Tese de Mestrado
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Tese de Mestrado
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
São Leopoldo
2009
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MARIA EFIGÊNIA DALTRO COELHO
São Leopoldo
2009
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Data:
_______________________________________________________________
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“Eu dormi e sonhei que a vida era alegria.
Eu acordei e vi que a vida era dever.
Eu agi e vi que o dever era alegria”.
(Rabindranath Tagore)
Dedico esta dissertação,
em memória,
a meu esposo, Sebastião Bastos Coelho,
que sempre esteve ao meu lado,
dando-me força e estímulo;
a meu filho, Rafael Daltro Coelho,
constantemente presente em meu coração,
sempre me incentivando e aplaudindo durante minha trajetória.
AGRADECIMENTOS
À Prof.ª Dr.ª Elaine Gleci Neuenfeldt, orientadora desta Dissertação, por todo
empenho e compreensão e sábias idéias que contribuíram para a conclusão
deste trabalho;
À Prof.ª Dr.ª Gisela Streck, pelo carinho, atenção e acolhimento;
A meu amigo, irmão e companheiro Gedean Ribeiro, por sua ajuda, interesse e
estímulo;
A meu amigo, filho Marcelo Máximo, por sua colaboração e apoio;
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
elaboração desse trabalho.
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A meu amigo, irmão Ulysses Rezende Neto, sempre presente em minha vida,
aconselhando e apoiando em todas as horas, o responsável por minha
presença no Mestrado. Obrigada por você fazer parte de minha vida.
RESUMO
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
1 EDUCAÇÃO, RELIGIÃO E CULTURA .......................................................... 13
1.1 Educação................................................................................................ 14
1.2 Religião................................................................................................... 17
1.3 Cultura .................................................................................................... 24
2 DIVERSIDADES E TRADIÇÕES RELIGIOSAS............................................ 27
2.1 As principais tradições religiosas no Brasil ............................................. 28
2.1.1 Catolicismo no Brasil........................................................................ 28
2.1.2 Evangélicos e pentecostais: brasileiros............................................ 30
2.1.3 Espiritismo kardecista no Brasil ....................................................... 33
2.2 Diversidades e tradições religiosas de matriz africana ........................... 34
2.2.1 Umbanda/Candomblé ...................................................................... 35
2.3 Diversidade e intolerância....................................................................... 38
3 ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL................................................................ 42
3.1 Uma visão panorâmica ........................................................................... 42
3.2 O que é Ensino Religioso ....................................................................... 45
3.3 Pistas para a superação da intolerância no Ensino Religioso ................ 48
3.4 Formação e práticas docentes................................................................ 51
CONCLUSÃO................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS................................................................................................ 57
INTRODUÇÃO
1
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n. 9.394. Brasília, 20 dez. 1996. Art. 33.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 17 abr. 2009.
2
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei n.
9.475. Brasília, 22 jul. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l9475.htm>.
Acesso em: 12 mai. 2009.
12
1.1 Educação
3
COTRIM, Gilberto; PARISI, Mário. História e filosofia da educação. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
1982. p. 14.
4
SKINNER, Burrhus Frederic. Tecnologia do ensino. São Paulo: EDUSP, 1972.
5
GROOME, Thomas H. Educação religiosa cristã. São Paulo: Paulinas, 1985.
6
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, 1996, Art. 1º.
7
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis: Vozes,
1998.
15
aqui onde o Ensino Religioso fundamenta sua natureza: o ser humano para adquirir
seu estado de realização integral necessita também da perfeição religiosa.
Todo processo educacional deve ter seus fins. Sem isto, não há razão de ser
no ato educativo. Não ter finalidade na educação é como caminhar sem saber para
onde se está indo. Outrossim, passando rapidamente os olhos e ouvidos na história,
há de se observar que as finalidades da educação são algo que está condicionado a
vários fatores, especialmente, os culturais, sociais, políticos e econômicos de uma
nação.
O ser humano não deve ser visto como um depósito pronto para receber
informações. O ser humano, é verdade, recebe informações, mas não simplesmente
como um ser passivo; ele recebe informações sob o ângulo do ser processador, que
sente com a palavra escrita e falada, que se emociona com o que diz e com o que
ouve. O ser humano deve ser visto como ser que se emociona etimologicamente, ou
seja, toda e qualquer palavra tem sido, peso, significado, ação e ocupa espaço na
vida do ser humano. A educação tem que levar os seres humanos ao encontro com
a fraternidade.
8
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 38. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 52.
