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12 Frutiferas Clima Tropical PDF

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Frutíferas de Clima

Tropical e Subtropical
Diniz Fronza
Jonas Janner Hamann

Santa Maria - RS
2015
Presidência da República Federativa do Brasil

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

© Colégio Politécnico da UFSM


Este caderno foi elaborado pelo Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa
Maria para a Rede e-Tec Brasil.
Equipe de Elaboração Equipe de Acompanhamento e Validação
Colégio Politécnico da UFSM Colégio Técnico Industrial de Santa Maria – CTISM

Reitor Coordenação Institucional


Paulo Afonso Burmann/UFSM Paulo Roberto Colusso/CTISM

Diretor Coordenação de Design


Valmir Aita/Colégio Politécnico Erika Goellner/CTISM

Coordenação Geral da Rede e-Tec/UFSM Revisão Pedagógica


Paulo Roberto Colusso/CTISM Elisiane Bortoluzzi Scrimini/CTISM
Jaqueline Müller/CTISM
Coordenação de Curso
Diniz Fronza/Colégio Politécnico Revisão Textual
Carlos Frederico Ruviaro/CTISM
Professor-autor
Diniz Fronza/Colégio Politécnico Revisão Técnica
Jonas Janner Hamann/Colégio Politécnico Rogério de Oliveira Anese/UFSM

Ilustração
Marcel Santos Jacques/CTISM
Matheus Pacheco Cunegato/CTISM
Ricardo Antunes Machado/CTISM

Diagramação
Emanuelle Shaiane da Rosa/CTISM
Tagiane Mai/CTISM

Ficha catalográfica elaborada por Maristela Eckhardt – CRB 10/737


Biblioteca Central da UFSM

F936f Fronza, Diniz


Frutíferas de clima tropical e subtropical / Diniz Fronza,
Jonas Janner Hamann. – Santa Maria : Universidade Federal de
Santa Maria, Colégio Politécnico : Rede e-Tec Brasil, 2015.
115 p. : il. ; 28 cm
ISBN: 978-85-63573-96-4

1. Agricultura 2. Fruticultura 3. Frutas tropicais I. Hamann,


Jonas Janner II. Título.

CDU 634.6
Apresentação e-Tec Brasil

Prezado estudante,
Bem-vindo a Rede e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional de ensino, que por sua vez constitui uma
das ações do Pronatec – Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego. O Pronatec, instituído pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo
principal expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de Educação
Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira propiciando cami-
nho de o acesso mais rápido ao emprego.
É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre
a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC) e as instâncias
promotoras de ensino técnico como os Institutos Federais, as Secretarias de
Educação dos Estados, as Universidades, as Escolas e Colégios Tecnológicos
e o Sistema S.
A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande
diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao
garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da
formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou
economicamente, dos grandes centros.
A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país,
incentivando os estudantes a concluir o ensino médio e realizar uma formação
e atualização contínuas. Os cursos são ofertados pelas instituições de educação
profissional e o atendimento ao estudante é realizado tanto nas sedes das
instituições quanto em suas unidades remotas, os polos.
Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional
qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica, – é capaz
de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com
autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social,
familiar, esportiva, política e ética.
Nós acreditamos em você!
Desejamos sucesso na sua formação profissional!
Ministério da Educação
Setembro de 2015
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br

3 e-Tec Brasil
Indicação de ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de


linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão


utilizada no texto.

Mídias integradas: sempre que se desejar que os estudantes


desenvolvam atividades empregando diferentes mídias: vídeos,
filmes, jornais, ambiente AVEA e outras.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes


níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e
conferir o seu domínio do tema estudado.

5 e-Tec Brasil
Sumário

Palavra do professor-autor 11

Apresentação da disciplina 13

Projeto instrucional 15

Aula 1 – Cultivo de frutíferas de clima tropical 17


1.1 Considerações iniciais 17

Aula 2 – A cultura da acerola 19


2.1 Considerações iniciais 19
2.2 Botânica e morfologia 20
2.3 Exigências climáticas 21
2.4 Exigências edáficas 22
2.5 Adubação 23
2.6 Poda 24
2.7 Principais pragas 25
2.8 Principais doenças 25

Aula 3 – A cultura da bananeira 27


3.1 Considerações iniciais 27
3.2 Botânica e morfologia 27
3.3 Exigências climáticas 29
3.4 Exigências edáficas 30
3.5 Espaçamento/densidade 30
3.6 Cultivares 31
3.7 Tratos culturais 31
3.8 Adubação 32
3.9 Principais pragas 32
3.10 Principais doenças 33

Aula 4 – A cultura do maracujazeiro 35


4.1 Considerações iniciais 35
4.2 Botânica e morfologia 35

e-Tec Brasil
4.3 Exigências climáticas 38
4.4 Polinização natural 39
4.5 Polinização artificial 40
4.6 Exigências edáficas 41
4.7 Espaçamento 41
4.8 Cultivares 42
4.9 Análise foliar 42
4.10 Adubação 42
4.11 Sistemas de condução 44
4.12 Principais pragas 46
4.13 Principais doenças 47

Aula 5 – Cultivo de frutíferas de clima subtropical 49


5.1 Considerações iniciais 49

Aula 6 – A cultura do caquizeiro 51


6.1 Considerações iniciais 51
6.2 Botânica e morfologia 51
6.3 Exigências climáticas 53
6.4 Exigências edáficas 54
6.5 Espaçamento 54
6.6 Cultivares 54
6.7 Raleio 55
6.8 Podas 56
6.9 Adubação 59
6.10 Principais pragas 59
6.11 Principais doenças 60

Aula 7 – A cultura dos citros 63


7.1 Considerações iniciais 63
7.2 Citricultura gaúcha 64
7.3 Botânica e morfologia 65
7.4 Cidreira 69
7.5 Bergamota-da-índia 70
7.6 Laranjeira 71
7.7 Limoeiro 73
7.8 Limeira ácida 74

e-Tec Brasil
7.9 Limeira doce 75
7.10 Tangerineira 75
7.11 Exigências climáticas 78
7.12 Exigências edáficas 81
7.13 Época de maturação 81
7.14 Classificação dos citros em função da quantia de sementes 82
7.15 Espaçamento 85
7.16 Raleio de frutos 86
7.17 Podas 87
7.18 Adubação 89
7.19 Análise foliar 91
7.20 Adubação foliar 92
7.21 Principais pragas 92
7.22 Principais doenças 93

Aula 8 – A cultura da goiabeira 99


8.1 Botânica e morfologia 99
8.2 Exigências climáticas 102
8.3 Exigências edáficas 103
8.4 Cultivares 103
8.5 Raleio de frutos 105
8.6 Podas 106
8.7 Principais pragas 109
8.8 Principais doenças 109

Referências 112

Currículo do professor-autor 115

e-Tec Brasil
Palavra do professor-autor

A fruticultura tem sido destacada na agricultura por ser uma possibilidade de


boa rentabilidade financeira em pequenas áreas, também pela grande procura
por frutas nos supermercados devido aos benefícios das mesmas na saúde
humana, proporcionando boa oportunidade para os agricultores.

O cultivo de frutíferas de clima tropical e subtropical vem cada vez mais


adquirindo espaço, pois a demanda do mercado é crescente e a tecnificação
e disponibilidade de informações permite ao produtor investir nesta área da
fruticultura. A existência de microclima em algumas regiões e municípios
gaúchos permite a obtenção de produtividade economicamente viável, o que
atrai novos investidores.

Dada a importância destas frutíferas, cabe ao profissional da área da fruti-


cultura qualificar-se na implantação, manejo e comercialização dos frutos
obtidos do cultivo destas.

Professor Diniz Fronza


Jonas Janner Hamann

11 e-Tec Brasil
Apresentação da disciplina

A fruticultura é amplamente explorada em vários estados brasileiros dada a


grande diversidade de espécies e capacidade de adaptação destas às diferentes
condições edafoclimáticas de cada região. Dada essa adaptabilidade, algumas
das frutíferas de clima tropical e subtropical são cultivadas no Rio Grande do
Sul, mesmo com a ocorrência de períodos com temperaturas baixas.

Nesta disciplina serão abordadas e estudadas algumas espécies frutíferas de


clima tropical e subtropical exploradas comercialmente no RS, merecendo
destaque a cultura da bananeira, caquizeiro, goiabeira e citros. A cultura
da aceroleira também será objeto de estudo, tendo em vista o aumento da
demanda da fruta pelo mercado e a recente expansão da área cultivada com
esta frutífera.

Informações sobre a fisiologia e morfologia de cada espécie serão abordadas,


bem como o estudo das principais exigências culturais e o manejo básico
requerido pelas plantas.

Bom estudo.

13 e-Tec Brasil
Projeto instrucional

Disciplina: Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical (carga horária: 75h).

Ementa: Importância da fruticultura de clima tropical e subtropical. Técnicas de


produção de mudas. Fisiologia da produção das principais frutíferas de clima
tropical e subtropical no Brasil.

CARGA
OBJETIVOS DE
AULA MATERIAIS HORÁRIA
APRENDIZAGEM
(horas)
Ambiente virtual: plataforma
1. Cultivo de Caracterizar os principais fatores Moodle.
frutíferas de clima morfológicos e fisiológicos das frutíferas de Apostila didática. 06
tropical clima tropical. Recursos de apoio: links,
exercícios.
Ambiente virtual: plataforma
Estudar as características morfofisiológicas
Moodle.
2. A cultura da da aceroleira.
Apostila didática. 07
acerola Descrever os manejos culturais empregados
Recursos de apoio: links,
em cultivos de aceroleira.
exercícios.
Estabelecer as características morfológicas da Ambiente virtual: plataforma
bananeira. Moodle.
3. A cultura da
Estudar detalhes técnicos da cultura Apostila didática. 10
bananeira
relacionados à exigência de clima e solo, Recursos de apoio: links,
tratos culturais e outros. exercícios.
Ambiente virtual: plataforma
Entender as principais características
Moodle.
4. A cultura do botânicas e morfológicas do maracujazeiro.
Apostila didática. 10
maracujazeiro Apresentar as exigências edafoclimáticas do
Recursos de apoio: links,
maracujazeiro.
exercícios.
Ambiente virtual: plataforma
5. Cultivo de Moodle.
Especificar as principais características das
frutíferas de clima Apostila didática. 06
frutíferas de clima subtropical.
subtropical Recursos de apoio: links,
exercícios.
Ambiente virtual: plataforma
Detalhar as exigências edafoclimáticas do
Moodle.
6. A cultura do caquizeiro.
Apostila didática. 10
caquizeiro Determinar a importância e modo de
Recursos de apoio: links,
execução das práticas culturais.
exercícios.
Ambiente virtual: plataforma
Identificar principais características botânicas
Moodle.
7. A cultura dos e morfológicas dos citros.
Apostila didática. 16
citros Observar e analisar detalhes técnicos da
Recursos de apoio: links,
cultura.
exercícios.
Ambiente virtual: plataforma
Conhecer as características botânicas e
Moodle.
8. A cultura da morfológicas da goiabeira.
Apostila didática. 10
goiabeira Estudar os manejos técnicos empregados na
Recursos de apoio: links,
cultura da goiabeira.
exercícios.

15 e-Tec Brasil
escentei ponto final
ois de tropical
Aula 1 – Cultivo de frutíferas de clima tropical

Objetivos

Caracterizar os principais fatores morfológicos e fisiológicos das


frutíferas de clima tropical.

1.1 Considerações iniciais


As frutíferas de clima tropical são amplamente cultivadas na América do
Sul, seus frutos possuem elevado valor econômico, havendo vários plantios
comerciais em diferentes países como Brasil, Equador, Argentina, Uruguai,
entre outros.

Espécies inclusas no grupo das frutíferas de clima tropical adaptam-se a regiões


com temperatura média anual superior a 22ºC, não tolerando longos períodos
com temperatura baixa, exigindo precipitação bem distribuídas durante as
quatro estações do ano. É característico destas frutíferas apresentarem cres-
cimento quase que contínuo, com vários “surtos de crescimento” durante
o ano e possuem folhas persistentes (não caem no inverno) (SOUZA, 2002).
No Quadro 1.1 é possível observar as principais espécies frutíferas de clima
tropical cultivadas comercialmente no Rio Grande do Sul.

Quadro 1.1: Frutíferas de clima tropical cultivadas comercialmente no RS


Nome comum Nome científico Família botânica
Aceroleira Malpighia emarginata D.C. Malpighiaceae
Bananeira Musa spp. Musaceae
Maracujazeiro Passiflora edulis Sims Passifloraceae
Fonte: Autores

As espécies citadas no Quadro 1.1 também são cultivadas no RS de forma


mais endêmica, em algumas regiões com microclima adequado, como no
município de São João do Polêsine, onde existe cultivo de banana. Para saber mais sobre avanços na
fruticultura tropical no Brasil, acesse:
http://wp.ufpel.edu.br/fruticultura/
Ao grupo das frutíferas de clima tropical estão inclusas outras espécies impor- files/2011/10/pag073_091-
tantes como o mamoeiro, cajueiro, coqueiro da Bahia, mangueira e abacaxizeiro, Palestra215-11.pdf

porém, os cultivos comerciais no estado são inexpressivos ou pouco difundidos.

Aula 1 - Cultivo de frutíferas de clima tropical 17 e-Tec Brasil


Resumo
As frutíferas de clima tropical são amplamente cultivadas na América do
Sul, seus frutos possuem elevado valor econômico, havendo vários plantios
comerciais em diferentes países como Brasil, Equador, Argentina, Uruguai,
entre outros.

Espécies inclusas no grupo das frutíferas de clima tropical adaptam-se a regiões


com temperatura média anual superior a 22ºC, não tolerando longos períodos
com temperatura baixa, exigindo precipitação bem distribuídas durante as
quatro estações do ano.

Atividades de aprendizagem
1. A qual temperatura média as frutíferas de clima tropical adaptam-se?

2. Cite as principais frutíferas de clima tropical cultivadas no RS.

e-Tec Brasil 18 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Aula 2 – A cultura da acerola

Objetivos

Estudar as características morfofisiológicas da aceroleira.

Descrever os manejos culturais empregados em cultivos de ace­


roleira.

2.1 Considerações iniciais


A aceroleira é nativa do Caribe e da Região Sul do México, passando a ser culti-
vada comercialmente no Brasil na década de 1980 devido a grande quantidade
de vitamina C, podendo ser comparado apenas com os teores do Camu-camu Assista a um vídeo sobre cultivo
(Myrciaria dubia), nativo da Amazônia, que possui um dos maiores teores da aceroleira em SP em:
https://www.youtube.com/
de vitamina C. No Quadro 2.1, encontra-se a área com aceroleira no Brasil. watch?v=XQAqlZOoOpM

Assista a um vídeo sobre


Quadro 2.1: Área cultivada com aceroleira nas diferentes regiões do Brasil aspecto econômico da
Região Área cultivada (hectares) cultura da aceroleira em:
Nordeste 2.229
https://www.youtube.com/
watch?v=MwjKJkmatH0
Sudeste 535
Norte 1.380
Sul 125
Centro-oeste 22
Brasil 3.159
Fonte: Adaptado de IBGE, 2006

É possível constatar que a maior região produtora é o Nordeste, este fato


deve-se a adaptação da cultura às condições edafoclimáticas da região. Na
região Sul, o maior Estado produtor é o Paraná, com uma área de 124 hectares Assista a um vídeo sobre
cultivados comercialmente com acerola. exportação de acerola em:
https://www.youtube.com/
watch?v=pWkB0Xc65bE
Quanto à exportação, o Brasil realiza a venda de frutos para a Alemanha,
http://g1.globo.com/economia/
Estados Unidos, França e Japão, com preço variando de R$ 0,65/kg do fruto agronegocios/noticia/2014/03/
no-ceara-cresce-o-cultivo-
maduro e R$ 1,40/kg do fruto verde. Nos últimos cinco anos tem aumentado da-acerola-organica-para-
à exportação de frutos orgânicos para a União Europeia para a produção de exportacao.html

suplementos vitamínicos e alimentos em geral.

Aula 2 - A cultura da acerola 19 e-Tec Brasil


2.2 Botânica e morfologia
A aceroleira ou Cereja das Antilhas (Malpighia emarginata DC) é uma planta
dicotiledônea, pertencente à família botânica Malpighiaceae, são conheci-
dos 30 espécies do gênero Malpighia. A aceroleira é uma planta arbustiva,
ereta, podendo atingir 3 m a 4 m de altura, com folhas, ramos e frutos com
diferentes formatos.

2.2.1 Sistema radicular


Plantas de aceroleira possuem sistema radicular pivotante, em solos profundos
e férteis pode chegar até 1 m de profundidade. Normalmente, a profundidade
efetiva do sistema radicular situa-se entre 20 cm e 40 cm. Quando propagadas
por estaquia, o sistema radicular destas plantas pode tornar-se mais superficial.

2.2.1.1 Ramos
Quando novos, os ramos são herbáceos, com o tempo tornam-se lenhosos.

2.2.1.2 Folhas
A planta possui folhas opostas, com tamanho entre 2,5 cm e 7,5 cm. A
coloração varia de verde claro a verde escuro.

2.2.1.3 Flores
A floração da aceroleira é abundante, com flores de coloração rasa-esbran-
quiçada a vermelho, dependendo da cultivar ou do clone. As flores possuem
pedúnculo, são dispostas em cachos de 3 a 5 unidades, localizadas na axila das
folhas dos ramos do ano. A temperatura influencia a floração e frutificação da
aceroleira, normalmente concentram-se na primavera/verão. A plena floração
ocorre cerca de 15 a 17 dias após o surgimento dos botões florais.

2.2.1.4 Fruto
O fruto da aceroleira é considerado uma drupa carnosa, de tamanho e forma
variando de acordo com a cultivar, didaticamente dividido em epicarpo (casca),
mesocarpo (polpa) e endocarpo (caroços, cada um contendo uma semente
com 3 mm a 5 mm).

e-Tec Brasil 20 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 2.1: Fruto de acerola
Fonte: Jonas Janner Hamann

Os frutos maduros podem apresentar tonalidade amarela, vermelha ou roxa,


dependendo da cultivar ou clone. O peso do fruto varia de 3 g a 15 g, com
diâmetro de 1,0 cm a 2,5 cm. A maturação dos frutos ocorre cerca de 22 a 32
dias após a plena floração, dependendo das condições climáticas da região.

2.3 Exigências climáticas


O cultivo da aceroleira é observado em vários Estados brasileiros, principalmente
os localizados na região Nordeste do Brasil, devido às ótimas condições climá-
ticas. Entre as exigências climáticas devem ser observados os seguintes itens:

2.3.1 Temperatura
A aceroleira é uma planta rústica, podendo ser cultivada em regiões de clima
tropical ou subtropical, com temperatura média entre 15ºC e 32ºC, comer-
cialmente deve-se optar por regiões onde a média anual da temperatura
seja em torno de 20ºC ou temperatura média de 14ºC no mês mais frio.
Durante épocas com temperatura noturna entre 10ºC e 15ºC o crescimento
da aceroleira é prejudicado. Sensível a geadas, deve-se evitar o cultivo desta
espécie em locais com ocorrência de temperaturas baixas.

2.3.2 Precipitação
Esta espécie frutífera pode ser cultivada em regiões com precipitação média
anual entre 1200 mm e 2000 mm distribuídos durante os doze meses do ano.
Anos em que ocorre excesso pluviométrico pode ocorrer à perda na qualidade
dos frutos, tornando-os mais aquosos e com teor menor de Sólidos Solúveis
Totais (SST).

2.3.3 Exigência hídrica


Em períodos de déficit hídrico ocorre o encarquilhamento e posterior queda
das folhas e abortamento das flores, sendo necessário realizar irrigações
complementares para evitar a abscisão foliar.

Aula 2 - A cultura da acerola 21 e-Tec Brasil


A instalação de um sistema de irrigação e aplicação de lâmina complementar
de irrigação é altamente recomendado em cultivos comerciais localizados em
regiões onde há má distribuição da precipitação durante o ano. Em pomares
comerciais de Petrolina (PE), a produtividade média sem irrigação é de 17 kg/
planta/ano, já com irrigação chega aos 100 kg/planta/ano, isso corresponde a
um aumento de 83 % na produção/planta/ano. Associado com a fertirrigação,
a produtividade passa de 10 t/ha para 50 t/ha.

2.4 Exigências edáficas


A aceroleira adapta-se bem a várias classes de solo, preferencialmente férteis,
com bom teor de matéria orgânica, profundos e bem drenados. Na escolha
do local, é importante que não tenha histórico da ocorrência de nematoides
do gênero Meloidogyne, pois a aceroleira é sensível a esta praga. A calagem
deve ser realizada para elevar o pH para a faixa de 6,0.

