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Trabalho de Psicologia

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE

CÁCERES “JANE VANINI” DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

Bruno de Jesus Barros

Resumo: Perspectivas teóricas (a eterna busca da realidade, o Poder do inconsciente), capítulo


2 do livro “Psicologia Jurídica – José Osmar Fiorelli, Rosana Cathya Ragazzoni Mangini”

Cáceres
2016
Bruno de Jesus Barros

Perspectivas teóricas (a eterna busca da realidade, o Poder do inconsciente), capítulo 2 do


livro “Psicologia Jurídica – José Osmar Fiorelli, Rosana Cathya Ragazzoni Mangini”

Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia Jurídica, do curso de


Bacharelado em Direito, como requisito parcial para obtenção da nota
do 3º semestre.
Prof. Leonardo Cappi Manzini.

Cáceres
2016
1. Introdução

A psicologia se desenvolveu enquanto ciência a partir do século XIX, no qual surgiram


grandes nomes e precursores da psicologia científica. Os primeiros pensadores desse tempo
procuraram traçar linhas gerais sobre o estudo do psiquismo, levando em consideração algumas
características provenientes da relação entre o consciente e o subconsciente. Vale ressaltar que
até então a psicologia era usada para outros fins, ou seja, não era de característica científica,
dessa maneira, passou a se desenvolver, como já exposto, a partir do meio da era moderna.
Dentre os mais notáveis estruturantes, Sigmund Freud foi um dos grandes psicanalistas (ou
melhor, o pai da psicanálise) do século XIX e XX. Sem dúvidas, sua importância foi
imensurável por ter criado conceitos psicanalíticos fundamentais para o estudo da estrutura
psíquica do indivíduo e, consequentemente, o desenvolvimento da psicologia em si1.
Tais conceitos são usados até hoje no desenvolvimento de estudos sobre a formação da
personalidade do indivíduo e sua estrutura psíquica. Além disso, Freud explicou conceitos
fundamentais para entender a origem da infelicidade humana2 sendo possível perceber a(s)
causa(s) da existência de indivíduos neuróticos e histéricos. Para o Direito, sem dúvidas, o
estudo da psicologia se faz extremamente necessário. Ora, não há talvez ciência tão humana
como o Direito. As compreensões das estruturas psíquicas são fundamentais para apreender o
comportamento de indivíduos e, assim, saber quais as medidas corretas para se aplicar uma
solução justa e apreciável.

2. A psicanálise desenvolvida por Freud (desenvolvimento da estrutura psíquica e o


poder do inconsciente)

A psicologia, como José Fiorelli e Rosana Mangini explica, se apoiou ao estudo dos
mecanismos intrapsíquicos, ou seja, “a relação entre o consciente e o inconsciente,
impulsionando o comportamento humano”. Freud ficou conhecido como o pai da psicanálise
por desenvolver conceitos fundamentais para tal ciência. Com seus experimentos, cogitou a

1
Freud criou conceitos de substancial importância para o estudo da estrutura psíquica. Tais levaram a psicologia
a um patamar avançado na compreensão do homem. Indubitavelmente, o avanço foi de tal maneira que nunca
antes existira na ciência, como, por exemplo, o estudo do subconsciente: Id, Ego e Superego, desenvolvido por
Freud.
2
Mais para frente será explicado a teoria disposta no livro “o Mal-estar na Civilização” em que Freud explica as
razões pelas quais o homem “civilizado”, como se diz, é tão infeliz.
existência de uma estrutura psíquica que tem formação inata e também a partir das percepções
externas. Desse modo, Freud modelou o aparelho psíquico em três elementos:

1. Id: Consubstanciada por conteúdos inconscientes, sendo a área mais primitiva que
busca, pelo princípio do prazer, se satisfazer.
2. Ego: Mediador de interesses entre o Id com o superego, contém tanto conteúdos
inconscientes como conscientes, observa a realidade e tenta aplicar o id de maneira
“ponderada”.
3. Superego: Tem a função de conter o ego, ao dispor valores morais e ideais. Procura
fazer a perfeição, se o indivíduo não tem um superego desenvolvido, a sociedade atua
com repressões morais e cogentes.

