Macieira de Cambra

O antigo edifcio dos Paos do concelho

Cmara Municipal de Vale de Cambra / Sector de Patrimnio e Museu ngelo Augusto da Silva Pinho Dezembro de 2009

ndice Introduo .........................................................................................................................5 A evoluo do concelho ao longo do sculo.....................................................................5 A evoluo poltico administrativa ..............................................................................10 O perodo da Ditadura militar .....................................................................................11 O plebiscito .....................................................................................................................12 Localizao e descrio do edifcio antigo dos Paos do concelho ................................19 As diversas utilizaes do edifcio .................................................................................22 O Primitivo Braso da VILLA CAYMBRA das Terras de Santa Maria....................25 A construo do edifcio .................................................................................................27 O Inqurito sobre os bemns da Fundao Bissaya Barreto ............................................33 A resposta questo inicial.............................................................................................36 Concluso .......................................................................................................................44 Bibliografia .....................................................................................................................45 Anexo 1............................................................................................................................47 Contrato de cedncia do edficio antigo dos Paos do concelho Junta Distrital da Beira Litoral.....................................................................................................................47 Anexo 2............................................................................................................................52 Decreto 1898 relativo desanexao de M. Cambra de O. Azemis .............................52 Anexo 3............................................................................................................................54 Decreto relativo extino do concelho e da criao do de Vale de Cambra ...............54 Anexo 4............................................................................................................................56 Decreto relativo ao plebiscito .........................................................................................56

Macieira de Cambra
Os antigos Paos Do Concelho
O EDIFCIO AR ALTO Introduo Ao realizar este trabalho de pesquisa, no mbito da Histria Local, pretende-se descobrir a verdade sobre a posse deste edifcio. Se algumas dvidas permanecem, julga-se que com este ficam dissipadas todas elas. Ser que se consegue? o que veremos mais frente. Este edifcio, localizado na Praa da Repblica, em Macieira de Cambra, surge inscrito nas Finanas como pertencente Fundao Dissaya Barreto, com sede em Coimbra, com o n 479 da freguesia de Macieira de Cambra. Omisso na Conservatria do Registo Predial, pretende-se saber a quem pertence o mesmo. Na dcada de 20 do sculo XIX, j existia um edifcio, localizado a Sul do actual, que ter sido construdo nessa altura. O edifcio de que falamos reporta-se ao ano de 1867. Ter sido objecto de algumas reformulaes. A mais significativa foi quando adaptado paraPreventrio. Foi inaugurado em 1952. Passou a ser conhecido por Ar Alto. De Paos do concelho at 1927, a Preventrio Asilo, a partir do ano de 1953, instalaram-se, mais tarde, na dcada de (19) 70, dois postos de Telescola, Posto mdico em 1990 e Museu Municipal no ano de 1997. Agora, mais recentemente, este edifcio sede da Junta de Freguesia, posto de correios, e, no primeiro andar, funciona ainda o Museu. Neste trabalho faz-se a contextualizao histrica associada histria deste edifcio, referindo -nos a aspectos como a integrao do concelho de Macieira de Cambra no de Oliveira de Azemis e parte ao de Albergaria Velha, como o caso das freguesias de Ares e Junqueira. A mudana da sede do concelho para o lugar da Gandra e as controvrsias despoletadas em torno desta, para nos situarmos, mais frente, na verdadeira questo que se objectivou inicialmente, sem que, entretanto, se faa uma anlise ao primitivo braso de Macieira de Cambra, tambm so destacadas. Uma pintura, ao cimo da escadaria, leva de imediato, a enganos e deturpaes que urge clarificar e repor. Referimo-nos tambm proposta de classificao de imvel de interesse pblico, cuja deliberao municipal data do ano de 2001, a 8 de Outubro. Por ltimo, clarifica-se a situao administrativa da posse do edifcio. A evoluo do concelho ao longo do sculo Pela Academia Nacional de Belas Artes, no Inventrio Artstico de Portugal, o concelho de Vale de Cambra descrito da forma seguinte: O concelho actual decalca o medieval de Cambra, que tinha por sede a vila de Macieira. Veio a ser do senhorio dos condes da Feira e, a seguir, do Infantado.

A terra de Cambra, posto que tivesse por donatrios, desde o sc. XIV, os mesmos Pereiras dali, constituindo um senhorio distinto. A sede, por Decreto de 31 de Dezembro de 1926, fixou-se na parte baixa do vale, desenvolvendo-se na larga planura, tendo como ncleo o breve povoado da Gndara, da freguesia de Vila Ch, fixando-se-lhe o nome de Vale de Cambra. Os restos pr-histricos so numerosos, bem como traos da ocupao romana. As referncias histricas a Macieira vm de longnquas pocas. No sculo dcimo, uma proprietria local, Fremosinda, vendia, no dia 23 de Dezembro do ano de 994, a Izila Cristovaes e a sua mulher Cresa, metade duma larga herdade, da qual j anteriormente havia cedido aos mesmos a outra, herdade esta que tinha de pais e avs: de ereditate sua propia que aveo in villa quot vocitant Mazanaria territorium subtus monte Ezebrario (...) et aveo ipsa ereditate de patre meo Trastemiro et mater mea Gondissalba et de avios meos. Manifesta-se daqui um povoamento muito antigo na Reconquista. Estava-se na poca do rei leons Bermudo II. Abrange o concelho a parte mdia do curso do Caima, demarcada por grandes alturas. Pelo nordeste eleva-se a serra da Freita que forma (posto que j imediatamente no vizinho concelho de Arouca e zona de Albergaria das Cabras) um planalto, definido pelos vrtices de S. Pedro Velho (1077 m), Destrelo da Malhada (1098 m), Vidoeiro (1096 m), Seriel (1091 m), originado num alto campo de neve na poca glaciaria final, escorrendo da, em todas as direces, regatos por sulcos grandemente declivosos, hoje s torrenciais, mantendo-se, porm, como esgoto principal, o da nascente do Caima, o qual despega pela cenogrfica Frecha da Misarela, de setenta metros de altura. Segue o rio, apertado em duras vertentes, at Rge, onde se veio a executar a barragem Duarte Pacheco, destinada irrigao da zona inferior.

Imagem construo da Barragem (1938)

Imagem barragem eng. Duarte Pacheco

O dique que as cristas quartzticas formaram para poente, ao castro de Ossela, dificultando a eroso, favoreceu a formao da bacia que vai de Burges a Vila Ch, frtil, proporcionando a produo de lacticnios e seu decorrente aproveitamento industrial. Percorre o vale, de norte a sul, o afluente Vigues que drena, pela sua margem esquerda, a serra da Freita. Juntam-se-lhe os regos de Perrinho e Codal, cercando estes a bacia por norte e poente, ladeados de alturas mais baixas. Pelo sul, vem planura e ao rio Caima o afluente que desce do Arestal, por Moscoso. Esta planura e vales, de fartas culturas, com o predomnio do milho e da vinha, lanada esta em extensas ramadas, proporciona autntico encanto, principalmente a quem a veja a primeira vez e v do Sul do Pas. O concelho est actualmente em verdadeiro progresso; o industrial, que h anos se limitava aos lacticnios (a que a irrigao dos campos baixos, pela obra chamada dos Campos de Burges, de 1936 a 1940, veio dar incremento), encontra-se hoje representado por numerosos e grandes empreendimentos; o domicilirio, com a renovao e o aumento de moradias limpas, graciosas, cmodas, adaptadas aos tempos presentes; a prpria vila sede, depois das nossas primeiras visitas de inventrio, adquiriu uma notvel extenso que continua. Naturalmente, os edifcios religiosos tiveram de se adaptar ao crescimento da populao, por uma maior amplido, favorecidos da riqueza geral, havendo na generalidade bom senso nas reformas e certa ateno em se conservarem os elementos antigos de valor, pois que um edifcio de interesse comum um ser vivo e tem de se ir acomodando ao renovamento geral (Academia Nacional de Belas Artes, Inventrio Artstico de Portugal, cd 2, efF: 03078, Lisboa, 2001).

Dos incios do sculo XX chegam at ns relatos que nos descrevem o Concelho de Cambra da seguinte maneira: Macieira de Cambra. Vila da provncia do Douro, sede de concelho e julgado municipal, comarca de Oliveira de Azemis, distrito de Aveiro, bispado do Porto. Tem

uma s freguesia, Nossa Senhora da Natividade. Est situada entre penedias, na estrada de Oliveira de Azemis a Arouca, sendo limitada ao norte pelos montes de Teamonde, que so de extensas colinas cobertas de densos pinheiros; do lado poente pela serra de Lordelo que uma escarpada montanha, cujos flancos esto dum e doutro lado recortados de socalcos, de tabuleiros e de pequenas arroteias penosamente arrancadas a inclemncia dum terreno em parte grantico, em parte argiloso e de provenincia secundria; do lado sul e sudoeste pelas montanhas alterosas de Casteles, pelos outeiros de Cabril e pelo monte abrupto do Crasto (...) Este monte, de aspecto singular e pouco vulgar, ainda serve de marco divisrio entre os dois concelhos da comarca, Oliveira de Azemis e Macieira de Cambra. Pelo lado do norte e nordeste tambm se desenrola imensa cadeia de montanhas, que serve de linha divisria entre este concelho e o de Arouca; mas j no sucede o mesmo a Leste e sueste, pois as serranias speras e secas que parecem interpor-se entre os concelhos de S. Pedro do Sul e Macieira de Cambra, bem como entre estes dois e Sever do Vouga, do lado sul, no so realmente linhas exactas da diviso de terrenos, mas sim um vasto e extenso planalto que compreende na rea de sua dilatada elevao, ora parte dum concelho, ora parte de outro, sem, contudo os separar duma forma bastante definida. A parte mais importante do concelho de Macieira de Cambra justamente aquela que confina com o concelho de Oliveira de Azemis, pois nessa risonha plancie e nas colinas adjacentes que se concentra, no s a maior densidade da populao, como a parte mais activa do comrcio e das indstrias locais. A parte da serrania, isto , a extensa rea que compreende as freguesias de Junqueira e de Ares, embora disponha d'uma boa parte agrcola e pastoreio de nenhuma forma pode ombrear com o ncleos mais populosos da Macieira, de Casteles, e sobretudo da Gndara. A formosa e risonha campina, a que por sua forma caracterstica se costuma dar o nome de Vale de Cambra, encerra, conforme dissemos, a parte mais activa de todo o concelho. Alm do rio Vigues, que percorre toda a parte superior da campina, ainda se pode apontar o ribeiro de Villa Ch, cujas guas, cortando os campos que se estendem do lado norte e leste, vo confundir-se com as do no antecedente, um pouco acima da ponte da Gndara.

Mas, alm destas disposies naturais, alm das guas cristalinas dos dois ribeiros, que vo levar a vida a toda a parte arvel da plancie, ainda se podem notar outras vantagens quer naturais, quer artificiais e devidas mo operosa do homem, como sejam as estradas distritais que ligam este concelho aos de Arouca e de Oliveira de Azemis, as estradas municipais que ligam a praa da Gndara s freguesias de Macieira, Rge e Casteles, e finalmente, um bom nmero de caminhos vacinais e boas

pontes de pedra que demitem fcil comunicao entre todos os povoados do concelho. Contudo, alm deste vale, que inquestionavelmente o primeiro, deve-se notar ainda um outro vale secundrio de menos Importncia comercial e agrcola, apesar de poeticamente superior, atendendo-se sua forma altiva e grandiosa, o vale do rio Caima. Este rio, partindo das alturas que dominam a Frecha da Mizarella, despenhase estrepitosamente por sobre as anfractuosidades de um leito de granito, cavado entre os montes rochosos de Rge, Macieira e Santa Cruz, at que, ganhando com mais brandura a ponte de Burges, vem espraiar-se quietamente nas plancies arenosas de Areias, onde recebe, numa confluncia das mais encantadoras, as guas que percorreram em diversos sentidos o vale maior de Cambra. Segundo as condies fsicas do terreno, que so das mais acidentadas e irregulares, a populao est desproporcionalmente espalhada por sobre os pontos mais principais do concelho. A vila de Macieira de Cambra pequena e s tem de notvel a sua antiguidade e a sua bela situao, pois fica quase ao centro do vale de Cambra, que muito frtil. O rio Caima atravessa o vale, sendo a cortado por algumas pontes de pedra, quase todas construdas j no sculo XIX.

