Bandas de Musica e Formação Do Musico - TCC
Bandas de Musica e Formação Do Musico - TCC
Bandas de Musica e Formação Do Musico - TCC
AS BANDAS DE MÚSICA NA
FORMAÇÃO DO MÚSICO
INSTRUMENTISTA PROFISSIONAL DE
SÃO LUÍS/MA
São Luís
2014
WILSON PEREIRA ALMENDRA JÚNIOR
AS BANDAS DE MÚSICA NA
FORMAÇÃO DO MÚSICO
INSTRUMENTISTA PROFISSIONAL DE
SÃO LUÍS/MA
São Luís
2014
WILSON PEREIRA ALMENDRA JÚNIOR
AS BANDAS DE MÚSICA NA
FORMAÇÃO DO MÚSICO
INSTRUMENTISTA PROFISSIONAL DE
SÃO LUÍS/MA
_______________________________________________
Prof. Me. Daniel Lemos Cerqueira (Orientador)
_______________________________________________
Prof. Me. Guilherme Augusto de Ávila (1º Examinador)
_______________________________________________
Prof. Lic. Leonardo Corrêa Botta Pereira (2º Examinador)
São Luís
2014
ALMENDRA JÚNIOR, Wilson Pereira.
Paulo Freire
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO ................................................................................ 3
1. AS BANDAS DE MÚSICA NO BRASIL ....................................... 7
2. PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NAS BANDAS DE
MÚSICA ........................................................................................ 15
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................. 26
3.1 Metodologia da pesquisa e escolha das Bandas ................... 26
3.2 Análise dos dados coletados ................................................. 27
3.2.1 Primeiro contato com a aprendizagem da Música............... 28
3.2.2 Idade de início da aprendizagem musical ........................... 30
3.2.3 Uso do instrumento no início da aprendizagem musical ..... 31
3.2.4 Conteúdos e abordagens no início da aprendizagem musical
................................................................................................. 32
3.2.5 Tempo de aula, ensaio ou seção de prática........................ 33
3.2.6 Quantidade de ensaios/aulas por semana .......................... 34
3.2.7 Tempo necessário para entrar em uma banda após o início
da aprendizagem musical ........................................................ 38
3.2.8 Tipo de banda ..................................................................... 40
3.2.9 Formação da banda ............................................................ 41
3.2.10 Gestão da banda .............................................................. 43
3.2.11 Tempo de permanência na banda .................................... 44
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................... 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................. 51
ANEXOS ....................................................................................... 55
INTRODUÇÃO
1 Como o termo “banda” é bastante amplo, é interessante identificar de qual tipo de banda
tratamos nesse trabalho. As bandas de música aqui pesquisadas são aquelas que têm em sua
formação instrumental, instrumentos que constituem a seção das madeiras, seção dos metais,
e, instrumentos percussivos. Por exemplo, no caso da seção das madeiras temos: clarinete,
saxofone, oboé, corne inglês, fagote, contrafagote, flautim, flauta, etc.; e no caso da seção dos
metais temos: trompete, trombone, trompa, bombardino, tuba, cornetim etc.
3
espaço democrático, popular e de grande relevância para a sociedade,
procura-se dar mais importância a essa forma de ensino.
Para Batista (2010), a relevância do papel da banda de música está
além daquilo que se consegue perceber, pois a sua importância é relativa e
somente aqueles que fazem parte dela podem realmente expressar o
verdadeiro significado e valor da banda de música para a sociedade, que nela
interage e vivencia suas práticas.
Além de ser uma instituição de inclusão social, a banda de música
também desenvolve aspectos de interação entre os alunos, de cooperação e
socialização, de atuação no processo cognitivo, e permite uma
profissionalização através dela. Pois, essas bandas formaram regentes,
músicos profissionais eruditos e populares, músicos amadores, e músicos de
bandas militares. Podemos ter como exemplo, Anacleto de Medeiros, que
contribuiu bastante para esse tipo de formação. Anacleto foi regente da Banda
do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, uma das bandas mais importantes
do Brasil, também era arranjador, compositor e instrumentista. Anacleto foi
fruto de banda de música, que já naquela época até os dias de hoje exerce um
papel formador muito relevante na formação dos músicos instrumentistas.
