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História Da Guitarra

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Guitarra

Diferentes tipos de guitarras (a partir de esquerda: ressonadora, clássica, elétrica e folk). Há também: o
centro um dulcimer e, descansados horizontalmente, uma Keytar e um bandolim.
O substantivo guitarra refere-se a uma série de instrumentos de cordas dedilhadas, que
possuem geralmente de 6 a 12 cordas tensionadas ao longo do instrumento e possuem um
corpo com formato aproximado de um 8 (embora também existam em diversos outros formatos),
além de um braço, sobre o qual as cordas passam, permitindo ao executante controlar
a altura da nota produzida. Existem versões acústicas, que possuem caixa de
ressonância e elétricas, que podem ou não possuir caixa de ressonância (ver: guitarra
semiacústica), mas utilizam captadores e amplificadores para aumentar a intensidade sonora do
instrumento.[1]
As guitarras, bem como a maior parte dos instrumentos de cordas, são construídas por
um luthier. O músico que a executa é chamado guitarrista.

Terminologia[editar | editar código-fonte]


Etimologia[editar | editar código-fonte]
A palavra guitarra tem sua origem mais imediata no termo qitara (‫ )قيثارة‬da língua árabe falada
na Andaluzia antes da Reconquista[2], derivado por sua vez do latim cithara ("cítara"). A palavra
latina descende diretamente do vocábulo grego κιϑάρα ("kithára")[3][4]
Uso no Brasil[editar | editar código-fonte]

Guitarra clássica (no Brasil, denominada violão)


No Brasil, o termo guitarra refere-se exclusivamente à guitarra elétrica e a palavra "violão" é
usada para se referir tanto à guitarra clássica, como à guitarra acústica, esta segunda com
cordas de 'nylon' ou mesmo com cordas de aço, como no caso do violão folk ou
do violão Ovation.[5] Os dois últimos são utilizados mais comumente por instrumentistas do
gênero popular, enquanto os violões de nylon são preferidos pela maioria
dos violonistas clássicos e adeptos do choro, do samba, da bossa nova, do MPB,do axe e
estilos musicais regionais.
Uso em Cabo Verde[editar | editar código-fonte]
Em Cabo Verde, a guitarra clássica é também chamada de violão por parte dos músicos. Essa
designação era comum em Portugal até início do século XX. Os tocadores distinguem, assim,
das guitarras de cordas de aço que são chamadas por eles de viola. No entanto, o grande
público e os leigos tendem a chamar qualquer guitarra de viola (como em Portugal).
Uso em Portugal[editar | editar código-fonte]
Em Portugal, o termo mais comum usado actualmente é guitarra, tanto para as acústicas como
para as eléctricas. Ainda assim, o termo "viola" ainda é usado, embora incorrectamente. As mais
antigas violas ganharam nomes específicos conforme cada caso.
A viola[editar | editar código-fonte]
Na maior parte dos países de língua portuguesa, o termo guitarra pode se referir a qualquer das
variedades do instrumento, seja elétrica ou acústica. No Brasil e em Cabo Verde existe a
designação violão para o instrumento acústico com cordas de nylon. É provável que o nome
violão tenha surgido devido à semelhança com as violas no formato do corpo. Como a então
guitarra era maior, passou a ser chamada popularmente de “violão” (como aumentativo de
“viola”). Aos poucos o nome se consagrou no Brasil, e o termo guitarra foi quase totalmente
substituído. Apenas no século XX o nome guitarra retornou ao vocabulário corrente dos
brasileiros, mas apenas para designar a versão eletrificada.

Família das guitarras[editar | editar código-fonte]


O termo “guitarra” também é utilizado para se referir a famílias de instrumentos com algumas
similaridades, embora nem sempre com a mesma acepção. Para alguns autores, a família das
guitarras engloba qualquer cordofone com braço e caixa de ressonância cujas cordas são
beliscadas. Isso inclui instrumentos tais como:

 O alaúde,
 A balalaica,
 O bandolim,
 O banjo,
 A guitarra portuguesa,
 O siamise,
 O sitar,
 O vina etc.
Instrumentos de cordas beliscadas[editar | editar código-fonte]
Mas outros autores apenas consideram como família das guitarras' os 'instrumentos de cordas
beliscadas que têm a caixa em forma de “8”. Isso inclui instrumentos tais como:

 O cavaquinho,
 O charango,
 O cuatro,
e os tres da América Latina,

 O ukulele,
 A viola caipira e
 As violas portuguesas.
Origens e desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Um alaúde mourisco, com seis pares de cordas.


