Atenção À Saúde Do Homem Privado de Liberdade
Atenção À Saúde Do Homem Privado de Liberdade
Atenção À Saúde Do Homem Privado de Liberdade
do Homem Privado
de Liberdade
Anne Caroline Luz Grüdtner da Silva
Nazaré Otilia Nazario
Daniel Costa Lima
Florianópolis | SC
UFSC
2019
GOVERNO FEDERAL ASSESSORIA PEDAGÓGICA
Presidente da República Márcia Regina Luz
Ministro da Saúde
Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES) AUTORIA DO MÓDULO
Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na Saúde Anne Caroline Luz Grüdtner da Silva
Nazaré Otilia Nazario
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Daniel Costa Lima
Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar
Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann REVISÃO DE CONTEÚDO
Pró-Reitora de Pós-graduação: Cristiane Derani Igor de Oliveira Claber Siqueira
Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares Francisco Job Neto
Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MÍDIAS
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE Coordenação Técnica: Marcelo Capillé
Diretor: Celso Spada Design Instrucional: Adriano Sachweh
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DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA Desenvolverdor Web: Rodrigo Rodrigues
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Subchefe do Departamento: Lúcio José Botelho
Coordenadora do Curso de Capacitação: Elza Berger Salema Coelho © 2019 todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal
de Santa Catarina. Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta
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Marden Marques Soares Filho Edição, distribuição e informações:
Francisco Job Neto Universidade Federal de Santa Catarina
Campus Universitário, 88040-900, Trindade
GESTORA GERAL DO PROJETO Florianópolis – SC.
Elza Berger Salema Coelho
EQUIPE EXECUTIVA
Carolina Carvalho Bolsoni
Dalvan de Campos
Deise Warmling
Eurizon de Oliveira Neto
Gisélida Vieira
Maráh Silva Guzmann
Sheila Rubia Lindner
Atenção à Saúde
do Homem Privado
de Liberdade
Florianópolis | SC
UFSC
2019
Catalogação elaborada na Fonte
CDU: 340
Carta dos autores ..............................................................................................................5 Unidade 3 | Doenças prevalente entre homens privados
Objetivo do módulo ......................................................................................................... 6 de liberdade .................................................................................... 34
Caro aluno,
Bem-vindo ao módulo de Atenção à Saúde do Homem no Siste- te conhecer que fatores estão relacionados à saúde dos homens
ma Prisional! privados de liberdade e quais são os principais agravos a que
estão expostos.
Convidamos você a, nas próximas horas, refletir sobre como
suas ações são importantes para que os homens que perderam Juntos, vamos analisar essas questões à luz das políticas pú-
temporariamente a liberdade tenham seu direito à atenção inte- blicas relacionadas à saúde do homem e à saúde no sistema
gral à saúde respeitado. prisional.
| 5
Objetivo do módulo
| 6
Unidade 1
Perspectivas da política
nacional de atenção
integral à saúde do homem
privado de liberdade
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 7
Os direitos das pessoas privadas de liberdade estão previstos em
1.1 Introdução da unidade vários documentos internacionais e nas constituições modernas.
As prisões brasileiras, de maneira geral, caracterizam-se por in- De acordo com o artigo 38 do Código Penal Brasileiro, a popula-
salubridade, superpopulação, confinamento permanente, falta ção privada de liberdade conserva todos os direitos não atingi-
de investimentos governamentais e violência. dos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades
o respeito à sua integridade física e moral. Entre estes se en-
Fatores estruturais – aliados à má-alimentação, ao sedentarismo, contra o direito à vida, que corresponde à obrigação da adminis-
ao uso de drogas, à falta de higiene, dentre outros – refletem- tração quanto à assistência material, à assistência à saúde e à
se nas condições de saúde dos homens privados de liberdade assistência jurídica e religiosa.
(HPL). Assim, problemas de saúde física e mental já existentes
são agravados e novos problemas encontram ambiente propício
para surgir (ASSIS, 2007).
Para conhecer melhor os direitos das pessoas privadas de li-
berdade, acesse:
• a Declaração Universal dos Direitos Humanos – ONU,
1948, disponível em: <https://www.ohchr.org/EN/UDHR/
Documents/UDHR_Translations/por.pdf>;
• o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos –
ONU, 1966, disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm>;
• as Regras Mínimas para Tratamento de Prisioneiros – ONU,
1955, disponíveis em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/
sip/onu/fpena/lex52.htm>.
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 8
que uma boa atenção à saúde nos sistemas prisionais representa Em face dessa clientela específica, e com necessidades diferen-
uma boa saúde pública (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007). ciadas, o profissional de saúde que atende às demandas da pes-
soa privada de liberdade deve desenvolver suas atividades cen-
Com base nessa realidade é importante refletir sobre o fato de tradas na necessidade do indivíduo, considerando os aspectos
que as pessoas privadas de liberdade, independentemente do éticos e legais da profissão e levando em consideração as carac-
que as levou a essa condição, mantêm o direito de gozar dos terísticas próprias do Sistema Penal (SOUZA; PASSOS, 2008).
mais elevados padrões de assistência à saúde. Afinal, apesar de
estarem privadas de liberdade, preservam os demais direitos Nessa atenção, devem ser consideradas as diretrizes de atenção
humanos inerentes à sua cidadania. do SUS e as políticas públicas de saúde relacionadas a essa po-
pulação.
