Pro - Med-Gin.030 - Mastologia - Cancer de Mama
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1. AUTORES
2. INTRODUÇÃO
Apesar de a maioria das doenças mamárias serem benignas, o câncer de mama se destaca pela
sua elevada incidência e mortalidade.
O impacto do seu diagnóstico à saúde feminina através dos diversos tratamentos necessários gera
um alto custo financeiro para o sistema de saúde, além de grandes transtornos emocionais e psicológicos
para as pacientes acometidas.
O câncer de mama é a neoplasia maligna mais frequente nas mulheres, excluindo-se os casos de
câncer de pele não melanoma. A cada 100 diagnósticos de câncer feminino, 25 são de mama. Em 2017
foram diagnosticados cerca de 2,5 milhões de casos no mundo. No Brasil são esperados cerca de 59 mil
casos novos para o ano de 2018.
A incidência da doença vem aumentando mundialmente em todas as faixas etárias. Acredita-se
que isso ocorra devido às mudanças do estilo de vida feminino, fatores reprodutivos, exposição ao stress
e, inclusive, aumento da expectativa de vida. Além da melhora dos exames de imagem com o diagnóstico
de lesões cada vez menores e assintomáticas.
Quanto à distribuição, sua incidência predomina no Sul e Sudeste (cerca de 70/100.000
habitantes), seguida de Centro-Oeste e Nordeste (35 a 51/100.000 habitantes) e o Norte ocupa a última
posição com cerca de 21/100.000 habitantes. Questiona-se essa diferença de incidência devido ao acesso
aos sistemas de saúde e a notificação da doença.
Os fatores de risco para o câncer de mama são variados. Não é possível identificar uma única
causa específica para o surgimento da doença.
Existem fatores que não podem ser modificados como:
Sexo feminino - são cerca de 100 mulheres para 1 homem;
Menarca precoce- antes dos 11 anos;
Menopausa tardia - após 55 anos;
Fatores de risco genético (20% dos cânceres de mama);
Envelhecimento- após os 55 anos;
Raça e cor (branca são mais propensas);
Tecido mamário denso;
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4. RASTREAMENTO
O nódulo é considerado uma das queixas mais comuns, sendo responsável por até 60% das
consultas com o mastologista, porém 70-75% dos casos são de lesões benignas. A dor mamária ou
mastalgia é causa frequente de consulta, porém só está associada ao câncer em 0,8 a 2% dos casos,
sendo ela focal, acíclica e persistente em determinado ponto da mama. O fluxo papilar também pode ser
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Os carcinomas podem estar confinados ao sistema ductoacinar (in situ), sem invadir o estroma,
ou podem ser invasivos, quando as células tumorais invadem os tecidos adjacentes aos ductos mamários
e apresentam tendência a metastatizar para linfonodos e órgãos à distância.
Os tumores exibem amplo espectro de fenótipos, com tipos histológicos específicos, que
apresentam prognósticos diferentes e, por vezes, características clínicas próprias. O de tipo não especial,
ou SOE (sem outra especificação) é o tipo histológico mais comum - 40 a 75% dos casos. Outros tipos
menos comuns são o lobular, tubular, cribriforme, mucinoso, medular, apócrino, metaplásico, entre outros.
Uma vez confirmada à presença de carcinoma da mama, ele pode ser classificado de acordo com
seu subtipo molecular através da imunohistoquímica (IHQ) em:
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Luminal: 75% dos casos. Apresentam receptores de estrógeno (RE) e/ou de progesterona (RP)
positivos. O Luminal A é o mais comum (50-60% dos cânceres de mama), possui baixo grau
histológico e tem bom prognóstico. O luminal B representa 15-20% dos casos e tem fenótipo mais
agressivo, maior recorrência e menor sobrevida que o luminal A;
Her 2: ocorre em 15-20% dos cânceres, e a hiperexpressão desse receptor de membrana confere
maior agressividade biológica;
Basal: 8-37% de todos os carcinomas. Tem comportamento agressivo e altas taxas de metástases
cerebral e pulmonar. Ele constitui cerca de ¾ dos cânceres relacionados à mutação do gene
BRCA1. Eles não expressam RE, RP ou Her2, daí a referência ao termo triplo negativo (TN).
7. ESTADIAMENTO
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N (Categorias) N (Critérios)
Nx LNF regionais não podem ser avaliados (previamente removidos)
N0 Ausência de metástases em LNF regionais
N1 Metástases em LNF axilares, ipsilaterais, móveis, dos níveis I e II
N1mi Micrometástases (200 células, medindo entre 0,2 e 2mm)
N2
Metástase em LNF axilares níveis I e II, fixos ou fusionados uns aos outros ou a
N2a
outras estruturas
Metástase somente em linfonodo mamário interno, na ausência de metástase em
N2b
LNF axilar
N3
N3a Metástase em LNF infraclavicular ipsilateral
N3b Metástase em LNF mamário interno E LNF axilar ipsilateral
N3c Metástase em LNF supraclavicular ipsilateral
M (Categorias) M (Critérios)
M0 Sem evidências clínicas ou radiológicas de metástases à distância
Presença de células tumorais ou depósitos de até 0,2mm detectados
microscopicamente ou por técnicas moleculares no sangue, medula óssea ou outro
M0 (i+)
tecido linfonodal não regional. Paciente sem sintomas e sem evidências clínicas ou
radiográficas de metástase à distância.
Metástase à distância detectada por meios clínicos e radiográficos, e/ou
M1
histologicamente comprovadas maiores que 0,2mm.