Imagem pormenor do rio Caima

em Rge

Imagem Ponte dos Coronados em Entre-Pontes

Macieira tem muitas construes modernas, que a embelezam. A igreja matriz, apesar de pequena, elegante e possui imagens magnficas, desfrutando-se do adro um lindo panorama. O edifcio onde esto os Paos do Concelho e a Administrao antigo, e foi edificado em 1827. Em 1894 abriu-se uma avenida entre a Praa

Municipal e a Capela do Calvrio, que fica ao norte da vila, a qual depois de arborizada ser um passeio muito aprazvel. Em Macieira de Cambra h escolas para ambos os sexos, estao postal e telegrfica, com servio de emisso e pagamento de vales do correio e telegrficos, cobrana de recibos, letras e obrigaes e servio de encomendas, permutando malas com a R.A.N.-Oliveira de Azemis; mdicos, farmcia, notrio, fbricas de manteiga e de papel, filarmnica Lyra Cambrense, romaria a Nossa Senhora da Sade, ermida situada no alto duma serra, donde se desfruta um lindo ponto de vista. Pertence 5. Diviso militar, 9. Brigada, grande circunscrio militar centro e ao distrito de recrutamento e reserva n 24, com a sede em Aveiro. A vila dista 45 km da sede do distrito, O concelho compreende 9 Freguesias com 2.618 fogos e 12.180 habitantes, sendo 5.403 do sexo masculino e 6,777 do feminino, numa superfcie de 10.603 hectares. As freguesias so: S. Simo de Ares, 1.772 habitantes: 792 do sexo masculino e 980 do feminino; S. Pedro de Casteles, 2.902 habitantes: 1.284 do sexo masculino e 1.618 do feminino; S. Joo Baptista de Cepellos, 1.231 habitantes: 541 do sexo masculino e 690 do feminino; S. Tiago de Codal, 350 habitantes: 154 do sexo masculino e 196 do feminino; S. Miguel de Junqueira, 1.043 habitantes: 470 do sexo masculino e 673 do feminino; N. Sra. da Natividade, de Macieira de Cambra, 2.009 habitantes: 910 do sexo masculino e 1.099 do feminino; S. Salvador de Rge, 1.658 habitantes: 708 do sexo masculino e 950 do feminino; N. Sra. da Purificao, de Vila Ch, 939 habitantes: 423 do sexo masculino e 526 do feminino; S. Joo Baptista de Vila Cova de Perrinho, 274 habitantes: 121 do sexo masculino e 155 do feminino. O principal comrcio de todo o concelho manteiga, legumes, frutas, madeira, cortia e vinho. Recorda-se ainda que entre 1895 e 1898, o concelho de Macieira de Cambra esteve anexado ao de Oliveira de Azemis.

A evoluo poltico administrativa

Continuando falando um pouco da histria local, sabemos que administrativamente, Macieira de Cambra sofreu vrias alteraes ao longo dos tempos. Nos tempos modernos, a criao do concelho de Macieira de Cambra data ao ano de 1832, por Decreto n. 23 de 16 de Maio. No ano de 1833, em 28 de Junho, foi publicado um novo Decreto onde consta o Mapa da Diviso Administrativa a que se refere o Decreto n. 23. O seu artigo 1. refere: O Reino de Portugal e Algarves dividido em provncias; estas em Comarcas; as Comarcas em Concelhos; e estes compreendem uma, ou mais freguesias por inteiro.

No ano de 1867, a estrutura bsica dos concelhos era constituda por Parquias Civis e Eclesisticas. Tendo sido suprimido pelo Decreto de 10 de Dezembro daquele ano, Macieira de Cambra e as respectivas Parquias passaram a integrar o concelho de Oliveira de Azemis. Excepes foram as Paroquias Eclesisticas de Ares e Junqueira que integraram a Parquia Civil de Rocas, concelho de Albergaria. Macieira de Cambra, enquanto Parquia Civil, era constituda pelas Parquias Eclesisticas de Codal, Macieira de Cambra e Vila Ch. A este concelho pertenceram igualmente as Parquias Eclesisticas de Casteles, Cepellos, Rge e Villa Cova do Perrinho. No ano de 1867, foi ento o concelho suprimido e integrado nos concelhos de Oliveira de Azemis e Albergaria. As freguesias do actual concelho de Vale de Cambra, na altura Macieira de Cambra ficaram assim distribudas: Ares e Junqueira passaram para o concelho de Albergaria e as restantes sete freguesias, para o concelho de Oliveira de Azemis. Pela existncia de Actas da Cmara Municipal ainda no ano de 1868, desconhece-se ao certo quando se deu a anexao e at quando se manteve esta. Sabese que entre 1895 e 1898 esteve, novamente, anexado ao de Oliveira de Azemis. Em 13 de Janeiro de 1898 foi restaurado o concelho de Macieira de Cambra, integrando as actuais nove freguesias do concelho de Vale de Cambra para no mais sofrer qualquer alterao at ao ano de 1927. O Decreto 12976 de 31 de Dezembro de 1926, publicado no ano de 1927, no Dirio do Governo n. 4, veio extinguir o concelho de Macieira de Cambra e criar o novo concelho de Vale de Cambra, abrangendo a mesma rea e freguesias, com sede na povoao da Gandra, freguesia de Vila Ch. O lugar da Gandra passou a denominar-se de Vale de Cambra Nesta altura, o Pas atravessava um perodo conturbado. ARepblica tinha-se desmoronado e iniciava-se um novo ciclo poltico que viria a secumbar somente com o 25 de Abril de 1974. . Vejamos os principais acontecimentos e protagonistas .

O perodo da Ditadura militar

A partir de 28 de Maio de 1926, o Pas entrou num novo ciclo poltico A Repblica caiu com o golpe militar. Aquando da entrada em funes do primeiro governo da ditadura militar, Bernardino Machado demitiu-se e transmitiu todos os poderes a Jos Mendes Cabeadas Jnior. Ele foi o Presidente da Repblica entre 30 de Maio e 17 de Junho de 1926. Entretanto, Gomes da Costa afastou Mendes Cabeadas da Presidncia e assumiu os seus poderes at 9 de Julho de 1926, enquanto no foi designado um novo Chefe de Estado. Viria-lhe a suceder scar Carmona (1869 - 1951). Oficial de cavalaria, tomou uma posio de destaque na defesa e absolvio dos implicados no golpe de Abril de 1925. Foi nomeado ministro dos Negcios Estrangeiros do primeiro governo sado do 28 de Maio. Ao chefiar o golpe que conduz ao afastamento de Gomes da Costa, tornou-se o lder mximo da ditadura,institucionalizando-a e colocando sua frente um homem que progressivamente ganhou uma posio de relevo: Salazar. Em 1928 apresentou-se como nico candidato s eleies presidenciais, cargo que iria ocupar sucessivas vezes at sua morte. Aps a morte de Carmona, Francisco Craveiro Lopes, tendo sido Comandante-Geral da Legio Portuguesa em 1944, foi convidado a suceder-lhe na Presidncia da Repblica, cargo que ocupou at 1958.

Mais tarde colaborou na tentativa de golpe protagonizada por Botelho Moniz, que pretendia demitir Salazar e reconduzi-lo presidncia. Sucedeu-lhe Amrico Toms. Daqui para a frente, muitos de ns j conhecemos o que veio a acontecer. Vimos que na altura da mudana da sede do concelho, o Pas encontrava-se num perodo de ditadura militar. Esta institucionalizou-se com o 28 de Maio de 1926. Os benemritos Luiz Bernardo de Almeida Pinho, Antnio Almeida Pinho e outros mais, no foram capazes de alterar o rumo poltico dos acontecimentos. Os investimentos efectuados como o edifcio destinado a hospital, a estrada 32 (antiga 42) que Luiz Bernardo tomou a iniciativa de a fazer e o plebiscito, no lograram alterar a situao. O anti-clericalismo manico no era concilivel com o Antigo Regime, ao passo que os ideais manicos eram mais ajustados com a linha de pensamento republicano que com o 28 de Maio vieram a sucumbir.

O plebiscito
No entanto, esta mudana no foi pacfica, pelo contrrio. A 11 de Dezembro de 1927 houve lugar a um plebiscito (veja-se o Decreto n.14173 de 11 de Agosto desse mesmo ano, Dirio do Governo n. 189), cujo resultado desconhecemos. Porventura relatos da poca do-nos conta de que o resultado teve o despacho seguinte SINE DIE. Com grande mgoa dos Macicambrenses as consequncias foram visveis. O concelho continuou com a sua sede em Vale de Cambra, para no mais regressar. Julga-se que nesta deciso as questes polticas pesaram demasiado. Macieira de Cambra de tradies republicanas e democrticas sempre rivalizaram com as tradies monrquicas de algumas famlias de Casteles e Vila Ch. Estvamos num perodo de ditadura militar que o 28 de Maio de 1926veio a proporcionar. A Repblica cara e em 1933, foi aprovada uma nova Constituio , dando origem a um perodo da Histria de Portugal a que se denominou de Estado Novo um regime poltico que perdurou at ao 25 de Abril de 1974.

Imagem pormenor do centro Macieira de Cambra (anos 30)

A propsito do plebiscito, transcreve-se o contedo de um comunicado que circulou, na altura, incentivando a populao a participar na votao plebiscitria: Ao Povo do Antigo concelho de Macieira de Cambra. Bem haja o Sr. Ministro do interior que, cerrando os ouvidos a insinuaes suspeitas e malvolas, permitiu, finalmente, que seja, como devia ser, o povo quem decide a questo sobre o nome e sede do concelho, que o egosmo desvairado e a ambio desregrada e a atropeladora de uma pequena minoria em m hora levantaram e atearam. Cumpre agora ao povo corresponder devidamente a to liberal e justa medida e para logo basta que serena e austeramente, fato , absolutamente dentro da ordem e da lei, exera o alto e sagrado direito que foi outorgado.

A confuso e o distrbio s podem aproveitar aos que no tem por si a razo e o direito. No esse o vosso osso e, por isso, s deveis querer que o vosso triunfo se patenteais a toda a evidncia para insofismavelmente se impor. Vale de Cambra no queria o plebiscito. Porqu, se tem a maioria que apregoa?!... Pretendia tambm que fosse cerceado o direito de voto aos analfabetos Plebiscito sem plebe?!... Ridcula e revoltante pretenso! Quem mais do que o vosso trabalhador rural que nunca teve tempo para ir escola, mas que, como ningum, tem contribudo para o progresso da vossa terra, cavando-a, revolvendo-a, melhorando-a, aformoseando-a, engrandecendo-a, num trabalho exaustivo, de solo a solo, pode ter o direito de se manifestar sobre um assunto que to directa e afectivamente o interessa?!... Valem, por ventura, mais os letrados que nunca produziram qualquer trabalho til, passando a vida na ociosidade o que herdaram de pais ou parentes?!... E quantos analfabetos no sobrepujam, em bom senso, em lucidez de inteligncia, em esprito de justia a muitos bacharis que voltam das escolas quase to broncos e ignorantes como para l foram?! Diz Gandra (hoje Vale de Cambra) que o lugar mais populoso do concelho. Perfeitamente, apesar da to restrita a sua rea, nenhum outro tem igual nmero de casas e habitantes. Mas isso que vantagem representa, faltando-lhe as condies de higiene pblica exigidas nos aglomerados urbanos? Diz tambm que o lugar mais comercial. No contestamos. Bastam-lhe para isso as feiras que l se realizam e que todo o concelho ajudou a criar e tem ajudado a manter. E diz ainda que o lugar mais industrial. Sem dvida, pois ainda h bem pouco tempo a imprensa o exaltou como um grande centro de falsificao de manteiga. E que tem que seja o mais comercial e industrial? A grande fonte de riqueza do concelho a agricultura, ou o comrcio e a indstria? A grande maioria, e quase totalidade da populao constituda por lavradores ou por comerciantes e industriais? Basta de fices! Povo de Cambra! Est bem claro o caminho que tens a seguir. Em Macieira esto os antigos paos do concelho, em que sempre viste perfeitamente instaladas todas as reparties e a cadeia pblica. Com eles nenhuma despesa h a fazer, pois a prpria reparao de que necessitam ser efectuada sem dispndio para o municpio. Em Macieira nasceram e vivem os dois grandes benemritos do concelho, a que se devem j um magnfico edifcio da escola dos dois sexos e o grandioso hospital, que para ser inaugurado aguarda apenas a restaurao do concelho e do qual tantos e to prestimosos servios de assistncia e caridade h a esperar, e a quem, em breve, alm de outros melhoramentos, se dever ainda o incio dos trabalhos de concluso da estrada 45, que se pretende prossigam com toda a actividade a fim de poderem ficar completamente concludos at ao fim do ano econmico de 1929-1930. Quanto estrada 42 vo utilizar a todo o concelho e principalmente s freguesias da serra Cepellos, Junqueira e Ares toda a gente o sabe e, melhor do que ningum, os povos daquelas freguesias, at hoje votadas ao mais completo abandono. Pois no h ainda dentro dos seus vastos limites um nico quilmetro de estrada, mas s maus e intransitveis caminhos.

