Os Mesquita No Brasil
Os Mesquita No Brasil
Os Mesquita No Brasil
Terão os Mesquitas
ascendência judaica?
Genealogia de uma família da
elite brasileira
José Gonçalves Salvador, 81, pastor metodista nascido em Lins, Doutor em Ciências
Humanas (USP). É o autor de Cristãos-Novos, Jesuítas e Inquisição; Os Cristãos-Novos:
Povoamento e Conquista do Solo Brasileiro; Os Cristãos-Novos e o Comércio no Atlântico
Meridional; Os Magnatas do Tráfico Negreiro (séculos XVI e XVII) e Do Amanhecer ao Pôr-do-sol.
Autobiografia Resumida.
Lançamentos:
Olavo de Medeiros Filho é um respeitado historiador potiguar, terra “Instituições Financeiras de Minas. 1819-1995” (Belo Horizonte,
onde a boa escrita de História já é uma tradição. Basta lembrar Luís da 1997, 346 pp.). Ele conta a história dos bancos mineiros, desde João
Câmara Cascudo, mestre de todos nós, passando por outros, como Batista Machado, séc. XIX, o primeiro banqueiro, antepassado dos
Marcos Antonio Filgueira. Medeiros que é sócio do Instituto Histórico Almeida Magalhães, donos de uma “Casa de Alugar Dinheiro”, até os
e Geográfico do Rio Grande do Norte, e nosso consócio, escreveu livros nossos dias, com o fim do Banco Nacional (dos Magalhães Pinto),
importantíssimos como “Velhas Famílias do Seridó”. Neste ano ele absorvido posteriormente pelo Unibanco, dos também mineiros
lançou “Aconteceu na Capitania do Rio Grande” (205 páginas). É um Moreira Salles. Além do texto claro e objetivo, há uma ficha tecnica
livro muito interessante, em especial para os genealogistas que lidam de todas estas casas bancárias, seus números contábeis e a relação
com as influências etno-culturais dos descendentes de conversos na nominal nominal de todas as diretorias. São milhares de nomes que
vida luso-brasileira. Há um capítulo imperdível: “Os Cristãos Novos da desfilam por suas páginas, nomes que não são apenas de banqueiros,
Paraíba e a Inquisição” (pp. 163-178), onde ele descreve a descendên- mas da também da política nacional, que como se vê são atividades
cia dos cristãos-novos Ambrósio Vieira e Joana do Rego, Diogo Nunes inter-relacionadas. Para a genealogia judaica este livro reveste-se de
Tomás e Guiomar Nunes, André Lopes e Maria Henriques e o casal um interesse particular, pois é atribuido a mentalidade cristã-nova dos
misto Tomás Nunes e Serafina Rodrigues de Almeida. [O. de Medeiros mineiros, a compreensão e o interesse pela atividade financeira. Com
Filho, rua da Conceição, 622, Natal, RN, 59075-270]. certeza, partindo desta base documental, o empirismo desta afir-
mação, poderá ser ou não confirmado. Este é um trabalho que espera
Você sabe quem foi João Batista Machado? Provavelmente não. Ele é os pesquisadores deste tema. Nosso cumprimentos a Claúdio Bastos
um dos milhares de personagens registrados pelo historiador Claudio pelo seu lançamento. [ C.A. Bastos, Rua Campanha, 114, apto. 501,
Bastos, nosso ativo consócio, residente em Belo Horizonte, no livro Carmo, Belo Horizonte, MG, 30310-770]
he Mesquita family is one of the most important Brazilian families. They are, since a hundred years ago, a dynasty of journalists who publish
T the major Brazilian newspaper “O Estado de São Paulo”. One can say they are liberals in the British style. During the Monarchy, they
were Republicans and Abolitionists. Later they were against Fascism and Communism. Today they are in favor of a free economy. The first
one was Julio César Ferreira Mesquita (1862-1927), the son of Portuguese immigrants who graduated from Law school and married into
an aristocratic coffee planters family from São Paulo. He is also founder of the “O Estado de São Paulo”. His son Julio de Mesquita Filho
(1892-1969) succeeded him, and thanks to his strong character and intellect he managed to bring respectability and credibility to the newspaper.
His son, also bearing the same name, Julio de Mesquita Neto (1922-1996) kept the family tradition.