Instrumentos similares aos que hoje chamamos de guitarras existem ao menos há 5 mil anos. A
guitarra parece derivar de outros instrumentos existentes anteriormente na Ásia Central.
Instrumentos muito similares à guitarra aparecem em antigos alto-
relevos e estátuas descobertas em Susa, na Pérsia(atualmente no Irã).
A guitarra, em forma muito próxima à guitarra acústica atual, foi introduzida
na Espanha no Século IX, mas não se conhece com precisão toda a história deste instrumento.
No entanto há duas hipóteses mais prováveis para a introdução da guitarra no ocidente.
A primeira hipótese é que a guitarra seria derivada da chamada kithára grega, que com o
domínio do Império Romano passou a se chamar cítara romana, e era também denominada
de fidícula. Teria chegado à Península Ibérica por volta do século I com os romanos. Esse
instrumento se assemelhava à lira e posteriormente foram acontecendo as seguintes
transformações: os seus braços dispostos da forma da lira foram se unindo, formando
uma caixa acústica, à qual foi acrescentado um braço de três cravelhas e três cordas, e a esse
braço foram feitas divisões transversais (trastes).
A segunda hipótese é de que este instrumento seria derivado do antigo alaúde árabe, nome
originado da palavra al ud, (a madeira),[6] e que teria sido levado para a Península Ibérica
através das invasões muçulmanas. O alaúde árabe que penetrou na Península nessa época foi
um instrumento que se adaptou perfeitamente às atividades culturais e, em pouco tempo, fazia
parte das atividades da corte.
Outra hipótese é de que foram aplicadas as técnicas do alaúde (cordas beliscadas, número de
cordas, afinação, etc.) a instrumentos de corda friccionada (nessa altura chamadas “violas”).
Isso explicaria o fato de em espanhol ter havido a distinção entre vihuela de arco (viola tocada
com um arco) e vihuela de mano (viola tocada com a mão).
Desenvolvimentos posteriores[editar | editar código-fonte]
A guitarrista de Jan Vermeer van Delft (antes de 1670).
A vihuela espanhola parece ser um instrumento intermediário entre o alaúde e a guitarra
moderna, pois possui uma afinação semelhante ao alaúde, mas o corpo já tinha o formato em 8
semelhante, sendo menor, que as guitarras atuais. No entanto não é certo se esta é mesmo
uma forma de transição ou apenas um instrumento que combina características dos dois
instrumentos. Em favor da segunda hipótese, argumenta-se que a remodelagem da vihuela para
se tornar parecida com a guitarra foi uma forma de diferenciar visualmente o instrumento
ocidental do alaúde árabe associado aos invasores[carece de fontes]. Esta variedade sofreu
alterações em Portugal e deu origem às violas modernas.
Durante vários séculos de história a guitarra acústica ganhou diversas variedades. Há grandes
variações em todas as características dos instrumentos: o tamanho e o formato da caixa de
ressonância, o formato e a quantidade de aberturas frontais, o comprimento do braço, a
quantidade das cordas, a extensão e a forma de afinação. Certas variedades se desenvolveram
separadamente e se tornaram instrumentos específicos.
Além disso há algumas variedades que são frequentemente associadas ao género musical em
que são usadas, como as guitarras de blues, folk, jazz e a guitarra clássica. Embora sejam
fundamentalmente o mesmo instrumento, a variedade utilizada no flamenco, por exemplo, é
diferente daquela utilizada na música clássica.
Segundo Paco de Lucía, o inventor da guitarra tal como a conhecemos se chama Zyryab.
Nascido em Bagdá, ele viveu no fim do século VIII na corte de Córdoba. Ele introduziu uma
quinta corda ao 'ud árabe e fundou uma escola de música que exerceu influência considerável
sobre a música árabe-andaluz.
Foi Antonio de Torres, um luthier espanhol do século XIX que deu à guitarra a forma e as
dimensões da guitarra clássica atual, a partir do qual, diversas outras variedades surgiram
no século XX (como a guitarra de jazz, a guitarra folk e a elétrica).
A guitarra elétrica surgiu, independentemente, pela mão de diversas pessoas nos anos 30.
Inicialmente a eletrificação consistia em usar o próprio instrumento acústico com
um microfone de voz dentro de sua caixa de ressonância. Mais tarde esse microfone foi
substituído pelo microfone de contato chamado captador ou, em inglês pickup.
Por nem sempre ser necessária uma caixa de ressonância acústica numa guitarra eléctrica,
surgiram as primeiras guitarras maciças (Fender Stratocaster e Gibson Les Paul) nas décadas
de 1950 e 60. As cordas passaram a ser metálicas e captadores magnéticos de indução
começaram a ser utilizados.

Estrutura da guitarra[editar | editar código-fonte]


Toda guitarra, elétrica ou acústica, é composta basicamente das mesmas partes. A principal
diferença entre elas está no corpo. As figuras abaixo mostram uma guitarra elétrica e uma
acústica, com suas partes indicadas. A construção do baixo é semelhante à da guitarra elétrica.
Para informações adicionais, consulte os artigos de cada uma das partes. Para as diferenças
construtivas, consulte os artigos de cada variedade de guitarra.
1. Cabeça, mão ou
paleta.
2. Pestana
3. Cravelhas ou
Tarraxas
4. Trastes
5. Tirante ou
Tensor
6. Marcação
7. Braço
8. Tróculo (Junta
do braço)
9. Corpo
10. Captadores
11. Potenciômetros
12. Cavalete (ou
ponte)
13. Protetor de
tampo (ou
escudo)
14. Fundo
15. Tampo
16. Lateral ou faixas
17. Abertura ou boca
18. Cordas
19. Rastilho
20. Escala
Braço[editar | editar código-fonte]
O braço da guitarra é composto basicamente de uma barra maciça e rígida de madeira fixada
ao corpo. A madeira utilizada normalmente é de um tipo diferente da utilizada no corpo.
Madeiras de grande resistência à tração são preferíveis e uma das mais utilizadas é o mogno. É
responsável pela fixação de uma das extremidades das cordas e também para permitir a
execução das notas através da variação do comprimento das cordas. Fazem parte do braço: a
“mão”, a pestana, a escala, os trastes e alguns elementos decorativos (geralmente
de madrepérola, marfim ou ébano) utilizados na marcação.
Em guitarras acústicas e semiacústicas, o braço é colado ao corpo. O tróculo é a extremidade
mais larga do braço usada para fixá-lo ao corpo e dar rigidez mecânica à montagem. Em geral o
tróculo é entalhado na mesma peça do braço, mas também pode ser uma parte separada e
colada ao braço e ao corpo. Em guitarras elétricas, o braço pode ser fixado ao corpo
por parafusos. Em alguns casos, um tirante é utilizado para se opor à curvatura provocada pela
tensão das cordas. A fixação do braço é crítica para a afinação do instrumento, pois a variação
no ângulo do braço em relação ao corpo pode provocar variações na altura das notas. Embora
indesejável na guitarra clássica, este efeito pode ser usado propositadamente para obter certas
inflexões na altura (bends), sobretudo no blues.
Cabeça e tarraxas[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Cabeça (instrumento musical), Cravelha
A cabeça de uma guitarra elétrica com seis tarrachas em linha.
A cabeça ou paleta é responsável pela fixação das tarraxas, usadas para afinar o instrumento. A
cabeça é fixada na extremidade do braço formando um pequeno ângulo para facilitar o
posicionamento das cordas sobre a pestana. Em geral é feita da mesma madeira do braço e
entalhada com diversos motivos decorativos. A tarracha é um mecanismo composto de
um eixo sobre o qual a corda é enrolada e uma engrenagem que permite girá-lo com
os dedos até obter a tensão correta de cada corda. As engrenagens garantem uma relação de
forças tal que impeça o afrouxamento das cordas durante a execução.
Na maior parte das guitarras há três tarraxas de cada lado da cabeça. Em algumas guitarras
elétricas é utilizada a configuração de seis cravelhas em linha em um dos lados da cabeça.
Outras configurações são possíveis, como 4+2, 4+3 em violões de 7 cordas. 6+6 em violas de
12 cordas e 2+2 ou 4 em linha para baixos e outros instrumentos de quatro cordas.
Pestana[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Capotraste, Pestana
A pestana é uma pequena barra de osso, plástico ou madrepérola, fixada entre o início do braço
e a cabeça. Possui um pequeno sulco entalhado para a passagem de cada corda. Isso permite
o posicionamento correto das cordas. A pestana serve para apoiar as cordas na extremidade do
braço. É o ponto de origem do comprimento das cordas e muitos o consideram como o traste
zero. Hoje, em alguns modelos de guitarras elétricas, há pestanas especiais que possuem
travas, como parafusos, que impedem que o instrumento seja desafinado na execução de
alavancadas (vibratos artificiais).
Escala[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Escala (instrumento)
Dois exemplos de escalas, com os trastes e as marcas incrustadas.
Feita de uma madeira diferente do resto do braço, como ébano, a escala é a parte do
instrumento onde as cordas são apoiadas quando o músico quer dividir a corda. É sobre a
escala que os trastes são montados. Além disso possui várias marcas em forma de círculo,
losangos ou triângulos, incrustadas por marchetaria. As marcas são geralmente de
madrepérola, marfim ou ébano. Em alguns casos são simplesmente pintadas e servem para
ajudar o músico a identificar as casas na escala. Geralmente é usada uma marca na 3ª, 5ª, 7ª,
9ª,12ª, 15ª, 17ª, 19ª,21ª e 24ª casas e duas marcas na 12ª, às vezes na 7ª e na 24ª (quando
existente) casas. Em algumas guitarras elétricas estas marcas podem ser luminosas,
com LEDs ou fibras ópticas.
Alavanca[editar | editar código-fonte]
Parte da guitarra usada para efetuar um efeito chamado vibrato. Este efeito consiste em alterar
a altura das notas de forma que elas transpassem a ideia de uma onda fluindo. Este efeito é
muito utilizado em alguns ritmo agitados, porém é principalmente usado em ritmo de rock.
Trastes[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Traste
Os trastes ou trastos são pequenas barras (geralmente alpaca ou ligas de níquel) montadas
sobre a escala e que definem os pontos exatos em que a corda deve ser dividida para obter
cada uma das notas. Quando o músico encosta o dedo sobre uma corda ela pousa sobre a
escala e fica apoiada sobre o traste. O comprimento vibrante da corda passa a ser aquele entre
o traste e o rastilho.
Os trastes são montados nos instrumentos modernos para permitir que as guitarras
tenham temperamento igual. Consequentemente a razão entre as distâncias de dois trastes