Assim, os profissionais da saúde podem contribuir tanto do pon-
to de vista físico quanto do social e psicológico, proporcionando Essa atenção direcionada se mostra um importante desafio, uma
conforto e bem-estar, minimizando iniciativas que estimulem a vez que os dados epidemiológicos evidenciam que a saúde das
discriminação ou o preconceito, e respeitando os princípios éti- pessoas privadas de liberdade ainda está pouco visível nos con-
cos e legais, a fim de resgatar o sentido da existência humana textos das práticas, sobretudo nas políticas de saúde, ainda que
(SOUZA; PASSOS, 2008). no Brasil existam políticas como a Atenção Integral à Saúde do
Homem e da Mulher e o Plano Nacional da Saúde no Sistema
O documento “Princípios Básicos para o Tratamento de Prisio- Penitenciário (SOUZA et al, 2013).
neiros”, das Nações Unidas, evidencia o fato de que as pessoas
estarem privadas de liberdade não significa que tenham seus Também devemos levar em conta que a população privada
direitos à saúde reduzidos. Afinal, quando um Estado tira o di- de liberdade é formada principalmente por homens (93,6%),
reito das pessoas à liberdade, ele assume a responsabilidade de os quais apresentam características específicas relacionadas à
cuidar de sua saúde, tanto em relação às condições do ambiente mortalidade e à morbidade, assim como à forma de se relacionar
da instituição quanto aos tratamentos que podem ser necessá- com o sistema de saúde. Os homens representaram em 2016
rios (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007). 684.357 pessoas privadas de liberdade. 55% da população pri-
sional é formada por jovens, considerados até 29 anos (menos
de 10% tem mais de 46 anos) e 64% são negros (cores preta e
Contribuir para a promoção da saúde das pessoas privadas de parda) (BRASIL, 2017).
liberdade não é apenas responsabilidade do Estado, mas uma
missão e um desafio para profissionais de saúde e cidadãos que
acreditam numa sociedade sem excluídos.
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 9
População privada de liberdade no Brasil
Por que no mundo os homens vivem em média quatro anos a
menos do que as mulheres e por que no Brasil essa diferença
Mulheres supera os sete anos?
5,8%
Por que essa população representa 92% dos óbitos por agressão,
quase 85% dos óbitos por acidente de transporte e 78,5% dos sui-
Homens
94,2% cídios?
O que leva os homens a consumirem mais tabaco, bebidas alcoó-
licas e drogas ilegais?
Por que muitos homens só procuram atenção à saúde quando a
doença ou lesão está instalada e evoluindo negativamente, cau-
| Figura 2 – Percentual da população privada de liberdade segundo sexo no Brasil.
sando dor e desconforto?
Fonte: adaptado pelo autor de Brasil (2017).
Assim, qualquer ação voltada à saúde dos homens privados de Nesta unidade, vamos refletir sobre essas perguntas e como as
liberdade precisa considerar que não se está lidando com um questões relacionadas ao ser homem interferem na atenção à
homem “genérico”, mas com uma população que, mesmo antes saúde dessa população, especialmente no contexto do sistema
de se encontrar no presídio, geralmente vivia em uma situação prisional.
de exclusão social e econômica.
É necessário, além disso, reconhecer e pôr em prática uma abor- 1.2 Atenção à saúde dos homens
dagem de gênero e masculinidades que questione essa dispa-
ridade tão gritante entre o número de mulheres e homens pri-
privados de liberdade
vados de liberdade. Enquanto isso não for feito, o fato de os
homens tradicionalmente se envolverem mais em situações de 1.2.1 Saúde, gênero e masculinidades
violência, de risco, de uso de drogas legais e ilegais, em situa-
ções de delinquência, entre outras, será naturalizado, como se Desde a década de 1970, e com mais força a partir da década de
estes fossem biológica e geneticamente predispostos a se envol- 1990, eventos como a IV Conferência Internacional sobre Popu-
verem com tais contextos. lação e Desenvolvimento (CIPD), em 1994, no Cairo, e a IV Con-
ferência Mundial sobre a Mulher, em 1995, em Beijing, ressaltam
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 10
a importância do maior envolvimento dos homens com a saúde, Como afirma o pesquisador canadense Michael Kaufman (1993),
em especial no campo dos direitos sexuais e reprodutivos. Nes- a masculinidade é uma “alucinação coletiva”, algo sempre per-
ses dois fóruns afirmou-se como diretriz a busca de maior par- seguido, mas nunca alcançado, justamente por não existir como
ticipação masculina na promoção da saúde, sendo a prevenção a imaginamos, isto é, na condição de uma realidade natural ou
da violência contra mulheres e crianças um campo especial de biológica.
atenção (ORNANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1994; 1995).
No sentido contrário a essa compreensão, gestores e profissio-
No entanto, de maneira geral, fica evidente nessas conferências nais de saúde devem reconhecer que a cultura do machismo e
que o debate sobre a saúde dos homens não teve como ponto os estereótipos de gênero dela decorrentes representam um dos
de partida e foco a saúde da população masculina, mas os bene- principais fatores de adoecimento e distanciamento da popula-
fícios que essas ações poderiam gerar para a saúde de mulheres ção masculina da área do cuidado e saúde.
e crianças. Ou seja, parece que as diferenças de morbimortali-
dade entre homens e mulheres ainda não foram suficientes para Observando com um pouco de atenção verificamos, de um
sensibilizar as pessoas sobre a urgência de modo geral, que os homens são educados desde o nascimento
reconhecer que os homens têm necessidades para julgarem-se invulneráveis e para responderem às expec-
Gênero específicas no campo da saúde. tativas sociais de modo proativo, em que o risco não é algo a
ser evitado, mas enfrentado e superado cotidianamente. Com
Se refere ao modo como
as pessoas e as institui-
Para que isso aconteça é necessário, em pri- isso, a noção de autocuidado é substituída por comportamentos
ções distribuem o poder meiro lugar, fazer uma leitura de gênero sobre muitas vezes autodestrutivos, o que gera uma série de vulne-
em nossa sociedade, cons- o tema. Ou seja, precisamos utilizar a catego- rabilidades para essa população, com destaque para os jovens
truindo, diferenciando, hie- ria de gênero como um determinante de saúde (MEDRADO et al, 2009).
rarquizando e atribuindo
valores diversos ao mascu- estratégico para compreender e traçar ações
lino e ao feminino. Isso está voltadas à saúde da população masculina. Resumindo, o machismo e os estereótipos de gênero, tradicio-
presente não apenas na nalmente discutidos quando trabalhamos a saúde das mulheres,
socialização de meninos e
Quando isso não é feito, incorremos no risco de são na verdade também o grande problema para a saúde dos
meninas e no cotidiano de
homens e mulheres, mas reproduzir e fortalecer estereótipos de gênero homens.
em símbolos e instituições atrelados a essa população, do tipo “homem é
(trabalho, família, religião, assim mesmo...”, como se algo na constituição
educação etc.) (MEDRADO
et al, 2009, p. 12)
biogenética fizesse com que não conseguissem
cuidar de sua saúde.