As always happens, a successful dynasty produces envy and admiration. Political enemies attacked them using a weapon that was once
successful, anti-semitism. Even knowing they were conservative Catholics, the detractors usually refer to a probable New-Christian origin of
the Mesquita family. They point to Vila-Real in Tras-Os-Montes, Portugal, a small town where many New Christians and Judaizers lived due to
its remote location from Lisbon and the Inquisition. There were Conversos using Mesquita as family name while dwelling in Vila-Real. Another
indicative would be the frequent use of biblical names among the girls of the family (an uncommon practice amongst the Brazilian Catholics).
In the quest to tell this story we gathered all available documentation and sketched a genealogy of the descendents of Julio Cesar Ferreira
Mesquita, while using the family history as background and telling the relationship of this family with the Jews. In this essay, we describe not
only a Brazilian genealogy of publishers and journalists but also the story of a family that gathers all typical characteristics of a Portuguese
Brazilian family with old aristocratic background and also recent immigrants, all of Portuguese origin. We could have written this article in
one of several ways. Our objective was to record the the Jewish influence in the Brazilian life. We could have looked at the Mesquita family
through their aristocratic side. It was just a matter of choice.
Os Mesquitas no Brasil Outra versão familiar1, diz que o casal morreu antes da maioridade
dos seus filhos, e três deles, foram criados por um tio padre. O mais
s Mesquitas que ora controlam o jornal “O Estado de S. Paulo”,
O pertencem a uma dinastia jornalística centenária sem par no
mundo das comunicações, ombreada somente pelos norte-americanos
velho, Antonio Júlio Mesquita, ao dissipar a pequena herança recebi-
da dos pais, migrou para o Brasil, estabelecendo-se em Campinas,
onde encontrou outra família trasmontana, os Ferreira Novos, pe-
Ochs, que controlam o “New York Times”, desde 1896.
quenos proprietários rurais de Relvas, Portugal, casando-se com
Com o falecimento do último grande Mesquita, neto da Fundador,
Maria Ferreira Novo. Os outros dois irmãos, Augusto e Francisco,
resolvemos contar a história desta família luso-brasileira, abordando
vieram depois, seguindo os passos do irmão mais velho. Francisco
fundamentalmente uma questão polêmica, a sua origem judaica, ou
casou-se com Maria da Conceição Ferreira Novo (Relvas, 1834 - S.
não, recebida através de possíveis ascendentes “conversos”. Aprovei-
Paulo, 1910). E a filha única do casal Antonio e Maria, Luisa
tando assim para mostrar a história de uma família brasileira, das
Mesquita, casou-se com João Ferreira Novo, filho de um tio materno
chamadas “quatrocentonas”.
dela, Francisco Ferreira Novo.
São duas as linhas que convergem para a formação destes
É possível que os Mesquitas já estivessem aparentados aos
Mesquitas brasileiros, uma vinda da landed gentry cafeicultora
Ferreiras Novos em Portugal, pois no batistério de Júlio Mesquita, seu
paulista, endogâmica e registrada no “Silva Leme”, e outra de profis-
pai e tio ostentam o sobrenome Ferreira Mesquita. No certidão de
sionais liberais, de origem portuguesa, mais recente e urbana.
óbito de Francisco, consta que o mesmo chama-se “Ferreira de
Estes Mesquitas são relativamente recentes no Brasil, e começam
Mesquita”, e que ele nascera em Relvas.
com o tenente português Francisco Monteiro, do exército de Lécor,
Francisco Ferreira de Mesquita (Vila Real, 1838 - Itapira, 1898),
que veio ao Brasil fazer a guerra da Cisplatina, retornando depois à
foi comerciante em Campinas, possuindo uma “casa de comissões,
metrópole, já com as divisas de capitão. Este militar teria uma origem
depósito de sal, açúcar, etc”, na rua General Osório. Participou ativa-
modesta, talvez até de camponeses transmontanos. Mas era casado
mente da vida social campineira, pois pertenceu à Loja Maçônica
com Maria Mesquita, da nobreza de Vila Real de Trás-os-Montes.
“Independência”, e, foi um dos fundadores da Beneficência
Segundo Júlio de Mesquita Filho, a família Mesquita trazia “nas veias
Portuguesa local. Teve também outros negócios, foi até fazendeiro de
o mesmo sangue de quem se tornaria, tempos depois, o herói do mais
café em Jacutinga.
belo e conhecido dos romances de amor de Camilo”.
