhas?
– São... No Carnaval ellas saem e vão lá p’ra Avenida
disputar com o Resedá, o Abacate...
Caminhando sempre, conversavamos sobre as grandes
porfias dessas aggremiações nas epocas carnavalescas,
quando cada qual, no “Dia dos Ranchos Leopoldinenses”, que
o chronista carnavalesco “Mysterioso” instituiu, se apresenta
ao julgamento fidalgamente vestida, com enredos
maravilhosos e estudados – sacrificio de innumeros
associados, operarios pobres, que, na loucura car-
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navalesca, empolgados pela competição folgazã, commetem
irresponsabilidades financeiras, com graves prejuizos para a
sua prole.
– Raciocinio carnavalesco! conclui com philosophia.
Após uma marcha ininterrupta de cerca de vinte minutos,
por uma estrada sem calçamente, embora illuminada, sem
qualquer especie de conducção, chegavamos á esquina da rua
onde tinha a sua séde o club que iamos visitar.
Esta rua, escura, quasi intransitavel, devido ao espesso
mattagal que alli germinava, tendo ao centro, causada pelas
chuvas, uma grande erosão, que servia de vala e escoadouro
de aguas servidas, apresentava como unico caminho uma
trilha estreita, em zig-zag.
A custo subimol-a, e então se nos apresentou a séde da
sociedade – uma casa simples e grande, ao centro de um
terreno illuminado por gambiarras e enfeitado de bandeiras
em papel de côr.
A’ porta, um crioulo com uma camisa verde e um gorro
cor-de-rosa caido sobre anuca cobrava os ingressos.
Entramos. O conjuncto musical, alojado num coreto á
frente do salão que, não sendo encerado e desprovido de
apresentação artistica, era, comtudo,
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Procurando os nossos chapéus, surpresos, não os
encontrámos. Cabrocha, sem perder a sua bonhomia,
exclamou:
– “Seu” Jota, os piratas “afanaram” os nossos bons
“palheiros”!
– E’ verdade, confirmei...
Sem chapéus, fomos aguardar um bonde em frente ao
Hospital Central do Exercito, razão pela qual, Cabrocha,
assim que se iniciou amoda da “calva á mostra”, affirmava,
sermos nós os precursores da inovação hoje tão generalisada,
por força dos seus effeitos economicos.
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A TURMA DO “PONTO CHIC”
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E’ gostoso mesmo?
– Não sei, “pergunta a elle”, respondeu Juracy fazendo-
se envergonhada.
Já os primeiros compassos duma marcha enchiam o
salão, e o Gostoso vindo buscar a nossa companheira
encerrou a conversação.
Cabrocha requintando em gentileza, em vista da excusa
de Juracy offereceu-me o seu par, a Filhinha, o que eu não
acceitei.
Os musicos cantando com vivacidade, fazendo
macaquices, espalhando-se pelo salão em meio dos
dansarinos, animavam o baile, e todos numa alegria
communicativa, recebiam condignamente o deus da galhofa,
que já iniciava o seu imperio entre os cariocas.
Eu, sem dansar, apreciava os innumeros pares que
passavam, cada qual mais preoccupado nas suas
choreographicas: uns, desordenados, batendo os pés,
tremendo o corpo; outros, elegantes, methodisados,
orgulhosos; todos alegres e exultantes.
Procopio de paletot de pyjama, dando ordens, dirigindo
amabilidades as damas, attendendo aos convivas, fazia um
presidente comme il faut – captivante e diligente.
Uma crioulinha fantaziada de japoneza, qual geisha de
ebano, dava a nota humoristica do baile,
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“Bolina,
Bolina,
Cae fóra do salão...”
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– Senhorinhas...
Depois, com gravidade e circumspecção:
– Meu senhor...
E para o Cabrocha, com affabilidade:
– Como passa o amigo?
– Bem... Vae “se indo”. E o doutor?
– Agora estou bem e fortalecido. Ha pouco tempo estive
doente. Estive com “orchitizis”, concluiu pondo a lingua entre
os dentes e sibilando o “zis” final, propositada e
demoradamente.
Encerrado os cumprimentos, quando o mulato retirou-se,
as moças que o olhavam de soslaio retomaram a intimidade
interrompida, e Juracy com ar de desdem exclamou:
– Esse sujeito é “besta”!
– Dizem que elle é “adevogado”, additou Filhinha.
E Juracy replicando, com o mesmo ar de desprezo:
– Só se é “adevogado de bufeti”. Eu sempre “vejo elle
assentado no bufeti”...
A’s tres e meia horas da madrugada de domingo, quando
já o Momo com todo seu sequito se avassalára da cidade,
retiramo-nos em companhia das nossas amiguinhas para
acompanhal-as á sua casa na rua do Paraiso.
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– E’... Já sei...
As moças chegaram a sua residencia, despedimos-nos, e
o vigilante, ainda amavel, desceu comnosco, sempre falando
sobre Carnaval.
Cabrocha que agora tinha chegado ao auge do desespero,
cortou a conversa decisivo e impolido:
– “Seu” guarda, nós “temo” pressa. Até logo, e accelerou
o passo ladeira abaixo.
E, já no ponto do bonde, aguardando-o, ainda contra-
feito, exclamou:
– Ah, “seu” Jota, se hoje não fosse Carnaval, eu tinha
“embrascado” aquelle guarda!...
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– Yôyô, esse trem vai p’ra Collegio?
