1) Os mais antigos vestígios humanos na Península Ibérica datam de 1,1 a 1,2 milhões de anos atrás.
2) Durante a Idade da Pedra, a região era habitada por caçadores-coletores.
3) Os Romanos conquistaram a região entre os séculos II a.C. e I d.C., deixando um legado cultural e econômico.
1) Os mais antigos vestígios humanos na Península Ibérica datam de 1,1 a 1,2 milhões de anos atrás.
2) Durante a Idade da Pedra, a região era habitada por caçadores-coletores.
3) Os Romanos conquistaram a região entre os séculos II a.C. e I d.C., deixando um legado cultural e econômico.
1) Os mais antigos vestígios humanos na Península Ibérica datam de 1,1 a 1,2 milhões de anos atrás.
2) Durante a Idade da Pedra, a região era habitada por caçadores-coletores.
3) Os Romanos conquistaram a região entre os séculos II a.C. e I d.C., deixando um legado cultural e econômico.
1) Os mais antigos vestígios humanos na Península Ibérica datam de 1,1 a 1,2 milhões de anos atrás.
2) Durante a Idade da Pedra, a região era habitada por caçadores-coletores.
3) Os Romanos conquistaram a região entre os séculos II a.C. e I d.C., deixando um legado cultural e econômico.
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Pr-histria[editar | editar cdigo-fonte]
Ver artigo principal: Pr-histria da Pennsula Ibrica e Povos ibricos
pr-romanos
Mapa tnico-Lingustico da Pennsula Ibrica cerca de 300 AC.
Os mais antigos fsseis conhecidos de homindeos na Europa,
datados de 1,1 a 1,2 milhes de anos a.C., foram encontrados no norte da pennsula ibrica, na serra de Atapuerca.[1] Em Portugal, os vestgios humanos mais antigos datam de h cerca de 500-300 mil anos,[2] quando a regio era habitada por neandertais.[3] Os vestgios mais antigos conhecidos de Homo sapiens so de homens de Cro-Magnon com "traos" de neandertal, com 24.500 anos. O fssil de uma criana encontrado no Vale do Lapedo[1] interpretado como indicador de populaes hbridas resultantes do cruzamento das duas espcies. So tambm os vestgios de seres com caractersticas neandertais mais recentes que se conhecem, possivelmente os ltimos da sua espcie.[4] Estas eram sociedades paleolticas de subsistncia, de caadores-coletores que deixaram vestgios como a arte rupestre do Vale do Coa a norte [5] e a gruta do Escoural, a sul. [6]
Aps o fim da ltima idade do gelo, h cerca de 12 a 11 mil anos, as
alteraes climticas permitiram iniciar a domesticao de animais de pastoreio, algumas culturas de cereais e a pesca.[1] O neoltico testemunhado no sul de Portugal por utenslios de pedra e pela cultura megaltica, com dlmens como a anta Grande do Zambujeiro,[7] menires como no cromeleque dos Almendres, bem como arte esquemtica como na anta pintada de Antelas e em dolos-placa.[8]
A idade do bronze da pennsula, com o desenvolvimento da olaria e
outros metais como ouro e prata, iniciou-se cerca de 4000 a.C a sul, em locais como El Argar, de onde se espalhou.[7] No terceiro milnio a.C, vrias ondas de povos indo-europeus celtas vindos da Europa Central invadiram o territrio. Misturando-se com as populaes locais, formaram diferentes grupos tnicos, com numerosas tribos.[7] As principais dessas tribos foram os galaicos, que estabeleceram a cultura castreja a norte, os lusitanos no centro, os clticos no Alentejo, e os cinetes ou cnios no extremo sul de Portugal (regies do Algarve e Alentejo). A se desenvolveu a escrita do sudoeste, uma das escritas paleo-hispnicas. A sul, na mesma altura, estabeleceram-se tambm alguns postos comerciais costeiros semi- permanentes de fencios[7] e, a partir do sculo V a.C., de cartagineses.[9] Proto-histria (sculo III a.C.1147)[editar | editar cdigo-fonte]
Romanizao[editar | editar cdigo-fonte]
Ver artigo principal: Invaso romana da Pennsula Ibrica, Lusitnia,
Galcia
As provncias romanas Lusitnia e Galcia, reorganizao da
Hispnia de Diocleciano, 298.