2.4.1 Variedades e clones


Devido à importância socioeconômica do cultivo da aceroleira, a Embrapa
Semiárido, localizada em Petrolina vem desenvolvendo há vários anos novas
variedades de acerola. Na obtenção de novas variedades de acerola são dese-
jadas algumas características como elevada produção de frutos de tamanho
médio a grande, grande quantidade de vitamina C (acima de 1000 mg de
ácido ascórbico/100 g) e teor de sólidos solúveis acima de 7,0ºBrix. Existe
no mercado variedades com frutos doces e com frutos ácidos, a escolha da
variedade dependerá da exigência do mercado consumidor.

Deve-se optar por variedades com produção mínima de 100 kg de fruto/


Assista a um vídeo sobre planta/ano, frutos de coloração vermelha (quando maduros). Entre as principais
variedade de acerola BRS 366, em: variedades comerciais merecem destaque: Cabocla, Rubra, Clone BRS 235
https://www.youtube.com/
watch?v=XQAqlZOoOpM (Apodi), BRS 237 (Roxinha), BRS 238 (Frutacor), BRS 336 (Jaburu).

2.4.2 Espaçamento
Por ser uma cultura perene, é necessário planejar adequadamente o espaça-
mento de plantio das mudas. A determinação do espaçamento dependerá
da variedade, fertilidade do solo, precipitação anual média, temperatura e
tipo de muda (proveniente de estaquia ou enxertia). No Quadro 2.2 constam
alguns espaçamentos recomendados para a cultura.

e-Tec Brasil 22 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Quadro 2.2: Recomendação de espaçamento para a cultura da aceroleira
Espaçamento Nº de plantas/ha
4m×4m 625
4 m × 5 m¹ 500
5m×5m 400
¹ 4 m entre linhas e 5 m entre plantas.
Fonte: IAC, 1998

É importante que o espaçamento entre linhas permita a passagem de tratores


agrícolas e implementos.

2.5 Adubação
Apesar da rusticidade da aceroleira o manejo da fertilidade do solo é muito
importante para proporcionar alta produtividade e obter frutos com qualidade Para saber mais sobre adubação
e padrão comercial. Devido crescimento vigoroso da planta, há uma falta de da aceroleira, acesse:
http://www.scielo.mec.pt/pdf/
consenso entre os pesquisadores para estabelecer um programa de adubação. rca/v36n4/v36n4a03.pdf

2.5.1 Adubação de formação


A adubação de formação é realizada até o quarto ano após o plantio das
mudas. No Quadro 2.3 consta uma das recomendações de fertilização de
formação para a aceroleira.

Quadro 2.3: Recomendação de fertilização de formação para aceroleira


N P2O5 K2O
Anos
g/planta
1º 60 75 150
2º 150 187,5 375
3º 200 250 500
4º 200 125 500
Fonte: Mendonça; Medeiros, 2011

Nos primeiros três anos os fertilizantes devem ser aplicados em cobertura,


distante cerca de 10 cm do tronco, em uma faixa de 30 cm ao redor da planta,
sendo que 2/3 do fertilizante deve ficar na projeção da copa e 1/3 fora da copa.

A partir do 4º ano os fertilizantes podem ser aplicados em cobertura, distante


10 cm do tronco, em uma faixa de 50 cm de largura e 2 m de comprimento,
na projeção da copa.

Aula 2 - A cultura da acerola 23 e-Tec Brasil


2.5.2 Adubação de produção
A adubação de produção é realizada a partir do 5º ano após o plantio das
mudas, preferencialmente no período de frutificação das plantas, entre setem-
bro e março. A disponibilização dos fertilizantes é realizada de acordo com
a expectativa de produção.

Quadro 2.4: Recomendação de adubação anual de produção para


aceroleira, com expectativa de 15 t/ha a 40 t/ha
kg de N/ha kg de P2O5/ha kg de K2O/ha
40 – 60 140 40 – 260
Fonte: IAC, 1998

A adubação anual de produção deverá ser divida em 3 parcelas, com intervalo


mínimo de 30 dias.

2.6 Poda
A poda de formação tem o objetivo de formar a planta, permitindo o cresci-
mento dos ramos primários (pernadas), bem distribuindo em torno do caule
da planta. Geralmente esta poda é realizada após o plantio da muda. Cerca
de 40 cm a 60 cm de altura é realizado o desponte, com isso ocorrerá a
brotação das gemas localizadas abaixo do local da poda. Na Figura 2.2 é
possível observar as etapas para a formação da planta.

Figura 2.2: Muda após o plantio (a), desponte a 40 cm de altura (b), início da forma-
ção das pernadas (c) e planta com pernadas formadas (d), cerca de 6 meses após o
plantio
Fonte: CTISM

e-Tec Brasil 24 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Após a poda (desponte) da muda inicia a brotação das gemas, originando
novos brotos que darão origem as pernadas. Estes ramos devem ser podados
(despontados) quando atingirem cerca de 50 cm de comprimento, iniciando
a emissão dos ramos secundários. Quando as plantas são bem manejadas,
fertilizadas e não passarem por períodos de déficit hídrico, já no 1º ano a
poda de formação é concluída.

2.7 Principais pragas


Em cultivos comerciais, as plantas de aceroleira são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:

• Pulgões.

• Nematoides.

• Cochonilhas.

• Formigas cortadeiras.

A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em


aceroleira serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossa-
nitário em Fruticultura.

2.8 Principais doenças


Em cultivos comerciais, as plantas de aceroleira são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:

• Mancha alvo (Corynespora cassiicola).

• Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides). Para saber mais sobre as principais


doenças da aceroleira, acesse:
http://www.agr.feis.unesp.br/
• Cercosporiose (Cercospora sp.). galeria_ace_doenca.htm

A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem


em aceroleiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.

Aula 2 - A cultura da acerola 25 e-Tec Brasil


Resumo
A aceroleira ou Cereja das Antilhas (Malpighia emarginata DC) é uma planta
dicotiledônea, pertencente à família botânica Malpighiaceae. São conheci-
das 30 espécies do gênero Malpighia. A aceroleira é uma planta arbustiva,
ereta, podendo atingir 3 m a 4 m de altura, com folhas, ramos e frutos com
diferentes formatos.

O cultivo da aceroleira é observado em vários Estados brasileiros, principal-


mente os localizados na região Nordeste do Brasil, devido às ótimas condições
climáticas. Esta espécie pode ser cultivada em regiões de clima tropical ou
subtropical, com temperatura média entre 15ºC e 32ºC, comercialmente
deve-se optar por regiões onde a média anual da temperatura seja em torno
de 20ºC ou temperatura média de 14ºC no mês mais frio.

Devido à importância socioeconômica do cultivo da aceroleira, a Embrapa


Semiárido, localizada em Petrolina vem desenvolvendo há vários anos novas
variedades de acerola. Na obtenção de novas variedades de acerola são dese-
jadas algumas características como elevada produção de frutos de tamanho
médio a grande, grande quantidade de vitamina C (acima de 1000 mg de
ácido ascórbico/100 g) e teor de sólidos solúveis acima de 7,0ºBrix.

Atividades de aprendizagem
1. Qual o nome científico e a que família botânica pertence a aceroleira?

2. Normalmente, qual a profundidade efetiva do sistema radicular da ace-


roleira?

3. Quais os reflexos de um período de déficit hídrico em uma planta de


aceroleira?

4. Comente sobre as exigências edáficas da aceroleira e cuidados a serem


observados na escolha do local para implantação de um cultivo ­comercial.

5. Quais características devem ser observadas no momento da escolha de


uma variedade ou clone de aceroleira?

e-Tec Brasil 26 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Aula 3 – A cultura da bananeira

Objetivos

Estabelecer as características morfológicas da bananeira.

Estudar detalhes técnicos da cultura relacionados à exigência de


clima e solo, tratos culturais e outros.

3.1 Considerações iniciais


A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo o Brasil o maior
produtor e consumidor da fruta. A FAO estimou que em 2005 o consumo
brasileiro de banana foi de 29,2 kg/habitante/ano, enquanto que em outros
países girou em torno de 9,1 kg/habitante/ano. O cultivo desta espécie é Assista a um vídeo sobre
realizado em pequenas, médias e grandes propriedades, havendo cultivos cultivo da bananeira em:
https://www.youtube.com/
altamente tecnificados. No Quadro 3.1 está sendo apresentado a área cultivada watch?v=eTs4ayzVg9o
em cada região e no Brasil, bem como a produtividade média por hectare.

Quadro 3.1: Área cultivada com bananeira nas diferentes regiões do Brasil
Região Área cultivada (hectares) Rendimento médio (t/ha)
Nordeste 197.295 12,2
Sudeste 140.233 16,4
Norte 77.557 11,7
Sul 53.307 20,2
Centro-oeste 20.127 13,4
Brasil 488.519 14,3
Fonte: Adaptado de IBGE, 2012

No Rio Grande do Sul é característico o cultivo da bananeira em propriedades


da agricultura familiar, principalmente na microrregião de Osório e do Litoral
e em alguns municípios da Depressão Central do RS.

3.2 Botânica e morfologia


A bananeira (Musa spp.) pertencente à família botânica Musaceae, originária
do Extremo Oriente, atualmente cultivada em várias regiões de clima tropical
e subtropical. Diferente das demais frutíferas estudadas nessa disciplina, a

Aula 3 - A cultura da bananeira 27 e-Tec Brasil


bananeira não possui tronco lenhoso, mas sim caule suculento e subterrâneo,
denominado de rizoma. O que visualizamos acima do solo, que popularmente
é chamado de caule, é um pseudocaule, constituído pela superposição da
base das folhas, podendo atingir de 2 m a 6 m de altura.

3.2.1 Sistema radicular


O sistema radicular da bananeira é fasciculado, dotado de radicelas, situado
a uma profundidade média de 40 cm, em geral 70 % das raízes estão nos
primeiros 20 cm. Em áreas com lençol freático superficial as raízes não se
aprofundam muito, dependendo da situação pode inviabilizar o cultivo.

3.2.2 Rizoma
A bananeira possui um caule subterrâneo denominado de rizoma, uma estrutura
Para saber mais sobre
de formato esférico que origina na parte superior as folhas e na inferior o
rizoma da bananeira, acesse: sistema radicular (raízes primárias, secundárias e terciárias).
http://revistagloborural.globo.
com/GloboRural/0,6993,E
EC1477248-4529,00.html 3.2.3 Folhas
A folha da bananeira é grande, possui coloração verde-claro a verde-escuro,
apresentando cerca de 25 a 35 folhas durante um ciclo, em média uma nova
folha a cada 7 ou 10 dias (LIMA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2012). Na Figura 3.1 é
possível observar uma folha típica de bananeira (bainha foliar, nervura central
e limbo foliar).

Figura 3.1: Folha de bananeira


Fonte: Diniz Fronza, adaptado por CTISM

e-Tec Brasil 28 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


3.3 Exigências climáticas
Para o cultivo comercial de bananeira é muito importante que no planejamento
e elaboração do projeto seja realizado um levantamento das informações
climáticas do local: temperatura, umidade relativa, luminosidade, precipitação,
demanda hídrica e vento.

3.3.1 Temperatura
Tipicamente uma frutífera de clima tropical, a bananeira se adapta a regiões
com temperatura entre 15ºC e 35ºC, sendo que em torno de 28ºC acredita-se
ser a temperatura ótima para a cultura (BORGES et al., 2009).

Esta planta não tolera temperaturas baixas, em situações que a temperatura


fica abaixo de 15ºC o crescimento e desenvolvimento das plantas paralisam.
Já com temperatura abaixo dos 12ºC há o desencadeamento de uma série
de danos, entre elas destacam-se (LIMA; OLIVEIRA; FERREIRA, 2012):

• Distúrbio fisiológico denominado de “Chilling”.

• Acentuada desidratação do pseudocaule, folhas e raízes.

• Fendilhamento das nervuras das folhas.

• Lesões ao sistema radicular.

• Tombamento da planta (consequência dos demais danos).

Quando a temperatura for inferior a 4ºC as bordas das folhas passam a


apresentar manchas de coloração amarelada (BORGES et al., 2009).

3.3.2 Luminosidade
A luminosidade tem grande influência na fisiologia da bananeira. Períodos com
elevada insolação contribuem para que a maturação do cacho ocorra entre 80
e 90 dias, em períodos de pouca insolação o ciclo é estendido, observando-se
a maturação do cacho entre 85 e 112 dias (BORGES et al., 2009).

3.3.3 Precipitação
É possível cultivar a bananeira em várias regiões, desde que haja uma preci-
pitação média anual entre 1000 mm e 1500 mm.

Aula 3 - A cultura da bananeira 29 e-Tec Brasil


3.3.4 Demanda hídrica
A bananeira é muito sensível ao estresse hídrico, principalmente durante
a diferenciação floral e início da maturação. A necessidade hídrica desta
espécie é alta, com demanda mensal em torno de 100 mm/mês em áreas
com boa capacidade de armazenamento de água, e 180 mm/mês em áreas
com solo de menor capacidade de armazenamento de água (LIMA; OLIVEIRA;
FERREIRA, 2012).

3.3.5 Vento
Um bananal localizado em regiões com grande incidência de ventos pode
sofrer grandes prejuízos, causando o tombamento de plantas e aumentando a
evapotranspiração. De modo geral, os maiores danos são observados por ventos
com velocidade acima de 25 km.h-1 – 30 km.h-1, o que torna indispensável a
implantação de quebra-ventos em áreas destinadas ao cultivo de bananeira.

3.4 Exigências edáficas


A bananeira adapta-se bem a várias classes de solo, preferencialmente férteis,
com bom teor de matéria orgânica, profundos e bem drenados. A calagem
deve ser realizada para elevar o pH para a faixa de 6,0.

3.5 Espaçamento/densidade
O espaçamento adotado definirá a densidade de plantio no bananal. Pes-
quisadores realizam vários estudos em diferentes regiões com objetivo de
obter um espaçamento de plantio adequado. No Quadro 3.2, destacam-se
os mais utilizados.

Quadro 3.2: Recomendação de espaçamento para a cultura da bananeira


Tipo de fileira Espaçamento Nº de plantas/ha
3m×3m 1
1.111
Simples 3 m × 2,5 m 2
1.333
3 m × 2 m2 1.666
4m×2m×2m 2
1.666
Dupla 4 m × 2 m × 2,5 m2 1.333
4m×2m×3m 1
1.111
1
Para plantas de porte alto.
2
Para plantas de porte médio.
Fonte: Silva Júnior et al., 2010

Para otimizar o uso da área, sem perda de produtividade, recomenda-se a


utilização de fileiras duplas.

e-Tec Brasil 30 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


3.6 Cultivares
Na escolha da cultivar que será implantada é necessário conhecer qual a
preferência do mercado consumidor. Aliado a isso, é preciso optar por cul-
tivares com alta produtividade, resistentes a doenças, pragas e condições
edafoclimáticas adversas, porte baixo e tolerante ao frio.

Entre as varias cultivares, destaca-se: D'Angola, Figo, Grande Naine, Maçã,


Mysore, Nanica, Nanicão, Ouro, Pacovan, Prata, Prata Anã, Terra.

Para atender preferência do consumidor de outros países, as cultivares pro-


duzidas para exportação são: Nanica, Nanicão e Grande Naine.

3.7 Tratos culturais


Apesar de ser uma planta rústica, em cultivos comerciais são necessárias
empregar vários tratos culturais, entre os principais destacam-se:

• Controle de plantas daninhas – pode-se utilizar o controle químico,


físico ou mecânico.

• Desbaste – consiste na remoção de plantas pouco desenvolvidas ou


doentes.

• Desfolha – retirada de folhas em senescência ou com sintomas de doenças.

• Escoramento – realizado em plantas que estão pendidas.

• Eliminação do coração – deve ser realizado em todas as pencas das


plantas.

• Corte do pseudocaule – realizado após a colheita para estimular a bro-


tação de uma nova planta.

A realização da desfolha, desbaste e corte do pseudocaule ajuda na redução


da fonte de inóculo, reduzindo a ocorrência de doenças e auxilia na manu-
tenção do estado fitossanitário do bananal, reduzindo os custos com manejo
fitossanitário.

Aula 3 - A cultura da bananeira 31 e-Tec Brasil


3.8 Adubação
Em condições de solo fértil e fatores climáticos favoráveis, a bananeira desen-
volve-se rapidamente, demandando uma grande quantidade de nutrientes. Entre
os macronutrientes mais demandados pela bananeira destacam-se o potássio
Para saber mais sobre
e o nitrogênio, seguidos pelo cálcio, magnésio, enxofre e fósforo, todos são
recomendações de adubação importantes no metabolismo da planta. Em relação aos micronutrientes mais
para bananais, acesse:
http://www.ipni.net/publication/ demandados cita-se o cloro, manganês, ferro, zinco, boro e cobre (BORGES;
ia-brasil.nsf/0/7113E269C1EFD SOUZA; TRINDADE, 2004).
B9383257AA10062537D/$FILE/
Page-14-19-116.pdf
Para a recomendação de adubação de bananais é necessário realizar uma
análise de solo e análise foliar, e a partir dos resultados fazer a interpretação
e recomendação.

3.9 Principais pragas


Em cultivos comerciais as plantas de bananeira são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:

• Broca-do-rizoma (Cosmopolites sordidus).

• Pulgões (Pentalonia nigronervosa, Aphis gossypii, Myzus persicae).


Para saber mais sobre as
principais pragas da • Tripes do encortiçamento (Thrips spp).
bananeira, acesse:
http://frutvasf.univasf.edu.br/
images/banana1.pdf • Tripes do prateamento da banana (Hercinothrips spp).

• Tripes da ferrugem dos frutos (Chaetanaphothrips spp).

• Tripes da erupção dos frutos (Frankliniella spp).

• Traça-da-bananeira (Opogona sacchari).

• Lagartas-desfolhadoras (Caligo spp, Opsiphanes spp).

• Broca-rajada (Metamasius hemipterus).

A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em


bananeiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitos-
sanitário em Fruticultura.

e-Tec Brasil 32 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


3.10 Principais doenças
Em cultivos comerciais as plantas de bananeira são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:

• Sigatoka-amarela (Mycosphaerella musicola).

• Sigatoka-negra (Mycosphaerella fijiensis = Paracercospora fijiensis). Para saber mais sobre as principais
doenças da bananeira, acesse:
http://frutvasf.univasf.edu.br/
• Mal-do-Panamá (Fusarium oxysporum f. sp. cubense). images/banana1.

• Mancha-parda (Cercospora hayi).

• Mancha-losango (Cercospora hayi, Fusarium solani, Fusarium roseum).

A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem em


bananeira serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossa-
nitário em Fruticultura.

Resumo
A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo o Brasil o
maior produtor e consumidor da fruta. O cultivo desta espécie é realizado
em pequenas, médias e grandes propriedades, havendo cultivos altamente
tecnificados. No Rio Grande do Sul é característico o cultivo da bananeira em
propriedades da agricultura familiar, principalmente na microrregião de Osório,
microrregião do litoral e em alguns municípios da Depressão Central do RS.

A bananeira (Musa spp.) pertencente à família botânica Musaceae, originária


do Extremo Oriente, atualmente cultivada em várias regiões de clima tropical
e subtropical. Para o cultivo comercial de bananeira é muito importante que
no planejamento e elaboração do projeto seja realizado um levantamento das
informações climáticas do local: temperatura, umidade relativa, luminosidade,
precipitação, demanda hídrica e vento. Por ser tipicamente uma frutífera de
clima tropical, a planta adapta-se em regiões com temperatura entre 15ºC
e 35ºC, sendo que em torno de 28ºC acredita-se ser a temperatura ótima
para a cultura.

Aula 3 - A cultura da bananeira 33 e-Tec Brasil


Atividades de aprendizagem
1. A que família botânica pertence a bananeira? Qual o nome científico
desta cultura?

2. Qual a temperatura média de uma região para possibilitar o cultivo da


bananeira?

3. Quais os danos (prejuízos) causados a bananeiras por temperaturas iguais


ou inferiores a 4ºC?

4. Cite alguns tratos culturais empregados na cultura da bananeira.

e-Tec Brasil 34 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Aula 4 – A cultura do maracujazeiro

Objetivos

Entender as principais características botânicas e morfológicas do


maracujazeiro.

Apresentar as exigências edafoclimáticas do maracujazeiro.

4.1 Considerações iniciais


A maior produção mundial de maracujá concentra-se no Brasil, Colômbia,
Equador e Peru, os quais são responsáveis por aproximadamente 93 % de
toda produção mundial. O maracujazeiro é uma cultura de grande importância
socioeconômica para o Brasil, em 2010 o país cultivou 10.000 hectares, obtendo
cerca de 920 mil toneladas. A exploração do maracujazeiro caracteriza-se por Assista a um vídeo sobre o
ser realizada em pequenas, médias ou grandes propriedades, havendo plantios cultivo de maracujazeiro em:
https://www.youtube.com/
com 1 ha a mais de 10 ha, adaptando-se muito bem a agricultura familiar. watch?v=yLGJIgzqML
Estima-se que em 1 ha de maracujazeiro sejam gerados de 3 a 4 empregos
diretos (WEBER, 2013).