Tive o prazer e a oportunidade de ingressar em uma banda de
música, e, foi através dela que tracei minha vida profissional. Com isso, posso
afirmar: a formação musical que tenho hoje é devido às contribuições que a
banda de música me proporcionou no passado.
Meu primeiro contato com o ensino de música foi na banda da
escola onde estudei: a banda de música do Escolão do Mocambinho, em
Teresina – PI, no ano de 1998. Esse primeiro contato com a música não foi por
imposição de alguém da família, mas, por influência de meu irmão mais velho,
que iniciou seus estudos nesta mesma banda de música.
4
Fig. 1: Banda de Música do Escolão do Mocambinho (fonte: Rocha Sousa, Abril de 1998)
5
pelo então CEFET/PI. O curso tinha duração de um ano e meio e entre suas
disciplinas tive aulas de Clarineta.
Alguns anos depois, em 2006, prestei concurso público para vaga de
clarinetista da banda de música do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
Maranhão. Fui nomeado, e passei a fazer parte do quadro de músicos dessa
banda em 2007. Dois anos depois, prestei vestibular para a Universidade
Federal do Maranhão, onde hoje faço parte do Curso de Licenciatura em
Música desta instituição.
Os fatores que me motivaram a abordar este tema foram a minha
própria experiência com a música, história de vida, bem como principalmente a
importância que trazem as contribuições das bandas de música na formação e
no desenvolvimento profissional de vários estudantes que delas fizeram parte.
Pois boa parte dos alunos dessa banda seguiu trajetória de vida parecida com
a minha, tornando a música sua profissão e sustento.
Toda a base teórica e prática de música eu atribuo às contribuições
que a banda de música me proporcionou. Foi através desse celeiro de músicos
que pude ingressar como músico profissional hoje. Com isso, pretendo
demonstrar através deste trabalho de pesquisa a importância que as bandas de
música trazem em sua metodologia de ensino para a formação do músico
instrumentista profissional de São Luís.
6
1. AS BANDAS DE MÚSICA NO BRASIL
7
Por conta da exigência por um alto desempenho na performance, os
músicos que eram ensinados por jesuítas se tornaram verdadeiros
instrumentistas virtuosos, pois:
8
de música tiveram uma maior importância e notoriedade com a
criação das corporações musicais e só foram se consolidar a
partir de alguns anos após a chegada da Família Real, no
século XIX. (FAGUNDES, 2010, p. 37-38).
9
se fazem presentes em cerimônias como paradas e formaturas, participando
também de eventos cívicos. Binder evidencia essas práticas, pois, segundo ele:
10
No que diz respeito ao surgimento das bandas de música civis, elas:
11
Já em relação às diferentes denominações de bandas, estas
possuem várias formações diferentes em relação à instrumentação utilizada.
Em seu trabalho de pesquisa, Almeida (2010) revela que a Confederação
Nacional de Bandas e Fanfarras (CNBF), nos aponta três categorias diferentes
de bandas:
12
Para entendermos melhor essa relação de bandas e seus
instrumentos, temos a seguir um quadro demonstrando as diversas categorias
de bandas e sua instrumentação (tab. 1):
13
Klander (2011) afirma que, no Brasil, essas bandas são:
14
2. PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM NAS BANDAS DE
MÚSICA
15
orquestras recebeu sua formação elementar em bandas. As
bandas de música tem sido um dos meios mais utilizados no
ensino instrumental, de sopro e percussão, no nosso País. O
número dessas instituições, supera o número de escolas de
música. Alem disso, a maioria das escolas de música não
ensinam instrumentos de sopro e das que ensinam, apenas
alguns desses instrumentos são oferecidos. Enquanto, as
bandas tem ministrado aulas de todos os instrumentos que
compreendem seu quadro. (BARBOSA, 1996 apud ALMEIDA,
2010, p. 24) (grifo nosso)
16
passagem que relata o modo de conceber a construção do conhecimento nas
propostas sobre a formação dos profissionais da educação, onde diz:
17
• Considerações sobre a técnica instrumental e suas implicações anatômico-
fisiológicas;
• Desenvolvimento da sensibilidade artística através da Audição Crítica.
