A Presença Da Companhia de Jesus em Macieira de Cambra
A Presença Da Companhia de Jesus em Macieira de Cambra
A Presença Da Companhia de Jesus em Macieira de Cambra
A padroeira do Seminrio
Introduo
Ao realizar este trabalho era nosso propsito conhecermos a vida interna de uma Instituio que esteve entre ns de 1935 a 1958, durante vinte e trs anos. Igualmente, procurarmos conhecer as suas relaes com a comunidade local e de que modo esta influenciou a vida social e cultural da mesma. Desenvolvendo a sua actividade no mbito da formao religiosa, sem dvida que para muitos dos que foram seus alunos, tiveram aqui uma oportunidade de formao e de aprendizagem. Porventura, para muitos, representou uma fuga fome, pobreza. Para outros, uma oportunidade de vida. Os tempos eram difceis o analfabetismo dominava a vida das pessoas. Sabamos da sua importncia e como instituio de ensino, propositadamente, no foi abordada no trabalho anterior sobre O Ensino em Vale de Cambra. Fizemo-lo agora mas com grande dificuldade porque as informaes e documentao existente escassa ou praticamente nenhuma. Tive de recorrer boa-vontade de alguns jesutas, espalhados pelo Pas que estiveram por c, como professores, directores ou alunos. O ponto de partida foi a obra O Amor Lusada em Florbela Espanca, publicada pela Cmara Municipal de Vale de Cambra, em 1997, de autoria de Antnio Freire S.J. Ainda o conheci em vida porque preparamos juntos a publicao da citada obra. Infelizmente o Pe. Antnio Freire faleceu sem ver a sua obra publicada. Eu sabia que ele tinha sido aluno da Escola Apostlica e mais tarde professor, entre outros locais, no Seminrio Apostlico de Macieira de Cambra, e tive a oportunidade de conhecer alguns pormenores desta casa. Infelizmente, quando algum anda nas descobertas de fontes que nos ajudem a construir a histria das populaes ou instituies, podem surgir obstculos a sua concretizao que tornam impossvel o seu acesso e nunca sabemos o que vamos descobrir. Ora, descobrimos algumas informaes importantes que tornaram este trabalho possvel mas outras ficaram simplesmente pelo conhecimento da sua existncia. No foi possvel consult-las at ao momento. No entanto, pensamos faz-lo logo que possvel, aguardamos uma indicao do Pe. Carlos Vasconcelos, responsvel pelo arquivo. cumpre-nos agradecer desde j a sua disponibilidade e algumas referncias que nos foram dadas. Cumpre-nos tambm agradecer de uma forma particular, ao Pe. Jos Maria Azeredo S.J. pelas conversas que mantivemos, ao Pe. Heitor Morais Silva S.J. pelas publicaes enviadas (O Apostolinho) e tambm ao Pe. Francisco Correia S.J. pelas notas que nos proporcionou. Este , pois, neste momento, o trabalho possvel.
ndice A presena da Companhia de Jesus em Macieira de Cambra...........................................1 Introduo .....................................................................................................................3 Histria da Escola Apostlica ........................................................................................5 O Seminrio Apostlico - objectivos, fins e meios ...................................................14 Objectivos e fins .....................................................................................................14 Meios de sobrevivncia ..........................................................................................17 O Dirio do Seminrio Apostlico e o Apostolinho ...............................................19 O Cdigo Pedaggico dos Jesutas - Ratio Studiorum da Companhia de Jesus..........23 Algumas personagens que estudaram na Escola Apostlica ......................................25 Padre Manuel Antunes.............................................................................................29 Padre Joo Maia ......................................................................................................31 Antnio Freire S. J...................................................................................................33 Jos Augusto Gama.................................................................................................34 Artista Ado Cruz ...................................................................................................35 Algumas notas finais ..................................................................................................36 Bibliografia .................................................................................................................37
Escasseando por um lado vocaes sacerdotais e missionrias e aumentando por outro os campos de aco religiosa e missionria no mundo, inspirou Deus ao P. Albric de Foresta, S.J. (1818-1876) na Frana, em meados do sculo passado, a Obra das Escolas Apostlicas para fomento de vocaes religiosas e missionrias. Esta Obra, espalhada logo por todo o mundo e adoptada por muitas congregaes religiosas, foi tambm introduzida no nosso pas pela Companhia de Jesus, fundando-se em 1880 uma Escola Apostlica, no Barro, junto a Torres Vedras. Contam-se entre os primeiros Apostlicos os RR. PP. Antnio Maria Alves e Joaquim da Silva Tavares. O primeiro muito trabalhou em Portugal, no Brasil e na China onde faleceu, o segundo fundou e dirigiu at morte a conhecida revista Brotria. Aumentando o nmero de candidatos Escola Apostlica, passou esta para Guimares em 1802, onde, devido sobretudo Obra das Listas de Benfeitores, fundada pelo R. P. Bento Jos Rodrigues (1843-1922) e Ir. Sarmento (1853-1917) em fins do sculo passado, pde aumentar e progredir notavelmente este viveiro de missionrios. O vendaval revolucionrio de 1910 no conseguiu acabar com a Escola Apostlica. Recolhida em 1911 a terras da hospitaleira Espanha, l viveu, em Salamanca e S. Martin de Trevejo (Cceres), at 1932, ano em que voltou ptria, fixando-se de novo em Guimares, em casa alugada. Encontrando-se, em 1935, uma casa mais apropriada e de renda mais econmica, em Macieira de Cambra, para aqui se mudou. Foi j em Macieira que esta Instituio, sem deixar inteiramente o nome primitivo de Escola Apostlica da S.ma Trindade, comeou a intitular-se Seminrio Apostlico do Beato Joo de Brito, tomando como padroeiro este missionrio portugus, cuja canonizao a 22 de Junho de 1947 foi, nas palavras do seu Reitor, uma glria para as Misses, para a Companhia de Jesus e para Portugal. O Santo Padre Pio XII proclamou-o Protector das Misses do Imprio Portugus.
Macieira de Cambra visto do Seminrio Quis o destino, que numa terra tradicionalmente republicana viesse a instalar-se um Seminrio, tambm designado por Escola Apostlica, gerida pela Companhia de Jesus, o que parece contraditrio com o que lhes sucedera com a implantao da Repblica em 1910. A verdade, que seria o prprio Luiz Bernardo de Almeida, com ideais manicos, que alugaria o imvel Casa de Sade Almeida Pinho Companhia de Jesus, escondida com o nome de Associao F e Ptria. Afinal, o Ensino tinha sido uma das suas preocupaes que o levaram a construir e a oferecer ao Estado, em 1913, a escola que ainda hoje serve os propsitos.
Avenida central de Macieira Ora, o edifcio agora alugado, inaugurado em 1928, com a finalidade de se instalar um hospital, destinava-se agora formao de missionrios.