consecutivos é , cujo valor numérico é aproximadamente 1,059463. Como essa razão é


aplicada sucessivamente a cada intervalo, isso explica porque as casas próximas à pestana são
mais largas que aquelas próximas ao corpo do instrumento. O 12º traste divide a corda
exatamente na metade e o 24º (se existente) divide a corda em um quarto do comprimento total
(entre a pestana e o rastilho). Cada doze trastes representam um intervalo de exatamente uma
oitava.
A distância entre o rastilho e o nésimo traste, ou seja o comprimento vibrante da corda quando a
corda pousa sobre o traste n é dada pela fórmula:

onde d é o diapasão da corda (comprimento total da corda entre o rastilho e a pestana).


Corpo[editar | editar código-fonte]
Guitarra acústica[editar | editar código-fonte]
Na guitarra acústica e também em algumas variedades semiacústicas, o corpo tem as funções
de caixa de ressonância e de fixação das cordas. O corpo é uma caixa oca feita de diversas
madeiras. Geralmente tem uma abertura (chamada boca) na parte superior, necessária para
amplificar o som das cordas e permitir a vibração do ar. Abaixo da boca é colado o cavalete,
usado para fixar as cordas ao corpo. O cavalete possui furos para a fixação das cordas. Sobre o
cavalete, é montado o rastilho, uma barra de madrepérola, osso ou plástico que serve para
distanciar as cordas do corpo e da escala. Nas guitarras de flamenco, usadas no flamenco, um
protetor de tampo é montado na parte do tampo abaixo da boca para que o músico possa
realizar sons percussivos com os dedos. Diversos elementos decorativos estão presentes no
corpo, tais como mosaicos ou frisos de cores diferentes. Alguns instrumentos populares podem
ainda ser pintados em diversas cores.
Guitarra elétrica[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Guitarra elétrica
Na guitarra elétrica e no baixo, o corpo é uma peça maciça de madeira, geralmente maciça ou
nos modelos mais populares, madeira laminada, pois isso produz instrumentos leves e muito
rígidos, além de terem melhor sonoridade. As madeiras brasileiras mais comuns são o cedro,
mogno, marfim, caxeta ou freixo. Em outros países são empregadas madeiras como ash, alder,
basswood, jacarandá, ébano ou bordo entre outras. Em geral estes instrumentos são revestidos
por finas lâminas de madeiras mais nobres ou pintados, muitas vezes com motivos bastante
elaborados e multicoloridos. O corpo é geralmente entalhado ou escavado para permitir a
montagem dos equipamentos eletrônicos, da Ponte(cavalete) e outros equipamentos. Um
protetor de tampo, chamado guarda unhas pode ser acrescentado para proteger o corpo do
atrito com a palheta.

Encordoamento[editar | editar código-fonte]