O nível de tecnologia empregada na execução das práticas culturas é um


dos fatores que contribuem para a produção. No Brasil, o rendimento médio
é de 14 t/ha, mas há potencial para se obter de 30 t/ha a 35 t/ha com a
adoção de algumas técnicas, como plantio de mudas sadias, aplicação de
irrigação e fertirrigação, manejo fitossanitário de pragas e doenças, controle
da fertilidade do solo.

4.2 Botânica e morfologia


O maracujazeiro (Passiflora spp.) é uma planta trepadeira, perene, perten-
cente à família botânica Passifloraceae, que possui dois gêneros Passiflorae e
Dilka, explorados economicamente no Brasil, possuindo apenas 70 espécies Assista a um vídeo sobre
produtoras de frutos comestíveis. Possui como centro de origem a América botânica e morfologia do
maracujazeiro em:
do Sul, tipicamente de clima tropical, cultivada em várias regiões do mundo. https://www.youtube.com/
Entre as várias espécies destes dois gêneros merecem destaque as citadas no watch?v=7r0osMoKJkU

Quadro 4.1.

Aula 4 - A cultura do maracujazeiro 35 e-Tec Brasil


Quadro 4.1: Principais espécies de maracujazeiro cultivadas no Brasil
Nome científico Nome comum
Passiflora edulis Sims. Maracujá-roxo, maracujá comum, maracujá redondo
Passiflora edulis Sims f. flavicarpa D. Maracujá amarelo ou maracujá azedo
Maracujá grande, maracujá-de-refresco, maracujá-doce ou
Passiflora alata D.
maracujá alado
Passiflora caerulea L. Maracujá-de-cobra, maracujá-de-boi
Passiflora laurifolia L. -
Passiflora ligularis J. -
Passiflora maliformis L. -
Fonte: Cunha; Barbosa; Junqueira, 2002

Apesar do grande número de espécies de maracujazeiro, comercialmente


são explorados o Passiflora edulis Sims e Passiflora edulis Sims f. flavicarpa D.

4.2.1 Caule
O caule do maracujazeiro possui formato cilíndrico, em plantas jovens o caule
é herbáceo, provido de estruturas de fixação denominas gavinhas. Com o
desenvolvimento da planta o caule torna-se lenhoso na base e semilenhoso no
ápice. Devido a essa característica do caule, o maracujazeiro deve ser cultivado
de forma que seus ramos fiquem apoiados em um sistema de condução.

4.2.2 Sistema radicular


Em solos férteis, bem drenados e profundos o sistema radicular do maracu-
jazeiro explora grandes áreas do solo. De forma geral, podemos considerar
a profundidade efetiva do sistema radicular entre 10 cm e 45 cm de profun-
didade, mas podendo variar de acordo com a classe do solo. Nesta faixa de
profundidade estão concentrados cerca de 60 % a 80 % das raízes.

4.2.3 Folhas
O maracujazeiro possui folhas dispostas alternadamente nas plantas, com
formato e tamanho variado, de acordo com a cultivar. Na axila das folhas
desenvolvem-se gavinhas, destinadas a fixar a planta ao sistema de condução.

4.2.4 Flores
O maracujazeiro possui uma flor completa, com androceu e gineceu, com
estigma localizado acima das anteras. Normalmente, a abertura floral ocorre
a partir das 12 h e fecham-se durante o período noturno. Na Figura 4.1 é
possível observar uma flor de maracujazeiro e a identificação das principais
estruturas componentes.

e-Tec Brasil 36 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 4.1: Identificação e localização das principais estruturas em flor de maracu-
jazeiro
Fonte: CTISM

A floração do maracujazeiro possui os chamados “picos de floração”, ocorrendo


cerca de 4 a 5 picos de floração, cada um dura por aproximadamente uma
semana. Estes picos de produção ocorrem durante o período de dezembro a
abril, de acordo com a região pode adiantar ou atrasar o mês.

4.2.5 Frutos
Botanicamente o fruto do maracujazeiro é considerado uma baga, normalmente
de formato redondo, possui coloração amarela, dependendo da variedade.
Na Figura 4.2 é possível observar o fruto do maracujazeiro e as principais
estruturas deste.

Aula 4 - A cultura do maracujazeiro 37 e-Tec Brasil


Figura 4.2: Fruto de maracujazeiro amarelo
Fonte: CTISM

4.3 Exigências climáticas


A obtenção de alta produtividade em cultivos comerciais de maracujazeiro é
alcançado através de um conjunto de técnicas de manejo aplicados a cultura
durante o ciclo produtivo. A época de realização do manejo da cultura está
relacionando com as exigências climáticas da cultura porque o crescimento
das plantas depende de uma série de fatores abióticos. Por esse motivo, é
indispensável implantar o pomar em um local onde as exigências climáticas
da cultura sejam supridas. Fotoperíodo, temperatura, precipitação, ventos e
umidade relativa do ar possuem grande influência nos processos metabólicos
e fisiológicos do maracujazeiro, o que justifica o estudo destes fatores.

4.3.1 Fotoperíodo
O maracujazeiro é uma planta de clima tropical, mas cultivada em regiões
de clima subtropical, adaptando-se muito bem em vários locais, desde que o
fotoperíodo seja de no mínimo 11 horas, isso proporcionará ótimas condições
para a antese.

4.3.2 Temperatura
O crescimento vegetativo, antese e frutificação do maracujazeiro ocorre em
uma faixa de temperatura situada entre 21ºC e 23ºC, sendo entre 23ºC
e 25ºC considerada a melhor temperatura. Apesar disto, há vários anos o
maracujazeiro é cultivado em regiões com temperatura média entre 18ºC e
35ºC (COSTA et al., 2008).

e-Tec Brasil 38 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


4.3.3 Precipitação
O maracujazeiro desenvolve-se bem em regiões com precipitação média anual
em torno de 800 mm a 1700 mm, bem distribuídos durante os doze meses
do ano. A ocorrência de chuvas durante o período de polinização pode causar
redução da produção. Pomares implantados em regiões com distribuição
desuniforme das chuvas, ou com períodos de déficit hídrico devem ser irrigados
porque o estresse hídrico paralisa o crescimento vegetativo e pode atrasar a
antese e em casos mais críticos até causar o aborto das flores.

4.3.4 Ventos
A ocorrência de ventos leves a moderados em cultivos comerciais de mara-
cujazeiro são importantes para a redução na ocorrência de doenças fúngicas,
porém, ventos muito fortes podem causar prejuízos na polinização.

4.3.5 Umidade relativa


A umidade relativa está associada ao desenvolvimento de pragas e doenças,
principalmente o desenvolvimento de fungos. De maneira geral, plantas de
maracujazeiro desenvolvem-se bem em locais com umidade relativa em torno
de 40 % a 80 %. Locais com umidade relativa muito baixa podem causar
problemas na polinização e desenvolvimento dos frutos.

4.4 Polinização natural


A polinização é muito importante na cultura do maracujazeiro porque está
associada diretamente a produtividade das plantas, também influencia a
quantidade de sementes, peso e tamanho dos frutos, bem como o rendimento
de suco.

A fecundação do maracujazeiro é entomófila, realizada principalmente pela


mamangava ou mamangaba (Xylocopa sp.), normalmente ocorrendo entre
as 12 h até o anoitecer. Como é realizada naturalmente por insetos, não há
Para saber mais sobre o valor
custos ao produtor, não sendo necessário realizar desembolso. Para evitar a econômico da polinização
natural, acesse:
morte dos agentes polinizantes, a aplicação de agrotóxicos deve ser realizada http://www.redibec.org/IVO/
fora do horário de voo, preferencialmente pela manhã. rev15_04.pdf

É característico desta espécie a produção de pólen auto incompatível, isso


significa que o pólen produzido por uma flor não pode fecundar de forma
eficiente a própria flor ou outras flores produzidas na mesma planta. Para
obtenção da produção é necessário que ocorra a polinização cruzada.

Aula 4 - A cultura do maracujazeiro 39 e-Tec Brasil


4.5 Polinização artificial
A polinização artificial ou polinização manual é uma prática cultural muito
utilizada em cultivos comerciais de maracujazeiro, tanto em pequenos, médios
Assista a um vídeo sobre ou grandes plantios. Esta prática consiste em retirar o pólen das flores de uma
a polinização artificial em planta e aplicá-lo nas flores de outra planta. Objetiva-se com isto aumentar
maracujazeiro em:
https://www.youtube.com/ a polinização e por consequência a produtividade. Estudos apontam que a
watch?v=juODPR77OGg polinização artificial é 30 % a 50 % mais eficiente que a polinização natural.

Algumas publicações técnicas informam que esta prática deve ser adotada
em plantios com mais de 10 ha, porque a polinização natural torna-se menos
eficientes em grandes áreas. Mas produtores com plantios pequenos, 1 ha, por
exemplo também podem adotar esta prática, potencializando a produtividade
da área.

4.5.1 Horário recomendado


Produtores e técnicos recomendam que a polinização artificial (manual) inicie
a partir das 13 h, dado que neste horário a maioria das flores já estão abertas,
estendendo-se até as 15 h ou 18 h, dependendo da região.

4.5.2 Rendimento
O rendimento desta prática cultural dependerá da experiência e qualificação
da mão de obra, da temperatura ambiente e do número de flores por metro
quadrado. Como referencial técnico, adota-se um rendimento para 2 ou 3
pessoas de 50 a 60 flores por minuto, resultando em 1 hectare por tarde.

4.5.3 Quando polinizar


Para que a prática da polinização artificial seja economicamente viável e tenha
Para saber mais sobre a eficiência técnica, é recomendado que a polinização seja realizada nos picos
polinização artificial em de floração, caracterizado pela presença de 2 a 3 flores/m².
maracujazeiros, acesse:
www.cpac.embrapa.br/
download/268/t 4.5.4 Equipamentos necessários
Esta é uma prática cultural que exige pouco uso de equipamentos, sendo
necessário apenas a utilização de “dedeiras de flanela”, mas pode ser realizada
com a mão nua.

4.5.5 Execução da polinização artificial


A pessoa que realizará a polinização deve tocar com os dedos as anteras das
flores e, em seguida, os estigmas, para coletar o pólen. Posteriormente a pessoa
desloca-se até a próxima planta onde realizará a polinização. Na Figura 4.3 é
possível observar a forma de deslocamento no pomar.

e-Tec Brasil 40 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 4.3: Forma de deslocamento no pomar para polinização artificial
Fonte: CTISM, adaptado de Lima et al., 1994

É importante relembrar que o pólen extraído de uma flor não deve ser aplicado
nesta ou nas demais flores da mesma planta, sempre deve ser aplicado em
outra planta.

4.6 Exigências edáficas


O maracujazeiro desenvolve-se bem em solos férteis, ricos em matéria orgânica,
profundos, bem drenados, sem impedimento químico e físico. Mesmo sendo
uma planta de clima tropical, esta não tolera solos com excesso de umidade
por um longo período. A calagem do solo deve ser realizada para elevar o
pH até a faixa de 6,0.

4.7 Espaçamento
A definição do espaçamento de plantio é uma etapa muito importante no
planejamento do pomar. Para a determinação do espaçamento deve-se levar
em consideração a fertilidade e classe do solo, disponibilidade de água, mão
de obra disponível e disponibilidade financeira. No Quadro 4.2 estão dispo-
nibilizados alguns espaçamentos utilizados em plantios comerciais.

Quadro 4.2: Principais espaçamentos de plantio para maracujazeiro


Espaçamento Nº de planta/ha
3 m × 2,5 m 1
1333
3m×5m 666
4 m × 2,5 m 1000
6m×3m 555
6m×4m 416
1
3 m entre linhas e 2,5 m entre plantas.
Fonte: Autores

Aula 4 - A cultura do maracujazeiro 41 e-Tec Brasil


4.8 Cultivares
Como a cultura do maracujazeiro é muito expressiva e de grande importância
Assista a um vídeo sobre socioeconômica no Brasil, existe a Embrapa Cerrados, localizada em Planaltina,
cultivar de maracujá em: no Distrito Federal, que é uma das principais instituições brasileiras que realiza
https://www.youtube.com/
watch?v=ICgEie9F5dM o melhoramento genético do maracujazeiro.

4.8.1 Cultivares de duplo propósito


Entenda-se como cultivar de duplo propósito aquelas desenvolvidas com
o objetivo de produzir frutos tanto para o consumo in natura como para a
industrialização. Entre as novas cultivares desenvolvidas pela Embrapa merecem
destaque a ‘BRS Gigante Amarelo’, ‘BRS Sol do Cerrado’ e ‘BRS Ouro Vermelho’.

4.9 Análise foliar


A análise foliar deve ser utilizada junto com a análise de solo para realizar a
recomendação de adubação. O período de coleta das folhas vai de março a
junho, preferencialmente logo após a colheita dos frutos. É necessário coletar
4 folhas por planta de um total de 20 plantas por hectare. Recomenda-se que
seja coletada a 4ª ou 5ª folha recém-madura, localizada no ramo produtivo.

É necessário escolher folhas sadias, sem sintomas de deficiências nutricionais


ou lesões causadas por insetos, preferencialmente realizar a coleta entre as
7 h e 9 h.

4.10 Adubação
O maracujazeiro é uma planta perene, porém, é cultivada comercialmente
por 2 ou até 3 safras, após este período as plantas são substituídas. Por isso é
necessário que a fertilidade do solo seja adequada, de forma a disponibilizar
todos os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento das
plantas e frutos.

4.10.1 Adubação nitrogenada


A adubação nitrogenada é realizada anualmente no plantio, crescimento e
para manutenção. No Quadro 4.3 são apresentadas as recomendações de
fertilizante nitrogenado.

e-Tec Brasil 42 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Quadro 4.3: Adubação nitrogenada para o plantio, crescimento e
manutenção em plantios de maracujazeiro
g de N/planta
Teor de matéria orgânica no solo (%)
1º ano 2º ano 3º ano
< 2,5 90 120 120
> 2,5 70 80 80
Fonte: SBCS, 2004

Os fertilizantes nitrogenados devem ser aplicados parceladamente, em doses


iguais, durante os meses de setembro, novembro e fevereiro.

4.10.2 Adubação potássica


A adubação potássica é realizada para o plantio, crescimento e manutenção
das plantas, seguinte às recomendações do Quadro 4.4.

Quadro 4.4: Adubação potássica para o plantio, crescimento e manutenção


em plantios de maracujazeiro
g de K2O/planta
Interpretação do teor de K
Plantio 1º ano 2º ano 3º ano
Muito baixo 30 100 140 140
Baixo 30 80 130 130
Médio 20 80 110 110
Alto 20 60 90 90
Muito alto < 20 < 60 < 80 < 80
Fonte: SBCS, 2004

Os fertilizantes potássicos, preferencialmente, devem ser aplicados em torno


das plantas, sob a projeção da copa, cerca de 20 cm distante do tronco das
plantas. Os fertilizantes potássicos devem ser aplicados parceladamente, em
doses iguais, durante os meses de setembro, novembro e fevereiro.

4.10.3 Adubação fosfatada


A adubação fosfatada é realizada para o plantio, crescimento e manutenção
das plantas, seguinte às recomendações do Quadro 4.5.

Quadro 4.5: Adubação fosfatada para o plantio, crescimento e manutenção


em plantios de maracujazeiro
g de P2O5/planta
Interpretação do teor de P
Plantio 1º ano 2º ano 3º ano
Muito baixo 50 50 60 50
Baixo 50 45 50 45
Médio 40 45 45 45
Alto 40 40 40 40
Muito alto < 40 < 40 < 40 < 40
Fonte: SBCS, 2004

Aula 4 - A cultura do maracujazeiro 43 e-Tec Brasil


Da mesma forma que os fertilizantes potássicos, os fosfatados, preferencial-
mente, devem ser aplicados em torno das plantas, sob a projeção da copa,
cerca de 20 cm distante do tronco das plantas. Os fertilizantes fosfatados
devem ser aplicados parceladamente, em doses iguais, durante os meses de
setembro, novembro e fevereiro.

4.11 Sistemas de condução


Apesar de ser uma planta perene, o maracujazeiro necessita de uma estrutura
de sustentação para condução de seus ramos durante o período de cultivo.
Assim como para um parreiral, um sistema de condução são os métodos e
técnicas empregados que permitem dar forma as plantas e sustentação a sua
produção. Os sistemas de condução utilizados na cultura do maracujazeiro
são a espaldeira e a latada. Para a escolha deste sistema de condução, alguns
fatores devem ser observados, entre eles destacamos:

• Objetivo (produção de frutos para consumo in natura ou indústria).

• Condições químicas, físicas e biológicas do solo.

• Topografia da área.

• Condições climáticas da região.

• Custo de implantação e manutenção.

• Tradição culturas do produtor rural.

O tipo de sistema de condução adotado afeta diretamente o crescimento e


desenvolvimento vegetativo do maracujazeiro, por consequência também
atua na produtividade das plantas.

4.11.1 Sistema de condução em forma de latada


O sistema de condução em forma de latada recebe outras denominações
como pérgula ou caramanchão, de acordo com a região. Este sistema é
muito utilizado na produção de maracujá, destinados ao consumo in natura
ou indústria. Na Figura 4.4, está demonstrado esquematicamente o conjunto
denominado de “sistema de condução em forma de latada”.

e-Tec Brasil 44 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 4.4: Vista geral de um sistema de condução em forma de latada
Fonte: CTISM, adaptado de Leão, 2004

Este sistema vem sendo cada vez menos utilizado por produtores de maracujá
devido a maior incidência de doenças e ataque de pragas.

4.11.2 Sistema de condução em forma de


espaldeira
O sistema de condução em forma de espaldeira é a forma utilizada para con-
dução do maracujazeiro. Para o maracujazeiro é possível construir espaldeiras
com 1, 2 ou 3 fios, dependendo da fertilidade do solo e vigor das plantas. Na
Figura 4.5 está demonstrado esquematicamente o conjunto denominado de
“sistema de condução em forma de espaldeira”.

Aula 4 - A cultura do maracujazeiro 45 e-Tec Brasil


Figura 4.5: Espaldeira com 1, 2 e 3 fios, respectivamente
Fonte: CTISM, adaptado de Lima et al., 1994

Normalmente os produtores utilizam espaldeiras com apenas 1 fio de arame,


devido ao custo. Em locais com maior incidência de vento pode-se adotar o
sistema com 2 ou três fios de arame.

4.12 Principais pragas


Em cultivos comerciais as plantas de maracujazeiro são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:

• Lagartas desfolhadoras (Dione juno juno).

• Percevejos.

e-Tec Brasil 46 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


• Broca-das-hastes (Philonis spp.).

• Ácaros.

• Pulgões.

A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em


maracujazeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.

4.13 Principais doenças


Em cultivos comerciais as plantas de maracujazeiro são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:

• Tombamento, mela ou "damping off".

• Antracnose.

• Verrugose.

• Bacteriose.

• Podridão do colo.

A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem em


maracujazeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.

Resumo
A maior produção mundial de maracujá concentra-se no Brasil, Colômbia,
Equador e Peru, os quais são responsáveis por aproximadamente 93 % de
toda produção mundial. O maracujazeiro é uma cultura de grande importância
socioeconômica para o Brasil, em 2010 o país cultivou 10.000 hectares,
obtendo cerca de 920 mil toneladas.

O maracujazeiro (Passiflora spp.) é uma planta trepadeira, perene, pertencente


à família botânica Passifloraceae. O caule do maracujazeiro possui formato
cilíndrico, em plantas jovens o caule é herbáceo, provido de estruturas de

Aula 4 - A cultura do maracujazeiro 47 e-Tec Brasil


fixação denominas gavinhas. Em solos férteis, bem drenados e profundos o
sistema radicular do maracujazeiro explora grandes áreas do solo. De forma
geral, podemos considerar a profundidade efetiva do sistema radicular entre
10 cm e 45 cm de profundidade, mas podendo variar de acordo com a classe
do solo.

A polinização é muito importante na cultura do maracujazeiro porque está


associada diretamente a produtividade das plantas, também influencia a quan-
tidade de sementes, peso e tamanho dos frutos, bem como o rendimento de
suco. A fecundação do maracujazeiro é entomófila, realizada principalmente
pela mamangava ou mamangaba (Xylocopa sp.). A polinização artificial ou
polinização manual é uma prática cultural muito utilizada em cultivos comerciais
de maracujazeiro, tanto em pequenos, médios ou grandes plantios.

A definição do espaçamento de plantio é uma etapa muito importante no


planejamento do pomar. Para a determinação do espaçamento deve-se levar
em consideração a fertilidade e classe do solo, disponibilidade de água, mão
de obra disponível e disponibilidade financeira.

Apesar de ser uma planta perene, o maracujazeiro necessita de uma estrutura


de sustentação para condução de seus ramos durante o período de cultivo,
em espaldeira ou em latada.

Atividades de aprendizagem
1. Qual o nome científico e a que família botânica pertence o m
­ aracujazeiro?

