Civilização Grega
Civilização Grega
Civilização Grega
O Palácio de Cnossos é uma das grandes edificações de Creta, que influenciou a civilização grega
nos primeiros séculos
A Civilização Grega foi uma das maiores e mais importantes civilizações do mundo
Antigo. Esta importância se dá pelo fato de este povo ter influenciado uma série de outros povos
com seus traços culturais, tanto na Antiguidade como na época contemporânea. Você já ouviu falar
da democracia como forma de organização política? Foi na Grécia antiga que ela foi criada. Noções
matemáticas como o teorema de Tales ou a geometria de Euclides também foram desenvolvidas
nessa civilização.
A história dessa civilização durante a Antiguidade se estendeu por mais de 2.000 anos,
motivo que levou os historiadores a dividirem-na em cinco períodos:
Pré-Homérico – do século XX ao século XII a.C.
Homérico – do século XII ao século VIII a.C.
Arcaico – do século VIII ao século VI a.C.
Clássico – do século V ao século IV a.C.
Helenístico – do século IV ao século I a.C.
Período Pré-Homérico
Foi nesse período que chegaram os primeiros povos à região da Península do Peloponeso,
região do Mar Egeu com litoral recortado, muito montanhoso e com poucas terras férteis. Os
primeiros a chegarem foram os aqueus, vindo depois os eólios, os jônios e os dórios. Eram povos
indo-europeus que vinham do norte da península. Como os aqueus estavam há mais tempo no local,
criaram cidades, principalmente entre 1400 e 1100 a.C., das quais a mais importante foi Micenas, de
onde originou o nome de civilização micênica, que indica o processo civilizatório do período.
Contudo, a principal influência desse período se deveu à civilização cretense. Os cretenses
ou minoicos (nome de um de seus reis) habitavam a ilha de Creta, muito próxima à Península do
Peloponeso. Marcaram culturalmente e economicamente o período. Entretanto, a civilização
desapareceu bruscamente por volta de 1750 a.C., em virtude, provavelmente, de um terremoto ou da
invasão dos povos gregos, inicialmente os aqueus e depois os dórios.
Período Homérico
Período Arcaico
Nesse período se iniciou a ascensão da civilização grega em seu domínio em parte da região
mediterrânica. Foi nele que se formou a pólis, a cidade-Estado grega, com suas instituições
políticas, primeiro a monarquia e depois a oligarquia, destacando-se principalmente as cidades de
Atenas e Esparta. Passaram a desenvolver o comércio marítimo e houve a expansão da civilização,
seja para o interior da península ou para a constituição de colônias na Ásia Menor, no Mar Negro ou
mesmo na Península Itálica.
Período Clássico
Período Helenístico
Com o enfraquecimento do mundo grego, o rei da Macedônia, Felipe II, pôde conquistar a
Grécia e unificá-la novamente. Mas foi com Alexandre, filho de Felipe II, que a influência grega se
expandiu para quase todo o mundo antigo, principalmente depois da derrota infligida ao Império
Persa, em 330 a.C., comandado à época por Dario III. A expansão do Império Macedônico levou a
cultura grega ao Oriente, onde houve uma fusão cultural, unindo elementos das culturas gregas e
orientais.
1.1 O Povo
1.4.1 A Geografia
A cidade de Esparta localizava-se na região da Lacônia, numa zona montanhosa, por onde
corre o rio Eurotas.
1.4.2 O Povo
Esparta era governada por dois reis (um deles comandava as tropas em guerra e o outro
permanecia em Esparta).
A autoridade dos reis era limitada pela Gerúsia (Conselho dos Anciãos), cujos membros não
podiam ter menos de 60 anos de idade. Existia ainda o Conselho dos Éforos, em número de cinco,
eleitos pelo povo para um mandato de um ano. Os éforos tinham grandes poderes, podendo julgar
até os reis. Por último existia a Apela (Assembléia do Povo), formada pelos espartanos com mais de
30 anos. Não discutia as resoluções, porém tinha o direito de aprová-las ou recusá-las.
A sociedade espartana estava dividida em três classes sociais: espartanos, periecos e hilotas.
Os espartanos formavam a classe dominante. Dedicavam-se exclusivamente à política e à
guerra, estando proibidos de se dedicarem à agricultura e ao comércio.
Os periecos (os da periferia) faziam parte da população livre, ocupando-se do artesanato,
comércio e agricultura. Vigiados pelos espartanos eram obrigados a pagar pesados tributos.
Os hilotas eram escravos dos Estado espartano e levavam uma vida miserável.
1.4.5 A Educação
Quando nascia uma criança espartana, esta era examinada pelos anciãos que sacrificavam as
fracas e os que tivessem defeitos físicos. As fortes, que poderiam tornar-se bons guerreiros, eram
entregues a suas mães.
Dos 7 aos 18 anos as crianças espartanas estudavam em escolas especiais onde o se
dedicavam a toda sorte da exércitos militares.
A dura educação fez do soldado espartano o mais corajoso e bem preparado da Grécia. Uma
mãe espartana ao se despedir do filho que partia para a guerra, dizia-lhe simplesmente ao entregar-
lhe o escudo: "volta com ele ou sobre ele" ou seja, ou volte como vencedor ou morra como herói.
Ao contrário dos atenienses, os espartanos falavam pouco, daí o termo "laconismo"
(derivado da Lacônia) significa brevidade.
1.5.1 A Geografia
A Ática é uma região montanhosa, afastada da grande via de comunicação entre a Grécia
Central e o Peloponeso. A pobreza lançaram os atenienses ao mar, tornando-os hábeis comerciantes.
Os Jônios, que viviam na Ática, fundaram várias comunidades, das quais a que mais se
distinguiu foi Atenas.
Nos primeiros tempos de sua história, Atenas foi governada por um rei (chamado Basileu)
que era chefe supremo, juiz e sacerdote.
O rei era auxiliado por um conselho de aristocratas que se chamava Areópago.
Nesta fase a sociedade ateniense estava assim dividida:
eupátridas (bem nascidos) formavam a aristocracia dos grandes proprietários de terras
geomores eram os pequenos proprietários rurais.
metecos eram estrangeiros livres, mas que não possuíam direitos políticos.
escravos estes eram obtidos através da guerra (prisioneiros de guerra), do comércio e da
escravidão por dívida.
1.5.3 A Guerra Contra os Persas
A causa da guerra foi o expansionismo persa que começou a colocar em risco os interesses
dos cidadãos gregos. Esta guerra entre os gregos e persas também ficou conhecida como Guerras
Médicas.
Os persas haviam conquistado diversas cidades gregas (Eretna, Quíos, Éfeso e Mileto).
A rebelião das cidades gregas – comandadas por Mileto e auxiliadas por Atenas
desencadeou as Guerras Médicas.
Dario I, rei dos persas mandou um poderoso exército, sob comando de Mardônio, atacar a
Grécia.
A situação dos atenienses era crítica, pois apenas a cidade de Platéia havia mandado uma
pequena guarnição como reforço.
Os persas marcharam certos da vitória, porém na batalha de Maratona, em 490 a.C., os
atenienses comandados pelo inteligente Micíades surpreenderam o poderoso exército persa, obtendo
uma retumbante vitória.
A vitória dos gregos se explica pelo fato de os persas possuíram um exército numeroso, mas
de péssima qualidade. Mal comandados, com soldados de diversas nacionalidades, mercenários sem
coragem, com vestimentas pesadas e pouca mobilidade, os persas não conseguiram resistir ao
aguerrido exército grego, que combatia com armas leves, pouca vestimenta, tendo com isso grande
mobilidade. Acrescenta-se que os gregos lutavam em prol da liberdade enquanto os persas nem
sabiam porque lutavam.
Em 480 a.C., Xerxes filho de Dario, atacou novamente os gregos, com poderoso exército e
uma grande esquadra.
Os gregos, sob a liderança de Temístocles, se prepararam para repelir o invasor.
As primeiras operações terrestres foram desastrosas para os gregos.
Para tentar impedir a invasão da Grécia, o rei de Esparta, Leônidas, se colocou com seu
exército no desfiladeiro das Termópilas, a fim de impedir a passagem dos persas.
"Quando Xerxes, que em doze meses de marcha, não tinha visto a cara de um só inimigo,
soube que os espartanos o esperavam, mandou-lhes dizer que entregassem as armas. – Vem cá
busca-las – foi a resposta que obteve... Não compreendendo ainda como algumas centenas de
homens (300) ousavam resistir a um dilúvio de povos, Xerxes deu-lhes um espaço de quatro dias
para se renderem, passado o qual os atacaria. No quinto dia os sentinelas gritavam aqueles heróis:
- Eis os persas, que vêm para nós. – Pois bem! – respondeu Leônidas – Marchemos até eles
– Porém – replicou um enviado – são tão numerosos, que suas flechas escurecerão o sol. – Tanto
melhor – disse Dioneceu – combatermos à sombra".
"Viajante, disse e Espartano que estamos aqui; no túmulo, e que cumprimos honestamente o
nosso dever".
Ao penetrarem na Ática, os persas ocuparam e incendiaram Atenas.
Na batalha de Salamina foi decidida a sorte da guerra. Termístocles comandava a frota grega
e propositalmente procurou combater os persas no estreito de Salamina, pois este era o local
adequado para bater os pesados navios persas.
"A batalha começou ao amanhecer. Os navios gregos, que eram mais leves, caíram sobre a
frota persa, que se compunha de barcos pesados. Para os barcos persas o estreito era insuficiente:
encalharam nos bancos de areia e afundaram. Ao cair a noite, terminou a batalha com a vitória dos
gregos".
Em 479 a.C., os persas foram definitivamente derrotados na batalha de Platéia.
Em 448 a.C., pelo Tratado de Susa, os persas reconheceram a hegemonia grega no mar Egeu
e prometeram não mais atacar as cidades gregas e suas colônias.
A vitória dos gregos sobre os persas deu a Atenas a hegemonia sobre as cidades gregas.
Para se defender dos persas, os gregos organizaram-se numa Liga Marítima: a Confederação
ou liga de Delos (a sede ficava na ilha de Delos).
Esparta e seus aliados não participavam dessa liga.
Para manter a Liga cada cidade contribuía, com navios, soldados e ouro. A administração
cabia ao ateniense Aristides, que idealizara esta aliança defensiva.
Com o passar do tempo Atenas tornara-se a cidade hegemônica, tirando proveito político e
econômico da liga de Delos.
Com os recursos da Liga, Atenas foi reconstruída e embelezada, tornando-se uma poderosa
força marítima e comercial.
1.5.5 Péricles
Na Grécia surgiram duas poderosas forças: a Liga Terrestre do Peloponeso, liderada por
Esparta, e a Liga Marítima encabeçada por Atenas. Enquanto Atenas protegia os regimes
democráticos (à moda grega), Esparta apoiava as oligarquias.
A guerra começou em 431 a.C., quando Corinto, solicitou auxílio espartano para luta contra
Atenas.
Diante da negativa ateniense de renunciar a seus domínios sobre os Estados que
participavam da Liga Marítima, o exército espartano invadiu a Ática, provocando devastações e a
consequente ruína dos camponeses.
Enquanto isso, em Atenas, dois partidos se digladiavam: os partidários da guerra, liderados
por Cleon, representando os interesses das camadas mercantis e do demos ateniense, e os partidários
da paz, liderados por Nícias, um rico escravista, que representava os interesses da aristocracia que
desejava a paz com Esparta.
As lutas entre os partidários da guerra e da paz, as sucessivas traições de Alcebíades, o
descaso pelos interesses dos camponeses enfraqueceram Atenas. Bloqueada por terra, pelo exército
espartano, e por mar, pela esquadra de Corinto, os atenienses foram vencidos na batalha de Egos
Potamos.
A Guerra do Peloponeso pôs fim ao imperialismo ateniense e deu uma certa tranqüilidade à
Pérsia que recuperou a Jônia e passou a tirar proveito do dividido mundo grego.
