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Desenvolvimento de Sociologia

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Teoria da Estratificação Social de Max Weber

A estratificação é a maneira pela qual os indivíduos se reproduzem socialmente e, de acordo com


Weber, toda a discussão relativa à estratificação social requer, inicialmente, atenção ao conceito
de poder. Assim, entende-se, segundo Weber, que poder é a possibilidade de que um homem, ou
um grupo de homens, realize sua vontade própria numa ação comunitária, até mesmo contra a
resistência de outros que participam da ação. Portanto, o modo de estruturação de qualquer ordem
social influencia a distribuição de poder, econômico ou outro, dentro dos limites de cada
sociedade.
Assim, a estrutura social não se organiza apenas ao nível econômico, mas também em outros
termos do poder. Logo, não é somente o poder advindo de fatores econômicos que determina o
tipo de estratificação social encontrado nas diversas sociedades, pois a luta pelo poder também é
orientada pelas honras e prestígios sociais trazidas por ele. Em outras palavras, existem contextos
nos quais a honra é que está na base do poder político ou mesmo econômico. Dessa forma, Weber
afirma que:
“A forma pela qual as honras sociais são distribuídas numa comunidade, entre grupos típicos que
participam nessa distribuição, pode ser chamada de “ordem social”. Ela e a ordem econômica
estão, decerto, relacionadas da mesma forma com a “ordem jurídica”. Não são, porém, idênticas.
A ordem social é, para nós, simplesmente a forma pela qual os bens e serviços econômicos são
distribuídos e usados. A ordem social é, decerto, condicionada em alto grau pela ordem
econômica, e por sua vez influi nela.”
Assim, a estruturação do poder e a produção econômica possibilitam a classificação das
sociedades e a avaliação do grau de mobilidade social encontrado nelas. Desse modo, conclui-se
que castas, classes, estamentos e partidos são alguns dos fenômenos da distribuição de poder
dentro de uma comunidade.
Portanto, como exemplo dessa teoria, nós podemos utilizar as sociedades de Roma e da Idade
Média:

-Roma
A estrutura social que se erigiu nessa civilização, que teve seu florescimento por volta de 750
a.C., na região conhecida como Lácio, na Península Itálica, teve como base principal os patrícios
e os plebeus. Além desses, havia ainda os clientes, os escravos e os proletários.
Os patrícios formavam a elite social e política romana. Os principais cargos políticos de destaque,
durante muito tempo, só podiam ser ocupados pelos patrícios. Esse grupo da sociedade era
herdeiro dos primeiros clãs de pastores que se estabeleceram no Lácio e fundaram a cidade de
Roma. Esses clãs eram de povos latinos e organizavam-se sob o modelo de páter-famílias, chefe
de família patriarcal, daí vem a denominação “patrício”. Sendo assim, os patrícios, por tradição,
eram os grandes proprietários de terras da antiga Roma. Possuíam, portanto, o controle político e
econômico.
Já os plebeus, ou a plebe, como também eram conhecidos, constituíam a camada da população
que não tinha ascendência patrícia. A maioria dos plebeus era constituída de pequenos
proprietários de terras, artesãos e comerciantes. Boa parte das crises sociais da Roma Antiga, bem
como das tentativas de reforma, como a dos irmãos Graco, derivou da insatisfação dos plebeus.
Além desses dois grupos, havia ainda os clientes. Estes eram agregados dos patrícios e deles
recebiam estadia e proteção. Em troca, ofereciam todo tipo de serviço, daí vem a expressão
moderna da análise política “clientelismo”, que expressa a relação de subordinação de um grupo
social a outro em troca de pequenos benefícios.
Na estrutura social romana, havia ainda os escravos e os proletários. Os primeiros eram
considerados bens de posse daqueles que os compravam ou os capturavam, além de serem
desprovidos de qualquer representatividade política ou direitos em meio à sociedade romana. Os
escravos podiam ser tanto escravos por dívidas quanto povos capturados e conquistados nas
campanhas militares romanas.