2. Quanto ao fotoperíodo, qual a exigência do maracujazeiro?

3. Comente sobre o item “temperatura” para a cultura do maracujazeiro.

4. Que inseto é responsável pela polinização do maracujazeiro?

5. O que é a polinização artificial? Qual a sua finalidade? Qual horário que


pode ser realizada? E qual o rendimento desta prática?

6. Em relação ao espaçamento de plantio, qual ou quais podem ser utiliza-


dos em cultivos comerciais de maracujazeiro?

7. Para a escolha do sistema de condução, alguns fatores devem ser obser-


vados, quais são?

e-Tec Brasil 48 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Aula 5 – Cultivo de frutíferas de clima
subtropical

Objetivos

Especificar as principais características das frutíferas de clima sub-


tropical.

5.1 Considerações iniciais


As frutíferas de clima subtropical são cultivadas em todo o Brasil, dadas às
condições climáticas do país e a adaptabilidade das espécies. Estas frutíferas
caracterizam-se por apresentar menor tolerância a períodos com temperatura Para saber mais sobre
baixa, desenvolvendo-se bem numa faixa de temperatura situada entre 15ºC desenvolvimento de frutíferas de
clima subtropical, acesse:
e 22ºC e apresentam mais de um surto de crescimento em um ciclo. http://www.scielo.br/pdf/rbf/
v33nspe1/a13v33nspe1.pdf

Algumas plantas pertencentes a este grupo não possuem hábito caducifólio,


fato este importante para o manejo fitossanitário em pomares comerciais. A
maioria das frutíferas subtropicais apresentam área foliar permanente, como
a goiabeira e os citros.

Várias frutíferas são classificadas neste grupo, as principais cultivadas comer-


cialmente no Brasil estão listadas no Quadro 5.1.

Quadro 5.1: Frutíferas de clima subtropical cultivadas comercialmente no RS


Nome comum Nome científico Família botânica
Abacateiro Persea americana Lauraceae
Caquizeiro Diospyros kaki Ebenaceae
Goiabeira Psidium guajava Myrtaceae
Laranjeira Citrus sinensis Rutaceae
Limoeiro Citrus limon Rutaceae
Tangerineira Citrus reticulata Rutaceae
Fonte: Autores

Outras frutíferas como a Atemoieira (Annona cherimola Mill. × Annona


squamosa L.), Jabuticabeira (Myrciaria cauliflora), Lichia (Litchi chinensis Sonn)
e Nespereira (Eriobotrya japonica) também são frutíferas de clima tropical,
porém, no RS o cultivo é relativamente pequeno.

Aula 5 - Cultivo de frutíferas de clima subtropical 49 e-Tec Brasil


A abrangência do cultivo de frutíferas de clima subtropical no Brasil deve-se
às condições climáticas e edafoclimáticas favoráveis ao desenvolvimento das
plantas. Na Quadro 5.2 é possível observar alguns dados que representam a
expressividade das frutíferas subtropicais no País.

Quadro 5.2: Área colhida e outros dados das principais frutíferas de clima
subtropical cultivadas no Brasil
Área colhida Quantidade produzida Rendimento médio
Frutífera
(ha) (t) (t/ha)
Abacateiro 9.615 159.903 16.7
Caquizeiro 8.173 158.241 19.3
Para saber mais sobre dados sobre
lavouras permanentes, acesse: Goiabeira 15.231 345.332 22.7
http://www.ibge.gov.br/home/ Laranjeira 762.765 18.012,560 22.7
estatistica/economia/pam/2012/
default_perm_ods.shtm Limoeiro 48.244 1.208,275 25.5
Tangerineira 52.023 959.672 18.5
Fonte: IBGE, 2012

Como observado no Quadro 5.2, estas frutíferas possuem expressividade


em área cultivada no País, destacando-se os citros, pois o Brasil é o maior
produtor mundial de laranja.

Resumo
As frutíferas de clima subtropical são cultivadas em todo o Brasil, dadas às
condições climáticas do país e a adaptabilidade das espécies. Estas frutíferas
caracterizam-se por apresentar menor tolerância a períodos com temperatura
baixa, desenvolvendo-se bem numa faixa de temperatura situada entre 15ºC
e 22ºC e apresentam mais de um período de crescimento em um ciclo.

Atividades de aprendizagem
1. Quais as faixas de temperatura que as frutíferas de clima tropical e sub-
tropical desenvolvem-se?

2. Cite as principais frutíferas de clima tropical e subtropical cultivadas co-


mercialmente no RS.

e-Tec Brasil 50 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Aula 6 – A cultura do caquizeiro

Objetivos

Detalhar as exigências edafoclimáticas do caquizeiro.

Determinar a importância e modo de execução das práticas cul­


turais.

6.1 Considerações iniciais


Vários estados brasileiros cultivam caquizeiro, estima-se que existam cerca
de 3.592 ha cultivados com a cultura. A produtividade média brasileira é de
14 t/ha, no entanto existe potencial de aumento.

No Rio Grande do Sul, a Região da Serra Gaúcha é a principal região produtora,


destacando-se os municípios de Caxias do Sul, Farroupilha, Bento Gonçalves.
Além deste, existem mais 15 municípios da região que produzem caqui. Assista a um vídeo sobre a
As principais variedades exploradas economicamente no Estado são a Fuyu cultivo de caquizeiro no
Rio de Janeiro em:
(chocolate branco) e a Kyoto (chocolate preto). O período de maturação vai https://www.youtube.com/
de fevereiro a abril, podendo ser mais precoce ou tardia, de acordo com a watch?v=8olfWhbK5m4

temperatura da microrregião.

6.2 Botânica e morfologia


O caquizeiro (Diospyros Kaki L. F.), pertence à família botânica Ebenaceae,
originário do continente asiático, é cultivado comercialmente em várias regiões
do mundo a mais de 100 anos. Esta é uma planta perene, de porte arbóreo,
podendo atingir 8 m a 12 m de altura quando adulta. O crescimento lento
desta espécie é característico durante os três ou quatro anos iniciais, após
este período o desenvolvimento é vigoroso.

6.2.1 Caule
O caule do caquizeiro é lenhoso, áspero, de cor acinzentada e pode atingir
grandes dimensões quando a planta não é podada.

Aula 6 - A cultura do caquizeiro 51 e-Tec Brasil


6.2.2 Sistema radicular
O sistema radicular de plantas de caquizeiro é pivotante, profundo e distribui-se
por uma grade área do solo. Logo após o transplante da muda para o campo,
o crescimento do sistema radicular é lento, com o passar dos anos torna-se
mais efetivo.

6.2.3 Folha
As folhas do caquizeiro possuem aspecto coriáceo, coloração verde-escuro
e formato elíptico. São fundamentais para o processo da fotossíntese. Em
regiões de clima úmido ou períodos com grande ocorrência de chuvas, as
folhas podem ser atacadas por fungos.

6.2.4 Flor
O caquizeiro possui plantas monoicas (flores masculinas e femininas na mesma
planta) e dioicas (flores masculinas e femininas em plantas separadas). Entre-
tanto, é possível a ocorrência de plantas polígamas, onde há presença de flores
masculinas, femininas ou hermafroditas na mesma planta.

As flores estaminadas são pequenas (1,0 cm a 1,5 cm de diâmetro), crescendo


normalmente em grupo de 3, na axila das folhas. Já as flores pistiladas são
grandes (2,5 cm de diâmetro), crescendo isoladamente na axila das folhas.
Grande parte das variedades comerciais cultivadas no Brasil produzem somente
flores femininas.

Uma das variedades mais cultivadas no RS é a Fuyu, que produz apenas flores
femininas, desse modo, para potencializar a produção torna-se necessário
o plantio de uma planta polinizadora para cada 6 plantas da cultivar Fuyu.

6.2.5 Fruto
Botanicamente o fruto do caquizeiro é considerado uma baga, com tamanho e
coloração variando de acordo com a cultivar. Frutos verde são ricos em taninos,
o que os torna pouco palatáveis. Grande parte das cultivares comerciais não
necessitam de polinização, pois produzem os frutos partenocarpicamente.
Na Figura 6.1 é possível observar as características morfológicas dos frutos
de caquizeiro.

e-Tec Brasil 52 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 6.1: Frutos de caquizeiro variedade Kyoto
Fonte: Jonas Janner Hamann

O tamanho e formato dos frutos dependerá da cultivar. O peso médio varia


entre 250 g e 350 g, mas com potencial de obter-se frutos de 400 g a 500 g.

6.3 Exigências climáticas


Apesar de o caquizeiro ser uma frutífera de clima subtropical, necessita de
um número mínimo de horas de frio, com temperatura abaixo de 7,2ºC,
para a superação da dormência após o período de repouso vegetativo. Para
a maioria das cultivares comerciais, cerca de 200 a 300 horas de frio já são
suficiente para brotação uniforme na primavera.

6.3.1 Temperatura
O caquizeiro adapta-se bem a várias regiões com as mais variadas faixas de
temperatura. No entanto, para cultivos comerciais de cultivares doces, estas
devem ser conduzidas em locais com temperatura média anual acima de 13ºC
e para cultivares taninosas, acima de 10ºC (PIO, 2003).

6.3.2 Precipitação
Para a obtenção de alta produtividade, com baixo custo, é necessário que na
região onde será implantado o cultivo de caquizeiro ocorra uma precipitação
anual média entre 1000 mm e 1500 mm bem distribuídos durante os 12
meses do ano.

6.3.3 Ventos
A ocorrência de ventos fortes pode provocar a quebra de ramos em plantas
que não foram submetidas ao raleio de frutos. Algumas cultivares também são
mais susceptíveis a quebra de ramos, dessa forma evita-se estas cultivares. Em
regiões com ocorrência intensa de ventos é possível implantar quebra-ventos
em torno do pomar.

Aula 6 - A cultura do caquizeiro 53 e-Tec Brasil


6.4 Exigências edáficas
O caquizeiro adapta-se bem a várias classes de solo, preferencialmente férteis,
com bom teor de matéria orgânica, profundos e bem drenados. A calagem
deve ser realizada para elevar o pH para a faixa de 6,0, sendo necessário
incorporar o corretivo a uma profundidade mínima de 40 cm a 50 cm.

6.5 Espaçamento
Por ser uma planta de porte arbóreo, o espaçamento utilizado para o plantio
do caquizeiro deve ser previamente planejado, de forma a evitar o plantio
muito adensado, o que pode aumentar a incidência de doenças e elevar o custo
de implantação devido ao grande número de mudas necessárias. No Quadro
6.1 são apresentados alguns espaçamentos possíveis de serem utilizados na
cultura do caquizeiro.

Quadro 6.1: Recomendações de espaçamento para a cultura do caquizeiro


Espaçamento Nº de plantas/ha
4,0 m × 3,0 m 833
5,0 m × 3,0 m 666
6,0 m × 3,0 m 555
4,0 m × 4,0 m 625
5,0 m × 4,0 m 500
6,0 m × 4,0 m 416
Fonte: Autores

A escolha do espaçamento de plantio dependerá da forma de condução


adotada no caquizeiro, sistema em vaso ou sistema em líder central, bem
como a fertilidade do solo e precipitação anual média. Em plantios mais
adensados, produtores tem utilizado, para o sistema de condução em vaso,
o espaçamento de 2,5 m a 3,0 m entre plantas, e no sistema de líder central
de 2,0 m a 2,5 m entre plantas.

6.6 Cultivares
As cultivares de caquizeiro são classificadas em três grupos: Amagaki (­taninosos),
Sibugaki (não taninosos) e variáveis, cada um com suas particularidades e
características. No Rio Grande do Sul a colheita do caquizeiro ocorre de
fevereiro a maio, dependendo da região pode ocorrer até o mês de junho.

e-Tec Brasil 54 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


6.6.1 Grupo Amagaki
As variedades pertencentes ao grupo Amagaki possuem frutos doces, com polpa
de coloração amarelada, algumas variedades possuem frutos sem sementes e Assista a um vídeo sobre o
outras com sementes. Para serem comercializados, estes frutos devem passar cultivo de caquizeiro Fuyu em:
https://www.youtube.com/
por um tratamento (destanização). Comercialmente merecem destaque as watch?v=xFzbUe9Rzuw
variedades Fuyu e IAC Fuyuhana.

6.6.2 Grupo Sibugaki


As variedades pertencentes ao grupo Sibugaki possuem frutos taninosos,
com polpa de coloração amarelada, algumas variedades possuem frutos
sem sementes e outras com sementes. Comercialmente merecem destaque
as variedades Coração-de-boi, Pomelo (IAC 6-22), Regina, Rubi (IAC 8-4) e
Taubaté.

6.6.3 Grupo variável


As variedades pertencentes ao grupo variável possuem frutos taninosos quando
apirênicos ou não taninosos, parcialmente taninosos ou totalmente taninosos
(possuem pouca a muitas sementes). Em cultivos comerciais é indicado que Para saber mais sobre a
se evite a polinização porque os frutos deverão passar pelo processo de destanização de caquis, acesse:
http://www.scielo.br/pdf/cr/
destanização antes de serem comercializados. Comercialmente merecem v39n2/a46v39n2.pdf
destaque as variedades Rama-forte, Luiz-de-Queiróz, Chocolate e Karioka.

6.7 Raleio
O raleio dos frutos do caquizeiro é uma prática cultural indispensável em
cultivos comerciais. Esta prática é realizada com o objetivo de:

• Evitar a alternância de produção das plantas.

• Impedir a quebra de ramos.

• Obtenção de frutos grandes, de tamanho comercial com qualidade.

Em pomares adultos com cerca de 8 a 10 anos podem produzir de 80 kg


a 120 kg de frutos/planta. Essa produção é muito elevada e normalmente
causa a quebra dos ramos (Figura 6.2), o que reduz a vida útil do pomar e
causa perdas na safra.

Aula 6 - A cultura do caquizeiro 55 e-Tec Brasil


Figura 6.2: Quebra de ramos de caquizeiro devido à excessiva produção
Fonte: Jonas Janner Hamann

A época de realizar o raleio dos frutos em plantas de caquizeiro é logo após


a queda natural dos frutos. São removidos frutos com sintomas de ataque de
pragas e doenças, muito pequenos e mal formados. A realização do raleio evita
que seja necessário a utilização de uma técnica muito comum no caquizeiro,
o escoramento de ramos. Esta é uma prática que necessita de muita mão de
obra, tempo e não evita a alternância de produção das plantas.

6.8 Podas
No cultivo de caquizeiro é necessário a realização de poda, sendo uma das
práticas culturais mais importantes. Principalmente a poda de formação e a
poda de frutificação são de estrema importância, as quais possuem caracte-
rísticas e particularidades.

6.8.1 Poda de formação


A poda de formação do caquizeiro é uma prática cultura indispensável, sendo
realizada durante os 3 ou 4 primeiros anos após o plantio. Para a formação
da planta é preciso saber previamente qual o sistema de cultivo que será
adotado, em vaso ou em líder central.

6.8.1.1 Sistema de condução em forma de vaso


O sistema de condução em forma de vaso utilizado no caquizeiro é muito
semelhante ao adotado na cultura do pessegueiro. Esta forma de condução
é utilizada a mais de 20 anos por produtores de várias regiões, apresentando
certas vantagens: menor número de plantas/ha, maior produção/planta,
facilidade na poda de formação e frutificação. Após o plantio das mudas,
estas são podadas (despontadas) cerca de 50 cm a 80 cm acima do solo.
Dessa forma, quebra-se a dominância apical da planta e ocorrerá a brotação
das gemas dormentes, e, posteriormente, a formação dos ramos principais
(pernadas) (Figura 6.3).

e-Tec Brasil 56 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 6.3: Poda de formação em caquizeiro, 1º ano
Fonte: CTISM

Após a poda no 1º ano, durante o ciclo de crescimento das plantas de caquizeiro,


é necessário tutorar os ramos primários (pernadas) de modo a dar o formato
de taça aberta aos ramos primários. É possível utilizar taquaras ou apenas
cordões (barbantes). Na Figura 6.4, é possível observar o tutoramento das
pernadas de plantas de caquizeiro, logo após a poda de formação (1º ano).

Figura 6.4: Tutoramento de pernadas de caquizeiro em forma de taça aberta


Fonte: Jonas Janner Hamann

Como o caquizeiro possui um crescimento lento nos primeiros anos, após a


poda de formação no 1º ano, é necessário no inverno do 2º ano continuar
a poda de formação da planta. Essa poda consiste em cortar em ao menos
50 % os ramos primários (pernadas), com isso haverá estimulo à brotação de
novos ramos (Figura 6.5).

Aula 6 - A cultura do caquizeiro 57 e-Tec Brasil


Figura 6.5: Poda de formação em caquizeiro, 2º ano
Fonte: CTISM

Até o 3º ou 4º ano a poda de formação é realizada como no 2° ano, podando-se


em 50 %. os ramos que cresceram no ano. Após o 4º ano essa poda não é
mais necessária, passando-se a adotar a poda de frutificação.

6.8.1.2 Sistema de condução em líder central


A condução de plantas de caquizeiro na forma de líder central vem sendo
utilizada a cerca de 5 ou 10 anos nas regiões produtoras da Serra Gaúcha, em
pomares que o produtor opta pela utilização da alta densidade de plantas/ha.
Este sistema de condução atribui à planta um ramo principal dominante e uma
série de ramos laterais secundários, bem espaçados e distribuídos, originando-se
do líder central.

6.8.2 Poda de frutificação


A poda de frutificação ou poda de produção é realizada no ano posterior
ao término da poda de formação. Esta prática cultural pode ser realizada
anualmente, tendo por objetivo a eliminação de ramos quebrados, doentes
ou mal posicionado para aumentar a circulação de ar e incidência de radiação
solar no interior da copa.

Para o caquizeiro, a poda de frutificação não é decisiva para a produção, isso


significa que mesmo que a planta não seja podada, irá produzir frutos. O fato
de se executar essa poda se deve ao grande vigor das plantas, que crescerão
muito, atingindo cerca de 8 m a 12 m. Com a poda de frutificação a planta
tende a ter o crescimento controlado.

e-Tec Brasil 58 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


6.9 Adubação
Por ser uma planta perene e de grande vigor, a adubação de crescimento e
de manutenção é muito importante para obtenção de altas produtividades
e proporcionar o crescimento vigoroso das plantas. Para o caquizeiro são
adotadas duas adubações, de crescimento e manutenção.

6.9.1 Adubação de crescimento


A adubação nitrogenada de crescimento é feita na fase de desenvolvimento
do pomar. Aplicar o fertilizante na área correspondente à projeção da copa
(Quadro 6.2).

Quadro 6.2: Adubação de crescimento para cultivos comerciais de caquizeiro


Ano Nitrogênio (kg de N/ha) Época de aplicação
5 30 dias após a brotação
1º 5 60 dias após a 1º aplicação
5 45 dias após a 2º aplicação
10 No inchamento das gemas
2º 10 60 dias após a 1º aplicação
10 45 dias após a 2º aplicação
15 No inchamento das gemas
3º 15 Após pegamento dos frutos
15 Após a colheita
Fonte: SBCS, 2004

6.9.2 Adubação de manutenção


Os nutrientes e as quantidades a serem aplicadas devem ser estabelecidas
pela análise conjunta dos seguintes parâmetros: análise foliar, análise periódica
de solo, idade das plantas, crescimento vegetativo, sistema de condução,
adubações anteriores, produção, tratos culturais e presença de sintomas de
deficiência ou de toxidez.

6.10 Principais pragas


Em cultivos comerciais as plantas de caquizeiro são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:

• Ácaro (Eriophyes diospyri).

• Besouro de Limeira (Leptaegeria sp.).

• Cochonilha (Pseudococcus comstocki).

Aula 6 - A cultura do caquizeiro 59 e-Tec Brasil


• Cochonilha (Pseudococcus comstocki).

• Lagarta do fruto (Hypocala andremona).

• Lepidobroca (Leptaegeria sp.).

• Mosca-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis capitata).

• Tripes (Heliothrips haemorrhoidalis).

A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em


caquizeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitos-
sanitário em Fruticultura.

6.11 Principais doenças


Em cultivos comerciais as plantas de caquizeiro são atacadas por algumas
doenças, entre elas destacam-se:

• Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides).

• Galha da coroa (Agrobacterium tumefaciens).

• Mancha das folhas (Cercospora kaki).

• Podridão das raízes (Rosellinia sp.).

A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem


em caquizeiros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.

Resumo
Uma das primeiras culturas estudadas é a do caquizeiro (Diospyros Kaki L. F.),
pertencente à família botânica Ebenaceae, originário do continente asiático.
O caule do caquizeiro é lenhoso, áspero, de cor acinzentada e pode atingir
grandes dimensões quando a planta não é podada. O sistema radicular de
plantas de caquizeiro é pivotante, profundo e distribui-se por uma grade
área do solo. As folhas do caquizeiro possuem aspecto coriáceo, coloração
verde-escuro e formato elíptico, as quais são fundamentais para o processo

e-Tec Brasil 60 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


da fotossíntese. Apesar de o caquizeiro ser uma frutífera de clima subtropical,
necessita de um número mínimo de horas de frio, com temperatura abaixo de
7,2ºC, para a superação da dormência após o período de repouso vegetativo.
Para a maioria das variedades comerciais, cerca de 200 a 300 horas de frio já
são o suficiente para brotação uniforme na primavera.