O curto período de predomínio espartano (404 a 371 a.C.), demonstrou ser extremamente
opressivo. Regimes oligárquicos, mantidos pela força das armas foram instaurados na maioria das
cidades gregas.
O predomínio espartano, começou a chegar ao fim quando estes entraram em conflito com
os persas.
Atenas, com o apoio dos persas, começou a se reerguer, porém foram os tebanos,
comandados pelo inteligente Epaminondas, que venceram os espartanos na batalha de Leuctras,
dando início ao curto predomínio tebano.
"Atenas saudara com alegria a vitória tebana em Leuctras, vendo nela o fim da
preponderância espartana. Agora, via com maus olhos o crescimento de Tebas. Chegou a coligar-se
com o velho inimigo mortal (Esparta), unindo o seu exército ao dele para barrar os passos de
Epaminondas. Deu-se a batalha de Mantinéia, em 362 a.C..Epaminondas venceu mais uma vez.
Mas, na luta, foi morto... .Com ele, morreram também os sonhos de hegemonia de Tebas."
Os campos devastados e o comércio parado eram o saldo das constantes guerras entre as
cidades gregas. Esta instabilidade enfraqueceu Atenas, Esparta e Tebas, facilitando as coisas para
Felipe II da Macedônia conquistar a Grécia.
1.6.3 A Macedônia
Situada ao norte da Grécia Antiga, a Macedônia era para os evoluídos gregos um país de
bárbaros.
O rei Felipe II unificou politicamente o Império Macedônico. No plano militar, além de
construiu uma frota, instituiu a chamada "falange macedônica", que era assim formada:
"A falange era um quadrado, em que cada um dos lados tinha quatro filas de lanceiros. A
primeira armava-se de lanças mais curtas. A segunda da lanças mais longas, que passavam entre os
soldados da primeira fila. A terceira, de lanças ainda mais longas, e a quarta de lanças longuíssimas.
Todas as pontas de lanças nivelavam-se na primeira fila. O adversário defrontava-se assim com um
ouriço compacto".
Aproveitando-se da fraqueza das cidades gregas, em 338 a.C.. Felipe II conquistou a Grécia
Antiga na Batalha de Queronéia. Dois anos mais tarde (336) é assassinado por um dos oficiais.
Sobe, então, ao trono com apenas 20 anos de idade, seu filho Alexandre.
Após dominar com muita energia várias revoltas de cidades gregas, Alexandre lança-se
(334) à conquista do Império Persa. Em 10 anos de batalhas espetaculares, funda um dos maiores
impérios de todos os tempos: da Macedônia ao Oceano Índico, do Egito até a Índia. Mas Alexandre
morre repentinamente, na Babilônia (323 a.C.), com apenas 33 anos de idade.
Após a morte de Alexandre, seu império esfacelou-se, devido às ambições de seus generais e
também devido à falta de solidez de seu efêmero império mundial.
1.6.4 O Helenismo
A Religião
A religião grega era politeísta e não possuía escritas sagradas, dogmas, doutrinas e credos.
Entre os homens e os deuses existia a mais completa familiaridade. Eram normais as
conversações entre deuses e homens, e também era comum o mortal se queixar da divindade que
não agira corretamente ou havia faltado às promessas. Na literatura grega encontramos muitos
relatos dos amores entre homens e deusas e dos deuses com mulheres terrenas.
Esses deuses eram belos, fortes e inteligentes. Viviam num palácio no monte Olimpo.
Dentre os principais deuses podemos citar:
O Culto
Era nos templos que os gregos realizavam suas cerimônias religiosas. No culto os gregos
ofertavam aos deuses, cantos de louvor, alimentos, objetos e sacrifícios de animais.
Os gregos faziam as suas orações em pé, pois se ajoelhar era considerado indigno de homens
livres.
Os sacerdotes não eram profissionais, pois não se dedicavam exclusivamente à religião.
Eram apenas cidadãos que conheciam os ritos e as fórmulas religiosas.
Os Oráculos
Os Jogos
A Religião Doméstica
Paralelamente à religião oficial, os gregos tinham uma religião doméstica onde cultivavam
os seus antepassados.
Para as pessoas dessa época, cada morto era um deus. Não era necessário ter sido homem
virtuoso, tanto era deus o mal continuaria na sua segunda existência com todas as más inclinações já
reveladas durante a sua primeira vida.
Segundo Fustel de Coulanges, este culto dos mortos existia entre os gregos, etruscos, latinos,
sabinos e também entre os párias da Índia.
Acreditava-se que o morto necessitava de alimentos e bebidas, portanto era dever dos vivos
satisfazer esta necessidade. "Ao deixarem de oferecer aos mortos a refeição fúnebre, estes saíam
dos seus túmulos, sombras errantes, se faziam notar pelo gemer no calado da noite silenciosa.
Repreendiam os vivos pela sua negligência ímpia; procuravam puni-los, enviando-lhes
doenças ou ameaçando-os com a esterilidade do solo. Enfim, não deixavam aos vivos descanso
algum até o dia em que os repastos fúnebres se restabelecessem. O sacrifício,a oferta de alimento e
a libação (derramamento de vinho ou outro líquido) faziam-nos voltar ao túmulo e garantiam-lhes o
repouso e os atributos divinos. O homem ficava então em paz com os seus mortos".
Os gregos chamavam as almas humanas divinizadas pela morte de Demônios (gênio bom ou
mal) enquanto os latinos davam o nome de Lares. (donde a palavra lar).
O Fogo Sagrado
Nas casas dos gregos (e também dos romanos) existia um altar, onde o dono da casa era
obrigado a manter o fogo aceso dia e noite, Se porventura o fogo apagasse a desgraça recairia sobre
a família.
Este fogo era adorado. Prestavam-lhe verdadeiro culto, imploravam-lhe verdadeira proteção,
que supunham poderosa. Dirigiam-lhe preces, para a obtenção de saúde, riqueza e felicidade.
É importante destacar o que diz Fustel de Coulanges, sobre o assunto: "O fogo mantido no
lar é de natureza distinta do fogo material... . É fogo puro, só podendo ser produzido quando
ajudado por certos ritos e somente alimentado com determinadas espécies de madeira. É fogo casto;
a união dos sexos deve arredar-se para longe de sua presença. Não se lhe pede somente a riqueza e a
saúde, se roga-lhe também que conceda ao homem pureza de coração, temperança e sabedoria".
Os Ritos
Realizavam-se no interior da casa e cada família tinha o seu ritual próprio, o pai dirigia o
culto, pois esta religião não tinha templos e nem sacerdotes.
Conclusões
Em relação às manifestações religiosas dos gregos, devemos fazer uma distinção que é
fundamental, pois a religião oficial, com seus deuses, heróis, templos e oráculos, tiveram uma
influência pequena sobre a mentalidade, os hábitos, costumes e instituições, se comparada com a
religião doméstica. Esta última firmou os alicerces da família e de várias instituições, tais como o
casamento e a propriedade privada.
Em síntese, as condições históricas fizeram com que na Grécia Antiga a religião estivesse
muito próxima dos homens, fosse alegre e expansiva, pois para este povo imperialista e vencedor
não havia razão para o pessimismo, para as lamentações.
2 A Filosofia Grega
Os gregos entenderam por Filosofia "um sério esforço para compreender o mundo e os
homens". Procuraram explicar o mundo de forma racional, deixando de lado as tradições místicas e
religiosas.
Tales de Mileto é o primeiro grande nome da Filosofia Grega, para ele a água era a origem
de todas as coisas. Apesar de ser uma concepção errônea, não deixava de ser um avanço, pois os
deuses não tinham vez em suas explicações.
Para Heráclito o elemento essencial era o fogo. Para ele no mundo tudo se transforma, ou
seja, tudo é movimento. Não se pode, por exemplo, estar duas vezes na mesma corrente.
Pitágoras nasceu em Samos e, com cerca de quarenta anos emigrou para o sul da Itália
(Cratono), onde fundou uma escola. Para Pitágoras e seus adeptos, a essência das coisas residia num
princípio abstrato.
2.1 Os Sofistas
Sócrates
Platão
Aluno de Sócrates, Platão era aristocrata dos pés à cabeça, daí o seu desprezo pela
democracia.
Suas principais obras foram: "A República" e "As Leis".
Em "A República" descreve um Estado ideal. Neste Estado existiram três categorias de
pessoas: Os filósofos, os guerreiros e os trabalhadores.
Os filósofos governariam, os guerreiros protegeriam o Estado e os trabalhadores, como
sempre, deveriam trabalhar para manter os guerreiros e os filósofos.
Para Platão os homens se dividiam em: homens livres que tem raciocínio, e os escravos que
só devem cumprir as ordens de seus senhores.
Em "As Leis" Platão afirma que "o melhor Estado, a melhor Constituição e as melhores leis
aparecerão quando a sociedade tiver por lema: tudo é comum entre amigos".
Ao criticar a propriedade privada e o acúmulo de riquezas, Platão pode ser considerado o
primeiro grande pensador a lançar ideias comunistas.
Aristóteles
A Arquitetura
A cerca de 2600 a.C., povos da Anatólia, que sabiam trabalhar o ferro e aperfeiçoaram a
navegação e a agricultura, invadiram o território grego. A partir de 2000 a.C., a região foi
novamente invadida, desta vez por povos indo-europeus (aqueus, eólios, dórios e jônios), que
destruíram a civilização existente, absorvendo seus hábitos e cultura.
Primeiro os aqueus invadiram (2000 a.C.). destruíram o Império de Creta, assimilaram sua
cultura e estabeleceram seu reino no Peloponeso, construíram as cidades de Micenas Tirino.
Depois vieram os eólios que se fixaram em Tessália, Etólia e parte do Peloponeso. A cidade
mais importante criada por esse povo foi Tebas.
Mais tarde vieram os dórios, que atravessaram o istmo de Corinto, conquistaram, obrigando
os aqueus a procurarem refugio na Ásia Menor. Posteriormente conquistaram a cidade de Esparta
que mais tarde se distinguiria como potencia militar.
Os jônios, que vieram junto com os dórios, estabeleceram-se na região da Ática, fundaram
Atenas, criando uma forte civilização que iria influir fortemente nos destinos dos homens.
Gradativamente, o povo grego começou a absorver a língua e a religião dóricas, e tornou-se
comum a todos os povos da região cultuar um conjunto de deuses antropomórficos,(que pela forma
se assemelhavam aos homens), chamados Olímpicos, pois habitavam o topo do monte Olimpo. Em
homenagem a esses deuses, eram realizados festivais e competições atléticas, dentre as quais as
mais famosas foram os Jogos Olímpicos, em homenagem a Zeus e a Hera, que se iniciaram no ano
776 a.C. Esta foi a primeira data registrada na história da Grécia Antiga, e o calendário grego foi
feito a partir dela.
Durante essa fase, mesmo com tantas guerras, os gregos conseguiram realizar suas mais
importantes obras de arte e literárias.
A segunda fase, século III a II a.C., deu-se então:
A conquista dos persas, por Alexandre da Macedônia, que fundou um novo e grande império,
incluindo o da Índia, o Egito, e a Grécia;
Um maior contato dos gregos com outros povos transformou a sua cultura;
O domínio do Império Alexandrino pelos soldados de Roma, no século II a.C., ficando a Grécia
submissa aos romanos.
Como Surgiram
A autoridade era exercida somente pelos nobres. Posteriormente o rei (nobre) foi substituído
por um chefe que, em Atenas, recebeu o nome de Arconde. O povo reagia contra a nobreza e alguns
indivíduos tomavam o poder: os Tiranos (pessoas que tomavam o poder de forma irregular). Como
o povo queria continuar mandando, substituíam os tiranos por Magistrados.
Essa organização não era a mesma em todas as cidades.
Cidades-Estado
Durante o século V a.C. o poder político se polarizou entre atenienses e espartanos. Atenas
agregou diversas póleis a uma poderosa aliança política e econômica conhecida por Liga de Delos;
os espartanos, por sua vez, organizaram a igualmente poderosa Liga do Peloponeso.