(CERQUEIRA et al 2011, p. 3)
O ensino nas bandas de música no formato individual é raro,
principalmente pelo fato de haver apenas um profissional na maioria das
bandas para ministrar essas aulas. Porém, o ensino coletivo se torna uma
ferramenta importante nesse processo de ensino-aprendizagem, além de
contribuir no processo de socialização do ensino democratizando um possível
acesso à formação musical.
A partir de estudos feitos por Nascimento (2007), Tourinho (2007),
Benedito (2008), Sá (2010), Cerqueira (2011), Klander (2011) e Cerqueira
(2010), temos abaixo um quadro que demonstra algumas características
provenientes dos contextos de ensino individual e coletivo (tab. 2):
18
pois esta metodologia contribui, também, para o
desenvolvimento da afinação instrumental, uma vez que a
vivência de tocar em grupo favorece o aprimoramento da
percepção, visto que os alunos estão em contato sonoro uns
com os outros, fazendo com que a percepção musical auxilie
no desenvolvimento de uma melhor emissão sonora.
(ALMEIDA, 2010, p. 35).
19
que é típica das bandas, tem características muito positivas”, como nos afirma
Costa:
20
A imitação é um recurso valioso no início do ensino
instrumental e igualmente nas etapas subseqüentes, pois,
permite o desenvolvimento da expressividade e das
habilidades técnicas de forma prazerosa, gerando um maior
envolvimento do aluno com o fazer musical. (RAMOS;
MARINO, 2002 apud CISLAGHI 2009, p. 82)
21
Na leitura da partitura, em alguns trechos mais complexos da
música, o professor utiliza o solfejo, que nesse caso, pode ser
denominado de solfejo ‘falado’ ou solfejo ‘rezado’.
(GONÇALVES, 2007 apud CISLAGHI, 2009, p. 126)
22
exige-se a prática da memorização e repetição de conceitos e
exercícios, aspectos constituintes de um currículo musical
tradicional situado pelo regente como necessário para a prática
instrumental. (ALMEIDA 2010, p. 40-41)
23
pesquisas desenvolvidas por Barbosa sobre a adaptação de métodos norte-
americanos utilizando melodias brasileiras. A principal característica desse
método, é o contato do aluno(a) com o instrumento musical desde as primeiras
lições. Cislaghi (2009) aponta que o método de Barbosa teve sua publicação
no ano de 2004, sendo composto por “15 livros individuais para instrumentos
diferentes, entre sopros e percussão, e o livro do regente (...)” (CISLAGHI,
2009, p. 24). Esse último livro, o do regente, inclui:
24
2010, p. 36) e o método Yamaha – Método de Ensino Individual ou Coletivo
para Banda desenvolvido por Feldstein e O’Reilly em 1989 (SILVA, 2011).
Embora o número de métodos voltados a essas práticas de ensino
sejam ainda reduzidos, tem-se aumentado o número de pesquisas voltadas às
metodologias de ensino nas bandas de música. A exemplo disso, temos:
Barbosa (1996), Cajazeira (2004), Binder (2006), Higino (2006), Lima (2006),
Nascimento (2006), Nascimento (2007), Vecchia (2008), Benedito (2008),
Campos (2008), Cislaghi (2009), Almeida (2010), Fagundes (2010), Klander
(2011), Amorim (2012) e Silva (2012), entre outros.
25
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
2
Perguntas fechadas – formadas por alternativas, com possíveis respostas definidas anteriormente.
3
Pergunta aberta – pergunta discursiva, que permite a livre resposta do participante.
26
• Banda de Música do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Maranhão
(B. MÚSICA – CBMMA);
• Banda de Música da Guarda Municipal de São Luís do Maranhão (B.
MÚSICA – GM).