As variedades de caquizeiro são classificadas em três grupos: Amagaki (tanino-


sos), Sibugaki (não taninosos) e variáveis, cada um com suas particularidades
e características. No Rio Grande do Sul a colheita do caquizeiro ocorre de
fevereiro a maio, dependendo da região podem ocorrer até o mês de junho.

No cultivo de caquizeiro é necessário a realização de poda, principalmente a


poda de formação e a poda de frutificação, ambas de estrema importância,
com características e particularidades.

Atividades de aprendizagem
1. De modo geral, qual a exigência de horas de frio (abaixo de 7,2ºC) para
o caquizeiro?

2. Quais os três grupos de caquizeiro existente? Cite suas principais carac-


terísticas e dê exemplo de variedades de cada grupo.

3. Quanto ao sistema de condução, quais podem ser adotados para o ca-


quizeiro?

4. O raleio de frutos é necessário em cultivos comerciais de caquizeiro? Por


quê? Quais as vantagens?

Aula 6 - A cultura do caquizeiro 61 e-Tec Brasil


e-Tec Brasil 62 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical
Aula 7 – A cultura dos citros

Objetivos

Identificar principais características botânicas e morfológicas dos


citros.

Observar e analisar detalhes técnicos da cultura do gênero Citrus.

7.1 Considerações iniciais


As plantas cítricas foram introduzidas no Brasil por colonizadores portugueses
no Estado da Bahia. Desde esta época houve um aumento de área cultivada e Para saber mais sobre
melhoria na tecnologia empregada em cultivos comerciais. Atualmente o Brasil é Associação Brasileira de
Citricultores, acesse:
o maior produtor mundial de laranja, em segundo lugar estão os Estados Unidos. http://www.associtrus.com.br/

Com grande importância socioeconômica em nosso país, a citricultura está


presente em vários Estados, principalmente em São Paulo, que possui cerca
de 85 % da área cultivada, aproximadamente 750 mil hectares. A organização
e tecnificação dos pomares é típico da cadeia produtiva dos citros em São
Para saber mais
Paulo, isso ocorre devido a grande área cultivada e a exportação de polpa, sobre Associação Nacional
óleo essencial e frutos in natura. O Brasil exporta suco de laranja para vários dos Exportadores de
Suco Cítrico, acesse:
países, entre os principais compradores destaca-se a União Europeia, Estados http://www.citrusbr.com/
Unidos, Canadá, Japão e China.

Além do cultivo de laranja, o Brasil também explora economicamente tange-


rineiras, limoeiros e limeiras, como observado na Figura 7.1.

Figura 7.1: Distribuição do cultivo de citros no Brasil


Fonte: CTISM, adaptado de IBGE, 2010

Aula 7 - A cultura dos citros 63 e-Tec Brasil


Apesar da grandiosidade do mercado citrícola paulista, outros Estados como
Pará, Bahia, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul também possuem uma
área considerável cultivada com citros.

7.2 Citricultura gaúcha


O cultivo de citros foi introduzido no Rio Grande do Sul pelos imigrantes
açorianos e seus descendentes, alocados nos municípios de Taquari e Triunfo,
por volta do final do século XVIII (DORNELLES, 1980). No final do século
XIX, a produção citrícola a nível comercial começou no Vale do Rio Caí, com
imigrantes germânicos. Nos últimos 10 anos vem se desenvolvendo de forma
comercial em outras regiões do Rio Grande do Sul. Atualmente encontramos
pomares de citros em praticamente todos os municípios gaúchos, como
podemos observar no mapa.

Figura 7.2: Municípios gaúchos produtores de citros


Fonte: CTISM, adaptado de IBGE, 2011

Estima-se que sejam cultivados no Rio Grande do Sul cerca de 27 mil hectares,
com uma produtividade média de 13 t/ha. Grande parte da citricultura gaúcha
é voltada para a produção de citros destinados ao consumo in natura, fato
este devido às ótimas condições climáticas do Estado, com invernos frios e
verões quentes, que conferem excelente coloração e sabor nos frutos.

A região do Vale do Rio Caí tradicionalmente é produtora de citros, pertencendo


a esta região os municípios de Bom Princípio, Brochier, Capela de Santana,

e-Tec Brasil 64 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Harmonia, Maratá, Montenegro, Pareci Novo, Poço das Antas, Portão, Salvador
do Sul, São José do Hortêncio, São Sebastião do Caí, Tabaí, Triunfo, Tupandi e
Vale Real. Na Figura 7.3, é possível observar a localização destes municípios.

Figura 7.3: Localização espacial dos municípios pertencentes ao Vale do Rio Caí
Fonte: CTISM, adaptado de https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/28/Mapa-vale-d-ca%C3%AD.jpg

A citricultura gaúcha está inserida basicamente nas pequenas propriedades


rurais, oportunizando mais uma atividade agrícola capaz de gerar receita
durante os doze meses do ano. Os municípios gaúchos com maior produção
de citros em 2012 foram:

• Montenegro (produção média de 28.700 toneladas/ha).

• Pareci Novo (produção média de 12.348 toneladas/ha).

• Harmonia (produção média de 7.621 toneladas/ha).

7.3 Botânica e morfologia


Os citros pertencem à divisão Magnoliophyta, subdivisão Magnoliophytina, classe
Magnoliopsida, subclasse Rosidae, ordem Sapindales subordem Geranineae,
família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, tribo Citreae, subtribo Citrineae
(PASSOS; SOARES FILHO; CUNHA SOBRINHO, 2005).

Aula 7 - A cultura dos citros 65 e-Tec Brasil


Ao longo dos anos, com o avanço da pesquisa, estabeleceram-se duas clas-
sificações para o gênero Citrus (MABBERLEY, 1997):

• Swingle – classificação que abrange 16 espécies.

• Tanaka – classificação que abrange 162 espécies.

Como existem dois sistemas de classificação, ainda há certa divergência quanto


à nomenclatura para os nomes científicos. Nesta aula será empregada a
nomenclatura adotada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e Embrapa
Clima Temperado.

7.3.1 Caule
Em plantas jovens, o caule apresenta coloração de tonalidade verde e em
plantas adultas o caule adquiri coloração de tonalidade marrom, com formato
cilíndrico e média ramificação. Alguns porta-enxertos possuem a região do
colo sensível ao ataque de fungos de solo como Phytophthora spp., causadores
da doença denominada Gomose.

7.3.2 Sistema radicular


Plantas cítricas possuem sistema radicular pivotante, podendo atingir mais
de 1 metro de profundidade em solos profundos, férteis e bem drenados.
O sistema radicular dos citros é desprovido de pelos absorventes, possuindo
radicelas, responsáveis pela absorção de água e nutrientes. Normalmente
cerca de 80 % do volume do sistema radicular destas plantas situa-se a uma
profundidade de 40 cm a 60 cm, podendo aprofundar-se mais de acordo
com a classe de solo.

7.3.3 Folhas
As folhas dos citros possuem aspecto coriáceo, coloração verde-claro quando
jovens e verde-escuro após adultas, apresentando pequenos pontos translúcidos
formados por glândulas que armazenam óleos essenciais. São persistentes,
podendo ficar aderidas a planta por cerca de 14 a 24 meses, dependendo
do clima. Sua forma é elíptica, oval ou lanceolada e, de aspecto coriácea
(Figura 7.4).

e-Tec Brasil 66 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 7.4: Folha jovem de citros (a) e folha adulta (b)
Fonte: Diniz Fronza

Uma planta adulta de citros, com 10 anos, possui aproximadamente 50.000


a 100.000 folhas (entre jovens e adultas). Estima-se que sejam necessários
cerca de 2,3 m2 de área foliar para a produção de 1 kg de fruto em uma
planta adulta (10 anos). Para fins de estudo, acredita-se que seja necessário
cerca de 25 folhas, bem formadas e nutridas, para a produção de um fruto.

7.3.4 Inflorescência
Os citros possuem uma abundante floração, caracterizado por inflorescên-
cias solitárias ou agrupados, dependo do local de crescimento no ramo.
Normalmente, cada flor apresenta de 4 a 5 pétalas de coloração branca ou
avermelhada, dependendo da espécie. Na Figura 7.5 é possível observar o
hábito de crescimento da inflorescência dos citros.

Figura 7.5: Flor dos citros


Fonte: CTISM

Uma planta adulta de citros é capaz de gerar cerca de 10.000 flores, no entanto,
apenas 1.000 chegam a completar o ciclo, gerando frutos maduros, cerca
de 8 a 15 meses após antese (plena floração). Estas flores desenvolvem-se
nas brotações novas (do ano), ocorrendo logo após um período de baixas
temperaturas (inverno).

Aula 7 - A cultura dos citros 67 e-Tec Brasil


7.3.5 Polinização
Nos citros pode ocorrer polinização cruzada ou autopolinização. Os principais
agentes polinizadores são os insetos, porém, o vento, a água e o homem
também são considerados agentes polinizadores. Em grande parte das espécies
de citros, a polinização predominante é entomófila, a qual é realizada por
insetos. Na Figura 7.6 é possível observar a visita de uma abelha à flor de citros.

Figura 7.6: Abelha polinizando flor de citros


Fonte: Diniz Fronza

Em situações que existem poucas abelhas durante a antese, sob vento forte,
o pólen pode ser transportado por 12 m a 15 m de distância (CASTAÑER,
2003). Para aumentar a taxa de polinização muitos citricultores distribuem
colmeias pelo pomar durante a floração das plantas.

7.3.6 Frutos
O fruto é uma baga modificada chamada de hesperídio, podendo ser globulosos
ou subglobulosos. Dividem-se em epicarpo, mesocarpo e endocarpo, como
ilustrado na Figura 7.7.

Figura 7.7: Morfologia de uma fruta cítrica


Fonte: Diniz Fronza, adaptado por CTISM

e-Tec Brasil 68 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


A produção de frutos inicia a partir do 3º ou 4º ano após o plantio, dependendo
da variedade e do espaçamento de plantio. Plantios com maior densidade
atingem a produção máxima no 10º ano, e em densidade menor a produção
maior é obtida até o 12º ano.

7.4 Cidreira
A cidreira (Citrus medica L.), pertence à família botânica Rutaceae, originária
da China e Índia. As plantas são pequenas, arbustivas, atingindo 2 m a 4 m
de altura quando adultas. Os frutos da cidreira são comestíveis, porém, são
mais utilizados para a produção de doces, geleias e bebida. Existem frutos
com polpa doce e polpa ácida. Quanto à temperatura são plantas pouco
resistentes ao frio e temperaturas muito elevadas.

7.4.1 Cidreira Ethrog (Citrus medica L. var. ethrog


Engl.)
Uma das variedades mais cultivadas no mundo adapta-se bem ao cultivo em
regiões de clima tropical ou subtropical, não tolerando períodos de baixa
temperatura. Na Figura 7.8 é possível observar as características morfológicas
do fruto.

Figura 7.8: Frutos de cidreira Ethrog


Fonte: http://cdn1.bigcommerce.com/server700/5mvrqhbm/products/1051/images/74998/etrog_350__15585.143580921
2.451.395.jpg?c=2

Esta espécie de citros é pouco cultivada no Rio Grande do Sul, porém, países
como a Espanha e EUA possuem cultivos comerciais.

7.4.2 Cidreira mão-de-buda (Citrus medica L. var.


sarcodactylis)
Esta variedade é cultivada para o consumo da fruta e para fins ornamentais
devido ao seu formato e características peculiares, recentemente apresentou
grande utilidade na produção de fármacos. Quando maduro os frutos podem

Aula 7 - A cultura dos citros 69 e-Tec Brasil


ser de coloração amarela ou verde. Na Figura 7.9 é possível observar as
características morfológicas do fruto.

Figura 7.9: Fruto de cidreira mão-de-buda


Fonte: http://idtools.org/id/citrus/citrusid/images/fs_images/Sarcodactylis_IMG_1949.jpg

Esta variedade é cultivada comercialmente na Índia, Tailândia, Vietnã, China


e Japão.

7.5 Bergamota-da-índia
A bergamota-da-índia, kumquateiro ou laranjinha (Fortunella spp.), pertence
à família botânica Rutaceae, sendo originária da China. São plantas de porte
pequeno, atingindo 2 m a 4 m quando adultas, muito ramificadas com elevada
produção de frutos. São plantas com boa resistência ao frio, podendo ser
cultivadas no RS.

7.5.1 Bergamota-da-índia margarita (Fortunella


margarita (Lour.) Swingle)
Uma das variedades mais cultivada, seus frutos possuem uma coloração
intensa, podendo ser consumidos in natura ou em conservas. Na Figura 7.10
é possível observar o formato e coloração típica dos frutos desta espécie.

e-Tec Brasil 70 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 7.10: Frutos de bergamota-da-índia
Fonte: Diniz Fronza

No Rio Grande do Sul o cultivo comercial não é expressivo, já nos EUA e


China há cultivos comerciais destinado ao consumo interno e exportação para
consumo in natura, beneficiamento ou como produto decorativo.

7.6 Laranjeira
A laranjeira (Citrus sinensis L. Osbeck), também denominada de orange,
pertence à família botânica Rutaceae, originária do Sul da China. Para fins Assista a um vídeo sobre
didáticos classificamos as laranjeiras nos seguintes grupos: laranjeira doce, produção brasileira de laranja em:
https://www.youtube.com/
laranjeira azeda. watch?v=POWg5YFns6U

7.6.1 Laranjeiras doces (Citrus sinensis (L.) Osbeck)


O grupo das laranjeiras doces possui 4 categorias, todas exploradas comer-
cialmente no Brasil, são elas:

• Laranjeiras brancas, comuns ou do Mediterrâneo.

• Laranjeiras de umbigo.

• Laranjeiras sem acidez.

• Laranjeiras sanguíneas.

Aula 7 - A cultura dos citros 71 e-Tec Brasil


7.6.1.1 Laranjeiras brancas, comuns ou do Mediterrâneo
As cultivares desta categoria são amplamente exploradas economicamente no
Brasil e no mundo. Exemplo: Valência, Pera, Hamlin, Salustiana, Natal, Valência
“Midknight”, Valência “Delta Seedless”, Valencia “Late”. No Quadro 7.1 são
apresentadas algumas informações complementares sobre as laranjeiras do
grupo comum.

Quadro 7.1: Informações complementares sobre laranjeiras do grupo comum


Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Salustiana Meia-estação Junho a agosto 45 t/ha
Valência “Delta Seedless” Tardia Julho a agosto 45 t/ha
Valência “Midknight” Tardia Julho a outubro 45 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

7.6.1.2 Laranjeiras de umbigo


São laranjas sem sementes, com frutos grande e boa concentração de suco.
Como exemplo de cultivares podemos citar a Laranjeira Bahia, Baianinha,
Monte Parnaso, Navelina, Navelate, Lane Late, Cara Cara. No Quadro 7.2
são apresentadas algumas informações complementares sobre as laranjeiras
do grupo umbigo.

Quadro 7.2: Informações complementares sobre laranjeiras do grupo umbigo


Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Navelina Precoce Maio a junho 40 t/ha
Navelate Tardia Junho a agosto -
Lane Late Tardia Agosto a outubro 40 t/ha
Cara Cara Meia-estação Maio a julho 40 t/ha
Folha Murcha Tardia Outubro a dezembro 40 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

7.6.1.3 Laranjeiras sem acidez


Como exemplo de cultivares podemos citar a Piralima, Laranja Lima, Laranja
do Céu.

7.6.1.4 Laranjeiras sanguíneas


Exemplo de cultivares deste grupo: Laranjeira Rubi, Laranjeira Moro, Laranjeira
Maltesa.

7.6.2 Laranjeiras azedas (Citrus aurantium L.)


As laranjeiras azedas não são cultivadas comercialmente em grandes áreas,
dada a preferência dos consumidores por frutos de baixa acidez e sabor
adocicados. Alguns cultivos esporádicos são encontrados em algumas regiões
do RS, para consumo in natura ou para formação de porta-enxertos.

e-Tec Brasil 72 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


7.6.2.1 Laranjeiras azedas comuns
Utilizada como porta-enxerto em alguns Estados brasileiros.

7.6.2.2 Laranjeiras azedas adocicadas


Não encontrado exemplo de cultivares comerciais.

7.6.2.3 Laranjeiras azedas variantes


Utilizada como planta ornamental.

7.7 Limoeiro
O limoeiro ou limoeiro verdadeiro (Citrus limon L. Burmann f.), também
denominado de lemon, pertence à família botânica Rutaceae. São plantas
vigorosas, com hábito de crescimento ereto, porém, os ramos tendem a ficar
pendentes, abrindo a copa. São plantas sensíveis a Gomose (Phytophthora),
por isso, a escolha do porta-enxerto adequado é importante.

• Limão Siciliano – cultivado no Rio Grande do Sul para a produção de suco


ou consumo in natura. Como exemplo podemos citar o limoeiro cultivar
Fino e cultivar Siciliano.

Figura 7.11: Frutos de limão Siciliano


Fonte: Diniz Fronza

• Limão Fino – limão do grupo Siciliano, o limão fino é uma cultivar origi-
nária da Espanha, vem sendo cultivado comercialmente na Espanha, Itália,
Uruguai, Argentina e Brasil. Possui boa aptidão para consumo in natura
ou para produção de suco.

No Quadro 7.3 são apresentadas algumas informações técnicas sobre as


cultivares de limoeiro citadas anteriormente.

Aula 7 - A cultura dos citros 73 e-Tec Brasil


Quadro 7.3: Informações complementares sobre limoeiro
Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Fino Meia-estação Junho a setembro 50 t/ha
Siciliano Meia-estação Junho a setembro 50 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

7.8 Limeira ácida


A limeira ácida (Citrus aurantifolia Swingle), também denominada de lime,
pertencente à família botânica Rutaceae, é originária do sul da Índia. O Brasil é
um grande produtor e consumidor de lima ácida, cerca de 89 % da produção
nacional é destinado ao consumo interno, 7 % para processamento e 4 %
para exportação.

• Limeira ácida Tahiti (Citrus latifolia Tanaka) – a lima ácida cv. Tahiti,
conhecida na Flórida (EUA) como Tahiti lime e na Califórnia como limón
Persa, é a cultivar mais explorada economicamente no Brasil devido a
Para saber mais sobre produção
qualidade dos frutos e alta produção, podendo chegar até 200 kg/planta.
de lima ácida Tahiti, acesse: Os frutos são muito apreciados para produção de sucos e não possuem
http://www.cpac.embrapa.br/
baixar/331/t semente. No Estado de São Paulo, maior produtor nacional, além da lima
Tahiti, são cultivados alguns clones desta, como o ‘IAC-5’ ou ‘Peruano’,
‘BRS Passos’, ‘Bearss’, ‘Persian 58’, ‘CNPMF-1’ e ‘CNPMF-2’. Na Figura
7.12 é possível visualizar os frutos da lima ácida Tahiti.

Figura 7.12: Frutos de lima ácida Tahiti


Fonte: Diniz Fronza

• Limeira ácida galego (Citrus aurantifolia Swingle) – a limeira ácida ou


limão galego é explorado comercialmente em várias regiões citrícolas do
país. Seus frutos são destinados ao consumo in natura e extração de óleo
essencial.

e-Tec Brasil 74 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


7.9 Limeira doce
A limeira doce (Citrus limettioides Tanaka), também denominada de sweet
lime, pertencente à família botânica Rutaceae, é originária do norte da Índia.
Entre as cultivares comerciais de limeira doce destaca-se a Lima-da-Pérsia:

• Lima-da-Pérsia (Citrus limettioides) – a lima-da-Pérsia ou lima Persa é


nativa da Ásia, cultivada comercialmente em vários países, principalmente
no México e em regiões citrícolas brasileiras. Os frutos possuem pouca
acidez devido a baixa concentração de ácido cítrico.

7.10 Tangerineira
A tangerineira (Citrus reticulata Blanco), também denominada de sweet man-
darin, pertencente à família botânica Rutaceae, é originária da Ásia. Entre as
inúmeras variedades de tangerinas comercializadas no Brasil, a variedade Ponkan
representa 56 % do volume total, mas já chegou a representar 67 % do total.
Geralmente as tangerineiras são tolerantes ao cancro cítrico, o que justifica
a grande área cultivada com esta espécie. Para fins técnicos, Schwarz (2009)
classificou as tangerinas e seus híbridos em grupos: Satsumas, Clementinas,
Bergamotas ou Mexeriqueiras, Tangerinas comuns e Híbridos.

7.10.1 Satsumas (Citrus unshiu Marcovitch)


Neste grupo estão presentes muitas variedades com valor comercial, exploradas
economicamente em vários países, inclusive no Brasil, devido à qualidade e
ausência de sementes (frutos apirênicos). As plantas possuem porte pequeno
a médio, os ramos são pendentes, dando um formato aberto à copa. Na
Figura 7.13 é possível observar o aspecto da cultivar Satsuma Okitsu.