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 11
[...] perceber os homens na sua pluralidade, com diversas pos-
sibilidades de exercício de masculinidade. Desta forma, homem
e masculinidade se transformaram em homens e masculinida-
des para dar conta da diversidade da experiência humana. [...]
Portanto, as masculinidades não são outorgadas, mas cons-
truídas enquanto experiência subjetiva e social que são. Se elas
são construídas social, cultural e historicamente, podem ser
desconstruídas e reconstruídas ao longo da vida de um homem
(NASCIMENTO, 2001, p. 88).
Conheça a Campanha “Machismo Não Combina com Saúde”, Além de evidenciar os principais fatores de morbimortalidade na
promovida pela Rede de Homens pela Equidade de Gênero saúde do homem, essa política chama a atenção para os deter-
(RHEG). Coordenação: Instituto PAPAI. Disponível em: <https:// minantes sociais que resultam na vulnerabilidade da população
www.youtube.com/watch?v=u2PraFlpsoc>. masculina aos agravos à saúde, tendo em vista que represen-
tações sociais sobre a masculinidade comprometem o acesso
à atenção primária, bem como repercutem na vulnerabilidade
Nascido principalmente de experiências e conhecimentos cons- dessa população a situações de violência e de risco para a saúde
truídos pelos movimentos feministas e LGBT, o debate sobre ho- (BRASIL, 2008a).
mens e gênero possibilitou:
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Assim, para atender os homens privados de liberdade, conside-
A PNAISH deve nortear as ações de atenção integral à saúde do rando os princípios do SUS, as diretrizes da PNAISH e o Plano
homem, buscando estimular o autocuidado e o reconhecimento Nacional da Saúde no Sistema Penitenciário, o profissional de
de que a saúde é um direito social básico e de cidadania de todos saúde deve conhecer quem é essa população, suas característi-
os homens brasileiros. cas e suas necessidades específicas.
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 13
Além desse recorte de sexo, é necessário pontuar que 54,8% da Composição da PPL
população privada de liberdade são compostos por jovens entre
18 e 29 anos. Esse dado cresce em significância quando identi-
ficamos que essa faixa etária representa apenas 21,4% popula- Outras etnias
ção brasileira (BRASIL, 2013a). E que, de acordo com o Sistema 1%
Nacional de Informação Penitenciária (InfoPen), a maioria des-
ses homens não completou o Ensino Fundamental.
Por fim, de acordo com o último senso do Instituto Brasileiro de | Figura 4 – Percentual da PPL no Brasil segundo raça/cor.
Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, a população Fonte: adaptado pelo autor de Brasil (2017).
negra (cor preta e parda) representa 50,7% da população bra-
sileira. No entanto, 64% da população privada de liberdade são Então, ao discutir a saúde desses homens, é imprescindível con-
negros (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTI- siderar as necessidades específicas de saúde da população jovem
CA, 2010). e negra. Devemos reconhecer que o cenário existente – não ape-
nas nos estabelecimentos penais brasileiros, mas nos de quase
O Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias publi- todo o mundo – é o de uma instituição que recebe indivíduos:
cado em 2017 aponta que 64% da população privada de liberda-
de eram formados por pardos e negros, 35% por brancos e 1% • marginalizados, pobres, moradores de rua ou desempre-
por outras etnias (BRASIL, 2013a). gados, com problemas de saúde mental e relativos à de-
pendência química;
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 14
• com necessidades de saúde que requerem especialistas de dade já não tinham acesso a serviços de saúde antes da entrada
diversas áreas, incluindo dentistas, psicólogos, oftalmolo- no sistema prisional (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014).
gistas e farmacêuticos (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2007, p. 25).
A Política Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário (PNSSP) Se por um lado a infraestrutura do sistema prisional facilita a
tenta garantir a saúde da população privada de liberdade de ocorrência de certos agravos, por outro esse espaço – em conjunto
modo integral, com base em diretrizes estratégicas como: com os serviços de saúde extramuros – pode se configurar como
a primeira oportunidade de oferecer assistência integral à saúde
• prestar assistência integral resolutiva, contínua e de boa dessa população, especialmente no caso dos homens, que dificil-
qualidade às necessidades de saúde; mente procuram os serviços de atenção básica à saúde.
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Atuando com essa perspectiva é possível promover melhorias
tanto na saúde e qualidade de vida dos homens privados de
Para conhecer a PNAISH na íntegra, acesse <http://bvsms.
liberdade quanto para as comunidades de origem, para onde
saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_atencao_
muitos provavelmente retornarão.
saude_homem.pdf>.
Vale lembrar que a atenção à saúde dos homens privados de
liberdade deve incluir não apenas o tratamento para condições
específicas, mas a prevenção de doenças e a promoção de saú- Entre seus objetivos, o documento de Princípios e Diretrizes da
de. Assim, o sistema prisional também pode ser uma oportuni- PNAISH faz o seguinte apontamento:
dade de trabalhar ações educativas em saúde.