Em Gandra est a cmara pagando aluguer duns prdios imprprios em que foram mal e pressa instaladas as reparties e no h quem levante sua custa o edifcio municipal, que seria necessria para l se poder conservar a sede, mais excntrica que a antiga. Teria de ser o povo sacrificado com novas e pesadas contribuies para a construo dos paos do concelho e Gandra depois diria ainda que eram s dele, como diz agora do mercado, apesar de construdo em terreno e com dinheiro exclusivamente do municpio. Durante muitos anos esgotar se iam na construo do novo edifcio todas as receitas indefinidamente preterido ficaria, pois, qualquer melhoramento que fosse necessrio em outro lugar, como o conserto dum caminho, a construo de um Aqueduto ou ponto, etc. No falta em que aplicar mais utilmente o dinheiro e de modo a aproveitar a todos os povos e no a um s. E para que pagar alugueis de prdios particulares tendo o municpio um to bom edifcio seu? Povo de Cambra! O concelho no pode mais suportar a situao anormalssima em que se encontra. Inclusivamente os lugares de administrador e membros da comisso municipal continuam a ser desempenhados por pessoas nomeadas pelo ltimo ex governador civil, principal promotor de mudanas do concelho, que para conseguir os seus fins no hesitou em substituir todas as autoridades, que estavam em exerccio e tinham sido nomeadas j depois do 28 de Maio, por gente de Vale de Cambra, exclusivamente, e seus adeptos. O actual governador civil j podia ter modificado este status quo. Se o tivesse feito, alguma razo ou pecado razo teriam, pelo menos, os seus detractores para o acusarem, como acusam, de parcialidade a favor de Macieira de Cambra. Mas tudo so subterfgios, intrigas, falsidades Povo de Cambra! O teu interesse est em que se volte tradio, ao direito, boa razo. Por isso vo no dia 11 de Dezembro prximo votar a tua vota por Macieira de Cambra. Tanto tem voto o capitalista, o proprietrio, o comerciante, como o lavrador, o pedreiro, o carpinteiro, o ferreiro, o artista de qualquer classe. Para ricos e pobres o direito igual. Vo e volta a casa, pacifica ordeiramente, para que o teu triunfo sendo numericamente grande, seja moralmente muito maior. VIVA MACIEIRA DE CAMBRA! UM VOSSO AMIGO. Visado pela comisso de censura.

Imagem - Pelourinho e Cmara antiga (anos 30)

Imagem feira dos nove e vinte e trs (anos 30)

Desde ento, esta velha polmica permaneceu entre os Macicambrenses e os Valecambrense. Uma rivalidade que somente teve como resultado uma paragem no desenvolvimento da velha Macieira de Cambra mas sempre jovem como a denominou Ferreira de Castro. No jornal O Povo de Cambra (Novembro de 1931), d-se conta dessa rivalidade, em jeito de resposta a uma notcia publicada no Primeiro de Janeiro em 1 de Novembro desse mesmo ano, subscrita pelo correspondente de Vale de Cambra: Macieira de Cambra Novembro, 4 -Macieira de Cambra , como quase toda a gente sabe, uma vila secular e de tradies liberais, como por vrias vezes aqui

temos demonstrado. H, porm, aqui muito pertinho, mesmo por baixo de ns, um lugarejo pertencente freguesia de Vila Ch, conhecido por Gandra, que alberga entre a sua populao uma dzia de imbecis, que pela sua ignorncia e estupidez querem fina fora que Macieira de Cambra no seja vila, mas sim um lugar como a Gandra. Para melhor propalarem as suas infmias tm como testa de ferro o correspondente do Primeiro de Janeiro naquela povoao o que no honra nada aquela empresa jornalstica que, ou por ser criana ou sobrinho de padre, s escreve contra Macieira de Cambra disparates crnicos que so por vezes a nossa melhor distraco. As correspondncias enviadas para aquele jornal, no deviam Ter a mais pequena molstia, visto sarem de uma farmcia onde tem assistncia mdica e farmacuticos tcnicos; mas pelo que vimos falta-lhes o remdio para a sua cura e por isso elas nascem assim to tuberculizadas. Macieira de Cambra por ser linda uma verdadeira maravilha da natureza invejada por essa maldita Gandra que tudo quanto pode lhe tem usurpado para a fazer decair, mas o que nunca lhe poder roubar os seus encantos e as suas belezas. Causa-lhes cimes e muita inveja ver Macieira de Cambra progredir como estncia de turismo, aumentando consideravelmente o nmero de famlias que desde o ms de Junho a Outono para aqui vm repousar. O mesmo no acontece com a Gandra, porque alm de ser uma terra insalubre, no tem nenhumas condies higinicas a recomend-la. A situao topogrfica muito desoladora; quem vive na Gandra tem a impresso que se encontra no fundo de um alguidar, e por isso quem procura alvios de doenas ou deseja passar meses de veraneio, no procura a Gandra, mas sim Macieira de Cambra, que fica logo acima 3 quilmetros e onde ento todos se encontram bem e recebem os benefcios deste clima. No passado dia 1 do corrente, publicou o Primeiro de Janeiro uma correspondncia do j clebre correspondente em Gandra lugar este hoje crismado com o nome de Vale de Cambra a qual carece de fundamento, porque s diz mentiras para vigarizar os leitores. Gandra uma povoao que no d assuntos dignos de serem publicados nos jornais, e por isso valeu-se da mentira e vem fazer referncias falsas de uma terra onde h correspondentes dos melhores jornais do pas. Diz a referida correspondncia: Do lugar de Macieira de Cambra, partiu tambm para os estudos a sua numerosa juventude acadmica, que antes, confraternizou no elegante salo de baile do Palace Hotel Cambrense, do Sr. Srgio de Pinho. Esta referncia que faz o cretino correspondente do Janeiro naquele lugar, a expresso mais clara de que estpido. Macieira de Cambra no tem uma numerosa juventude acadmica, mas cada estudante de Macieira vale por todos de Gandra. Macieira de Cambra tem dado homens de alto valor, que por vezes tm governado a nao, e muitos outros que ocuparam lugares de grande destaque no pas e no estrangeiro, e os actuais estudantes honram a sua querida terra, demonstrando bem o seu saber e a sua inteligncia, ao passo que a Gandra s fornece ao pas um bom contingente de falsificadores de manteiga, pelo que lhes foi conferido pelos tribunais do pas o ttulo de Campees de Portugal. Este ttulo bem o merece, pelo que daqui os felicitamos. Enquanto aos estudantes da Gandra no so tantos como parece, visto que alguns abandonaram os estudos por inteligncia tacanha, e outros h que, por o seu fsico intelectual os no ajudar, seguem a carreira eclesistica, frequentando os

seminrios que maiores santidades vomitam para as tranquibrnias da religio de Roma. Temos ainda a advertir besta do correspondente em questo que Macieira de Cambra no tem Palace Hotel Cambrense, do qual seja seu proprietrio o Sr. Srgio de Pinho. H apenas o Hotel Cambrense, propriedade do Sr. Manuel de Almeida Pinheiro. Srgio de Pinho e Palace no so conhecidos entre ns; possvel que o reles correspondente, ao mesmo tempo que fazia a minguada correspondncia sobre Macieira, tambm estivesse a aviar qualquer receita feita pelo alveitar da Aguincheira para qualquer pessoa da sua famlia, e da a confuso do Hotel e nome do proprietrio.

Imagem Estao Telegrafopostal (1913)

Imagem Hotel Cambrense e Escola Primria 1930

Enfim, curiosidades que nos do conta da revolta sentida e manifesta por muita boa gente! A verdade, que este sentimento de injustia e a guerra poltica entretanto despoletada, associado mudana do concelho, levou a que durante muitos anos, Macieira de Cambra, fosse politicamente esquecida, quer no perodo do Estado Novo quer aps o 25 de Abril de 1974.

Imagem Luiz B. Almeida com as populaes de Junqueira

Imagem estrada n. 32 em construo

Imagem casa de sade Almeida Pinho 1928

Imagem almoxarifado do hospital Almeida Pinho

Somente nos primeiros anos do sculo XXI, que se assiste a algum desenvolvimento, com a construo de acessos modernos que ligam esta ao centro da cidade e com a construo de um espao cultural sue generis no municpio de Vale de Cambra. Estes investimentos vieram dotar Macieira de Cambra de acessos rpidos e de um equipamento privilegiado de realizao dos mais diversos eventos culturais, contribuindo assim para reforar o facto de Macieira de Cambra ser detentora do ttulo de vila histrica e bero da cultura concelhia. Localizao e descrio do edifcio antigo dos Paos do concelho A denominada Praa da Repblica, em Macieira de Cambra, constitui-se num espao privilegiado para o encontro com o passado. Foi cabea de concelho das "Terras de Cambra" e recebeu foral de D. Manuel I, em 10 de Fevereiro de 1514. De facto, esta praa rene os smbolos dos "trs poderes" seculares. O Pelourinho, smbolo do poder judicial1, que data do sculo XVI, o antigo edifcio dos Paos do Concelho, smbolo do poder municipal, e a Igreja Matriz de Macieira de Cambra, que data do ano de 1673 como smbolo do poder religioso.

Imagem pormenor do Pelourinho e Paos do concelho

Colocado na praa e ampliada segundo o carcter tradicional, conserva certa nobreza ao velho centro cvico. A parte antiga data da segunda vintena do sc. XIX. As janelas do rs-do-cho e do andar so singelamente rectangulares. A porta principal, de lintel e cornija, est dominada pelo braso nacional da fase do reino unido de Portugal e Brasil:
1

Classificado como Imvel de Interesse Pblico pelo Decreto n. 23122 de 10 de Outubro de 1933;

Um escudo portugus assentando na esfera armilar, tratados em pequeno relevo e coroa real saliente (Academia Nacional de Belas Artes, Inventrio Artstico de Portugal, cd 2, Lisboa, 2001). O actual edifcio, possui uma porta principal e outra de acesso para o exterior de acesso a um ptio, para a parte de trs do mesmo, par o poente e janelas lateralmente colocadas, ao nvel do rs-do-cho. Possui janelas no andar e uma porta de sada para uma varanda exterior. No cunhal norte do edifcio pode ver-se a sineta, que segundo Almeida, era usada para anunciar os julgamentos pblicos. Esta havia sido retirada em 1926, mas, em 1974, voltou a ser colocada, por iniciativa popular" (ALMEIDA, 1997, p. 48). No nos parece que assim fosse, at porque na sineta no constam qualqueres elementos que levem a essa concluso mas, pelo contrrio, esta deve ter sido colocada quando o edifcio foi adaptado para Preventrio Asilo , tendo por finalidade chamar os utentes que porventura pudessem andar a recrear-se no largo em frente. Esta parecenos a explicao mais razovel.

Imagem antigo Paos do concelho

A parte de trs do edifcio composta por um conjunto de escadarias que do acesso ao rs-do-cho, que composto por vrios arcos onde existiram portas entretanto tapadas e transformadas em janelas, restando apenas trs portas; uma do lado esquerdo, outra na lateral esquerda e a ltima na lateral direita, sendo esta a perspectiva do observador. Possui uma varanda superior ao rs-do-cho, tambm composta por vrias portas e janelas, como se pode observar nos alados abaixo. Deste edifcio faz parte um terreno com cerca de 1.707 m2, onde foi construdo um depsito de gua.

