BaseCurricular 2018 Geografia
BaseCurricular 2018 Geografia
BaseCurricular 2018 Geografia
CURRÍCULO DA CIDADE
Ensino Fundamental
COMPONENTE CURRICULAR:
GEOGRAFIA
Nestas páginas, vocês encontrarão discussões e objetivos essenciais que visam ao desenvol-
vimento integral dos estudantes, ao fortalecimento das políticas de equidade e à educação
inclusiva, além de garantir as condições necessárias para que sejam assegurados os direitos de
aprendizagem e desenvolvimento a todas as crianças e aos adolescentes das nossas escolas,
respeitando suas realidades socioeconômica, cultural, étnico-racial e geográfica.
Nosso propósito é que o Currículo da Cidade oriente o trabalho na escola e, mais especifi-
camente, na sala de aula. Para isso, faz parte de nossas ações de implantação a produção
de um volume com Orientações Didáticas e a de Materiais Didáticos, que complementam
as discussões deste currículo e apoiam as atividades diárias com os estudantes. A forma-
ção continuada dos profissionais da Rede também integra essas ações, pois é condição
para o salto qualitativo na aprendizagem dos nossos estudantes, premissa em que este
documento está fundamentado.
Trata-se, portanto, de um documento que se atualiza todos os dias nas diferentes regiões e nos
territórios da cidade. É parte de um processo que passará por transformações e qualificações a
partir das contribuições vindas da prática.
Sua participação, educadora e educador, é fundamental para que os objetivos deste Currículo
da Cidade deixem as páginas e ganhem vida!
Apresentação _____________________________________________________________________ 10
Currículo da Cidade: Orientações Curriculares para a Cidade de São Paulo .............................................................10
2
book.curriculo SME_GEOGRAFIA_AF.indb 8 17/11/17 18:26
PARTE 1
INTRODUTÓRIO
Diante disso, a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo – SME deu iní-
cio ao processo de atualização curricular em março de 2017, com a realização
de um seminário municipal, que reuniu diretores e coordenadores pedagógicos
de todas as escolas de Ensino Fundamental da Rede, professores de referência,
além de gestores e técnicos das Diretorias Regionais de Educação (DREs).
10 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 11
12 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 13
Ainda que reúnam características comuns, essas etapas da vida não podem
ser concebidas de forma homogênea, uma vez que também são influenciadas por 1. Lei nº 8.069/90.
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 15
16 CURRÍCULO DA CIDADE
[...] numa primeira síntese do que efetivamente representa, o currículo significa o seguinte:
é a expressão da função socializadora da escola; é um instrumento imprescindível para com-
preender a prática pedagógica; está estreitamente relacionado com o conteúdo da profissio-
nalidade dos docentes; é um ponto em que se intercruzam componentes e decisões muito
diversas (pedagógicas, políticas, administrativas, de controle sobre o sistema escolar, de ino-
vação pedagógica); é um ponto central de referência para a melhoria da qualidade de ensino.
(PACHECO, 2005, p. 37)
Currículos não são lineares: O currículo não é uma sequência linear, mas um con-
junto de aprendizagens concomitantes e interconectadas. Portanto, não é possível
defini-lo antecipadamente sem levar em conta o seu desenvolvimento no cotidiano
escolar (DOLL, 1997, p. 178). Ou seja, o currículo está estreitamente ligado ao dia a
dia da prática pedagógica, em que se cruzam decisões de vários âmbitos.
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 17
O professor transforma o conteúdo do currículo de acordo com suas próprias concepções episte-
mológicas e também o elabora em conhecimento “pedagogicamente elaborado” de algum tipo e
nível de formalização enquanto a formação estritamente pedagógica lhe faça organizar e acondi-
cionar os conteúdos da matéria, adequando-os para os alunos. (SACRISTÁN, 2000, p. 15).
18 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 19
20 CURRÍCULO DA CIDADE
A mesma autora ainda indica que todas essas perspectivas tendem a refletir
a realidade local e são influenciadas por peculiaridades de tempo, espaço, região,
circunstâncias sociais, econômicas e inclinações políticas e ideológicas. Segundo
ela, o que realmente precisa ser considerado é o desenvolvimento humano inte-
gral do estudante.
Educação integral como direito de cidadania supõe uma oferta de oportunidades educativas, na
escola e além dela, que promovam condições para o desenvolvimento pleno de todas as poten-
cialidades da criança e do jovem. Sua inclusão no mundo do conhecimento e da vida passa pela
garantia de um repertório cultural, social, político e afetivo que realmente prepare um presente
que fecundará todos os outros planos para o futuro. (GUARÁ, 2009, p. 77).
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 21
22 CURRÍCULO DA CIDADE
A equidade reconhece, aprecia e acolhe os padrões de sociabilidade das várias culturas que são
parte da identidade brasileira. Compreende que todos são diversos e que a diversidade é ine-
rente ao conjunto dos alunos, inclusive no que diz respeito às experiências que trazem para o
ambiente escolar e aos modos como aprendem.
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 23
24 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 25
26 CURRÍCULO DA CIDADE
Além disso, essa Matriz orienta o papel da SME, das equipes de formação dos
órgãos regionais, dos supervisores escolares, dos diretores e coordenadores pedagó-
gicos das escolas e dos professores da Rede Municipal de Ensino na garantia desses
saberes, sobretudo ao selecionar e organizar as aprendizagens a serem asseguradas
ao longo do Ensino Fundamental e fomentar a revitalização das práticas pedagógi-
cas, a fim de darem conta desse desafio. Ressalta-se que em publicação sobre direitos
de aprendizagem dos Ciclos Interdisciplinar e Autoral (2016), a SME já reconhecia a
importância de se estabelecer uma relação direta entre a vida e o conhecimento sobre
ela e de se promover a pluralidade e a diversidade de experiências no universo escolar.