ESPECIALIDADE Nº de Músicos
Clarinetistas 13
Saxofonistas 6
Trombonistas 11
Trompetistas 9
Tubistas 5
Percussionistas 5
Trompa 1
Tab. 4 – Número de músicos por instrumento/especialidade
27
3.2.1 Primeiro contato com a aprendizagem da Música
Apresenta-se a seguir um gráfico com a primeira forma de contato4
com a aprendizagem musical por parte dos entrevistados (fig. 5):
4A questão em discurso busca averiguar o local de acesso ao primeiro contato com o estudo e
prática de música. - seja de teoria musical, noções básicas de música, prática instrumental,
atividade com banda entre outros.
28
Portanto, podemos afirmar com base nestes dados que, de todos os
participantes, 42% do total (igual a 21 participantes, resultado obtido através da
intercessão entre as opções “Banda” e “Igreja”) tiveram seu primeiro contato
com a aprendizagem musical em bandas, seja marcial, fanfarra ou banda de
igreja, entre outras, confirmando assim as contribuições destes grupos
musicais para a formação de músicos instrumentistas.
Assim, se analisarmos novamente o primeiro contato com a
aprendizagem da Música com base nesta análise cruzada, ele toma a seguinte
forma (fig. 6):
29
• Dos quatorze entrevistados que marcaram “Igreja” como opção de primeiro
contato com a música, todos tiveram esse contato em bandas de igreja;
• Dos três entrevistados que marcaram “Projeto Social ou ONGs” como opção
de primeiro contato com a música, todos tiveram esse aprendizado em
bandas de música mantidas por essas organizações;
• Dos seis entrevistados que marcaram “Outros” como opção de primeiro
contato com a música, quatro são oriundos de bandas (sendo dois de banda
de igreja, um de fanfarra, e um de banda de música), e dois são de conjunto
de música popular.
Realizando uma interseção entre os resultados obtidos a partir dos
participantes que marcaram a opção “Banda” com o novo cruzamento de dados
acima citados, concluímos que o resultado final daqueles oriundos de banda
constituem 66%, ou seja: de todos os entrevistados, 33 deles tiveram seu
primeiro contato com a aprendizagem musical em bandas, sendo esta a opção
mais evidenciada.
Portanto, ao observarmos estes dados, é possível afirmar que as
bandas de música são meios muito importantes para a formação e manutenção
de músicos profissionais de banda, considerando a realidade de São Luís.
30
18 1
19 1
20 2
Tab. 5 – Quantidade de participantes por faixa etária de início das atividades musicais
Fig. 7 – Quantidade de participantes por faixa etária de início das atividades musicais
31
um participantes (82% do total) só tiveram contato com o instrumento algum
tempo depois, como nos revela o gráfico a seguir (fig. 8):
Um dado notável nesta questão foi que, dos nove participantes que
utilizaram o instrumento logo no primeiro contato com a aprendizagem da
Música, somente dois deles são percussionistas, enquanto os outros sete são
instrumentistas de sopro. Esta é uma evidência da adoção de metodologia
didática semelhante ao método Da Capo de Joel Barbosa (1998), que tem a
característica de utilizar o instrumento desde o início da aprendizagem musical.
32
De acordo com o gráfico (fig. 9), 64% dos participantes tiveram aula
de teoria musical sem praticar o instrumento, 16% tiveram noções básicas de
música, 12% tiveram o ensino do instrumento junto com o ensino de teoria
musical, 6% não tiveram a mesma oportunidade dos outros participantes e
foram aprendendo sozinhos, e, 2% marcaram outros.
Os dados demonstram que 64% dos participantes estudaram teoria
musical antes de iniciar o contato com o instrumento, sendo essa uma possível
indicação da forma de ensino adotada na maioria das bandas de música de
São Luís, onde primeiro se ensina a teoria musical para logo depois passar à
prática instrumental.
Fazendo uma análise cruzada entre os resultados obtidos nos
subtópicos 3.2.3 (uso do instrumento no primeiro contato com a música) e 3.2.4
(conteúdos e abordagens no primeiro contato), houve uma constatação
interessante: os participantes que marcaram a opção “Teoria Musical e/ou
Noções Básicas de Música” em 3.2.4 estão contidos dentro dos 82% que
marcaram “não começou a tocar o instrumento no primeiro contato” em 3.2.3.