Fachada norte e poente do Seminrio Em 20 de Abril de 1935, na coluna Por Macieira de Cambraii, aludindo a um jornal do Rio de Janeiro, o Jornal de Cambra dava conta que: () LISBOA16 Em Macieira de Cambra foi h dias assinada a escritura de arrendamento dum prdio onde ser instalada uma grande escola destinada a 420 alunos. A inaugurao do novo estabelecimento dever ter lugar no prximo anno lectivo, notcia que foi recebida com grande regozijo pela populao do concelho
No contrato de arrendamento constava o seguinte: Lus Bernardo de Almeida, como procurador de Antnio de Almeida Pinho e esposa, d de arrendamento a Jos Aparcio da Silva o seguinte prdio, pertencente a seus constituintes (Descreve-se o prdio). O prdio arrendado destinado a um instituto de beneficncia denominado Seminrio Apostlico cujo fim a formao de Missionrios. O arrendatrio fica autorizado a sub-arrendar ao instituto de beneficncia, denominado Seminrio Apostlico de Macieira de Cambra, logo que o mesmo tenha existncia legal, o prdio aqui arrendado ficando solidariamente responsvel com o sub-arrendatrio pelo pagamento das rendas e cumprimento deste contrato. No arrendamento ficam compreendidos os mveis que se encontram no prdio arrendado e que constam de uma relao por ambos os contratantes assinada, ficando um exemplar da mesma relao em poder de cada um. O arrendatrio fica obrigado guarda e conservao dos mesmos mveis e sua entrega ao senhorio, ou ao seu procurador, no estado em que se encontrem no fim do arrendamento. Este arrendamento no se rescindir por falecimento de qualquer dos contratantes, nem por transmisso do prdio arrendado a ttulo gratuito ou oneroso. O arrendatrio fica autorizado a fazer sua custa as obras que entender e a ampliar ou modificar as que se encontram feitas, quando porm se tratar de modificao importante ou que possa resultar diminuio de valor para a parte urbana, esta no se realizar sem prvio acordo com o senhorio, ou com o seu procurador. Todas as obras que forem feitas no prdio arrendado ficaro desde logo consideradas parte integrante do mesmo prdio e sem que os senhorios fiquem obrigados a qualquer indemnizao por elas. Ficam a cargo do arrendatrio, desde o princpio do arrendamento, as despesas com luz, reparao e conservao do edifcio, bem como o pagamento dos impostos sobre o que constitui objecto deste arrendamento, mas estes to somente durante os primeiros cinco anos em que os senhorios no recebem renda e apenas tm como retribuio a instalao elctrica e as obras de acomodao. O arrendatrio tem direito de explorar qualquer nascente ou veia dgua dentro do prdio arrendado. O prazo de arrendamento de 10 anos a contar do primeiro de Maio de 1935. Passado que seja o quinto ano, o arrendatrio pagar mensalmente aos senhorios e no fim de cada ms a renda de 1000 escudos, cujo pagamento ser feito no prdio arrendado. O arrendatrio poder renovar este contracto nas mesmas condies no fim de cada prazo e poder tambm cessar nele antes de concludo o prazo, avisando com 3 meses de antecedncia o senhorio ou o seu procurador. Este contracto foi mutuamente aceite. Disse mais o primeiro outorgante, que por si concede ao arrendatrio gratuitamente a faculdade de se utilizar para o prdio arrendado, durante os prazos de arrendamento, de metade da gua de suas minas denominadas Vale da Choca, conforme se especifica em documento parte. Mas isto no importa alienao do seu direito sobre a mesma gua, cuja propriedade exclusiva lhe pertence.iii Segundo Carlos Vasconcelos S.J., Jos Aparcio da Silva era o Superior de ento. Na altura, a Companhia de Jesus ainda no estava oficializada em Portugal; foi mais tarde como Corporao Missionria. A renda deve estar com erro do copista, porque de facto era de 2.000 escudos. As contas das obras falam de uma entrada de 120 contos, que evidentemente no chegaram para os dois pavilhes que se acrescentaram. 9
Em 1 de Novembro de 1935,no Jornal de Cambra, noticiava-se que: Na coluna Por Macieira de Cambra:No Seminrio Apostlico de Macieira de Cambra, instalado, como se sabe, no edifcio que era destinado ao Hospital, comemorou-se, no dia 27 ultimo, o Dia das Misses, com uma encantadora banda () E assim, o Seminrio Apostlico de Macieira de Cambra vae despertando cada vez mais, naquella vestuta villa, o interesse que se estende a todo o concelho, que se deve orgulhar de to bella instituio ()iv
O Seminrio sob a neve A Companhia de Jesus tinha sido expulsa de Portugal em 1910, pela Primeira Repblica Portuguesa. A actividade dos jesutas, ministrios apostlicos, ensino e a formao de novos membros continuou, no exlio, sobretudo em Espanha: S. Martin de Trevejo, La Guardia e Oya. A partir de 1923, comearam a entrar, discretamente, em Portugal, comeando pela Pvoa de Varzim (1923), Lisboa e Braga (1925), Porto (1927), Covilh (1929) e por fim as casas de formao em 1932. O Noviciado e o Juniorado foram instalados num velho convento de Entre-os-Rios (Alpendurada),que passou, depois, para Guimares (Convento da Costa), o Colgio de La Guardia para as Caldas da Sade, perto de Santo Tirso e a Escola Apostlica para Macieira de Cambra, no ano de 1935. A Nova Constituio da Repblica, promulgada em 19 de Maro de 1933, fruto de uma nova mentalidade facilitada pelo golpe de 28 de Maio de 1926, no artigo 45, permite que a Igreja Catlica se organize livremente e constitua as suas organizaes a que o Estado reconhece existncia legal e personalidade jurdica. A Companhia entendeu que estariam automaticamente revogadas as leis pombalinas e o decreto de 8 de Dezembro de 1910. Os jesutas, atentos a todos os desenvolvimentos polticos sentiam-se claramente abrangidos por este Artigo 45 e comearam a projectar construes prprias e mais adequadas formao. Segundo Francisco Correia S.J., a primeira grande construo foi a do Noviciado em Soutelo (Braga) numa quinta oferecida pelos Viscondes da Torre. Mas esta histria 10
passa por Cernache! Na Consulta da Provncia de 16 de Maio de 1942, fala-se da possibilidade de comprar uma quinta para o futuro Noviciado. Acrescenta que em 18 de Agosto de 1942, o P. Provincial, P. Jlio Marinho, escrevia uma carta ao Superior da Misso da Zambzia, P. Jos Bernardo Gonalves, a informlo que a parte do subsdio estatal Companhia, por ser Corporao Missionria, foi destinada, inteiramente, amortizao de um emprstimo que acabaram de fazer para a compra duma quinta para instalao do Noviciado. A pensava-se construir o edifcio quando a guerra acabasse. Segundo este mesmo autor, a escritura da compra da quinta foi feita em 30 de Setembro de 1942. Foi comprada a D. Jos Manuel Braamcamp de Barahona Fragoso casado com D. Maria Thereza Caldeira Ottoloni de Barahona Fragoso, Condes da Esperana. Estavam representados, legalmente, por procurao, no acto da escritura, pelo filho Joo Estanislau de Albuquerque e Bourbon de Barahona Fragoso. Acompanhava os jesutas o Dr. Carlos Zeferino Pinto Coelho que j em 1901 tinha ajudado a Companhia a elaborar os estatutos da Associao F e Ptria, nome pelo qual se deu legalidade, sui generis, Companhia em Portugal. J tinham sido dados 200 mil escudos como sinal e princpio de pagamento da quantia de 800 mil escudos. A quinta de Cernache, na freguesia de