Francisco Mesquita chegou a retornar com a família para Relvas.
O casamento assimétrico, entre um hobereau e uma nobre, ainda
Na viagem de retorno o navio naufragou na costa da Bahia, onde teve
que tendo fumaças de cristã-nova, teve lances romanescos, que
que esperar os filhos restabelecerem a saúde, para prosseguir viagem.
somente com a força de vontade de ambos, foi possível acontecer.
Os Mesquitas viveram três anos em Portugal, voltando depois a
Quando Portugal, e a Casa de Bragança, cindiu-se entre os
Campinas.
seguidores de D. Pedro IV e os “miguelistas”, o velho capitão Mon-
Do casal encontramos sete filhos: Adelaide, casada com Antonio
teiro, optou pela tradição legitimista e ficou entre estes últimos.
Júlio Nogueira da Silva; Augusto César, o “Néné”, casado com
Derrotada a sua facção política, buscou o exílio no Brasil. Foi quando
os filhos recusaram-se a vir para América, desobedecendo a autori-
dade paterna, e aí, tiveram que deixar também o seu sobrenome, 1 Esther Mesquita. “Um Livro de Memórias Sem Importância”(SP, 1981), p.
adotando o sobrenome materno. 58-9.
Rabino Hasdà, não passou à história como um grande talmudista, Mas voltando ao Rabino Hasdà. Ele desenvolveu sua carreira
O especialista em Cabala, ou qualquer outra especialidade de sua
religião. Ele teve uma educação esmerada, foi advogado e professor de
como rabino, primeiro em Cuneo, depois passou por Turim e chegou
ao ápice em Pisa, onde sucedeu ao Rabino Vittorio Benedetti, em
Letras e Filosofia na Universidade de Pisa. Escreveu vários livros sobre a 1908. Foi alí também professor do futuro Rabino Elio Toaff, atual lí-
religião judaica, entre eles, “Guida Dell’Israelita” (Turim, 1902, 115 pá- der da comunidade romana.
ginas). Mas o que marca a personalidade deste desconhecido rabino, O rabino Hasdà deparou-se com a “tempestade nazista” na
como afirmou Armando Di Castro, atual presidente da Comunidade de Comunidade de Pisa, que era presidida pelo comendador Giuseppe
Pisa, é que no momento que se exigiu grandeza, ele revelou-se forte e Abramo Pardo Roques (benfeitor da Sinagoga Kadoorie Mekor Haim
corajoso, o que não aconteceu até com outros famosos, que “converte- do Porto, Portugal), e que seria barbaramente assassinado pelos nazis-
ram-se” naquele momento. E Hasdà, ao ser aprisionado pelos nazistas, tas em sua própria casa. O Rabino Hasdà e sua esposa foram captura-
confortou seus liderados, até o último momento, com o seu exemplo. dos pela Gestapo no sítio Stellino, perto de Siena, de propriedade do
Giacomo Augusto Hasdà, nasceu em Livorno, em 8 de agosto de seu sobrinho Mario Geremia Castelnuovo, e dalí foram levados para
1869, filho de Raffaelo Hasdà e Allegra Corcos. Seus pais pertenciam Bolonha. Sabe-se, através das memórias de uma sobrevivente, que um
a importantes famílias sefaraditas. Ele casou-se com Ermelinda Bella soldado da SS, no cárcere, tomou o livro de rezas de suas mãos e, arro-
Segre, apelidada Bettina, nascida em Trino, em 1875, filha de Cesare jando-o ao chão, comentou sarcasticamente que “da oggi dovremo
Segre e Elisa Sacerdoti. Tiveram duas filhas: Raffaella, já falecida; e purtroppo fare a meno della vostra cultura !!”. Nesta ocasião o
Giuseppina (1898), que vive em Livorno, e que foi casada com Attilio Rabino Hasdà, que estava com 74 anos, não teria dito nada, apenas
Modigliani. Attilio chegou ao Brasil no final de 1939, permanecendo abaixou-se com dignidade, pegou o sidur do chão, colocando-o em-
aqui por apenas sete meses, tendo sido obrigado a retornar à Itália por baixo do braço. Esta é a última imagem que se tem do Rabino de Pisa,
lhe faltar visto definitivo. De acordo com as informações de seu filho, o nacionalista que se considerava um “italiani di religione ebraica”.