Ou seja: dos cinqüenta entrevistados, 38 participantes (76% do total) não
estudaram o instrumento logo no primeiro contato com a aprendizagem musical
e, concomitantemente, tiveram aulas de Teoria ou Noções Básicas de Música.
Esta é uma metodologia didática utilizada tanto na Banda da Escola de Música
“Bom Menino” do Convento das Mercês quanto na Escola de Música do Estado
do Maranhão (EMEM), onde a iniciação musical é feita a partir de aulas
teóricas sem contato prévio com o instrumento.
33
Fig. 10 – Tempo de aula, ensaio ou seção de prática
34
Fig. 11 – Quantidade de ensaios/aulas por semana
35
vão atuar desenvolvendo atividades musicais com alunos de Ensino
Fundamental e Médio” (2014). Ainda, de acordo com Pascoal, o que foi
percebido pelo Governo do Estado do Maranhão foi que:
36
• Dos dez entrevistados que tinham seções de ensaio de 2h a 4h, seis
ensaiavam 3 vezes por semana, e quatro ensaiavam mais de 3 vezes por
semana;
• Dos três entrevistados que tinham seções de ensaio de mais de 4h, todos
ensaiavam mais de 3 vezes por semana.
Abaixo temos o gráfico representante dos dados acima analisados
(fig.12):
37
menos encontros por semana exijam que os participantes pratiquem o
instrumento em casa ou fora deste horário planejado. Esta variável ficou de
fora do questionário, sendo necessário contemplá-la em oportunidade futura
para que possa ser feita uma afirmação mais sólida sobre a relação entre carga
horária semanal e funcionamento da banda.
Fig. 13 – Tempo necessário para ingresso em uma banda após o início da aprendizagem
musical
38
O primeiro dado – 32% dos entrevistados participou de uma banda
entre zero e seis meses após a iniciação musical – contém, ainda, aqueles que
já iniciaram seus estudos em uma banda, aprendendo através de observação,
com a própria preparação e apresentações posteriores. É interessante
observar que em bandas de música, a demanda de ensaios é alta, mas tem o
lado positivo de abrir portas em um curto espaço de tempo: 62% dos
entrevistados ingressaram em uma banda depois de apenas um ano de
estudos.
Fazendo uma análise cruzada entre os resultados obtidos nos
subtópicos 3.2.7 (Tempo necessário para entrar em uma banda após o início
da aprendizagem musical) e 3.2.4 (Conteúdos e abordagens no início da
aprendizagem musical), no intuito de observar alguma relação entre a
metodologia de ensino adotada e uma possível rapidez para o ingresso em
uma banda, chegamos aos seguintes dados:
• Dos dezesseis entrevistados que levaram de 0 a 6 meses para participar de
uma banda, onze deles tiveram aulas de Teoria Musical sem prática de
instrumento nesse intervalo de tempo, três tiveram prática de instrumento
junto com teoria musical, um teve noções básicas de música, e um foi
aprendendo sozinho;
• Dos quinze entrevistados que levaram de 6 a 12 meses para participar de
uma banda, nove deles tiveram aulas de Teoria Musical sem prática de
instrumento nesse intervalo de tempo, dois tiveram prática de instrumento
junto com teoria musical, três tiveram noções básicas de música, e somente
um foi aprendendo sozinho;
• Dos dez entrevistados que levaram de 1 a 2 anos para participar de uma
banda, oito deles tiveram aulas de Teoria Musical sem prática de
instrumento nesse intervalo de tempo, um teve noções básicas de música, e
somente um marcou que foi aprendendo sozinho;
• Dos seis entrevistados que levaram de 2 a 5 anos para participar de uma
banda, dois deles tiveram aulas de Teoria Musical sem prática de
instrumento nesse intervalo de tempo, um teve prática de instrumento junto
com teoria musical, e três tiveram noções básicas de música;
• Dos três entrevistados que levaram mais de 5 anos para participar de uma
banda, dois deles tiveram aulas de Teoria Musical sem prática de
instrumento nesse intervalo de tempo, e somente um marcou “Outro” como
39
opção, sendo que esse único participante descreveu que foi tendo prática de
instrumento com o pai.