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8. TRATAMENTO LOCORREGIONAL
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8.4 Estádio IV
Por se tratar de doença metastática, o tratamento locorregional só está indicado se metástase
única óssea ou em se tratando de cirurgia higiênica. Em caso de tumor inflamatório - T4d- está
contraindicada a cirurgia conservadora.
9. TRATAMENTO SISTÊMICO
9.1 Quimioterapia
Refere-se à administração sistêmica de agentes citotóxicos antes ou após a cirurgia. Indica-se de
maneira neoadjuvante em casos de tumores T3-4 ou linfonodos coalescentes, em carcinomas
inflamatórios ou se T2 limítrofe para cirurgia conservadora, onde a terapia neoadjuvante pode melhorar o
resultado cosmético da cirurgia.
Pode-se considerar também nos tumores multifocais/ multicêntricos. De acordo com a resposta
clínica durante a quimioterapia neoadjuvantes, e se obter também informações prognósticas (ausência de
regressão/aumento da lesão após 2 ou 3 ciclos de QT neo representam pior prognóstico). Após a
abordagem cirúrgica, deve-se avaliar a presença ou não de critérios indicativos de quimioterapia
adjuvante.
De acordo com o Consenso de St Gallen, classifica-se o risco individual de recorrência da doença
em:
Alto risco: baixa expressão de receptores hormonais; grau histológico 3; alto índice de proliferação
celular; 4 ou mais linfonodos comprometidos; extensa invasão vascular peritumoral; tumores
maiores de 5cm;
Risco intermediário: tumores de 2 a 5cm, 1 a 3 linfonodos comprometidos; grau histológico 2;
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Baixo risco: alta expressão de receptores hormonais, tumores grau 1, baixo índice de proliferação,
ausência de comprometimento axilar, tumores <2cm.
Pacientes de alto risco sempre se beneficiam do tratamento quimioterápico adjuvante, ao contrário
dos pacientes de baixo risco. Nos casos de risco intermediário, deve-se utilizar as ferramentas
matemáticas que estimam a recorrência local e à distância, além da sobrevida (AdjuvantOnLine! E Predict),
e, quando disponíveis, os ensaios de expressão gênica (Oncotype DX, Mammaprint e PAM50). Em caso
de doença macroscopicamente metastática, a quimioterapia está indicada com o objetivo de melhorar os
sintomas e proporcionar melhor qualidade de vida às pacientes. Vale ressaltar que ela tem objetivo apenas
paliativo.
9.2 Hormonioterapia
O estrogênio desempenha papel fundamental no desenvolvimento do CA de mama, e o seu
bloqueio se dá através da hormonioterapia. Estudos comprovam benefício na sobrevida global em
pacientes com receptores hormonais positivos (RH+), associado a uma toxicidade leve e tolerável. Os
agentes empregados são:
SERM (Moduladores Seletivos do Receptor de Estrogênio): Tamoxifeno (TAM), Raloxifeno,
Fulvestranto. TAM é o mais estudado. Inibe o crescimento das células tumorais por antagonismo
competitivo nos receptores de estrogênio (RE) do tecido mamário. Se utilizado na dose de 20mg/dia por 5
anos, reduz a taxa de recidiva em 41%, de morte em 34% e a incidência de câncer na mama contralateral
em 39%. Pode ser usado nas mulheres na pré-menopausa, e seu uso pode ser extendido até 10 anos se
bem tolerado e na ausência de contraindicações.
IA (Inibidor da Aromatase): inibem a conversão de androgênio em estrogênio nos tecidos
periféricos e no tumor por meio da inibição enzimática. Devem ser empregados exclusivamente em
mulheres na pós-menopausa ou que realizaram supressão ovariana, uma vez que a aromatização do
androgênio constitui a principal fonte de estrógeno. O tratamento padrão é por 5 a 10 anos de Anastrozol
1mg/dia ou Exemestano 25mg/dia ou Letrozol 2,5mg/dia. Observou-se aumento do número de fraturas
ósseas em pacientes que utilizam IA. Dessa forma, recomenda-se associar Ácido Zoledrônico 4mg
semestralmente por 3 anos, além de suplementar Cálcio e Vitamina D.
Tosse, dispneia;
Náusea, vômito ou alteração do apetite;
Sangramento genital ou urinário;
Dores osteoarticulares.
Em caso de cirurgia conservadora, MMG deve ser solicitada 6 meses a 1 ano pós o final da
radioterapia, e continuar anualmente. USG deve ser complementar, mas não há evidências para indicar
seu uso rotineiro. RNM deve ser evitada, devido à alta sensibilidade, porém baixa especificidade.
Para as usuárias de IA, indica-se densitometria óssea; se TAM, ecografia transvaginal apenas se
sangramento transvaginal anormal.
Em mulheres na pré menopausa não se indica contracepção hormonal, independente dos
receptores tumorais.
É fortemente aconselhável evitar o tabagismo, consumo de álcool e sedentarismo (recomenda-se
manter IMC abaixo de 25).
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1. American College os Radiology. Breast imaging reporting e data system (BI-RADS). 5.ed.
Reston: American College of Radiology, 2013. Disponível em:
https://www.nccn.org/professionals/physician_gls/pdf/breast.pdf.
2. Boff, Ricardo Antonio, et. al. Compêndio de Mastologia. 1 ed. Caxias do Sul: Lorigraf, 2015.
3. Frasson, Antônio Luiz, et. al. Doenças da Mama: Guia de Bolso Baseado em Evidências. 2 ed.
Rio de Janeiro: Atheneu, 2018.
4. Nazário, Afonso Celso Pinto, et. al. Mastologia: Condutas Atuais. 1 ed. Barueri: Manole, 2016.