Figura 7.13: Frutos de tangerina Satsuma


Fonte: http://aggie-horticulture.tamu.edu/patiocitrus/okitsu.jpg

Aula 7 - A cultura dos citros 75 e-Tec Brasil


Enquadram-se neste grupo as cultivares:

• Satsuma Okitsu – cultivada de forma expressiva no país, são plantas


de porte baixo, o que permite o plantio adensado. A área cultivada com
Para saber mais sobre
a Satsuma Okitsu está aumentando, pois é uma cultivar precoce, sendo
tangerineira Okitsu, acesse: colhida no período de entressafra o que garante melhor preço de venda,
https://www.youtube.com/
watch?v=G2OVIp2Ly5w#t=130 além de ser tolerante ao frio e ao cancro cítrico.

• Satsuma Owari – originária do Japão, é uma das tangerinas mais culti-


vadas no mundo, principalmente nos EUA, África do Sul, Japão, Turquia
e Uruguai, no Brasil a área explorada com esta cultivar vem aumentando.
Os frutos são de excelente qualidade, apirênicos, comercializados para o
consumo in natura. Alguns manejos são necessários: poda de ramos e
raleio de frutos, o que garante a qualidade e produtividade.

Quadro 7.4: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo


Satsuma
Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Assista a um vídeo sobre Satsuma Okitsu Precoce Março a abril 25 t/ha
diferença entre bergamota e Satsuma Owari Meia-estação Abril a maio 30 t/ha
tangerina em:
https://www.youtube.com/ Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008
watch?v=JpeHlOEgyYQ

7.10.2 Mexericas ou bergamotas (Citrus deliciosa


Tenore)
As mexeriqueiras ou bergamoteiras são plantas de porte médio, normalmente
apresentam um crescimento lento, possuem folhas pequenas, de tonalidade
verde-escuro, sendo muito produtivas. Os frutos normalmente são pequenos,
arredondados e com aroma típico, o que caracteriza o grupo das mexericas.
Enquadram-se neste grupo a Mexerica do Rio ou Mexerica Caí, Mexerica
Montenegrina e Mexerica Pareci, todas possuem uma tendência para ocorrência
da alternância de produção.

Quadro 7.5: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo das


mexericas ou bergamotas
Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Mexerica Caí Meia-estação tardia Junho a julho 30 t/ha
Mexerica Montenegrina Meia-estação tardia Agosto a outubro 30 t/ha
Mexerica Pareci Meia-estação tardia Julho a agosto 30 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

e-Tec Brasil 76 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


7.10.3 Clementinas (Citrus clementina ex Tan.)
As cultivares de tangerineiras pertencentes ao grupo das Clementinas são
muito cultivadas no mundo, os frutos são muito apreciados, são apirênicos,
possuem coloração intensa (externamente e internamente) e sabor equilibrado,
levemente ácido. Pertencem a este grupo as cultivares: Clementina de Nules
ou Clemenules, Marisol, Hernandina, Esbal, Arrufatina e Tomatera.

Quadro 7.6: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo das


Clementinas
Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Clemenules Precoce meia-estação Abril a junho 25 t/ha
Marisol Precoce Abril a maio 25 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

7.10.4 Tangerinas comuns (Citrus reticulata Blanco)


O grupo das tangerinas comuns é um dos maiores, com várias cultivares,
fato este que dificulta a caracterização geral das plantas. As cultivares mais
conhecidas, pertencentes a este grupo são: Ponkan, Dancy e Cravo.

Quadro 7.7: Informações complementares sobre tangerineiras do grupo das


tangerinas comuns
Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Dancy Meia-estação Abril a julho 50 t/ha
Ponkan Precoce meia-estação Março a junho 50 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

7.10.5 Híbridos
São tangerinas obtidas a partir do melhoramento genético, onde obteve-se
os híbridos:

• Tangoreiro – planta obtida a partir do cruzamento de tangerineira (Citrus


reticulata) e laranjeira doce (Citrus sinensis). As principais cultivares são:
Dekopon, Ellendale, Ortanique e Murcott.
Assista a um vídeo sobre
• Tangeleiro – obtido a partir do cruzamento entre três espécies de citrus. bergamota Dekopon em:
https://www.youtube.com/
Comercialmente destaca-se o Tangelo Nova, Orlando e Minneola. watch?v=rMB3WiQ2am0

• Citrumeleiro – o cruzamento entre Poncirus trifoliata e pomeleiro origi-


nou esta espécie. De relevância comercial destaca-se a cultivar Citrumelo
Swingle.

Aula 7 - A cultura dos citros 77 e-Tec Brasil


No Quadro 7.8 são apresentadas algumas informações técnicas sobre os
híbridos de tangerineira citados anteriormente.

Quadro 7.8: Informações complementares sobre o grupo híbrido


(tangerineiras, pomeleiros, citrumeleiros, etc.)
Cultivar Ciclo Época de maturação Produtividade
Dekopon Meia-estação tardia Abril a agosto 25 t/ha
Ellendale Meia-estação tardia Julho a agosto 25 t/ha
Ortanique Tardio Agosto a outubro 35 t/ha
Murcott Meia-estação tardia Agosto a outubro 30 t/ha
Nadorcott Meia-estação tardia Julho a agosto 30 t/ha
Nova Meia-estação tardia Maio a julho 30 t/ha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

7.11 Exigências climáticas


Por serem plantas rústicas, o cultivo de pomares comerciais de citros é possível
em regiões com clima tropical e subtropical. Como o Rio Grande do Sul possui
Para saber mais sobre
algumas regiões com maior ocorrência de temperaturas baixas, condição esta
zoneamento agroclimático para a que é limitante ao cultivo de citros, a Embrapa Clima temperado realizou
cultura dos citros no RS, acesse:
http://www.cpact.embrapa.br/ um zoneamento agroclimático das regiões do Estado, classificando-as em 5
agromet/zoneamento/citros/img/ categorias, a qual poder ser visualizado no link disponibilizado ao lado:
zon_citros_full.jpg

• Região 1 – apta para todas as cultivares para qualquer porta-enxerto.

• Região 2 – apta para todas as cultivares, utilizando, preferencialmente


porta-enxertos tolerantes ao frio.

• Região 3 – apta para todas as cultivares, utilizando porta-enxertos tole-


rantes ao frio.

• Região 4 – apta para todas as cultivares, utilizando, preferencialmente


porta-enxertos tolerantes ao frio.

• Região 5 – apta, preferencialmente, para cultivares de ciclo precoce,


utilizando porta-enxertos tolerantes ao frio.

• Região 6 – não recomendada.

Para saber mais sobre classificação Entre as principais exigências climáticas dos citros destacam-se a soma tér-
climática do RS, acesse: mica, temperatura, precipitação, umidade relativa e ventos, itens estes agora
https://dakirlarara.files.wordpress.
com/2011/05/tipos_de_clima_.jpg abordados.

e-Tec Brasil 78 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


7.11.1 Radiação solar
Plantas de citros desenvolvem-se muito bem em condições de plena luminosi-
dade, sendo necessário no mínimo de cinco a seis horas diárias de luz direta,
sem ocorrência de nebulosidade, para o bom desenvolvimento (KOLLER, 2009).

7.11.2 Temperatura
A temperatura é considerada o principal fator que influencia diretamente a
qualidade e maturação dos frutos das plantas cítricas. Uma faixa de temperatura
ambiente situada entre 23ºC e 32ºC é considerada ótima para o desenvolvi-
mento vegetativo. Associado a essa faixa de temperatura, cultivos localizados
em regiões com verões quentes e secos e invernos frios e úmidos, situação
esta observada no Rio Grande do Sul, normalmente os frutos apresentam
uma coloração externa mais intensa e brilhante quando comparados a frutos
cultivados em locais com invernos mais quentes e verões mais úmidos, como
em São Paulo (REITZ; EMBLETON, 1986). Outro ponto importante é que nas
condições de clima do RS existe amplitude térmica (dias quentes e noites frias)
próximo a maturação dos citro, o que é essencial para acúmulo de substância
que conferem a cor da casca, bem como e acúmulo de açúcares e ácidos, que
conferem o sabor. Outro aspecto relaciona-se a maturação, que em frutos
cultivados nas condições climáticas de São Paulo, esta é mais precoce, o teor
de SST é maior e a acidez tende a ser menor.

Períodos com temperaturas acima de 39ºC e abaixo de 13ºC prejudicam


o crescimento e desenvolvimento de plantas cítricas. Em situações que a
temperatura permaneça acima de 35ºC por um a três dias se inicia o aborto
das flores. Na Figura 7.14, é possível observar a representação gráfica das
temperaturas que influenciam o desenvolvimento das plantas cítricas.

Figura 7.14: Representação gráfica dos valores de temperatura que influenciam o


desenvolvimento e crescimento das plantas cítricas
Fonte: CTISM, adaptado de Rolim, 2010

Aula 7 - A cultura dos citros 79 e-Tec Brasil


Como observado, os citros são plantas que se desenvolvem muito bem em
regiões com clima tropical e/ou subtropical, mas esta espécie apresenta certa
tolerância à baixa temperatura, fato este que deve ser observando no momento
do planejamento do pomar. Sabendo deste fato, elaborou-se uma escala das
espécies cítricas ordenando-as da mais sensível (maior suscetibilidade) a mais
tolerante a baixas temperaturas (menor suscetibilidade).

Figura 7.15: Escala de suscetibilidade de Citrus spp. ao frio


Fonte: CTISM, adaptado de Amaral, 1982

Além da variedade copa (produtora) apresentar sensibilidade ao frio, os porta-


enxertos utilizados na citricultura também possuem níveis de suscetibilidade ou
tolerância ao frio. Este fato deve ser observado no momento do planejamento
do pomar, optando-se por porta-enxertos tolerantes ao frio quando estes
serão implantados em locais com ocorrência de baixas temperaturas.

7.11.3 Precipitação
Os citros podem ser cultivados em regiões com precipitação média anual entre
Para saber mais sobre mapa
900 mm e 1500 mm, bem distribuídos durante os doze meses do ano. De
da precipitação média anual modo prático é necessário de 120 mm a 150 mm/mês durante o verão (média
no RS, acesse:
http://www.scp.rs.gov.br/ de 4 mm/dia) e 60 mm a 90 mm durante o inverno (média de 2 mm/dia a
upload/precipitacao3.gif 3 mm/dia) (MAGALHÃES, 2005).

Em locais com menor precipitação ou má distribuição durante o ano é necessário


realizar irrigações complementares para evitar o déficit hídrico.

e-Tec Brasil 80 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


7.11.4 Ventos
A ocorrência de ventos em pomares de citros auxilia na remoção do orvalho
presente nas folhas nas primeiras horas da manhã, por consequência, há menor
incidência de doenças. Todavia, cabe ressaltar que ventos muito fortes podem
causar a quebra de ramos, queda de frutos e principalmente a dispersão do
cancro cítrico (Xanthomonas citri subsp. citri), doença bacteriana e pragas como
o ácaro-da-falsa-ferrugem, para cultivos comerciais é de grande benefício a
instalação de quebra-ventos.

7.12 Exigências edáficas


Os citros são plantas rústicas, adaptando-se bem as mais diversas classes de solos,
mas é preferível que sejam cultivados em locais com solo fértil, profundos e bem
drenados. As plantas cítricas desenvolvem-se melhor em solos areno-argilosos,
mas adapta-se a solos mais arenosos ou mais argilosos, sendo o porta-enxerto um
fator que auxilia nesta adaptação. Para esta cultura a calagem deve ser realizado
com no mínimo três meses antes do plantio das mudas. Adicionar a quantidade
de calcário recomendada pelo índice SMP para elevar o pH do solo a 6,0.

Solos com uma profundidade efetiva mínima de 1 metro é necessário para o


bom desenvolvimento das plantas cítricas pois grande proporção do sistema
radicular encontra-se nos 40 cm a 60 cm de profundidade.

7.13 Época de maturação


O período de maturação dos citros dependerá da espécie (laranjeira, tange-
rineira, etc.) e da variedade explorada no pomar. Para evitar o acúmulo de
produção e escalonar a safra é indicado que o produtor opte por variedades
com épocas de maturação variadas (precoce, meia-estação e tardia). De acordo
com a época de maturação os citros são reunidos em três grupos distintos:

• Precoces.

• Meia-estação.

• Tardios.

Para o fruticultor e o técnico é importante conhecer a época de maturação


dos citros em sua região para realizar o planejamento e escolha das cultivares
a serem implantadas de forma que se obtenha colheita de frutos durante os
12 meses do ano.

Aula 7 - A cultura dos citros 81 e-Tec Brasil


7.14 Classificação dos citros em função da
quantia de sementes
Para facilitar a produção técnica, Oliveira; Scivittaro; Campos (2011) agrupa-
ram as cultivares de citros em 5 grupos distintos, adotando como critério a
presença, ausência e número de sementes presentes nos frutos. Os grupos
a serem estudados são:

7.14.1 Cultivares sem sementes


Assista a um vídeo sobre citros As cultivares sem sementes ou “apirênicas” raramente produzem semen-
sem sementes em: tes, são originárias de mutações genéticas e melhoramento genético. No
https://www.youtube.com/
watch?v=Ox4PhcN-F2s Quadro 7.9 estão listadas as cultivares apirênicas exploradas comercialmente.

Quadro 7.9: Principais cultivares apirênicas de citros cultivadas no Brasil


Espécie Cultivar
Baia
Baianinha
Cara Cara
Lane Late
Laranjeira1
Monte Parnaso
Navelate
Navelina
Newhall
Tangerineira Satsuma Okitsu
Limeira ácida Tahiti
1
Todas cultivares de umbigo.
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011

Embora sejam cultivares sem sementes, há relatos da ocorrência de alguns


frutos apresentando 1 ou 2 sementes. Apesar da ocorrência esporádica de
sementes nestas cultivares, é importante ter cuidado no planejamento do
pomar, sendo necessário evitar o plantio próximo de algumas cultivares porque
pode haver polinização cruzada, vindo a originar sementes. Dessa forma, é
preciso observar o Quadro 7.10.

Para tentar evitar ou minimizar a polinização cruzada em plantios comerciais


de citros sem sementes, produtores realizam o plantio de laranjas de umbigo
ou tangerina Okitsu entre as cultivares sexualmente compatíveis, com isso
evita-se a polinização cruzada (OLIVEIRA et al., 2004).

e-Tec Brasil 82 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Quadro 7.10: Cultivares que não devem ser plantadas próximas,
objetivando-se evitar a polinização cruzada
Cultivar indutora Cultivar induzida (com potencial de produzir sementes)
Clemenules 1
Nova
Marisol2 Nova
Nova Clemenules, Marisol e Ortanique
Ortanique 3
Nova e Satsuma Okitsu
Salustiana Nova
1
Não induz polinização cruzada em Marisol e Satsuma Okitsu.
2
Não induz polinização cruzada em Clemenules, Satsuma Okitsu.
3
Não induz polinização cruzada em Marisol.
Obs.: A Satsuma Okitsu, Baia, Baianinha, Cara Cara, Lane Late, Monte Parnaso, Navelate, Navelina, Newhall não
induzem em outras cultivares.
Fonte: Adaptado de Vivercid, 1996; Aznar, 1999; Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011

Conforme as recomendações técnicas da Embrapa, em pomares de citros


sem sementes, talhões onde são cultivadas as laranjas de umbigo Navelina,
Navelate e Lane Late podem ser implantados lateralmente a qualquer talhão
de outras cultivares, separados apenas por uma linha de quebra-ventos. Já
talhões cultivados com laranjeira Salustiana, tangerineira Marisol, Clemenules
e Okitsu (mais seus híbridos – Nova e Ortanique) devem ser separados por 100
metros ou mais, com isso evita-se a formação de sementes nestas cultivares
(OLIVEIRA et al., 2004).

7.14.2 Cultivares praticamente sem sementes


As cultivares lotadas neste grupo praticamente não possuem sementes, geral-
mente encontra-se de uma a duas sementes por fruto, fato este que impossibilita
que sejam classificadas como cultivares apirênicas. No Quadro 7.11 estão
listadas as cultivares exploradas comercialmente.

Quadro 7.11: Principais cultivares praticamente sem sementes de citros


cultivadas no Brasil
Espécie Cultivar
Delta Seedles
Laranjeira Midknight
Salustiana
Clemenules
Marisol
Fina
Tangerineira Nova1
Ortanique1
Mineolla1
Nadorcott1
1
Tangerina híbrida.
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011

Aula 7 - A cultura dos citros 83 e-Tec Brasil


7.14.3 Cultivares com poucas sementes
As cultivares lotadas neste grupo possuem poucas sementes, geralmente
encontra-se de três a cinco sementes por fruto, fato este que impossibilita que
sejam classificadas como cultivares apirênicas. No Quadro 7.12 estão listadas
as cultivares exploradas comercialmente.

Quadro 7.12: Principais cultivares com poucas sementes de citros cultivadas


no Brasil
Espécie Cultivar
Folha Murcha
Hamlin
Shamouti
Laranjeira
Valência
Valência Late
Verna
Fino
Limoeiro verdadeiro
Eureka
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011

7.14.4 Cultivares com sementes


As cultivares lotadas neste grupo sempre produzem sementes, geralmente
encontra-se de 6 a 20 sementes por fruto, fato este que impossibilita que
sejam classificadas como cultivares apirênicas. No Quadro 7.13 estão listadas
as cultivares exploradas comercialmente.

Quadro 7.13: Principais cultivares com sementes de citros cultivadas no Brasil


Espécie Cultivar
Lima
Laranjeira Pineapple
Rubi
Limoeiro Meyer
Montenegrina
Tangerineira
Rainha
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011

7.14.5 Cultivares com muitas sementes


As cultivares lotadas neste grupo sempre produzem muitas sementes, acima
de 21 sementes por fruto, fato este que impossibilita que sejam classificadas
como cultivares apirênicas, como as laranjas de umbigo.

e-Tec Brasil 84 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


7.15 Espaçamento
A definição do espaçamento de plantio das plantas cítricas em pomares
comerciais dependerá de vários fatores, sendo os principais:

• Cultivar.

• Porta-enxerto.

• Fertilidade do solo.

• Disponibilidade hídrica.

Nos quadros a seguir foram destacados os principais espaçamentos de plantio


utilizados em pomares comerciais no Rio Grande do Sul para laranjeiras,
tangerineiras, limeiras ácidas, limeiras doces, limoeiros, pomeleiros.

Quadro 7.14: Espaçamentos recomendados para o plantio de laranjeiras


Espaçamento
Esp. Cultivar Porta enxerto Plantas/ha
(metros)
Limoeiros rugoso
Baianinha 6×4 da Flórida, Poncirus 416
trifoliata
Limoeiros rugoso
Natal 6 × 3 ou 6 × 4 da Flórida, Poncirus 555 ou 416
trifoliata
Poncirus trifoliata,
Salustiana 6,5 × 4 380
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Valência “Delta” 6,5 × 4 380
Troyer, Carizo
Laranjeira

Poncirus trifoliata,
Valência “Midknight” 6,5 × 4 380
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Navelate 6×4 416
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Navelina 5,5 × 4 450
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Lane Late 6×4 416
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Cara Cara 6,5 × 4 380
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Folha Murcha 6×4 416
Troyer, Carizo
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

Aula 7 - A cultura dos citros 85 e-Tec Brasil


Quadro 7.15: Espaçamentos recomendados para o plantio de tangerineiras
Espaçamento
Esp. Cultivar Porta enxerto Plantas/ha
(metros)
Ponkan 5 × 3 ou 5 × 2 Poncirus trifoliata 666 ou 1000
Murcott 5 × 3 ou 5 × 2 Poncirus trifoliata 666 ou 1000
Poncirus trifoliata,
Ortanique 6×4 416
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Nova 6 × 3,5 475
Troyer, Carizo

Tangerineira
Poncirus trifoliata,
Okitsu 5,5 × 3 600
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Marisol 6 × 3,5 475
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Clemenules 6×4 416
Troyer, Carizo
Poncirus trifoliata,
Nadorcott 6×3 555
Troyer, Carizo
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

Quadro 7.16: Espaçamentos recomendados para o plantio de limeira ácida,


limeira doce, limoeiro, pomeleiro
Espaçamento
Espécie Cultivar Porta enxerto Plantas/ha
(metros)
Limeira
Tahiti 5 × 4 ou 7 × 5 - 500 ou 285
ácida
Laranjeira ‘Caipira’,
Limoeiro Fino 7×5 limoeiros ‘Cravo’ e 285
‘Volkameriano’
Limeira
Lima da Pérsia 5×4 - 500
doce
Pomelo Pomelo 5×4 - 500
Fonte: Adaptado de Oliveira; Scivittaro; Campos, 2011; Oliveira et al., 2008

7.16 Raleio de frutos


As plantas cítricas são muito produtivas, principalmente as tangerineiras. Entre
as cultivares, a Montenegrina e a Caí, muito cultivadas no Rio Grade do Sul,
devem ser submetidas anualmente ao raleio. Com esta prática cultural reduz-se a
alternância de produção, obtém-se frutos maiores, com melhor coloração, além
de facilitar a colheita e evitar a quebra de ramos (Figura 7.16). Na citricultura
é possível realizar o raleio manual ou o raleio químico.

e-Tec Brasil 86 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Assista a um vídeo sobre raleio
em bergamoteiras em:
https://www.youtube.com/
watch?v=-dlrjIoT0Yg

Figura 7.16: Quebra de ramos em tangerineira cv. Ponkan


Fonte: Diniz Fronza

7.16.1 Raleio químico


No raleio químico pode ser utilizado somente Ethephon ou este produto mais
ureia. Apesar de ser prático, o raleio químico apresenta algumas limitações, Para saber mais sobre raleio
como a permanência de frutos mal formados, doentes ou lesionados e dimi- químico em citros, acesse:
http://www.redalyc.org/
nuição do teor de SST (Sólidos Solúveis Totais). pdf/2371/237129741003.pdf

7.16.2 Raleio manual


O raleio manual é muito utilizado nas regiões citrícolas, produtoras de tangerinas.
Apesar de ser um manejo que exige prática dos colaboradores, apresenta bons
resultados. Esta prática deve ser realizada enquanto os frutos são pequenos,
com cerca de 1,5 cm a 2,0 cm de diâmetro, após este tamanho o raleio é
menos eficiente.