Observamos aqui que boa parte dos participantes que tiveram aula
de teoria musical antes de ter contato com o instrumento, assim como os
participantes que tiveram noções básicas de teoria musical, estão dentro dos
62% (resultado da soma de 32% e 30% correspondentes às duas alternativas
mais marcadas) citados anteriormente no subtópico 3.2.7, ou seja: os alunos
que tiveram teoria musical e/ou noções básicas de música tiveram um espaço
de tempo entre zero e um ano para participar das atividades da banda,
iniciando mais rapidamente sua prática em uma banda.
40
• 4% somente dos participantes marcaram “Grupos musicais de projeto
social”.
É interessante observar como as bandas de igreja constituem um
importante meio de incentivo ao estudo da Música, fato observado inclusive
entre os discentes do Curso de Licenciatura em Música da UFMA. Os projetos
sociais, importantes ferramentas de acesso à Música na atualidade, confirmam
a proposta da maioria deles, que em geral não é direcionar os participantes
para a vida de músico profissional, mesmo que boa parte dos integrantes
dessas bandas acabe por ingressar em bandas a nível profissional, como é
visto nesta pesquisa.
Outro fato a ser observado nessa questão diz respeito à
complexidade do termo “Conjunto de Música Popular”. Os participantes ficaram
em dúvida, fazendo com que a maioria marcasse esta opção por achar que a
banda onde participara – que era banda musical – se enquadrava nessa
definição. Decidimos colocar como uma das opções “Conjunto de Música
Popular” porque essa alternativa possui uma denotação particular, apesar de
ampla, assim como ocorre com o termo “banda de música”.
41
Aqui encontramos o seguinte resultado:
• 76% dos participantes marcaram “Bandas de Sopros”;
• 12% marcaram “Conjunto de Música Popular”;
• 10% marcaram “Outra Opção”;
• 2%, somente, revelaram que fizeram parte de “Grupo de Percussão”.
Dos participantes que marcaram “Outra Opção”, correspondente a
10% do total, foram mencionados cinco tipos de banda, descritas da seguinte
forma:
• Banda Gospel;
• Fanfarra de percussão e Cornetas;
• Filarmônica;
• Banda de sopros e cordas;
• Conjunto de música evangélica.
Ao fazer a análise cruzada entre os resultados obtidos nos
subtópicos 3.2.8 (Tipo de banda) e 3.2.9 (Formação da banda), chegamos aos
seguintes dados:
• Dos trinta e oito participantes que marcaram “Bandas de Sopros” como
formação instrumental da primeira banda que participara, 16 marcaram
“Conjunto de Música Popular”, doze marcaram “Banda de igreja”, seis
marcaram “Marcial”, dois marcaram “Fanfarra”, e dois marcaram como seu
tipo de banda “Grupos musicais de projeto social”;
• Dos seis participantes que marcaram “Conjunto de Música Popular” como
formação instrumental da primeira banda que participara, quatro deles
marcaram “Conjunto de Música Popular”, um marcou “Banda de igreja”, e
um marcou “Fanfarra”;
• Somente um participante marcou “Grupo de Percussão” como formação
instrumental da primeira banda que participara, onde, o mesmo marcou
como seu tipo de banda “Marcial”;
• Dos cinco participantes que marcaram “Outra Opção” como formação
instrumental da primeira banda que participara, um definiu como “Banda
Gospel”, um definiu como “Filarmônica”, um definiu como “Fanfarra de
percussão e corneta”, um definiu como “Banda de sopros e cordas”, e um
definiu “Conjunto de música evangélica”.
42
3.2.10 Gestão da banda
Aqui, buscou-se verificar o caráter de gestão e manutenção da
primeira banda onde o entrevistado participou: por regentes ou maestros,
projetos sociais, apoio de empresas ou do Estado (fig. 16):
43
• Dos oito participantes que marcaram “Regente ou Maestro” como opção
de gestão de sua primeira banda, seis tiveram seu primeiro contato com a
música na “Igreja”, um em escola de música, e um em aula particular.