[...] promover a atenção integral à saúde do homem nas popu-
lações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis,
1.3 Política nacional de atenção integral transexuais, trabalhadores rurais, homens com deficiência, em
à saúde do homem situação de risco, e em situação carcerária, entre outros. (BRA-
SIL, 2009a, p. 75)
Instituída pela Portaria nº 1.944/GM, do Ministério da Saúde, Assim, um dos grandes desafios dessa política é reconhecer que
de 27 de agosto de 2009, a PNAISH representa uma iniciativa os homens e as masculinidades são diversos e, neste contexto,
inovadora, tendo como objetivo facilitar e ampliar o acesso com assegurar que os direitos devem ser os mesmos. Ou seja, as po-
qualidade da população masculina, na faixa etária de 20 a 59 líticas e as ações desenvolvidas devem respeitar a diversidade,
anos, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde da identificando e traçando ações que levem em conta as necessi-
Rede SUS (BRASIL, 2009a). dades específicas apresentadas por idade, credo religioso, con-
dição socioeconômica, cor/raça, orientação sexual, identidade
A PNAISH traz, em seu texto fundante, o reconhecimento à im- de gênero, dentre outras (MEDRADO et al, 2009).
portância dos aspectos socioculturais e da perspectiva relacional
de gênero para a implementação de linhas de cuidado que res- Até a criação da PNAISH existiam no Brasil políticas específicas
peitem a integralidade da atenção aos homens. Assim, contribui para a saúde de mulheres, crianças e adolescentes e pessoas
de modo efetivo para a redução da morbimortalidade e a promo- idosas. Obviamente a ausência de uma política específica não
ção de melhores condições de saúde para essa população. deixava os homens adultos desassistidos, mas levantava a se-
guinte questão: será que esses homens, que representam um
universo de aproximadamente 55 milhões de brasileiros, não
precisam de um olhar e de ações específicas no campo da saúde?
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Observando a figura a seguir, de distribuição percentual de óbi- Destacam-se, entre os homens, taxas de óbitos maiores do que
tos entre a população masculina e feminina, fica evidente que, as das mulheres para causas externas (cerca de oito vezes),
mais que necessária, a PNAISH era urgente. transtornos mentais e comportamentais (mais de seis vezes),
doenças do aparelho digestivo (mais de três vezes) e doenças
Masculino Feminino infecciosas e parasitárias (mais de duas vezes). Os dados a se-
Óbitos (%) guir mostram essas diferenças.
16%
14% • De cada três pessoas que morrem no Brasil, duas são ho-
mens. A cada cinco pessoas que morrem de 20 a 30 anos,
12%
quatro são homens.
10%
De acordo com o IBGE, do total de óbitos informados em 2010, No mundo, 76,5% dos homicídios são de homens; nas Américas
1.034.418 (57,2%) eram do sexo masculino. Esse percentual e na América do Sul, 83,4%; no Brasil, 92,1% (ORGANIZAÇÃO
atinge seu valor máximo no grupo de 20 a 24 anos de idade, em DAS NAÇÕES UNIDAS, 2014).
que 80,8% dos óbitos são provenientes da população masculina
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 17
Os homens também apresentam padrões característicos de mor- Para tal, a Coordenação Nacional de Saúde dos Homens/CNSH/
bidade. Tomando como parâmetro os casos novos de HIV/Aids DAET/SAS/MS, responsável pela implementação dessa política
em 2010, verifica-se que as taxas de incidência são muito maio- em todo o território brasileiro, desenvolve suas ações baseando-
res entre os homens (37,9 casos novos/100 mil habitantes versus se em cinco eixos temáticos:
21,0 entre mulheres). O mesmo padrão é observado com a tuber-
culose, que apresenta o dobro de novos casos entre os homens. I. Acesso e acolhimento
Para atuar neste cenário extremamente negativo para a saúde Tem por objetivo induzir processos de mudança que levem
da população masculina, a PNAISH busca modificar o contexto à diminuição das barreiras de acesso institucional aos ho-
apresentado na figura a seguir. mens, priorizando soluções com base na realidade e na
cultura locais. As ações envolvem criação de campanhas
e horários alternativos e discussões com gestores (as) e
profissionais de saúde de todo o país.
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 18
tantes ações de aproximação dos homens da área do cui- O Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário prevê o
dado e da saúde. cumprimento do direito à saúde para as pessoas privadas de li-
berdade, garantindo ações de saúde em todos os níveis de com-
IV. Prevenção de violências e acidentes plexidade, o repasse de medicamentos às unidades de saúde do
sistema prisional, a oferta de insumos necessários à prevenção
Busca propor e (ou) desenvolver ações que chamem aten- de Aids e infecções sexualmente transmissíveis, o acesso a vaci-
ção para a grave e contundente relação entre a popula- nas, bem como medidas preventivas em relação a tuberculose,
ção masculina e as violências e acidentes, sensibilizando hanseníase, hipertensão, diabetes e a agravos psicossociais de-
a população em geral e os profissionais de saúde sobre o correntes do confinamento (BRASIL, 2009a).
tema. As causas externas representam o principal motivo
de morte entre homens de 20 a 45 anos, o que demanda
ações voltadas à promoção da cultura de paz na saúde, 1.4 Resumo da unidade
desde a Atenção Básica até as emergências.
Nesta unidade abordamos as especificidades na atenção à saúde
V. Doenças prevalentes na população masculina do homem que, por sua socialização, não se reconhece como um
ator no cuidado à saúde. Considerando as particularidades dessa
Tem por objetivo discutir internamente no Ministério da população, observamos os fatores que levaram à construção da
Saúde e nas secretarias de saúde a prevalência dos agra- PNAISH e quais são seus objetivos.
vos que acometem os homens, levando em conta o gênero
como um determinante social de saúde. Tem como ações Percebemos ainda que os homens privados de liberdade man-
prioritárias divulgar os principais agravos e os fatores de têm seu direito à assistência integral à saúde. Para que essa
risco para os homens, sensibilizar profissionais e popula- meta seja atingida, o profissional de saúde deve conhecer as
ção acerca desses fatores e estimular ações de promoção particularidades dessa população e lembrar que, apesar das di-
e prevenção focadas no público-alvo. ficuldades para a assistência à saúde no sistema prisional, esta
pode ser a oportunidade de modificar a relação desses homens
Ao considerar a população privada de liberdade, o documento de com o cuidado à saúde.
Princípios e Diretrizes da PNAISH afirma que, como consequên-
cia da maior vulnerabilidade dos homens à autoria da violência,
grande parte da população carcerária no Brasil é formada por
homens. O documento também chama a atenção para o Plano
Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário, uma estratégia in-
tersetorial entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Justiça.