Imagem alado principal do edifcio

Existem ainda dois portes, um do lado Sul e outro do lado Norte, que do acesso parte traseiro do edifcioe ao terreno que lhe contguo. No entanto, por razes que se desconhece, a entrada pelo lado Norte parece-nos que foi irregularmente apropriada pelo vizinho, mediante a inactividade de quem de direito podia fazer algo para que tal no acontecesse! Porventura, existem documentos que informam dessa irregularidade, sem que at ao momento se tenha clarificado a situao.

Imagem alado Norte do edifcio

Imagem alado Poente do edifcio

Imagem alado Sul do edifcio

As diversas utilizaes do edifcio

Desde a criao do concelho de Vale de Cambra que o edifcio serviu para sde de vrias instituies. Em 1942 a Juventude e Aco Catlica ocupou alguns sales (FERREIRA, 1942, p. 122). Na dcada de (19) 50foi instalado o Preventrio Asilo que funcionou at ao incio da dcada de 70, concluo eu. Aps o 25 de Abril de 1974, o edifcio foi ocupado e os bens que restavam, nomeadamente, camas, armrios e roupas foram distribudas pelos pobres da freguesia e outros foram entregues Fundao Luiz

Bernardo de Almeida. Por causa desta questo a Cmara Municipal abriu um inqurito para apuramentos de responsabilidades civis ou criminais. Estvamos no ano de 1977e encontrava-se instalada a primeira Cmara Municipal, universalmente eleita em eleies livres e democrticas. Era Presidente da Cmara o eng. Bernardo Coelho de Pinho e tinha como substituto o sr. Antnio Jorge Leite de Pinho. J nesta altura, funcionava um posto de Telescola. Este edifcio foi ainda ocupado, no rs-do-cho, desde a dcada de 90, por uma extenso do Centro de Sade de Vale de Cambra, at ao ano de 2002, data a partir da qual passaram a ocupar novas instalaes, construdas pela Cmara Municipal e integradas no complexo que se chamou de Centro Cvico de Macieira de Cambra , a Nascente da Igreja Paroquial . Este edifcio, localizado na Praa da Repblica, em Macieira de Cambra, surge inscrito nas Finanas, com o n. 479, como pertencente Fundao Dissaya Barreto, com sede em Coimbra. Omisso na Conservatria do Registo Predial, pretende-se saber a quem pertence o mesmo. Tendo-se iniciado o processo de construo em 1867, foi objecto de algumas reformulaes, sendo a mais significativa quando foi adaptado paraPreventrio Asilo. Foi inaugurado em 1952 e entrou em funcionamento na dcada de 50 do sculo passado. Provavelmente, no ano de 1953/54. Passou a ser conhecido por Ar Alto. Por deliberao de 8 de Outubro de 2001, a Cmara Municipal de Vale de Cambra, por unanimidade dos seus menbros, aprovou a proposta de classificao do edifcio

Imagens acta relativa aprovao da proposta de classificao

Agora, mais recentemente, este edifcio sede da Junta de Freguesia, posto de correios, e, no primeiro andar, funciona o Museu Municipal. Quando este foi instalado, em 18 de Maio de 1997, o edifcio sofreu algumas adaptaes e ao cimo do primeiro lano das escadarias de acesso ao 1. Andar, somos confrontados com um braso que, inicialmente, se julgava ser o primitivo braso da Vila de Macieira de Cambra, conforme consta da publicao de Ferreira (1942), levando a enganos e a confuses.

Imagem braso familiar existente ao cimo da escadaria

Procuramos junto do INA/TT (Instituto Nacional de Arquivos/Torre do Tombo) e junto da Biblioteca Nacional mas nada foi encontrado sobre o mesmo. Alis, j tnhamos chegado a essa concluso anteriormente. Dessa concluso e da reproduo do primitivo braso de Macieira de Cambra se d conta na obra Traos do passado, imagens presentes, de autoria prpria, do ano de 2005. No entanto, na tentativa de encontrar algo, voltamos a procurar. A nica pista levou-nos novamente ao livro Anais do municpio de Oliveira de Azemis. Com o propsito de esclarecer este assunto, dessa obra retiramos algumas notas que nos ajudam definitivamente.

O Primitivo Braso da VILLA CAYMBRA das Terras de Santa Maria

Pertenceu a regio que hoje constitui o concelho de Oliveira de Azemis. As denominadas Terras de Santa Maria, sobre as quais foroso dizer duas palavras, guiando-nos pelas eruditas investigaes feitas pelo distinto escritor Dr. Jos Jlio Gonalves Coelho e j publicadas.2 Depois da morte de Almanor, o famosos general do Califa Hicham II e da nomeao de hadgib de seu filho Abd-el-Melik, o Al- Mudhaffar, produziram-se perturbaes e desordens no califado de Crdova, incendiando-se a guerra civil. O conde governador do Porto e poderoso rico homem, Dom Muno Viegas e seus filhos D. Egas e D. Garcia, aproveitando-se habilmente dessa circunstncia, reuniram as foras de que dispunham s dos descendentes do celebre e poderoso Dom Arnaldo de Bayo3, bem como as dos senhores de Eixo, Ois e Marnel e atacaram reunidos os sarracenos, conquistando-lhes as terras de que eles se haviam a esse tempo apoderado, ao norte e ao sul do Douro, entre as quais se incluam as de Entre-Douro e Vouga. Tendo sempre posto as suas empresas guerreiras sob o patrocnio de Nossa Senhora de Vandoma, resolveram, em sinal de gratido, denominar as terras
2 3

Notre Dame de Vendme et les Armoires de la Ville de Porto, memoria historica publicada no Bulletin de la Socit Archeologique de Vendme, 1907 ; Este Arnaldo ou D. Arnulfo de Baio, famoso cavaleiro e rico-homem, derrotado por Hugo, conde de Arles, teve de fugir e veio desembarcar no Porto em 963, conquistando aos mouros terras situadas entre esta cidade e Baio;

conquistadas Terras ou Cividade de Santa Maria (Civitas Virginis Sanctae Mariae)4 adstringindo-as, como espcie de um feudo ou patrimnio, cidade do Porto, que eles poucos tempos antes tambm haviam reedificado e povoado. Nos limites dessa regio estavam compreendidas: Braga, Guimares, Canavezes, Resende, Bemviver, Balsemo at junto do rio Tvora, Lamego, Tarouca, Ovar, Feira, Cucujes5, Escariz, Fermdo, Cambra, Sever, Ossella, Romariz, S. Joo de Vr, Pedroso, Sanguedo, Casteles, Arouca, Mansores, Eixo, Vouga, Oi, gueda e um pouco adiante de Marnel, onde a regio, ao que parece, era desabitada, para no dizer selvagem. Nos brases de quase todas essas vilas ou povoados que no sculo XI constituram a Cividade ou Terras de Santa Maria, v-se ainda hoje, desenhada com ligeiras modificaes, a imagem de Nossa Senhora da Vandoma sobre a porta dumas muralhas e entre duas torres, sustentando na mo direita um cceptro de oiro e na esquerda o Menino Jesus, exactamente como as antigas armas do Porto e s com diferena de legendas. Vejam-se, por exemplo: as de gueda, Angeja, Estarreja, Fermedo, Feira, Cambra, Braga e as primitivas de Guimares. Convm observar diz-nos o Dr. Gonalves Coelho que o facto de no sculo XI a Cividade ou Terras de Santa Maria haver tomado tal invocao, j no era a primeira vez que se dava. Nesse sculo foi o patrocnio e a suzerania de Nossa Senhora da Vandoma da S do Porto que deu lugar a esse nome. Mas, j antes e a datar do sculo IX, se denominavam tambm Terras ou Cividade de Santa Maria, por um motivo inteiramente diverso, que no vale a pena transcrever aqui. A rea abrangida por essas outras Terras de Santa Maria que era muito menor. Quase se limitava regio compreendida entre Pedroso e gueda e entre Ovar e Cucujes. As invases mouriscas do sculo X e as devastaes do famigerado Almanor deram lugar destruio desta Cividade e, por conseguinte, ao desaparecimento do nome, tanto mais que, de mistura com os arrasamentos e incndios ordenados por Almanor, se destruiu o templo clebre que dera lugar designao. Dom Mnio Viegas veio depois e, por mera coincidncia, deu o mesmo nome de Terras ou Cividade de Santa Maria, s regies que ele e os seus conquistaram. A rea das conquistas destes e, portanto, a Cividade ou Terras de Santa Maria, era muito maior que a anterior, pois comeava em Guimares, descia a Resende, passava prximo a Lamego e, aproximando-se de Cambra, etc. A se lhe adjudiam as Terras de Entre gueda e Ovar, que os senhores de Marnel e Oi, seus antigos possuidores, iam pouco a pouco reconquistando aos sarracenos, obrigando-os a refugiarem-se dispersos por as terras situadas ao norte de Coimbra, Montemor-o-Velho, donde nasceu at o nome Estremadura, por ser o limite das terras dos cristos e mouros com que ainda no tempo de D. Joo I se designavam, a partir da Feira para baixo 6, e que s assentou nos actuais limites aps o reinado de D. Manuel I.7 Assim, podemos concluir que o Braso de Macieira de Cambra que estando, como est situada dentro dos limites da vasta regio ou Cividade de Santa Maria 8, como j em outro lugar ficou dito, cumpria-lhe indubitavelmente ostentar um braso idntico
4

...denominando toda a terra que conquistaram Terras de Santa Maria como j tinham feito Feira e a Guimares, onde a esse tempo ficava a fronteira dos mouros... (D. Rodrigo da Cunha Catlogo dos Bispos do Porto, p. II, cap. XIV, pag. 275);
5 6 7

A no mosteiro beneditino se sepultou por esse tempo o famoso D. Onego, Bispo do Porto; Ferno Lopes, Crnica de D. Joo I, cap. LXIX, p. I; Vid. Foral novo da feira, includo a fl. 17 v., col. 2 do Livro dos Forais Novos da Estremadura;

s demais povoaes assentes na referida regio, ou terras. Este seria necessariamente o seguinte: Coroa mural. Escudo Portugus suspenso por correias e nele, em campo azul, sobre uma porta da muralha ameada, de prata, lavrada de preto e ladeada de duas torres de fortaleza, do mesmo metal e cor. A imagem de Nossa Senhora da Vandoma, vestida de manto azul e tnica vermelha e coroada de coroa antiga de ouro, tendo na mo direita um ceptro de ouro e na esquerda o Menino Jesus igualmente coroado, vestido de vermelho e com uma pomba de oiro de asas abertas, entre as mos. Em chefe, a legenda VILLA CAYMBRA em letras gticas de oiro . Este seria, pois, o Braso primitivo de Cambra. O que nos surge ao cimo da escadaria, ser, porventura um braso familiar, correspondendo este ao utilizado pelos de Cambra, originariamente pertencente a D. Afonso Anes de Cambra9, digo eu.