Cernache, concelho de Coimbra constava de casas de habitao, suas dependncias, jardim, pomares, mata e tudo o mais que constava na descrio. O Dirio da Escola Apostlica de Macieira de Cambra noticia, no dia 18 de Julho de 1942, a compra de uma quinta para Noviciado, em Cernache dos Alhos (Condeixa) a 8 km de Coimbra, cita o Pe. Francisco Correia S.J. A tomada de posse da quinta deu-se em 6 de Outubro de 1942 estando presentes o P. Marinho, Provincial, o P. Cardoso, procurador da Provncia e outros jesutas. Poucos dias depois, no dia 10 foi inaugurada a Estao de Cernache. Comeou-se a instalao das coisas mais essenciais enquanto se efectuava o despejo do mobilirio do Conde. Substituram vidros partidos, repararam a instalao elctrica, etc. Desde o princpio tiveram muito boas relaes com o Prior de Cernache, P. Joaquim Nogueira Roque, que muito os ajudou. As Irms Doroteias prestaram uma preciosa ajuda no aconchego da casa e ofereceram cortinas e alfaias sagradas para a capela. Em Maio do ano seguinte (1943) comearam as observaes tcnicas para a edificao de uma casa. O P. Provincial ao dar a notcia da tomada de posse da casa de Cernache ao P. Jos Bernardo Gonalves, Superior da Misso da Zambzia, diz-lhe, tambm, que a quinta realmente muito boa, mesmo melhor do que ao princpio tinham pensado. Numa outra carta diz-lhe que j esto a levantar a planta topogrfica para depois se fazer o projecto do edifcio e acrescenta: quanto mais se adiarem as obras para o Noviciado, mais caras iro ficarv. Era o tempo da guerra e a maior dificuldade que se enfrentava era a obteno de ferro. Entretanto parece que ainda se sonhava com a quinta da Torre em Soutelo, mas constava que a Condessa temia que a Companhia a vendesse. Em 1944, j se diz que esto a trabalhar activamente na planta do novo Noviciado, mas que os recursos eram magros para os tempos que corriam. Qualquer construo ficava extremamente dispendiosa. Parecia tudo correr de feio pois a quinta j era visitada pelo P. Severiano Ascona Assistente de Espanha acompanhado do P. Basterra. Na consulta de Julho de 1944, transparece um grande optimismo ao ler-se que havia motivos para que se comeasse quanto antes as obras e deliberou-se sobre o modo como faz-las: por conta prpria ou atravs de um empreiteiro? Decidiram que fosse entregue 11
a um construtor. Seria uma casa para novios e juniores e pensavam fazer cubculos e camaratas. Apesar de todas estas decises, na consulta de Setembro, optou-se por adiar as obras de Cernache. Havia muitas dificuldades. Na consulta de Maro de 1945, d-se a notcia que a Condessa da Torre se inclinava a dar a quinta aos jesutas e pensaram, ento, fazer a a Escola Apostlica. Quanto a Cernache, j existia uma planta provisria e faziam-se diligncias para conseguir comparticipaes. O P. Provincial dizia ao P. Gonalves, em Moambique, que esperava comear brevemente a construo do Noviciado. O ante-projecto tinha sido amplamente discutido e os engenheiros e arquitectos j estavam a trabalhar directamente na planta. Diz-lhe, ainda, que apresentou ao Ministrio das obras pblicas o ante-projecto para pedir uma comparticipao. D a impresso que no se queria desistir do Noviciado em Cernache, mas surgiam dificuldades e outras hipteses. Na consulta de Julho de 1946 o P. Provincial formulou esta pergunta aos consultores: Desistimos da construo do Noviciado, dado que se poderia transitar o Filosofado para Coimbra? Responderam todos negativamente. H um impasse, mas surgem muitas oportunidades. Falava-se da restituio da casa de Viana, por outro lado no viam claro que, na Quinta da Torre, conviesse fazer a Escola Apostlica. Mas, no fundo, o grande problema era o econmico, era este que no deixava levar nada avante. Chegou-se a pensar em voltar novamente para Entre-os-Rios. Em Abril de 1947, a Viscondessa da Torre d definitivamente o solar com o respectivo recheio e a quinta Companhia de Jesus. D. Maria Cndida Patrocnio Reimo Malheiro, Viscondessa da Torre, morreu pouco depois, em 5 de Maio, com 88 anos de idade. O Mensageiro do Corao de Jesus, em Agosto de 1947, fez-lhe uma singela homenagem, publicando a sua biografia, como benfeitora da Companhia. Em 1949, lanou-se a primeira pedra para a construo do Noviciado em Soutelo e abandonou-se o plano de Cernache. Houve uma paragem em relao a obras em Cernache. Entretanto, algo de novo ia surgindo. Na consulta de 15 de Janeiro de 1953, dizia-se que o P. Geral aprovava a construo da Escola Apostlica em Ftima, para 250 alunos. Tal construo seria custeada pelo Sr. Conde de Riba dAve, Delfim Ferreira, num gesto digamos assim, de gratido ao P. Abel Guerra ( Reitor da Escola Apostlica de Macieira de Cambra)por lhe ter descoberto umas minas de ouro. Como se v, ps-se em dvida o projecto de Cernache. Macieira de Cambra no satisfazia e desdobrou-se a Escola Apostlica entre Soutelo e Macieira. Surgia, tambm, a ideia de anexar pavilhes aos nossos Colgios para os candidatos Companhia, discordando alguns consultores de Cernache por estar longe de Coimbra. Finalmente, foi tomada a deciso de se construir um pavilho em Cernache. No dirio da Estao de Cernache consta a chegada, no dia 17 de Maro de 1953, dos Padres Cardoso e Abel Guerra acompanhados de um arquitecto e um topgrafo para fazerem o estudo do terreno em ordem elaborao de uma planta para uma casa a construir ali. O topgrafo permaneceu na quinta, com o P. Guerra, cerca de 4 dias. O P. Provincial dizia ao P. Gonalves, em 24 de Dezembro de 1953, que o projecto da obra a construir em Cernache, o Seminrio Apostlico, feito pelo Ministrio do Ultramar estava quase pronto, o pior era a dificuldade econmica. No dia 21 de Setembro de 1954, um empreiteiro, um arquitecto, um engenheiro, juntamente com o P. Guerra, marcaram definitivamente o local onde viria a ser construda a casa. 12
A primeira pedra foi benzida e colocada pelo Reverendssimo Sr. D. Ernesto Sena de Oliveira, Arcebispo de Coimbra, no dia 15 de Dezembro de 1954, estando presentes D. Joo de Deus Ramalho SJ, bispo emrito de Macau e o Sr. D. Manuel de Jesus Pereira, sendo Provincial o P. Jos Craveiro. Foi-lhe dado o nome de Colgio da Imaculada Conceio por se viver, na ocasio, o centenrio da definio do dogma da Imaculada Conceio no intuito de, sob tal patrocnio, se fomentar mais as vocaes religiosas. No dia 22 de Agosto de 1955, foi lida a patente de Vice-Reitor do Colgio ao P. Isidro Pereira, que foi elevado a Reitor, no dia 8 de Dezembro do ano seguinte. Entre 24 e 25 de Outubro de 1955, foram chegando os alunos: 54 no total. O programa escolar seria o liceal acrescido do latim. No final do ciclo o exame oficial seria feito no Liceu de Coimbra. Os primeiros fizeram-no em 1957. chegada dos alunos havia ainda obras em metade do pavilho que terminaram em Maio do ano seguinte. No entanto, ficaram confortavelmente instalados. Davam-se aulas a duas turmas. Uma ficava no estudo e a outra numa sala do primeiro andar. No faltaram crticas, de alguns saudosistas, ao novo sistema de Escola Apostlica. O sistema no era inovador no contexto da Companhia universal. Fazia parte de um discernimento para acertar no melhor caminho para o futuro. O prprio P. Geral o aprovava e incentivava. Houve, tambm, quem