17
1.2 Religião
Essas pessoas do mundo Pré-Moderno eram cristãs, mas não eram cristãs
num sentido moderno: não pertenciam a uma denominação. Somente com a reforma
religiosa do século XVI, entende-se cristianismo como uma idéia de adesão a uma
comunidade de fé. Isso é novidade em termos de cristianismo, em termos de
religião, mas faz parte do mundo moderno. Para esclarecer isso, está o exemplo de
Lutero e no uso que ele faz do conceito “vocação”. Lutero fala em vocação no
mundo. Antes se saía do mundo para viver vocação; agora cada um tem sua
vocação no mundo.11
9
DREHER, Martin N. A igreja latino-americana no contexto mundial. São Leopoldo: Sinodal,
1999.
10
DREHER, 1999.
11
DREHER, 1999.
18
Nesse sentido, a religião deixa de ser uma questão social para ser questão
pessoal, passando o conceito “conversão” a adquirir um significado todo especial.
Na passagem da Pré-Modernidade para a Modernidade e desta para a Pós-
Modernidade há uma mudança qualitativa de religião.13
16
DREHER, 1999.
17
CURY, Carlos Roberto Jamil. Ensino religioso na escola pública: o retorno de uma polêmica
recorrente. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, set./dez. 2004, p. 188.
18
CURY, 2004, p. 188.
19
BENKO, A. Psicologia da religião. São Paulo: Loyola, 1998.
20
20
BENKO, 1998.
21
BENKO, 1998.
22
BENKO, 1998.
21
Alguns entendem religião como re-ligare, dando o sentido de reatar. Ela tem
a função de aproximar pessoas que alimentam crenças comuns, Ela, neste sentido,
é simbólica, enquanto une, dá sentido e significado comum a um grupo. Outros
entendem religião como relegere, isto é, reler, observar conscienciosamente. Cícero
dirá que a palavra religião vem do verbo legere: ler. E os sacerdotes antigos eram
considerados intelectuais que detinham vários saberes: os ritos, as leis divinas e a
moral que delas derivava. A definição de religião, contudo, precisa partir de um
pressuposto fundamental: a noção de sagrado.23
A religião pode ser definida como o elo entre o ser humano e o sagrado. Ela
estabelece o vínculo do ser humano com o Transcendente (Deus). O termo
“sagrado” é básico para entender uma tradição religiosa. É necessário, portanto,
defini-lo, diferenciá-lo de outros conceitos e caracterizá-lo. Em sua estrutura
23
DELUMEAU, Jean; MELCHIOR-BONNET, Sabine. De religiões e de homens. São Paulo: Loyola,
2000. p. 11.
24
OTTO, Rudolf. O sagrado. São Leopoldo: Sinodal, 2007.
25
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes,
1992.
22
26
CHIAVEGATO, Augusto José. Homem hoje. São Paulo: Cortez e Moraes, 1979. p. 56.
27
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
23
28
LIBÂNIO apud CHIAVEGATO, 1979, p. 67.
29
CHIAVEGATO, 1979, p. 67.
30
BOFF, Leonardo. Ethos mundial: um consenso mínimo entre os humanos. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003. p. 102.
24
por diversos grupos humanos. Deve-se refletir a relação entre religião e cultura, pois
abrem paradigmas diferentes, contextos desconhecidos e incita o diálogo, o
respeito, a diversidade e a busca da unidade fundamental entre os seres humanos.
Essas indagações vão se dificultando cada vez mais num mundo moderno
marcado pela industrialização, pela técnica, pela secularização e pelo materialismo.
O ser humano sempre vai desenvolvendo novas formas de se relacionar e, perante
suas indagações, constrói conhecimentos que lhe permitem interferir no meio e em
si próprio. E o conjunto dessas suas atividades e conhecimentos representa o ser
humano dotado de outro nível de relações: a Transcendência. Em toda produção de
cultura, desencadeada sempre pela tentativa de superação de suas limitações, está
presente o religioso. Pode-se afirmar que cada cultura tem em sua estruturação e
manutenção o substrato religioso que a caracteriza e o unifica à vida coletiva diante
de seus desafios e conflitos.
1.3 Cultura
31
ALVES, Rubem. O que é religião? São Paulo: Loyola, 2005. p. 20.
32
CATÃO, Francisco. A educação no mundo pluralista: por uma educação da liberdade. São
Paulo: Paulinas, 1993a. p. 4.
26
33
GUIMARÃES, Marcelo Rezende. Um mundo novo é possível. São Leopoldo: Sinodal, 2004. p.
36.
28
34
MARIZ, Cecília Loreto. Catolicismo no Brasil contemporâneo: reavivamento e diversidade. In:
TEIXEIRA, Faustino; MENEZES, Renata (Orgs.). As religiões no Brasil: continuidades e
rupturas. Petrópolis: Vozes, 2006. p. 65.
35
DREHER, 1999.