Os Romanos iniciaram a invaso da Pennsula Ibrica (a que
chamavam "Hispnia") em 218 a.C, durante a Segunda Guerra Pnica contra Cartago. A anexaram inicialmente duas regies como provncias, a Hispnia Citerior (nordeste) e a Hispnia Ulterior (sudoeste)[10] A minerao foi o primeiro factor de interesse na regio: um dos objectivos estratgicos de Roma era cortar a ligao de Cartago com as minas hispnicas de cobre, estanho, ouro e prata.[11]
No fim do sculo I a.C. foi criada a provncia da Lusitnia, que
correspondia a grande parte do actual Portugal a sul do rio Douro e estremadura espanhola, com capital em Emerita Augusta (Mrida).[10] Os romanos exploraram com intensidade minas como Aljustrel (Vipasca) e So Domingos, na Faixa Piritosa Ibrica que se estende at Sevilha. [12]
Enquanto o sul foi ocupado com relativa facilidade, a anexao do
norte s se deu muito depois, em parte devido resistncia dos povos nativos. Povos clticos, como os lusitanos liderados por Viriato nos Montes Hermnios (Serra da Estrela), conseguiram conter a expanso romana durante anos. [13] Perito em tcticas de guerrilha, Viriato travou uma guerra incansvel contra os invasores, derrotando sucessivamente vrios generais romanos, at ser morto traio em 140 a.C.. A conquista total da pennsula ibrica ocorreu dois sculos aps a chegada, quando os romanos venceram as guerras cantbricas, no tempo do imperador Augusto (19 a.C.) [10]. Em 74 Vespasiano concedeu o "direito latino" (equiparao aos municpios da Itlia) a grande parte dos municpios da Lusitnia. Em 212 a Constituio Antonina atribuiu a cidadania romana a todos os sbditos (livres) do imprio e, no fim do sculo, o imperador Diocleciano fundou a Galcia, que integrava o norte do actual Portugal, a Galiza e as Astrias, ltimos territrios conquistados.[10]
Ponte de Trajano sobre o rio Tmega, Chaves (Portugal).
A economia da Hispnia teve uma enorme expanso. Alm da minerao, os romanos desenvolveram a agricultura naquelas que eram algumas das melhores terras agrcolas do imprio. No actual Alentejo cultivaram vinha e cereais, e no litoral desenvolveram a indstria pesqueira para fabricao de garum- no litoral algarvio, em Lisboa[14], na Pvoa de Varzim, em Matosinhos e em Tria[15]- que exportavam pelas rotas comerciais romanas para todo o imprio. As transaes comerciais eram facilitadas pela cunhagem de moeda e pela construo de uma extensa rede viria, aquedutos e pontes, como a de Trajano em Aquae Flaviae (actual Chaves).[10] Os romanos fundaram numerosas cidades- como Olisipo (Lisboa), Bracara Augusta (Braga), Emnio (Coimbra), Pax Julia (Beja) [16]- e deixaram um importante legado cultural naquilo que hoje Portugal: o latim Vulgar tornou-se o idioma dominante da regio[17], base da lngua portuguesa, e a partir do sculo III o cristianismo difundiu-se em toda a Hispnia.[18]
Invases brbaras[editar | editar cdigo-fonte]
Ver artigos principais: Invases brbaras da Pennsula Ibrica, Reino
Suevo e Reino Visigtico
Pennsula Ibrica c. 560: Territrio suevo com capital em Braga
(azul); territrio visigodo com capital em Toledo (ocre)
Em 409, com o declnio do Imprio Romano, a pennsula Ibrica foi