28 CURRÍCULO DA CIDADE
2. Saberes historicamente acumulados que fazem sentido para a vida dos edu-
candos no século XXI e ajudam a lidar com as rápidas mudanças e incertezas em
relação ao futuro da sociedade.
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 29
30 CURRÍCULO DA CIDADE
Na escola, eu preciso
ser organizado 58.4%
ser responsável 63.5%
ser criativo 48.8%
colaborar nas atividades em grupo 45%
controlar a ansiedade 26.7%
cumprir as regras da escola 53.4%
outros 5.4%
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 31
32 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 33
2. Resolução de Problemas
Saber: Descobrir possibilidades diferentes, avaliar e gerenciar, ter ideias originais
e criar soluções, problemas e perguntas;
Para: Inventar, reinventar-se, resolver problemas individuais e coletivos e agir de
forma propositiva em relação aos desafios contemporâneos.
3. Comunicação
Saber: Utilizar as linguagens verbal, verbo-visual, corporal, multimodal, artísti-
ca, matemática, científica, LIBRAS, tecnológica e digital para expressar-se, par-
tilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e
produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo;
Para: Exercitar-se como sujeito dialógico, criativo e sensível, compartilhar sabe-
res, reorganizando o que já sabe e criando novos significados, e compreender o
mundo, situando-se em diferentes contextos socioculturais.
4. Autoconhecimento e Autocuidado
Saber: Conhecer e cuidar de seu corpo, sua mente, suas emoções, suas aspirações
e seu bem-estar e ter autocrítica;
Para: Reconhecer limites, potências e interesses pessoais, apreciar suas próprias
qualidades, a fim de estabelecer objetivos de vida, evitar situações de risco, adotar
hábitos saudáveis, gerir suas emoções e comportamentos, dosar impulsos e saber
lidar com a influência de grupos.
5. Autonomia e Determinação
Saber: Organizar-se, definir metas e perseverar para alcançar seus objetivos;
Para: Agir com autonomia e responsabilidade, fazer escolhas, vencer obstáculos
e ter confiança para planejar e realizar projetos pessoais, profissionais e de inte-
resse coletivo.
6. Abertura à Diversidade
Saber: Abrir-se ao novo, respeitar e valorizar diferenças e acolher a diversidade;
Para: Agir com flexibilidade e sem preconceito de qualquer natureza, conviver
harmonicamente com os diferentes, apreciar, fruir e produzir bens culturais
diversos, valorizar as identidades e culturas locais.
34 CURRÍCULO DA CIDADE
8. Empatia e Colaboração
Saber: Considerar a perspectiva e os sentimentos do outro, colaborar com os
demais e tomar decisões coletivas;
Para: Agir com empatia, trabalhar em grupo, criar, pactuar e respeitar princípios
de convivência, solucionar conflitos, desenvolver a tolerância à frustração e pro-
mover a cultura da paz.
9. Repertório Cultural
Saber: Desenvolver repertório cultural e senso estético para reconhecer, valorizar
e fruir as diversas identidades e manifestações artísticas e culturais e participar de
práticas diversificadas de produção sociocultural;
Para: Ampliar e diversificar suas possibilidades de acesso a produções culturais
e suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas,
sociais e relacionais, desenvolvendo seus conhecimentos, sua imaginação, criati-
vidade, percepção, intuição e emoção.
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 35
1. Erradicação da pobreza;
2. Fome zero e agricultura sustentável;
3. Saúde e bem-estar;
4. Educação de qualidade;
5. Igualdade de gênero;
6. Água potável e saneamento básico;