Dario Modigliani, ele teria vindo ao Brasil na tentativa de fazer a No dia 14 de novembro de 1943, foi deportado pra Auschwitz, onde
família escapar dos rigores das leis raciais que começaram a vigorar se tornou mais uma das seis milhões de vítimas do Shoah.
na Itália a partir de 1938. Infelizmente o seu projeto foi frustrado. O Rabino Hasdà é o meu tio-bisavô.
Amedeo Clemente
Modigliani
Raffaella Giuseppina Attilio Irma Ermanno 1884-1920
Hasdà Hasdà Modigliani Modigliani Campagnano pintor
um dos suplementos literários do jornal israelense “Yediot Ha- Na mesma correspondência endereçada pelo embaixador israe-
N Achronot” de seis anos atrás, foi publicada uma materia que desper-
tou minha curiosidade. Naquele momento, meus trabalhos de pesquisa
lense ao poeta, havia outra carta do próprio Costa Reis. Lá estava
escrito o seguinte trecho:
eram tantos, que somente agora, com maior tranquilidade, posso revelar “Com minha pouca experiência como tradutor de poemas para à
aos leitores o assunto abordado na ocasião. língua hebraica, feita mais em caráter de amador;
Duvido que alguma vez os estudiosos do “Antise- permita-me V.S. que lhe envie alguns versos do
mitismo” dedicassem algumas linhas para um fenô- emérito poeta Fernando Pessoa. Não posso lhe afir-
meno radicalmente oposto, o chamado “Filosemi- mar que haja nestes versos uma rima encadeada, já
tismo”ou seja, um desmedido amor à cultura judaica em que tentei ficar fiel ao texto original guardando a sua
todas suas manifestações, por indivíduos não-judeus. rima. Procedo assim, pois considero importante
Francisco de Assis Basto da Costa Reis, nascido em preservar a beleza do discurso e o conteúdo”.
Viseu (03-10-1937), graduado na antiga Universidade
de Coimbra, é professor de biologia, geologia e ecolo- Finalmente o poeta Yaacov Orland e Francisco
gia numa escola da cidade de Leiria. Como católico Costa Reis se encontraram em Portugal. O encontro
praticante, ele dedicou boa parte de sua vida a uma marcado foi muito emocionante. Naturalmente a con-
causa nobre: estudar por conta própria e sozinho, a lín- versa entre eles foi em hebraico. A língua do povo
gua hebraica. Da mesma forma que Jorge Luís Borges judeu unia dois homens de letras: um católico amante
estudou o hebraico com afinco e dedicação, Francisco do hebraico, e um judeu israelense. Costa Reis falava
Costa Reis chegou também a dominar perfeitamente a com entusiasmo do escritor Shmuel Yossef Agnon,
língua dos Profetas. Hoje, este ilustre português não só fala, lê e conhecia a obra de Amós Oz, de Chaim Guri, de Moshe Shamir, e de
escreve o hebraico; mas também traduz textos literários clássicos, outros tantos escritores do moderno Estado de Israel.
fazendo uso correto das regras gramaticais e de pontuação. Entrevistado por um jornalista, Yaacov Orland disse que no encon-
A escrita de Francisco Costa Reis, quando utilizadas letras he- tro, Costa Reis vestia um terno com um escudo de David (Maguen
braicas de imprensa (quadráticas), é comparável à caligrafia de um Davi) dourado. Relatou que seu pai, Carlos Alberto da Costa Reis, era
escriba (Sofer) de textos sagrados. Na hora de escrever o hebraico em muito amigo do Dr. Aristides de Sousa Mendes, consul de Portugal em
letra manuscrita-cursiva, ele não deixa a desejar da escrita do cidadão Bordeaux durante a 2ª Guerra Mundial. O Dr. Aristides, foi um hasid
israelense bom conhecedor de sua língua. umot ha’olam por ter concedido milhares de vistos a judeus que
A maravilhosa história de Francisco Costa Reis, chegou inclusive fugiam do nazismo, a tal ponto que Salazar o demitiu. As histórias que
até a Associação de Escritores Israelenses, quando um dos seus mem- o pai contava sobre o Holocausto, sobre a Terra de Israel, e sobre
bros, Yaacov Orland, retornou de uma viagem à Ibéria. Orland visitara judeus em geral, teriam sido a semente que fez germinar seu amor a
Espanha e Portugal à procura de material para uma obra que estava Israel e pela lingua hebraica.
escrevendo, cuja trama principal acontecia na antiga cidade de Coim- Francisco Costa Reis esclarece que seu pai era um católico pro-
bra no século XII. fundamente convicto e praticante. Todas estas informações que seu
O poeta israelense já havia ouvido falar de Costa Reis por volta de pai lhe revelara, foram redigidas pelo próprio Costa Reis.