Esparta
Esparta era a capital da Lacônia e se distinguiu pelo seu espírito guerreiro. Foi conquistada
pelos aqueus, mas progrediu mesmo com a chegada dos dórios.
Sua organização social era dividida em três classes:
Espartanos: formada pelos descendentes dos dórios, era a classe dominante;
Periecos: formada por camponeses que apoiaram a dominação dórica, tinham alguns privilégios,
mas não podiam ocupar cargos políticos por serem considerados como estrangeiros.
Ilotas: eram os escravos por no passado terem se revoltado contra os dórios, não podiam se afastar
das terras em que produziam.
Organização em Esparta
Esparta era governada por dois reis, em caso de guerra um ia para o combate enquanto o
outro ficava na cidade.
Mas os monarcas eram limitados por órgãos oficiais:
Gerúsia: câmara formada por pessoas com mais de sessenta anos, que legislavam para todo o
povo, eram vinte e oito membros eleitos pelo povo.
Apela: Assembléia do Povo, formada por cidadãos com mais de trinta anos, eles aprovavam ou
não as leis da Gerúsia.
Conselho dos Éforos: formado por cinco magistrados eleitos pelo povo. Podia fiscalizar os
monarcas e expulsar estrangeiros, podia convocar a Gerúsia e a Apela, atuar junto aos militares e
administrar justiça.
Educação em Esparta
Os espartanos eram preparados acima de mais nada para a guerra, crianças que nascessem
com problemas físicos eram jogadas no desfiladeiro. As que nasciam bem, ficavam com os pais até
os sete anos, a partir daí o Estado tratava de educá-los.
As meninas eram ensinadas na arte domésticas e aos vinte anos eram obrigadas a casarem-
se, embora os homens só pudessem casar depois dos trinta anos.
Os meninos logo cedo faziam exercícios físicos, leitura e canto. Cuidavam rigorosamente da
perfeição do corpo. Entravam para o exército aos vinte e um anos, de onde saiam aos sessenta.
Esparta representava o poder absoluto, ditatorial, onde os filhos eram educados dentro de leis
rígidas, que por severas demais, terminava por favorecer a corrupção.
Atenas
A vida civil de Atenas foi muito diferente do viver militar dos espartanos.
Cidade formada por jônios, com sua localização próxima ao mar exerceu grande influencia na sua
formação, contato com outros povos de civilizações adiantadas aprenderam e desenvolveram os
elementos de uma vida espiritual e materialmente superior, votada para ciências e artes.
Tinha sua população dividida em três classes:
Organização em Atenas
No inicio Atena era governada por aristocratas que mais tarde escolheram governantes que
receberam o nome de Arcondes, eram magistrados, sendo uns vitalícios, outros não. Depois, ao
invés de 3 eles escolheram 9 magistrados, o arcontado, que governavam por um ano.
Escolheram também membros da assembléia chamada Aerópago, semelhante a Gerúsia de
Esparta.
Como tinha pouca participação do povo nesse governo, os atenienses, em maioria
comerciantes e artesões, clamavam por leis escritas com melhores condições de vida e como
queriam atuar no governo, formaram uma nova classe social.
Atenas serviu de modelo a muitas cidades gregas e foi a grande exceção no mundo
antigo, quanto a forma de governo Foi considerada o berço da democracia, onde o povo amava a
liberdade e se dedicavam à cultura, às artes, à beleza.Foi desta cidade que saíram grandes
legisladores, filósofos e poetas.
As Leis
Com a pressão do povo, no século VII a.C., surgiram leis formando o Código atribuído a
Drácon. Que por serem leis muito severas, acabaram por descontentar o povo e os aristocratas
Em 594 a.C. os atenienses elegeram Sólon, um dos sete sábios gregos, para a Arcontado,
que realizou por sua vez, importantes reformas na democracia, favorecendo os direitos de todos:
1º. Liberou, em parte, os devedores que por isso eram, anteriormente, escravizados.
2º. Deu garantia a liberdade individual.
3º. Estabeleceu o trabalho como dever, assim o pai tinha que ensinar um oficio ao filho.
4º. Dividiu o povo em quatro classes de acordo com seu rendimento. Conservou o Aerópago eo
Arcontado, criou o Bule, que era formado por cidadãos escolhidos entre os membros das três
primeiras classes sociais, e criou ainda a Eclésia que era composta por vinte mil cidadãos, havendo
entre eles pessoas sem posses.
Pisístrato
Educação em Atenas
Diferente de Esparta, as crianças ficavam em casa até os seis anos, e depois os meninos iam
à escola para aprender leitura, cálculo, escrita, poesia, canto e ginástica. Cultivavam o amor a pátria,
às letras e às artes.
Os rapazes, aos dezoito anos entrava no exercito. Freqüentavam o liceu ou a academia.
Tornavam-se cidadãos.
As meninas ficavam no lar, onde aprendiam a tecer, fiar, e bordar. Só poderiam freqüentar
festas religiosas e não poderiam comer à mesa na presença de pessoas estranhas.
As Guerras
A primeira guerra começou quando Dario I mandou emissários render as cidades gregas
pacificamente. Várias cidades gregas cederam, menos Esparta e Atenas, que mataram os emissários
persas.
Dario então preparou um grande exército e desembarcou na planície de Maratona, próximo a
Atenas. Os Atenienses, com um exército bem menor, tiveram de lutar sozinhos, pois os espartanos
só poriam seus exércitos em marcha sob lua cheia, e na época era quarto crescente. Mesmo assim
os gregos lutaram com garra e venceram em 490 a.C.
Na segunda guerra, com a morte de Dario I, os persas passaram a serem governados por
Xerxes, Prepararam um poderoso exército que iria por terra. Uma esquadra saiu costeando pelo mar
Egeu, acompanhando a marcha dos soldados
Invadiram a Grécia pelo norte, renderam Tessália, que aliou-se a eles. Algumas cidades
uniram-se a Atenas. Quando eles conseguiram passar pelo desfiladeiro das Termópilas, entraram em
Atenas, saquearam, incendiaram a cidade. Mas os grego haviam construído uma esquadra, que
embora em menor numero era mais veloz e equipada que as embarcações persas. Os gregos vencem
mais uma vez, agora na Baía de Salamina. Mandam Xerxes de volta para a Ásia.
Mas os persas continuavam querendo a Grécia. Eles estavam no Mar Egeu. Xantipo
comanda os gregos e vence a esquadra persa na batalha naval de Miracle. Finalmente as guerras
médicas chegaram ao fim quando Címon destrói a última esquadra persa em Eurimedonte.
Com essas vitórias, Atenas consegue grande prestígio, provocando a inveja de Esparta.
Guerras Internas
Os interesses dos dois grupos, Atenas e Esparta, logo entraram em choque, e os aliados de
Esparta e os aliados de Atenas enfrentaram-se numa longa e desgastante guerra, conhecida por
Guerra do Peloponeso (431 a 404 a.C.).
Péricles agora governava Atenas, uniu várias cidades gregas formando a Confederação de
Delos, buscando manter a paz.
Esparta não participou desta confederação, e unida a outras cidades, atacou a Ática, levando
seus habitantes a refugiarem-se em Atenas.
Atenas mandou uma esquadra para devastar o Peloponeso, mas a peste atacou esta cidade
com mais força que seus navios, matando inclusive Péricles.
As duas cidades, já fracas de lutarem assinaram uma trégua que deveria durar 50 anos.
Porém isso não ocorreu pois Alcebíades aconselhou o governo a conquistar a Silícia (rica em trigo),
mas para isso os Atenienses teriam que atacar Siracusa, aliada de Esparta.
A campanha foi um desastre, já que por um incidente Alcebíase traiu Atenas e revelou suas
intenções à Esparta.
O fim das guerras finalmente chegou quando Lisandro venceu a esquadra ateniense, que por
sua vez, obrigou-se a assinar sua rendição a Liga do Peloponeso, ficando submissa a Esparta, o que
não durou muito, já que um ateniense,Trasíbulo, que havia se refugiado em Tebas libertou Atenas.
E ainda, dois tebanos , Pelópidas e Epaminondas, investiram contra Esparta e venceram-na.
Com a disputa, finalmente vencida pelos espartanos, os atenienses perderam quase todo o
poderio político e financeiro adquirido nos anos anteriores.
Com todas essas guerras entre as cidades, a Grécia ficou enfraquecida, sendo invadida e
dominada pela Macedônia, monarquia semi-bárbara, existente ao norte.
O século IV a.C. começou com um curto período de hegemonia espartana, concomitante a
um hesitante renascimento ateniense, a que se seguiu um período igualmente curto de hegemonia
tebana. Atenas, porém, manteve sua importância cultural: esse foi o século de Platão, Aristóteles e
Demóstenes.
Quando as póleis se deram conta, a partir de 350 a.C., da progressiva intromissão do rei
Felipe II da Macedônia nos assuntos gregos, era tarde demais: em 338 a.C. o exército macedônico
pôs fim à autonomia das póleis helênicas. Após a morte do rei, um ano depois, seu filho Alexandre
III ("O Grande") tomou o Egito, o Oriente Médio e o Império Persa em menos de quinze anos, com
um exército de macedônios.
Ciência Grega
Tales de Mileto: admitia a existência de um elemento básico – a água – do qual derivam todas as
coisas do universo.
Anaximandro: desenvolveu a teoria de que os primeiros animais viveram na água.
Pitágoras: matemático, pioneiro das ciências naturais, astrônomo e reformador moral.
Ésquilo: primeiro dos grandes dramaturgos gregos.
Fídias: escultor, escultor da estatua de Atena, protetora de Atenas, do Partenon e da estátua de
Zeus Olimpo.
Heródoto: grande historiador considerado o “Pai da Historia”, viajava em busca de fatos.
Sócrates: grande filosofo, frase celebre: “Conhece-te a ti mesmo”.
Platão: discípulo de Sócrates
Aristóteles: discípulo de Platão, foi um dos criadores do método cientifico, valorizando a
experiência e comprovação.
Arte grega
Foi um povo onde a criatividade se fez presente, tanto na arte quanto na literatura. Na
arquitetura, as muitas construções públicas comprovam uma combinação de conhecimentos
arquitetônicos e gosto artísticos raras vezes igualadas (Partenon e Erecteu), nas letras os poemas
Ilíada e Odisséia, atribuídos a Homero, a poesia lírica de Píndaro, as tragédias de Ésquilo, Sófocles
e Eurípedes, foram escritos com tanta perícia que serviram de modelo em épocas posteriores. Até
hoje os temas das tragédias gregas (vida, amor, liberdade, morte, predestinação e religião) não
perderam sua atualidade dramática nem seu valor poético.
Na arquitetura grega prevalecia a linha reta, eles não empregavam nem arcos nem abóbodas
como os egípcios e os povos mesopotâmicos.Utilizavam muitos as colunas, dando aos templos um
aspecto elegante e imponente. Destacam-se três estilos muito usados na construção grega:
o dórico, estilo mais antigo e simples;
o jônico, mais leve e flexível, representado por colunas finas e graciosas;
o coríntio, o mais trabalhado e, sendo assim, o mais complexo.
Seus prédios públicos e templos eram construídos empregando muito o mármore, material
fartamente encontrado na Grécia.
Na escultura, destacou-se Fídias com suas estátua de Atena, colocada no Partenon, toda em
marfim e ouro e a de Zeus, no Templo de Olímpia.
A pintura acha-se ligada a escultura, destacando-se Apolodoro e Apeles.
Criaram também, no teatro, junto com as tragédias, as comédias, onde se destacou
Aristófane.
Os gregos cultivavam a oratória, sendo que Demósteges e Péricles, (governante de Atenas),
empolgavam o povo com seus discursos vibrantes. Herdamos, também, dos gregos, a maneira de
contar estórias com um fundo moral.
Religião Grega
Os gregos eram politeístas, cultuavam vários deuses e para cada um deles criaram lendas
explicando sua origem. É o que se conhece como Mitologia Grega.