7. Energia Limpa e Acessível;
8. Trabalho decente e crescimento econômico;
9. Indústria, inovação e infraestrutura;
10. Redução das desigualdades;
11. Cidades e comunidades sustentáveis;
12. Consumo e produção responsáveis;
13. Ação contra a mudança global do clima;
14. Vida na água;
15. Vida terrestre;
16. Paz, justiças e instituições eficazes;
17. Parcerias e meios de implementação.
36 CURRÍCULO DA CIDADE
Proteger os os
Proteger recursos naturais
recursos e o clima
naturais do do
e o clima
nosso planeta
nosso parapara
planeta as gerações futuras
as gerações futuras
PP
PLANETA
PP
PESSOAS
PESSOAS
Garantir vidas prósperas e plenas,
em harmoniaGarantir vidas prósperas e plenas,
com a natureza
em harmonia com a natureza
PLANETA
PP
PARCERIAS
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Sustentável
SustentávelPROSPERIDADE
PPPROSPERIDADE
PARCERIAS
PP
Implementar a agenda
por meio de uma
Implementar
parceria a agenda
global sólida
por meio de uma PAZ
parceria global sólida
PAZ
Promover
sociedades
pacíficas, justas
Promover
e inclusivas
sociedades
pacíficas, justas
FONTE: : http://jornada2030.com.br/2016/08/10/os-5-ps/
e inclusivas
FONTE: : http://jornada2030.com.br/2016/08/10/os-5-ps/
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 37
38 CURRÍCULO DA CIDADE
CICLO DE ALFABETIZAÇÃO
40 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 41
CICLO AUTORAL
O Ciclo Autoral (7o ao 9o ano) destina-se aos adolescentes e tem como objetivo
ampliar os saberes dos estudantes de forma a permitir que compreendam melhor
a realidade na qual estão inseridos, explicitem as suas contradições e indiquem
possibilidades de superação. Nesse período, a leitura, a escrita, o conhecimento
matemático, as ciências, as relações históricas, as noções de espaço e de orga-
nização da sociedade, bem como as diferentes linguagens construídas ao longo
do Ensino Fundamental, buscam expandir e qualificar as capacidades de análise,
42 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 43
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 45
EIXOS
OBJETOS DE CONHECIMENTO
46 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 47
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 49
GESTÃO CURRICULAR
50 CURRÍCULO DA CIDADE
Criem as estratégias de ensino, definindo o que vão realizar, o que esperam que
seus estudantes façam e o tempo necessário para a execução das tarefas propos-
tas, lembrando que a diversidade de atividades enriquece o currículo;
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 51
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 53
54 CURRÍCULO DA CIDADE
AVALIAÇÃO AVALIAÇÃO
DIAGNÓSTICA CUMULATIVA
AVALIAÇÃO FEEDBACK
FORMATIVA devolutiva
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 55
56 CURRÍCULO DA CIDADE
58 CURRÍCULO DA CIDADE
em que:
EF Ensino Fundamental;
0X ano de escolaridade;
GXX Componente Curricular Geografia seguido da sequência de objetivos de
aprendizagem e desenvolvimento desse componente.
PARTE 1 –INTRODUTÓRIO 59
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PARTE 2
GEOGRAFIA
62 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 63
avançando-se para uma visão da Geografia como ciência social engajada e atuante num mundo
cada vez mais dominado pela globalização dos mercados, pelas mudanças nas relações de tra-
balho e pela urgência das questões ambientais e culturais. [...]. Além disso, relacionou os fenô-
menos sociais com a natureza apropriada pelos seres humanos, compreendendo as relações que
se estabelecem entre os eventos sociais, culturais, econômicos e políticos, em suas diferentes
escalas (SÃO PAULO, 2008, p. 74).
1. No caso de Geografia, a CENP
constituiu uma equipe de professo- Diante desses destaques, como pensar um documento curricular para a
res do Departamento de Geografia
da Faculdade de Filosofia, Letras e
situação geográfica das dimensões e importância territorial nacional e global da
Ciências Humanas da USP. Cidade de São Paulo?
64 CURRÍCULO DA CIDADE
uma cidade segregadora, capitalizada em todos os seus espaços, plural em sua forma-
ção socioespacial, ambientalmente sacrificada pela voragem do capital, mas também
rica em manifestações dos injustiçados e palco de importantes processos de transfor-
mação em curso (DAMIANI, 2004, p. 25).
PARTE 2 – GEOGRAFIA 65
66 CURRÍCULO DA CIDADE
Nesse sentido, o ensino de uma Geografia das sociedades pressupõe aceitar que
estamos frente a conceitos e problemas do mundo social, os quais sempre mudam, 3. BRASIL. Ministério da Educação.
Base Nacional Comum Curricular.
pois são dinâmicos. Significa captar as regularidades das lógicas sociais, políticas Proposta preliminar. Terceira versão.
e econômicas que configuram os territórios. Não se trata, então, de um espaço de Brasília: MEC, 2017.
PARTE 2 – GEOGRAFIA 67
68 CURRÍCULO DA CIDADE
“as palavras e os conceitos são vivos, escapam escorregadios como peixes entre as
mãos do pensamento, e como peixes movem-se ao longo do rio da História. Há quem
pense que pode congelar conceitos. Essa pessoa será quando muito um colecionador
de ideias mortas”.
PARTE 2 – GEOGRAFIA 69
70 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 71
72 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 73
Território
O território é um conceito fundamental quando se estuda a formação econômi-
ca, política e social de uma nação. Nesse sentido, é o trabalho social que qualifica
o espaço, gerando o território usado. Segundo Santos (2000b, p. 105), “território
não é apenas os limites da configuração de um Estado-Nação, mas sim o espaço
construído pela formação socioespacial, um campo de tensões e disputas”. Para
estudar o território, é necessário que os estudantes compreendam que os limi-
tes territoriais são variáveis e dependem da situação geográfica considerada. Por
exemplo, quando se estudam os arranjos econômicos mundiais, o que se entende
por território vai muito além do Estado nacional. Assim, o território deve abar-
car mais que a visão baseada no Estado-Nação, uma vez que, desde um quartei-
rão aterrorizado por uma gangue de jovens, até o bloco constituído pelos países
membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte — OTAN, são territórios
estabelecidos. Além disso, é preciso compreender que o território abrange a com-
plexidade e a diversidade dos usos sociais nem sempre harmônicos, por exemplo,
a diversidade de tendências econômicas, as ideias que circulam e determinam as
decisões políticas, a pluralidade de crenças, os sistemas de pensamento e tradi-
ções de diferentes povos e etnias, entre outros aspectos. É necessário reconhecer
que, apesar de uma convivência comum, múltiplas identidades coexistem num
território e, por vezes, influenciam-se reciprocamente, definindo e redefinindo
aquilo que poderia ser chamado de identidade nacional.