Já os proletários, isto é, os proletarii, recebiam essa denominação porque sua única expressividade
social consistia em gerar prole (filhos) – daí a origem do termo proletário. Eles compunham a
parte da sociedade que ficava sob o jugo do Estado e que, quase sempre, servia para engrossar as
fileiras mais frágeis do exército romano.

-Idade Média
A sociedade medieval era hierarquizada; a mobilidade social era praticamente inexistente. Alguns
historiadores costumam dividir essa sociedade em três ordens: a do clero; a dos nobres e a dos
camponeses.
Servos: Os camponeses eram os constituintes da base da sociedade feudal. Mesmo compondo a
expressa maioria da população medieval, esses eram subordinados à autoridade dos grandes
proprietários de terra pelo sistema de servidão. Na condição de servos, esta classe de camponeses
devia realizar todo o trabalho agrícola responsável pelo sustento de todas as ordens feudais.
É importante salientar que os servos não podem ser confundidos com escravos. Apesar de estarem
subordinados ao trabalho imposto pelo seu senhor, um servo não poderia ser comercializado como
um escravo. Além disso, vale destacar que o senhor feudal, por outro lado, tinha por obrigação
garantir a eles proteção militar e o oferecimento de terras para a agricultura.
Nobreza: Os nobres compunham a classe social detentora das forças militares e de uma parcela
considerável das terras disponíveis no mundo feudal. Mediante essas prerrogativas, ocupavam
junto ao clero importantes funções políticas que marcaram o período. Além disso, vemos que no
interior dessa classe havia uma hierarquia que nos revela as distinções e papéis sociais que um
membro da classe nobiliárquica poderia vir a assumir.
Na alta nobreza, por exemplo, temos a presença dos príncipes, arquiduques, duques, marqueses e
condes. Os pertencentes a esse subgrupo da nobreza correspondiam aos grandes proprietários de
terra que possuíam forte influência política e amealhavam sua autoridade sobre um considerável
número de vassalos. Em muitos casos, tendo em vista a amplitude de sua influência, um membro
da alta nobreza teria mais importância do que o próprio rei.
Já entre os proprietários de menor expressão, podemos destacar a presença dos viscondes, barões
e cavaleiros. Os cavaleiros eram os sujeitos que melhor exprimiam a organização militar
estabelecida ao longo do período medieval. Quando possuía terras, o cavaleiro tinha condições
para se dedicar unicamente ao aprimoramento de suas técnicas de luta e a utilização das armas.
Em outros casos, o cavaleiro se submetia ao poder de um senhor feudal em troca de algum
benefício que lhe provesse sustento.
Clero: No mundo medieval, o clero estabeleceu um processo de alargamento da sua influência
entre as populações europeias. Por meio de uma organização centralizada e a determinação de
seus dogmas, a Igreja Católica logo se difundiu pelos quatro cantos da Europa instituindo não
apenas uma opção religiosa, mas a capacidade de orientar o comportamento de milhares de
pessoas.
Vale a pena destacar que os mosteiros tiveram grande importância para a formação de seus
membros e a própria disseminação do catolicismo. Além de representarem a crença cristã, os
mosteiros medievais foram de importância fundamental para o cenário intelectual do período.
Vários desses lugares cuidaram da preservação e da cópia de importantes manuscritos da
Antiguidade Clássica.
Progressivamente, a consolidação de uma leitura religiosa do mundo acabou concedendo aos
membros da Igreja a oportunidade de influir em vários aspectos da população medieval. O temor
à figura divina, o desprezo pela vida terrena e a busca pela salvação espiritual foram se
transformando em questões de natureza primordial. Além disso, lembrando que boa parte da
população era iletrada, a imagem de santos e a disseminação de relíquias foram importantes para
que o cristianismo ganhasse força.
Dessa forma, sendo detentores de conhecimento e influindo no comportamento da época, a Igreja
acabou assumindo papéis que extrapolavam a esfera religiosa. Ao longo do tempo, muitos fiéis
deixavam parte de suas propriedades como sinal de devoção cristã. Além disso, a opinião de
vários clérigos passou a influir na decisão dos reis e grandes proprietários de terra do período.