Evoluindo de época para época, os deuses acabaram por constituírem formas, paixões e aparências
humanas. Embora inspirassem temor e respeito, não inspiravam horror aos mortais. Construíram
belos templos para os adorarem.
Os deuses:
Zeus: rei dos deuses, morava no Olimpo.
Atena: deusa das artes, ciências, razão e sabedoria.
Hermes: deus do comercio.
Ártemis: deusa da lua e da caça.
Hefaisto: deus do fogo.
Ares: deus da guerra.
Afrodite: deusa do amor e da beleza.
Hístia: deusa da família e do lar.
Posseidon: deus do mar. Irmão de Zeus.
Hades: deus do inferno. Irmão de Zeus.
Hera: deusa do casamento.
Cultuavam também as musas que representavam as artes. Como Clio (musa da história),
Eutepe (musa da música) e Calíope (musa da poesia).
Criaram também heróis, aos quais atribuíam feitos foras do comum, ligados a realização das
cidades:
Os gregos acreditavam que a Terra fosse chata e redonda e que seu país ocupava o centro da
Terra, sendo seu ponto central, por sua vez, o Monte Olimpo, residência dos deuses ou Delfos, local
famoso pelos oráculos ( pessoas que consultavam divindades ou espíritos, que davam conselhos).
Cronograma
Conclusão
Conclui que o povo grego preocupava-se com a arte, a democracia, a ciência e a filosofia,
buscavam a perfeição das formas e conseguiram o que representou um grande avanço na historia da
arte, queriam também que os homens fossem perfeitos para serem considerados como heróis, “os
heróis gregos”.
Foi um povo que espalhou sua cultura pelas inúmeras civilizações existentes na época,
suavizando, por exemplo, a cultura romana e persa que eram mais guerreiros, esses povos mesmos é
que tratavam de expandir e levar a cultura grega aos mais diversos lugares.
A política grega chamou atenção pela imposição de democracia, o que é usado, com ainda
mais vigor, até hoje.
Bibliografia
O genos constituía a primitiva unidade econômica, social política e religiosa dos gregos.
Todo o grupo vivia sob a autoridade do pater (patriarca) que, ao morrer, era sucedido pelo
primogênito, e assim sucessivamente. Era um grupo consangüíneo e a solidariedade entre seus
membros era muito grande. Os casamentos eram feitos dentro do clã.
Os bens de produção (terras, sementes, instrumentos) e o trabalho eram coletivos. Sendo
assim, a produção era distribuída igualmente entre todos os membros da comunidade.
Socialmente, predominava a igualdade, pois não havia diferenças econômicas. Só existiam
as diferenças tradicionais, pois os parentes se hierarquizavam em função de sua proximidade para
com o pater.
O poder político do pater advinha de ser ele o responsável pelo culto dos antepassados
(antigos paires) que ele realizava todos os dias, antes das refeições comuns. Distribuía justiça
costumeira (as leis eram orais) e comandava o exército do genos.
Nos fins do Período Homérico, essas comunidades começaram a se transformar. A
população cresceu, mas a produção agrícola não acompanhava o mesmo ritmo. Faltavam terras
férteis e as técnicas de produção eram rudimentares. Em vista disso, houve a desintegração das
comunidades gentílicas: seus membros, liderados pelo pater de sua submissão, resolveram partilhar
as terras coletivas. Os paires favoreceram seus parentes mais próximos, que passaram a ser
chamados eupátridas (bem- nascidos), permitindo-lhes ficar com as melhores terras. Os parentes
mais afastados herdaram as terras menos férteis da periferia, sendo chamados georgoi (agricultores).
Muitos outros, porém, ficaram sem terras, o que lhes valeu o nome de thetas (marginais).
Os eupátridas herdaram a tradição dos paires, monopolizando o poder político e constituindo
uma aristocracia de base fundiária. Esses aristocratas se agrupavam em fratrias. Um grupo de
fratrias, por sua vez, formava uma tribo.
A reunião de várias tribos deu origem a pequenos Estados locais, as poleis (cidades-Estado).
Por volta dessa época, surgiram na Grécia cerca de 160 cidades independentes umas das outras.
Cada uma delas se caracterizava por um templo construído em sua parte mais alta: a Acrópole.
Primitivamente, as poleis eram governadas por um Basileus (rei), cujo poder era limitado
pelos eupátridas. Em geral, quando os reis tentaram assumir um controle maior sobre o poder,
foram depostos e substituídos por arcontes (magistrados indicados pelo Conselho dos Ai-istocratas
e renovados anualmente).
Durante o Período Clássico, as poleis disputaram a supremacia sobre toda a Grécia. Essa
fase foi marcada pelas hegemonias e imperialismos no mundo grego, que acabaram em uma guerra
fratricida entre os próprios gregos, concluindo com a sua decadência. A primeira potência
hegemônica foi Atenas, seguida por Esparta e, finalmente, por Tebas.
O período Clássico teve início com as guerras médicas, ou pérsicas, que foi o conflito entre
o mundo bárbaro, persa, e o mundo grego.
As guerras médicas ou pérsicas no Período Clássico
Com a conquista do Oriente Próximo pelos persas, todas as colônias gregas do litoral da
Ásia Menor foram anexadas. No início, a autonomia dessas cidades foi respeitada; mais tarde,
porém, os persas passaram a exigir impostos e incorporaram as cidades a seu império. A cidade de
Mileto e algumas outras iniciaram uma rebelião, apoiadas por Atenas. Esse foi o motivo imediato
para o conflito entre gregos e persas.
No ano 490 a.C., os persas desembarcaram seu exército na planície de Maratona, a poucos
quilômetros de Atenas. Nesse local, foram atacados pelos atenienses, comandados por Milcíades,
que derrotou os invasores. Com essa vitória, o prestígio de Atenas aumentou entre os gregos. Dez
anos depois, os persas fizeram uma dupla ofensiva. Por terra, venceram os espartanos no
desfiladeiro das Termópilas, onde morreu Leônidas, o célebre rei de Esparta. Por mar, uma
numerosa frota foi destruída na baía de Salamina pelos atenienses, comandados por Temístocles.
Sem o apoio da esquadra, o exército persa recuou para Platéia onde foi vencido pelos espartanos e
atenienses, liderados por Pausânias, em 479 a.C.
Os gregos passaram então à ofensiva. Organizaram uma liga militar com sede em Delos
(uma ilha do mar Egeu); a chefia foi confiada a Atenas. O tesouro comum foi usado para construir
uma poderosa armada que, sob o comando de Címon, assolou as posições persas no litoral asiático.
Em 448 a.C., pelo Tratado de Susa (Paz de Kallias), os persas reconheceram a supremacia grega no
Egeu.
Muitos Estados gregos, cuja localização no interior os colocava a salvo da frota ateniense,
ligaram-se a Esparta em uma Liga do Peloponeso, francamente hostil a Atenas e à Confederação de
Delos que ela mantinha sob controle.
Em 431 a.C., um incidente transformou essa rivalidade em guerra. As ambições territoriais
de Atenas em expandir-se para o Ocidente levou-a a apoiar e celebrar uma aliança com Córcira,
colônia de Corinto — aliada de Esparta. Com isso, explodiu a Guerra do Peloponeso, que duraria 27
anos e deixou a Grécia completamente exaurida pelas destruições recíprocas.
Entre 431 e 421 a.C., os espartanos invadiram a península da Ática. A população de Atenas
resistiu em suas extensas muralhas, ao mesmo tempo em que sua frota atacava o Peloponeso. No
ano 429 a.C., devido à má alimentação e às péssimas condições de higiene, a peste provocou
centenas de mortes, da qual foi vítima o próprio Péricles. Em 421 a.C., Atenas e Esparta celebraram
a Paz de Nícias, estabelecendo que não haveria mais guerra durante 50 anos.
Em 413 a.C., porém, instigados pelo ambicioso Alcibíades, os atenienses prepararam uma
campanha militar na Sicília, com o propósito de conquistar Siracusa, aliada de Corinto, e que
abastecia o Peloponeso com alimentos. Começava a segunda fase da Guerra do Peloponeso.
Acusado por seus adversários políticos, Alcibíades refugiou-se entre os espartanos, aos quais
entregou os planos de Atenas. Em 413 a.C., a esquadra ateniense foi destruída em Siracusa. Em 404
a.C., devido à grande ofensiva dos espartanos, que mantiveram um exército na Ática e ampliaram a
sua frota, Atenas foi derrotada na batalha de Egos-Pótamos pelo general espartano Lisandro. Os
muros de Atenas foram destruídos e a frota caiu nas mãos de Esparta.
A hegemonia exercida por Esparta não era menos opressora que a de Atenas. Na Ásia, os
espartanos iniciaram uma ofensiva contra os persas. Não conseguindo, porém, manter o domínio
sobre seus inimigos na Grécia e combater ao mesmo tempo no exterior, Esparta assinou, em 387
a.C., a Paz de Antálcidas com o persas. Além da paz, o tratado garantia o domínio da costa da Ásia
pelo Império Persa, que passou a influir na política interna da Grécia.
Apesar do domínio de Esparta, Atenas conseguiu reconstruir suas muralhas e sua frota,
organizando uma segunda liga marítima. Ao mesmo tempo, a cidade e Tebas aliou-se a Atenas e
atacou a guarnição espartana em Tebas. Durante a batalha de Leuctras, em 371 a.C., a revolta dos
escravos em Esparta conduziu os tebanos à vitória, sob o comando dos generais Epamínondas e
Pelópidas.
O período de hegemonia tebana foi marcado pela libertação dos messênios do domínio de
Esparta e pela conquista e submissão da Tessália, Trácia e Macedônia. Para consolidar seu domínio
militar, Tebas iniciou a construção de uma esquadra, o que lhe valeu a oposição de Atenas. Em 362
a.C., Atenas e Esparta, agora aliadas, impuseram a derrota a Tebas, na batalha de Mantinéia.
O domínio macedônico
Helenismo
No ano de 338 a.C., na Guerra da Queronéia, a Grécia foi derrotada pela Macedônia. Houve
a perda da autonomia político-territorial da Grécia.
O helenismo refere-se ao conhecimento filosófico produzido entre a morte do Alexandre e o
início da filosofia medieval.
Principal característica do helenismo: fusão entre a tradição grega e a cultura oriental.
Disseminação do pensamento grego pela região da Síria, Egito, Babilônia, etc.
Principais pensadores do helenismo: Plotino, Cícero, Zenão e Epicuro.
O conhecimento produzido pela ciência do helenismo se desenvolveu em diferentes
direções: matemática, geometria, astronomia e geografia. Os filósofos helenistas estavam
preocupados com a ética (regras da condução de vida), busca pela felicidade individual,
imperturbabilidade.?
Periodização
O helenismo marcou a transição da civilização grega para a romana, em que inoculou sua
força cultural. Não se encontra nela o esplendor literário e filosófico do período áureo da Grécia,
mas divisa-se um grande surto da ciência e da erudição.
Chama-se civilização helenística a que se desenvolveu fora da Grécia, sob influxo do
espírito grego. Esse período histórico medeia entre 323 a.C., data da morte de Alexandre III
(Alexandre o Grande), cujas conquistas militares levaram a civilização grega até a Anatólia e o
Egito, e 30 a.C., quando se deu a conquista do Egito pelos romanos. Grande parte do Oriente antigo
foi então helenizado e assistiu-se a uma fusão da cultura grega, revitalizada nas áreas conquistadas,
com as tradições políticas e artísticas do Egito, Mesopotâmia e Pérsia.
Depois da morte de Alexandre, a transmissão da cultura grega persistiu nos grandes centros
urbanos, embora sofresse influência dos costumes orientais. A tentativa de Antígonos, um dos mais
antigos generais de Alexandre, de manter intacto o império conquistado pelo guerreiro macedônio,
fracassou após a Batalha de Ipso, na Frígia (302 a.C.). A partilha do império foi feita entre três
generais: Seleucos I Nicator, Ptolomeu I e Lisímacos.