Ver artigo principal: Corda (música)
O som da guitarra é produzido pela vibração das cordas, que para tanto devem ser tensionadas
e montadas de forma que possam vibrar livremente sem bater em nenhuma outra parte do
instrumento. As cordas dos alaúdes e das guitarras antigas eram feitas de tripa (intestinos)
de ovelhas cortadas em espessuras muito finas e torcidas. Atualmente elas são feitas
de nylon ou de aço. As cordas mais finas, usadas para as notas mais agudas, são constituídas
de um fio único. As mais grossas, na verdade, são cabos constituídos de uma alma (que pode
ser de nylon, de aço ou de seda) envolta por uma espiral de um fio mais fino feito de aço.|||||
Esta construção permite maior resistência à tração, maior estabilidade de afinação e maior
flexibilidade do que seria possível caso se usassem fios singelos também nas cordas mais
grossas.
Guitarra elétrica, que usa cordas de aço.
Cordas de aço geralmente possuem uma pequena esfera fortemente fixada a uma de suas
extremidades para facilitar a fixação no instrumento. As cordas são fixadas aos furos existentes
no cavalete através de um nó ou pela esfera, que por ser mais larga que o furo não consegue
passar por ele, prendendo a corda. Em algumas guitarras ou baixos as cordas passam por furos
através do corpo do instrumento e são fixadas na parte posterior do corpo. O rastilho é uma
barra feita de osso ou plástico que é apoiada sobre o cavalete e sobre a qual as cordas são
assentadas. A altura do rastilho é importante para definir a distância entre as cordas e a escala.
O ajuste da altura é importante pois a afinação do instrumento pode sofrer variações se a
distância das cordas for muito grande. Por outro lado, cordas muito próximas da escala podem
encostar nos trastes ao vibrar, o que produz um ruído desagradável (trastejamento). A outra
extremidade da corda passa sobre a pestana, depois é enrolada em espiral sobre o eixo das
tarraxas. Como a ponte e a pestana são mais altas que o braço e o corpo do instrumento, as
cordas ficam estendidas e tensionadas entre essas duas peças e podem vibrar livremente
quando dedilhadas ou tangidas por uma palheta. Geralmente as guitarras são construídas para
serem tocadas com o braço na mão esquerda e o corpo na direita. Nesta posição, os sulcos da
pestana são dispostos de forma que a corda mais grossa fique em cima e as mais finas
embaixo. O rastilho ou ponte também não são simétricos. A distância entre as cordas e o corpo
é maior para as cordas graves do que para as mais finas. Isso é necessário para evitar o
trastejamento dos bordões, mas provoca alguns problemas de afinação. Quando a corda é
pousada sobre a escala ela é esticada. O aumento na tensão aumenta ligeiramente a afinação
da nota. Ainda que muito tênue esse efeito pode causar desafinações em alguns acordes. Para
compensar esse problema, o cavalete é colado levemente inclinado. Assim, as cordas mais
grossas (as que sofrerão maior tensionamento durante a execução) são ligeiramente mais
longas que as mais agudas. Toda a montagem desses componentes é crítica e permite
diferenciar a qualidade dos instrumentos feitos por diferentes luthiers.
Todas essas assimetrias obrigam a construção de versões diferentes de instrumentos
para destros e canhotos. Muitos guitarristas e violonistas, no entanto adaptam o instrumento
para a execução invertida. Alguns músicos simplesmente viram o instrumento e tocam com uma
técnica espelhada. O problema desse método é que os bordões, geralmente tocados
pelo polegar precisam ser tocados pelo indicador. Outros, como Jimi Hendrix fazem o
encordoamento invertido em uma guitarra normal. Embora funcional, esse método pode levar a
pequenas falhas de afinação. Estilos como o blues, o rock e o folk, que utilizam
muitos bends e vibratos não sofrem tanto com esses problemas de afinação, mas para a
execução erudita com as mãos trocadas é essencial utilizar um instrumento especialmente
construído para canhotos.
Afinação[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Afinação
Muitas afinações diferentes são possíveis dependendo da variedade do instrumento. A mais
comum para instrumentos de 6 cordas é a “afinação padrão” Mí, Sí, Sól, Ré, Lá e Mí
novamente,(EBGDAE). Note que a guitarra é um instrumento transpositor. As notas soam
uma oitava abaixo do que são escritas. As notas abaixo correspondem à nota produzida pela
corda solta:

 Sexta corda (a mais grave a que fica acima de todas as


outras): Mi bordão (uma décima terceira menor abaixo
do Dó central — aprox. 82.4 Hz)
 Quinta corda: Lá (uma décima menor abaixo do Dó central —
aprox. 110 Hz)
 Quarta corda: Ré (uma sétima menor abaixo do Dó central —
aprox. 146.8 Hz)
 Terceira corda: Sol (uma quinta justa abaixo do Dó central —
aprox. 196.0 Hz)
 Segunda corda: Si (uma segunda menor abaixo do Dó central
— aprox. 246.92 Hz)
 Primeira corda (a mais aguda): Mi (uma terça maior acima do
Dó central — aprox. 329.6 Hz)
A afinação padrão permite um dedilhado simples para a maioria dos acordes e também a
execução de escalas com o mínimo de movimentos de mão esquerda.

Ver artigo principal: Guitarra acústica


As guitarras acústicas possuem um corpo oco feito em madeira.[7] São utilizadas em diversos
géneros da música, como o rock, bossa nova, country music, jazz, fado e estilos folk de diversos
países. Também há versões específicas para a música clássica e para a música da Espanha
(flamenco). Como possuem uma caixa de ressonância, têm potência sonora suficiente para a
execução sem amplificação, mas podem ser usados microfones ou captadores quando
necessário aumentar a potência sonora. Em geral, esses instrumentos são tocados com as
unhas ou palhetas e valoriza-se seu timbre natural sem distorções elétricas.
Guitarra elétrica[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Guitarra elétrica

Uma guitarra.
Esta, como dito, é uma versão elétrica da guitarra, porém, com braço maior e de maior alcance,
e com maior número de trastes (geralmente entre 20 e 27). Guitarras elétricas podem possuir
caixa de ressonância. Neste caso são chamadas de guitarras eletroacústicas. Neste caso, os
captadores são instalados dentro da boca. Uma vez que o instrumento é amplificado, as
guitarras elétricas não necessitam realmente da caixa de ressonância, por isso atualmente elas
são construídas em um bloco maciço de madeira ou diversos tipos de plástico. As partes
eletrônicas e demais acessórios são instaladas em cavidades do corpo. Esta montagem tem
ainda a vantagem de permitir uma maior resistência à tração ao conjunto, fundamental quando
são utilizadas cordas de aço muito tensionadas. As guitarras elétricas são utilizadas
principalmente no rock e metal mas também são frequentes no blues, jazz e música pop. Devido
à tensão das cordas de aço usadas nesses instrumentos, a execução mais frequente é com
palhetas e diversos efeitos eletrônicos podem ser aplicados durante a amplificação.
As guitarras já têm 5 mil anos de história onde tudo teve
origem num instrumento Espanhol chamado “vihuela”, que
era a junção de “ud” e “cozba” que eram instrumentos ainda
mais antigos muito populares no Oriente e no império
Romano respetivamente.

Ud

Cozba
Vihuela

A guitarra apareceu ao juntar-se mais 3 cordas e 3


cravelhas e uma caixa acústica com um braço e trastes
(divisões transversais).
Existem vários tipos de guitarras como por exemplo:
guitarra elétrica, guitarra acústica, violão, etc.
Cada tipo de guitarra é especifica para um certo tipo de
música, como por exemplo, as guitarras elétricas são mais
usadas no estilo rock enquanto que as guitarras acústicas são
mais usadas no estilo erudito ou flamenco.