No caso específico do Brasil, o sentimento de pertencimento ao território nacio-
nal envolve a compreensão da diversidade cultural que aqui convive e que, mais do
que nunca, busca o reconhecimento de suas especificidades, daquilo que lhe é pró-
prio. O conceito de território possui uma relação bastante estreita com o de paisagem.
Considera-se o território um produto socialmente produzido, um resultado histórico
da relação de um grupo humano com o espaço que o abriga. O território é, portanto,
uma expressão da relação sociedade/espaço, sendo impossível de ser pensado sem o
recurso aos processos sociais. É algo criado pelos homens, é uma instituição.
Em Geografia, portanto, o território tem contornos geopolíticos ao se
74 CURRÍCULO DA CIDADE
Paisagem
O conceito de paisagem tem um caráter específico para a Geografia, distinto
daquele utilizado pelo senso comum ou por outros campos do conhecimento. É
PARTE 2 – GEOGRAFIA 75
Lugar
O conceito de paisagem, por sua vez, está relacionado à noção de lugar. Pertencer
a um território e à sua paisagem significa fazer deles o seu lugar de vida e esta-
belecer uma identidade com eles, dar-lhe sentido. O conceito de lugar traduz os
espaços com os quais as pessoas têm vínculos afetivos, subjetivos e simbólicos:
uma praça, onde se brinca desde menino; a janela de onde se vê a rua, o alto de
uma colina, de onde se avista a cidade etc. O lugar é onde estão as referências
pessoais e coletivas e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de
perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico.
Natureza
As visões de natureza acompanham a história cultural, e suas interpretações
marcam diversos campos científicos, entre eles as abordagens conceituais da
Geografia. A natureza também é um conceito do entendimento geográfico dos
processos naturais e da apropriação social como recurso, não apenas como
suporte e desvelamento de processos, mas como esses processos estão imbrica-
dos com a produção econômica e cultural. A natureza como conceito vem sendo
estudada pela Geografia de um lado pela produção de natureza (por exemplo, a
criação de espaços protegidos onde o uso é controlado por normas que definem
um futuro para o território usado) e, por outro, como entendimento da complexa
rede de interações do mundo físico, por meio dos estudos da dinâmica dos rele-
vos, das águas, dos climas e dos seres vivos.
As visões de natureza nos remetem às dicotomias e disjunções do pensamen-
to ocidental, do pensamento que coloca o homem como antinatural e do natu-
ral como artificial, quando — pelo trabalho — o homem transforma a nature-
za. Vivemos um momento de ressignificação, pois, como afirma Morin (2000),
quando discute a complexidade da natureza do homem:
76 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 77
Região
Região, conceito da Geografia clássica, aparece na Geografia Moderna em
meados do século XIX (BRITO, 2007 apud SÃO PAULO, 2016b). De início,
fundamentada nas características dos sistemas naturais, definia setores das
paisagens onde se identificava uma homogeneidade numa determinada esca-
la espacial. Brito (2007, p. 77) afirma que:
contrário do que parece, a região se torna ainda mais importante no mundo contemporâneo,
tendo em vista, em primeiro lugar, o tempo acelerado acentuando a diferenciação dos eventos,
aumentando a diferenciação dos lugares; em segundo lugar, já que o espaço se torna mundial,
o ecúmeno se redefine. Ainda segundo Santos (1988, p. 28), todos os lugares são virtualmente
mundiais, mas também exponencialmente diferentes dos demais (SANTOS, 1998, p. 196).
78 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 79
NATUREZA Cada período histórico é marcado por um determinado posicionamento filosófico em CARVALHO, Marcos B.
relação à concepção de natureza. As explicações e as definições de natureza acompanham HASSLER, Márcio L.
as concepções de mundo dependendo do grupo humano, do tipo de sociedade ou da LENOBLE, Robert
classe social de quem responde (CARVALHO, 1991). A forma de estudar e interpretar os MORIN, Edgar
sistemas naturais segue essa ampla gama de construções epistemológicas. A natureza é SANTOS, Milton
uma construção social da interpretação dos sistemas naturais. Em Geografia, estuda-se VITTE, Antonio C.
tanto os sistemas em si, como as ideias de natureza. A partir dessa construção humana, CIGOLONI, Adilar.
estabelecemos formas de concebê-la e de nos relacionarmos com o ambiente. Na atualidade, SCHELLMANN, Karin
evidencia-se em diversas áreas do conhecimento a eclosão de novas teorias (Teoria da VESENTINI, José W.
Auto-organização, Teoria da Complexidade, Teoria das Estruturas Dissipativas etc.) referentes WHITEHEAD, Alfred N.
a essas novas visões de mundo que consequentemente trazem consigo novas concepções
acerca da natureza. A Geografia trabalha com uma conceituação ampla de natureza:
funcional, simbólica, sagrada e produzida pelo capitalismo.
PAISAGEM A paisagem geográfica pode ser entendida como conjunto de objetos que definem arranjos CAVALHEIRO, Felisberto
espaciais que combinam diferentes tempos (SANTOS, 1998). Mas a paisagem pode também CLAVAL, Paul
adquirir o significado de produto da experiência vivida e herança da natureza (AB’SABER, LA BLACHE, Vidal
2003). Na visão ecológica da paisagem, ela é um conjunto estruturado e funcional de formas MONTEIRO, Carlos A. F.
que permitem identificar unidades homogêneas (MONTEIRO, 2001). SANTOS, Milton
TROLL, Carl
REGIÃO Conceito historicamente utilizado em Geografia, que inicialmente considerava os atributos CORRÊA, Roberto L.
naturais como diferenciados dos espaços geográficos. Corrêa (1989) considera região uma LENCIONE, Sandra
entidade concreta, resultado de múltiplas determinações. SANTOS, Milton
LA BLACHE, V.