As lutas, entretanto, continuaram, e vinte anos depois o império foi dividido em três estados
independentes: o reino do Egito ficou com os Lágidas, descendentes de Ptolomeu; o da Síria, com
os Selêucidas, descendentes de Seleucos; e o da Macedônia coube aos antigônidas, descendentes de
Antígonos.
Alexandria, no Egito, com 500.000 habitantes, tornou-se a metrópole da civilização
helenística. Foi um importante centro das artes e das letras, e a própria literatura grega tem uma fase
chamada "alexandrina". Lá existiram as mais importantes instituições culturais do helenismo: o
Museu, espécie de universidade de sábios, dotado de Jardim Botânico, Zoológico e Observatório
Astronômico; e a Biblioteca, com 200.000 volumes, salas de copistas e oficinas para preparo do
Papiro. O Reino Egípcio só terminou com a conquista de Otavius, no reinado de Cleópatra.
O reino da Síria abrangia quase todo o antigo império persa até o Rio Indo. A capital era
Antioquia, outro grande centro da cultura helenística, perto da foz do Orontes, no Mediterrâneo. Os
selêucidas, entretanto, não puderam manter a unidade de seu vasto império, que acabou conquistado
pelos romanos no século I a.C.
Já o reino da Macedônia teve de enfrentar a luta das cidades gregas, ciosas da defesa de sua
autonomia, e acabou incorporado ao Império Romano. Do ponto de vista cultural, o período
compreendido entre 280 e 160 a.C. foi excepcional.
Cultura
Cultura Grega
Mitologia Grega
Antes de a primeira filosofia evoluir na Grécia antiga, o retrato predominante do mundo era
mitológico. Esse retrato ganhou corpo ao longo de séculos. a mitologia grega se desenvolveu
plenamente por volta de 700 a.C., quando Homero e Hesíodo registraram compilações de mitos. As
mais célebres são os poemas Ilíada e Odisséia, de Homero.
Origens
Há pelo menos duas explicações possíveis para o surgimento da mitologia grega: os deuses
representam fenômenos naturais, como o sol e a lua, ou eram heróis de um passado remoto, que
foram glorificados ao longo do tempo.
Os Deuses gregos se assemelharam fisicamente aos humanos e revelava sentimentos
humanos, com frequência se comportando de uma maneira tão egoísta quanto qualquer mortal.
As histórias desses deuses falam de uma época heróica, de homens e mulheres com poderes
extraordinários e a exemplo do que ocorreu em outras culturas, há também mitos que narram a
criação do mundo e da humanidade.
Os mitos são crenças e observações dos antigos rituais gregos, o primeiro povo ocidental,
surgindo por volta de 2000 a.C.. Consiste principalmente de um grupo de relatos e lendas diversos
sobre uma variedade de deuses.
Características
A mitologia grega tem várias características particulares. Os deuses gregos eram retratados
como semelhantes aos humanos em forma e sentimentos. Ao contrário de antigas religiões, como o
Hinduísmo ou o Judaísmo, a mitologia grega não envolvia revelações especiais ou ensinamentos
espirituais.
Também variava largamente na sua prática e crença, com nenhuma estrutura formal, tal
como um governo religioso, a exemplo da igreja de nossos dias, e nenhum código escrito, como um
livro sagrado.
Séculos antes do nascimento de Cristo e do advento do cristianismo, os gregos adoravam um
certo número de deuses e deusas que, segundo eles acreditavam, viviam no Monte Olimpo, no sul
da Macedônia, na Grécia.
As antigas histórias desses deuses inspiraram poetas, pintores e escultores durante vários
séculos. Algumas das pinturas e esculturas mais conhecidas e preciosas do mundo representam os
deuses do Olimpo e suas aventuras.
Os gregos antigos acreditavam que a terra era de forma achatada e circular, seu ponto central
o Monte Olimpo ou Delfos. A terra era dividida em duas partes iguais pelo Mar, como era chamado
então o Mediterrâneo (medi = meio, terrâneo = terra). Ao redor da terra corria o Rio Oceano, cujo
curso regular alimentava o Mar e os rios.
Naqueles tempos remotos, os gregos pouco sabiam sobre a existência de outros povos além
deles mesmos, a não ser dos povos vizinhos as suas terras. Imaginavam que ao norte vivia uma raça
de povo feliz, os Hiperbórios, que viviam numa eterna felicidade.
Seu território não podia ser alcançado nem por terra nem por mar. Eles nunca envelheciam
nem adoeciam, não trabalhavam, nem guerreavam. Ao sul vivia um outro povo feliz que se
chamava Aethiopios.
Eram amados pelos deuses que costumavam visitá-los e compartilhar seus banquetes. Ao
oeste encontrava-se o lugar o mais feliz de todos, os Campos Elíseos, onde as pessoas que tinham o
favor dos deuses eram levadas para viver para sempre sem nunca morrer.
A mitologia grega é uma das mais geniais concepções que a humanidade produziu. Os
gregos, com sua fantasia, povoaram o céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de Divindades
Principais e Secundárias. Amantes da ordem, instauraram uma precisa categoria intermediária para
os Semideuses e Heróis.
A mitologia grega apresenta-se como uma transposição da vida em zonas ideais. Superando
o tempo, ela ainda se conserva com toda a sua serenidade, equilíbrio e alegria. A religião grega teve
uma influência tão duradoura, ampla e incisiva, que vigorou da pré-história ao século IV e muitos
dos seus elementos sobreviveram nos Cultos Cristãos e nas tradições locais.
A civilização grega era constituída de pequenas cidades-estados. Os gregos amavam a vida e
a viviam com entusiasmo. Eles tinham pouco interesse na vida após a morte, a qual, mesmo para os
grandes homens daquele tempo, era acreditada como sendo incômoda.
Na Odisséia, a morte de Aquiles retrata que ele preferia ser um escravo em vida à um rei
morto. O melhor que um homem podia esperar seria procurar realizar grandes façanhas que seriam
relembradas depois de sua morte.
Os gregos acreditavam no individualismo e apreciavam as diferentes personalidades e
caráters. Eles eram fascinados pela contradição que muitas virtudes podem levar um homem
exemplar à ruína ou à felicidade. Tinham uma forma de pensamento muito sutil.
Seus mitos e religião refletiam estas características. Seus deuses eram personalizados com
poder e imperfeições individuais, deuses que cometiam erros e eram flagrados enganando seus
cônjuges. Mas também eram deuses heróicos, hábeis, amáveis e desenvolviam artes e habilidades
essenciais de diversas maneiras, como música, tecelagem, ferragem etc.
Os heróis mortais também tinham um papel importante na mitologia. Houve tempos em que
os deuses precisavam de um herói mortal para vencer batalhas por eles. Mas muito raramente
faziam com que um herói viesse a se tornar um deus.
Muitos dos mais famosos contos heróicos apresentam, vez ou outra, relatos de alguém sendo
trazido de volta do mundo subterrâneo. Esta característica apresenta um forte contraste às religiões
que consagram que a ida ao mundo além da vida é o caminho correto para objetivo principal da
existência.
Mitologia e Mitos
O que é Mito?
Mitos são histórias tradicionais, quase sempre sobre deuses, heróis ou criaturas do mundo
animal, que explicam porque o mundo é do jeito que é.
Pessoas de todos os tempos e de todos os tipos de cultura constataram que a vida está repleta
de mistérios. Por exemplo: qual é a origem do mundo, por que o sol se movimenta atravessando o
firmamento, o que faz as coisas crescerem, por que as plantas morrem no inverno e renascem na
primavera, de que modo ocorrem as marés, por que há terremotos, para onde vão as pessoas quando
morrem, se é que vão para algum lugar?
Na tentativa de responder a perguntas como essas, o homem criou narrativas que
transcendem a existência comum e cotidiana e que se enraizaram em diferentes culturas.
Dessa maneira, as respostas para as mais complicadas indagações da vida foram transmitidas
de geração para geração, na forma de mitos. Em geral havia semelhanças entres as histórias
contadas em sociedade marcadamente distintas, como nas Mitologias da Grécia Antiga e dos
Nórdicos, nas quais aparecem temas universais como a vida após a morte e a origem do mundo.
Cada cultura possuía cerimônias e rituais próprios associados aos mitos. Essa associação
implicava representar histórias exemplares ou oferecer sacrifícios aos deuses, na esperança de
receber alguma benção em troca, como uma boa safra ou a vitória em uma batalha.
Explicações mitológicas do mundo diferem das explicações apresentadas pela filosofia, que
se baseiam na experiência e na razão. Os filósofos gregos buscavam explicações naturais, não
explicações sobrenaturais.
Esses filósofos diziam que os mitos não combinavam com um entendimento adequado da
realidade. Criticavam as histórias de Homero porque nelas os deuses tem exatamente as mesmas
imperfeições dos seres humanos.
O pensamento mítico teve início na Grécia, do séc. XXI ao VI a.C. e nasceu do desejo de
dominação do mundo, para afugentar o medo e a insegurança. A verdade do Mito não obedece à
lógica nem da verdade baseada na experiência, nem da verdade científica.
É verdade compreendida, que não necessita de provas para ser aceita. É portanto uma
percepção compreensiva da realidade, é uma forma espontânea do homem situar-se no mundo.
Normalmente, associa-se, erroneamente, o conceito de mito à mentira, ilusão,ídolo, lenda ou ficção.
O mito não é uma mentira, pois é verdadeiro para quem o vive. A narração de
determinada história mítica é uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre o qual a
afetividade e a imaginação exercem grande papel.
Não podemos afirmar também que o mito é uma ilusão, pois sua história tem uma
racionalidade, mesmo que não tenha uma lógica, por trabalhar com a fantasia.
Devemos diferenciar mito e ídolo, pois mesmo existindo uma relação entre eles, o mito é
muito "maior" que o ídolo (objeto de paixão, veneração).
O mito é muito confundido com o conceito de lenda, porém esta não tem compromisso
nenhum com a realidade, são meras histórias sobrenaturais.
O mito não é exclusividade de povos primitivos, nem de civilizações nascentes, mas existe
em todos os tempos e culturas como componente inseparável da maneira humana de compreender a
realidade. O mito é, na realidade, uma maneira de entender o passado.
Um historiador de religiões, certa vez afirmou: "Os mitos contam apenas aquilo que
realmente aconteceu". Isto não quer dizer que os mitos explicam os fatos corretamente. Eles
sugerem, entretanto, que por trás da explicação existe uma realidade que não pode ser conhecida
e/ou examinada.
Tipos de mitos
Mitos cosmogônicos
Mitos escatológicos
Ao lado da preocupação com o enigma da origem, figura para o homem, como grande
mistério, a morte individual, associada ao temor da extinção de todo o povo e mesmo do
desaparecimento do universo inteiro.
Para a mitologia, a morte não aparece como fato natural, mas como elemento estranho à
criação original, algo que necessita de uma justificativa, de uma solução em outro plano de
realidade.
Algumas explicações predominam nas diversas mitologias. Há mitos que falam de um
primeiro período em que a morte não existia e contam como ela sobreveio por efeito de um erro, de
um castigo ou para evitar a superpopulação.
Outros mitos, geralmente presentes em tradições culturais mais elaboradas, fazem referência
à condição original do homem como ser imortal e habitante de um paraíso terreno, e apresentam a
perda dessa condição e a expulsão do paraíso como tragédia especificamente humana.
Natureza do mito
Um dos livros mitológicos mais conhecidos é a "Ilíada", de Homero, que conta sobre a
Guerra de Tróia. Nenhum leitor, hoje em dia, aceita a obra de Homero como um relato histórico.
Porém, não existe quase nenhuma dúvida de que, em algum tempo, muitos séculos antes de
Homero, realmente houve uma guerra entre cidades-estado gregas e habitantes do noroeste da Ásia
Menor.