Guitarra Acústica
Guitarra Elétrica

Whiplash.Net | 28/04/08 | Matérias | Musical Box | Instrumentos | +

A História da Guitarra - Parte 1: do Alaúde ao Violão

Por Daniel Alegria De Marco


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A guitarra é, sem dúvida alguma, o instrumento que melhor simboliza tudo aquilo que o rock
pretende mostrar. Não existe pessoa aficionada por música, principalmente rock, que não
conheça guitarras ou guitarristas. Poderíamos inclusive nos arriscar a dizer que a guitarra é
conhecida por todos, mesmo aqueles que não estão especialmente "sintonizados" com
música. De onde surgiu então este instrumento de concepção tão simples e detalhes tão
complexos, capaz de fazer a alegria de milhares de pessoas?
A História da Guitarra - Parte 2: a guitarra e o baixo elétricos
Guitarra barroca feita pelo luthier Giovanni Tesler,
1618

A guitarra teve sua origem nos violões, mas uma longa jornada foi trilhada para que hoje a
mesma tivesse as características a que estamos acostumados. A origem principal do violão é a
guitarra barroca, sendo que os exemplares mais antigos datam do final do século XVI.

Eram instrumentos pequenos, com braços e corpos bem menores que os dos violões atuais, e
parte traseira arredondada, feita pela junção de diversas ripas de madeira, como no casco de
um barco. Até o século XVIII, porém, muito pouco aconteceu na evolução da guitarra
barroca. Foi nessa época que se começou a usar, de forma mais generalizada, 6 cordas,
mesma quantidade que temos hoje.
Guitarra barroca atribuída ao luthier René Voboam, século
17. Notar o fabuloso trabalho de entalhe com madrepérola e o contorno do corpo trabalhado
em Marfim e Ébano.

Foi também nessa época que apareceram inúmeras tentativas de mudanças, com o objetivo de
alcançar um design que fosse portátil, prático de tocar e que garantisse um volume sonoro
suficiente para apresentações, visto que não existiam ainda métodos eletrônicos de amplificar
o som do instrumento. Com isso, apareceram instrumentos bastante interessantes,
normalmente mistos entre harpas e o que seria o violão que conhecemos hoje.
Modelo de guitarra-harpa, em forma de lira, feito pelo luthier
François Breton, cerca de 1800. Notar a utilização de 6 cordas e a escala parecida com o
violão tradicional.

No entanto, nenhum dos modelos inventados (e foram muitos...) virou um padrão aceito.
Eram modelos pouco práticos de tocar e normalmente possuíam uma construção mais frágil e
intrincada do que os violões da época.

No final do século XVIII, o violão (ou guitarra romântica, como é chamado o violão dessa
época), já possuía uma caixa de ressonância maior, em forma de “8”, fundo plano, e quase
sempre com 6 cordas. No século XIX, começaram a surgir violões com uma aparência
similar a dos atuais. A caixa passou a ter a parte inferior mais larga, tomando a forma que
conhecemos hoje. No entanto, havia ainda diversos estilos de construção, não existindo
naquele momento uma arquitetura (sem contar afinação, quantidade de cordas, materiais
empregados, etc.) que pudesse ser considerada "universal". Mas, foi no final do século XIX
que o violão atualmente utilizado foi concebido, e inclusive podemos dizer que após isso
poucas mudanças aconteceram até os dias atuais.
Foto do conhecido violonista Napoleon Coste, com
alguns de seus instrumentos, todos do século 19. Reparar que o formato de corpo dos
instrumentos já possuía formas bastante “atuais”.

Na Espanha, Antônio de Torres estabeleceu o que seria o padrão de construção do violão


clássico feito atualmente, com as cordas de nylon. As alterações de Torres foram realmente
profundas: o contorno do corpo tomou a forma atual e o comprimento da escala foi redefinido
para 650mm, dando mais tensão às cordas. Com essa nova tensão, foi redefinida a estrutura
do tampo e sua sustentação, criando o sistema de "bracing" utilizado até hoje por luthiers e
grandes fabricantes. Torres construiu 320 violões (dos quais 66 ainda existem hoje) até 1892,
quando faleceu. A contribuição de Torres dada aos violões "clássicos" (equipados com cordas
de nylon), ratificou a Espanha como um pólo tradicionalíssimo na construção desse tipo de
instrumento (sem falar na guitarra flamenca que, a princípio usada apenas para esse gênero,
possui atualmente construção bastante parecida com a clássica, chegando inclusive a serem
confundidas em alguns casos).

Apesar das transformações ocorridas com o instrumento na Espanha, no final do século XIX
ainda vivia-se sem usufruir da velocidade da informação de um mundo globalizado, e
portanto paralelamente ao trabalho de Torres outros esforços eram empreendidos com o
intuito de aperfeiçoar o violão.
Esta foto mostra um violão feito
por Torres, o pai do violão clássico moderno. Datado de 1860, possui linhas bastante atuais.
Reparar no detalhe da mão, onde as tarraxas ainda eram de madeira, com afinação garantida
por atrito (usava-se pó de giz para aumentar o atrito entre as peças e garantir a afinação).

A principal contribuição neste sentido foi dada por um luthier alemão que, como tantos
outros, resolveu cruzar o Atlântico em busca de oportunidades no novo mundo. Christian
Friederich Martin não imaginava que sua iniciativa criaria uma marca que ajudaria a escrever
a história da música do século XX e definiria um novo padrão na construção de violões de
cordas de aço.

Martin foi para os EUA no ano em que foi registrada uma das maiores chuvas de meteoritos
de toda a história. Não sabemos se durante a sua longa viagem ele teve a possibilidade de
observá-los do convés do navio e fazer algum pedido, mas o fato é que suas criações
obtiveram grande sucesso e definiriam o que viria a ser considerado o violão americano, ou
como é mais conhecido de todos, o violão de cordas de aço.