o elogiasse e visse aqui uma novidade que preparava os jovens educados pela Companhia para os grandes desafios que se avizinhavam. muito interessante e simptica a notcia que o P. Jos Vaz de Carvalho d na revista Jesutas sobre o Colgio. Para ele apresenta a singular modalidade de ser ao mesmo tempo Colgio e Escola Apostlica. Era Colgio pelo reconhecimento oficial dos estudos com exames feitos no Liceu, e era Seminrio enquanto os seus alunos se destinavam vida religiosa na Companhia de Jesus. Como bom historiador, o P. Vaz diz que se lhe deu o nome de Colgio por ser mais conforme ao nosso uso tradicional em designar por esta forma os ditos estabelecimentos de ensino. Estava de acordo com o que se pretendia que era identificar o Colgio da Imaculada Conceio no regime externo, disciplinar, aulas, recreios, vesturio, etc. com os outros Colgios, diferindo somente na orientao dos estudos. O Colgio ordinrio pretendia uma carreira profana, ao passo que os alunos do novo Colgio sonhavam com a vocao religiosa. No dia 29 de Dezembro de 1956, foi comunicado o despacho do Ministrio da Educao a reconhecer o Colgio para o 1. e 2. ciclos dos Liceus com a lotao de 160 alunos, dos quais 126 podiam ser internos. Em 1957, comeou a ser construdo, no fundo do pavilho e ligada a ele, a nova ala que se concluiu em Dezembro. A ideia de anexar um pavilho num dos Colgios existentes, para os candidatos a jesutas, continuava a ser reflectida. Em 1956, pensava-se, seriamente, em construir um pavilho no Lumiar, junto ao Colgio de S. Joo de Brito, para os ltimos anos da Escola Apostlica. Muitos ainda recordaro o entusiasmo que se viveu, por essa altura, na expectativa de ir para Lisboa. Em 1957, surgiu a ideia de se comprar o hotel das Caldas da Sade se as condies fossem aceitveis. Tal ideia no se concretizou. O P. Geral insistia para que se aumentasse para 7 anos, em vez de 5, a Escola Apostlica. Ora isso s seria possvel contando com um dos Colgios que j tinham tudo organizado. No final do ano escolar de 1958, fechou a Escola Apostlica de Macieira de Cambra e os alunos que passaram para o 5 ano foram estudar para o Colgio de Cernache.
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O ltimo a partir foi o Pe. Carlos Vasconcelos S.J., responsvel actual pelo arquivo da Companhia e que tem em mos o processo histrico para a beatificao do conhecido Pe. Cruz, que tambm passou por esta Escola apostlica, como visitante. O Jornal de Cambra, a 30 de Setembro de 1958, noticiava o fecho da Escola Apostlica da seguinte forma: Com o ttulo Do Concelho, Macieira de Cambra Seminrio Apostlico Foi um facto a extino do Seminrio Apostlico de Macieira de Cambra, Seja como for, no h ningum que no tenha pena de tal instituio ter acabado ou mudado de terra, talvez por deficincia monetria, pois, segundo informaes de boa fonte, o edifcio precisa de grandes melhoramentos, orados em dezenas e dezenas de contos. Assim fica vago um belo edifcio, que bem merecia ser aproveitado para o fim a que foi destinado a quando das sua construo: HOSPITAL. E porqu? Situado num ponto belo, alto, saudvel edifcio grande, o maior destes stios, uma pena ficar desabitado, pois assim deve estar condenado runa. Isto em caso de no ser aproveitado para qualquer fim. De futuro, a pobreza local deve importunar mais toda a populao da zona, pois ali recebia roupas, sopa diria e outros benefcios. Por ns lastimamos a sada daqui do Seminrio Apostlico.vi A Companhia de Jesus despedia-se de Macieira de Cambra, atravs deste mesmo Jornal, a 15 de Outubro de 1958: Com o ttulo Seminrio Apostlico de Macieira de Cambra. Ao deixarmos, definitivamente, Macieira de Cambra, no possvel esquecermos o acolhimento e simpatia nunca desmentida, com que h 23 anos aqui fomos recebidos, ao estabelecer-se nesta regio o Seminrio Apostlico da Companhia de Jesus. Ordens superiores nos obrigam a procurar outras terras, e nestes momentos que mais experimentamos a sincera expresso de saudade dos que ficam e o mesmo sentimento dos que tm de partir. Com o trabalho (de que no fcil fazer a ideia) da mudana duma casa destas propores, e com a precipitao dos acontecimentos, no nos foi possvel, como era nosso desejo e dever, apresentar pessoalmente os nossos cumprimentos de despedida a tantos que, com sua amizade e generosa dedicao, nos ampararam nesses anos, para ns inesquecveis. A todos dirigimos, atravs deste jornal, a expresso mais sincera de profundo reconhecimento e eterna gratido Macieira de Cambra, 27 de Setembro de 1958. Pelo Seminrio Apostlico. Padre Joaquim Ea de Almeida, S. J.vii
estudos. Chamava-se Apostlico para recordar a seus alunos o fim a que estavam destinados, embora nem todos prosseguissem os estudos com essa finalidade.
Corpo dirigente, docente e auxiliar do Seminrio Aps o 5. ano, os que tinham vocao missionria, faziam o noviciado, por mais dois anos, onde aperfeioavam o Latim e outras Lnguas clssicas. Na vida religiosa, o consagrado antes de receber os votos perptuos percorre um caminho com trs etapas: Postulantado, Noviciado e Juniorado. O primeiro perodo destina-se ao discernimento ou ento, como refere o Pe. Vasco Pinto Magalhes S. J., a pr-etapa da vida religiosa. O Noviciado um perodo mais intenso de descoberta de si e da comunidade. O tempo de Juniorado, que tem uma durao de vrios anos conforme o Instituto, o perodo que antecede os votos perptuos e onde o religioso j assumiu um compromisso de vida Na Escola Apostlica os alunos recebiam intensa educao espiritual, prpria de futuros religiosos e missionrios; apurada formao intelectual (os estudos duravam 5 anos, nos quais se procura desenvolver as lnguas latina e portuguesa com o das outras disciplinas estudadas nos liceus).
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A cultura fsica no era esquecida. Por meio de exerccios de ginstica, variedade de jogos e recreios e vida quanto possvel ao ar livre, procura-se desenvolver o esprito de grupo, de entreajuda, a disciplina e a obedincia s regras do jogo. 16
Em geral, o Padre encarregado dos apostlicos no estava sempre com eles nos recreios ou estudos, mas um dos mesmos estudantes tomava conta dos outros, indicando o que deviam fazer. Deste modo, se vo acostumando ao cumprimento do dever por motivos mais nobres e espirituais e ganham o esprito de iniciativa, to til e mesmo necessrio nas misses ultramarinas - acrescenta. Durante os 23 anos que os Jesutas estiveram em Macieira de Cambra, desenvolveram intensa actividade religiosa, formativa e comunitria. Refira-se o trabalho comunitrio desenvolvido junto das famlias, do concelho e fora deste, que foi de grande mrito sobretudo pelo exemplo praticado e pela formao que proporcionavam aos seus filhos. Junto dos mais desfavorecidos, ensinavam a ter hbitos religiosos de orao, catequizando-os, ensinavam a ler e a escrever, a terem hbitos de higiene e de sade e fundamentalmente a fortalecer os laos de solidariedade e de ajuda, na prpria comunidade. Para alm da actividade religiosa que desenvolviam em todas as parquias, distribuam diariamente a sopa dos pobres, roupas e promoviam espectculos. Proporcionavam trabalho. No havia festividade que no tivesse a participao da comunidade jesuta.