Outro dos grandes mitos dos povos antigos é o Dilúvio. A versão mais conhecida é o relato,
encontrado no Gênesis o primeiro livro da Bíblia, de Noé e sua arca.
Nenhum cientista hoje admitiria que uma enchente pudesse ter coberto toda Terra, com a
água atingindo as mais altas montanhas, mas a antiga Mesopotâmia sofreu muitas inundações.
É provável que uma excepcional enchente tenha se tornado um tema para a futura criação de
um mito. Talvez, as ocorrências de muitas inundações foram agrupadas para, juntas, tornar-se uma
única estória.
Mito e religião
Mito e sociedade
Como forma de comunicação humana, o mito está obviamente relacionado com questões de
linguagem e também da vida social do homem, uma vez que a narração dos mitos é própria de uma
comunidade e de uma tradição comum.
Não se conseguiu definir, no entanto, a natureza precisa dessas relações. O estudo da
sociedade e da linguagem pode começar apenas com os elementos fornecidos pela fala e pelas
relações sociais humanas, mas em cada caso esse estudo se confronta com uma coerência de
tradições que não está diretamente aberta à pesquisa. Essa é a área em que atua a mitologia.
Algumas concepções mitológicas podem exemplificar a complexidade e a variedade das
relações entre mito e sociedade.
Mito e psicologia
Freud deu nova orientação à interpretação dos mitos e às explicações sobre sua origem e
função. Mais que uma recordação antiga de situações históricas e culturais, ou uma elaboração
fantasiosa sobre fatos reais, os mitos seriam, segundo a nova perspectiva proposta, uma expressão
simbólica dos sentimentos e atitudes inconscientes de um povo, de forma perfeitamente comparável
ao que são os sonhos na vida do indivíduo.
Não foi por outra razão que Freud recorreu ao mito grego para dar nome ao complexo de
Édipo.
Para ele, o mito do rei que mata o pai e casa com a própria mãe simboliza e manifesta a
atração de caráter sexual que o filho, na primeira infância, sente pela mãe e o desejo de superar o
pai.
Mito e arte
Pelo caráter simbólico que reveste, o mito pode ser considerado como uma forte
manifestação artística e geradora de arte.
Em cada povo e civilização, os mitos são fonte de inspiração para as mais diversas obras de
arte como esculturas, pinturas, inscrições, monumentos, construções de templos e até mesmo a
disposição dos túmulos em cemitérios.
Hoje em vários museus do mundo existem quadros e esculturas representando os antigos
personagens que fizeram parte da mitologia.
Mito e razão
Deuses e heróis
O Mito hoje
Tradicionalmente, a criação de mitos e lendas, olha para o passado para tentar fazer com que
o presente tenha sentido. Ao invés disso, alguns mitos modernos olham para o futuro. Os
contadores de estórias fazem uso de muitas invenções dos últimos séculos para tentar dar pistas de
como a Terra será daqui há centenas de anos, ou para imaginar a vida daqui há bilhões de anos-luz
no espaço ou no futuro distante.
A criação de mitos, assim como a superstição, não é apenas propriedade de pessoas que
viveram há milhares de anos atrás. Isto persiste através da história.
O Oeste Americano do século 19 foi o assunto favorito para a criação de muitos mitos. O
Oeste era uma realidade. Havia cowboys, índios, foras-da-lei e xerifes. Já as estórias de "Faroeste",
apresentadas no cinema e na televisão, são versões bastante românticas de uma realidade nada feliz
e de riquezas.
O homem moderno, tanto quanto o antigo, não é só razão, mas também afetividade e
emoção. Hoje em dia, os meios de comunicação de massa trabalham em cima dos desejos e anseios
que existem na nossa natureza inconsciente e primitiva.
O mito recuperado do cotidiano do homem contemporâneo, não se apresenta com o alcance
que se fazia sentir no homem primitivo. Os mitos modernos não envolvem mais a totalidade do real
como ocorria nos mitos gregos, romanos ou indígenas. Podemos escolher um mito da sensualidade,
outro da maternidade,sem que tenham de ser coerentes entre si.
Os super-heróis dos desenhos animados e dos quadrinhos, bem como os personagens de
filmes, passam a encarnar o Bem e a Justiça, assumindo a nossa proteção imaginária.
Por que mitos? Por que nos importarmos com eles? O que eles têm a ver com nossas vidas?
Um de nossos problemas, hoje em dia, é que não estamos familiarizados com a literatura do
espírito. Estamos interessados nas notícias do dia e nos problemas práticos do momento.
As literaturas grega e latina e a Bíblia costumavam fazer parte da educação de toda gente.
Tendo sido suprimidas, em prol de uma educação concorde com uma sociedade industrial, onde
toda uma tradição de informação mitológica do ocidente se perdeu.
Muitas histórias se conservavam na mente das pessoas, dando uma certa perspectiva naquilo
que aconteciam em suas vidas. Com a perda disso, por causa dos valores práticos de nossa
sociedade industrial, perdemos efetivamente algo, porque não possuímos nada para por no lugar.
Essas informações, provenientes de tempos antigos, têm a ver com os temas que sempre
deram sustentação à vida humana, construíram civilizações e formaram religiões através dos
séculos, e têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os
profundos limites de nossa travessia pela vida, e se você não souber o que dizem os sinais deixados
por outros ao longo do caminho, terá de produzi-los por conta própria.
Deuses
Nos primórdios da história da Grécia, houve muitos deuses locais. Cada deus matinha um
vínculo com um lugar sagrado. Podia ser um recanto misterioso de uma floresta ou um lago
tranquilo. Aos poucos doze deuses tomarem os mais importantes, sobressaindo-se aos demais. No
ano 750 a.C, Hesíodo escreveu a história desses doze deuses do Monte Olimpo. Cada deus tinha o
seu símbolo.
Heróis
Aquiles
Hércules
Jasão
Perseu
Teseu
Ulisses
Lendas Mitológicas
Agamenon
Ariadne
Medéia
Narciso
Sísifo
Histórias Mitológicas
Hesíodo
Homéro
Ilíada
Odisséia
Tróia
A mitologia foi uma forma encontrada para se compreender o mundo e entender coisas que
para aquela época eram quase impossíveis de se entender: O que é a terra, por que ela existe, quem
somos nós, por que estamos aqui e o que acontecerá quando morrermos.
A mitologia dava respostas para estas perguntas. Eram respostas falsas, mas satisfaziam a
curiosidade das pessoas. Muitas destas perguntas não tem resposta até hoje.
Sempre ficou muito claro na mitologia que os deuses não gostavam dos humanos, nós
éramos apenas "brinquedinhos" deles. Mas por que? Será que isso não seria uma explicação para os
seres humanos entenderem por que as vezes a vida e tão dura, tudo dá errado, e também para
compreender por que existia tanto sofrimento, tanta dor, tanta injustiça?
E as Mouras? Não seriam a explicação para todas aquelas vezes em que por mais que a
pessoa tivesse lutado, batalhado e sofrido, ela não tivesse alcançado seus objetivos? Ao invés de se
considerar um perdedor, talvez fosse mais fácil dizer que não existia a vontade humana, apenas a
vontade divina.
Os mitos foram muito importantes para toda a sociedade daquela época, pois sempre foi
essencial para o homem saber suas origens e a origem do mundo. E os mitos além da função
religiosa tinham também esta função: Explicar o incompreensível.
A mitologia se aproxima demais da realidade, pois sem a realidade os mitos não existiam, já
que estes são explicações de uma difícil realidade.
Os deuses eram muito parecidos com os homens não só fisicamente. Nós sabemos que os
deuses eram considerados muito mais inteligentes do que os homens, mas acontece que os
sentimentos e as representações dos deuses eram todos refletidos em nós.
Se acontecia uma peste, por exemplo, era por que algum deus estava descontente com os
humanos, e logo isto refletia na sociedade.
Os deuses eram figuras individuais com aspectos humanos, que recebiam uma força maior
do além. E muito raramente eles usavam estas forças para beneficiar os humanos. Como eu já disse
antes, os deuses não gostavam de nós.
Com os recursos da época, era praticamente impossível descobrir a origem do mundo. Com
os mitos, isso foi possível. Para os gregos, segundo Hesiodo, no poema TEOGONIA, tudo começou
com o Caos, e a partir dele surgiu Nyx, a noite, e Gaya, a terra. Partindo deste fato, foi surgindo
toda uma teoria mitológica das origens não só do mundo, mas de tudo, como o surgimento do
homem, do tártaro, dos deuses, etc.
Portanto podemos assim concluir que os mitos eram uma explicação irracional do mundo.
Eles só seriam racionais a partir do momento em que o homem separasse o espirito da razão, que no
momento não era o caso. Eles eram a única forma dos gregos conhecerem a origem deles próprios,
mesmo sendo uma origem falsa. Eles acreditavam em seus mitos, e isso era o mais importante. É
obvio que eles não sabiam que os mitos existiam principalmente para desvendar tais mistérios, para
eles aquilo era verdade e pronto.
Era muito importante para a sociedade daquela época que os deuses fossem parecidos com
eles. Para eles, eles eram reflexos inferiores dos deuses. mas na verdade os deuses que eram
reflexos superiores a eles. Os deuses eram como se fossem seres humanos perfeitos, sem os
problemas banais do homem, e com uma força do alem muito forte. Eles não tinham que trabalhar
para conseguir comida e nem para sustentar uma família. Também não precisavam desvendarem os
mistérios da vida. Eles sabiam tudo.
A impressão que se tem é que a morte era uma coisa que assustava demais os gregos, por
eles não a entenderem. Independente de você ter sido bom ou ruim, você ia para o inferno (Tártaro)
só com o corpo, pois sua alma evaporava. Você não iria ser mais nada: Estava condenado ao
sofrimento eterno.
Os deuses não tinham este problema, uma vez que eram imortais.
Os mitos contribuíam para que houvesse uma integração à vida social e política das pessoas.
Os mitos que organizavam as leis e regras de uma comunidade. Se alguém desrespeitasse alguma
destas leis ou regras, isto não refletia nele como pessoa, mas sim em todos como sociedade. Por
exemplo, se uma pessoa deixasse de fazer um culto a um deus, este deus não ficaria bravo e se
"vingaria" da pessoa, e sim da comunidade aonde esta pessoa vivia. Este era um fator que contava
para que todos fizessem seus cultos aos seus deuses.
Os mitos eram tão importantes que até as pessoas que não participavam do polis (Escravos e
mulheres) encontraram um espaço, assim desenvolvendo uma religião própria, o dionisismo.
Os mitos funcionavam meio que como a lei dos lugares. Por exemplo, em certa comunidade
eles falavam que quem roubasse de outra pessoa ia ser punido pelos deuses, logo eles não
roubavam.
Se uma pessoa cometesse uma falta muito grave e fosse expulsa de sua comunidade, ela
perdia o seu ser social, isto é, perdia suas raízes. Para ela ser aceita em outra sociedade e voltar a ser
alguém, ela tinha que através desta nova sociedade pedir aos deuses para ser aceito. Não era fácil
mudar de comunidade, pois cada uma tinha seus cultos e culturas. Os mitos variavam de cidade em
cidade. Não que eles fossem inteiramente diferentes: Apenas algumas características mudavam,
assim como as oferendas a eles feitos. A pessoa que mudava de cidade também teria de acreditar em
coisas diferentes do que as outra em que ela estava habituada. As cidades eram formadas para
algum mito. Por isto também que os mitos eram importantes para a formação da sociedade.
COMO FUNCIONAVAM OS MITOS DENTRO DA SOCIEDADE
Para pedir qualquer permissão a um deus sobre algum assunto, não era qualquer pessoa que
podia fazer isto, e sim aquelas que faziam parte da magistratura, pois elas também faziam parte do
sarcedócio.
Os deuses eram invisíveis, e por melhores que fossem as representações deles, elas não
tinham muita validade, pois os mitos traspassavam qualquer representação. Os deuses eram
oniscientes e onipresentes, isso é eles estavam em todos os lugares a todos os momentos e sabiam
de tudo o que estava acontecendo.