Imagem braso antigo de Macieira de Cambra

A construo do edifcio
Descobrimos parte da Acta da Cmara Municipal de 15 de Setembro de 1867 cujo contedo abaixo se transcreve:

A errada traduo deste termo Cividade por Cidade deu lugar disparatada opinio de que outrora existiu em Arrifana
ividade e Cidade so coisas distintas.

uma Cidade com o nome de Santa Maria. C

9 - Foi o primeiro de Cambra por aqui possuir solar oficial e rico homem. D. Afonso era filho de D. Joo Fernandes de Riba Vizela e de D. Maria Vermides Varela. Atravs de um estudo da sua linhagem parece poder-se reportar a sua ascendncia ao Sc. XI atravs dos opulentos Formarigues de Entre Douro e Vouga, por parte de D. Pra Formarigues. Mais se sabe que casou com D. Urraca Peres ( descendente do ilustre D. Vermides Peres de Trava, governador de Viseu, cuja descendncia ficou em Portugal ) da casa dos Senhores da vizinha honra de Ribeiradio. Teve, pelo menos, quatro filhos todos ditos de Cambra a saber: D. Martim Afonso, D. Fernando Afonso, Dona Maria Afonso e Dona Constana Afonso. Sabe-se que j em 1258, seu filho segundo, D. Fernando Afonso de Cambra alargara os bens da famlia na regio com a compra de um casal aos descendentes do cavaleiro fidalgo Miguel Gomes, casal esse que lhe fora doado por D. Sancho I. Tambm D. Ins Martins, filha do varo D. Martim Afonso de Cambra, contribuiu com a sua vasta descendncia para o alargamento e enraizamento dos ricos homens de Cambra (Consultar Volume XXXIII, pg. 851, da Grande Enciclopdia Portuguesa e Brasileira)

E aberta a praa pelo oficial de Diligncias, Antnio Soares de Oliveira, diz este em alta voz a hasta pblica que quem pretende arrematar a Construo da dita casa aparecesse dando os seus lanos ou licitaes, sendo a base de licitao um conto e oitocentos mil reis, sendo as condies de arrematao, as seguintes: Primeiro, que a dita casa ser construda na praa deste concelho no largo em frente dos Paos do Concelho, ao Norte, ao p do cruzeiro, no stio para isso indicado pela Cmara, com a frente para Sul. Segunda, que as paredes da casa sero feitas contendo pelo menos cinquenta centmetros de espessura, sendo feitas com argamassa de barro e bem recheadas e depois guarnecidas de cal traada pela forma seguinte, vinte litros de cal, por trinta e seis de saibro bom, no stio das Cerejeiras , tendo alicerces firmes (...) Ora, embora o edifcioAr Alto estivesse inicialmente previsto com uma implantao diferente, a verdade que este veio a ser construdo a norte do primeiro e com a fachada principal virada para nascente, contrariando assim o que atrs se refere. Porqu? Na realidade esta localizao s poder ter a ver com a rua que entretanto se abriu. Logicamente, no fazia sentido algum implantar o mesmo de outra maneira. Isto , situar o edifcio com uma das fachadas laterais para nascente, para a Praa da Repblica! Mais tarde, em 28 de Junho de 1868, descobrimos um auto de arrematao, referente a obras na casa da Secretaria da Cmara, que refere o seguinte: Ano de Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e sessenta e oito, aos vinte e oito dias do ms de Junho, do dito ano, na sala das Sesses da Cmara Municipal deste Concelho de Macieira de Cambra, a onde foi vindo e se acha o Presidente da mesma Cmara Bernardo Jos de Sousa, para se proceder a arrematao dos reparos precisos na sala da entrada desta Casa, para ali se colocar o cartrio da Cmara, cujos reparos so os seguintes: Uma taipa de estuque, que divide a casa da entrada ao meio, desde a porta da entrada segunda porta de dentro, e em toda a altura da casa. Esta taipa ser feita de enxamis que devero ter seis centmetros de bitola, com ripes que no tero mais de quatro centmetros de largura, cada uma pregada vastamente com pregos ripais Esta taipa levar as precisas guarnies de madeira e uma porta de ps ao meio que tero as conoeiras de castanho com tbuas tambm de castanho ou de pinho limpo em cera e ter de altura dois metros e trs decmetros e de largura um metro e trs decmetros, com boas dobradias e fechadura segura. A taipa ser caiada com cal traada, de cal e saibro das Cerejeiras e na presena de pessoa que a Cmara destinar. Ser guarnecida depois com trs ou quatro mos de cal fina, e as mais paredes da mesma casa tambm da mesma sorte. Duas estantes com cinco prateleiras cada uma, as quais sero colocadas da parte do sul da mesma casa e aos lados da janela; estas estantes sero em toda a altura da casa e as prateleiras tero de largura cada uma trs decmetros e trs centmetros, com duas divises no meio de alto a baixo em todas elas, e sero feitas de tbuas de bitola regular e forradas por trs com tbuas de bitola a que chamam de cabeo, cujo forro ser feito de capa e camisa tudo lavrado e com as guarnies precisas cujas madeira ser de pinho cerne e oleado com trs mos de tinta a leo cor cinzenta, assim como a porta e forro de dentro e a janela ser reparada com novas dobradias e tranquitas de ferro. Duas mesas com pernas de castanho e tbuas de pinho que tero cada uma de comprido um metro e trs decmetros, e de largo um metro, cujas mesas tero uma

gaveta cada uma. E sendo dada a hora para que se destinou esta arrematao, mandou ele Presidente que fosse aberta a praa pelo Oficial de Diligncias, Antnio Soares de Oliveira o qual disse em altas e inteligveis vozes em hasta pblica, que quem pretendese arrematar a construo dos reparos na casa da entrada para esta Sala, segundo as condies j escritas e que esto patentes praa, dando seus lanos ou licitaes sendo a base delas trinta mil reis. Que esta obra ser concluda at ao fim do ms de Julho e o seu pagamento ser feito, metade logo que esteja a obra feita de madeiras e aprovada pela Cmara e a outra metade depois de concluda de tudo e tambm aprovada pela mesma Cmara. E apregoando e afrontando o dito Oficial, colhendo diferentes lanos por espao de tempo suficiente deu sua f que o mesmo lano que aparecera fora o de trinta mil reis e depois de continuar a apregoar e a afrontar no apareceu quem por menos a fizesse e por cujo motivo ele Presidente que no devia fazer a entrega da dita obra sem consultar a Cmara e depois no que deliberariam o que fosse conveniente, outro sim disse ele Presidente, que nas condies da dita obra declaradas neste auto se no tinha mencionado uma tramita ou barrote que se torna indispensvel para o assento dos enxamis o qual deve ficar por baixo do soalho. E para constar se lavrou o presente auto ao qual foram testemunhas Joo Nunes de Pinho Oficial de Diligncias, da Praa de Macieira e Antnio Bernardo de Sousa, Negociante do Talhadouro de Casteles, depois deste lhe ser lido por mim Domingos Jos de Sousa, Escrivo da Cmara que o escrevi e assino. Digo de Casteles, que todos daqui assinaro com ele Presidente depois deste lhe ser lido por mim Domingos Jos de Sousa, Escrivo da Cmara que o escrevi e assino. Ora, perante esta, ficam as dvidas quanto ao edifcio a que se refere aquele auto de arrematao. Refere-se ao da segunda vintena do sculo XIX ou ao de 1867 que se pretende construir a Norte do existente? O edifcio a que nos reportamos, data do ano de 1867 e no ao de 1827, como atrs menciona a Academia de Belas Artes, no Inventrio Artstico de Portugal. Esse edifcio, julga-se ser um outro situado a sul, mesmo na curva direita que, na presente data, pertena da Junta de Freguesia. uma possibilidade que fica por clarificar. J atrs se referiu que o edifcio em causa, sofreu vrias reformulaes , tendo mantido, no geral, a sua configurao inicial. Dissemos tambm que a reformulao mais importante e significativa foi quando este foi adaptado a Preventrio Asilo. Fomos descobrir algumas fontes que nos informam sobre essas mesmas obras, nomeadamente, parte da Acta da Cmara Municipal de 19de Julho de 1949, onde se transcreve um ofcio do engenheiro responsvel pelos servios de urbanizao do Estado: Nada haver a objectar quanto sua localizao. Convm no entanto melhorar a fachada do edifcio que no projecto se encontra muito deficiente. Chama-se a ateno para que no pavimento destinado habitao se nota a falta de uma casa de banho, alm, de que o pavimento, digo, de que o compartimento designado por sala de estar no possuir iluminao e ventilao directas. Assim conviria que o projecto fosse remodelado no sentido de ser melhorado. A Bem da Nao. Direco Geral dos Servios de Urbanizao, em 6 de Julho de 1949. O Engenheiro Director Geral. Manuel de S e Melo A Cmara deliberou transcrever este ofcio ao interessado para este dar cumprimento, isto , apresentar a planta com a devida rectificao. Em virtude do

Excelentssimo Governador Civil deste Distrito ter solicitado Cmara Municipal em seu ofcio nmero 261-49, Livro C, de 4 de Maro do corrente ano, para assumir o encargo de execuo da obra de Adaptao do antigo edifcio dos Paos do Concelho de Macieira de Cambra a Asilo, foi deliberado, por unanimidade e sem quaisquer encargos para esta Autarquia, que se precedesse abertura do concurso, em regime de empreitada. Mais foi deliberado, em referncia a esta obra que esta Cmara receber propostas em papel selado com a assinatura reconhecida e em subscrito lacrado, at s quinze horas do dia quinze de Agosto prximo futuro. A base de licitao de quatrocentos e dois mil setecentos e noventa e sete escudos e trinta centavos e o depsito provisrio de dez mil e setenta escudos. O programa de concurso, projecto e caderno de encargos estaro patentes ao pblico na Secretaria desta Cmara, onde podero ser consultados todos os dias teis das nove horas e meia s dezassete horas. O prazo para concluso da obra de dezoito meses a contar da data do dia sete de Fevereiro do corrente ano. A Cmara reserva o direito de no efectuar a adjudicao no caso de lhe no convierem as propostas apresentadas. A Cmara autorizou o Senhor Presidente a efectuar o respectivo contrato e a publicar editais sobre este concurso () Ainda, sobre este assunto em Dezembro de 1949, este concurso foi anulado e aberto um outro , nas mesmas condies e com novos prazos: Acta da Cmara Municipal de 30 de Dezembro de 1949. Procedeu-se leitura da acta da reunio anterior a qual foi julgada conforme e aprovada. Foi presente o oramento ordinrio desta Cmara Municipal, para o prximo ano de mil, novecentos e cinquenta, a fim de ser discutido e votado, depois de terem sido afixados editais, pelo espao de oito dias, para efeito de reclamaes. A Cmara verificando que contra ele no foram apresentadas quaisquer reclamaes, depois de o examinarem e discutir, deliberou aprov-lo por unanimidade, verificando tambm orar a receita e despesa em seiscentos e setenta e um mil e trezentos e vinte e um escudos. Todas as folhas do referido oramento fora rubricadas pelos membros da Cmara e o citado oramento assinado, no final, pelos mesmos membros. Foi presente o balancete da Tesouraria do dia anterior o qual apresenta o saldo em dinheiro de seiscentos e vinte e quatro mil e trinta escudos e doze centavos e em documentos de despesa de oitenta mil e trinta e trs escudos e trinta e dois centavos. Em seguida foi presente e apreciado o expediente seguinte: um ofcio do Excelentssimo Governador Civil de Aveiro, do teor seguinte: Excelentssimo Senhor Presidente da Cmara Municipal do Concelho de Vale de Cambra. Referindo-me ao ofcio de V. Exa. nmero mil quatrocentos e trinta e sete, de dezanove de Agosto ltimo, tenho a honra de enviar a procurao nele solicitada e nos termos precisos para que V. Exa. possa administrar, representando este Governo Civil, a obra de adaptao do antigo edifcio dos Paos do Concelho a Asilo. Rogo a V. Exa. o obsquio de dar agora imediato andamento execuo da referida obra. O Governador Civil: Joo Moreira. A Cmara, tendo verificado que a deliberao camarria de dezanove de Julho do ano transacto sobre a execuo da obra de adaptao do antigo edifcio dos Paos do Concelho de Macieira de Cambra a Asilo, carecia de base legal pelo facto de este corpo administrativo se no achar munido com procurao com poderes bastantes para o efeito, deliberou, por unanimidade, anular a referida deliberao e bem assim o concurso aberto em cumprimento dela, concurso publicado no Dirio do Governo nmero cento e sessenta, terceira srie, de vinte e cinco de Julho de mil novecentos e quarenta e nove. Por outro lado e dado que presentemente o Excelentssimo Governador Civil deste distrito solicitou a execuo rpida da obra mencionada e, em virtude da recepo necessria, a Cmara deliberou assumir a execuo da obra, por

unanimidade, e sem quaisquer encargos da natureza pecuniria para si e que se procedesse abertura de novo concurso, em regime de empreitada. Mais foi deliberado, em referncia a esta obra, que esta Cmara receba propostas em papel selado com a assinatura reconhecida e em envelope lacrado, at s quinze horas do dia sete de Fevereiro prximo futuro. A base de licitao de quatrocentos e dois mil setecentos e noventa e sete escudos e trinta centavos e o depsito provisrio de dez mil e setenta escudos. O programa de concurso, projecto e respectivo caderno de encargos estaro patentes ao pblico na Secretaria desta Cmara, onde podero ser consultados todos os dias teis das nove e meia s dezassete horas. O prazo para a concluso de dezoito meses a contar do dia imediato adjudicao da obra. A Cmara reserva o direito de no efectuar a adjudicao no caso de no lhe convierem as propostas apresentadas. Em face da deliberao tomada, a Cmara deliberou finalmente autorizar os concorrentes do concurso anulado a efectuarem o levantamento dos depsitos provisrios. Pelo acima transcrito, concluii-se que as obras tiveram incio, seno em Fevereiro de 1950, ainda nesse ano. Ao nvel do interior, as plantas abaixo desenhadas, do-nos uma perspectiva aproximada da sua configurao inicial.