Meios de sobrevivncia
As famlias abastadas colaboravam no sustento dos seus filhos que frequentavam o Seminrio. Esta Escola vivia tambm ela da solidariedade e beneficncia de outras pessoas. A ajuda material que proporcionavam era de grande valia. Sucedia, no raro, encontrar jovens dotados de excelentes qualidades cujas famlias no podiam custear todo o seu sustento e formao. Para suprir esta falta, contavam os Superiores deste Seminrio com as ofertas dos seus Benfeitores, reunidos numa Obra ou Associao de Vocaes Sacerdotais e Missionrias. Havia vrios graus de Benfeitores: fundadores, protectores e associados. Os Benfeitores/Fundadores eram aqueles que constituam uma bolsa de estudos perptua, oferecendo de uma s vez ou por partes o capital de 40.000$00 que rendesse perpetuamente 2.000$00 anuais. Os Benfeitores/Protectores eram aqueles que constituam uma bolsa de estudos temporria ou semi-bolsa, oferecendo de uma s vez ou por partes 10.000$00 para o sustento de um apostlico durante os 5 anos da sua formao. Eram considerados Benfeitores/Associados os que contribuam com menores ofertas em dinheiro, gneros ou com o seu zelo e dedicao. Podiam ser de vrios graus: zeladores ou colectores das listas (folhas azuis com 25 nomes de associados); Estas pessoas recebiam, preenchiam, propagavam e remetiam as listas ao Secretrio ou Director da Associao. Este costumava, mais tarde ou mais cedo, agradecer as listas e ofertas recebidas e enviar lembranas para serem distribudas aos associados. A quota anual dos Associados das listas era de um escudo. Podia uma pessoa dar, de uma vez, s sua conta 50$00, ficando Benfeitor-Associado para sempre. Os Associados de quota fixa, comprometiam-se a dar uma quota anual de 20$00 para os fins da Associao. Tanto 17
estes como os zeladores ou colectores so considerados Benfeitores especiais. Era com eles que o Secretrio da Associao ordinariamente se correspondia. Tambm se consideravam Benfeitores-Associados os que recolhiam e enviavam selos usados ao Seminrio. Estes selos no deviam ser descolados do sobrescrito mas recortados, deixando em volta do selo um pedao de papel de um dedo de largura. Metidos numa caixa ou sobrescrito forte, enviavam-se como impressos pelo correio Em troca a Comunidade Jesuta, ao Benfeitor que desse sua conta uma oferta avultada, ofereceria o Seminrio em sinal de gratido, 1 Dia de Oraes ou Jornada Apostlica. Consistia esta em celebrar por inteno do oferente a missa em inteno e em oferecerem os alunos a comunho, missa, tero e todas as obras do dia pela mesma inteno. Nas casas da Companhia de Jesus lia-se, todos os meses, o seguinte: Procurem todos, conforme indicam as Constituies, orar frequentemente pelos Benfeitores vivos e defuntos. Santo Incio tambm escreveu: Os Fundadores (de casas e colgios) e os Benfeitores tomam-se especialmente participantes de todas as boas obras que, por graa de Deus, se fazem tanto nas casas como em toda a Companhia. Entre essas obras contam-se, cada ano, milhes de missas ouvidas, de teros, de comunhes, e milhares de missas celebradas. Inteno, bem como a actividade apostlica dos religiosos da Companhia de Jesus e dos seus quatro ou cinco mil missionrios entre infiis. Pelos Benfeitores vivos e defuntos deste Seminrio Apostlico em particular, celebramse duas missas cada semana. Alm destas todos os sacerdotes da casa celebram outra cada ms. Os Irmos e estudantes oferecem comunhes, missas e teros em igual nmero pelas mesmas intenes. Podem tambm os nossos Benfeitores recomendar ao Seminrio as suas intenes particulares que sero expostas num quadro a isso destinado. Todos os Benfeitores participam em proporo com a sua generosidade, nas boas obras dos seminaristas apostlicos bem como nas dos seus mestres e dos missionrios. Todos os anos, havia um dia especialmente dedicado aos nossos Amigos e Benfeitores. Nesse dia, considerado de festa e de orao, todos os sacerdotes do Seminrio celebram missa em 1inteno e os que no so sacerdotes oferecem a sagrada comunho, missa, tero e todas as demais obras. Chama-se o Dia dos Benfeitores e actualmente celebra-se na festa do Patrocnio de S. Jos (quarta-feira depois da segunda dominga pascal). Os Benfeitores que constituam as bolsas de estudo, alm das vantagens precedentes, tinham mais as seguintes: Sendo bolsa perptua (40.(XX)$00) logo que fosse substancialmente comeada, tinham uma Jornada Apostlica. Esta Jornada repetia-se 10 anos seguidos em dia a combinar, depois de concluda a bolsa. Tambm eram celebradas 30 missas pelas intenes do oferente. Estas missas podiam constituir um Trintrio Gregoriano aplicvel por uma pessoa falecida que ele designasse. Sendo temporria (10.(XX)$00), tm uma Jornada Apostlica que se repetia 5 vezes ou ento, durante 5 anos em dia a combinar, enquanto durasse a formao do aluno a quem 18
foi aplicada a bolsa. Concluda esta, seria celebrada no Seminrio, pelo menos uma novena de missas.
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Capa do n. 1 do Apostolinho O ltimo a que tivemos acesso de 1957, embora acreditemos que este no tenha terminado aqui.
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Capa do Apostolinho em 1957 Atravs deste descobrimos algumas imagens da vida comunitria, dos nomes de alguns alunos, dos seus benfeitores e alguns pormenores da vida religiosa e de internato. Percebemos que haviam alunos da Madeira e de todo o Portugal continental.
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Capela principal do Seminrio Como j vimos, existia uma tipografia onde se imprimiam folhetos, postais e outras publicaes. Uma alfaiataria onde se talhavam os casacos que os jesutas usavam e provavelmente a roupa exterior. A roupa interior era dada a confeccionar a uma costureira que vivia prximo do Seminrio. O espao envolvente era todo ele cuidadosamente cuidado e jardinado. O irmo Gonalves, juntamente com o tio Z da Sanga, encarregava de tal.