Brasil Regência: Desordem social e o Patrimonialismo
de Weber
Durante o período em que se esperava que o príncipe D. Pedro II atingisse a maioridade, os
membros do Congresso escolhiam os regentes para governar o Brasil. No entanto, os designados
para tal função eram da elite agrária que eram contra os liberais e a ideia do federalismo, algo que
provocava atritos e burocracia na política e favorecia a expansão de ideias de revolta por todo o
país.
Assim, dentro de um contexto em que não havia um governo forte e que a grande parte da
população sofria por falta de recursos básicos, surgem as principais revoltas regenciais. Essas
rebeliões aconteceram em diversas partes do Brasil. Entre seus participantes estavam os pobres,
pessoas das camadas mais altas da sociedade da época e até mesmo os escravos. O que diferenciou
as causas reivindicadas pelos revoltosos, foram os problemas locais.

-Principais Revoltas
Malês: O palco desse acontecimento foi na capital Salvador, província da Bahia, no ano de 1835.
Na região, havia muitos negros escravos e libertos, que não se conformaram com a escravidão e
imposição da religião católica. Vale ressaltar que os negros de Salvador eram na sua maioria de
origem muçulmana.
O grupo de escravos que formavam o grupo de revoltosos, eram os conhecidos como “negros de
ganho”, ou seja, vendiam produtos pelas redondezas e traziam metade do que recebiam para seus
donos. Como esses escravos ficavam de certa maneira “livres” para andar pela capital, facilitava
a organização de tal movimento. Inclusive, muitos deles conseguiam guardar quantias de dinheiro
com as vendas que realizavam e acabavam comprando a própria carta de alforria.
O movimento, que durou menos de um dia, não alcançou os objetivos esperados. Foi duramente
controlado, com um saldo de muitos mortos, outros presos e cerca de quinhentos negros libertos
foram exilados para a África. Apesar de não ter tido sucesso, o levante do Malês teve seu destaque
em nossa história, por apresentar uma organização dos povos menos favorecidos da época.
Cabanagem: A revolta da Cabanagem ocorreu na província do Grão-Pará, no anos de 1835 a
1840. Seus componentes foram negros, índios e os cabanos –– moradores de cabanas. Seus
integrantes lutavam pela melhoria de vidas dos pobres e da perda do domínio político dos grandes
produtores da terra.
Suas ações tiveram algum êxito, por ter conseguido conquistar a capital Belém e até mesmo
chegaram a declarar a independência do Pará! No entanto, o sucesso não perdurou por muito
tempo. Em 1840, foram derrotados pelo governo, ocasionando a morte de cerca de 30 mil pessoas.
Os que conseguiram fugir eram perseguidos até serem mortos, o que ocasionou cerca de mais de
40% da população paraense da época!
Sabinada: Ainda na Bahia, dois anos após da revolta de Malês, foi a vez da classe média, os ricos
e militares se juntarem para dar início a revolta da Sabinada. O nome surgiu, em decorrência do
líder ser o médico Francisco Sabino. As reivindicações eram os baixos salários dos militares e a
insatisfação com o governo regencial, que queria enviá-los para resolver conflitos populares no
Sul do país. Já o interesse por parte dos demais integrantes era ter maior participação política e
mais acesso ao poder.
Conquistaram algumas vitórias como proclamar uma república, o que durou apenas alguns meses.
Após isso, foram duramente reprimidos pelas autoridades da província, tendo muitas mortes,
como o do líder da revolta e outros participantes deportados ou executados.
Balaiada: No Maranhão, ocorreu a revolta da balaiada, nos anos de 1838 a 1841. Esse conflito
recebeu adesão dos quilombolas, escravos, artesãos e os pobres lutavam para deixarem de ser
explorados pela classe dominante –– os produtores rurais e os grandes comerciantes da região.