ocupada por povos de origem germnica, a que os romanos chamavam brbaros.[19] Em 411, num contrato de federao com o imperador Honrio, vrios destes povos instalaram-se na Hispnia: suevos e vndalos asdingos na Galcia, alanos, de origem persa, na Lusitnia e Cartaginense. [20]Destes povos, suevos e visigodos foram os que tiveram uma presena mais duradoura no territrio correspondente a Portugal. Como em toda a Europa ocidental as cidades sofreram uma acentuada decadncia, e tanto na vida urbana como na economia verificou-se uma ruralizao.[21]
Os suevos fundaram o reino suevo com capital em Braga, chegando
a dominar at Emnio (Coimbra).[22] Com as invases desapareceram as instituies romanas, mas manteve-se de p a organizao eclesistica, que os suevos adoptaram ainda no sculo V, seguidos pelos visigodos, e que foi um importante instrumento de estabilidade. Apesar de inicialmente adeptos do arianismo e do priscilianismo,[23] adoptaram o catolicismo das populaes locais hispano-romanas no ano 449, evangelizados por influncia de S. Martinho de Braga.[24] A governao sueva baseou-se nas parquias, descritas no Parochiale suevorum de c.569. [23] e o reino suevo tornou-se o primeiro reino cristo da Europa, sendo tambm o primeiro a cunhar moeda prpria.[25]
Em 415 os visigodos, inicialmente instalados na Glia, avanaram
para sul como aliados do Imprio Romano para expulsar alanos e vndalos, [26] e fundaram um reino com capital em Toledo. A partir de 470 cresceram os conflitos entre o reino suevo e o vizinho reino visigodo. Em 585 o rei visigodo Leovigildo conquistou Braga e anexou a Galcia.[27] A partir daqui toda a Pennsula Ibrica ficou unificada sob o reino visigodo (excepto algumas zonas do litoral sul e levantino, controladas pelo Imprio Bizantino e a norte pelos vasces). A estabilidade interna do reino foi sempre difcil, pois os visigodos eram uma minoria e professavam o arianismo, enquanto a populao local era catlica. A sua estratgia inicial foi manter-se como minoria dirigente estritamente separada da maioria autctone. No entanto a consolidao dos seus reinos deu-se precisamente devido integrao com a populao local, adoptando a lngua latina, adaptando a lei romana e convertendo-se com Recaredo I ao catolicismo[21] Mas em 710 uma crise dinstica entre partidrios dos reis Rodrigo e gila II levou invaso muulmana que resultou no colapso do reino.[28]
Ocupao rabe[editar | editar cdigo-fonte]
Ver artigo principal: invaso rabe da Pennsula Ibrica, al-Andalus,
Gharb al-ndalus
Antiga mesquita de Mrtola, no sul de Portugal, hoje Igreja de Santa
Maria da Assuno.
Em 711, um exrcito omada de berberes e rabes recm
convertidos ao islo liderados por Tariq ibn Ziyad[29] [nota 1], desembarcou em Gibraltar aps conquistar o norte de frica.[30] Aproveitando-se das lutas internas que dividiam os visigodos ou chamados como aliados da faco de gila II, venceram a batalha de Guadalete contra as foras do rei visigodo Rodrigo. Rapidamente avanaram at Saragoa, beneficiando do povoamento disperso para conquistar quase toda a pennsula.[31]. Ao territrio ocupado como provncia do Califado Omada chamavam Al Andaluz. Ao oeste da pennsula, correspondente a Portugal, chamavam o Gharb al-Andalus ou simplesmente Al-Garb (o ocidente).[32]
As populaes locais puderam permanecer nas suas terras mediante
pagamento. Os seus hbitos, cristos e judeus foram tolerados.[33]. Apesar de arabizados, os morabes mantiveram um contnuo de dialetos romnicos -a lngua morabe- e rituais cristos. Os novos ocupantes desenvolveram a agricultura, melhorando os sistemas de rega romanos, introduzindo a cultura de arroz e de citrinos, alperces e pssegos.[34].
