Genética Do Câncer
Genética Do Câncer
Genética Do Câncer
GENÉTICA DO CÂNCER
GERAL
NOMENCLATURA
Neoplasia ou tumor: Massa de células com crescimento celular descontrolado, que pode ser:
Maligna: Invasão local, metástase. Ex: Carcinomas, sarcomas, linfomas, gliomas, leucemias.
Benigna
Todos nascem com seu nível próprio de susceptibilidade, mas o fator ambiental vai ser crucial para que
haja manifestação ou não de doença.
Esse gráfico mostra uma pessoa que já nasceu com mutação genética.
Carcinoma: Células tumorais adquiriram a capacidade de invadir o espaço das células vizinhas.
Usualmente, há um mecanismo que controla a capacidade de replicação quando há aumento da
proliferação. Ou seja, esse aumento diminui o espaço disponível para as células locais e isso induz a
parada na multiplicação. No entanto, na célula cancerosa, há uma perda desse mecanismo de inibição
por contato.
USO DA GENÉTICA
Não seria sempre uma variação genética e ambiental? Todos não seriam Family clusters?
História familiar complexa: Podemos traçar o perfil de síndrome hereditária que o paciente
pode ter. Construção do heredograma detalhado é fundamental para saber qual o grau de
parentesco com as pessoas que tiveram câncer na família, qual idade ao diagnóstico desses
indivíduos e o tipo histológico tumoral.
A partir desse heredograma, identificaremos quais os principais genes para avaliar uma Síndrome
hereditária de predisposição ao câncer.
Letícia Escorse – 17.2
Sequenciamento de nova geração: Gera painéis de sequenciamento gênico, onde é possível analisar
simultaneamente, em uma única coleta de sangue, todos os genes de interesse para identificação. O
sequenciamento do genoma ainda é mais usado a nível de pesquisas, mas o painel de sequenciamento
de nova geração deve ser usado quando indicado para pesquisar os genes específicos do tipo tumoral
que o paciente possui. Isso permite fazer a distinção se é um câncer esporádico ou não.
Tem famílias em que o perfil é mais complexo e cada tumor pode fazer parte de várias síndromes
diferentes. No painel de sequenciamento, também é possível identificar esses genes que possam estar
causando várias possibilidades de síndromes.
Angelina Jolie: Tem síndrome de predisposição genética ao câncer de mama e ovário hereditário
(HBOC), porque herdou da mãe uma mutação patogênica no gene BRCA1 (mutação autossômica
dominante avaliar todos os parentes do indivíduo). Ter mutação patogênica do pai ou da mãe
aumenta muito o risco de câncer.
Em cinza (população geral), em azul (mutação herdada). No primeiro gráfico, risco de um primeiro
câncer e no segundo, o risco de um segundo câncer. Existem intervenções que podem ser realizadas
para redução do risco. Para o câncer de mama, existem estratégias eficientes de rastreio, mas isso não
ocorre no câncer de ovário, por isso, essa síndrome é tão perigosa.
Perceba que, no primeiro gráfico, a mutação sozinha do BRCA1 trouxe um risco para ela de 87%. Se ela
não tivesse essa mutação, o risco seria 11x menor (8%).
O fato de ter mutação em gene faz com que a penetrância seja completa? No caso do BRCA1 não, nem
todos que tem a mutação terão câncer (apesar do risco ser muito alto), o que indica que o ambiente
Letícia Escorse – 17.2
continua a ser importante. Já no caso abaixo, a penetrância é completa e em todos os casos de mutação
será desenvolvido o fenótipo câncer.
Características da síndrome:
Prevalência: 1/300-800
Maior prevalência entre os Judeus Ashkenazi: 1/40
Associado a risco de outros cânceres:
Ovário/trompas (11-40%)
Mama masculino: 10%
Próstata: 39%
Pancreático: 7%
MANEJO
Mamografia, USG, RNM de mamas anualmente: BRCA1, BRCA2, ATM, CDH1, CHEK2, PALB2,
PTEN, STK11, TP53.
Salpingo-ooferectomia redutora de risco: BRCA1, BRCA2 e Síndrome de Lynch.
Mastectomia redutora de risco: BRCA1, BRCA2, CDH1, PTEN, TP53.
Fez a mastectomia e não precisa mais acompanhar? Precisa acompanhar, porque reduz o risco mas não
zera (retira a glândula e depois coloca a prótese) é uma adenomastectomia, não é uma mastectomia
mutiladora que faria de tratamento.
Tamoxifeno: Hormonioterapia usada para o tratamento de câncer de mama que tem receptor
hormonal para estrogênio e progesterona. Pode ser usado de forma preventiva para redução
do risco do câncer de mama (uso profilático reduziria em 53% o risco).
Esses tumores que tem receptor hormonal para E e P também são esporádicos? Ou mais hereditário?
Tumor triplo negativo (sem receptor hormonal) tem mais chance de ser hereditário. Se tem receptor
hormonal, tem maior probabilidade de ser esporádico.
Mastectomia preventiva reduz ≥ 90% do risco de CA de mama (não existe zerar risco no que se
refere ao câncer).
Letícia Escorse – 17.2
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A testagem deve ser considerada para pacientes com risco alto para mudança de conduta
médica para o paciente e/ou seus familiares.
Paciente com história prévia de transplante de medula óssea não deve realizar análise de DNA
através da coleta de sangue. Outro tecido deve ser coletado para realização destes exames.
Testagens genéticas de patologias de ocorrência em adultos (ex: BRCA 1 e 2) não devem ser
realizadas em menores de 18 anos.
A testagem de um indivíduo não afetado somente deve ser considerada quando um familiar
afetado não estiver disponível para testagem (identificar qual a alteração genética e buscar sua
ocorrência entre os membros da família). O rastreio inicial deve ser feito em pacientes que já
tiveram câncer.
Quando começa investigação da família, a primeira pessoa que deve ser idealmente testada é quem já
teve câncer, faremos uma varredura geral para esse paciente. Ela tem maior probabilidade de
apresentar a mutação familiar. A partir disso, você parte para os familiares para ver se tem essa
mutação familiar (busca já a mutação específica). A varredura custa em torno de 2 mil reais.
Grande variabilidade:
Síndrome genética, doença cromossômica gerando câncer, mutação monogênica que gera câncer, mas
não uma síndrome.