Entretanto, a revolta teve início por motivos de disputa das elites locais. Um de seus líderes,
Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, era comerciante de balaios, daí o nome de balaiada. Foi no
ano de 1840, que o futuro Duque de Caxias, então coronel do exército do governo regencial,
liderou a dominação sobre os rebeldes.
Farroupilha: Conhecida também como a guerra dos farrapos, essa revolta se deu no Sul do
Brasil, na província de São Pedro do Rio Grande do Sul. O objetivo dos rebeldes era conquistar
maior autonomia econômica e política para a região. Entre os farrapos, como eram chamados os
revoltosos, destacam-se personagens que marcaram o cenário político: Anita Garibaldi, Bento
Gonçalves, Giuseppe Garibaldi e Bento Manuel.
A revolta teve um grande feito em 1838: a aclamação da República de Piratini ou Rio-Grandense,
tendo como presidente o líder Bento Gonçalves. Somente anos mais tarde, por volta de 1845, que
todos os integrantes desse levante foram derrotados pelo governo regencial.
Fim das revoltas regenciais: Como as revoltas regenciais foram desencadeadas com a falta de
“comando” do então príncipe D. Pedro II. Para resolver essa situação, e por fim em outras
possíveis revoltas que poderiam surgir contra o governo regencial, o Senado Federal antecipou a
lei da maioridade para o príncipe.
Dessa forma, antes mesmo de completar os 14 anos de idade, o Brasil passou a ser governado por
um líder ainda bem jovem. Essa reforma da lei, que surgiu como estratégia para conter o caos na
nação, ficou conhecida como o “Golpe da Maioridade.”

-Patrimonialismo e coronelismo
Patrimonialismo é um conceito desenvolvido pelo sociólogo alemão Max Weber (1864-1920), no
fim do século XIX, e aplicável tanto à disciplina de história quanto à sociologia. Esse conceito
tem o objetivo de compreender um modo específico de dominação, ou de poder, que atinge as
esferas econômica e sociopolítica.
Como o próprio termo indica, patrimonialismo deriva das palavras patrimônio e patrimonial e
pode ser definido como uma concepção de poder em que as esferas pública e privada confundem-
se e, muitas vezes, tornam-se quase indistintas. Assim sendo, um líder político é qualificado como
patrimonialista quando, ao assumir um cargo na esfera pública (o de governador, por exemplo),
acaba “instrumentalizando”, isto é, criando mecanismos de controle, a estrutura estatal para
satisfazer as suas necessidades pessoais, ou seja, privadas.
Um ´timo exemplo é o fenômeno do coronelismo, no qual suas origens remontam ao século XIX,
com o desenvolvimento da Guarda Nacional, quando os cargos de confiança foram nomeados de
acordo com relações de influência e troca de favores, assim sendo, grandes proprietários de terra
que eram leais ao governo recebiam o cargo de coronel para exercer o controle local. À medida
que o tempo avançou, todo chefe político local passou a ser chamado pelos sertanejos de coronel.
A respeito do poder do coronel, podemos dizer que:
“(...) O coronel seria um elemento eminentemente eleitoral, cuja liderança política se exercitava
em decorrência da sua liderança econômica; e o argumento para que o seu poder se legitimasse
estaria no aliciamento de eleitores e no preparo das eleições. Todavia, a nível local, o coronel
seria um organizador do seu mundo, inseparável da sociedade agrária, protetor do "camponês",
para quem era o protetor e o mandão, e articulador da sociedade local ao sistema político,
econômico e social. Dessa forma, o poder do coronel derivaria mais do seu prestígio e da sua
honra social, tradicionalmente reconhecidos, do que da sua situação econômica”.
Assim, o coronelismo foi se desenvolvendo ao longo do século XIX, existente tanto nos meios
rurais como nas cidades, foi resultado das desigualdades e precariedades existentes na sociedade
brasileira e encontrou no período da República Velha as condições necessárias para prosperar.