MOREIRA, Ruy
GOMES, Paulo C.
RIBEIRO, Luiz A de M.
RUA, João
TERRITÓRIO O conceito de território pode ser definido a partir de distintos pontos de vista, pois a ANDRADE, Manuel C.
Geografia não tem exclusividade em relação a ele. Diversas áreas do conhecimento utilizam COSTA, Paulo G.
o conceito de território de acordo com sua própria perspectiva predominante. Por exemplo, HAESBAERT, Rogério
a Ciência Política tende a valorizar a perspectiva ligada às relações de poder, principalmente MORAES, Antonio Carlos R.
no que diz respeito aos Estados; a Antropologia tende a valorizar aspectos ligados à cultura SANTOS, Milton
e ao simbolismo dos povos; a Biologia considera os aspectos naturais; a Psicologia, as
dimensões da construção da identidade do indivíduo. Na Geografia, território é o produto da
materialidade técnica das sociedades. É também campo de forças políticas onde as ações
humanas constroem as marcas de sua produção e projetam sua cultura.
80 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 81
82 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 83
84 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 85
86 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 87
88 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 89
CICLO DE ALFABETIZAÇÃO
90 CURRÍCULO DA CIDADE
PARTE 2 – GEOGRAFIA 91
Sujeito e seu lugar no mundo Desenvolvem-se as primeiras noções de pertencimento contextualizadas cultura e
espacialmente. Construímos múltiplas identidades que são históricas, sociais, políticas,
econômicas, culturais e afetivas, entre outras. Destacam-se a Lei 10.639/03, que versa sobre o
ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na formação da sociedade brasileira, e a
Lei 11.645/08, que regulamenta a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira
e Indígena em todos os níveis de ensino.
Organização territorial no Trabalha-se a produção do espaço por meio da leitura do cotidiano pela criança. A organização
tempo e no espaço territorial, ou a “assinatura territorial”, é resultado de diferentes disputas localizadas no tempo e
espaço social, a exemplo de São Paulo, uma cidade multifacetada, multiescalar e multitemporal.
Formas de representação Desenvolvem-se as primeiras noções espaciais, os primeiros conceitos, o alfabeto cartográfico
e pensamento espacial e os processos de raciocínio adequados a esta faixa etária. A alfabetização cartográfica inicia-se
pelas primeiras noções de posição, distância, referenciais espaciais, suportes etc. O pensamento
espacial é abrangente, pois constitui um tipo de pensar que se apoia em “conceitos espaciais”,
instrumentos de representação em vários suportes físicos e digitais e processos de raciocínio”
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC, 2006).
Natureza, ambientes É enfocada a percepção dos fenômenos da natureza que as crianças possam observar
e qualidade de vida empiricamente, tais como as condições do tempo pela leitura da atmosfera, os tipos de solos
pela vivência na terra etc. Também são trabalhados os espaços livres e áreas verdes do lugar
de vivência da criança, iniciando o estudo sobre a função desses espaços na qualidade de vida.
Aborda-se a questão da qualidade ambiental por meio do estudo do consumo, desperdício e
descarte inadequado de resíduos.
Trabalho e formação Inicia-se com os primeiros entendimentos sobre o trabalho na família e na escola, buscando
socioespacial começar o estudo da Cidade de São Paulo e da sua estrutura urbana. O modelo centro-periferia,
a precarização das dos segmentos de menor poder aquisitivo e a infraestrutura são abordados
nesse eixo.
92 CURRÍCULO DA CIDADE
O SUJEITO E t A escola como lugar (EF01G01) Descrever características percebidas de seus lugares de
SEU LUGAR NO de vivência vivência (moradia, escola etc.) e identificar semelhanças e diferenças
MUNDO t O lugar de vivência: entre esses lugares, analisando se contemplam a acessibilidade de
a moradia, a rua todos (pessoas com deficiência, idosos, pessoas com mobilidade
onde vivo, vizinhos e reduzida etc.).
amigos do bairro
t Os lugares de brincar (EF01G02) Discutir e elaborar, coletivamente, regras de convívio
e passear nos diferentes espaços do cotidiano do estudante (espaços de lazer,
escola, casa, praças etc.) e em diferentes situações (jogos, brincadeiras
etc.), pensando no respeito à diversidade.
ORGANIZAÇÃO t Paisagem onde vivo (EF01G03) Perceber as construções do entorno da escola e comparar
TERRITORIAL t Vida cotidiana as diferenças e semelhanças entre elas, identificando os tipos de
NO TEMPO E NO t Desenho da moradia observados na comunidade onde vive.
ESPAÇO paisagem
t Meios de locomoção (EF01G04) Conhecer diferentes tipos de moradia em sua comunidade
e outros lugares (população ribeirinha, comunidades indígenas, outros
bairros da cidade etc.).
PARTE 2 – GEOGRAFIA 93
NATUREZA, t Primeiras noções de (EF01G11) Ler imagens, identificando a presença da natureza e das
AMBIENTES E paisagem ações humanas em seu cotidiano e reconhecer aspectos naturais
QUALIDADE DE t Os ritmos da natureza do meio ambiente do local de moradia (mais construído, menos
VIDA e sua relação com construído, áreas verdes, formas de vida, noções de relevo, noções de
vestuário, hábitos tipos de tempo etc.).
alimentares,
paisagem e (EF01G12) Perceber (por meio dos vários sentidos) e identificar os
calendário ritmos da natureza (dia e noite e as variações climáticas), a partir dos
lugares de vivência da criança.