Em 756 Abderramo I, resistindo ao domnio abssida, fundou no al-
Andaluz um emirado independente que se tornou o florescente califado de Crdova.[35] A sua economia assentava no comrcio, na agricultura e na indstria artesanal muito desenvolvidos. A cunhagem de moeda foi fundamental e uma das mais importantes poca. A capital, Crdova, foi durante o sculo X uma das maiores cidades do mundo e um centro financeiro, cultural, artstico e comercial com bibliotecas, universidade, uma escola de medicina e de tradutores de grego e hebraico para o rabe.[36]
Em 1009 um golpe de estado iniciou um perodo de guerra civil no
Al-Andalus, a fitna, que conduziu fragmentao do califado em reinos rivais, as taifas.[37]. O territrio a sul do Douro foi dividido entre as taifas de Badajoz, de Sevilha e de Silves. Livres de um poder central, cidades como Alccer do sal e Lisboa e Silves desenvolveram-se com base no comrcio. A partir de 1090 os almorvidas, que predicavam o cumprimento ortodoxo do Islo, foram chamados por Al-Mu'tamid, o rei poeta da taifa de Sevilha, para auxiliar na defesa face ao avano de Afonso VI de Leo e Castela e reunificaram o al Andaluz por algum tempo at que este se desintegrou de novo, originando novas taifas. Entre 1144-1151 existiram trs taifas no que hoje Portugal: a Taifa de Mrtola, a Taifa de Silves e a Taifa de Tavira, depois integradas no Califado Almada vindos de Marrocos, descontentes com o insucesso em revigorar os estados muulmanos e suster a reconquista crist. A ocupao rabe da pennsula durou mais de cinco sculos durante os quais, partindo das Astrias, a nica regio que resistiu invaso rabe, se desenvolveu um movimento de reconquista da Pennsula. [38].
Formao do Reino de Portugal (11391385)[editar | editar cdigo-
fonte]
Ver artigo principal: Reconquista, Condado Portucalense,
Independncia de Portugal, Reino de Portugal, Dinastia de Borgonha
Evoluo das fronteiras dos territrios na Pennsula Ibrica entre 914
e 1250.
Desde 718, refugiando-se da sbita invaso muulmana da
Pennsula Ibrica, um grupo de cristos visigodos resistiu acantonado a norte, na regio montanhosa das Astrias. A, liderados por Pelgio, fundaram o Reino das Astrias e iniciaram a reconquista de territrios. [39] Este processo gradual originou o nascimento de pequenos reinos, que iam sendo alargados medida que as conquistas eram bem sucedidas. Assim nasceram o Reino de Leo, de Navarra, de Arago, de Castela e da Galiza. [40]
Em 1096 o rei Afonso VI de Leo e Castela entregou o governo do
Condado Portucalense, formado em 868 entre os rios Minho e Douro,[41] a Henrique de Borgonha pelo casamento com a sua filha Teresa de Leo. Depois da morte de D.Henrique, D.Teresa tentou alargar os seus domnios e obter a autonomia aliada alta nobreza galega contra a sua meia-irm Urraca de Leo e Castela. Mas em 1121 teve de recuar e negociar um tratado, mantendo-se o condado um vassalo do reino de Leo.[42]
Teresa exercera a regncia durante a menoridade do seu filho,
Afonso Henriques. Mas em 1122 os interesses de ambos chocaram, quando este se ops a uma unio galego-portuguesa. A posio de favoritismo de D.Teresa em relao aos nobres galegos e a indiferena para com os fidalgos e eclesisticos portucalenses originou a revolta que este liderou. D. Afonso Henriques armou-se cavaleiro e passou a viver em Coimbra.[43] Em 1128 venceu a batalha de So Mamede contra as foras de sua me e Ferno Peres de Trava. Assumiu ento o governo do condado e concentrou esforos em negociaes junto da Santa S para alcanar a autonomia. Simultaneamente procurou alargar os seus domnios, conquistando territrio aos muulmanos, enquanto lutava contra as foras de seu primo Afonso VII de Leo e Castela.[42]
Em 1139, depois de uma importante vitria contra um contingente
mouro na batalha de Ourique, D. Afonso Henriques foi aclamado rei de Portugal, com o apoio das suas tropas.[44] Nascia assim o Reino de Portugal, com capital em Coimbra e iniciava-se a primeira dinastia. A independncia portuguesa foi reconhecida por Leo e Castela em 1143 pelo tratado de Zamora. Em 1147, com o apoio de cruzados norte europeus,[45] Afonso I de Portugal conquistou Lisboa. Com a pacificao interna, prosseguiu as conquistas aos mouros, empurrando as fronteiras para sul, desde Leiria ao Alentejo.