Conclui-se, portanto, que dos oito participantes que marcaram
“Regente ou Maestro” como opção de gestão de sua primeira banda, seis estão
diretamente ligados a “Igreja”. E, se somarmos estes com os oito participantes
que descreveram “Igreja” em “Outras Opções” da questão 3.2.10, temos como
total quatorze participantes (27%) que tiveram a igreja como gestores da
primeira banda na qual os músicos participaram. O fato é que a igreja passa a
ocupar a segunda opção mais frequente desta questão (3.2.10), chegando a
27%, logo após da opção “Governo” que é 29%.
É observado aqui a importância do governo (em todas as esferas:
Federal, Estadual, e Municipal) e também das Igrejas no investimento e/ou
manutenção dessas bandas e, consequentemente, na formação dos músicos
instrumentistas de sopro e percussão do Estado do Maranhão.
44
Ninguém marcou de zero a seis meses nem de seis meses a um
ano, fato que reforça o longo contato dos músicos profissionais com a sua
primeira banda, reiterando a importância deste ambiente para sua formação
profissional.
Fazendo uma análise cruzada entre os resultados obtidos nos
subtópicos 3.2.5 (Tempo de aula, ensaio ou seção de prática), 3.2.6
(Quantidade de ensaios/aulas por semana) e 3.2.11 (Tempo de permanência
na banda), chegamos aos seguintes dados, demonstrados no quadro a seguir
(fig. 18):
Fig. 18 – Tempo de permanência na banda/hora aula por dia/vezes de aula por semana
45
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
46
Vimos que o surgimento das bandas militares foi no ano de 1808
(Bandas de músicas dos regimentos de Infantaria e Cavalaria) com a chegada
da Família Real no Brasil, fato que contribuiu para a criação de varias outras
bandas militares em todo território brasileiro a partir de 1810, possibilitando até
os dias de hoje, um destino certo para a carreira de vários jovens músicos.
Hoje, tratando sobre bandas de música em São Luís, capital do
Estado do Maranhão, há quatro a nível profissional como destino para músicos
instrumentistas de nível profissional, sendo elas: Banda de Música do 24°
Batalhão de Caçadores, Banda de Música da Polícia Militar do Estado do
Maranhão, Banda de Música do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do
Maranhão, e a Banda de Música da Guarda Municipal de São Luís – em que
alguns de seus componentes foram objeto dessa pesquisa. Essas instituições
são os atuais destinos de vários músicos que tiveram sua iniciação musical
dentro de bandas de música juvenis.
Foi possível ver também que o processo de ensino e aprendizagem
nas bandas de música possui fatores que muito contribuem para a sociedade,
que é a renovação contínua dos quadros de músicos dessas bandas juvenis,
ou seja: sempre estão entrando novos jovens para contribuir com esse
processo, e talvez por esse motivo essas bandas tenham se mantido até os
dias de hoje. A exemplo, temos a Banda da Escola de Música “Bom Menino” do
Convento das Mercês, desempenhando um papel social muito importante em
São Luis, como comenta Trajano:
47
sempre com a preocupação de informar da maneira mais clara possível a quem
desejar entender e estudar o processo de aprendizagem de uma banda de
música, bem como conhecer um pouco de sua história.