Unidade 1 | Perspectivas da política nacional de atenção integral à saúde do homem privado de liberdade | | 19
Unidade 2
Violência e atenção
à saúde de homens
privados de liberdade
O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, seja Na população adulta (20 a 59 anos), que compõe a esmagadora
como vítima. Os homens adolescentes e jovens são os que mais maioria da população privada de liberdade, a mortalidade por
sofrem lesões e traumas em função de agressões. Além disso, agressão (homicídio) é 11,5 vezes mais prevalente entre os ho-
as agressões sofridas por homens são mais graves e demandam mens do que entre as mulheres (92% e 8%, respectivamente).
maior tempo de internação em comparação com as sofridas pelas Mesmo com o crescimento do envolvimento de mulheres em
mulheres (SOUZA, 2005). situações de furto, roubo, tráfico de drogas e armas, é evidente
que os homens, especialmente os negros (cor preta e parda),
jovens e mais pobres, ainda são maioria nesse contexto.
Outro aspecto a ser considerado é que alguns grupos de homens
são mais vulneráveis às situações de violência. Em 2012, por De maneira alguma isso significa que se podem limitar as ex-
exemplo, os homens representaram 94% das vítimas de homi- pressões de violência no Brasil aos crimes que ocorrem nas
cídio por arma de fogo no Brasil, totalizando 34.576 mortes. No áreas pobres das cidades. Porém, a escassez de oportunidades
mesmo período, a população feminina representou 6% dessas e perspectivas estão intimamente relacionadas às taxas de cri-
mortes, totalizando a perda de 2.194 vidas. minalidade e às consequências da violência nas regiões metro-
politanas (MINAYO, 2006).
Homicídios por arma de fogo no Brasil em 2012
Diante do grave cenário da violência, que coloca o Brasil como
o país com maior número de homicídios absolutos do mundo,
e frente ao impacto dessas violências para a população, espe-
Mulheres
(2.194) cialmente para os homens, faz-se urgente que mais debates e
ações sejam realizados na área da saúde. Enquanto isso não for
feito, a afirmação de Deslandes (2000) continuará representan-
Homens
do uma triste realidade:
(34.576)
As relações violência-gênero são atravessadas por questões de Manter uso constante e abusivo de bebidas
classe social, raça/etnia e de filiação a grupos. Além disso, po- alcoólicas.
dem fazer com que homens e mulheres se envolvam em situa-
Expor-se a situações de risco no trânsito.
ções de violência, tanto como vítimas como perpetradores, a
fim de afirmar identidades masculinas e femininas socialmente
construídas (ASSIS, 2011). | Figura 9 – Formas de expressão de violência na juventude masculina
Fonte: adaptado pelo autor de Cecchetto (2004).
Atualmente, nessas mesmas sociedades, as mulheres estão pre- A violência contra a mulher é abertamente
sentes na força de trabalho e no espaço público. Contudo, a permitida e até estimulada por costumes
distribuição social da violência reflete a tradicional divisão dos sociais, códigos penais e por algumas reli-
espaços: o homem é vítima da violência na esfera pública, e a Permissão giões. Do mesmo modo, a violência de ho-
mulher, no âmbito privado (GIFFIN, 1994). mens contra outros homens, mais que per-
mitida, é celebrada e banalizada em filmes,
Na visão do patriarcalismo, o masculino é considerado como o esportes e na literatura.
responsável da ação, da decisão, da chefia da rede de relações
familiares e da paternidade. Consequentemente o masculino é Para desenvolver seus poderes individuais
investido com a posição social de agente de poder da violência Paradoxo e sociais, os homens constroem armaduras
(MINAYO, 2006). do poder que os isolam do contato afetivo com o pró-
masculino ximo e da área do cuidado e da saúde, seja
Em Os Sete “Ps” da Violência dos Homens, Michael Kaufman para outros ou para si próprio.
(1999), baseado em outros estudiosos do tema, traz argumen-
A PNSSP incluiu em suas diretrizes o respeito ao que determina Entre elas estão a
a Política Nacional de Saúde Integral de LGBT e o Plano Nacional
de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT. Implementação de uma política de enfrentamento à homofobia
em todas as unidades de custódia (casas de custódia e peniten-
Em maio de 2009 o Governo Federal lançou o Plano Nacional de ciárias), assegurando aos custodiados o direito de optarem por
Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT, composto celas distintas ou serem encaminhados para unidades condizen-
por 51 diretrizes, que devem ser transformadas em políticas de tes com seu gênero social. (BRASIL, 2009b).
Estado.
Para diminuir os casos de violência contra a população LGBT nos 2.3.1 Conceitos de violência
presídios, algumas instituições criam alas específicas para essa
população. Acesse o vídeo disponível no endereço eletrônico a A violência, conforme a OMS, pode ser definida como o uso in-
seguir para conhecer mais sobre essa experiência: <http://www. tencional da força ou do poder, real ou em ameaça, contra si
youtube.com/watch?v=PqEfcv3Gr00>. próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma co-
munidade, que resulte ou tenha possibilidade de resultar em
lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento
ou privação (KRUG et al, 2002).
| Quadro 2 – Barreiras enfrentadas pelos homens para denunciar violência De acordo com a OMS, o manejo bem-sucedido de um indiví-
sexual sofrida. duo suicida depende do reconhecimento da ideação suicida, da
Fonte: SEXUAL VIOLENCE RESEARCH INITIATIVE (2011).
Entre os abrigados em penitenciárias por um tempo maior, os | Figura 13 – A precariedade estrutural das instituições carcerárias torna o am-
homens que cometeram suicídio geralmente tinham entre 30 biente mais hostil e contribui para a ideação suicida entre as pessoas privadas
e 35 anos, eram responsáveis por crimes violentos e o suicídio de liberdade.
ocorreu num período entre quatro e cinco anos de prisão. Fonte: Fotolia/WoGi (2015).
Além disso, o suicídio pode ser precipitado por conflitos com A análise de tais fatores de risco, associados ao comportamento
outros homens privados de liberdade, com os funcionários, com suicida, mesmo sem uma etiologia definida para este ato, pode
a família ou, ainda, por negativa dos benefícios legais a que têm fornecer caminhos possíveis de intervenção (ORGANIZAÇÃO
direito (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2001). MUNDIAL DA SAÚDE, 2001).