Jardim interior 22
Gruta de N. S. de Lourdes Foi uma perda enorme para esta terra, quando se mudaram para Cernache, quando definitivamente encerrou portas.
edio agora tornada pblica tem o seguinte ttulo: Cdigo Pedaggico dos Jesutas Ratio Studiorum da Companhia de Jesus [1599] Regime Escolar e Curriculum de Estudos. Edita a Esfera do Caos Editores, com data de Outubro de 2009. Eu direi que se trata, realmente, de um acontecimento. A apresentao da obra teve lugar na Universidade de vora, no passado dia 30 de Outubro, no mbito do Colquio Internacional comemorativo do 450 aniversrio da fundao desta Universidade, que foi ele prprio um grande acontecimento. A verso portuguesa agora publicada da Doutora Margarida Miranda, Professora de Estudos Clssicos da Universidade de Coimbra. A educao europeia dos ltimos quatro sculos no entendvel sem a Ratio Studiorum, seja qual for a nossa posio religiosa, cultural ou poltica. Expulsos por Pombal em 1759, os Jesutas regressaram j no sculo XX. A sua sada criou um vazio no espao institucional educativo portugus que teve as mais graves consequncias sociais e culturais. Quando tomamos conhecimento de que a percentagem de analfabetismo literal , em 1910 ano da Implantao da Repblica de 75,6% no nos dado conhecimento de que a causa principal desse calamitoso estado de coisas foi o buraco negro deixado pela expulso dos Jesutas, que representavam qualquer coisa como 85% do sistema de ensino de que ento o Pas dispunha. Esta pea fundamental da histria da educao portuguesa e em grande parte europeia composta por um vasto conjunto de Regras e Normas, as quais no conjunto configuram um verdadeiro cdigo pedaggico em vigor em todas as Escolas da Companhia de Jesus. A meu ver, a Ratio Studiorum pode ainda hoje ser de grande utilidade para qualquer educador, que saber fazer das Regras uma leitura independente e actualizada, adaptando-as s condies do nosso tempo e do nosso meio. A mesma opinio sustento a respeito da extraordinria obra Didctica Magna, de Jan Ams Comnio, que pertenceu Igreja Reformada dos Irmos Morvios, de vinculao hussita. A Ratio Studiorum um documento inserido na Igreja Catlica, a Didctica Magna obra de um autor protestante. a excelncia e grandeza do pensamento pedaggico expresso nessas obras que deve prevalecer. O captulo II da Ratio compreende as Regras a que deve obedecer o Reitor. Atendendo ao momento que vivemos dentro do sistema educativo portugus, a todos parecer de fundamental importncia o problema da competncia e qualidade dos professores. A Regra n 9 deste captulo II da Ratio diz respeito precisamente aos professores. Tem por ttulo Uma academia para a formao de professores. to importante e ainda actual o seu contedo, que me parece til transcrev-la na ntegra: Para que os professores das classes inferiores no comecem a ensinar sem qualquer tipo de preparao para a docncia, o reitor do colgio de onde habitualmente saem os professores de humanidades e gramtica designar um professor que seja especialmente competente no ensino. Os que estiverem para ser professores reuniro com ele, trs vezes por semana, durante uma hora, no fim dos seus prprios estudos, para se prepararem para o novo ofcio que vo receber, exercitando-se, cada um por sua vez, em fazer preleces e ditados, em escrever, fazer correces e desempenhar outras funes prprias do bom professor. (Obra citada, p. 82). Passaram 410 anos por cima deste texto. Diremos que muito se progrediu no tocante formao de professores, em especial para o ensino pblico. Tambm todo o ensino se 24
massificou, o que trouxe problemas novos e dificuldades relevantes para manter os adequados e indispensveis padres e nveis qualitativos. verdade. Mas todos sabemos, por o termos sentido na carne bem recentemente e no estarmos seguros de que a poltica educativa vai de facto melhorar neste ponto , que as alteraes ocorridas nos ltimos anos no que respeita formao de professores pem gravemente em causa pode dizer-se que tudo o que se conseguiu nas ltimas trs dcadas. Muitas outras Regras da Ratio Studiorum merecem ainda hoje a nossa atenta considerao. Creio que muito importante conhec-las, pens-las criticamente e enriquecer com esse conhecimento a nossa postura educativa actual. A Ratio Studiorum faz parte da nossa espinal-medula pedaggica. Recomendo a sua leitura e estudo.ix Em 1599, na Ratio Studiorum, documento orientador da pedagogia jesuta, determinouse que os professores deveriam ser bem tratados para que pudessem ensinar bem. Lendo as recomendaes feitas nesta obra, redigida no final do sculo XVI, torna-se claro que as normas pedaggicas dos jesutas poderiam ajudar, com amplo proveito, a decidir as polticas e medidas educativas de hoje. A Ratio Studiorum considerada a bblia pedaggica dos Jesutas e o segredo do seu extraordinrio sucesso no plano da formao. Esta obra, traduzida nas mais diversas lnguas onde a Companhia de Jesus instalou a sua rede multinacional de colgios, desde o Brasil at ao Extremo-Oriente, influenciou a revoluo educativa da poca moderna com a marca dos Jesutas, at aos nossos dias. um documento absolutamente incontornvel da Histria da Educao e, ainda hoje, apesar das actualizaes a que foi sujeita em relao sua verso original de 1599, continua a ser uma fonte de inspirao paradigmtica, sempre revisitada por todos os que se interessam pela educao e se dedicam a essa nobre actividade.x
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Por aqui, por esta Escola Apostlica, passaram muitos ilustres personagens, que se tornaram professores, missionrios, padres ou que desenvolveram outras vocaes. Quem j no ouviu falar do Pe. Manuel Antunes, que deu nome ao Instituto das Cincias da Cultura em Lisboa? De Joo Maia, tambm ele aluno desta Escola Apostlica? Quem no se lembra do Pe. Gonalves ou do Pe. Antnio Freire? E do Reitor Pe. Abel Guerra? E de Jos Augusto Gama, que foi Presidente da Cmara Municipal de Mirandela? E quem no conhece o Dr. Ado Pinho da Cruz, cardiologista ainda em actividade? E do Pe. Cruz, conhecido pelas suas graas Embora no tivesse sido aluno deste Seminrio, era um ilustre visitante a quem todos reconheciam virtudes de homem santo. Depois de se tornar jesuta, partiu para Bombaim, onde faleceu.
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As fs nas suas virtudes eram enormes, ao ponto de haver ainda hoje quem afirme que foi curada pela f que tinha e no poder deste homem. Maria da Silva uma delas. 28
Quando na vspera se preparava para ser operada a um peito, rezou tanto uma orao do Padre Cruz, que como que por milagre, a infeco que tinha desapareceu ao acordar na manh do dia seguinte. Muitos foram aqueles que passaram por Macieira de Cambra que se cultivaram e cresceram. Numa altura em que o Pas atravessou um perodo de fome e de guerra, vir para o Seminrio era o que podia acontecer de melhor aos filhos das classes mais baixas deste Pas, sobretudo pela formao em regime de internato que proporcionavam . Por aqui tambm foram sepultados alguns irmos jesutas. No cemitrio de Macieira de Cambra, segundo o Pe. Vasconcelos, foram sepultados 13 jesutas.