7.17 Podas
Na citricultura são adotadas duas podas: poda de formação e poda de fruti-
ficação, ambas com objetivos distintos, porém, de grande importância.

7.17.1 Poda de formação


As plantas cítricas devem receber uma poda de formação, com o objetivo de
formar os ramos principais (pernadas), bem localizados e distribuídos adequa-
damente no caule da planta. Esta poda é realizada durante os três primeiros Assista a um vídeo sobre poda
anos após o plantio da muda. Após o plantio, a planta deve ser despontada de formação em citros em:
https://www.youtube.com/
(podada) a uma altura de 40 cm a 60 cm, e permitir que se desenvolvam 3 a watch?v=3LumfNw3llA
4 pernadas, bem distribuídas em torno do caule da planta.

Aula 7 - A cultura dos citros 87 e-Tec Brasil


Figura 7.17: Poda de formação a 40 cm em muda de citros
Fonte: CTISM

Após a poda é necessário tutorar a muda com um tutor de madeira, prefe-


rencialmente de formato redondo, evitando madeira sextavada.

7.17.2 Poda de frutificação


A poda de frutificação ou poda de produção é realizada no ano posterior
ao término da poda de formação. Esta prática cultural pode ser realizada
anualmente, tendo por objetivo a eliminação de ramos quebrados, doentes
Assista a um vídeo sobre poda ou mal posicionado para aumentar a circulação de ar e incidência de radiação
de frutificação em Ponkan em: solar no interior da copa. Apesar dos citros tolerarem a poda, esta deve ser
https://www.youtube.com/
watch?v=r8ogqjjUjBk realizada com cuidado, removendo-se no máximo 10 % dos ramos.

A poda dos citros deve ser iniciada da parte inferior da planta para a parte
superior, sempre de dentro para fora da copa, eliminando-se os ramos citados
anteriormente. Na Figura 7.18 é possível observar uma planta de laranjeira cv.
Folha Murcha antes e após a realização da poda de frutificação.

Para saber mais sobre podas


empregadas na citricultura, acesse:
http://citrusrt.centrodecitricultura.
br/edicoes/down.php?idedicao=3
8&arquivo=Art3-060.pdf

Figura 7.18: Planta antes da poda (a) e planta após a poda (b)
Fonte: Diniz Fronza

Algumas espécies e cultivares toleram mais a poda, outras são sensíveis e


podem apresentar um crescimento vegetativo excessivo, inibindo a produção.

e-Tec Brasil 88 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


A tangerineira cv. Ponkan é um exemplo de cultivar que pode responder
negativamente a poda excessiva, devendo-se eliminar apenas os ramos ladrões,
quebrados ou mal localizados.

7.18 Adubação
Por ser uma planta perene, o manejo da fertilidade do solo em pomares
comerciais é de extrema importância para a colheita anual. Na cultura dos citros
a adubação possui grande importância fisiológica e minimiza a alternância
de produção. Os principais nutrientes absorvidos pelas plantas cítricas são o
cálcio, nitrogênio e potássio, porém, os demais nutrientes também possuem
importância fundamental no crescimento, desenvolvimento e produção das
plantas. Para a recomendação da adubação em citros é necessário realizar
análise foliar e análise de solo, com isso faz-se recomendação.

7.18.1 Adubação de crescimento


Em citros a adubação de crescimento é realizada já no 1º ano após o plantio
das mudas. Esta fertilização é feita com fertilizantes nitrogenados, em períodos
específicos. No Quadro 7.17 é apresentada uma recomendação de adubação
nitrogenada.

Quadro 7.17: Adubação de crescimento com fertilizante nitrogenado para


plantas cítricas
Nitrogênio
Teor de matéria orgânica
1º ano 2º ano 3º ano 4º ano
no solo
kg de N/hectare
< 2,5 45 75 110 155
2,6 – 3,5 35 60 90 130
3,6 – 4,5 30 45 60 90
> 4,5 0 0 0 0
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004

Alguns fertilizantes nitrogenados utilizados são: ureia, nitrato de potássio,


nitrato de amônio, outras fontes de N também podem ser utilizadas.

7.18.2 Época de aplicação


As plantas cítricas possuem vários períodos de floração e crescimento vege-
tativo durante um ano, dessa forma, torna-se necessário o parcelamento
da adubação. A aplicação de fertilizantes de forma parcelada diminui as
perdas de nutrientes por lixiviação, proporciona maior eficiência na absorção
pela planta e evita o surgimento de sintomas de deficiência nutricional.

Aula 7 - A cultura dos citros 89 e-Tec Brasil


No Quadro 7.18 há uma recomendação de épocas de parcelamento de
adubação em citros.

Quadro 7.18: Recomendações de parcelamento da adubação em pomares


de citros
Nitrogênio Potássio
Ano Época
N 1
K2O
Agosto/setembro (início da brotação) 20 30
1º ao 3º Novembro/dezembro 30 0
Fevereiro 50 70
Agosto/setembro (início da brotação) 30 40
4º Novembro/dezembro 30 0
Fevereiro 40 60
Agosto/setembro (início da brotação) 40 60
5º e posteriores Novembro/dezembro 30 0
Fevereiro 30 40
1
Em regiões onde ocorrem geadas no outono, não retardar a adubação nitrogenada além do mês de fevereiro, para
diminuir riscos de danos pelo frio. Em pomares com presença de cancro cítrico (Xanthomonas axonopodis pv. citri), não
fazer a adubação nitrogenada de novembro/dezembro.
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004

7.18.3 Adubação orgânica


A utilização de adubos orgânicos em citros é muito recomendada, pois apresen-
Assista a um vídeo sobre tam várias vantagens, podendo-se destacar a liberação gradual de nutrientes,
produção de adubo orgânico em: promoção do aumento da macro e micro fauna do solo e aumento do teor
https://www.youtube.com/
watch?v=nHJ6Rx94vC0 de matéria orgânica.

Quadro 7.19: Quantidade de adubo orgânico a ser aplicado em pomar de


citros
Quantidade anual2
Adubo orgânico1
1º 2º 3º 4º
t/ha
Cama de frango (5 – 6 lotes) 1,5 3,0 5,0 12,0
Composto orgânico 4,0 8,0 12,0 30,0
Esterco de suíno (semicurtido) 3,0 6,0 10,0 24,0
Para saber mais sobre adubação
verde em citros, acesse: Esterco de bovino (semicurtido) 4,0 8,0 12,0 30,0
http://www.pirai.com.br/ m3/ha
biblioteca_artigos/11.pdf
Esterco líquido de suíno 12 24 50 90
1
Os adubos orgânicos devem ser aplicados em cobertura, na mesma localização recomendada para os adubos
minerais, sem incorporá-los ao solo, para evitar danos às raízes das plantas. Somente no 1º ano pode ser feita a
incorporação do adubo aplicado em pré-plantio na cova, ou logo após o plantio, ao redor da muda, distante 30 cm ou
mais do tronco.
2
Quantidades expressa em matéria seca, para os materiais sólidos.
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004

e-Tec Brasil 90 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


O quadro anterior possui recomendações até o 4º ano, após este período a
quantidade de adubo orgânico a ser aplicado para uma expectativa de produção
de 20 t/ha recomenda-se aplicar a mesma quantidade utilizada no 4º ano.
Caso a expectativa de produção seja acima das 20 t/ha, acrescentar 25 %
para cada tonelada (1 t/ha) de aumento real ou esperado acima das 20 t/ha.

7.18.4 Localização dos fertilizantes nas adubações


de crescimento e de produção
A partir do plantio das mudas cítricas, o sistema radicular das plantas continuam
o crescimento e expansão, projetando-se verticalmente e horizontalmente
no solo. Com essa expansão, a localização de aplicação dos fertilizantes é
importante, variando conforme os anos após o plantio. No Quadro 7.20 são
apresentadas a localização.

Quadro 7.20: Distribuição de fertilizantes em plantas de citros em pomares


comerciais
Ano Localização dos fertilizantes
Em torno da planta, dispondo o fertilizante de forma circular, com

raios de 20 cm e 50 cm a partir do tronco.
Em torno da planta, dispondo o fertilizante de forma circular, com

raios de 30 cm e 100 cm a partir do tronco.
Em torno da planta, dispondo o fertilizante de forma circular, com

raios de 50 cm e 150 cm a partir do tronco.
Aplicar o fertilizante em faixa, com largura igual à área da copa
4º e 5º (nos dois lados da linha), sendo 2/3 da quantidade de adubo
debaixo da copa e 1/3 fora da projeção da copa.
Aplicar o fertilizante em faixa, com largura igual à área da copa
6º (nos dois lados da linha), distribuindo 50 % da quantidade de
adubo debaixo da copa e 50 % fora da projeção da copa.
Fonte: SBCS, 2004

7.19 Análise foliar


O manejo da fertilidade do solo em pomares cítricos comerciais é realizado
a partir da análise conjunta de informações presentes em análises de solo
da área e análises foliares das plantas do pomar. A análise foliar pode ser
realizada anualmente, a partir do 2º ano após o plantio. Preferencialmente Para saber mais sobre análise
coletar folhas com 5 a 7 meses de idade, entre os meses de janeiro e março. foliar em citros, acesse:
http://www.cpact.
A amostra é composta por 8 a 16 folhas por planta, a uma altura de 1,5 m embrapa.br/publicacoes/
do solo, nos quatro quadrantes da copa. Coletar folhas de 10 a 15 plantas livros/fundamentos-
fruticultura/5.5.htm
homogêneas, preferencialmente a 3ª e 4ª folha após o fruto, como ilustrado
na Figura 7.19.

Aula 7 - A cultura dos citros 91 e-Tec Brasil


Figura 7.19: Indicação das folhas a serem coletadas para análise foliar
Fonte: CTISM, adaptado de Malavolta; Violante Netto, 1989

Logo que coletadas as folhas devem ser acondicionadas em uma embalagem


de papel e enviadas imediatamente ao laboratório, no máximo dois dias após
a coleta.

7.20 Adubação foliar


No cultivo de plantas perenes como os citros, uma prática muito adotada entre
os citricultores é a realização de adubação foliar, com esse tipo de manejo
Para saber mais sobre adubação é possível fornecer os nutrientes necessários as plantas, quando observado
foliar em citros, acesse:
http://www.estacaoexperimental. sintomas de deficiência. Muitos produtores do RS aplicam fertilizantes foliares
com.br/documentos/BC_10.pdf periodicamente, desde o 1º ano após o plantio das mudas.

Quadro 7.21: Recomendação de adubação foliar para pomares de citros


Ano Nº de aplicações/ano Época de aplicação
1º ao 4º 3 Início da primavera, logo após o surgimento das primeiras brotações.
Final da queda das pétalas.
5º e posteriores 2
Durante o fluxo vegetativo (fev/mar).
Fonte: Adaptado de SBCS, 2004

7.21 Principais pragas


Todos os citros, laranjeiras, tangerineiras, limoeiros, limeiras, cultivadas comer-
cialmente são atacadas por pragas, sendo necessário a realização de tratamento
sanitário preventivo ou curativo. Entre as principais pragas destacam-se:

e-Tec Brasil 92 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


• Larva-minadora-dos-citros (Phyllocnistis citrella Stainton).

• Mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata). Para saber mais sobre as principais
pragas dos citros, acesse:
http://sistemasdeproducao.cnptia.
• Bicho furão (Ecdytolopha aurantiana). embrapa.br/FontesHTML/Citros/
CitrosNordeste/pragas.htm
• Pulgão preto (Toxoptera citricidus).

• Cochonilha cabeça-de-prego (Crysomphalus ficus).

• Cochonilha verde (Coccus viridis).

• Cochonilha escama farinha (Unaspis citri e Pinnaspis aspiditrae).


Assista a um vídeo sobre
• Ortézia dos citros (Orthezia praelonga). pragas em citros em:
https://www.youtube.com/
watch?v=mrRJoNRUx1w
• Mosca branca (Aleurothrixus floccosus).

• Ácaro da leprose (Brevipalpus phoenicis).

• Ácaro da ferrugem (Plyllocoptruta oleivora).

A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em


citros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário
em Fruticultura.

7.22 Principais doenças


As plantas cítricas quando cultivadas em pomares comerciais, devido ao
adensamento e pressão populacional, ficam mais susceptíveis a ocorrência
de doenças, entre as principais destacam-se:

• Cancro cítrico (Xhantomonas axonopodis pv. citri).

• Podridão floral dos citros (Colletotrichum acutatum).


Para saber mais sobre as principais
• Clorose variegada dos citros (Xilella fastidiosa). doenças dos citros, acesse:
http://sistemasdeproducao.cnptia.
embrapa.br/FontesHTML/Citros/
• Rubelose (Corticium salmonicolor). CitrosNordeste/doencas.html

Aula 7 - A cultura dos citros 93 e-Tec Brasil


• Gomose (Phytophthora sp.).

• Verrugose (Sphaceloma fawceti).

• Pinta preta (Guignardia citricarpa).

• Leprose (Brevipalpus phoenicis).

• Tristeza dos citros (Toxoptera citricidus).

• Mancha de graxa (Mycosphaerella sp.).

• Feltro ou camurça (Septobasidium sp.).


Assista a um vídeo sobre
doenças em citros em: • Fumagina (Capnodium sp.).
https://www.youtube.com/
watch?v=uoCJ0yBxZqM
• Bolores (Penicilium sp.).

A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem em


citros serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossanitário
em Fruticultura.

Resumo
Com grande importância socioeconômica em nosso país, a citricultura está
presente em vários estados brasileiros, principalmente no Estado de São Paulo,
possuindo cerca de 85 % da área cultivada, aproximadamente 750 mil hec-
tares. O Brasil exporta suco de laranja para vários países, entre os principais
compradores destaca-se a União Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão
e China. O cultivo de citros foi introduzido no Rio Grande do Sul pelos imi-
grantes açorianos e seus descendentes, alocados nos municípios de Taquari e
Triunfo. Atualmente, encontramos pomares de citros em praticamente todos
os municípios gaúchos.

Os citros pertencem à família botânica Rutaceae. Ao longo dos anos, com


o avanço da pesquisa, estabeleceram-se duas classificações para o gênero
Citrus: Swingle: classificação que abrange 16 espécies e Tanaka: classificação
que abrange 162 espécies. Em plantas jovens o caule apresenta coloração em
tonalidade de verde e em plantas adultas o caule adquire coloração em tonalidade
de marrom, de formato cilíndrico e média ramificação. Plantas cítricas possuem

e-Tec Brasil 94 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


sistema radicular pivotante, podendo atingir mais de 1 metro de profundidade
em solos profundos, férteis e bem drenados. Quanto à polinização, os principais
agentes polinizantes são os insetos, porém, o vento, a água e o homem também
são considerados agentes polinizantes. Em grande parte das espécies de citros,
a polinização predominante é entomófila, realizada por insetos.

A temperatura é considerada o principal fator que influencia diretamente a


qualidade e maturação dos frutos das plantas cítricas. Uma faixa de temperatura
ambiente situada entre 23ºC e 32ºC é considerada ótima para o desenvolvi-
mento vegetativo. Períodos com temperaturas acima de 39ºC e abaixo de 13ºC
prejudicam o crescimento e desenvolvimento de plantas cítricas. Os citros podem
ser cultivados em regiões com precipitação média anual entre 900 mm e 1.500
mm, bem distribuídos durante os doze meses do ano. Os citros são plantas
rústicas, adaptando-se bem as mais diversas classes de solos, mas é preferível
que sejam cultivados em locais com solo fértil, profundos e bem drenados.

Atividades de aprendizagem
1. Quais são os principais países importadores de suco de laranja brasileiro?

2. Cite algumas características da citricultura gaúcha.

3. Quais os principais municípios gaúchos produtores de citros localizados


no Vale do Rio Caí?

4. A qual família botânica pertence o citro?

5. Complete a afirmação referente ao sistema radicular dos citros:

O sistema radicular dos citros é ____________ de ____________ absorventes,


possuindo ____________, responsáveis pela absorção de ____________
e ____________. Normalmente cerca de 80 % do volume do sistema
radicular destas plantas situa-se a uma profundidade de ____________ –
____________, podendo aprofundar-se mais de acordo com a classe de solo.

6. Nos citros, qual a principal forma de polinização?

7. De forma geral, qual o período mínimo necessário de luminosidade para


que seja possível cultivar citros em uma região?

Aula 7 - A cultura dos citros 95 e-Tec Brasil


8. Comente a influência da temperatura na fisiologia dos citros.

9. Cite em ordem crescente as espécies de citros com tolerância ao frio.

10. Um fruticultor do município de Santa Maria (RS) deseja implantar um


pomar de 3 hectares de laranjeiras e 2 hectares de tangerineiras, com o
objetivo de colher laranjas e tangerinas no mínimo 6 meses durante o ano.
Para tanto, o fruticultor solicita a sua orientação técnica para indicar quais
as cultivares, porta-enxerto, espaçamento, número de plantas/hectare
e época de maturação para cada espécie. Para recomendar os porta-
enxertos para as cultivares, lembre-se de se orientar pelo Zoneamento
Agroclimático para a Cultura dos Citros no Rio Grande do Sul.

Espécie Cultivar Espaçamento Porta enxerto Nº de plantas/ha


Laranjeira
Tangerineira

e-Tec Brasil 96 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Época de maturação
Espécie Cultivar
Laranjeira
Tangerineira J F M A M J J A S O N D

Aula 7 - A cultura dos citros 97 e-Tec Brasil


Aula 8 – A cultura da goiabeira

Objetivos

Reconhecer as características botânicas e morfológicas da goiabeira.

Estudar os manejos técnicos empregados na cultura da goiabeira.

8.1 Botânica e morfologia


A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma planta originária da das Américas,
pertencente à família botânica Myrtaceae, com cerca de 133 gêneros e 3.800
espécies, muito cultivada em várias regiões do mundo. Quando adultas, através Assista a um vídeo sobre a
do manejo de podas, as plantas podem atingir entre 4 m e 6 m de altura, cultura da goiabeira em:
https://www.youtube.com/
sem poda podem chegar entre 10 m e 12 m de altura. watch?v=AhedkED9fr0

8.1.1 Caule
Por ser uma Myrtaceae o caule da goiabeira é muito semelhante ao das outras
espécies pertencentes a esta família botânica. Na Figura 8.1 é possível observar
o aspecto morfológico do caule da goiabeira cv. Paluma.

Figura 8.1: Caule de goiabeira (Psidium gujava L.)


Fonte: Jonas Janner Hamann

8.1.2 Sistema radicular


Em plantas obtidas através do processo de propagação sexuada (via sementes)
o sistema radicular da goiabeira é pivotante, profundo e muito abrangente,
podendo atingir até 4 metros após a projeção da copa. Apesar do sistema
radicular da goiabeira ser bem estruturado e vigoroso, não tolera solos com

Aula 8 - A cultura da goiabeira 99 e-Tec Brasil


excesso de umidade por longos períodos. A profundidade efetiva do sistema
radicular está entre 30 cm e 40 cm, porém, em solos férteis e bem drenados
é possível que esta faixa seja um pouco maior.

8.1.3 Ramos
Quando novos, os ramos são herbáceos, de coloração verde-claro, com o
transcorrer do ciclo tornam-se semilenhosos, posteriormente lenhosos (lignifi-
cados). Na Figura 8.2 é possível observar o aspecto dos tipos de ramos citados.