94 CURRÍCULO DA CIDADE
O SUJEITO E t Formação do bairro (EF02G01) Reconhecer os vínculos afetivos que construímos nos espaços
SEU LUGAR NO t Costumes e de vivência, tais como a escola, o bairro, a rua, a cidade, entre outros,
MUNDO tradições do bairro pensando nas semelhanças e diferenças dos usos desses espaços.
t História da
migração na (EF02G02) Conhecer a história das migrações no bairro ou
construção do comunidade em que vive, registrando por meio de desenhos,
bairro tabelas e gráficos simples.
ORGANIZAÇÃO t Mapa do município (EF02G04) Conhecer outros bairros da Cidade de São Paulo, por meio de
TERRITORIAL e seus bairros mapas e ilustrações.
NO TEMPO E NO t Meios de
ESPAÇO transportes: riscos (EF02G05) Identificar e compreender os sinais de trânsito e do transporte
e cuidados na público (cores, símbolos, placas e faixas de pedestres, assentos
sua utilização preferenciais etc.).
PARTE 2 – GEOGRAFIA 95
TRABALHO E t Tipos de trabalho (EF02G15) Relacionar o dia e a noite a diferentes tipos de atividades
FORMAÇÃO em lugares e sociais (horário escolar, comercial, sono, brincar, estudar em casa etc.).
SOCIOESPACIAL tempos diferentes
t Recursos naturais (EF02G16) Identificar os recursos da natureza (madeira, areia, argila, brita
etc.) na construção e na produção da moradia, das ruas, dos edifícios
institucionais etc.
96 CURRÍCULO DA CIDADE
O SUJEITO E t A cidade e o campo: (EF03G01) Identificar e comparar aspectos culturais dos grupos sociais
SEU LUGAR NO aproximações e em seus lugares de vivência, seja na cidade ou no campo.
MUNDO diferenças
t Riscos e cuidados
nos meios de
comunicação (EF03G02) Comparar alguns meios de comunicação, indicando o seu
papel na conexão entre pessoas e lugares e discutindo a acessibilidade,
os riscos para a vida e os cuidados em seu uso.
FORMAS DE t Noções de projeção (EF03G06) Localizar, nos desenhos dos trajetos, informações como
REPRESENTAÇÃO e de representação endereços, nomes de ruas, pontos de referência etc. e elaborar maquete
E PENSAMENTO bidimensional e que represente os lugares de vivência, como bairro e cidade, destacando
ESPACIAL tridimensional os pontos de referência.
t Leitura e produção
de mapas temáticos (EF03G07) Identificar imagens bidimensionais e tridimensionais em
simples diferentes tipos de representações cartográficas em diferentes suportes
t Mapa de ruas e tecnologias digitais.
do município
(EF03G08) Reconhecer e elaborar legendas com símbolos de diversos
tipos de representações em diferentes escalas cartográficas.
PARTE 2 – GEOGRAFIA 97
NATUREZA, t A natureza como (EF03G11) Conhecer algumas atitudes favoráveis para a sustentabilidade
AMBIENTES E fonte de recursos ambiental no cotidiano.
QUALIDADE DE t Impacto das
VIDA atividades humanas,
recursos naturais
e a conservação
ambiental (EF03G12) Identificar a produção de resíduos domésticos e da escola
aos problemas causados no ambiente e alterações socioambientais.
98 CURRÍCULO DA CIDADE
CICLO INTERDISCIPLINAR
PARTE 2 – GEOGRAFIA 99
Organização territorial A partir da organização administrativa do município, o estudante pode identificar relações
no tempo e no espaço entre os processos da formação étnico-cultural e hibridismo cultural de São Paulo e reconhecer
especificidade do Estado no território e o processo de urbanização.
Natureza, ambientes Observação dos sistemas naturais, como as primeiras noções de ciclo hidrológico e a
e qualidade de vida importância da água no cotidiano. Identificação dos parâmetros simples que indicam a
qualidade ambiental e a qualidade de vida.
Trabalho e formação Estudos sobre o trabalho no campo e na cidade, com enfoque nas relações de
socioespacial interdependência e integração, por meio da circulação de mercadorias e matérias-primas.
Estudos sobre inovações no trabalho no campo e na cidade. Estudos sobre o trabalho infantil
e o “Estatuto da Criança e do Adolescente”.
ORGANIZAÇÃO t Estado de São Paulo (EF04G04) Identificar e reconhecer os diferentes arranjos produtivos e
TERRITORIAL t Unidades político- ambientais do Estado de São Paulo.
NO TEMPO E NO administrativas do
ESPAÇO Brasil
t Territórios
étnico-culturais
ORGANIZAÇÃO t Território: redes e (EF05G04) Identificar as formas e funções da Cidade de São Paulo e
TERRITORIAL urbanização analisar as mudanças sociais, econômicas e ambientais provocadas pelo
NO TEMPO E NO seu crescimento.
ESPAÇO
CICLO AUTORAL
Neste ciclo, o estudante deverá ser capaz de ter uma postura crítica e analítica em
relação à realidade em que vive e desenvolver um olhar investigativo, propon-
do uma ação de intervenção por meio da conclusão da socialização do Trabalho
Colaborativo de Autoria – TCA, acompanhado sistematicamente pelo professor,
bem como durante as atividades realizadas ao longo deste ciclo.