E como ramos que a rvore faz crescer quase sem perceber o milagre dos frutos, por ele subiram e amanheceram geraes - cerca de 15 mil alunos. Em 1965, por nomeao do padre Lcio Craveiro da Silva, seu antigo professor, o padre Manuel Antunes assume a direco da revista "Brotria". E tambm aqui, como director e redactor, abre sulco indelvel, nem sempre isento de controvrsia. Era preciso, por vezes no mesmo nmero, fabricar a aparncia de muitos autores e, quase sempre, iludir o lpis azul da censura. Manuel Antunes, escrevendo embora o mesmo rosto e pensamento, recorre mscara de uma dilatada centena de outros nomes, assinando 252 artigos com pseudnimo. Com ele a "Brotria" ganhou altura, sendo hoje a sua herana reconhecida. A vida do Padre Manuel Antunes parece provar que somas excessivas tambm se adicionam na distribuio dos talentos: aulas na Faculdade de Letras; redaco e direco da revista "Brotria", publicao de obras; presena activa, como delegado, em diversas congregaes da Companhia de Jesus, exercendo tambm nesta funes de consultor no governo da Provncia Portuguesa; alm do mais, conselheiro do Grupo de Planeamento Cultural do Ministrio da Educao Nacional. To grande quanto a sua latitude intelectual, foram a profunda espiritualidade e o humanismo que caracterizaram o Padre Manuel Antunes. Unanimemente reconhecido como figura mpar da cultura portuguesa, recebe, em 1981, o grau de Doutor Honoris Causa das mos do reitor da Universidade de Lisboa. Liberdade palavra que pontua e traduz a sede de infinito que h nos escritos e nos voos do pensamento do padre Manuel Antunes. Em 1983 condecorado com as insgnias de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada pelo ento Presidente da Repblica, o general Ramalho Eanes. Cidado exemplar, conciliador das diferenas, com uma qualidade quase sacramental de unir opostos, o padre Manuel Antunes abriu caminhos novos e ajudou a reencontrar pistas perdidas. A poltica foi um dos tpicos da sua reflexo. Logo a seguir manh que marcou o "fim das palavras longamente proibidas, dos gestos apertadamente contrafeitos [...] do terror invisvel mas presente em toda a parte", o padre Manuel Antunes apontou por escrito o burocratismo, o clientelismo, o ideologismo e o partidarismo como os vcios de uma poltica portuguesa que pulava sem avanar. Reuniu os artigos num pequeno volume a que deu o ttulo "Repensar Portugal". Publicada em 1979, esta obra por muitos considerada de referncia e de leitura obrigatria para quem tome a poltica como servio. A hora lrica do surpreso despertar de Abril de 74 estava a passar. Sucedia-lhe a da aco. Se de perto todos os homens so grandes, mesmo de longe alguns no perdem a fora das montanhas. Padre jesuta, professor universitrio, classicista, filsofo, crtico literrio, pedagogo, grande em tudo isto, o padre Manuel Antunes viveu a humildade como quem respira. Firme nos princpios e nas convices, a nada hipotecou a liberdade de pensamento. Mas, por muito que se diga, coisa alguma diz um homem... O padre Manuel Antunes partiu a 18 de Janeiro de 1985. Mas ns s morremos quando mortos na memria daqueles que nos amam. E ele, grande, mesmo quando o no parecia, continua vivo na palavra que escreveu como na gratido que se continua em ns. xi 30
Testemunha-mo o livro "Padre Manuel Antunes (1915-1985): Interfaces da Cultura portuguesa e europeia", editado agora pela Campo das Letras do Porto. Nele se recolhem mais de 50 textos das notveis conferncias proferidas no Colquio Internacional sob o mesmo nome, realizado na Fundao Calouste Gulbenkian, em Dezembro de 2005. A sua grandeza o exigia e justifica. Aquele que muito viu porque muito pensou, aquele que muito sentiu porque muito sofreu, uma vez a sua experincia expressa de forma adequada, com talento ou gnio, passa virtualmente a ocupar todo o horizonte do tempo. A obsolescncia incapaz de o atingir na raz. Menos ainda a morte... O Padre Manuel Antunes (1918-1985) foi uma figura mpar da cultura portuguesa do sculo XX. Enquanto professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Director da Revista Brotria, ficou na memria dos seus alunos como um pedagogo notvel e deixou uma obra intelectual de referncia em termos de qualidade, exigncia e abertura, na perspectiva do desenvolvimento de uma cultura superior de perfil interdisciplinar, intercultural e universal. Dada a reconhecida importncia do seu pensamento no domnio das Cincias da Cultura, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a Escola Superior de Artes Decorativas da Fundao Ricardo Esprito Santo Silva manifestam o seu empenho na criao do Instituto Europeu de Cincias da Cultura, tendo como patrono a figura do Padre Manuel Antunes.
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Foi durante trinta anos diabtico e levava insulina diariamente. Morreu cego. No dia em que fazia anos (ou vspera) em Lisboa, 14 Junho de 1999 e foi sepultado no cemitrio da Fundada. Pediu para que no lhe colocassem laje em cima, pois dizia que para carregar o peso da vida j tinha carregado bem a parte dele. Os seus dotes de conversador eram inumerveis e inesgotveis. O Pe Joo Maia exerceu um magistrio cultural e espiritual de enorme irradiao e alcance. Era um conhecedor exmio da literatura e da cultura greco-latinas. Obras como a Eneida, a Ildia, a Odisseia ou os Dilogos de Plato foramlhe em permanncia livros de cabeceira, manuseando-os na lngua original. Era tambm um grande conhecedor de lnguas e literaturas modernas caso das castelhanas, inglesas e francesas, dominando com mestria a lngua materna e suas origens, tanto na sua vertente popular como erudita. O Pe Joo Maia foi colaborador mensal, durante cerca de cinquenta anos, na Revista Brotria (valiosa no campo da Teologia, Filosofia, Literatura e Histria, com destaque para a histria da Companhia de Jesus), especialmente no campo da crtica literria, mas tambm noutros: sociologia, psicologia, filosofia e teologia. Antes do 25 de Abril escrevia e apresentava o programa quinzenal Crtica Literria na antiga Emissora nacional, alm das mais de trs dcadas de crnica semanal Textos e Pretextos, na Rdio Renascena. Na Fundao Calouste Gulbenkian trabalhou intensamente, realizando fichas de leitura que podem ser apreciadas pela qualidade e fiabilidade literria atribudas e que podem ser consultadas no site da instituio. Foi tambm um colaborador assduo da Enciclopdia Verbo. Como professor, consagrou-se um grande mestre de lngua e literatura latina e grega nos Jesutas (Guimares e Soutelo) e em Lisboa, onde leccionou no Seminrio dos Olivais, onde granjeou a estima e admirao dos alunos e colegas, sendo frequentemente tambm convidado para conferncias, palestras e retiros espirituais. Humanamente distinguiu-se pela simplicidade, espontaneidade e afabilidade cativantes. Estas caractersticas nobres, associadas altssima bagagem cultural permitiram que se relacionasse com grandes personalidades da literatura e intelectualidade, como Jos Rgio, de quem foi bom amigo, Jlio Pomar, Ramalho Eanes e Vitorino Nemsio. O seu nome vem mencionado algumas vezes no Dicionrio de Literatura direco de Jacinto Prado Coelho e no Dicionrio Cronolgico de Autores Portugueses, organizado pelo Instituto Portugus do Livro e das Bibliotecas (IPLB). Colaborador do jornal O Renovador, nos seus artigos reala a paisagem buclica e as personalidades tpicas e pitorescas da terra em que viveu a sua infncia a que chamou Aguarelas. 32
Antnio Freire S. J.
