Processo de Fabricação Do Refrigerante
Processo de Fabricação Do Refrigerante
Processo de Fabricação Do Refrigerante
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Douglas Lazaro Machado, 1 Heitor Almeida Rogério
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Discente do Curso de Engenharia Química do CCA/UFES
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Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo – CCA/UFES. Alto
Universitário, s/no - Caixa Postal 16, Guararema, Alegre, ES
e-mail: heitor.vix@gmail.com
RESUMO – O refrigerante é uma das bebidas não alcoólicas mais vendidas de todo o mundo.
Para garantir boa qualidade, é necessário que todos os produtos que o compõe (matérias-
primas), tenham também boa qualidade. Os constituintes de refrigerante são água, açúcar,
suco e extrato vegetal, conservantes, acidulantes, antioxidantes, aromatizantes e/ou
flavorizantes, corantes e dióxido de carbono. A microbiologia do processo deve ser enfatizada,
já que por se tratar de um produto alimentício, deve permanecer isento de contaminações,
sendo elas físicas, químicas ou biológicas. O tratamento da água é uma etapa importante na
produção de refrigerantes, pois sua qualidade afeta diretamente no sabor do produto final. Na
fabricação de refrigerantes são usados dois tipos de xarope, o xarope simples e o composto.
Sendo o primeiro, resultado da diluição do açúcar cristal em água, e o segundo, mais
elaborado, resultante da mistura do xarope simples com os demais ingredientes. O produto
final deve ser carbonatado, através de difusores e engarrafado adequadamente, sempre com
maior qualidade do trabalho possível.
INTRODUÇÃO
Refrigerante é a bebida carboidratada que teve sua origem nas águas minerais gasosas
provenientes de fontes européias. Foi em 1750, que Gabriel Venel obteve gás carbônico
pela reação de ácido clorídrico com carbonato de sódio em um vaso fechado e, a partir
disso, foi o primeiro a produzir uma “água gasosa artificial”. É claro, que essa bebida
não era própria para o consumo. Posteriormente, em 1775, J. M. Nooth desenvolveu o
primeiro equipamento de produção de água mineral e derivados em escala comercial,
que posteriormente foi aperfeiçoado por Thomas Henry. A partir desse ponto, surgia à
indústria de água mineral, berço histórico dos refrigerantes. Já em 1870, Townseed
Speakman preparou o primeiro refrigerante por meio a adição de flavorizantes e suco de
fruta com água carbonatada, apesar de existirem registros de que David McBride
produzira uma bebida carbonatada à base de frutas em 1767, adicionando sais alcalinos
ao suco de limão. No Brasil, a primeira grande fábrica foi montada pela Companhia
Antarctica Paulista, em maio de 1921 na cidade de São Paulo, embora pequenas
industrias, como a Refrigerantes Aymoré já fabricassem refrigerantes em escala
artesanal (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010).
INGREDIENTES
Água
Esse ingrediente faz parte de 90% da composição do refrigerante, e deverá ser de boa
qualidade, ou seja, ser incolor, insípida e inodora. Essa água tem de ser livre de íons
ferro, pois esses íons podem provocar precipitados de seus sais. Ela também tem de ser
livre de cloro residual, que pode reagir com compostos fenólicos encontrados nos
refrigerantes formando clorofenóis que tem sabor característico de medicamentos.
Como todo produto alimentício é importante que ela seja livre de microorganismos
contaminantes. A água a ser utilizada deverá ter um reduzido teor de sais de cálcio e
magnésio (menor que 85ppm de CaCO 3- carbonato de cálcio) responsáveis pela dureza
da água. O alto teor desses compostos propicia a precipitação de substâncias corantes do
refrigerante. O líquido a ser utilizado deve possuir leve acidez (50 a 100ppm de
CaCO3), pois assim evitará o desenvolvimento de microorganismos deteriorantes e
obtenção de refrigerantes uniformes em cor, em sabor, em arome e em qualidade. Sua
turbidez não deve ultrapassar 1 NTU, acima desse valor pode causar cor e sabor
estranhos (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010).
É muito difícil obter uma fonte de água que siga todas essas exigências, sendo
necessário o tratamento para que ela se torne mais apropriada possível para o processo.
Açúcar
O açúcar, por sua vez, é utilizado numa proporção de 8 a 12% do produto final, sendo a
sacarose o principal açúcar utilizado. As indústrias de refrigerantes são as maiores
consumidoras de açúcar no mercado (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010), e na
Tabela 1 têm-se as especificações que esse açúcar deve ter:
Polarização 99,5-100%
Cor (Unidade ICUMSA) 60 unidades
Turbidez (Unidade
45 unidades
ICUMSA)
SO2 20 mg/kg
Arsênio 1 mg/kg
Cobre 2 mg/kg
Chumbo 1 mg/kg
Odor-sabor Nenhum
Nos últimos anos, o açúcar presente no refrigerante, torna essa bebida pouco saudável
pelas pessoas conscientes em relação a alimentação. Por isso, cresceu o consumo de
bebidas de baixa caloria (light/diet./zero)(VARNAM e SUTHERLAND, 1997).
O suco vegetal, juntamente com a água e o açúcar, forma a base de um refrigerante, pois
esse é responsável pelo sabor do produto. A quantidade de suco a ser utilizado, é
definida pela legislação, assim como teores de ºBrix, acidez e turbidez dos sucos de
frutas. O sabor preferido de refrigerante no mundo é o sabor cola, com exceção da
China e Taiwan (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010).