Masculino Feminino
10.000
0
89.574
20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos
44.475
27.892 30.329 33.702 Causas externas de morbidade e mortalidade
17.865
11.850 6.100 Neoplasias (tumores)
Doenças do aparelho respiratório
XX. causas externas IX. doenças do II. neoplasias XI. doenças do Doenças do aparelho circulatório
de morbidade e aparelho (tumores) aparelho
Doenças do aparelho digestório
mortalidade circulatório digestivo
| Figura 14 – Mortalidade no Brasil. Óbitos por residência por capítulo (CID-10) | Figura 15 – Número de mortalidade entre homens por causas segundo faixas
e sexo. Período: 2016. etárias. Período: 2016.
Fonte: adaptado pelo autor de Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) Fonte – adaptado pelo autor de Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)
(2016). (2016).
Ao analisarmos essas principais causas de mortalidade entre os Retomando a questão do acesso à saúde, apesar das semelhan-
homens por idade, fica claro, por exemplo, que uma atenção ças observadas entre a atenção à saúde de pessoas privadas
especial precisa ser dada à questão das causas externas entre de liberdade e da população geral, há grandes diferenças a se-
os 20 e os 45 anos. rem observadas e trabalhadas. Como afirma relatório da OMS
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007), a perda da liberdade
A má-alimentação, o sedentarismo, o uso de drogas, a falta de • orientação para evitar comportamentos de alto risco, in-
higiene, além das dificuldades estruturais, como a ventilação e a cluindo orientação para evitar overdose por droga após
iluminação inadequadas, as condições sanitárias adversas, a falta deixar a prisão e proteção contra males causados pelo ta-
de acesso à água potável e aos serviços de saúde, o baixo nível baco (incluindo impacto causado a fumantes passivos);
socioeconômico, os modos de vida e o confinamento, a violên-
cia, a inadequação na higiene pessoal, são fatores que colaboram • apoio na adoção de comportamentos saudáveis, incluindo
para os problemas de saúde dos indivíduos privados de liberdade. níveis apropriados de atividade física e dieta balanceada;
São exemplos de doenças mais comuns o HIV/Aids e as infecções • medidas para a promoção de saúde mental, incluindo tem-
sexualmente transmissíveis, a tuberculose, a hepatite, a hiperten- po adequado para socialização, uma ocupação (trabalho,
são arterial e o diabetes. Além disso, é elevado o número de indiví- educação, atividade artística e educação física), contato
duos privados de liberdade que são dependentes de álcool e drogas. com o mundo de fora e ajuda para manter laços familiares.
Também fatores relacionados ao ambiente de cárcere, como o No próximo tópico, algumas das doenças mais prevalentes serão
estresse, o abandono e o isolamento, conduzem a processos de abordadas.
Portanto, é indispensável a distribuição regular de preservativos A realização do teste para o HIV no ambiente prisional deve
como forma de prevenção e mudanças estruturais no sistema seguir os princípios preconizados para a testagem na população
prisional, evitando-se a superlotação e as condições precárias em geral, e inclui a voluntariedade e a confidencialidade, junta-
que acabam por expor os profissionais de saúde. A profilaxia mente com aconselhamento pré e pós-teste. O teste somente
pós-exposição é recomendada na violência sexual (ESCRITÓRIO poderá ser realizado com consentimento informado do indivíduo
DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DROGAS E CRIME, 2012). privado de liberdade. Os resultados do exame devem ser comu-
nicados pela equipe de saúde, que deverá garantir o apoio e os
Ao pensar nessas ações voltadas às IST, HIV/Aids, é preciso encaminhamentos necessários.
que os profissionais de saúde revisem alguns de seus concei-
tos e preconceitos. Como comentamos na unidade 2, é preciso
reconhecer que as relações afetivas e sexuais dos homens não
| Figura 17 – O tratamento antirretroviral requer o uso de uma série de medi- Sabidamente as IST são transmitidas principalmente por contato
camentos. sexual, sem o uso de camisinha, com uma pessoa infectada. Elas
Fonte: Fotolia/Syda Productions (2015). costumam se manifestar por meio de feridas, corrimentos, bolhas
ou verrugas. As mais conhecidas são a gonorreia e a sífilis.
Providenciar o acesso à terapia antirretroviral (TARV) para a po-
pulação privada de liberdade é um desafio necessário e viável, Essas doenças, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo,
devendo obedecer ao consenso terapêutico brasileiro para HIV/ podem evoluir para complicações graves, como infertilidades,
Aids. Estudos demonstram que os reclusos, quando providos de câncer e até a morte. Usar preservativos em todas as relações
cuidados e acesso aos medicamentos, respondem bem ao tra- sexuais (oral, anal e vaginal) é o método mais eficaz para a re-
tamento antirretroviral (ESCRITÓRIO DAS NAÇÕES UNIDAS SO- dução do risco de transmissão das IST, especialmente do vírus
BRE DROGAS E CRIME, 2012). da Aids, o HIV (QUEIROZ et al, 2014; ESCRITÓRIO DAS NA-
ÇÕES UNIDAS SOBRE DROGAS E CRIME, 2012).
• executar plano terapêutico e propedêutico; Ao encontro da nova estratégia, o Brasil recentemente lançou o
Plano Nacional de Eliminação da Tuberculose como um Problema
• propiciar educação continuada da equipe, realizar acon- de Saúde Pública, na perspectiva de um país livre da tuberculose
selhamento para prevenção e o controle de IST e HIV e e como objetivos principais reduzir o coeficiente de incidência
organizar grupos para sensibilizar os privados de liberdade da doença para menos de 10 casos por 100.000 habitantes e o
a adotarem hábitos saudáveis como forma de prevenção; coeficiente de mortalidade para menos de 1 óbito por 100.000
habitantes até 2035.