Considera-se que foi em 1211, reinado de D. Afonso II, a primeira
vez que foram reunidas cortes em Coimbra com representantes do clero e nobreza. Foram publicadas importantes leis para proteger os bens da Coroa, garantir as liberdades e proibir os abusos dos funcionrios rgios. Em 1249 o Al-Gharb (Algarve) mourisco foi includo no reino cristo de Portugal, concluindo a reconquista portuguesa. Isso aconteceu no reinado de D. Afonso III, que acrescentou sua intitulao "Rei de Portugal e do Algarve". Em 1254 foram realizadas cortes em Leiria, onde estavam pela primeira vez representantes das vilas e cidades. Em 1297 D. Dinis selou a paz com os reinos de Leo e de Castela e fixou os limites fronteirios pelo Tratado de Alcanizes. Anos antes, em 1290, adoptara como lngua oficial do reino de Portugal, em vez do latim, a "lngua vulgar" (galego-portugus), a que chamou lngua portuguesa.
Consolidao e expanso (13851580)[editar | editar cdigo-fonte]
Crise de 13831385 e dinastia de Avis[editar | editar cdigo-fonte]
Ver artigo principal: Crise de 13831385 em Portugal, Batalha dos
Atoleiros, Batalha de Aljubarrota, Batalha de Valverde, Dinastia de Avis, Aliana luso-britnica
A Batalha de Aljubarrota que assegurou a independncia face a
Castela, a nova dinastia de Avis e a aliana luso-britnica. Pintura do sculo XV de Jean d'Wavrin,British Library
Desde 1369, no incio do seu reinado, D. Fernando I travou as
guerras fernandinas contra foras castelhanas, ao reclamar-se herdeiro do trono de Castela. Mais tarde, no contexto da guerra dos cem anos que dividia a Europa, apoiou a pretenso de Joo de Gant, duque de Lancaster, ao mesmo trono. [46] Contudo, pouco antes de morrer, viu a sua impopular mulher Leonor Teles de Menezes negociar o casamento da filha Beatriz de Portugal com Juan I de Castela, planeando entregar-lhe o trono de Portugal. [46]
Desde as guerras fernandinas, a nobreza portuguesa dividira-se em
duas faces: pro-castelhanas e pro-inglesas. Aps a morte de D. Fernando I, sem herdeiros masculinos, a regncia de Leonor Teles lanou o reino num perodo de guerra civil e anarquia, com uma parte significativa da populao revoltada face possibilidade da perda de independncia. [47] Durante a crise de 1383-1385, a rainha partilhava o governo com o nobre galego Joo Fernandes Andeiro. A faco pela independncia que se lhe opunha era liderada pelo meio-irmo de D. Fernando, D. Joo, Mestre de Avis. Em dezembro de 1383, D. Joo liderou uma revolta contra a rainha que matou o Andeiro. Aps a morte do conde, o povo de Lisboa aclamou-o Regedor e Defensor do Reino. De imediato as foras de Juan I de Castela entraram em Portugal e cercaram Lisboa. Em abril de 1384, Nuno lvares Pereira, nomeado fronteiro do Alentejo, vence uma fora castelhana em nmero superior sua na batalha dos Atoleiros.
Em 1385, os castelhanos avanaram para tomar o trono de Portugal.