Porém, foi com o desenvolvimento eleitoral em esferas municipais que permitiu aos coronéis
ampliar seus poderes, pois atuavam diretamente no arrebanhamento de votos para os candidatos
que possuíam apoio do governo estadual ou mesmo federal. Assim, como os coronéis em geral
possuíam uma força militar considerável, eles poderiam utilizar a força e o medo para coagir a
população a votar em determinado candidato. É importante lembrar que o voto durante a
República Velha não era secreto, o que permitia um maior controle dos coronéis sobre as
votações, desse modo, a partir do aliciamento de votos, os coronéis garantiam uma série de
favores que poderiam ampliar seu controle político e/ou econômico local, mas que também
poderia incluir favores simples como “um par de sapatos, uma vaga no hospital ou um emprego
de professora”.
Crise de 1929 nos Eua e a teoria da anomia
social de Émile Durkheim

O conceito de anomia foi cunhado pelo sociólogo francês Émile Durkheim e quer dizer: ausência
ou desintegração das normas sociais. O conceito surgiu com o objetivo de descrever as patologias
sociais da sociedade ocidental moderna, racionalista e individualista. O acelerado processo de
urbanização, a falta de solidariedade, as novas formas de organização das relações sociais e a
influência da economia na vida dos indivíduos após a Revolução Industrial são objeto de estudo
de Durkheim.
A divisão do trabalho, na forma que aparece nas sociedades complexas, promove a diferenciação
entre os indivíduos e rompe o modelo de solidariedade mecânica das sociedades mais simples.
Esta divisão é um fenômeno social e é explicada de acordo com a combinação entre o volume, a
densidade moral e material da sociedade.
Durkheim desenvolve esta argumentação para apresentar os aspectos positivos da divisão do
trabalho, enquanto produtora de solidariedade social. Porém, existe outro resultado, que é
considerado negativo pelo autor, o conjunto de regras sem unidade, de relações não
regulamentadas, a desintegração social e a debilidade dos laços que prendem o indivíduo ao
grupo, a anomia.
Em sua obra “O Sucídio” o autor realizou denso estudo estatístico sobre as diferentes formas de
suicídio, categorizando-os em suicídio egoísta, altruísta e anômico. Este último era o que mais
lhe interessava porque era o mais frequente nas sociedades modernas e apresentava forte
correlação com ciclos econômicos e com o número de divórcios. O que o levou a concluir que
regras sociais mais frouxas, numa sociedade competitiva, aumentava o índice de suicídios.
A organização dos homens em uma mesma sociedade, regulada pelas mesmas leis é o que permite
a mediação de conflitos individuais e sociais: “A única força capaz de servir de moderadora para
o egoísmo individual é a do grupo; a única que pode servir de moderadora para o egoísmo dos
grupos é a de outro grupo que os englobe”.
Assim, a anomia é definida pelo autor como a ausência dessa solidariedade, o desrespeito às regras
comuns, às tradições e práticas. Portanto, um exemplo clássico é a crise 1929 nos Estados Unidos
que durante o início do século XX, transformaram-se no grande paradigma de consumo e
prosperidade material do mundo. Nações inteiras tinham sua balança comercial arraigada na onda
de consumo e na concessão de empréstimos feita pelos cofres do Tio Sam.
No entanto, a euforia da economia veio acompanhada por uma forte onda especulativa do mercado
financeiro. A esperança no lucro certo das empresas e negócios estadunidenses incentivava a
população a investir sua renda na compra de ações. Ao mesmo tempo, a euforia consumista
formou uma grande classe média beneficiada pela baixa dos alimentos, a concessão de crédito e
o aumento salarial. Uma bela casa recheada com eletrodomésticos e um carro na garagem
simbolizavam a vitória do chamado “american way of life”.
Porém, com o fim da Primeira Guerra Mundial, a euforia consumista teve de ser refreada. O ritmo
de produção do período de guerra era muito mais do que o suportado por uma economia em
tempos de paz. Aos poucos, a diminuição do ritmo de produção e a redução na margem de lucro
das empresas foram dando sinais de um processo de recessão da economia dos EUA. Logo em
seguida, uma avalanche de desemprego começou a tomar conta do país.