Conservantes
Acidulante
Essa substância é capaz de realçar o sabor ácido dos alimentos. Além disso, esse
acidulante controla o valor do pH, enaltece o sabor e o aroma do produto, seqüestra íons
metálicos e impede que o produto estrague. Os acidulantes também impedem a
cristalização dos açucares (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010).
Antioxidantes
Essas substâncias exercem as mais diversas funções, como criar sabores inexistentes,
reforçar ou substituir os já existentes. Os principais utilizados nos refrigerantes são:
sucos naturais, extratos naturais, óleos essenciais, emulsões e aromas. A natureza do
aromatizante varia com a do produto, sendo o aromatizante sintético o mais usado. Esse
aromatizante é mais puro e mais estável, e por ser concentrado, possui alto rendimento,
além de ser mais barato que os naturais (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010).
Corantes
Os corantes têm a função de aumentar a cor dos alimentos, e podem ser usados para
homogeneizar a cor do produto. Podem ser naturais ou artificiais.Os naturais são os
encontrados em frutas e vegetais, como o Beta-caroteno. Podem ser encontrado na
forma pó, pasta ou extratos. São pouco utilizados nos refrigerantes, pois são poucos
solúveis, caros e tem menor poder calorífico (BARNABÉ e VENTURINI FILHO,
2010).
Os artificiais são mais utilizados, o caramelo, por exemplo, devido à sua estabilidade no
produto final. Os corantes são muito importantes, pois 70 a 80% dos consumidores
compram uma bebida com base na sua aparência (BARNABÉ e VENTURINI FILHO,
2010).
Dióxido de Carbono
Esse gás não é tóxico, é inerte e pode ser liquefeito em temperaturas e pressões
moderadas, Sua pureza é importante, pois pode causar deterioração aromática. Sua
pureza mínima é de 99,9%.
O volume de gás no refrigerante é outro fator importante, ele afeta diretamente o sabor e
o aroma do refrigerante, pois o gás carbônico realça o sabor da bebida, conferindo-lhe
uma impressão de gasoso/efervescente.
MICROBIOLOGIA
Os primeiros cuidados com a microbiologia dos refrigerantes é com a água, que deve
estar livre de bactérias. Outras matérias-primas, como o açúcar, também devem estar
livres desses microrganismos. O açúcar pode conter esporos, pois oferece oportunidade
aos crescimentos de termófilos em certos estágios de sua fabricação. Não pode estar
também armazenado em locais úmidos (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010).
Os equipamentos utilizados devem ser de aço inox, com superfície lisa, para não reter
esses microrganismos. Os tipos de deterioração mais comum em refrigerantes são:
turvação, sedimentação, floculação, alterações de odor e sabor, presença excessiva de
gases, estufamento de garrafas PET/latas, estouro de garrafas. Quanto menor o pH da
bebida, mais difícil o desenvolvimento de microrganismos. Devido à carbonatação, os
microrganismos anaeróbicos, são mais comuns nos refrigerantes. Quanto maior o
número de açúcares, maior a possibilidade de contaminação (BARNABÉ e
VENTURINI FILHO, 2010).
O PROCESSO
Tratamento da água
Ao ser preparado, uma amostra dever ser retirada, para verificar a relação ºBrix/acidez,
que deve ser constante para garantir o equilíbrio do sabor. Deve ser evitada a sobra de
xarope composto. Caso seja necessário preparar o xarope para o dia seguinte, deve-se
fazer a “pré-dosagem”, que é o xarope composto sem ácido ascórbico (BARNABÉ e
VENTURINI FILHO, 2010).
Carbonatação
Consiste na injeção de CO2 no xarope composto, por meio de difusores localizados nas
tubulações ou em tanques de carbonatação.
Engarrafamento:
As garrafas de vidro são mais frágeis, porém são retornáveis, logo são limpas em
solução de soda cáustica, lavadas no interior com escovas, enquanto que por fora com
água potável. As latas para refrigerantes possuem corpo e tampa e são mais leves e
resistentes, é uma excelente barreira contra luz e água, gelam mais rapidamente, são de
fácil pintura, propiciam menores custos com transporte, menores custos de estocagem e
têm maior giro que as demais embalagens (BARNABÉ e VENTURINI FILHO, 2010).
RESÍDUOS
Há uma maior utilização de garrafas PET e latas de alumínio, pois essas embalagens
oferecem menor gasto ao produtor e dispensam a troca de vasilhame pelo consumidor
no ato da compra.
Em função disso, geram-se resíduos, pois essas embalagens não serão utilizadas
novamente. Para solucionar esse problema, utiliza-se de reciclagem.
CONCLUSÃO
O refrigerante, como visto neste trabalho, pode ser feito por meio de vários processos e
é responsabilidade do engenheiro químico escolher o processo que maximiza o lucro e
com melhores taxas de qualidade. Esse engenheiro também é responsável pela
manutenção dos equipamentos utilizados na produção desse produto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABIR (Associação Brasileira de Indústrias de Refrigerantes e de bebidas não
alcoólicas). Reciclagem de latas de alumínio: todos podem colaborar. Disponível
em: <http://www.abir.org.br/article.php3?id_article=3798>. Acesso em: 10 de
novembro de 2010