As contribuições que essa pesquisa poderá oferecer a quem se
dispor a estudar e pesquisar sobre as bandas de música são: conhecer um
pouco do histórico, trajetória e inserção dessas bandas na realidade cultural do
Brasil; direcionamento sobre as ideias de metodologia da pesquisa, estudos e
conteúdos utilizados; métodos de ensino na forma coletiva, suas contribuições
e pontos positivos para o ensino de instrumentos de banda; as possibilidades
de um possível futuro promissor na carreira de músico profissional, tendo como
ponto de partida a iniciação musical dentro dessas bandas de música; as
contribuições que as bandas possibilitam aos jovens que fazem parte dela,
bem como traçar uma trajetória de vida musical dos iniciantes na música até a
vida de músico profissional, entre outros. Através do trabalho aqui apresentado,
pode-se traçar uma possível trajetória de vida no mercado de trabalho no meio
musical de jovens que decidirem ter seu primeiro contato com a música dentro
de bandas. Fundamentando os dados colhidos para a efetivação do trabalho e
analisando a trajetória de vida de cada envolvido nele, podemos concluir que
os jovens que decidirem seguir carreira como músico profissional poderão ter
várias possibilidades de atuação, entre elas as orquestras e bandas militares –
seja da Marinha, Exército, Aeronáutica, das Policias Militares, Corpos de
Bombeiros, das Guardas Municipais, entre outras possibilidades. Tais
informações são verdadeiramente potencializadas na pesquisa de Trajano, que
trata sobre a Banda de Música do Bom Menino:
É possível encontrarmos ex-alunos da instituição
ocupando mais da metade das oportunidades existentes
no mercado de trabalho em música do estado e em
alguns casos fora do país. Músicos, hoje profissionais,
que por grande tempo de suas vidas dedicaram-se à
escola, mas especificamente à Banda de Música do Bom
Menino com apresentações que abrilhantaram inúmeros
eventos por toda cidade. Dentre os cargos que os ex-
alunos ocupam estão: Marinha, Aeronáutica, Exército
Brasileiro, Polícia Militar, Guarda Municipal, professores
das principais escolas de música e projetos de São Luís.
(TRAJANO, 2012, p. 48).
Para quem pretende criar uma banda (seja uma igreja, escola,
governo, ONG, etc.), esta pesquisa nos mostra possíveis formas de traçar um
48
planejamento didático e de recursos, oferecendo informações sobre a
quantidade de hora(s), aula, prática e ensaio diário ou semanal; dias de aula
por semana; tempo necessário para o primeiro contato com o instrumento
musical (dependendo da metodologia de ensino empregada, caso seja ensino
coletivo poderá utilizar o instrumento musical logo no primeiro dia de aula de
música); tempo necessário para inserir o aluno(a) na banda; tipo de banda
(formação) existentes no meio musical de São Luís; e tempo de permanências
desses jovens nas bandas juvenis.
Por fim, após diversas considerações, conclui-se que as bandas de
música – sejam em quaisquer configurações e independentemente do
responsável por sua manutenção – são caminhos e ambientes saudáveis de
aprendizagem musical e iniciação instrumental que promovem a seus
participantes um possível futuro no meio musical. Assim, as influências que
essas bandas proporcionam tornam-se fatores reais e importantes na
manutenção do bem social no Maranhão e no Brasil.
49
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, José Robson Maia de. Tocando o repertório curricular: bandas de
música e formação musical. Fortaleza, 2010.
51
BRASIL. A IMPORTÂNCIA DA BANDA DE MÚSICA COMO FORMADORA DO
MÚSICO PROFISSIONAL, ENFOCANDO OS CLARINETISTAS
PROFISSIONAIS DO RIO DE JANEIRO. Disponivel em
http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=
0CDAQFjAB&url=http%3A%2F%2Fportal.brasilsonoro.com%2Fdownloads%2F
915&ei=xnQFU8mtI8nrkQetjYC4Dw&usg=AFQjCNHaKPod1ufsGakrNNWy4C4
DM2Ln_w, último Acesso em 21/01/2014.
52
FAGUNDES, Samuel Mendonça. Processo de transição de uma banda civil
para banda sinfônica. Minas Gerais, 2010.
53
ROCHA, Renata Trindade. Sobrados e Coretos: breve história de dez
municípios do interior da Bahia e suas Bandas de Música contempladas pelo
projeto Domingueiras. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo, 2005.
SILVA, Thallyana Barbosa da. Banda Marcial Augusto dos Anjos: processos de
ensino-aprendisagem musical. João Pessoa: 2012.
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ANEXOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA
5) Quanto tempo de aula, ensaio ou seção de prática você tinha em cada vez?
0 a 30 minutos 30 minutos a 1 hora De 1 a 2 horas
De 2 a 4 horas Mais de 4 horas
7) Quanto tempo você levou para entrar em uma Banda após ter contato com a Música?
0 a 6 meses 6 a 12 meses 1 a 2 anos
2 a 5 anos Mais de 5 anos
8) Qual o primeiro tipo de Banda em que você participou?
Fanfarra Marcial
Grupos musicais de projeto social Banda de igreja
Conjunto de Música Popular (Banda de Música)