Não tendo como escoar sua própria produção, as empresas reduziram os gastos com mão-de-obra
para equilibrar suas finanças. O cidadão americano, acostumado com a estabilidade econômica,
contraiu dívidas com a esperança de pagá-las com o retorno financeiro dado pela especulação na
bolsa de valores. Ao mesmo tempo, as economias européias, assoladas pelos conflitos da Primeira
Guerra, deram sinais claros de recuperação e diminuíram sua demanda pela produção
estadunidense.
Esse processo desenvolvido ao logo dos anos de 1920, logo apresentou um quadro desastroso à
economia dos EUA. O poder de compra do salário reduziu-se drasticamente. A indústria não
conseguia escoar a riqueza produzida. No campo, estoques inteiros se acumulavam à espera de
preços que, no mínimo, cobrissem as despesas com a produção. Em 1928, mais de 4 milhões de
pessoas não tinham trabalho. No ano seguinte, o mercado financeiro deflagrou o golpe final na
economia.
Em 1929, a retração da produção e do consumo afastou os cidadãos estadunidenses do mercado
financeiro. Nas bolsas de valores, a incessante venda das ações estimulou a queda no valor das
mesmas. No mês de outubro a situação alcançou situação alarmante. Sem o interesse na compra,
vários especuladores, empresários e cidadãos comuns viram suas ações perderem o seu valor
monetário. No dia 24 daquele mês foi anunciado o “crash” (quebra) da Bolsa de Valores de Nova
York.
Tinha início o período da Grande Depressão, que se estendeu até o ano de 1933. O ritmo da
produção caiu para a metade, milhares de empresas pediram falência, os salários despencaram e
uma massa de desvalidos tomou conta das cidades dos Estados Unidos. No mercado internacional
os efeitos da crise também foram sentidos. Nações que tinham dívidas com os EUA suspenderam
as importações e as nações agroexportadoras perderam um dos seus mais importantes mercados
consumidores, sendo o Brasil, um dos mais afetados.
Crise de 1929 na Alemanha e a teoria da dicotomia
amigo-inimigo de Carl Schmitt

A diferenciação entre amigo e inimigo, de Carl Schmitt, tem o sentido de designar o grau de
intensidade extrema de uma ligação ou separação, de uma associação ou dissociação; ela pode,
teórica ou praticamente, subsistir, sem a necessidade do emprego simultâneo das distinções
morais, estéticas, econômicas ou outras. O inimigo político não precisa ser moralmente mau, não
precisa ser esteticamente feio; não tem que surgir como concorrente econômico, podendo talvez
até mostrar-se proveitoso fazer negócio com ele. Pois ele é justamente o outro, o estrangeiro,
bastando à sua essência que, num sentido particularmente intensivo, ele seja existencialmente
algo outro e estrangeiro, de modo que, no caso extremo, há possibilidade de conflitos com ele, os
quais não podem ser decididos mediante uma normatização geral previamente estipulada, nem
pelo veredicto de um terceiro “desinteressado”, e, portanto, “imparcial”.
Então, compreender essa definição significa dizer que tanto a origem quanto a aplicação da
política estariam ancoradas nesse binômio, e seu objeto final seria a defesa dos amigos e o
combate aos inimigos. Assim a política, enquanto a distinção mais forte e intensiva, invoca as
outras a seu favor (bom e mau, belo e feio). O caráter do político, de “natureza objetiva e de
autonomia intrínseca”, é então o de separar a contraposição de outras diferenciações e de entender
a sua independência. E o episódio mais marcante da nossa história que retrata essa teoria é o da
Ascenção do Nazismo na Alemanha e a deflagração da Segunda Guerra Mundial:
Como resultado da derrota da Alemanha na 1ª Guerra Mundial, foi firmado o Tratado de
Versalhes, no qual os alemães se viram obrigados a pagar pesadas indenizações de guerra aos
países vencedores. Além disso perdeu territórios e teve exército reduzido. Assim, os partidos
alemães de direita culpavam os comunistas, os socialistas e os judeus pelas penas impostas ao
país. O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido como Partido
Nazista, era um destes países de direito da época e que por ser um partido contrário às graves
operárias, recebeu apoio de poderosos grupos empresariais.