[48] Convocaram-se ento as cortes de Coimbra de 1385. A, um grupo de nobres e mercadores que inclua Nuno lvares, ops-se ao Partido Legitimista leal a D. Leonor. Procurando garantir a independncia do reino, nomearam ento como rei de Portugal D. Joo, Mestre de Avis, filho ilegtimo de Pedro I.[49]. Assim terminava a dinastia de Borgonha e iniciava-se uma segunda dinastia portuguesa, a dinastia de Avis.
Com aliados ingleses, D. Joo I liderou uma vitria determinante na
batalha de Aljubarrota, que aniquilou definitivamente o exrcito castelhano e assegurou a independncia do reino. Os exrcitos portugueses foram comandados por Nuno lvares Pereira, nomeado Condestvel do Reino. Meses depois, o condestvel invadiu Castela e infligiu nova derrota na batalha de Valverde. O casamento de D. Joo I com D. Filipa de Lencastre, princesa inglesa filha de Joo de Gant, e a assinatura do Tratado de Windsor (1386) selaram a aliana luso-britnica.
Descobrimentos e formao do imprio portugus[editar | editar
cdigo-fonte]
Ver artigo principal: Descobrimentos portugueses, Imprio Portugus
Descobrimentos portugueses de 1415-1543, principais rotas no
Oceano ndico (azul), territrios portugueses no reinado de D. Joo III (verde).
Em 1415 foras de D. Joo I conquistaram a cidade de Ceuta, no
norte de frica, movidas pelo esprito de continuao da reconquista e pelo interesse comercial. Foi o incio do expansionismo portugus.[50]
medida que os muulmanos retaliavam e desviavam as rotas
comerciais, decidiu-se investir na explorao por mar ao longo da costa africana. Para dirigir a explorao foi nomeado o Infante D. Henrique.[51] A partir de 1419, com o incentivo do infante, navegadores experientes e os mais avanados desenvolvimentos nuticos e cartogrficos da poca, exploraram a costa ocidental de frica sistematicamente, cada vez mais para sul. Em 1418/19 chegaram ao arquiplago da Madeira e em 1427 aos Aores onde estabeleceram capitanias que prosperaram da agricultura e de uma florescente indstria de acar.[52]
Gil Eanes transps o difcil Cabo Bojador em 1434.[53] Aps
aperfeioar a caravela em meados do sculo, em 1479 passaram o Equador. Em 1471 no Golfo da Guin foi estabelecida a feitoria de So Jorge da Mina para apoiar um florescente comrcio de ouro de aluvio. Partindo da Mina Diogo Co fez o primeiro contacto com o Reino do Congo.[54] Intensificam ento a busca de um caminho martimo para as "ndias", alternativo ao Mediterrneo - dominado pelas repblicas martimas italianas, pelos otomanos, pelos mouros e por piratas- no lucrativo comrcio de especiarias. Aps sucessivas viagens exploratrias, em 1488 Bartolomeu Dias dobrou o Cabo da Boa Esperana, entrando pela primeira vez no Oceano ndico a partir do Atlntico.[55]
A chegada de Cristvo Colombo Amrica em 1492 precipitou uma
negociao entre D. Joo II e os Reis Catlicos de Castela e Arago. Como resultado foi assinado em 1494 o Tratado de Tordesilhas, dividindo o mundo em duas reas de explorao demarcadas por um meridiano situado entre as ilhas de Cabo Verde (a 370 lguas a oeste deste arquiplago) e as recm descobertas Carabas: cabiam a Portugal as terras "descobertas e por descobrir" situadas a leste deste meridiano, e Espanha as terras a oeste dessa linha.[56] Em 1498, Vasco da Gama chegou ndia, estabelecendo o primeiro contacto direto da Europa com a sia e inaugurando a importante rota do cabo.[57] Em 1500, na segunda viagem para a ndia, Pedro lvares Cabral desviou-se da costa Africana e aportou no Brasil.[58] Em Lisboa foi ento estabelecida a Casa da ndia para administrar todos os aspetos do comrcio e da navegao alm-mar e foi nomeado o primeiro vice-rei da ndia sediado em Cochim.[59]