Martin estava acostumado a construir instrumentos baseados na tradicional escola européia,


altamente decorados e empregando materiais raros como marfim e madrepérola. Logo
percebeu que se quisesse ter sucesso na nova empreitada teria que adaptar seu estilo. Afinal,
seu mercado potencial era formado basicamente por pessoas modestas, que trabalhavam duro
e sem tempo para "pompas e circunstâncias". Usando sua experiência e buscando soluções
inovadoras, Martin simplificou os instrumentos, sem contudo abrir mão da qualidade e
cuidado na construção dos mesmos. Na prática isso pode ser verificado através da adoção de
uma mão simples (onde ficam as tarraxas), de linhas retas e sem adornos, assim como um
cavalete também de linhas retas. Também aumentou o tamanho da caixa de ressonância, e
aplicou uma de suas maiores invenções: a estrutura do tampo em forma de X, conhecida
como "X-bracing". Esta estrutura consiste basicamente em reforçar o tampo internamente
com 2 ripas formando um X, garantindo rigidez e durabilidade, mas permitindo liberdade de
vibração ao conjunto. No século seguinte, esta estrutura caiu como uma luva no emprego de
cordas de aço, suportando a tensão extra das mesmas em relação às de nylon e ainda assim
garantindo uma sonoridade forte e precisa. Essa arquitetura de construção virou então o
padrão utilizado nesse tipo de instrumento, e é usada até hoje por praticamente todos os
fabricantes. Nascia assim o violão de cordas de aço, também chamado de violão folk.
X-
bracing: a estrutura interna do tampo de um violão Martin, usada por inúmeros fabricantes até
os dias de hoje. Mão: esta foto mostra a mão de um violão Martin modelo 2-27, de 1870.
Repare que a mesma era simples, sem adornos e com linhas retas.

Washburn modelo 355, de 1899.


Totalmente inspirado nos modelos da Martin, porém com boa qualidade de materiais e
acabamento.

Deve-se ressaltar que Martin não era, de forma alguma, o único nessa época a produzir
violões neste estilo. É claro que vários fabricantes prontamente se dispuseram a copiar o
desenho de Martin, o que contribuiu mais ainda para que o padrão fosse aceito. Entre estes,
podemos destacar a "Lyon and Healy". Fundada por Patrick Joseph Healy e George
Washburn Lyon em 1864, produzia instrumentos em grande quantidade e de muito boa
qualidade, e sua linha de instrumentos, a Washburn, ainda existe até hoje apesar de uma
história cheia de altos e baixos ao longo de todos esses anos.[ * retorna x>
Gibson L1, modelo de 1912,
mostra um corpo de tamanho pequeno em relação aos modelos posteriores.

Já no início do século XX, os violões de cordas de aço e nylon haviam atingido uma
maturidade plena em técnicas de construção e padronização. Pode-se inclusive arriscar dizer
que muito pouco aconteceu no sentido evolutivo desses instrumentos até hoje. Ocorreram,
sim, adaptações às novas realidades: madeiras raras foram substituídas por outras, a
fabricação de cordas alcançou mais precisão e a oferta de modelos aumentou. No entanto,
ainda existiam muitas idéias para se colocar em prática.

E assim, foi em 1902 que Orville Gibson, um habilidoso luthier, criou uma empresa com o
objetivo de construir bandolins e violões. No entanto, Gibson não queria construir
instrumentos como os que os outros faziam: queria aplicar seus conceitos de construção de
violinos e violoncelos aos bandolins e violões. Apareceram assim instrumentos com tampo e
fundos curvos esculpidos, e a tradicional boca redonda foi substituída por aberturas em
formas de "f". A ponte (ou cavalete), antes colada no tampo, passou a ser móvel, como nos
violinos, atuando como um transmissor das vibrações das cordas para o tampo e caixa de
ressonância. As madeiras empregadas passaram a ser similares às usadas nos violinos.
Nascia, além da Gibson que todos conhecem hoje, a guitarra de jazz.

Com as modificações realizadas por Gibson e com o aumento do tamanho da caixa de


ressonância, realizada nos anos 30, a guitarra conseguiu um substancial aumento de volume
sonoro. Os modelos lançados pela Gibson, particularmente L5 e Super 400, viraram
campeões de popularidade entre os grupos de jazz.

Gibson L7, modelo de 1937,


já mostra uma caixa de ressonância grande (17 polegadas na parte inferior mais larga), com
objetivo de garantir um volume de som condizente com as necessidades da época, já que
então a guitarra elétrica ainda não podia ser considerada uma realidade.
Nessa época, outras empresas disputavam o espaço com a Gibson no segmento de guitarras
de jazz. As principais eram a Stromberg e a Epiphone, criada pelo filho de um imigrante
grego, Epaminondas Stathopoulo. Inicialmente denominada "House of Stathopoulo", teve seu
nome mudado para "Epiphone Banjo Corporation", em 1928 (“Epiphone” é a combinação de
“Epi”, apelido de Epaminondas, com “phone”, som em grego). Com a morte de Epaminondas
em 1940, e com a Segunda Guerra Mundial, a Epiphone enfrentou diversas crises até ser
vendida para a Gibson, em 1957.

No entanto, apesar de todas estas inovações, a proliferação das “Big Bands” nos anos 30
colocou a guitarra em uma posição delicada. Por mais bem construída que fosse, seu volume
sonoro não conseguia rivalizar com o dos metais e bateria. A idéia de aumentar o volume a
partir de agora seria recorrer à eletricidade.

Estava preparado o cenário para o nascimento da guitarra elétrica..

A História da Guitarra - Parte 2: a guitarra e o baixo


elétricos

Por Daniel Alegria De Marco


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No artigo anterior, mostramos a “pré-história” da guitarra desde o século XV até o início


do século XX. Vimos que tal evolução foi motivada por vários fatores, mas um dos
principais foi a busca por um maior volume de som. Entretanto, mesmo com todas as
evoluções e aperfeiçoamentos implementados, a guitarra acústica havia na década de
30 atingido o ápice no que diz respeito ao volume de som produzido, sem amplificação
através de algum dispositivo eletrônico. Esse momento propício, durante as décadas de
30 e 40, alavancou diversas iniciativas nesse segmento, o que culminou em uma
situação peculiar: a guitarra elétrica não teve um, mas alguns “inventores”.
A História da Guitarra - Parte 1: do Alaúde ao Violão

Uma das principais iniciativas nesse sentido foi a do suíço Adolph Rickenbacker, então
radicado nos EUA. Rickenbacker fundou em 1925 uma empresa, denominada
“Rickenbacker Manufacturing Company”. Ao contrário do que possa parecer,
Rickenbacker não fabricava instrumentos musicais, mas sim partes de metal para as
guitarras tipo “resonator” da National (estas guitarras traziam uma interessante idéia
acústica de ampliar o volume de som, mas acabaram por se tornar praticamente um
novo instrumento).
Adolph Rickenbacker e sua criação:
a Frying Pan

A National, na figura do guitarrista e inventor George Beauchamp, também tentava usar


a eletricidade para fazer seus instrumentos “falarem” mais alto. Logo no início dos anos
30, Beauchamp e Paul Barth, sobrinho de um dos donos da National, fizeram uma
guitarra experimental elétrica, com corpo circular e braço feitos de madeira e com um
grande captador eletromagnético. Esta guitarra ficaria conhecida como “Frying Pan”
devido à sua aparência, e seria considerada pela maioria a primeira guitarra elétrica
construída.