A Geografia tem como proposta a compreensão da construção e reconstru-
ção do espaço geográfico como resultado das relações entre o homem e o meio,
a partir da análise dos fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ecológico-
-ambientais e técnico-científicos que permeiam a formação das sociedades huma-
nas no processo histórico. Tal compreensão objetiva conscientizar o estudante
sobre sua posição como agente das transformações que se refletem no tempo,
nas redes e recortes regionais, político-territoriais e locais do espaço geográfico.
Nesse sentido, o ensino da Geografia deve buscar a construção do conhecimento
geográfico que possibilite o pleno desenvolvimento dos espaços, o funcionamen-
to da natureza, assim como o desenvolvimento integral da humanidade como
agente transformador consciente e cidadão de um mundo sustentável.
A Geografia traz, neste momento, grandes possibilidades de ampliação das
escalas de entendimento do mundo por meio dos estudos regionais, abordando
problemáticas internacionais e problematizando os cenários que o mundo con-
temporâneo apresenta, tais como: os contextos raciais e o acirramento das desi-
gualdades regionais, as migrações e os conflitos étnicos e por recursos naturais,
os desastres naturais e a divisão desigual das riquezas, o papel que alguns países
assumem na produção econômica mundial, as guerras etc. As escolhas podem
ser múltiplas, mas a questão é como estudar a Geografia regional sem cair nos
compilados descritivos das características dos países.
Neste ciclo, ampliam-se as possibilidades de repertório, re-situando e revi-
sitando algumas questões geográficas já estudadas em ciclos anteriores para a
elaboração de projetos de estudos colaborativos e autorais sobre o mundo em
seus vários recortes regionais.
Esse é um grande desafio, pois se trata de ensinar sobre realidades distan-
tes, mas que se apresentam de modo fragmentado a todo momento em nosso
cotidiano. Neste ciclo, espera-se que estudantes e professores tenham a dis-
ponibilidade, a curiosidade e as habilidades para a elaboração do Trabalho
Colaborativo de Autoria. Em Geografia, há uma grande potencialidade, pois a
participação com autoria e responsabilidade na vida em sociedade vem sendo
trabalhada desde os ciclos anteriores.
Nesse percurso, o constructo humano é pensado sempre como forma de inter-
venção no mundo. Esse pressuposto está colocado na concepção de área. Do mesmo
modo, a pesquisa e os trabalhos de campo são estratégias metodológicas que, neste
ciclo, podem se ampliar. As capacidades de leitura e escrita, nesta faixa etária, favore-
cem as atividades com textos e mapas sobre o estado do mundo. Espera-se que o estu-
dante já consiga produzir mapas e composições temáticas sobre os temas estudados.
Organização territorial O Brasil possui uma formação territorial singular que influi nas dinâmicas sociais,
no tempo e no espaço econômicas e ambientais. Darcy Ribeiro costumava dizer que são as matrizes
culturais, econômicas, culturais e ambientais que formam o povo brasileiro. Neste
eixo, estuda-se as características do povo brasileiro, a distribuição territorial e a
diversidade étnico-cultural. Também se aborda a questão do Estado e os processos
de ordenamento territorial mundial. São tematizadas questões que envolvem o
Ocidente e o Oriente.
Formas de representação O estudante como leitor de mapas é o foco neste eixo. São apresentadas as noções
e pensamento espacial de região e critérios de regionalização do Brasil e do Espaço mundial.
Natureza, ambientes A divisão regional da paisagem é estudada por meio da classificação por
e qualidade de vida Domínios Morfoclimáticos e Paisagens Naturais. São aprofundadas as questões
da Sustentabilidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. No cenário
mundial, são discutidas as transformações na América (com destaque para América
Latina), África, Ásia, Oceania e Europa.
Trabalho e formação Neste item, pretende-se caminhar para a leitura dos desafios da exploração
socioespacial dos recursos naturais, a mobilidade espacial em várias escalas e as sociedades
urbano-industriais.
ORGANIZAÇÃO t Formação territorial (EF07G04) Analisar as transformações que ocorrem nas taxas de
TERRITORIAL do Brasil crescimento populacional do Brasil, as mudanças em sua pirâmide etária
NO TEMPO t Características da e as consequências socioeconômicas dessas mudanças.
E NO ESPAÇO população brasileira
t As diferentes (EF07G05) Reconhecer as territorialidades indígenas, de remanescentes
territorialidades no de quilombolas, de povos das florestas e do cerrado, de ribeirinhos e
território Brasileiro caiçaras, entre outros grupos sociais do campo e da cidade, como direitos
legais dessas comunidades.
FORMAS DE Mapas temáticos (EF07G07) Compreender a noção básica de região, para discutir
REPRESENTAÇÃO do Brasil e analisar os critérios de regionalização do Brasil.
E PENSAMENTO
ESPACIAL (EF07G08) Interpretar e elaborar mapas temáticos e históricos, com
informações demográficas e econômicas do Brasil (cartogramas),
identificando padrões espaciais, a dinâmica dos fluxos populacionais,
regionalizações e analogias espaciais.