Imagem planta do piso 0 do edifcio

Imagem planta do piso 1 do edifcio

O jornal O Primeiro de Janeiro de 23 de Abril de 1952, noticiou a inaugurao e logicamente o final das obras de adaptao, da forma seguinte: Em Macieira de Cambra foi inaugurado o edifcio que servir para Asilo de Crianas Pobres. Macieira de Cambra Com a maior solenidade, realizou-se, nesta vila, a inaugurao do edifcio que servir para Asilo de Crianas Pobres. Trata-se dos antigos Paos do Concelho, hoje completamente reconstrudo para o fim desejado. Ao acto assistiram, entre outros, os Srs.: Armindo de Matos, Presidente da Cmara de Vale de Cambra; Dr. A. Henriques de Almeida, Vice-Presidente do mesmo Municpio; Antnio Vaz de Aguiar, Dr. Augusto Amaral, Dr. Abel G. de Almeida, Bernardo Coelho, Mrio Aguiar, Francisco de Pinho e Padre M. Alves da Silva, do Seminrio Apostlico desta vila. Com palavras do maior apreo para todos aqueles que trabalharam para que fosse uma realidade o referido Asilo, falaram: a Sr. professora D. M. Adelaide Aguiar e o Sr. padre Jos M. Alves e Das. Abel G. de Almeida e Armindo Matos. Aps a inaugurao, no ano de 1952, o espao remodelado s veio , em princpio, a ser utilizado no ano de 1953/54, sem que primeiro se tratasse de algumas formalidades , cedendo o edifcio Junta da Provncia da Beira Litoral. nesta altura que se iniciam as confuses, a propsito da posse do mesmo. No por culpa da Cmara de ento mas por outros intervenientes . Falaremos desta situao mais frente. O jornal Dirio de Coimbra, de 25de Outubro de 1953, registou o facto: A Cmara Municipal de Vale de Cambra cedeu Junta de Provncia um edifcio para nele ser instalado o Preventrio. A Cmara Municipal de Vale de Cambra cedeu Junta de Provncia da BeiraLitoral um edifcio existente em Macieira de Cambra, onde outrora se encontrava instalada a Cmara Municipal do concelho cuja sede era nesta localidade.

O edifcio em causa fora adaptado a Asilo, mas a Cmara resolveu agora, por unanimidade, destin-lo a crianas pobres que pelo seu estado de sade possam vir a beneficiar de clima de altitude, beneficiando das ptimas condies climticas daquela regio do distrito de Aveiro. A resoluo tomada pela Cmara de Vale de Cambra, a que preside o Sr. Dr. Armindo Ferreira de Matos, digna dos maiores louvores, pois alm de proporcionar o desenvolvimento da Obra de Assistncia Infantil superiormente orientada pelo Sr. Prof. Dr. Bissaya Barreto, vai valorizar por forma aprecivel a regio onde passa a funcionar. Instalado o Preventrio Asilo, desconhece-seat quando que funcionou este. Sabe-se nos incios dos anos 70 do sculo passado, funcionou , no primeiro andar, o posto de Telescola , pelo que nessa data o AR ALTO j no se encontrava a funcionar. No ano de 1977, o edifcio ainda era ocupado pela Telescola e no rs-do-cho encontrava-se os restos do equipamento e roupas de cama que tinham sido utilizadas pelos utentes do Preventrio Asilo. Resqucios de uma passagem que ficaram ao abandono, fruto de uma poca conturbada que o Pas atravessou. Com as primeiras eleies livres para as autarquias locais, Cmaras Municipais e Juntas de Freguesia e consequente instalao dos respectivos rgos, procurou-se estabelecer uma nova ordem e moralizar o que o 25 de Abril de 1974 trouxe de menos bom. Neste sentido, a Assembleia de Freguesia de Macieira de Cambra, pede explicaes Cmara Municipal sobre o estado do edifcio AR ALTO e do desaparecimento dos bens pertencentes Fundao Bissaya Barreto, entre outras. Em consequncia, a edilidade local promove a abertura de um inqurito e so interrogadas algumas pessoas relacionadas com a situao. Concretamente, Bernardino Augusto de Almeida, Srgio Pinheiro de Aguiar e Manuel de Almeida Campos. Bem hajam pelo que fizeram e pela forma desinteressada com que defenderam sempre os interesses desta terra Macieira de Cambra. o que veremos a seguir. O Inqurito sobre os bemns da Fundao Bissaya Barreto Aos catorze dias do ms de Maro do ano de mil novecentos e setenta e sete, na Sala das Sesses da Cmara Municipal de Vale de Cambra, edifcio dos Paos do Concelho, perante o Excelentssimo Presidente da Cmara, engenheiro Bernardo Coelho de Pinho e de mim, Manuel Ramos dos Santos, Chefe da Secretaria da referida CMara, escrivo dos autos, compareceu o senhor Bernardino Augusto de Almeida, solteiro, de cinquenta e um anos de idade, natural e residente no lugar de Outeiro de Rei, freguesia de Macieira, deste concelho, expressamente convocado para prestar declaraes acerca do extravio do recheio do edifcio da Cmara Municipal denominado "AR ALTO", sito na Praa, da j citada freguesia de Macieira, deste concelho. Inquirido disse: " Que antes do ltimo Natal, em dia que no sabe precisar, esteve com o Senhor Srgio Pinheiro de Aguiar, em Macieira, Presidente da ento Comisso Administrativa da Junta daquela Freguesia, Amrico Pinto de Oliveira Campos, tambm residente na Praa, Vice-Presidente da Comisso Administrativa desta e o senhor Manuel de Almeida Campos, desta vila, presidente da mesma Comisso Administrativa da Cmara, tendo este informado que estava autorizado pelo Senhor Governador Civil de Aveiro a dar agasalhos e outros utenslios existentes no referido "AR ALTO" aos

pobres mais necessitados. Em face desta autorizao, a medida que os pobres lhe vinham pedir, ele e os outros referidos senhores, iam dando o que eles mais necessitavam, mas s uma coisa a cada um. Assim, sabe o declarante que deu algumas camas, algumas mesitas em ferro, colches, travesseiras, beros de beb e quatro ou cinco cobertores. Mais declara que tem conhecimento que todo o recheio do referido estabelecimento"AR ALTO" pertena da Fundao Bissaya Barreto", de Coimbra e Nar comigo e com o senhor Presidente da Cmara.____________________________________________

que tem em seu poder o duplicado duma relao donde constam os objectos que foram entregues ao Director do Posto de Telescola que funciona no primeiro andar do mesmo edifcio, os quais foram concedidos por autorizao da Comisso Administrativa da Cmara Municipal, encontrando-se o referido documento assinado pelo declarante que fez a entrega pelos quatro professores do referido estabelecimento de ensino. Declara ainda que procedeu a entrega dos referidos objectos aos pobres, at vspera da tomada de posse da actual Cmara Municipal, a qual entregou as chaves, quer da porta principal quer das interiores, logo que aquela lhas solicitou, chaves essas que lhe tinham sido dadas pela Fundao Bissaya Barreto". E mais no disse. E depois de lidas as suas declaraes as achou conforme, pelo que vai assinar. No dia22 de Maro do ano de 1977, prestou declaraes o sr. Srgio P. Aguiar. Constam do seguinte: Aos vinte e dois dias do ms de Maro do ano de mil novecentos e setenta e sete no edifcio da Cmara Municipal de Vale de Cambra,perante mim, Justino de Oliveira Maurcio, escriturrio da mesma Cmara Municipal e escrivo deste auto, na presena do Excelentssimo Senhor Presidente da mesma Cmara,em Exerccio, Antnio Jorge Leite de Pinho,compareceu o Senhor Srgio Pinheiro de Aguiar, casado, comerciante, natural e residente na Praa,freguesia de Macieira de Cambra, deste concelho, expressamente convocado para prestar declaraes acerca do extravio do recheio do edifcio pertencente a esta Cmara sito na referida Praa,denominado "Ar Alto". Inquirido disse: "Que u o Senhor Governador Civil de ento, Senhor Doutor Neto Brando, visitou Macieira de Cambra ,tendo ido ao edifcio do AR ALTO",na companhia de vrias pessoas, entre as quais o Presidente da Comisso Administrativa desta Cmara, senhor Manuel de Almeida Campos. O referido Governador Civil informou que todo o recheio daquele edifcio era pertena do Governo Civil,mas,atendendo que o valor desse recheio no era muito elevado e,para transportar para Aveiro,ainda dava muita despesa, autorizou o referido Presidente da Comisso Administrativa a distribuir pelas pessoas necessitadas os objectos l existentes. Nesta conformidade,o declarante,que nessa Altura era Presidente da Comisso Administrativa da Junta de Freguesia de Macieira de Cambra,foi autorizado pelo Presidente da Comisso Administrativa da Cmara a proceder a distribuio. Foram contempladas pessoas necessitadas de diversos lugares da freguesia, nomeadamente, Macieira-a-Velha, Passos, Lourosa, Algeriz e Quint, mas dessa distribuio no ficou qualquer relao de entrega. O critrio que adoptou foi principalmente o nmero de

filhos. Os objectos distribudos foram roupas de criana, cobertores e pijamas de criana. Mais declarou que o mencionado Presidente da Comisso Administrativa da Cmara autorizou que os postos da Telescola que funcionam no primeiro andar do mesmo edifcio do "AR ALTO" utilizassem mesas e bancos que constam duma relao em poder dos respectivos professores. Declarou ainda que entregou ao Lar Luis Bernardo de Almeida cobertores e lenis cujo nmero no sabe precisar e que toda a distribuio foi efectuada durante o mandato do referido presidente da Comisso Administrativa da cmara, Senhor Manuel de Almeida Campos, tendo terminado completamente na vspera da tomada de posse da actual Cmara Municipal deste concelho". Para terminar,o declarante disse que tanto a autorizao dada pelo Governador Civil ao Presidente da Comisso Administrativa da Cmara, como a dada a ele, declarante, foram autorizaes verbais". Mais no disse.E depois de lidas as suas declaraes, as achou conformes pelo que vai assinar comigo e com o senhor Presidente da Cmara em Exerccio. Por ltimo, prestou declaraes o sr. Manuel de Almeida Campos, Presidente da Comisso Administrativa da Cmara Municipal, depois de por l ter passado o Dr. Ado Pinho da Cruz, nomeados aps o 25 de Abril de 1974. Constam do seguinte: Aos vinte e 9 dias do ms de Maro do ano de mil novecentos setenta e sete, na Sala das Sesses da Cmara Municipal do concelho de Vale de Cambra,perante mim,Justino de Oliveira Maurcio,escriturrio da mesma Cmara e escrivo deste auto e na presena do excelentssimo Senhor Presidente desta mesma Cmara, em Exerccio, senhor Antnio Jorge Leite de Pinho, compareceu o Senhor Manuel de Almeida Campos, casado, residente nesta vila de Vale de Cambra e natural do lugar de Algeriz, freguesia de Macieira, deste concelho, expressamente convocado para prestar declaraes acerca do extravio do recheio do edifcio pertencente a esta Cmara, sito na Praa, freguesia de Macieira de Cambra, denominado "AR ALTO". Inquirido disse: " Que enquanto foi Presidente da Comisso Administrativa desta Cmara se deslocara por vrias vezes a Coimbra, a Fundao Bissaya Barreto, para tratar de diversos assuntos, inclusive, a devoluo da posse do edifcio denominado "AR ALTO" a esta Cmara, tendo sido l informado que o recheio l existente no tinha qualquer importncia para a Fundao e que ele, declarante, lhe desse o destino que entendesse. Mais tarde, numa visita do Senhor Governador Civil de Aveiro a Macieira de Cambra, esta autoridade sugeriu que o recheio fosse distribudo pelos pobres mais necessitados. A seguir o declarante, como Presidente da Comisso Administrativa, e somente enquanto ocupou este cargo, autorizou que fosse distribudo o recheio, o que veio a ser feito pelas pessoas autorizadas, Senhores Srgio Pinheiro de Aguiar, Bernardino Augusto de Almeida e Amrico Pinto de Oliveira Campos, todos de Macieira de Cambra. Foi por ele tambm autorizada a sada de roupas e outros objectos para instituies de assistncia, principalmente para o Lar Luiz Bernardo de Almeida e Infantrio do Pinheiro Manso. Mais declara que no foi distribudo todo o recheio e que nos sales do primeiro andar, onde funcionam postos da Telescola se encontram objectos que faziam parte do recheio em causa, mas que no sabe precisar, supondo at que h uma relao desse material em poder dos respectivos professores. E mais no disse. E depois de lidas as suas declaraes as achou conformes, pelo que vai assinar comigo e com o Senhor Presidente da Cmara em Exerccio.