O princípio de funcionamento dos captadores eletromagnéticos é bastante simples, e


ainda é utilizado até hoje. Uma bobina é imersa em um campo magnético e conectada a
um amplificador. As cordas (obrigatoriamente de material magnetizável – aço) são
colocadas para vibrar dentro do campo magnético gerado por esse imã. Essa vibração
resulta em uma alteração deste campo magnético, a qual causa uma variação de
tensão nos terminais da bobina, que é amplificada e acaba sendo transformada no som
que ouvimos.

O captador da “Frying Pan” era feito de dois grandes ímãs envolvendo as cordas, com
uma bobina abaixo deles. Apesar de não ser a guitarra dos sonhos de qualquer
guitarrista, Rickenbacker, Beauchamp e Barth fundaram em 1932 a Ro-Pat-In, com o
objetivo de produzi-la em série. A Ro-Pat-In mudou seu nome nos anos 30 para Electro
String Instrument e em 1934 começaram a produzir guitarras sob a marca Rickenbacker
Electro.

Nesta época, a Rickenbacker lançou a linha Electro Spanish, que nada mais era que
uma tradicional guitarra acústica de jazz com um captador similar ao da Frying Pan.
Apesar das vendas da Electro Spanish não terem sido animadoras, várias empresas
haviam percebido que esse era um caminho sem volta. Por isso, em 1936 a Gibson
lançou a guitarra “Electric Spanish”, modelo ES-150, que seguia a mesma idéia de
Rickenbacker: uma guitarra acústica de jazz com um captador montado próximo ao
braço. Não é de surpreender que a Gibson já possuísse know-how para um lançamento
deste tipo: muitos acreditam firmemente que o famoso engenheiro Lloyd Loar, principal
responsável por grande parte das criações da Gibson, havia realizado diversos
experimentos (e com sucesso) relativos à eletrificação de instrumentos, enquanto
trabalhou na Gibson, de 1919 a 1924.

Apesar da novidade da captação elétrica, todas essas guitarras tinham uma


característica comum, que era a de serem apenas a eletrificação de modelos
existentes. Ainda não se ouvia falar em guitarras sólidas, com corpo feitos de madeira
maciça.

Em tal momento surgiu em cena Lester William Polfus, também conhecido como Les
Paul. Em 1928, então com 12 anos, Les Paul entretinha com sua guitarra os clientes de
uma pequena lanchonete. Em suas apresentações, seu público sempre reclamava que
não conseguia ouvi-lo. Na tentativa de amplificar seu instrumento, Les Paul instalou um
captador de gravador e conectou-o ao rádio dos seus pais, usando o mesmo como
amplificador. Apesar dessa solução não ser ideal para grandes ambientes, fez Les Paul
pensar na viabilidade de construir uma guitarra sólida, preservando o som original das
suas primas acústicas.

Após anos de pesquisas e tentativas, Les Paul construiu um protótipo que foi chamado
de “The Log” (a tora). Ele levou sua criação para apresentá-la à Gibson, onde riram da
sua idéia. Les Paul havia aparafusado um braço de guitarra acústica em um pedaço
retangular de madeira com 2 captadores e prendido nele as laterais de uma guitarra
acústica apenas para que o resultado ficasse parecido com uma guitarra (mal
imaginavam os executivos da Gibson que futuramente lançariam guitarras famosas –
ES 335, ES 355, etc. – com o mesmo tipo de construção).
O protótipo da
Les Paul: The Log

A iniciativa de Les Paul não foi a única. Em 1935, Rickenbacker havia lançado um
modelo maciço, porém de baquelite, além do modelo “Vibrola”, com um inovador (mas
primitivo) sistema de vibrato através de motores (essa guitarra era tão pesada que
possuía um suporte para que o músico pudesse tocá-la, pois era impossível pendurá-
la).

Outros experimentos apareceram, e entre os mais importantes destaca-se a guitarra


Bigsby-Travis, de 1948. De todas as iniciativas até então, acredito que era a que mais
se aproximava das guitarras que conhecemos hoje. No entanto, sua produção foi
restrita a poucas unidades, e portanto não considera-se a Bigsby-Travis um modelo
comercial.

No mesmo ano de 1948, George Fullerton uniu-se e Leo Fender para construir uma
guitarra que fosse maciça e pudesse ser produzida em massa. Criaram a “Broadcaster”,
que existe praticamente inalterada até hoje com o nome de “Telecaster”. A Broadcaster
seria lançada em 1950, e tornar-se-ia a primeira guitarra maciça comercializada em
massa, mudando a história para sempre.

A guitarra
Fender Telecaster

Com o sucesso da Fender, a Gibson percebeu que havia dispensado uma grande idéia
ao rir da invenção de Les Paul. O próprio Les Paul conta que os executivos da Gibson
foram procurá-lo em 1951, e mostraram-se interessados em comercializar uma guitarra
desenhada por ele. Incrivelmente, a Gibson não queria colocar seu nome na mesma por
temer um fracasso, ao que Les Paul prontamente sugeriu que chamassem a guitarra de
Les Paul. E assim foi feito: em 1952 foi lançada a Gibson Les Paul. O sucesso da Les
Paul foi tanto que a mesma manteve-se inalterada até 1961, quando foi totalmente
reestilizada (no entanto, em 1968 sua versão original foi relançada, atendendo a
pedidos).

A guitarra
Gibson Les Paul

Todo esse sucesso das guitarras trouxe na carona um lançamento que traria profundas
mudanças na música: o baixo elétrico. Em 1951, Fender inovava com o lançamento do
baixo Precision. Até então, tocava-se baixo acústico, instrumento pouco portátil e sem
trastes. O Precision logo conquistou músicos de country, e até alguns de jazz, como
Monk Montgomery, da banda de Lionel Hampton. O Precision possuía o mesmo tipo de
construção da Broadcaster: braço em Maple aparafusado ao corpo, um captador, e
estética bastante similar à Broadcaster. Possuía também uma escala de 34 polegadas
(padrão até hoje e menor que a de um baixo acústico) com trastes.

O baixo
Fender Precision

Mas o melhor ainda estaria por vir. Apesar do sucesso da Telecaster e da Les Paul,
ainda não havia aparecido aquela que se tornaria a vedete das guitarras. Em 1954, Leo
Fender mais uma vez mudaria a história lançando uma nova guitarra, a Stratocaster.