As figuras mitológicas eram perfeitas. Eles tinham traços humanos e representavam coisas
bem delineadas. Zeus por exemplo, além de ser o deus dos deuses, era o deus do juramento, do
contrato, da chuva, etc.
A grande diferença entre um Deus e um ídolo, é que o ídolo é a pessoa até quando ela é ela
mesma, já o mito não. Por exemplo, hoje em dia o Pelé é considerado um mito, pois além de ser o
melhor jogador de futebol, ele é considerado o melhor atleta, o mais honesto, etc. Isso é, ele
superou-se e superou a todos.
DO MITO A RAZÃO
O homem deixa de acreditar nos mitos quando ele percebe a separação da razão e do
espírito, assim descobrindo a ciência. Ele passa a ver que as coisas não acontecem por que Zeus
quer, e sim por que elas tem uma certa lógica.
A partir destes pensamentos constroe-se a filosofia, que é muito importante para que o
homem entenda por que ele vive, por que esta aqui, etc.
CONCLUSÃO
Geralmente quando as pessoas falam em mito, elas não imaginam que por detrás destes
mitos existia um grande pano de fundo, que cobria toda a organização política e social e toda a
formação dos caracteres pessoais de uma comunidade. Com este trabalho aprendemos que
mitologia é muito mais do que uma simples religião. Ela fez tudo isso e muito mais.
Mas a partir do momento que o homem descobre que a razão e o espírito não estão juntos,
toda a "teoria" dos mitos desaba; Aí está fundada a filosofia.
A mitologia foi muito importante para aquelas comunidades, pois ela tentou e conseguiu
esclarecer suas várias dúvidas.
BIBLIOGRAFIA
MITO E PENSAMENTO ENTRE OS GREGOS. VERNANT, J.P.
APOSTILA DE FILOSOFIA DO 1 ANO DE 1996.
Hebe- Deusa da juventude. Durante muito tempo Hebe foi a copeira dos deuses.
Hécate - Deusa da escuridão, representava seus terrores. Em noites sem luar, acreditava-se que ela
vagava pela terra com uma matilha de uivantes lobos fantasmas.
Era a deusa da feitiçaria e era especialmente adorada por mágicos e feiticeiras, que
sacrificavam cães e cordeiros negros a ela.
Como deusa da encruzilhada, acreditava-se que Hécate e seu bando de cães assombravam
lugares fúnebres que pareciam sinistros aos viajantes.
Hera - Rainha dos deuses, protegia o casamento e era a protetora de mulheres casadas.
Íris - Como mensageira de Zeus e de sua esposa Hera, Íris deixava o Olimpo apenas para transmitir
os ordenamentos divinos à raça humana, por quem ela era considerada como uma conselheira e
guia.
Viajava com a velocidade do vento, podia ir de um canto do mundo ao outro, ao fundo do
mar ou às profundezas do mundo subterrâneo.
Era representada como uma linda virgem com asas e mantos de cores brilhantes e um aro de
luz em sua cabeça, deixando no céu o arco-íris como seu rastro. Para os gregos, a ligação entre os
homens e os deuses é simbolizada pelo arco-íris.
Musas - Nove deusas e filhas de Zeus e de Mnemósina, a deusa da memória. As Musas presidiam
as artes e as ciências e acreditava-se que inspiravam todos os artistas, especialmente poetas,
filósofos e músicos.
Calíope era a musa da poesia épica, Clio da história, Euterpe da poesia lírica, Melpômene da
tragédia, Terpsícore das canções de coral e da dança, Erato da poesia romântica, Polímnia da poesia
sagrada, Urânia da astronomia e Tália da comédia.
Nêmesis - Entre os antigos gregos, Nêmesis foi a deusa da equanimidade e, mais tarde, a
personificação da desaprovação dos deuses à arrogância. Seu nome se inspira no grego némein,
"repartir segundo o costume ou a conveniência".
A missão de Nêmesis era punir os faltosos e impor a execução de normas que restabelecessem o
equilíbrio entre os homens.
Nikê - Deusa da vitória. É representada carregando uma grinalda ou palma da vitória.
Perséfone - Deusa da terra e da agricultura. Era uma personificação do renascimento da natureza na
primavera.
Selene - Deusa da Lua. Era uma linda deusa, de braços brancos, com longas asas, que percorria o
céu sobre um carro para levar aos homens a sua plácida luz.
Titãs
Atlas - Filho do Titã Japeto e da ninfa Climene, e irmão de Prometeu. Atlas lutou com os Titãs na
guerra contra as divindades do Monte Olimpo. Como castigo, ele foi condenado a suportar
eternamente a terra e os céus em suas costas e o grande pilar que os separa sobre os ombros.
Justamente porque a figura de Atlas sustenta a terra, freqüentemente ela é utilizada nas páginas de
coleções de mapas (atlas), cujo nome denota um conjunto de mapas.
Ceos - O Titã da Inteligência.
Crio - Representava o tremendo poder do mar.
Cronos - Cronos era um deus ao qual se atribuíam funções relacionadas com a agricultura. Segundo
a tradição clássica, depois Cronos tornou-se o regente do universo e simbolizava o tempo.
Japeto - Considerado como antepassado da raça grega e também de todos os homens.
Métis - Presidia a sabedoria e o conhecimento.
Mnemósina - Deusa da memória.
Oceano - Governou o Oceano, um grande rio que, segundo a Mitologia Grega, cercava a Terra e
que se acredita ser um círculo plano.
Prometeu - Conhecido como amigo e benfeitor da humanidade. Prometeu e seu irmão foi
concebido para criar a humanidade e prover o homem e todos os animais da terra com aquilo que
necessitassem para sobreviver.
Réia - Mãe dos deuses e que por muitas eras dominou o Universo junto com Cronos.
Têmis - Deusa da justiça divina e das leis. Na arte antiga ela é representada segurando para cima
um par de balanças em que ela pesa as reivindicações das partes contrárias.
Esparta e Atenas
Atualmente, a palavra "cidade" é sinônimo de urbe. Mas na Grécia Antiga, cidade (em grego: polis)
designa um verdadeiro Estado, ainda que pequeno, compreendendo, além da cidade propriamente
dita, um certo número de povoações rurais. Por exemplo: o nome de Atenas englobava, ao mesmo
tempo, a cidade de Atenas e o pequeno Estado Ateniense. Um cultivador da planície de Maratona e
um marinheiro do Pireu eram tão atenienses como um habitante da cidade propriamente dita.
Os gregos jamais conceberam um Estado de outro maneira que não fosse uma cidade. A Grécia
Antiga, que nunca se unificou, era o conjunto de cidades autônomas.
Eram numerosas as cidade, e cada uma ciosa da sua independência, orgulhosa das suas instituições
e dos seus templos, dos seus artistas e dos seus atletas, de tudo o que a distinguia das outras. Para
um grego, o patriotismo era o amor exclusivo da sua própria cidade.
As cidades entendiam-se mal, sobretudo quando eram vizinhas: Atenas era inimiga de Egina e
Mégara, Plateias resistia a Tebas, Corinto detestava Argos, que , por seu turno, odiava Esparta.
A despeito de um certo número de semelhanças que eram próprias de uma civilização comum, cada
cidade tinha a sua fisionomia própria, as suas instituições particulares. É o que se pode concluir do
estudo sucessivo de Esparta e Atenas.
Esparta
Esparta era uma cidade de soldados: os seus cidadãos tinham como única profissão a das armas e as
crianças eram educadas militarmente. O seu poeta Tirteu apenas cantou a guerra.
A cidade (também chamada Lacedemônia) era a mais importante de quantas os Dórios haviam
fundado. Estava situada na estreita planície do Eurotas, a Lacônia, que era dominada pelas encostas
escarpadas do Parnon e do Taígeto. Homero chamava-lhe "a funda Lacedemônia".
A oriente do Parnon, os Espartanos disputavam vitoriosamente a Argos, sua eterna rival, o distrito
costeiro que vai do cabo Maleia ao golfo argólico. A oeste do Taígeto, ocuparam a Messênia, no
fim do século VII, mas os Messênios revoltaram-se no último terço do século VII e foi necessária
ao fim da sua heróica resistência. Foi nesta ocasião que Tirteu compôs os seus poemas para
inflamar a coragem dos guerreiros lacedemônios. A conquista definitiva da Messênia, cujos
habitantes, reduzidos a escravos, trabalhavam a terra para os vencedores, assegurou, depois, a
prosperidade de Esparta.
Daí em diante, Esparta não procurou fazer novas conquistas e dominou o Peloponeso de duas
maneiras: intervindo nos assuntos internos das outras cidades, como Tegeu e Corinto, a fim de aí
manter governos aliados, e praticando uma política de alianças que lhe permitiu constituir uma Liga
do Peloponeso, cuja política exterior era dirigida por Esparta e que agrupava, ao fim do século VI,
um terço da península.
Até o século VIII, a atividade econômica e o governo de Esparta deviam assemelhar-se aos das
outras cidades. Esparta tinha os seus comerciantes, artesãos e artistas. Mas a duras guerras da
Messênia obrigaram-na a profundas transformações, e no fim do século VII possuía já uma
organização social e política capaz de lhe assegurar o fruto das suas conquistas. Atribui-se a sua
criação a um sábio lendário, Licurgo, e daí para o futuro este quadro de instituições não voltou a
sofrer mudança.
Os habitantes dividiam-se em duas classes sociais bem distintas: os cidadãos ou "iguais",
exclusivamente dedicados à profissão das armas, formavam a classe privilegiada, em duas classes
inferiores reuniam-se os periecos e os hilotas.
Os cidadãos passavam a vida submetidos ao serviço e controle do Estado. A criança só era
autorizada a viver se um "conselho de velhos" a julgasse bem proporcionada, pois, caso contrário,
era precipitada num desfiladeiro. Com a idade de sete anos, o filho era tirado à mãe e vivia até aos
20 anos com camaradas da sua idade, sob a autoridade de monitores, que procuravam, sobretudo,
desenvolver-lhe o corpo e formar-lhe o caráter, mais do que cultivar-lhe o espírito. Para o
endurecer, a partir dos 12 anos, apenas uns andrajos para vestir e uma cama dura para dormir; era
parcamente alimentado e devia completar a sua ração roubando, mas, como era castigado se fosse
encontrado a fazê-lo, devia possuir tanta manha e habilidade como audácia. Sofria, sem murmurar,
as críticas dos mais velhos e a punição dos instrutores.
Plutarco refere-se a uma tradição tardia, segundo a qual, na ocasião de uma festa, diante do altar de
Ártemis, as crianças rivalizavam entre elas para vem quem suportava, sem queixume, o maior
número de chicotadas: algumas morriam. Conta-se mesmo que um jovem, tendo roubado uma
raposa, a escondera debaixo da túnica, e, para não revelar o roubo, deixara a raposa morder-lhe o
ventre e morreu sem um queixume.
Aos 20 anos eram admitidos no exército depois de uma última prova, a "criptia", espécie de retiro
no decurso do qual se escondiam no campo, roubando comida e matando os hilotas que
surpreendiam durante a noite fora de suas casas.
O cidadão era soldado dos 20 aos 40 anos. Durante este tempo era obrigado a participar nas
refeições em comum; todos os dias tomava a refeição principal na própria mesa dos homens da sua
unidade, seus camaradas de trabalho. Até aos 30 anos, mesmo casado, devia dormir no quartel.
Como qualquer profissão lhe era proibida, recebia do Estado um lote de terra hereditária, o cléros,
que os hilotas cultivavam para ele; os produtos do cléros alimentavam a sua família e permitiam-lhe
pagar a sua parte nas refeições em comum. Contudo, existia propriedade privada, e a terra inteira
não era apenas pertença do Estado. Certos cidadãos possuíam domínios e as suas mulheres dirigiam
a exploração. A igualdade não era senão teórica, pois entre os "iguais" havia também ricos e
pobres.