Depois de ouvidas outras entidades, a Cmara Municipal comunica as concluses a que chegou, ao Presidente da Junta e da Assembleia de Freguesia de Macieira de Cambra, atravs do Ofcio n. 644 de 13de Julho de 1977: Satisfazendo o solicitado pelo Senhor Presidente dessa junta de Freguesia, no seu ofcio n. 49/77 De 6 do corrente que acompanhava requerimentos dessa Assembleia, cumpre-me informar do seguinte: 1-Relativamente ao Ar Alto: Terminado o inqurito aos bens do Ar Alto concluiu-se que houve efectivamente distribuio de parte desses bens por pessoas identificadas, sendo parte dessa distribuio feita a Instituies conhecidas, nomeadamente o Lar Luiz Bernardo de Almeida e Telescola de Macieira de Cambra, e outra parte a pessoas no Identificadas. Concluu-se tambm que o proprietrio dos referidos bens a Fundao Bissaya Barreto, organismo ainda existente e ao qual foi j dado conhecimento do caso, esperando-se comunicao da referida Instituio. Informo ainda que ser lgico que pelo menos para j, continue a servir de Posto de Telescola, podendo o rs-do-cho ser utilizado para satisfao de qualquer necessidade que se venha a declarar e se considere idnea, prpria e possvel... Destas declaraes , resultam indcios de que o edifcio veio para a posse do Municpio, a seguir ao 25 de Abril de 1974, de uma forma pacfica conforme resulta das declaraes do sr. Bernardino A. Almeida que entregou as chaves, quer da porta principal quer das interiores, logo que a Cmara as solicitou, chaves essas que lhe tinham sido dadas pela Fundao Bissaya Barreto. Ora, sobre este assunto, fomos encontrar um registo de correspondncia em que a Fundao Bissaya Barreto , informa da disponibilidade para receber a Comisso afim de tratar do destino a dar ao Preventrio, no prximo dia 30 de Novembro de 1974, sbado, pelas 11 horas. Referimo-nos ao registo N 3994, de 28 de Novembro do ano de 1974, cujo documento possui o n. 579, de 26 de Novembro. Imediatamente, no dia seguinte, a Comisso Administrativa do concelho comunica ao Presidente da Fundao Bissaya Barreto , atravs do ofcio N. 2268, em 29 de Novembro de 1974: Referindo-me ao ofcio de V.Ex., n. 579, de 26 do corrente, permito-me apresentar a V.Ex. as Senhoras D. Arminda Macedo da Rocha Melo e Maria Helena Soares de Almeida, que vo tratar do destino, a dar ao Preventrio "Ar Alto", sito na freguesia de Macieira, deste concelho, trocando sobre o assunto impresses com V.Ex. Grato pela ateno que possa dispensar-lhe, apresento - lhe respeitosos cumprimentos. O PRESIDENTE DA COMISSO ADMINISTRATIVA. Daqui no se conhece quais foram as concluses a que chegaram, sendo certo que uma das pessoas que ter participado neste encontro inicial, a D. Helena Almeida , no tem dvidas quanto posse do edifcio pertence Cmara Municipal que ter vindo para a posse desta, passado algum tempo depois do 25 de Abril.

A resposta questo inicial

Na realidade, a Cmara Municipal ter cedido o edifcio, Junta da Provncia da Beira Litoral. Seria seu Presidente, o Professor Catedrtico, Doutor Bissaya Barreto, que ter criado a Fundao que possui a mesma denominao, desconhecendo-se se esta

foi criada ainda em vida ou se foi criada por disposio testamentria. Por sua vez, aquela Junta Distrital ter cedido o Ar Alto Fundao Bissaya Barreto. a partir desta data que se complicam as questes relacionadas com a posse do antigo edifcio dos Paos do concelho, conhecido por Ar Alto. Entretanto a Junta da Provncia da Beira Litoral extinta, e em sua substituio criada a Junta Distrital de Coimbra que faz chegar uma certido que a seguir se d conta: Francisco Borges de Carvalho Filho, chefe de secretaria da Junta Distrital de Coimbra, certifico que do livro de actas da extinta Junta de Provncia da Beira Litoral, comeado em um de Agosto de mil novecentos e cinquenta e sete e na acta da reunio ordinria daquela extinta Junta de Provncia, de trinta e um de Dezembro de mil novecentos e cinquenta e nove, a folhas cento e dezanove e seguintes, consta a deliberao do teor seguinte: Fundao Bissaya Barreto -Foi presente o Dirio do Governo segunda srie nmero duzentos e noventa e oito, de vinte e trs de Dezembro de mil novecentos e cinquenta e nove, que insere uma portaria do Ministrio do Interior, autorizando esta Junta de Provncia a ceder Fundao Bissaya Barreto, a ttulo gratuito, de harmonia com a deliberao tomada em reunio de trinta e um de Julho ltimo, os bens imobilirios afectos aos seguintes servios de Assistncia: - Portugal dos Pequenitos, com sede em Coimbra;Casa da Criana Rainha D. Leonor, em Castanheira de Pra;Casa da Criana D. Maria do Resgate Salazar, do Luso; Casa da Criana D. Joaquina Barreto Rosa, de Arganil; Preventrio Ar Alto, de Macieira de Cambra... De facto, pudemos constatar que no Dirio do Governo de quarta-feira, a 23 de Dezembro de 1959, II srie, n. 298 insere-se uma Portaria que transfere para a posse e Administrao Fundao Bissaya Barreto vrios servios de assistncia criados e mantidos pela Junta de Provncia da Beira Litoral. No seu corpo, podemos ler : Considerando que, nos termos do n. 2. da base III da Lei n. 1998, de 15 de Maio de 1944, a funo das autarquias locais, no que respeita a obras de assistncia, supletiva da iniciativa particular, devendo as obras que administram ser desoficializadas logo que isso se torne possvel, sem prejuzo da assistncia a prestar; Considerando que a Fundao Bissaya Barreto, com estatutos devidamente aprovados, pela categoria das pessoas que a instituram e que a administram, pelo patrimnio de que j dispe e pelas perspectivas criadas quanto ao aumento futuro desse patrimnio, assegura suficientemente a sustentao das obras assistenciais cuja transferncia foi acordada com a Junta de Provncia da Beira Litoral; Considerando que, nestes termos e dentro do princpio legal citado, dever facilitar-se a desoficializao pretendida; Considerando que os bens imobilirios da Fundao Bissaya Barreto, conforme resulta do artigo 422. do Cdigo Administrativo, no podero vir a ser alienados, a qualquer ttulo, sem autorizao do Governo, dada pelo Ministrio da Sade e Assistncia; Considerando, finalmente, que, segundo prev o artigo 448. do Cdigo Administrativo e o artigo 26. do Decreto-Lei n. 35 108, de 7 de Novembro de 1945, se a Fundao viesse algum dia a extinguir-se, todos os seus bens reverteriam para o Estado, com a incumbncia de, pela Direco-Geral da Assistncia, lhes dar destino tanto quanto possvel conforme a vontade dos fundadores:

Manda o Governo da Repblica Portuguesa, pelo Ministro do Interior, autorizar a Junta de Provncia da Beira Litoral a ceder gratuitamente Fundao Bissaya Barreto os bens imobilirios onde presentemente funcionam os servios assistenciais a seguir referidos, cuja administrao ser tambm transferida para aquela Fundao: Portugal dos Pequeninos, com sede em Coimbra. Casa da Criana Rainha D. Leonor, com sede em Castanheira de Pra. Casa da Criana D. Maria do Resgate Salazar, com sede no Luso. Casa da Criana D. Joaquina Barreto Rosa, com sede em Arganil. Preventrio Ar Alto, com sede em Macieira de Cambra. Casa da Criana D. Maria da Natividade Filipe, com sede em Cuja. Casa da Criana de Pedrgo Grande. Colnia Balnear Dr. Oliveira Salazar, com sede em Gala, concelho da Figueira da Foz. Colnia de Frias Ar e Sol, com sede em Vila Pouca da Beira. Ministrio do Interior, 14 de Dezembro de 1959. Ministro do Interior, Arnaldo Souls. Diz-se no incio da certido emitida pela Junta Distrital de Coimbra que autoriza esta Junta de Provncia a ceder Fundao Bissaya Barreto, a ttulo gratuito, de harmonia com a deliberao tomada em reunio de trinta e um de Julho ltimo, os bens imobilirios. Porventura, essa tal acta, de 31 de Julho de 1959, poderia esclarecer mais alguma coisa sobre a posse do edifcio. Mas tal , no nos foi possvel obter at ao momento. Resta-nos esperar at que tenhamos acesso mesma.

Imagem rosto do Dirio do Governo, II srie, de 23 de Dezembro de 1959

Imagem Portaria que transfere para a Fundao Bissaya Barreto a jurisdio do Preventrio Ar Alto

Imagem pgina 4 do Dirio do Governo onde se insere o termo da Portaria

Na acta da Cmara Municipal de16 de Junho de 1953, escreveu-se : Em seguida, pelo Senhor Presidente, foi dito: que tendo terminado, h alguns meses, as obras de adaptao do antigo edifcio dos Paos do Concelho de Macieira de Cambra a Asilo, se tornava agora necessrio dar-lhe a finalidade prevista, ou seja faz-lo entrar em funcionamento, para o que imprescindvel preencher determinadas formalidades. O edifcio destina-se a acolher crianas pobres que pelo seu estado de sade possam vir a beneficiar de um clima de altitude. A Cmara, estudado convenientemente o assunto em causa, deliberou por unanimidade ceder Junta de Provncia da Beira Litoral o mencionado edifcio do Asilo, cito na praa da freguesia de Macieira deste concelho, mas to somente enquanto ele se destinar e for utilizado ao fim para que foi adaptado, ou seja, acolher crianas pobres cujo precrio estado de sade possa beneficiar da estadia nesta regio e no aludido Asilo. Passados que sejam dois anos sem que o mencionado edifcio seja ou deixe de ser utilizado para o citado

fim ou tenha, por outro lado, utilizao diferente da prevista, este corpo administrativo voltar posse pacfica do cito edifcio do qual e continuar a ser proprietrio. Em resumo: a Cmara permite apenas a utilizao do edifcio e somente para o fim previsto. Por outro lado, nos termos das condies gerais de admisso, ficara a Cmara com o direito de internar crianas deste concelho at dez porcento da capacidade total do referido asilo. Em reunio de 7 de Julho de 1953, a Cmara Municipal autorizou o o Presidente a outorgar a escritura de doao do edifcio a Junta da Provncia da Beira Litoral: A Cmara deliberou por unanimidade autorizar o Senhor Presidente a outorgar na escritura de doao do antigo edifcio dos Paos do Concelho de Macieira de Cambra Junta de Provncia da Beira Litoral, assunto a que se refere a acta da reunio camarria de dezasseis de Junho passado (...). No Registo de Correspondncia recebida da Cmara, em 10 de Julho de 1953, encontra-se registado sob o n. 1919, o ofcio do Presidente da Junta de Provncia da Beira Litoral informando que aquele corpo administrativo resolveu aceitar a doao do edifcio dos Paos de Concelho de Macieira de Cambra, para instalao de um Preventrio nas condies apresentadas. Concluindo, o edifcio Ar Alto foi cedido sob condies que a Junta da Provncia da Beira Litoral aceitou. No poderia esta ceder a terceiros alterando as condies segundo as quais as recebeu. A sua extino poder ter precipitado a deciso do Ministro do Interior que fez publicar uma Portaria, cedendo determinados imveis que se encontravam sob a sua jurisdio, entre os quais o antigo edifcio dos Paos do Concelho, a que se denominou tambm de Ar Alto, Fundao Bissaya Barreto. Tal no poderia ter acontecido, a no ser se esta aceitasse as condies iniciais de cedncia impostas pela Cmara municipal. Alis, sobre estas condies, o contrato de cedncia que fomos encontrar bem claro: (Acta do contrato de cedncia gratuita para asilo) No dia doze do ms de Outubro do ano de mil novecentos e cinquenta e trs, na Secretaria da Cmara Municipal de Vale de Cambra, perante mim, Emes Ribeiro Martins, Chefe da Secretaria da Cmara e seu notrio privativo, compareceram como outorgantes: Primeiro: o Excelentssimo Senhor Doutor Armindo Ferreira de Matos, Licenciado em Farmcia, casado, Presidente da Cmara Municipal, Residente do Lugar das Ordens, da Freguesia de Casteles deste Concelho, para que foi autorizado por deliberao camarria de sete do ms de Julho passado, conforme se verifica pela respectiva acta da reunio; Segundo: o Excelentssimo Senhor Doutor Fernando Baeta Bissaya Barreto Rosa, solteiro Professor Catedrtico da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, residente da mesma cidade, ambos pessoas cuja identidade reconheo por serem minas conhecidas e das testemunhas desta escritura, tambm do meu conhecimento pessoal, pelo que verifiquei a sua idoneidade de tudo o que dou f. E pelo primeiro outorgante foi dito: que o Excelentssimo Governador Civil do Distrito de Aveiro solicitou oportunamente Cmara Municipal de Vale de Cambra autorizao para mandar proceder adaptao do antigo edifcio dos Paos de Concelho de Macieira de Cambra a Asilo que a Cmara autorizou tal adaptao e foi de parecer que uma futura cedncia do mencionado edifcio no prejudicaria