31
36
MENDONÇA, Antônio Gouvêa. Evangélicos e pentecostais: um campo religioso em ebulição. In:
TEIXEIRA, Faustino; MENEZES, Renata (Orgs.). As religiões no Brasil: continuidades e
rupturas. Petrópolis: Vozes, 2006. p. 94-95.
32
37
BOBSIN, Oneide. Tendências religiosas e transversalidade: hipóteses sobre a transgressão de
fronteiras. In: BOBSIN, Oneide. Correntes religiosas e globalização. São Leopoldo: CEBI;
Curitibanos: PPL, 2002.
33
O espiritismo, criado pelo pedagogo francês Allan Kardec, foi utilizado pela
primeira vez na introdução do Livro dos Espíritos em 1857. O termo espiritismo
kardecista nasceu da necessidade de alguns em distinguir o espiritismo dos cultos
afro-brasileiros, como a Umbanda. Devido às represálias que sofreram
especialmente no período da ditadura militar, passaram a se auto-intitular espíritas,
num desejo de legitimar e consolidar este movimento religioso.
39
LEWGOY, 2006, p. 174.
35
2.2.1 Umbanda/Candomblé
40
PRANDI, Reginaldo. Os candomblés de São Paulo. São Paulo: Hucitec, 1991. p. 5.
41
PRANDI, Reginaldo. Raça e religião. In: PRANDI, Reginaldo. Herdeiros do axé: sociologia das
religiões afro-brasileiras. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 64.
36
brasileiras, muitas das quais no Sudeste, onde antes dos anos 1960 ele não
passava de uma referência cultural regional para quem voltasse os olhos curiosos
em direção à Bahia.
42
PRANDI, 1991, p. 20.
37
religioso africano que paradoxalmente não é mais o passado real de grande parte
dos seus adeptos individualmente tomados. Ainda que todos eles religiosamente
estejam cada vez mais africanizados.
43
PRANDI, 1991, p. 75, 77.
38
O Brasil não pode ser considerado como um país cristão tão somente pela
imposição de seus primeiros colonizadores, que trouxeram um cristianismo através
de um tipo de catolicismo de características medievais, ou seja, indulgente,
inquisitório e intolerante ao qual o brasileiro fora iniciado. Aqui existia um povo,
considerado selvagem pelos estrangeiros, cujos integrantes tinham uma
organização social e religiosa. Adoravam e veneravam seus deuses e os espíritos
da mata tinham seus ritos e crenças. A religião indígena foi a primeira a ser cultuada
em solo brasileiro. No período da colonização, com a chegada do cristianismo, os
portugueses cristãos, tentaram catequizar os indígenas brasileiros, e convertê-los ao
cristianismo europeu, não respeitando sua religiosidade.
vinda dos imigrantes europeus para o Brasil, e ainda com a promessa de que aqui
teriam terras para trabalhar e liberdade para professar a sua fé.
44
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Constituição da
República Federativa do Brasil. Brasília, 05 out. 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 17 abr. 2009.
3 ENSINO RELIGIOSO NO BRASIL
45
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição
política do Império do Brazil. Rio de Janeiro, 25. mar. 1824. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao24.htm>. Acesso em: 12 mai. 2009.
43
46
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da
República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, 24. fev. 1891. Art. 72, § 6º. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao91.htm>. Acesso em: 12 mai.
2009.
47
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da
República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, 16. jul. 1934. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao34.htm>. Acesso em: 12 mai. 2009.
48
FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. O ensino religioso no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 10-11.
44
49
FIGUEIREDO, 1996, p. 11-12.
50
FIGUEIREDO, 1996, p. 12.
51
FIGUEIREDO, 1996, p. 12.
45
O conteúdo das aulas do Ensino Religioso nas escolas deve, antes de tudo,
tratar o aspecto ético, fundamentar-se nos princípios da cidadania e do
entendimento do outro. Na ética, as religiões tendem a se aproximarem umas das
outras. O conhecimento religioso não deve ser um aglomerado de conteúdos que
visam evangelizar ou procurar seguidores de doutrinas, nem deve estar associado à
imposição de dogmas, rituais ou orações, mas deve ser um caminho a mais para o
saber sobre as sociedades humanas e sobre si mesmo. É uma constante
preocupação para todos, pois visa a educação plena do educando, a formação de
valores fundamentais através da busca do Transcendente e da descoberta do
52
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1997.
53
ROSAS, Vanderlei de Barros. O ensino religioso nas escolas. Disponível em:
<http://www.mundodosfilosofos.com.br/vanderlei2.htm>. Acesso em: 19 jul. 2007.
46
54
BERKENBROCK, Volney J. A atitude franciscana no diálogo interreligioso. In: MOREIRA, Alberto
da Silva (Org.). Herança franciscana. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 320, 327.