Quando o Id não consegue se “compatibilizar” com as reinvindicações do Superego, o


indivíduo se frustra, sua infelicidade é óbvia. Tentando mitigar isso, o Ego desenvolveu
mecanismos de defesa (ou válvulas de escape) para atenuar o sofrimento decorrente o conflito
subjetivo3. Por existir várias, colocarei em pauta apenas três:

I. Recalque: é quando o indivíduo transfere para a inconsciência os sentimentos, pulsões


ou afetos considerados repugnantes ou penosos. Desse modo, ele não elimina totalmente
tal sentimento, apenas tira-o do consciente. Entretanto, pode acontecer determinados
distúrbios decorrente disso, pois o sentimento continua presente (mas no
subconsciente).

II. Deslocamento: Quem ouve sertanejo universitário sabe muito bem o que é isso (por
exemplo a música “Seu polícia – Zé Neto e Cristiano”). O indivíduo desvia de um alvo
para outro tentando mitigar o sofrimento. No caso, seria a bebida a responsável para
esquecer a mulher perdida.

III. Sublimação: O autor cita um exemplo muito interessante. O indivíduo procura uma
outra maneira aceitável para satisfazer o sentimento reprovável. No exemplo, o
indivíduo violento procura no MMA (luta livre) uma forma de satisfazer o sentimento
de uma maneira aceitável ou legal na sociedade.

3
A música, a título de curiosidade, atua em um papel extremamente interessante no sentido de expor as frustrações
e também ajudar a mitiga-las.
Tais elementos conseguiram provar a atitude de determinados indivíduos. É possível
perceber que há pessoas que possuem um superego mais contundente que outras. No texto é
dado o exemplo de Helena que avançou para cima de sua irmã Carol por ter ela ficado com um
homem casado, o que, pelo menos ainda, em nossa cultura é algo reprovado pela maioria. É
possível perceber que o nível de “contundência” do Superego relativiza de sociedade para
sociedade e de família para família o que, peculiarmente, traduz a realidade psíquica de cada
um ou até mesmo de um povo inteiro. Nesse sentido, a religião, o Estado, as associações, classe
social e até mesmo os clubes de futebol tem uma forte atuação.

No desenvolvimento de tal estrutura, existe alguns fatores substancialmente responsável


para a formação da identidade. Assim, Freud estabelece as fases sexuais como um belo exemplo
deste desenvolvimento, as quais se dividem em:

a) Oral: O prazer se centra na boca, desenvolve socialmente o ideal de confiança


(do nascimento até o primeiro ano).

b) Anal: O prazer se encontra no órgão excretor, desenvolve no indivíduo os ideais


de vergonha, autonomia, dúvida e controle (do primeiro ao terceiro ano de vida).

c) Fálica: O prazer se encontra nos órgãos sexuais, é aí que as crianças descobrem


sua identidade sexual, bem como há desenvolvimento ou moldação do ego e o
superego (do terceiro ao sexto ano de vida).

d) Latência: O indivíduo não se interessa tanto pelo sexo, procura juntar-se com
outros do mesmo sexo. Tal fase ajuda a desenvolver o ego e o superego.

e) Genital: O interesse sexual se desloca à outra pessoa (da puberdade à fase


adulta).