Antnio Freire, Padre e Professor universitrio em Braga, foi um dos intelectuais mais ilustres e cultos, no s no contexto nacional, mas at no internacional. Nasceu no lugar de Lisboinha, freguesia de Pousaflores, concelho de Ansio, distrito de Leiria, no dia 18 de Novembro de 1919, e viria a falecer aos 77 anos de idade, em Braga, no dia 18 de Fevereiro de 1997, vtima de doena cancergena. Refere o Pe. Carlos Vasconcelos que Como aluno passou de Guimares para Macieira de 1935- 1937, ano em que entrou no Noviciado em Alpendurada. J sacerdote, ensinou em Macieira nos anos 1952-53 a 1955-56. Antnio Freire revelar-se-ia, logo nos bancos da escola primria, uma criana dotada de uma inteligncia fora do comum. Por isso foi estimulado pelo seu Professor do Ensino Primrio a prosseguir os estudos, assim como por sua me que, por viverem humildemente, promoveu a sua entrada na Companhia de Jesus. Aos dezassete anos de idade inicia o seu noviciado na Comunidade dos Jesutas, que souberam aproveitar as suas brilhantes qualidades de inteligncia e de trabalho, moldando-o naquilo que ele verdadeiramente foi uma solenidade, em matria de cultura clssica. Estudou em Braga (Portugal), em Oxford (Inglaterra) e em Granada (Espanha), doutorando-se na Pontifcia Faculdade de Filosofia de Braga, com a nota elevadssima de 19 valores. Comunicador nato, o Padre Antnio Freire viajou por muitos pases da Europa e do Mundo, aliando o trabalho (participao em Congressos Internacionais) ao prazer de conhecer, novas paisagens, novos povos, novos saberes e mentalidades. Para ele era relativamente fcil comunicar, porque para alm do dom natural, dominava vrias lnguas estrangeiras. Compartilhou as viagens que fez por todo o mundo com inmeros leitores, publicando as suas reflexes sobre os povos que visitava e as suas culturas, atravs de artigos na imprensa e de livros. Como solenidade da cultura clssica que era, leccionou quase sempre Humanidades greco-latinas. A sua Escola, como professor, foi sobretudo a Faculdade de Filosofia, onde comeou a leccionar em 1969. Leccionou tambm Literatura Latina e Grega no Centro de Estudos Humansticos, anexo Universidade do Porto. Deu Cursos de Latim e Grego a Professores dos Seminrios Portugueses. Antnio Freire tinha uma apetncia muito especial para as lnguas. Pode mesmo dizer-se que era poliglota. Falava fluentemente o Portugus, o Espanhol, o Francs, o Alemo, o Latim e o Ingls. Era um dos maiores especialistas portugueses em Grego e sabia tambm Hebraico e Italiano. A estadia prolongada em alguns pases estrangeiros: 2 anos na Inglaterra, 2 anos na Alemanha, 3 anos na Espanha, vrias vezes na Grcia e na Frana, ajudaram aprendizagem daqueles idiomas (como bom orador religioso, chegou a pregar tambm em Francs, em Espanhol e em Alemo). Fundou, em 1967, e dirigiu o Gabinete de Lnguas da Faculdade de Filosofia de Braga, onde ensinou regularmente Ingls e Alemo. Em 1959, presidiu Delegao Bracarense da Associao Portuguesa de Estudos Clssicos, implementando, no ano seguinte, um Curso Prtico de Latim Vivo, integrado no "Crculo Humanstico Clenardo". Fez parte de vrias Associaes literrias e cientficas, nacionais e internacionais e recebeu convites para pertencer a muitas outras, que recusou, por no aceitar ser apenas membro nominal, mas membro activo. Entre essas Associaes que integrou, referem-se apenas a Sociedade da Lngua Portuguesa, a Association Guillaume Bud (Paris) e a International Society for Neoplatonic Studies (Virginia). Recusou vrios doutoramentos honoris causa em vrias universidades europeias por os considerar inteis e 33
desnecessrios. Vrias Enciclopdias portuguesas e estrangeiras fazem aluso aos seus dados bio-bibliogrficos, designadamente as seguintes: Enciclopdia Verbo; Dicionrio de Escritores e Artistas Portugueses; Quem quem no distrito de Braga; Grande Dicionrio Enciclopdico; Who's who in Europe (Blgica); Who's who in Word"; Who's who in Western Europe (Cambridge); Dictionary of International Biography ; e International Biographical Center . A seu pedido, a Cmara Municipal de Vale de Cambra publico uma das suas obras O Amor Lusada em Florbela Espanca,em 1997. Faleceu antes de ver esta obra publicada.
Em 1995, pelo reconhecimento da sua obra, muito gabada pelo lder do PSD e Primeiroministro, Prof. Cavaco Silva, foi eleito autarca do ano, prmio recebido no Casino do Estoril. Neste mesmo ano, j pelo PSD, deixa a autarquia mirandelense para ir ocupar o lugar de Deputado Assembleia da Repblica, lugar que conquistou como cabea de lista pelo crculo eleitoral de Bragana. Em 1997 candidata-se Cmara Municipal de Coimbra, a convite do lder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa. Empenhou-se, em 1999, com o movimento cvico Portugal Plural, no referendo pela Regionalizao (que foi derrotado, contra a vontade do PSD, sonhando com uma autonomia de cabea erguida para Trs-os-Montes. Perante estes resultados suspende a actividade partidria e funda, com Eurico de Figueiredo e Fernando Condesso, entre outros, o novo movimento cvico Portugal Radical. Foi Vice-Presidente da Associao Nacional de Municpios, auditor da Defesa Nacional e professor convidado de Direito Internacional Pblico da Universidade Moderna, condecorado com a Cruz de Santo Antnio do Deserto e, Em 1999, com o Grand Marshall sucedendo a Amlia Rodrigues e a Ramos Horta), na parada do 10 de Junho, em Newark USA, pela Fundao Luso-Americana, Bernardino Coutinho. Foi ainda Presidente scio Honorrio de vrias associaes luso-americanas. Publicou as obras: - Protesto dos Emigrados - De Nova Iorque a Mirandela O Municpio de Mirandela atribuiu-lhe a medalha de ouro da cidade, a ttulo pstumo; a Zona Verde da Margem Direita do Rio Tua passa a ser chamada "Parque Dr. Jos Augusto Gama"; e por desejo de muitos mirandelenses disponibilizou uma local nobre para a lhe ser erguida uma esttua.xii
e de Aurora Soares de Almeida, domstica. Fez a quarta classe na Escola Primria dos Dois, no lugar do Pinheiro Manso. Aos onze anos de idade foi internado no seminrio dos jesutas em Macieira de Cambra. A permaneceu enclausurado at aos catorze anos, altura em que se evadiu, no verdadeiro sentido da palavra. Considerando que nem tudo fora negativo, sentiu-se, no entanto, violentado por toda uma vivncia fsica e mentalmente atrofiante da sua adolescncia. Admite que alguns aspectos, como a aprendizagem do latim e do portugus, bem como do mtodo e da disciplina, constituram marcas positivas na sua vida.
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Bibliografia
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i ii
Texto do P. Francisco Correia, S.J. - no IV, N 154, p. 2, bobine 4, ficheiro 053. - transcrio efectuada pelo Pe. Carlos Vasconcelos S.J. - Ano V, N 173, p. 2, bobine 4, ficheiro 128.
iii iv v
ARMCJ, Cartas do P. Marinho ao P. Gonalves de 14 de Outubro e 22 de Novembro de 1943, citadas por Francisco Correia S.J.
vi vii viii
- Ano XXVIII, N 771, p. 2, bobine 8, ficheiro 182. - Ano XXVIII, N 772, p. 1, bobine 8, ficheiro 183. - A sigla SJ significa no original Latim Societas Iesu, em portugus traduzimos por Companhia de Jesus.
ix
- Manuel Ferreira Patrcio, licenciatura em Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; doutoramento e agregao, na Universidade de vora.
x xi
- Instituto Europeu de Cincias da Cultura Padre Manuel Antunes. - Henrique Manuel S. Pereira, licenciado em Teologia pela Universidade Catlica Portuguesa Porto.
xii
- Notcias de Mirandela , Dicionrio dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte, 656 pginas, editora Cidade Bero.
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