• encaminhar para serviço especializado, quando necessário;
A População Privada de Liberdade (PPL) é prioritária em todos os
• fazer a notificação do caso. cenários identificados no plano, especialmente para os municí-
pios com unidades prisionais. Por ser uma doença de transmissão
aérea, a alta carga de TB na PPL, as características individuais da
Para conhecer melhor o diagnóstico e tratamento de HIV/Aids pessoa que está privada de liberdade, a superlotação das peni-
e outras IST, acesse o Caderno da Atenção Básica número 18, tenciárias, a iluminação solar e ventilação reduzidas e a dificul-
disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ dade de acesso aos serviços de saúde propiciam um ambiente
abcad18.pdf>. ideal para propagação da doença; reforçando a necessidade da
priorização de ações que contribuam para um Brasil livre de TB.
Afim de implementar ações direcionadas de TB no sistema pri- A associação da TB com o HIV, conhecida como coinfecção TB/
sional, o DEPEN elaborou em 2017, um Termo de Execução HIV, é a principal causa de morte entre os portadores e pode
Descentralizada (TED) para o desenvolvimento de ações de co- ser evitada. A prova tuberculínica está indicada, anualmente,
municação e educação em saúde com foco em Tuberculose no para os portadores de HIV/Aids. Trata-se de um exame simples
Sistema Prisional (DEPEN, 2018). e disponível nos serviços de saúde do SUS (ESCRITÓRIO DAS
NAÇÕES UNIDAS SOBRE DROGAS E CRIME, 2012).
A tuberculose representa um risco substancial à saúde aos pri-
vados de liberdade e trabalhadores do sistema prisional. Os pri- O tratamento da infecção latente, de maneira profilática, evita
vados de liberdade que vivem com o HIV são mais vulneráveis, que se transforme em TB ativa. É importante ficar atento aos
pois essa infecção é um fator de risco importante para o desen- sintomas da tuberculose e, no sistema prisional, realizar o diag-
volvimento da TB (ESCRITÓRIO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE nóstico precoce na porta de entrada. A coinfecção TB/HIV está
DROGAS E CRIME, 2012). aumentando em todo o mundo. Quando o portador de HIV/Aids
tem TB, deve iniciar os antirretrovirais, independentemente da
Com o aumento da epidemia de Aids são grandes as preocupa- contagem do CD4.
ções em relação ao controle da TB. É sabido que o HIV enfraque-
ce a resposta imunológica e aumenta consideravelmente o risco Para fazer os dois tratamentos simultaneamente são necessárias
para o desenvolvimento da TB ativa. disciplina e boa vontade. O envolvimento direto dos profissionais
de saúde do sistema prisional é de máxima importância.
Quando um indivíduo é infectado com HIV e é infectado com a
TB latente, o risco para o desenvolvimento da TB ativa é estima-
AIDS e tuberculose: uma doença complica a outra. A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (FAU-UFRJ), pelo Projeto Fundo Global Tuber-
culose Brasil e pelo Departamento Penitenciário Nacional (DE-
PEN/MJ), com a participação do Programa Nacional de Controle
da Tuberculose e da Área Técnica de Saúde no Sistema Peniten-
ciário do Ministério da Saúde, elaborou um manual.
• fazer ações educativas com orientações a respeito dos Para conhecer o Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais,
agravos em relação à doença, seus mitos, duração e neces- acesse:
sidade do tratamento, realizando explicações sobre este;
<http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2018/boletim-epidemio-
• notificar o caso de tuberculose confirmado; logico-de-hepatites-virais-2018>.
Os indivíduos privados de liberdade são considerados importan- Prática de sexo com usuário de drogas.
te grupo de risco para a hepatite C, em função das condições
de confinamento, marginalização social, dependência de drogas, Ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis.
baixo nível socioeconômico e precárias condições dos ambientes
carcerários.
| Figura 19 – Fatores de risco para coinfecção HCV-HIV
No Brasil, os poucos estudos publicados revelam valores contras- Fonte: adaptado pelo autor de Gonçalves (2005)
tantes, com percentuais de HBsAg variando de 26,4% a 1,9%.
Presença de qualquer marcador foi observada em 17,5% dos Estudo que estimou a prevalência de exposição do HBV entre
encarcerados em Manhuaçu (MG), segundo Coelho et al (2009). presidiários de Ribeirão Preto (SP) considerou como tendo in-
fecção atual ou pregressa pelo vírus da hepatite B aqueles que
Um estudo realizado por Gonçalves (2005) com a população apresentaram os marcadores HBsAg e anti-HBc total, anti-HBc
carcerária da Agência Prisional de Goiás verificou uma preva- total e anti-HBs, HBsAg isolado ou anti-HBc total isolado, que
lência de 14,8% de detentos com anticorpos anti-HCV, e 17,5% encontraram prevalência de 19,5% (COELHO et al, 2009).
destes apresentaram coinfecção HCV-HIV. A figura a seguir
apresenta os fatores de risco estatisticamente significantes ob- A transmissão do vírus da hepatite B (HBV) se dá por via pa-
servados no estudo. renteral, sobretudo pela via sexual, sendo considerada infecção
sexualmente transmissível.
de programas de prevenção
Implantação e implementação
3.2.4 Uso de drogas e promoção da saúde.
Longe das prisões os usuários de drogas, especialmente aqueles Na cadeia pública de Itajaí (SC), um estudo de 1996 mostrou
que usam drogas injetáveis, têm sido a população prioritária das uma prevalência de 19,9% de infecção pelo HIV entre os internos,
ações de redução de danos, na medida em que se encontra em predominantemente vinculada ao uso compartilhado de drogas
situação de maior vulnerabilidade, por causa do compartilha- injetáveis. No presídio de Florianópolis (SC), em 1997, 5,9% dos
mento de agulhas e seringas. internos entrevistados declararam ter usado cocaína injetável ao
menos uma vez na vida e 1,4% disseram continuar a fazer uso den-
tro da prisão (SANTA CATARINA, 2003).
