I Hidrodinâmica Das Ondas Do Mar - A
I Hidrodinâmica Das Ondas Do Mar - A
I Hidrodinâmica Das Ondas Do Mar - A
I-1
FIGURA I.1: Espectros de energia para duas reas (a) e (b) no mesmo mar. No caso (a) tem-se a
rea central da tempestade e no caso (b) uma rea afastada.
(OPEN UNIVERSITY COURSE TEAM ,1997)
As ondas naturais so frequentemente descritas somente pela sua altura significativa, Hs,
correspondente altura mdia do tero maior de ondas de um registro e pelo seu perodo mdio,
Tz,. Ambas as grandezas so estatisticamente definidas por ondas correspondentes ao
cruzamento ascendente do zero (nvel dgua em repouso).
I.3 DISPERSO DA ONDA E VELOCIDADE DE GRUPO
Aquelas ondas em guas profundas que tm maiores perodos, e consequentemente
maiores comprimentos, deslocam-se mais rapidamente, sendo portanto as primeiras a atingir
regies afastadas da tempestade que as gerou. O registro numa localidade de ondas provenientes
de uma tempestade a grande distncia (mais de 500 milhas nuticas digamos) mostra ao longo do
tempo que o pico do espectro de energia desloca-se progressivamente para as altas frequncias,
com o que possvel estimar as sucessivas celeridades e estimar o tempo e local de sua origem.
Esta separao das ondas devido s diferentes celeridades conhecida como disperso.
Esta caracterstica produz um fenmeno de interferncia entre ondas que forma os chamados
grupos de ondas, os quais apresentam uma celeridade de grupo.
A Figura I.2 evidencia um simplificado e idealizado exemplo de interferncia de dois
trens de onda sinusoidais com pequena diferena de comprimento, e consequentemente de
perodo, e mesma altura das ondas (H), movendo-se no mesmo rumo. possvel proceder-se
soma dos dois trens, j que a superposio de solues permissvel quando se usa a Teoria
Linear. Nas posies em que as cristas dos dois trens de onda coincidem, estando completamente
em fase, as amplitudes somam-se e a altura de onda observada 2H. Nas posies em que as
cristas de um trem de onda coincidem com os cavados do outro, os dois trens de onda esto
completamente em oposio de fase, a altura de onda resultante nula, isto , as amplitudes
cancelam-se e a superfcie dgua tem mnimo deslocamento.
I-2
FIGURA I.3: A relao entre celeridade de onda e celeridade de grupo. medida que
a onda avana da esquerda para a direita, cada onda move-se atravs do grupo para
extinguir-se na frente ( por exemplo a onda 1), medida que novas ondas formam-se
na retaguarda (por exemplo a onda 6). Neste processo a energia da onda encontra-se
contida em cada grupo e avana com a velocidade de grupo.
I-3
cg =
c
2kh
1 +
2
senh 2kh
sendo:
Em guas profundas:
co
2
no = 0,5
cgo =
Em guas rasas:
cg = c
n = 1
Assim, excetuando a rea de guas rasas em que cada onda representa seu prprio grupo,
a celeridade das ondas maior do que a celeridade de grupo. Desta forma, um observador que
segue um grupo de ondas com a sua velocidade nota que as ondas componentes surgem no ponto
nodal da retaguarda do grupo e movem-se para a frente, atravs do grupo, viajando com a
celeridade e desaparecem no ponto nodal da vanguarda do grupo.
A celeridade de grupo importante porque com esta velocidade que a energia das
ondas se propaga.
I.4 ENERGIA DA ONDA
I.4.1 Presso subsuperficial
A presso subsuperficial efetiva sob a ao das ondas dada por:
P=
a cosh[k (h + z )]cos(kx t )
cosh (kh )
sendo:
Kz =
cosh[k (h + z )]
cosh(kh)
FIGURA I.4: Diagramas de cargas de presses pela passagem da crista e cavado da onda. (IPPEN,
1966)
1
g H 2 L
8
A energia total da onda por unidade de rea superficial, denominada energia especfica,
I-5
dada por:
E =
1
g H 2
8
Obviamente nenhuma energia transmitida atravs das regies com ausncia das ondas,
isto entre os grupos de ondas. Por outro lado, a transmisso de energia mxima quando as
ondas no grupo atingem a mxima dimenso. Em assim sendo, a energia est contida no grupo
de onda e propaga-se com a velocidade de grupo.
O fluxo de energia da onda a taxa pela qual a energia transmitida no rumo de
propagao da onda atravs de um plano vertical perpendicular a esta e estendendo-se por toda a
profundidade. A energia transmitida durante um perodo equivale totalidade da energia contida
num comprimento de onda. O fluxo de energia mdio por unidade de comprimento de crista :
P = E cg = E n c
P o = E o no co =
[ - 2 ( H/ H ) ] = e[ - ( H/ H
2
RMS
)2 ]
correspondendo respectivamente a clculos com a altura significativa Hs: mdia do tero maior
2
de alturas das i ondas de um registro e a raiz do valor quadrtico mdio HRMS =
Hi .