1984, através do embaixador de Israel em Lisboa, Gad Ronen, e sua É curioso ler que no seu curriculum vitae entregue a Yaacov
secretária Tzipora Rimon. Ambos funcionários tiveram a oportu- Orland, declara falar o esperanto (dover esperanto) e gagueja em he-
nidade de encontrar-se com este distinto intelectual portugues.
braico (megamguem be ivrit)...
Voltando de Portugal, Yaacov Orland recebeu de Rimon uma
E como se tudo isto fosse ainda pouco, entre os anos 1971 e 1973
tradução do português ao hebraico, feita por Costa Reis, de um pe-
Francisco Costa Reis serviu no exército português em Angola como
queno conto escrito pelo italiano Giovanni Pappini. Eram apenas três
oficial em uma divisão de combate. Ele é casado e tem duas filhas.
folhinhas manuscritas, manuscritas em “otiot defus” (hebraico de
Concluimos este breve artigo com as palavras do próprio Orland:
imprensa). A tradução era digna de destaque. Sem acreditar no que
“É gratificante ver como uma pessoa que cresceu e viveu fora do
seus olhos viam, Orland pensou seriamente numa proposta que teve
certa vez, de traduzir para o hebraico Os Lusíadas de Camões, o clás- âmbito judaico ou israelense, tenha um hebraico tão perfeito. A dife-
sico da literatura portuguesa. Pois então, por que não contar com o ta- rença entre ele e o já falecido tradutor gruzini (da Geórgia) Boris Dov
lento de Francisco Costa Reis para tal empreendimento? Gaponov, é, que este último bebeu do manancial judaico durante toda
O tempo passava, certo dia, Yaacov Orland recebeu uma carta do a sua infância; enquanto que Francisco Costa Reis não escutou nunca
embaixador Gad Ronen com aproximadamente 20 versos traduzidos uma palavra em hebraico e visitou Israel em 1980 apenas uma vez e
(português-hebraico) do poeta nacional Fernando Pessoa. O hebraico por poucos dias. Não há dúvida alguma que ele é mais que uma mera
escolhido pelo tradutor era formoso e a pontuação perfeita. Na parte final curiosidade. Esse homem é um fênomeno muito especial que como
da carta, ele mesmo assinava: Francisco de Assis Basto da Costa Reis. judeus devemos aproximar e fortalecer.”
Maria Amália
Aleixo dos Maria do Alberto Basto Alice Cabral
Reis Costa Viseu, 1872 Braga, 1870
Carmo
(de Lisboa) Coimbra, 1951 Coimbra, 1957
(de Bragança)
Francisco de
Assis Basto da
Costa Reis
(Viseu, 1937-)
Aniversário
No último 10 de agosto, completou 85 anos o escritor baiano Jorge
Amado, o autor brasileiro de maior vendagem e traduções no exte-
rior. Jorge Leal Amado de Faria, nascido em Auricídia, descende
pelo lado paterno de uma família de origem cristã-nova, de pecua-
ristas instalados às margens do Rio Real, desde os primeiros tempos
da colonização portuguesa. De Barnabé Amado, o primeiro antepas-
sado documentado, descendem através dos bisnetos, o coronel
Melchisedech Amado, chefe político em Estância (SE), e o coronel
João Amado, fazendeiro de cacau em Itabuna (BA), além de Jorge,
outros escritores e políticos importantes. São filhos de Melchise-
dech, o escritor, senador e diplomata Gilberto de Lima Azevedo
Sousa Ferreira Amado de Faria (1887-1969) e Genolino Amado
(1903-1989); e de João, Jorge e James Amado. Além de romancista,
Jorge Amado militou na política brasileira como deputado federal
constituinte por S. Paulo, quando apresentou (1947) lei garantindo
Jorge Amado
o livre exercício dos cultos religiosos no país. Tanto Jorge quanto
Genolino e Gilberto Amado pertencem à Academia Brasileira de
Letras.
IMPRESSO
GERAÇÕES / BRASIL, JANEIRO/98, vol 4, nº 1 • 17