grandemente a autarquia, atentas as vantagens quer de carcter nacional quer local, que da afectao de tal edifcio a Preventrio adviriam; que a referida Cmara, tendo deliberado ceder gratuitamente o citado edifcio Junta de Provncia da Beira Litoral como consta da acta da deliberao camarria de dezasseis de Junho do ano de mil novecentos e cinquenta e trs, prdio sito na Praa da Freguesia de Macieira, deste Concelho, o qual confronta com a estrada municipal, do sul e poente com herdeiros de Mrio Antnio Ferreira de Aguiar e do norte com Albertina Correia Vaz de Aguiar, sujeitou, nos termos legais, a referida deliberao aprovao do Concelho Municipal; que, por no ser necessria autorizao ministerial para a cedncia gratuita por virtude de ela ser feita em favor de um corpo administrativo, estando por consequncia, abrangida em uma das excepes previstas no pargrafo terceiro do artigo trezentos e cinquenta e oito do Cdigo Administrativo; que, por tais factos a Cmara, pela presente escritura e com transferncia imediata do seu domnio e posse cede gratuitamente Excelentssima Junta de Provncia da Beira Litoral, aqui representada pelo seu Presidente, e na qualidade em que ele Presidente da Cmara interveio, com todas as suas pertenas e servides um prdio urbano com a rea de quatrocentos metros quadrados e respectivo logradouro com a rea de noventa e cinco metros quadrados, cito na Praa, da Freguesia de Macieira, deste Concelho, atrs confrontado e inscrito na matriz urbana da Freguesia de Macieira, sob o nmero quatrocentos e setenta e nove, com o valor de oito mil cento e doze escudos, como consta de uma certido passada em quinze de Julho ltimo pela Seco de Finanas deste Concelho e encontra-se ainda por descrever Conservatria do Registo Predial desta Comarca, como se v de uma certido de l extrada em onze do mesmo ms e pedida a requerimento ento ali apresentado sob o nmero trs do Dirio, que esta cedncia gratuita feita Junta de Provncia da Beira Litoral aqui representada pelo seu Presidente, com as condies seguintes: o referido edifcio dos antigos Paos do Concelho, ficar a pertencer-lhe mas to somente enquanto ele se destinar e for utilizado ao fim para que foi adaptado, ou seja, acolher crianas pobres cujo precrio estado de sade possa beneficiar da estadia nesta regio e no aludido Asilo. Passados que sejam dois anos sem que o referido edifcio seja ou deixe de ser utilizado para o citado fim ou tenha, por outro lado, utilizao diferente da prevista voltar a ser propriedade do Municpio de Vale de Cambra o qual voltar sua posse pacfica. A Cmara Municipal de Vale de Cambra, nos termos de condies de admisso ficar com o direito de internar crianas deste concelho at dez porcento da capacidade total do mencionado edifcio no qual funcionar o denominado Preventrio de Macieira de Cambra. Pelo Excelentssimo Senhor Professor Doutor Fernando Baeta Bissaya Barreto Rosa foi dito que, agradecido aceita a cedncia gratuita do mencionado prdio urbano com as clusulas atrs expressas e tudo o mais que fica exarado. Pelo primeiro outorgante foi ainda dito que em nome da Cmara que representa se obriga inteira validade deste contrato a aceitar a autoria e a responder pela evico. As certides das condies de cedncia, conservatria e da matriz vo ser arquivadas para os efeitos legais. Assim o disseram e outorgaram na presena das testemunhas Antero de Menezes Gandra, casado, tesoureiro da Fazenda Pblica deste concelho, residente nesta vila e Jos Marques Mendes, Licenciado em Direito, Conservador do Registo Civil, casado, tambm residente nesta vila, que vo assinar esta escritura com os outorgantes, depois de lida e explicada em voz alta e acto contnuo na presena simultnea de todos, por mim referido notrio privativo que tambm assino. Em seguida vo os outorgantes, pela ordem que esto mencionados a por a sua impresso digital do indicador direito. (Seguem-se as assinaturas)

Em virtude da circular T quatro/oitavos, de seis de Novembro de mil novecentos e quarenta e seis, digo, dois, da Direco Geral de Administrao Poltica e Civil, esta escritura est isenta de emolumentos e de imposto de selo. Registado no respectivo sob o nmero dois. No restam dvidas que esta cedncia gratuita feita Junta de Provncia da Beira Litoral que na altura foi representada pelo seu Presidente, Dr. Bissaya Barreto, com a condio de que o referido edifcio dos antigos Paos do Concelho, ficaria a pertencer-lhe mas to somente enquanto ele se destinasse e fosse utilizado ao fim para que foi adaptado, ou seja, acolher crianas pobres cujo precrio estado de sade pudessem beneficiar da estadia nesta regio e no aludido Asilo. Passados que fossem dois anos sem que o referido edifcio fosse ou deixasse de ser utilizado para o citado fim ou tivesse, por outro lado, utilizao diferente da prevista voltaria a ser propriedade do Municpio de Vale de Cambra de uma forma pacfica, o que ter sido o caso, embora este ainda surja inscrito na matriz das Finanas como pertencente Fundao Bissaya Barreto.

Concluso
Um trabalho de investigao sempre uma tarefa incompleta e um desafio permanente a novas investigaes, mais aprofundadas, porventura, com mais dvidas para clarificar. Ao terminar este trabalho, condicionado por questes de tempo, no se podia deixar de se referenciar alguns aspectos que ficaram por esclarecer. Porventura, sero objecto de aprofundamento no futuro. No ano de 1867, foi ento o concelho suprimido e integrado nos concelhos de Oliveira de Azemis e Albergaria. As freguesias do actual concelho de Vale de Cambra, na altura Macieira de Cambra ficaram assim distribudas: Ares e Junqueira passaram para o concelho de Albergaria e as restantes sete freguesias, para o concelho de Oliveira de Azemis. Pela existncia de Actas da Cmara Municipal ainda no ano de 1868, desconhece-se ao certo quando se deu anexao e at quando se manteve esta. Sabe-se que em 1895 foi novamente anexado ao de Oliveira de Azemis. Em 1998 foi novamente restaurado para no mais sofrer qualquer alterao at ao ano de 1927. Neste ano foi definitivamente extinto e criado o concelho de Vale de Cambra. A 11 de Dezembro de 1927 houve um plebiscito, cujo resultado desconhecemos. Porventura relatos da poca do-nos conta de que o resultado teve o despacho seguinte: SINE DIE. Em relao ao edifcio propriamente dito, ficam algumas dvidas que seriam conveniente esclarecer, nomeadamente: A questo da sineta, colocada no cunhal norte do edifcio que segundo Almeida, era usada para anunciar os julgamentos pblicos. Esta havia sido retirada em 1926, mas, em 1974, voltou a ser colocada, por iniciativa popular". No nos parece que assim fosse, at porque na sineta no constam qualqueres elementos que levem a essa concluso mas, pelo contrrio, esta deve ter sido colocada quando o edifcio foi adaptado para Preventrio Asilo , tendo por finalidade chamar os utentes que porventura pudessem andar a recrear-se no largo em frente. Esta parecenos a explicao mais razovel que urge clarificar.

No que se refere aos portes que existem, um do lado Sul e outro do lado Norte, que do acesso parte traseira do edifcio e ao terreno que lhe contguo, por razes que se desconhece, a entrada pelo lado Norte parece-nos que foi irregularmente apropriada. Na dcada de (19) 50foi instalado o Preventrio Asilo que funcionou at ao incio da dcada de 70, concluo eu. No entanto, nada encontrei sobre o seu fecho, a no ser que no incio da dcada de 70 encontrava-se a funcionar um Posto de Telescola. Quando a Junta da Provncia da Beira Litoral, em Dezembro de 1959, cede os bens imobilirios que se encontravam sob a sua jurisdio, Fundao Bissaya Barreto, entre os quais o Preventrio Ar Alto, faz-se referncia a uma acta de 31 de Julho desse mesmo ano, que poder ajudar a esclarecer a questo desta cedncia. Por deliberao de 8 de Outubro de 2001, a Cmara Municipal de Vale de Cambra, por unanimidade dos seus membros, aprovou a proposta de classificao do edifcio. Entretanto foi objecto de estudo,elaborando-se um novo projecto de adaptao e ampliao do Museu que por razes que se desconhecem, ficaram s pelas intemes. Foi elaborado um novo projecto de obras que seria ocupado integralmente pelo Museu Municipal. Por ltimo, pensamos que as dvidas quanto questo da posse administrativa do antigo edifcio dos Paos do concelho ficaram totalmente esclarecidas. Contudo ser assunto para Jurista resolver.

Bibliografia
Academia de Sciencias, Portuglia Monumento Histrica -Diplomata et Chartae, Lisboa, 1867.

Academia Nacional de Belas Artes, "Inventrio Artstico de Portugal, cd 2, efF: 03078, Lisboa, 2001.

Actas n. do ano de 1867, , 1926/27/28, 1949, /53, 1970/1990, Livros de Actas de Macieira de Cambra e de Vale de Cambra;

Almeida, Artur Jorge (1997), "O Pelourinho de Macieira de Cambra", in

Barbosa, Incio de Vilhena, "As cidades e villas da Monarchia Portugueza que teem braso darmas", Lisboa, Tipografia do Panorama, 3 vols. 1860-1862, (cotas B.N. H.G. 39391V., H.G. 39392 V., H.G. 39393 V.).

Boletim Cultural de Vale de Cambra, n. 1, Cmara Municipal de Vale de Cambra.

Cartrio da Nobreza, coleco incompleta de 124 brases municipais de cidades e vilas de Portugal (estampas coloridas, do sculo XIX, caixa82,mao 73, IAN/TT).

Coelho, Francisco, Tombo das armas dos reys e titulares e de todas as familias nobres do reyno de Portugal, Thesouro de Nobreza, rey de armas India", 1675, (cdice CF 169 IAN/TT).

Ferreira, Antnio Martins, "Vale de Cambra As suas belezas naturais e o seu engrandecimento", Edio do Autor, 1942. Grande Enciclopdia Portuguesa e Brasileira, Volume XXXIII, pg. 851. O Povo de Cambra, jornal de Novembro de 1931 Comrcio do Porto , jornal de 1953 O Primeiro de Janeiro de 23 de Abril de 1952

V.V., A.A., Annaes do municpio de Oliveira de Azemis, 1909

Anexo 1 Contrato de cedncia do edficio antigo dos Paos do concelho Junta Distrital da Beira Litoral

Imagens contrato de cedncia (6 pginas (

Anexo 2 Decreto 1898 relativo desanexao de M. Cambra de O. Azemis

Imagens Decreto relativo desanexao do ano de 1898

Anexo 3 Decreto relativo extino do concelho e da criao do de Vale de Cambra

Imagens Decreto relativo extino do concelho de M. Cambra e da criao do concelho de Vale de Cambra

Anexo 4 Decreto relativo ao plebiscito

Imagens Decreto relativo ao Plebiscito