TRABALHO E t O processo produtivo (EF08G15) Analisar as mudanças ocorridas nas relações de trabalho
FORMAÇÃO do espaço agrário e com a inserção dos novos movimentos migratórios e o uso das atuais
SOCIOESPACIAL urbano/industrial tecnologias no processo produtivo das sociedades Americanas e
t Globalização, Africanas.
mundialização do
capital, corporações
e organizações (EF08G16) Analisar a influência do desenvolvimento científico e
econômicas mundiais tecnológico na caracterização econômica do espaço mundial, em
e a atual Divisão especial na América e na África.
Internacional do
Trabalho
t A dominação colonial
europeia e sua (EF08G17) Relacionar o processo de urbanização às transformações
herança no processo da produção agropecuária, à expansão do desemprego estrutural
produtivo econômico e ao papel crescente do capital financeiro em diferentes países do
do mundo do continente Americano e Africano.
trabalho na América
e África
(EF08G18) Compreender o processo histórico de formação econômica/
produtiva da América e da África a partir da dominação colonial
europeia.
FORMAS DE Cartografia: anamorfose, (EF09G09) Identificar a taxonomia dos relevos e interpretar blocos,
REPRESENTAÇÃO croquis e mapas diagramas e esquemas visuais, acerca da Europa e da Ásia.
E PENSAMENTO temáticos da Europa,
ESPACIAL Ásia, África e Oceania
(EF09G10) Produzir e interpretar cartogramas, mapas esquemáticos
(croquis) e anamorfoses sobre Europa, Ásia, África e Oceania.
NATUREZA, t Recursos naturais (EF09G13) Compreender as formações dos recursos naturais e sua
AMBIENTES E t Acordos espacialização na Europa, Ásia, África e Oceania.
QUALIDADE DE internacionais do
VIDA meio ambiente (EF09G14) Reconhecer a participação do Brasil nas grandes conferências
e acordos internacionais sobre o meio ambiente.
TRABALHO E t Recursos naturais, (EF09G16) Compreender o processo de formação dos recursos minerais,
FORMAÇÃO produção e seu uso e consequências para a indústria e o trabalho, comparando a
SOCIOESPACIAL economia: agentes situação econômica entre os países que possuem matéria-prima e os que
transformadores e detêm a tecnologia.
organizadores do
espaço geográfico
na sociedade (EF09G17) Compreender e analisar o papel dos blocos econômicos e
urbano-industrial geopolíticos tendo como referência a divisão internacional do trabalho e a
(consumismo) nova ordem econômica.
t Circulação de
pessoas, mercadorias
e informação
t Inovações técnicas e (EF09G18) Analisar as diferentes formas de produção, circulação e
tecnológicas: causa consumo para compreender a organização política e econômica das
e consequência dos sociedades europeias.
determinantes da
dinâmica econômica
mundial
(EF09G19) Relacionar as mudanças técnicas e científicas decorrentes
do processo de industrialização com as transformações no trabalho em
diferentes regiões do mundo.
Se as atividades são as unidades básicas da prática edu- [...] há uma série de princípios nos quais as diferentes correntes
cativa, são as sequências didáticas que formam as uni- estão de acordo: as aprendizagens dependem das características
dades fundamentais de um ensino que vise à aprendi- singulares de cada um dos aprendizes; correspondem, em gran-
zagem significativa: apenas um determinado conjunto de parte, às experiências que cada um viveu desde o nascimen-
coerente e lógico de atividades sequenciadas é capaz to; à forma como se aprende e o ritmo da aprendizagem variam
de explicitar e articular os momentos fundamentais de segundo as capacidades, motivações e interesses de cada um dos
planejamento, aplicação e avaliação da prática educa- meninos e meninas; enfim, a maneira e a forma como se pro-
tiva. Segundo Zabala, as sequências didáticas são ati- duzem as aprendizagem são resultados de processos que sempre
vidades ordenadas e articuladas para a “realização de são singulares e pessoais. (ZABALA, 1998, p. 34).
certos objetivos educacionais, que têm um princípio e
um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos A atenção à diversidade é um consenso educacio-
estudantes” (ZABALA, 1998, p. 18). nal entre as várias correntes teóricas, mas é, na prática,
O que estrutura, afinal, uma sequência didáti- um aparente óbvio. É mais evidente para algumas dis-
ca? São os objetos de conhecimento e os objetivos de ciplinas do que para outras: para a Geografia, que lida
aprendizagem e desenvolvimento. Para objetivos liga- com conteúdos do espaço, procedimentais e compor-
dos à memorização de fatos e datas, uma sequência tamentais, aceitamos imediatamente, pela experiência
tradicional de aula expositiva, leitura, exercícios de vivida, a atenção à diversidade e adotamos um modelo
fixação e prova pode ser bastante suficiente. Para aque- de ensino mais complexo e dinâmico (como no exem-
les ligados à articulação de atitudes de respeito e pre- plo do trabalho de campo).
servação ambiental, de conceitos socioambientais e de O currículo de Geografia na escola trabalha
procedimentos de pesquisa e investigação científicas com uma fundamentação teórica que procura aten-
visando à publicação de resultados para comunidade, der à diversidade de situações de aprendizagem
um modelo de avaliação processual (autoavaliação (étnica, das deficiências, das condições socioeco-
individual e coletiva) e final (trabalho de síntese) pode, nômicas etc.), de forma a torná-la, o mais possí-
então, ser mais adequado do que o primeiro. vel, uma aprendizagem que faz sentido para a vida.
Descobrimos facilmente a linha de ensino ou os Considera, evidentemente, que além da diversida-
efetivos objetivos de aprendizagem de uma instituição de de situações temos também outro componente.
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