Em 1923, a Alemanha não conseguia mais pagar as dívidas e indenizações impostas com a derrota
na 1ª Guerra Mundial. Além disso, a economia perdia força e o país passa a viver um ciclo de
inflação descontrolada: 1 dólar valia 8 bilhões de marcos alemães. Mas nessa mesma época, já na
condição de membro do Partido Nazista, Adolf Hitler protagoniza uma tentativa de golpe durante
uma reunião numa cervejaria, com o objetivo de assumir o poder no estado da Baviera. O Episódio
ficou conhecido como ‘O Golpe da Baviera’, ou ‘Putsch da Cervejaria’.
A manobra fracassou e Hitler foi condenado e preso. Todavia, durante os nove meses em que
ficou na cadeia, escreveu, com ajuda de Rudolf Hess, o livro Mein Kamp (minha luta), que viria
a ser uma espécie de bíblia hitlerista para o que viria depois. Com sua a sua libertação, Hitler e os
nazistas tornaram-se, individualmente, o maior partido da Alemanha, apesar de minoritários no
conjunto do parlamento, uma vez que o partido era organizado autonomamente numa estrutura
militarizada, apoiados por uma máquina de propaganda idealizada por Joseph Goebbels, e que
atraia o apoio eleitoral das grandes massas de desempregados geradas pelos reflexos na Europa
da crise de 1929 nos Estados Unidos.
Em 1928, por exemplo, os nazistas fizeram 12 cadeiras no parlamento. Mas, em 1930, com a
propaganda focada nos efeitos da Crise de 1929, chegaram a 107 cadeiras. Hitler também se
cercou com antigos militares como Heinrich Himmler, que viria a ser o criador da SS (Tropas de
Elite do Exército Nazista).
E, em 30 de janeiro de 1933, o presidente Hindenburg nomeia Hitler como o novo Chanceler (1º
Ministro), e já sob suas ordens, tem-se início um ciclo de perseguição aos comunistas, acusados
de um incidente de incêndio. Além disso, numa escalada política, Hitler desfaz o Gabinete de
Governo (ministros) e cria uma hegemonia política do partido nazista. Mas só foi em 1934, com
a morte do presidente Hindenburg que Hitler consolida os poderes na escalada da ditadura nazista
na Alemanha.
Assim, Hitler galvaniza as atenções dos alemães com políticas de unidade nacional, de
superioridade da raça ariana, de combate a inimigos internos (judeus) e externos (comunistas), de
incentivo à tecnologia militar, e de discursos em prol da recuperação ‘da moral alemã’ após o que
ele chamava de humilhações impostas pelo Tratado de Versalhes. Tudo isso somado resultou no
início da 2ª Guerra Mundial.
Referências
https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/939564/mod_resource/content/1/weber1.pdf
https://www.infoescola.com/sociologia/estratificacao-
social/#targetText=Estratifica%C3%A7%C3%A3o%20social%20nomeia%20um%20campo,sta
tus%20sociais%20e%20poder%20econ%C3%B4mico.&targetText=Essas%20perguntas%20s%
C3%A3o%20questionamentos%20referentes,Karl%20Marx%20e%20Max%20Weber.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/servos.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/clero.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/nobreza.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/sociedade-romana.htm
https://www.stoodi.com.br/blog/2018/07/05/revoltas-regenciais/
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/coronelismo-no-brasil.htm
https://brasilescola.uol.com.br/politica/patrimonialismo.htm
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/historiageral/crise-1929.htm
https://www.infoescola.com/sociologia/anomia/
http://www.estudantedefilosofia.com.br/filosofos/carlschmitt.php
https://blogdoenem.com.br/crise-de-29-e-o-nazi-fascismo-historia-enem/

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