A vitria na Batalha de Diu afastou mamelucos e rabes, facilitando
o domnio portugus do ndico. Em 1510 sob o governo de Afonso de Albuquerque foi constitudo o Estado Portugus da ndia com capital em Goa, primeira conquista territorial. Albuquerque conquistou Malaca em 1511, alcanando as ambicionadas "ilhas das especiarias" (ilhas Molucas) em 1512, e aportando na China um ano depois. Enquanto isso outros navegadores exploravam o Oceano Pacfico ao servio do Imprio Espanhol, como Ferno de Magalhes. Na sequncia da sua viagem de circum- navegao, quando as exploraes portuguesas e espanholas convergem nas ilhas Molucas foi firmado em 1529 o Tratado de Saragoa que demarcou as exploraes no oriente: as Molucas foram atribudas a Portugal e as Filipinas a Espanha.[60] Rotas comerciais portuguesas de Lisboa a Nagasaki entre 1580-1640 (azul); rotas rivais espanholas (branco) com o chamado galeo de Manila estabelecido em 1565
De 1415 at 1534, quando se iniciou colonizao do interior nas
capitanias do Brasil por D. Joo III, o imprio portugus foi uma talassocracia,[61] abrangendo os oceanos Atlntico e ndico. Uma cadeia de fortificaes costeiras protegia uma rede de feitorias, com o comrcio reforado por licenas de navegao, os cartazes, com o apoio de numerosas relaes alianas diplomticas com o Reino do Sio, Safvidas da Prsia, Reino de Bisnaga, Etipia, entre outras. Era completado pela aco de missionrios ao abrigo do Padroado portugus, um acordo da coroa portuguesa com a Santa S.
Em 1542 ou 1543, comerciantes portugueses aportam no Japo,[62]
onde mais tarde ajudam a fundar Nagasaki. Em 1557, as autoridades chinesas autorizaram os portugueses a estabelecerem-se em Macau, que se tornou a base de um prspero comrcio triangular entre a China, o Japo e a Europa, via Malaca e Goa.[63] Em 1571, uma cadeia de entrepostos ligava Lisboa a Nagasaki: nascera o primeiro imprio global da histria,[64] trazendo enormes riquezas para Portugal. Em 1572, Lus Vaz de Cames publicou "Os Lusadas", trs anos aps regressar do Oriente, cuja aco central a descoberta do caminho martimo para a ndia por Vasco da Gama.[65]
Ver artigo principal: Guerra da Sucesso Portuguesa, Unio
Ibrica,Dinastia Filipina,Guerra Luso-Holandesa
Imprio portugus (verde) com as zonas disputadas entre 1588-
1654 pelos holandeses das companhias da Repblica das Sete Provncias Unidas (laranja)
Em 1580, aps a morte do rei D. Sebastio na Batalha de Alccer-
Quibir sem descendentes, Portugal enfrentou uma grave crise dinstica. [66]. Trs netos de D. Manuel I de Portugal reclamavam o trono: Catarina, duquesa de Bragana, Antnio, Prior do Crato e Filipe II de Espanha.[67]. Em Julho D. Antnio foi aclamado rei pelo povo de Santarm, mas um ms depois Filipe II, apoiado pelo Conselho de Governadores e parte da aristocracia portuguesa, entrou no pas e derrotou-o na batalha de Alcntara. [68].
Em 1581, Filipe II convocou as Cortes de Tomar. A, aps se
comprometer a manter a lngua, leis e cargos na mo de portugueses foi coroado rei de Portugal sob a forma de monarquia dual - dois reinos, um rei - iniciando a unio ibrica sob a a dinastia Filipina, apesar da oposio dos partidrios de D. Antnio nos Aores.[69] A Guerra da Sucesso Portuguesa prolongou-se por dois anos at ao Desembarque da Baa das Ms. A governao ibrica - dos dois reinos e seus imensos imprios - era assegurada por Conselhos (Consejos) com sede em Madrid.[70]. Em Lisboa, um vice-rei nomeado pelo rei chefiava o governo.