47
Pode-se, pois, teorizar que o Ensino Religioso deveria ter como objetivos
orientadores: 1) despertar e cultivar a religiosidade do educando; 2) levá-lo à
compreensão da importância do fenômeno religioso em sua própria vida e na
história humana; 3) trazer conhecimento sobre as diferentes formas de religiosidade,
dentro de seus respectivos contextos culturais e históricos; 4) criar um espírito de
fraternidade e tolerância entre as diferentes religiões; 5) sensibilizar o educando em
relação aos princípios morais propostos pelas religiões, promovendo ao mesmo
tempo uma reflexão sobre eles.
Qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que
se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar. A boniteza de ser
gente se acha, entre outras coisas, nessa possibilidade e nesse dever de
55
INCONTRI, Dora. Ensino Religioso sem proselitismo. É possível? Disponível em:
<http://www.hottopos.com/videtur13/dora.htm>. Acesso em: 17 jul. 2007.
48
58
GUIMARÃES, 2006, p. 29.
59
SILVA, Vagner Gonçalves (Org.). Intolerância religiosa. São Paulo: Edusp, 2006. p. 10.
60
DELORS, Jaques (Org.). Educação: um tesouro a descobrir. 2. ed. São Paulo: Cortez; Brasília:
MEC/UNESCO, 1999. p. 97.
50
61
SILVA, 2006, p. 16.
51
62
JUNQUEIRA, Sérgio R. Azevedo; MENEGHETTI, Rosa G. Krob; WASCHOWICZ, Lilian Anna.
Ensino Religioso e sua relação pedagógica. Petrópolis: Vozes, 2002. p. 25.
52
63
DELORS, 1999, p. 98.
CONCLUSÃO
64
BRUSTOLIN, Leomar Antônio. Saberes sagrados nas tradições religiosas. Disponível em:
<http://www.catedraldecaxias.org.br/textos_pe_leomar/SABERES%20SAGRADOS%20NAS%20T
RADICOES%20RELIGIOSAS.doc>. Acesso em: 15 mai. 2009.
54
Uma sociedade onde caibam todos só será possível num mundo no qual
caibam muitos mundos. A educação se confronta com essa apaixonante
tarefa: formar seres humanos para os quais a criatividade e a ternura sejam
necessidades vivenciais e elementos definidores dos sonhos de felicidade
individual e social.66
O ser humano é, por natureza, um ser social. A educação que não aponta
para o outro é, no mínimo, aniquiladora. Aniquila a possibilidade do encontro. Os
indivíduos têm a capacidade de influir uns no comportamento dos outros,
modificando-se mutuamente, no processo de interação social. Não vale somente
estar presente no mundo (sociável) com desejos pessoais (personalizados) é
preciso que haja busca, nesse contexto, da transformação. Uma transformação que
nasça do desejo constante de doação plena, atuante e realizadora. Essa doação só
é possível quando exercitada pelo amor.
Não é difícil compreender por que cada um de nós, como indivíduo, precisa
de vida nova de Deus. Porém, por que formar de nós um corpo vivo? Os propósitos
e significados do corpo são muito amplos. Em termos de educação, está claro que o
Corpo deve promover um propósito que faz parte da natureza da nova vida que
65
PONICK, Edson. Experiências formativas: contribuições da semana de criatividade para a
formação de educadores. São Leopoldo: EST, 2007. p. 37.
66
ASSMANN, 1998, p. 29.
56
Deus nos dá em Cristo. Propósito a que a Bíblia se refere nestas palavras de Paulo:
Deus nos escolheu “para sermos conforme a imagem de seu Filho, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8.29).
REFERÊNCIAS
CHIAVEGATO, Augusto José. Homem hoje. São Paulo: Cortez e Moraes, 1979.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Ensino religioso na escola pública: o retorno de uma
polêmica recorrente. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, set./dez.
2004.
____. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes,
1992.
____. Pedagogia do oprimido. 38. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
PASSOS, João Décio. Ensino religioso: construção de uma proposta. São Paulo:
Paulinas, 2007.
____. Raça e religião. In: PRANDI, Reginaldo. Herdeiros do axé: sociologia das
religiões afro-brasileiras. São Paulo: Hucitec, 1996.
____. Constituição política do Império do Brazil. Rio de Janeiro, 25. mar. 1824.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao24.htm>. Acesso em:
12 mai. 2009.
SENA, Luzia (Org.). Ensino Religioso e formação docente. São Paulo: Paulinas,
2007.
SILVA, Marcos Rodrigues da. O negro no Brasil: história e desafios. São Paulo,
FTD, 1987.
SILVA, Vagner Gonçalves (Org.). Intolerância religiosa. São Paulo: Edusp, 2006.