Os periecos eram homens livres: viviam geralmente em aldeia, situadas nas fronteiras da Lacônia (o
seu nome quer dizer "os que habitam à volta"). Podiam ser agricultores, artesãos ou comerciantes.
Governavam-se a sim próprios nos respectivos burgos, mas em Esparta eram obrigados a pagar
imposto e a servir em tempo de guerra, sem terem qualquer direito a intervir no governo da cidade.
Os hilotas pertenciam ao Estado e cultivavam a terra a que estavam ligados. Deviam ao titular do
cléros uma quantidade fixa de produtos, que era mínima, sendo o restante para eles. Eram
desprezados: na altura das festas, eram forçados a executar danças grotescas, e obrigavam-nos a
embriagar-se para que os outros pudessem contemplar aos efeitos degradantes da bebida. Por que
razão os Espartanos tratavam duramente aqueles cujo trabalho lhes permitia viver? Como havia
poucos cidadãos e muitos hilotas, pensava-se que apenas o terror os podia manter na servidão.
Esparta evitava mesmo enviar o seu exército para fora do Peloponeso, por recear sempre uma
revolta dos hilotas e, mais particularmente, dos hilotas da Messênia, que viviam em estado de
absoluta miséria.
A forma de governo em Esparta apresentava características bem diferenciadas das outras cidades
gregas.
À frente do Governo encontravam-se dois reis, com idênticas prerrogativas; pertenciam a duas
famílias rivais, os Ágidas e os Euripontides, e sucediam de paios para filho. Eram-lhes prestadas as
maiores honras, mas não possuíam grande autoridade, reduzida ainda pelo seus desentendimento
tradicional. Eram ministros supremos da religião da cidade e comandavam o exército em
campanha.
A sua ação era vigiada por cinco éforos, guardas da tradição e da disciplina, eleitos anualmente pelo
conjunto dos cidadãos, cujo poder era temido pelo fato de ser mal definido. Com efeito, nada e
ninguém podia escapar à sua fiscalização. Censores dos costumes, polícias, juízes e inspetores da
administração, eram eles os magistrados mais importantes da cidade.
O principal conselho era a Gerusia (pronuncia-se: gerússia), onde se reuniam, com os dois reis,
vinte e oito cidadãos com mais de 60 anos, eleitos vitaliciamente. Preparava os projetos de lei,
dirigia a política exterior e formava um alto tribunal de justiça. Quando os membros da Gerússia e
os éforos estavam de acordo, o que constituía regra geral, tornavam-se os senhores da cidade.
Havia ainda uma Assembléia Popular, na qual podiam participar todos os cidadãos maiores de trinta
anos, que votava as leis e elegia os éforos e o membros da Gerússia. Mas esta assembléia limitava-
se a aprovar os projetos da Gerúsia e só votava por aclamação: os candidatos apresentavam-se uns
depois dos outros perante os cidadãos, que aclamavam o favorito; um júri, que se encontrava a
pequena distância, apreciava ao coro das aclamações e declarava eleito o candidato mais aplaudido.
Assim, segundo este sistema, somente uma minoria de habitantes, os cidadãos ou "iguais",
participava na vida pública e, entre esses "iguais", apenas alguns governavam. O regime de Esparta
era, pois, uma oligarquia (em grego: governo exercido por um pequeno número de pessoas).
Cultura
No aspecto cultura, a contribuição de Esparta é mínima, pois, como vimos, toda a formação do
cidadão se processava com vistas a uma atividade exclusivamente militar. A riqueza mobiliária era
desprezada, e apenas uma moeda de ferro, de grande peso, existia em circulação.
Os Espartanos eram duros e orgulhosos. A sua reduzida cultura intelectual não ia além de versos de
Tirteu e de Homero, alguns cantos corais e um pouco de música. Notabilizaram-se, sim, pelas
qualidades viris, que os levavam até uma extrema sobriedade de linguagem, reduzida a fórmulas
breves mas precisas: os laconismos. Tinham grande simplicidade de costumes, que lhes permitia
satisfazerem-se, às refeições, com um simples guisado de porco com vinagre. E, sobretudo,
possuíam um amor ardente por Esparta, pela qual sacrificavam gostosamente a vida.
As mulheres, educadas no desporto, criticadas pelos outros gregos pelo seu aspecto masculino e
pelas "saias" demasiado curtas, rivalizavam com o homens em energia e patriotismo. Veja-se um
exemplo do seu fervor patriótico, tal como Plutarco o descreve:
Uma mulher ao ver o seu filho, que voltava de um combate, perguntou-lhe: "Que notícias há?" E,
como ele respondesse "Morreram todos", atirou-lhe com um objeto à cabeça e matou-o, enquanto
dizia: "E mandaram-te eles cá para nos dares a má notícia!".
No fim do século VI, Esparta era a primeira potência militar da Grécia, que à posteridade legou
alguns dos mais altos exemplos de virtude patriótica que a história registra.
Atenas
Se o caso de Esparta pode considerar-se único na Grécia, a história de Atenas corresponde melhor à
evolução habitual das cidades gregas.
O território da cidade dos Atenienses é a Ática, modesta península triangular. As montanhas e as
colinas ocupam quase metade da superfície - ao norte, o Parnaso e o Citéron, que a separa da
Beócia; ao centro, o Pentélico, rico em mármore, e o Himeto, célebre pelo mel das suas abelhas; e
ao sul, o Laurion, cujas minas de prata forneciam o metal utilizado para fabrico das moedas. O
Norte da região era pobre, mas entre as elevações havia pequenas e férteis planícies, sendo as mais
importantes as de Atenas e de Elêusis.
A Ática foi, desde muito cedo, povoada e escapou à invasão dos Dórios. Aí surgiram numerosos
burgos, como Elêusi, Maratona, Colonos e a própria Atenas.
Esta última beneficiava da proximidade do mar, num local admirável, formado de pequenas colinas,
a mais importante das quais se chamava Acrópole, e dominava a fértil planície regada pelo Céfiso.
Muito cedo, conseguiu reunir todos os habitantes da Ática numa cidade apenas. Os Atenienses, que
gostavam de explicar o seu passado longínquo por lendas, atribuíram o mérito desta unificação a um
herói, Teseu, que teria sido o seu primeiro rei.
Com efeito, Atenas foi nos primeiros tempos governada por reis, mas o poder passou rapidamente
para os chefes dos guéné, os eupátridas (quer dizer, os nobres), proprietários das melhores terras da
planície. Entre eles se recrutavam os magistrados anuais, os arcontes (o rei não era senão um deles)
e os membros do Aerópago, conselho político e tribunal que se reunia na colina do Ares. Apenas
eles conheciam as leis, cujo texto não era escrito.
Este regime e aristocrático revelava-se duro para todos os que não pertenciam aos guéné e se viam
relegados para as últimas classes da sociedade: os pequenos proprietários dos campos menos férteis,
sobrecarregados de dívidas e reduzidos muitas vezes à condição de miseráveis camponeses, os
artesãos, os pescadores, os pequenos comerciantes e até os negociantes enriquecidos pelo comércio
marítimo. A partir do século VII, os descontentes, cada vez em maior número, provocaram
tamanhas agitações que se tornou indispensável fazer algumas reformas.
Em 621, o arconte Drácon publicou leis muito duras (ainda hoje se fala da severidade draconiana),
que, pela primeira vez, eram escritas e válidas para todos os cidadãos. Foi um primeiro golpe
vibrado na dominação dos guéné, mas não chegou, todavia, para restabelecer a calma.
Para evitar a guerra civil, a qual ameaçava opor os aristocratas e os pobres, que exigiam a divisão
das terras, aceitou-se a arbitragem de Sólon, um eupátrida de nascimento que enriquecera no
comércio marítimo e que, tendo compreendido as preocupações dos dois campos, agiu com
moderação.
A fim de aliviar os camponeses, Solón decretou a abolição das dívidas antigas; daí em diante, o
devedor incapaz de pagar uma dívida já não poderia, como no passado, ser escravo do seu credor.
Facilitou a divisão das grandes propriedades dos guéné, encorajou as profissões e facilitou o
comércio com uma hábil reforma dos pesos e da moeda.
Fixou os moldes da sociedade. Antes dele, havia já quatro classes. Sólon repartiu por elas os
Atenienses, de acordo com os rendimentos de cada um, e marcou-lhes os direitos e deveres. Assim,
as duas primeiras classes conservavam o privilégio de serem magistrados, mas suportavam o mais
pesados encargos; os da última classe, os tetas, não pagavam impostos.
Reformou a constituição: todos os cidadãos tiveram acesso à assembléia popular e a um tribunal
popular de justiça, instituído sob o nome de Tribunal do Helieu. A criação de um conselho de 400
membros, o Bulé, reduziu o aristocrático Areópago às suas atribuições religiosas e judiciárias.
Considerada muito revolucionária por uns, mas moderada por outros, a obra de Sólon não
conseguiu, porém, restabelecer a paz por muito tempo.
Por ocasião de graves perturbações, o ambicioso Pisístrato, apoiado pelos agricultores pobres e por
lenhadores do interior, tomou conta do poder (561). Duas vezes expulso, regressou ainda uma vez
mais e foi o tirano de Atenas até à sua morte (528). Procurou assegurar a igualdade social, a
prosperidade econômica e o florescimento de Atenas. Favoreceu o desenvolvimento de Atenas.
Favoreceu o desenvolvimento da pequena propriedade rural em prejuízo dos grandes domínios;
encorajou os agricultores da Ática e facilitou o comércio pela criação de portos comerciais nas rotas
marítimas da Trácia e do Ponto
Euxino; embelezou a cidade, que foi rodeada de muralhas e provida de fontes; na Acrópole mandou
erguer um grande templo em honra de Atena; deu à celebração da grande festa religiosa das
Panateneias um esplendor incomparável; mandou fixar e publicar o texto dos poemas homéricos.
Os seus filhos, Hiparco e Hípias, sucederam-lhe e continuaram a sua obra. Mas, como Hiparco
tivesse sido morto, Hípias tornou-se tão cruel que os nobres inimigos do regime aproveitaram a sua
impopularidade para obterem o auxílio de Esparta e destituíram-no (510). Expulso de Atenas,
Hìpias refugiou-se na Pérsia.
Este êxito dos nobres não teve continuação, pois em 507 as reformas de Clístenes estabeleceram o
regime democrático.
Clístenes dividiu a ática numa centena de circunscrições, os demos. Independentemente do seu
nascimento ou fortuna, qualquer ateniense pertencia ao demo onde estava a sua moradia. Assim, os
guéné, cujos membros estavam dispersos em demos diferentes, perderam a sua coesão.
Agrupou os demos em dez tribos, mas cada tribo era formada por demos existentes em diferentes
regiões da Ática e não podia, por conseqüência, tornar-se centro de uma política de interesse local.
Adaptou todos os organismos da cidade à nova divisão em tribos. O Bulé foi elevado de 400 para
500 membros (50 por tribo). Daí para o futuro, haveria dez arcontes (um por tribo), dez unidades de
infantaria, dez esquadrões de cavalaria e, para os comandar, dez estratégias.
Criou o ostracismo: um político considerado indesejável poderia ser exilado, por voto da
assembléia do povo, por um período de dez anos, findos os quais recuperava os seus bens e direitos.
(O termo "ostracismo" vem da palavra grega ostrakon, que quer dizer concha, porque, no momento
do voto, cada cidadão escrevia o nome daquele que queria banir num pedaço de cerâmica, parecido
com uma concha.)
Depois de Clístenes, os Atenienses poucas alterações introduziram no sistema político que ele lhes
legara.
Até ao fim do século VI, Atenas não teve, porém, maior relevância no mundo grego que qualquer
outra cidade, como Corinto, Mégara ou Egina.
O seu poderio militar não podia comparar-se com o de Esparta. E se a obra de Pisístrato lhe
alcançara um certo prestígio moral, seriam as Guerras Medo-Persas que lhe permitiram elevar-se ao
primeiro lugar entre as cidades gregas.