Na abordagem do tema o profissional de saúde deve focalizar a • implantação e utilização de protocolos para identificação
questão do compartilhamento de agulhas e seringas, canudos de casos e ações de prevenção, diagnóstico e tratamento;
e “cachimbos”. Porém, deve ir além e trabalhar outros aspectos
da saúde do usuário, como alguém que prima pela prevenção e • ações de redução de danos visando a melhorias à saúde
quer compartilhar uma mensagem de cuidado, oferecendo insu- decorrentes do uso de álcool e outras drogas;
mos (instrumentos) de prevenção (seringas descartáveis, garro-
tes, lenços embebidos em álcool para higiene do local de aplica- • prevenção de danos – orientação sobre os danos causados
ção, água destilada e copinhos para diluição da droga). por tabaco, álcool e outras drogas;
Para isso, o profissional deixa de lado os seus preconceitos e evi- • registro e acompanhamento dos privados de liberdade
ta críticas, julgamentos, conselhos moralistas e qualquer tipo de com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e
discriminação. Da mesma forma, é preciso considerar o momen- outras drogas;
to oportuno para dar as informações e orientações – que não é
o momento em que o usuário se encontra na “fissura”, quando o • prevenção dos efeitos do encarceramento com base em
que ele quer é tomar a primeira dose. No máximo, esse é o mo- programas que estimulem a construção de projetos vitais,
mento de oferecer apenas o kit de RD, deixando as informações reinserção social e constituição e fortalecimento da rede
e orientações para outra oportunidade. de apoio e suporte social, laboral e afetivo de maneira con-
junta e integrada com a equipe de saúde prisional.
O uso de folder ilustrativo com conteúdo sobre a associação entre
drogas, HIV/Aids e hepatites pode ser interessante para fixar co- Ainda é interessante ressaltar, de acordo com Carvalho (2005),
nhecimentos compartilhados, além de servir de eventual consulta. que o ambiente carcerário não deve ser um fator a estimular a
continuidade do uso de drogas. Na verdade, seu papel deveria
ser o de cuidar do indivíduo privado de liberdade, com o objetivo
Conheça o Manual de Redução de Danos acessando o endere- de promover sua recuperação e sua reinserção social.
ço eletrônico: <http://portalses.saude.sc.gov.br/index.php?opti
on=com_docman&task=doc_download&gid=3165&Itemid=85>. Portanto, é de responsabilidade dos serviços de saúde peniten-
ciários o enfrentamento dessa questão.
Óbitos por transtornos mentais e comportamentais no Brasil O maior desafio dos serviços de saúde, no entanto, é cuidar
daqueles que estão doentes sem sofrer e dos que sofrem
sem estar doentes. São os que estão doentes sem sofrer
que fazem do Diabetes mellitus, da hipertensão e da obe-
Mulheres sidade os fatores de risco mais comuns para as doenças
16,9% cárdio e cerebrovasculares. São os que sofrem sem estar
Homens
doentes que lotam as agendas da Atenção Básica e inflam
83,1%
as estatísticas de prevalência de depressão e de ansiedade.
| Figura 21 – Percentual de óbitos decorrentes de transtornos mentais e compor- Em segundo lugar, as formas de expressão mais frequen-
tamentais, no Brasil, em 2016. tes do sofrimento (mental) na Atenção Básica não podem
Fonte: adaptado pelo autor de MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre ser facilmente categorizadas como doenças. O que sabe-
Mortalidade (SIM) (2016). mos da sua fenomenologia indica que não há definição cla-
Por fim, toda investigação causal – biológica, psicológica Ao abordarmos a questão da saúde mental entre a população
ou sociológica – sobre essas formas mais comuns de sofri- masculina, percebemos que, por causa das construções de gêne-
mento mental aponta para um grande número de fatores ro, o seu repertório de comportamentos para responder a situa-
de vulnerabilidade, que interagem de maneira dinâmica ao ções difíceis ou traumáticas da vida cotidiana – como as tensões
longo da história de vida de cada pessoa, sem que nenhum emocionais e situações de estresse – é muitas vezes limitado e
deles seja determinante. rígido (INSTITUTO PROMUNDO E COLABORADORES, 2001).
Fatores de risco comuns e potencialmente modificáveis, como | Figura 22 – HAS: fatores de risco e condições clínicas (BRASIL, 2011).
ausência de uma dieta saudável, sedentarismo e uso de cigarro, Fonte: adaptado pelo autor de Brasil (2011).
explicam a alta prevalência da HAS. Dentre os fatores de ris-
co diretamente proporcionais ao desenvolvimento da HAS estão Dados de 2012 da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
idade, excesso de peso e obesidade, ingestão de sal, menor es- Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) indicam
colaridade e sedentarismo. que a população masculina apresenta respostas piores à maioria
desses fatores de risco.
As condições clínicas associadas à HAS compreendem desde re-
tinopatias até doenças renais, cardíacas e cerebrovasculares. • excesso de peso: 54,7% homens e 47,4% mulheres
O tratamento dessas complicações leva em consideração, em (iguais em obesidade);
conjunto com o nível da PA, a presença de fatores de risco e de
lesão em órgãos-alvo e (ou) doença cardiovascular estabelecida • frequência de consumo recomendado de frutas e
(BRASIL, 2011). hortaliças: 19,3% homens e 27,3% mulheres;
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Guia sobre Gênero, HIV/Aids, coinfecções no Sistema
O cuidado com a saúde por parte do homem difere do praticado sional, foi dado enfoque às doenças mais prevalentes entre os
pela mulher. Essa diferença também influencia na situação do homens privados de liberdade.
homem privado de liberdade no sistema carcerário brasileiro.
Assim, contamos com você e sua equipe na efetivação do SUS
Entendemos que a equipe de saúde tem papel fundamental na na atenção à saúde dos homens privados de liberdade!
implementação das políticas públicas que procuram desconstruir
essa realidade. Fica o desafio de você e sua equipe construí-
rem propostas adequadas a sua realidade local, com o intuito de
proporcionar atenção integral à saúde dos homens privados de
liberdade.
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Minicurrículo dos
Nazaré Otília Nazário
autores
Enfermeira graduada pela UFSC (1980). Fez especialização em
Docência em Nível de Terceiro Grau (1982), bem como mestrado
(1997) e doutorado em Enfermagem (2007) pela UFSC. Atua
como professora no curso de medicina da UNISUL.
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