A Stratocaster traria várias importantes inovações. Seu corpo possuía um novo


desenho, de construção similar ao da Telecaster. Eletricamente, traria uma de suas
grandes inovações, através da adoção de 3 captadores de bobina simples (a Telecaster
possuía 2) e com uma chave de 5 posições que permitia diversas associações dos
mesmos, permitindo portanto uma grande variedade de sons. Seus captadores eram
unidades de baixa impedância, com um som mais brilhante e limpo, próximo dos
instrumentos acústicos. Todo o circuito elétrico, incluindo os captadores, era montado
em uma placa acrílica removível. Isto permitia que o circuito fosse todo montado fora da
guitarra e posteriormente instalado na mesma em apenas uma operação, fato típico de
uma produção em larga escala. Também foi incorporada uma alavanca de trêmolo,
inexistente na Telecaster.

A guitarra
Fender Stratocaster

O corpo da Stratocaster era esculpido visando o conforto, com rebaixo para apoio do
braço e para a barriga do músico. A Stratocaster logo conquistou os músicos e hoje é
até desnecessário listar todos que foram ou são apreciadores dela. Nomes como Eric
Clapton, Jeff Beck, David Gilmour, Ritchie Blackmore, Jimi Hendrix, apenas para citar
alguns (na verdade, faltaria espaço para listar todos os músicos que são adeptos da
“Strato”). A guitarra é produzida com muito sucesso até os dias atuais, e conserva suas
características principais praticamente inalteradas. Com esse lançamento, a Fender
passava a ser líder isolada no mercado de guitarras maciças e baixos elétricos.

Em 1956, na tentativa de conquistar o mercado dominado pelo baixo Fender Precision,


a Gibson lançou seu primeiro baixo elétrico, o modelo EB1. Seu desenho lembrava um
violino com corpo de baixo (como o baixo Hofner que Paul McCartney faria famoso na
próxima década). Apesar da investida da Gibson, o Fender Precision reinou sozinho até
1957, quando ganhou o desenho que conhecemos hoje e quando Rickenbacker lançou
seu primeiro baixo, o modelo 4000, similar ao 4001 usado por inúmeros astros, como
Chris Squire (Yes) e Geddy Lee (Rush). Os modelos Rickenbacker possuíam uma
construção sólida e um braço inteiriço em oposição ao braço aparafusado dos
Precision.

Mesmo com toda a concorrência, a Fender reinou absoluta nos anos 50 e 60 no cenário
dos baixos. Os baixos Gibson não eram bem aceitos pelos músicos, apesar de usados
por alguns artistas importantes como Jack Bruce (Cream).

Em 1960, apareceria talvez a última grande criação no segmento de baixos e guitarras:


o baixo Fender Jazz Bass. Com um desenho arrojado, o Jazz Bass seria a alternativa
para os músicos que queriam mais versatilidade de som. O Jazz Bass oferecia 2
captadores single coil e um braço mais estreito que o do Precision. Logo ficou sendo o
preferido para jazz e alguns estilos de rock/fusion, enquanto o Precision ficaria famoso
no ambiente de pop/rock. O Jazz Bass ajudaria a popularizar o baixo fretless (sem
trastes), com seu som mais parecido com um baixo acústico. Para este quesito em
particular, o baixista virtuoso Jaco Pastorius teve grande importância, ao arrancar com
um alicate os trastes de seu Jazz Bass, transformando-o em um fretless de uma hora
para outra (a Fender inclusive lançou uma série especial do Jazz Bass, modelo Jaco
Pastorius, onde os baixos saem da fábrica com as marcas de pancadas, arranhões e
falhas na pintura exatamente nos locais em que estavam presentes no baixo original de
Jaco).

Hoje, quase 50 anos após o que pode ser considerado o último evento realmente
expressivo na evolução da guitarra, o cenário já se encontra muito mais diversificado.
No mundo inteiro milhares de empresas fazem réplicas de modelos famosos, como Les
Paul, Stratocaster, Telecaster, Precision, Jazz Bass, etc., além de novos modelos que
surgem constantemente.

A tecnologia permitiu a criação de instrumentos com características modernas de


construção. Hoje são testados novos materiais, além da madeira, como resinas de
grafite, fibras de carbono, fibras de vidro e muitos outros (os modelos mais caros da
Stratocaster, por exemplo, possuem reforços internos ao braço em grafite).

A parte eletrônica também evoluiu muito. Os captadores magnéticos ainda reinam,


porém já existem instrumentos utilizando circuitos ativos, captadores piezoelétricos (que
funcionam através da alteração de pressão em um cristal), captadores óticos (que
“vêem” a vibração da corda e a amplificam) e tantas outras idéias. Hoje, no momento de
rápida evolução em que vivemos, “o céu é o limite”, mas acredito firmemente que a
guitarra elétrica em sua concepção básica já conquistou definitivamente um lugar no
coração e no ouvido de todos nós, e por isso veio para ficar.
Assim como a maioria dos instrumentos de cordas Europeus, a guitarra data de milhares de anos
atrás. A origem mais antiga daquilo que agora chamamos de guitarra moderna pode ser
encontrada no médio oriente, na Ásia central e na india desde à cerca de 5000 anos atrás.
40 anos depois de Cristo os Romanos adaptaram e desenvolveram a guitarra/violão de 4 cordas: o
alaúde. Algures na Europa os Escandinávos desenvolveram um instrumento de seis cordas: o lute.
Por volta de 1200 depois de Cristo, o instrumento de 4 cordas desenvolveu-se em dois tipos
distintos. O primeiro, a guitarra morisca, era um instrumento com um braço amplo, as o corpo
redondo com vários buracos sonoros. O segundo era a guitarra latina, que se tornou na guitarra
moderna, contendo apenas um buraco e um braço mais estreito.

Nos séculos XV e XVI a viola espanhola era considerada a antecessora direta da guitarra
moderna. Combinava a afinação da lute com um corpo de guitarra moderna. A sua construção foi
projetada para combinar as características do alaúde Arabe e do Alaúde Europeu.

Gaetano Vinaccia, um luthier de Nápoles,Itália, deverá ter construído a mais antiga e


sobrevivente guitarra de 6 cordas em 1779.

A guitarra moderna normalmente tem 6 cordas, no entanto pode ter quatro, sete, oito, dez e doze
cordas. A guitarra é um dos instrumentos primários nos Blues, rock, pop e música country. É
também a guitarra o instrumento central no flamenco e usado como instrumento a solo.

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