Como não soubesse informar de prompto a pergunta que
me fôra feita, e procurasse um funccionario da Estrada que
pudesse satisfazel-a, talvez pensando que a difficuldade de
responder fosse devida ao laconismo da pergunta, additou:
– Eu vou “na” casa de “sinhá Rosa”, ellas estão me
esperando na estação. Ella me disse que tinha um trem ás 8
horas.,,
Indiquei-lhe um grupo de tres empregados daquella via
ferrea que mais adeante palestravam, os quaes, com a
solicitude que caracterisa os nossos patricios, promptamente
lhe informaram e indicaram-lhe onde deveria comprar os
bilhetes de viagem.
Mal acabava de apreciar esta scena de gentileza, vendo
aquella senhora, já avançada em annos, mas ainda
participando de festas que lhe faziam lembrar, embora com
pobreza, os festejos do “Senhor do Bomfim”, das “Candeas”,
etc., quando Cabrocha precedido de tres mulatinhas entrou na
estação.
Vinha tambem de branco, e as moças trajavam vestidos
de côres claras, bem assentes e novos.
Approximaram-se todos, e Cabrocha, como sempre,
excedendo-se em fidalguia, ao apresen-
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– Não repare, “seu” Jota. A casa é pequena e está muito
cheia... Esteja á vontade. Não faça “chiquê”...
Essa recepção simples, sem convenções, fez-me
depreender sem esforço que a referida senhora já havia sido
scientificada da minha comparencia á festa, e, numa
demonstração de fertilidade de memoria, precisara o meu
nome, que certamente lhe fôra dito na occasião de
communicarem o meu convite.
Precedendo-nos, afastando os dansarinos, levou-nos á
pequena saleta interior, onde estariamos mais a gosto, embora
alli tambem se dansasse.
Os “tocadores”, alojados no quarto, sentados na cama e
em algumas cadeiras, com os collarinhos desabotoados, en
intima commodidade, atacavam ininterruptamente
sambas,foxes, toadas, etc.
Um clarinetista que parecia ser o chefe do conjuncto, de
quando em quando, orgulhoso, numa exhibição de eximio
executante, “fazia um choro”, no qual predominava como
motivo uma nota sostenida, incerta, demorada, seguida de
notas graves, em escala ascendente e descendente, numa
vizarria musical agradavel e imperfeita, excedendo-se em
tregeitos, ora elevando o instrumento como uma trombeta de
caça, volteando-o para direita e para
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Attendendo a todos com diligencia, reclamava actividade
dos seus auxiliares, que eram, duas senhoras desembaraçadas
nesse mistér, e o José, um rapaz de modos afeminados, que
atendeu promptamente ao reclamo, trazendo um jarro cheio
de chopp.
– P’ra quem é o “chópe”, d. Maria?, perguntou com a
voz de falsete e o gesto de faceirice.
O apreciador dessa bebida apresentou o seu copo, e
Cabrocha, vendo o modo afeminado com que o moço
entornava o “louro liquido”, falou-me ao ouvido, em segredo:
– Tira uma “linha” desse v...
E pronunciou o nome dum animal, que serve de
desinencia para esses rapazes de sexo obtuso.
As moças entreolharam-se com malicia á presença
daquelle representante do terceiro sexo.
Satisfeitos os comensaes, cheios os copos e calices, o sr.
Peixoto levantou-se e todos o acompanharam dispostos a
ouvir a saudação do velho funccionario, que, desembaraçado,
após ter pedido “licença á dona da casa para fazer a saude dos
meninos”, começou em bom tom, com voz caprichosa e
modulada:
– Gentis senhoritas. “Inlustrissimas” senhoras casadas.
Meus senhores: Não vou fazer um dis-
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curso, porque não tenho competencia para falar nesta mesa,
onde eu sei que tem gente mais sufficiente do que eu, mas,
porém, vou falar para fazer a saude destes dois meninos, que
“ha de estar” nesta casa...
E, nessa algaravia de pessôa pouco letrada, afeita ao
convivio de outras mais cultas e de posição superior, o que é
commum na nossa burocracia official, seguiu com
progressiva animação para finalisar pedindo que “todos
levantassem os seus calices para fazer a saude dos dois
gemeos”.
Palmas prolongadas coroaram fartamente o brinde do sr.
Peixoto, que, além da pobreza de grammatica, fôra mal
pronunciado, exhuberando, comtudo, em sinceridade e pondo
a prova a forte crença religiosa do orador, cuja ignorancia das
suas bases o levou a incidir em erros contra as leis da sua
Egreja, mas cujas faltas eram redimidas pelo muito que o
coração emprestara ao seu pretenso discurso.
Emquanto as palmas abafavam as ultimas palavras do
orador, Cabrocha, valendo-se da expansão reinante, procurava
convencer-me para que eu secundasse a oração do sr. Peixoto,
e querendo envaidecer-me:
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A PARTIDA
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Cabrocha”.
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ACABADO DE IMPRIMIR
PELA “CAZA LEUZINGER”
Á RUA DO LAVRADIO, 162,
164,166 – EM 23 DE SE-
TEMBRO DE 1931 – –
– RIO DE JANEIRO –
[4ª CAPA]
CASA LEUZINGER
J. D’ALMEIDA LUSTOSA & C. – RUA DO LAVRADIO, 162-166
TYPOGRAPHIA
LITHOGRAPHIA
LINOTYPIA
ENCADERNAÇÃO
PAUTAÇÃO
DOURAÇÃO