Na verdade, quando o indivíduo não cresce corretamente em qualquer das fases acima
levantadas, ocorre distúrbios comportamentais e até doentios. Percebe-se, atualmente, um
crescimento vertiginoso na existência de indivíduos com algum distúrbio. Talvez, ao meu ver,
a resposta está na dinâmica social e familiar contemporânea. A vida corriqueira é, muitas das
vezes, rápida de mais, muito precoce. Tais coisas atrapalham o desenvolvimento correto das
coisas, como a personalidade. O indivíduo nasce e os pais mal têm tempo para cuidar da criança
que logo cedo estão cercadas em uma sala 12 horas por dia.
Carl Gustav Jung (Suíça, 1875-1961) produziu o conceito de símbolo. Para ele,
resumidamente, seria toda e qualquer coisa que estimula algum sentimento psicológico ou
psicossocial4. Na sociedade existem sistemas simbólicos que auxiliam os indivíduos a agirem
ou absterem de alguma forma, desse modo, cria-se uma espécie de inconsciente social. Alfred
Adler, por outo lado, acreditava que o comportamento estava contido a conteúdos inatos e não
construídos, como Freud pensava. A teoria de Jung prova o porquê que alguns indivíduos agem,
em grupo, diversamente do que agiriam sozinhos.
Além disso, Jung desenvolveu uma tipologia para descrever os comportamentos
humanos divididos em polos: Extroversão/introversão, pensamento/sentimento,
sensação/intuição e julgamento/percepção. Assim, cada indivíduo teria uma característica
peculiar nos modos de agir tanto “ESTJ” como “INPF”, por exemplo.

3. A Perspectiva Psicossocial do Desenvolvimento

Sem receio, de acordo com a ideia de Donald Winnicott, a mãe tem um papel
fundamental no desenvolvimento psíquico do indivíduo, sendo necessário um cuidado materno
“suficientemente bom”. Assim, tais pressupostos se embasam na ideia de que ajudam na
edificação do ego, oferecendo subsídios psíquicos (carinho, amor, segurança) que são, na
verdade, estruturadores.
A sociedade é, depois das hipóteses expostas, a maior influente na formação
intrapsíquica do indivíduo. Como ressaltado anteriormente, os indivíduos aderem os valores
sociais e acabam se tornando membros inseparáveis de tal corpo, posto que podem dar a vida
aquilo.
Erik H. Erikson, em 1950, escreveu alguns pressupostos (oito, no total) da formação psíquica
do indivíduo, citarei, por exemplo três destes:

4
Edward Bernays, sobrinho de Freud, desenvolveu teorias acerca do controle de massas. Assim, conseguiu render
milhões na indústria das chamadas políticas públicas (indústria do consentimento). Isso se fez possível ao criar
símbolos sobre determinadas coisas (através do marketing ou propaganda), instigando o indivíduo a comprar
determinados produtos.
 Confiança Básica: Influenciada principalmente pela presença materna, ajuda a dar os
pressupostos de confiança básica ao indivíduo, o bebê aprende a confiar na mãe e,
portanto, nos outros, com base do carinho que recebeu.

 Autonomia: Neste período, a criança desenvolve o entendimento moral do certo e o


errado. Ou seja, conhece as limitações sob as quais está limitada para o convívio social.

 Iniciativa: A criança passa a “descobrir o mundo real” por meio de brincadeiras as quais
demonstram o desenvolvimento mental da criança.

4. Conclusão

Nos últimos anos, o indivíduo se tornou alvo de incansáveis pesquisas psicanalíticas.


Talvez, atualmente, nunca precisamos tanto da psicanálise como antes. A civilização que
dizemos, na maioria das vezes, ser algo tão bom, positivo, talvez seja o ponto chave de nossa
própria desgraça. Caminhamos para uma sociedade avançada tecnologicamente, entretanto,
doentia, fraca, destruída psicologicamente. Não sabemos qual seja o limite sob qual vamos
impor nossos objetivos muitas das vezes egoístas. Na verdade, restrições são nos colocadas
diariamente na perspectiva utópica que vamos construir uma sociedade justa e “feliz”.
Em síntese, precisamos rever o conceito de “avanço”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIORELLI, José Osmir e MANGINI, Rosana Cathya Ragazzoni, Psicologia Jurídica, São
Paulo: Atlas – 2015.

FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. São Paulo: Penguin Classics


Companhia das letras, 2011.

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