Segundo esta distribuio, tem-se os seguintes valores notveis para as alturas de ondas:
( )
FIGURA I.6: Previso de longo perodo de retorno da altura de onda mxima na Praia do
Leste, Paranagu (PR). (BANDEIRA, 1974)
I-8
FIGURA I.7: Gerao de onda pelo vento: estimativa das caractersticas da agitao
significativa em guas profundas gerada pelo vento. (U.S. ARMY, 1984)
FIGURA I.8: Subquadrados 34, 44, 45, 46, 56 e 57 do Quadrado 376 de MARSDEN
I-9
Perodo de registro
do ondgrafo
1,60
linha de tendncia
Altura (m)
1,40
CDTN
1,20
1,00
0,80
Mdia = 1,10m
0,60
0,40
1965
1970
1980
1975
1985
1990
Ano
Rumo ( NV)
160
linha de tendncia
150
CDTN
140
130
120
110
Mdia = 135,5
1965
1970
1980
1975
1985
1990
Ano
CDTN
Perodo (s)
7
linha de tendncia
6
5
4
Mdia = 5,0s
3
1965
1970
1975
1980
1985
1990
Ano
FIGURA I.9: Mdia anual dos parmetros de ondas obtidos dos dados do BNDO
(BRASIL/MARINHA/DHN) e da NUCLEBRAS/CDTN (1982 a 1985) para o subquadrado
46 do quadrado 376 de MARSDEN. Regio ao largo da Praia Grande (SP). (ARAJO &
ALFREDINI, 2001)
I-10
Ano
Rumo ()
Tz (s)
H0s (m)
1982
129,6
5,4
1,19
1983
132,9
4,9
1,00
1984
128,0
5,2
1,12
1985
129,4
5,4
1,11
TABELA I.1: - Dados de onda mdios em gua profunda calculados a partir dos dados do
BNDO do subquadrado 46 do quadrado 376 de MARSDEN - regio ao largo da Praia Grande
(SP). (ARAJO, 2000)
Ano
Rumo ()
Tz (s)
H0s (m)
1982
132,7
8,3
1,21
1983
134,8
7,1
1,23
1984
137,9
7,2
1,10
1985
124,5
7,1
0,82
TABELA I.2: - Dados de onda mdios em gua profunda calculados a partir dos dados da
NUCLEBRAS/CDTN da Praia do Una em Iguape (SP). (ARAJO,2000)
Intervalo de
Rumo ()
Tz (s)
H0s (m)
Frequncia (%)
95 -100
100 - 105
105 - 110
110 - 115
115 - 120
120 - 125
125 - 127,5
127,5 - 130
130 - 132,5
132,5 - 135
135 - 137,5
137,5 - 140
140 - 142,5
142,5 - 145
145 - 147,5
147,5 - 150
150 - 152,5
6,8
8
7,7
7,5
7,7
7
6,9
6,2
6,8
7,2
7,7
7,6
6,8
7,1
7,4
7,4
9,2
1,43
1,25
1,47
1,02
1,35
1,40
1,44
0,97
0,95
1,15
1,41
1,54
1,55
1,34
1,48
1,22
1,21
0,35
0,52
1,05
1,48
1,31
2,18
1,83
3,75
12,82
23,63
21,97
12,38
3,23
2,88
2,96
2,18
1,92
I-11
152,5 - 155
155 - 160
160 - 165
165 - 170
170 - 175
175 - 180
7,5
8,5
9,3
8,8
7,7
8,5
1,56
1,43
1,92
1,43
1,30
1,88
0,96
0,87
0,35
0,52
0,52
0,35
TABELA I.3: - Dados de ondas representativos em gua profunda a partir dos dados da
NUCLEBRAS/CDTN (1982 a 1985) da Praia do Una em Iguape (SP). (ARAJO,2000)
1.6.1.1 Generalidades
O empolamento e a refrao so deformaes sofridas pela onda e que ocorrem devido
diminuio da profundidade e batimetria que a mesma encontra ao propagar-se em direo
costa.
Embora existam outras deformaes que alteram os parmetros de ondas, como a
reflexo e a difrao, em trechos de costa abertos, desabrigados e sem obstculos
incidncias das ondas, como no caso da Praia Grande e de Perube em So Paulo (ver Figura
I.10), estas deformaes so desprezveis.
FIGURA I.10: Linha de costa da Ponta de Itaipu Foz do Rio Ribeira do Iguape (SP).
I-12