Figura 8.2: Ramo herbáceo (a), ramo semilenhoso (b) e ramo lenhoso (c)
Fonte: Jonas Janner Hamann

Assim que inicia a brotação dos ramos herbáceos, ocorre simultaneamente o


desenvolvimento das flores que posteriormente, sendo polinizadas, originarão
os frutos. Por esse motivo é correta a afirmação que a goiabeira “produz em
ramos do ano”. Para fins de propagação assexuada, os ramos herbáceos são
os mais utilizados.

8.1.4 Folhas
A goiabeira é uma planta com folhas perenes, renovando-se no início da
primavera. As folhas possuem coloração verde-claro quando jovens, poste-
riormente adquirem coloração verde-escuro.

Figura 8.3: Vista superior da folha de goiabeira (a) e vista inferior da folha (b)
Fonte: Jonas Janner Hamann

e-Tec Brasil 100 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Como observado, as folhas possuem formato oval a elíptico, aspecto coriáceo,
são grossas e as nervuras salientes na parte inferior. Normalmente possuem
de 5 cm a 8 cm de comprimento e de 4 cm a 6 cm de largura.

8.1.5 Flores
Os botões florais crescem e desenvolvem-se na axila das folhas, sempre em
ramos jovens, do ano. As flores possuem pétalas brancas ou ligeiramente rosa,
com aroma típico, com cerca de 2 cm a 3 cm de diâmetro, hermafroditas. Na
Figura 8.4, é possível observar o aspecto das inflorescências.

Figura 8.4: Inflorescência de goiabeira cv. Paluma


Fonte: Jonas Janner Hamann, adaptado por CTISM

Em cultivos comerciais de goiabeira a polinização é entomófila, realizada por


insetos, principalmente por abelhas, também pode ocorrer a autopolinização
ou polinização cruzada.

8.1.6 Fruto
Botanicamente o fruto da goiabeira é considerado uma baga. É carnoso, de
coloração e tamanho variado, dependendo da cultivar. O peso do fruto é
variado, podendo chegar a 600 gramas na cv. Paluma, porém, 200 g a 300 g
é o mais comum nas cultivares. Na Figura 8.5 é possível observar as principais
características do fruto da goiabeira.

Figura 8.5: Frutos de goiabeira


Fonte: Jonas Janner Hamann

Aula 8 - A cultura da goiabeira 101 e-Tec Brasil


Os frutos podem ter casca grossa e rugosa ou lisa e fina, dependendo da
cultivar. Possuem coloração verde-escuro quando jovens e verde-claro ou
amarelo avermelhado quando maduros. A polpa pode ser branca ou vermelha.

8.2 Exigências climáticas


No momento do planejamento do pomar e escolha do local de implantação
alguns fatores climáticos devem ser observados, entre eles merecem destaque:

8.2.1 Temperatura
A goiabeira desenvolve-se em uma faixa ampla de temperatura, o que pro-
porciona o cultivo desta espécie em várias regiões do país. A temperatura
ideal para o crescimento vegetativo situa-se na faixa entre 25ºC e 30ºC, sendo
que em períodos com temperatura abaixo de 12ºC o crescimento é reduzido.

8.2.2 Precipitação
Esta planta adapta-se bem em regiões de clima tropical e subtropical, com
precipitação média anual entre 1.000 mm e 2.000 mm, bem distribuídos
durante os 12 meses do ano. Apesar de ser tolerante a seca, períodos com
déficit hídrico prejudicam o crescimento vegetativo, emissão de folhas e
flores, produção e maturação dos frutos. Esta espécie responde muito bem a
irrigação e fertirrigação, podendo chegar a uma produtividade de até 60 t/ha.

8.2.3 Umidade relativa


A umidade relativa do ar tem relação direta com a ocorrência de doenças,
principalmente com a Ferrugem da goiabeira, causada pelo fungo Puccinia
psidii, principal doença da cultura. De modo geral, umidade relativa em torno
de 50 % a 80 % são adequadas para a cultura.

8.2.4 Radiação solar


A incidência de radiação solar nas plantas de goiabeira é muito importante,
essencial para a realização da fotossíntese, crescimento vegetativo e floração.
Plantios em locais com pouca incidência de radiação solar, ou em plantios
muito adensados em situações que os raios solares não penetram no interior
da copa são predispostos à ocorrência de ferrugem da goiabeira.

8.2.5 Ventos
A implantação de pomares comerciais preferencialmente devem ser implan-
tados em áreas com ocorrência de ventos com incidência fraca a moderada
pois contribuem na redução da umidade, reduzindo a ocorrência de doenças

e-Tec Brasil 102 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


fúngicas. Pomares expostos a ventos fortes podem ser prejudicados durante
o período vegetativo, a taxa fotossintética pode sofrer uma redução e os
estômatos permanecem fechados por mais tempo para a planta não perder
água para a atmosfera. Para evitar esses prejuízos é importante a implantação
de quebra-ventos, dois ou três anos antes do plantio das mudas.

8.3 Exigências edáficas


A goiabeira adapta-se bem as mais diversas classes de solos, mas é preferível
que sejam implantados pomares comerciais em solos profundos, bem dre-
nados, férteis e com pouca declividade. Para esta cultura a calagem deve ser
realizado com no mínimo três meses antes do plantio das mudas. Adicionar
a quantidade de calcário recomendada pelo índice SMP para elevar o pH do
solo a 6,0.

8.4 Cultivares
Em cultivos comerciais de goiabeira no Brasil, são exploradas cultivares de
polpa branca para a exportação e cultivares com polpa vermelha para o
mercado interno, destinado ao consumo in natura e processamento. Dessa
forma, a escolha da cultivar a ser explorada dependerá do mercado a que o
produtor destinará os frutos. O Quadro 8.1 apresenta a relação das principais
cultivares plantas no Brasil.

Quadro 8.1: Cultivares de goiabeira disponíveis no Brasil


Cultivares com polpa branca Cultivares com polpa vermelha
Carlópolis Brune Vermelha
Kumagai Guanabara
Ogawa nº1 Branca IAC-4
Pedra Branca Paluma
White Selection of Florida Pedro Sato
Pentecostes
Pirassununga Vermelha
Rica
Fonte: Autores

Uma das principais cultivares encontradas em pomares comerciais no Rio


Grande do Sul é a cv. Paluma, possuindo frutos com duplo propósito, indús- Para saber mais sobre
recomendações técnicas para o
tria e consumo in natura. Essa cultivar produz frutos com polpa vermelha, cultivo de goiabeira no RS, acesse:
grandes, pesados, podendo chegar a 500 g ou 600 g nos primeiros anos de http://ainfo.cnptia.embrapa.br/
digital/bitstream/item/47510/1/
produção. A maturação dos frutos ocorre cerca de 120 dias após a polinização circular-110.pdf

Aula 8 - A cultura da goiabeira 103 e-Tec Brasil


das inflorescências, podendo ser antecipado ou atrasado dependendo da
temperatura do período. Os frutos possuem muita polpa e pouca semente,
e em condições adequadas, pode ser armazenada por até 20 dias. Na Figura
8.6 é possível observar algumas características dos frutos desta cultivar.

Figura 8.6: Frutos de goiabeira cv. Paluma cultivada em Santa Maria (RS)
Fonte: Jonas Janner Hamann

8.4.1 Espaçamento
Em cultivos comerciais, pequenos, médios ou grandes, é necessário optar por
um espaçamento adequado, que possibilite o manejo mecanizado do pomar,
aplicação de agrotóxicos, adubação, transporte de caixas, etc. No Quadro 8.2
estão relacionados alguns possível espaçamentos de plantio para goiabeira.

Quadro 8.2: Espaçamento de plantio para goiabeira


Espaçamento Nº de plantas/ha
8m×5m 250
7m×6m 238
6m×5m 333
Fonte: Autores

e-Tec Brasil 104 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


8.5 Raleio de frutos
A goiabeira é uma planta muito produtiva, podendo chegar a produzir cerca
de 100 kg/planta em uma única safra. Para que os frutos tenham um tamanho
comercial mínimo, carca de 250 g a 300 g é necessário à realização do raleio.

O raleio é uma prática cultural, executada anualmente, de forma manual, tendo


por objetivo eliminar o excesso de frutos para que os frutos que permanecem
na planta atinjam um tamanho mínimo exigido pelo mercado consumidor.
Além de propiciar frutos de maior tamanho, melhora a coloração destes,
aumenta o vigor da planta, evita a quebra de ramos e alternância de produção.
Na Figura 8.7 é possível observar a quebra de ramos de goiabeira devido ao
excesso de produção.

Figura 8.7: Quebra de ramo em goiabeira cv. Paluma devido ao excesso de produção
Fonte: Jonas Janner Hamann

Durante o raleio dos frutos é necessário eliminar os frutos doentes, atacados


por pragas, mal formados ou que apresentam alguma lesão física. Preferen-
cialmente eliminam-se os frutos laterais e deixa-se o fruto central, pois este
possui maior predisposição para ter maior tamanho e peso.

Figura 8.8: Fruto central de goiabeira com crescimento maior


Fonte: Jonas Janner Hamann

Aula 8 - A cultura da goiabeira 105 e-Tec Brasil


Esta prática deve ser realizada o mais breve possível, enquanto os frutos
tenham entre 2,5 cm e 3 cm de diâmetro.

O número de frutos por ramo e quantidade de frutos por planta dependerá


do vigor e da idade da goiabeira. Plantas jovens suportam cargas maiores,
já plantas mais velhas devem ter uma carga menor, pois a quantia de ramos
jovens, que sustentam a produção é inferior. Plantas jovens, vigorosas, bem
nutridas e irrigadas podem produzir até 100 kg de fruto, dessa forma, deixa-se
carca de 300 a 350 frutos, com expectativa de 280 g a 300 g/fruto.

8.6 Podas
A realização de podas em cultivos comerciais de goiabeira é uma prática
cultural realizada anualmente com objetivos distintos, formação, produção
e controle fitossanitário. Com a execução das podas é possível escalonar a
produção durante o ano e reduzir a alternância de produção. Os três tipos
de poda executados em plantios de goiabeira são: poda de formação, poda
de frutificação e poda de renovação.

8.6.1 Poda de formação


A poda de formação tem o objetivo de formar a planta, permitindo o cresci-
mento dos ramos primários (pernadas), bem distribuído em torno do caule
Assista a um vídeo sobre poda da planta. Geralmente esta poda é realizada após o plantio da muda, onde
de formação em goiabeira em: é realizado o desponte cerca de 40 cm a 60 cm de altura, com isso ocorrerá
https://www.youtube.com/
watch?v=fNh7pxmeMBY a brotação das gemas localizadas abaixo do local da poda. Na Figura 8.9 é
possível observar as etapas para a formação da planta.

e-Tec Brasil 106 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Figura 8.9: Muda após o plantio (a), desponte a 40 cm de altura (b), início da formação
das pernadas (c) e planta com pernadas formadas (d), cerca de 6 meses após o plantio
Fonte: CTISM

Após a poda (desponte) da muda inicia-se a brotação das gemas, originando


novos brotos que darão origem as pernadas. Estes ramos devem ser podados
(despontados) quando atingirem cerca de 50 cm de comprimento, iniciando
a emissão dos ramos secundários. Quando as plantas são bem manejadas,
fertilizadas e não passarem por períodos de déficit hídrico, já no 1º ano a
poda de formação é concluída.

8.6.2 Poda de frutificação


A poda de frutificação é realizada para regularizar a produção, evitando a
alternância de produção, proporciona maior circulação de ar no interior da
copa e aumenta a penetração de radiação solar na parte interna da planta,
diminuindo a ocorrência de doenças fúngicas e estimulando a brotação de
gemas. Como a goiabeira é uma planta que produz os frutos em ramos novos,
chamados de “ramos do ano” a poda de frutificação é uma prática realizada
anualmente, objetivando-se o estímulo à emissão de novos ramos.

Em cultivares comerciais de goiabeiras, como a cv. Paluma, a poda de frutificação


pode ser realizada de duas formas, contínua ou total. Na poda contínua, um
número determinado de ramos são podados a cada mês, o que garante a
produção durante os dose meses do ano. Já na poda total, todos os ramos

Aula 8 - A cultura da goiabeira 107 e-Tec Brasil


que já produziram são eliminados num mesmo período. Na Figura 8.10 é
possível observar plantas de goiabeira em vários períodos, antes da poda,
recém-podadas, 15 e 30 dias após a poda, todas submetidas à poda total.

Figura 8.10: Goiabeiras antes da poda (a), plantas recém-podadas (b), 15 dias após a
poda (c) e 30 dias após a poda (d)
Fonte: Jonas Janner Hamann

A maturação dos frutos ocorre cerca de 120 dias após a plena floração, porém,
temperatura, umidade e radiação solar podem adiantar ou atrasar a maturação.

Quanto à época da poda, dependerá da região onde o cultivo está implantado.


Como a goiabeira é uma frutífera de clima subtropical, não tolera períodos
Assista a um vídeo sobre longos com baixa temperatura nem ocorrência de geadas no período em que
poda da goiabeira em: os ramos recém-brotados são jovens. Como regra geral, a goiabeira deve ser
https://www.youtube.com/
watch?v=V_j5cHYWsAg podada somente após o período (mês) que não há mais risco de ocorrência
de geadas.

8.6.3 Poda de renovação


A poda de renovação é realizada em plantas com mais de 25 anos, com o
objetivo de renovar toda a estrutura da planta. Quando esta prática é realizada,
torna-se necessário ter alguns cuidados, principalmente na utilização dos

e-Tec Brasil 108 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


equipamentos de poda, evitando o uso de motosserra, pois o óleo utilizado
na corrente pode causar a morte das plantas.

8.7 Principais pragas


Em cultivos comerciais as plantas de goiabeira são atacadas por algumas
pragas, entre elas destacam-se:

• Broca-das-mirtáceas (Trachyderes thoracicus Oliv., 1790).

• Besouro amarelo (Costalimaita ferruginea).


Assista a um vídeo sobre as
• Mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus e Ceratitis capitata). pragas na goiabeira em:
https://www.youtube.com/
watch?v=vuRddMzXF5A
• Psilídeo (Triozoida sp.).

• Tripes (Selenothrips rubrocinctus).

• Gorgulho da goiabeira (Conotrachelus psidii).

A identificação e formas de manejo das principais pragas que ocorrem em


goiabeiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo Fitossa-
nitário em Fruticultura.

8.8 Principais doenças


Em pomares destinados a produção de frutos para consumo in natura é
necessário que o manejo das doenças seja muito eficiente, com isso evita-se
a formação de lesões nos frutos, o que inviabilizaria o consumo. Entre as
principais doenças destacam-se: Para saber mais sobre a cartilha
de controle de pragas e também
de doenças em goiabeira, acesse:
• Ferrugem da goiabeira (Puccinia psidii). http://www.espacodoagricultor.
rj.gov.br/pdf/frutas/goiaba.pdf
• Seca bacteriana dos ramos (Erwinia psidii).

• Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides).

A identificação e formas de manejo das principais doenças que ocorrem


em goiabeiras serão estudadas detalhadamente na disciplina de Manejo
Fitossanitário em Fruticultura.

Aula 8 - A cultura da goiabeira 109 e-Tec Brasil


Resumo
A goiabeira (Psidium guajava L.) é uma planta originária das Américas, perten-
cente à família botânica Myrtaceae. Quando adultas, através do manejo de
podas, as plantas podem atingir entre 4 m e 6 m de altura, sem poda podem
chegar de 10 m a 12 m de altura. O sistema radicular é bem estruturado, em
solos férteis e profundos pode atingir grandes extensões. Quanto aos tipos
de ramos, as plantas possuem ramos herbáceos, semilenhosos e lenhosos,
sendo que a produção de frutos localiza-se nos ramos herbáceos, emitidos
anualmente no ciclo vegetativo.

Apesar de se adaptar a várias regiões, algumas exigências climáticas mínimas


devem ser observadas, entre elas a temperatura, precipitação, umidade relativa,
radiação solar, ventos. Esta espécie não tolera temperaturas baixas por longos
períodos e locais com umidade excessiva favorecem a ocorrência de doenças
fúngicas. Em relação ao solo, as plantas adaptam-se bem a solos profundos,
férteis e bem drenados, com pH na faixa de 6,0. Estas condições citadas são
válidas para as várias cultivares, entre elas a cv. Paluma, que possui duplo
propósito e é recomendada para o RS.

Em cultivos comerciais, é necessário realizar a poda de formação, durante


o primeiro e segundo ano e a poda de frutificação que deve ser realizada
anualmente. Complementar a poda de frutificação torna-se indispensável o
raleio de frutos, prática realizada quando os frutos estão com diâmetro entre
2,5 cm e 3,0 cm. De forma geral, para planejamento, a maturação dos frutos
ocorre cerca de 120 dias após a antese (plena floração).

Atividades de aprendizagem
1. Qual o nome científico e a que família botânica pertence à goiabeira?

2. Qual a profundidade efetiva do sistema radicular da goiabeira?

3. Em qual tipo de ramos a goiabeira produz seus frutos?

4. Qual o peso médio de uma goiaba?

5. Qual a precipitação média anual necessária para a produção de goiabeira


em uma região?

6. Qual doença pode ocorrer em cultivos comerciais de goiabeira devido à


umidade relativa elevada?

e-Tec Brasil 110 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


7. Comente sobre a influência dos ventos em cultivos de goiabeira.

8. Qual a cultivar recomendada para o RS? Por quê? Cite algumas caracte-
rísticas.

9. Após a antese (floração) em quantos dias ocorrerá à maturação dos fru-


tos? Que fatores ambientais podem causar influência?

10. O que é o raleio de frutos? Qual a sua importância? Quais cuidados de-
vem ser observados quando realizado em goiabeiras?

11. Qual o objetivo da poda de formação?

12. Por que é realizada a poda de frutificação em goiabeira? Qual a regulari-


dade desta poda (anual, bianual, etc.)?

13. Para um produtor de goiaba que possui o seu pomar implantado na ci-
dade de Santa Maria (RS) qual época você recomendaria a execução da
poda de frutificação? Por quê?

Aula 8 - A cultura da goiabeira 111 e-Tec Brasil


Referências
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BORGES, A. L. et al. Sistema de produção da bananeira irrigada. Embrapa Semiárido.


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CASTAÑER, M. A. Producción de agrios. 3. ed. Madrid: Mundi Prensa, 2003.

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e-Tec Brasil 114 Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical


Currículo do professor-autor

O professor Diniz Fronza leciona as disciplinas de Fruticultura e Irrigação e


Drenagem no Colégio Politécnico da UFSM. É produtor de frutas, formou-se no
Curso Técnico em Agropecuária pelo Colégio Agrícola de Frederico Westphalen-
UFSM, graduou-se em agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria,
local onde realizou o Mestrado em Engenharia Agrícola. Realizou o Doutorado
em Agronomia na ESALQ – Universidade de São Paulo, com sanduiche na
Universidade de Pisa – Itália. Possui mais de 100 trabalhos de pesquisas nas
áreas de fruticultura e irrigação apresentados em revistas, congressos, jornadas
acadêmicas e seminários. Coordena a equipe da fruticultura irrigada do Setor
de Fruticultura do Colégio Politécnico da UFSM onde atende em treinamentos,
curso, palestras, a mais de 2000 produtores por ano. Realiza as atividades de
Ensino, Pesquisa e Extensão em parcerias com prefeituras, Emater, sindicatos,
associações de produtores e entidades de pesquisa e extensão.

Jonas Janner Hamann, natural de Paraíso do Sul (RS), é Técnico Agrícola


formado pelo Instituto Federal Farroupilha campus São Vicente do Sul, Técnico
em Meio Ambiente pelo Colégio Politécnico da UFSM, e graduando do curso
de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria. O autor é integrante
da equipe técnica do Setor de Fruticultura Irrigada do Colégio Politécnico da
UFSM, atuando na área de extensão rural através da organização e apresentação
de dias de campo, visitas técnicas orientadas, cursos e minicursos ministrados
a comunidade acadêmica do Estado e a produtores rurais da Região Sul do
Brasil. Integra a equipe técnica de pesquisa do Setor de Fruticultura, participou
da elaboração e coordenação de mais de 100 trabalhos publicados em revistas,
congressos, simpósios, seminários. É coautor de 10 livros técnicos sobre aspectos
técnicos da videira, figueira, citros, nogueira-pecã, pessegueiro, macieira,
pequenas frutas, poda de frutíferas, morangueiro fertirrigado e irrigação
e fertirrigação. Também é coautor de 6 apostilas didáticas (Implantação de
Pomares, Viveiros e Propagação de Mudas, Mecanização Agrícola, Frutíferas
de Clima Temperado, Frutíferas de Clima Tropical e Subtropical e Manejo
Fitossanitário de Frutíferas), todas pela Rede e-Tec Brasil. Realiza pesquisas
com diferentes frutíferas, com destaque para o cultivo protegido de videiras,
fertirrigação em figueira e goiabeira, propagação de frutíferas e estudos
direcionados a cultura do morangueiro, citros, pessegueiro e nogueira-pecã.

115 e-Tec Brasil

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